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Oficinas e modos de criar movência

“Nada foi, tudo está sendo.” Maria Gabriela Llansol

“A construção de tudo é o mais importante.” Jota Júnior

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O projeto Fluxos - acervos do Atlântico Sul nasceu em torno de diálogos com e através de acervos, objetos e espaços. A dinâmica de diálogos também permeou os métodos que usamos para conduzir os processos, que envolveram debates, oficinas, eventos de confraternização, e visitas guiadas com artistas. Nesse ensaio proponho refletirmos sobre as oficinas como um modo de fazer e ativar movência, que envolveram a investigação e o desenvolvimento dos processos artísticos.

Pensemos na oficina como um encontro e uma forma de abrir espaço, coletivo, no qual possamos respirar e criar. Essas palavras são importantes: espaço, respiro, coletivo, imprevisível, encontro. Pensemos em um “encontro inesperado do diverso”, como diz a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol. Não um encontro só de corpos, mas “o que acontece aos corpos quando eles se reúnem ou se juntam, sempre sob o ponto de vista de seu movimento e de seus mútuos afetos” (Tadeu, 2002). Tanto Llansol como Tadeu referem-se a conceitos elaborados por Spinoza em relação à “potência de pensar” e “potência de agir”.

Sob essa perspectiva, uma oficina é um encontro que pode colocar sentidos e potências em movimento: “A alegria é um afeto pelo qual a potência de agir do corpo é aumentada ou estimulada” (Spinoza, 2009, p. 185). E o que acontece quando nos colocamos em “modo ofi-

LIA KRUCKEN OFICINAS E MODOS DE CRIAR MOVÊNCIA

1 Prática de acompanhamento de processos artísticos proposta pela autora, na qual os participantes são convidados a compartilhar momentos do processo.

2 Mancala designa uma família de jogos de tabuleiro de raiz africana. cina”, i.e. em processos de criação e troca que podem aumentar a nossa potência de imaginar e de agir? Com essa pergunta inicial nas mãos, apresentarei brevemente a experiência que conduzimos em 2019 junto à Casa do Benin e ao Museu Afrobrasileiro, em Salvador. No projeto Fluxos - acervos do Atlântico Sul, propusemos a condução de um conjunto de oficinas com o propósito de estimular interdisciplinaridade e contextualização do processo artístico de uma forma ampla e crítica. Convidamos interlocutores atuantes em especialidades diversas — fotografia, curadoria, literatura, dança, sociologia, feminismo, estudos africanos. A ideia era que os artistas participantes pudessem, ao longo desses encontros e das “contaminações” que a discussão trazia, pensar os próprios projetos e prepará-los para a exposição coletiva que aconteceria ao final do projeto. Desenvolvemos dois tipos de oficinas: os “encontros de interlocução”, que se restringia aos artistas participantes e aos convidados, no formato de “mesas de processo”1; e as oficinas abertas ao público, que se endereçaram temas específicos: histórias de objetos da afrodiáspora; fluxos afrobrasileiros gastronômicos e preparação de maniçoba; formas de jogar mancala2; trocas musicais entre Salvador e Benin; exercícios para imaginar novas arquiteturas do lugar; brincando com formas africanas no contexto tropical do Brasil.

Podemos refletir sobre oficinas como oportunidade de desenvolvermos práticas que nos permitam quebrar ciclos viciosos de pensamento e de ação, abrindo possibilidades de criação de imagens e espaços conceituais e físicos desocidentalizados. Eis mais um conceito essencial: “Desocidentar-se seria curar-se da tradição que coloca o sujeito no controle do processo semiótico”, como proposto por Almeida (2013, p. 179). A autora nos fala em “textualidades extra-ocidentais” ao se referir à escrita “fora da perspectiva da tradição iluminista, francamente europeia” e que apontem “para fora da lógica

ou da racionalidade consolidada desde a civilização Greco-romana” (Almeida, 2013, p. 179). É na experiência que o mundo se expande, no movimento de desconectar de velhas estruturas hegemônicas e abrir caminhos para a diversidade.

