Graciliano N° 12

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Ter contato com a produção alternativa da música alagoana dos últimos anos também foi importante. Muitos desses músicos, inclusive, toparam embarcar nesses experimentos audiovisuais. Tudo isso me mostrou que aquele dito de que os artistas alagoanos são que nem caranguejo no balde, cada um puxando o outro pra baixo, não voga mais. O que gosta da literatura alagoana? E da brasileira? ADALBERTO – Sou muito eclético em gosto literário, transito entre mundos, vou dos clássicos aos mais vanguardistas, leio de tudo, sou fanático por Cecília Meireles e

agora estou enveredando pelo mundo de Mario Quintana. Gosto dos romances de Erico Veríssimo, principalmente O Tempo e o Vento. Dos mais recentes aprecio o trabalho de Clarah Averbuck. Acho uma escrita crua e visceral, rasgada e sem pudores. Entre os alagoanos sou apaixonado pela escrita de Arriete Vilela, de quem gosto de lembrar, é filha de Marechal Deodoro, como eu. THALLES – Da literatura alagoana, Graciliano Ramos. Uma referência estética e humana, como já falei. Mas a música de Alagoas me impactou mais que a literatura, principalmente a da segunda

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metade dos anos 90 pra cá. Wado, Pastor Tsapa e os Mutantes Idiotas, Xique Baratinho, Mopho, Living in the Shit, Santo Samba, só para citar algumas. A postura independente, aberta ao novo, cônscia das próprias raízes sem cair num bairrismo pueril, onde todos colaboram entre si, me influenciou bastante e até hoje me inspira. Da literatura brasileira, muita coisa. Mas se for para escolher um, fico com Millôr Fernandes, o artista brasileiro mais instigante dos últimos cem anos.

janeiro/fevereiro 2012


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