Graciliano n° 14

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Mariana Chama

ENTREVISTA

Exposição Ícones do design: França/Brasil, no Museu da Casa Brasileira, em 2009

de empresas grandes, bem estruturadas. No entanto muitos artesãos são iletrados e vivem na informalidade. Essa é a grande mudança necessária. Quando essas dificuldades são superadas, ou seja, quando se consegue ofertar um objeto ao consumidor no lugar certo, com o preço certo, exposto de maneira digna, os mercados interno e externo reagem muito bem. Essa aproximação tornase urgente também porque envolve não apenas a questão da geração de renda, mas também o desenvolvimento sustentável, não é? É isso mesmo. Devemos ter em mente que o artesanato contempla todas as dimensões do desenvolvimento sustentável. Ele é ambientalmente responsável, economicamente inclusivo e socialmente justo, e tem ainda o que vem sendo apontado

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maio/junho 2012

como o quarto pilar do desenvolvimento sustentável, que é a questão da identidade cultural. Sobre Alagoas. O que você conhece no Estado, na área de design, que merece ser mencionado? Tem muita gente boa, muita coisa bacana acontecendo. A começar dos três que eu incluí na Bienal Brasileira de Design: a Maia Piatti, o Rona Silva e Eduardo Queiroz. Ana Maia e Rosa Piatti têm um magnífico trabalho que se desdobra em tantos diferentes suportes – tanto nas roupas como nos artigos para decoração. Rona Silva reinventa o papelão reciclado transformando-o em móveis muito bons. E Eduardo Queiroz é um dos grandes nomes do design sustentável em nosso País, tanto assim que seu produto Favo Verde, que mostrei na Bienal, ganhou depois um ouro no prêmio iF

Design, da Alemanha. Você também teve a oportunidade de conhecer o artesanato local? No início dos anos 2000, quando o Sebrae tinha um armazém local no bairro de Jaraguá, fiz uma visita e fiquei impressionada com a variedade de técnicas e de suportes, dos têxteis (rendas, bordados) aos objetos feitos de madeira. A coleção da Tânia de Maya Pedrosa, além das magníficas peças de arte popular nordestina, que algumas vezes remete, de forma muita expressiva, ao artesanato. Vi também algumas exposições no Museu Théo Brandão e o excelente livro Mestres Artesãos das Alagoas, coordenado por uma grande conhecedora do tema, a museóloga Cármen Lúcia Dantas, com fotos do Ricardo Lêdo, que fazem jus à beleza das peças. Mas o


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