É com o propósito de abrir caminhos que convido a pensarmos uma oficina de artes visuais como um encontro no qual podemos ativar ‘operações de movência3, que implicam em deslocamentos do olhar, invenção de novos caminhos e criação de textualidades e imagens originais.

Em movência: por que razão fazemos imagens?

“O poeta é aquele que fala de dentro das coisas. É falando de dentro das coisas que elas se movem. Então, nesses tempos sombrios, vamos começar com um pouco de esperança.” Paula Vaz

Encontrei pela primeira vez a palavra movência no livro mais recente publicado sobre a obra de Maria Gabriella Llansol: A escola dos contra-grupos. A publicação registra a criação da Escola “La Maison” (“Escola da Rua Namour”, como se chamou inicialmente), dirigida pela escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol ao lado de seu marido, Augusto Joaquim, em seus anos de exílio, na Bélgica. A escola funcionou de 1971 a 1979 e recebeu filhos de exilados políticos, estudantes que falavam línguas diferentes e crianças com necessidades especiais, assumindo um espírito alternativo e anti-autoritário. Augusto Joaquim, ao descrever o que é um contra-grupo, aponta que é necessário mudar a pergunta: “não já ‘como funciona a imagem’, mas ‘por que razão fazemos imagens?’” (Joaquim, 2019, p. 147). Esse deslocamento da questão, “da ordem de como para a do porquê”, proposto por Joaquim (2019, p.148), me parece essencial aqui.

3 Tema investigado na pesquisa de Pós-Doutorado “Artistas em deslocamento: textualidade afro-brasileiras”, em desenvolvimento pela autora desde 2019, junto ao Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal da Bahia. Vide Krucken (2020a); Krucken, Linke (2020) e Urbanidades (2020).

4 “Práticas da letra” é uma proposta desenvolvida por Lucia Castello Branco junto à Cas’a’screver.

5 Conceito em elaboração a partir da condução de oficinas. Entender “por que fazemos imagens” é entender que uma cadeia de imagens que tomamos como “real” contém e leva a histórias dominantes e causais, nas quais “as diferenças entre os indivíduos são vistas como deficiência em relação com a multidão organizada” (Joaquim, 2019, p.152). Acontece, que na Escola La Maison a proposta era, pelo contrário, “fazer funcionar as nossas diferenças, aquilo que nos torna singulares” (Joaquim, 2019, p.152) e, por esse motivo, a iniciativa é tão importante e conhecê-la tem sido fundamental para pensar sentidos de mobilidade e transformação.

E como fazer funcionar as nossas diferenças? Sigamos com essa pergunta-flecha, que está relacionada à realização de oficinas, como modo de colocar em cena espaços interculturais e pluridiversos. Uma oficina é uma prática da letra4 e, no caso das oficinas nas artes visuais, é também uma prática da imagem, que implica em colocar o corpo em modo de traduzir. Neste sentido, uma tradução sobre a prática, sobre a verdade de cada um, o real em que se atua e do qual se quer fazer parte, por meio de uma posição que é, antes de tudo, epistemológica. Ao trabalharmos juntos, propomos uma cartografia colaborativa, que é das intensidades: a começar pelo “foco” (objeto, espaço, operação artística, etc) que cada artista escolheu (ou por ela/ele foi escolhido) e aos caminhos que trilhou (métodos, técnicas, abordagens). Pensemos, com Passos et al. (2009) que “cartografar é habitar um território existencial”. Sob essa perspectiva, o projeto Fluxos - acervos do Atlântico Sul e a exposição Nkaringana podem ser vistos como uma “cartografia experimental de processos artísticos”5 que foi ativada nos encontros realizados em Salvador, tendo como contexto amplo de diálogo a afrodiáspora contemporânea.

Para pensar trânsito e mobilidade em processos de criação de textualidades afro-brasileiras, buscaremos inspiração nos trabalhos de pesquisadores, escritores e

artistas que abordam espacialidades, linguagens e práticas, a partir de perspectivas decoloniais. Achille Mbembe, em seu estudo sobre a África contemporânea destaca que “a história cultural do continente (Africano) não pode ser compreendida fora do paradigma da viagem, da mobilidade e do deslocamento” (Mbembe, 2019, p. 233). Falar sobre essa “cultura de mobilidade”, como a nomeia o autor, significa “falar das misturas, dos amálgamas, das sobreposições – uma estética do entrelaçamento” (ibidem). O autor propõe pensar nas “formas inéditas de territorialidade e figuras inesperadas de localidade” (Mbembe, 2019, p. 178) que foram ocasionadas pela história de trânsitos e deslocamentos africanos no mundo, ao longo do século passado. Evidencia, ainda, que esses movimentos vêm provocando mudanças estruturais “que ocorrem segundo outras lógicas: as da dilatação, dos pontos de fuga, das escapadas (...)”, e que, a partir daí, “outras formas de montagem da vida” têm surgido como maneira de ser no mundo (Mbembe, 2019, p. 208).

É esse ponto de sobreimpressões de culturas, línguas, lugares e histórias que nos interessa. Sobre a produção de conhecimento em processos de cruzamento, podemos citar Leda Maria Martins, com seu livro Afrografias da memória. A autora aponta a encruzilhada como “locus tangencial e instância simbólica e metonímica” (Martins, 1997, p. 28), a partir da qual se processam diversas elaborações discursivas, intertextuais e interculturais:

“O termo encruzilhada, utilizado como operador conceitual, oferece-nos a possibilidade de interpretação do trânsito sistêmico e epistêmico que emergem dos processos inter e transculturais, nos quais se confrontam e dialogam, nem sempre amistosamente, registros, concepções e sistemas simbólicos diferenciados e diversos.” (Martins, 1997, p. 28)

Vários pesquisadores vêm sustentando a importância de projetos pedagógicos inovadores, e não poderíamos deixar de citar Frantz Fanon, com a obra Pele negra, máscara branca, publicada originalmente em 1952, e Bell Hooks, com Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade, de 1994. São estes pensadores, dentre outros, que vêm inspirando artistas contemporâneos a buscar novas linguagens artísticas — como propõe a artista Grada Kilomba, ao criar interseções entre “leitura, oralidade e escrita, entre o corpo a ação e a imagem”, na construção de discursos contra-hegemônicos (Grosso, 2017, p. 29). A autora reforça que é preciso pensar “um novo modelo de produção e circulação da cultura e da arte, um modelo orgânico, mutável e dinâmico, que se adapte à condição itinerante e migratória das práticas artísticas atuais”.

Os campos da estética e das imagens, como aponta a curadora Diane Lima “têm sido fundamentais e estruturantes para entendermos como o projeto moderno ocidental de conhecimento e governança se difundiu sobre a ideia de raça” (2018, p. 246). Ela nos diz:

“O termo encruzilhada, utilizado como operador conceitual, oferece-nos a possibilidade de interpretação do trânsito sistêmico e epistêmico que emergem dos processos inter e transculturais, nos quais se confrontam e dialogam, nem sempre amistosamente, registros, concepções e sistemas simbólicos diferenciados e diversos.” (Martins, 1997, p. 28)

Ao pensarmos modos e métodos “desocidentados”, com especial foco na prática de oficinas, é importante considerarmos a escrita de forma ampla — que se dá na forma de texto, imagem, de tudo que um corpo pode escrever. Trabalhar ‘esse algo que se escreve’ seria, assim, traba-

lhar formas de conhecimento que guardam a possibilidade de conhecer algo pelo próprio processo em que esse algo se dá. Nesse sentido, podemos pensar em algumas operações de movência:

atravessamento, tradução, permuta, desvio, deslocamento, mudança, transposição, transmutação, deslizamento... que seguem, em infinitas dobras e desdobramentos. (Krucken, 2020)

Guardemos a imagem de que podemos agir em “infinitas dobras e desdobramentos”. E vamos associá-la a ideia de que objetos escrevem histórias e guardam, em si mesmo, fluxos6 .

Encontros de interlocução: espaços interculturais

O leitor deve esquecer os “lugares comuns da cultura”, o sítio restrito do aquário; deve abandonar a ideia de narrativa e a ideia de clausura que lhe subjaz e entrar no rio que aqui se confunde com o mar (da escrita) abarcando a ideia da casa aberta e fechada, nada ficando a saber da sequência dos fatos narrados; deve aprender a ver onde nos leva a escrita e mais, aprender “a ver em cada corpo uma espessura própria”. Deve aprender a deslocação, o nomadismo (...).

(José Augusto Mourão, sobre a obra de Maria Gabriela Llansol)

6 Esse tema vêm sendo investigado por meio de práticas artísticas pela autora por meio de oficinas („Outras vidas do objeto“, realizada no Museu de Arte Moderna da Bahia e no Coletivo Elza, em 2016) e obras („Diário de objetos“, na exposição exposição Mundo em Trânsito, realizada pela Galeria de Arte Contemporânea do Colégio das Artes, em Coimbra, Portugal e „Objetos com raízes“, na exposição Nkaringana, no MAFRO, em 2019).

7 O Projeto Spinning triangles: Ignition of a Design School envolveu um grupo internacional de artistas e pesquisadores, com base em experiências de un-school desenvolvidas por pesquisadores de Kinshasa, África. Vide o ensaio O corpo escreve (Krucken, 2019), publicado no catálogo do projeto. Vide https:// savvy-contemporary.com/en/projects/2019/spinning-triangles/

8 Nyimpini Khosa é autor do capítulo Nkaringana wa nkaringana, Xitiku ni mbawula a matiku ya vambe: fluxos da tradição oral africana e sua magia. Interagimos desde 2018 em um grupo de pesquisa independente sobre migrações e refúgios no Brasil. Um bom exercício para continuarmos a nossa reflexão é nos perguntar “de onde” a gente pensa e o que entendemos como conhecimento, lembrando que existem vários “lugares de pensamento”. Abro parênteses aqui para fazer referência à residência artística que participei junto ao Laboratório de formas-ideias Savvy Contemporary, em Berlim, e que tinha como proposta repensar a escola7 numa não-escola (un-school), praticando formas de criar e compartilhar conhecimento que questionassem relações de poder da modernidade contemporânea. Cito essa experiência para resgatar uma frase, construída em diálogo com Arlette-Louise Ndakoze, uma das curadoras do projeto: O modo como nos posicionamos em nossos próprios corpos influencia a forma de conhecimento que produzimos.

Retomo essa frase no contexto das oficinas e os espaços interculturais, como lugares possíveis para refletirmos, na prática, sobre as perspectivas que absorvemos, reproduzimos e produzimos inconsciente — e conscientemente, na nossa forma de estar no mundo, de entender e construir conhecimento, assim como de nos movermos nesses estados e dimensões.

Ao me referir à ideia de ‘espaço intercultural’, cito o pesquisador moçambicano de filosofia africana, José Castiano — que me foi apresentado por Nyimpini Khosa8 . Castiano (2010, p. 145) evidencia a importância de situar o espaço como local, posição cultural e epistêmica a partir do qual o cientista argumenta, o que nos informa sobre questões cosmológicas, epistemológicas, axiológicas e estéticas. Ao investigar a filosofia africana como pensamento crítico, o autor aponta dois pressupostos:

“(...) o primeiro, ela deve estar apta para a criação de espaços de intersubjectivação, isto é, espaços de diálogo que se baseiam no reconhecimento do outro ou outros como sendo também e de igual modo sujeito(s) do conhecimento; o segundo, ela deve abrir-se para um diálogo intercultural filosófico, isto é, um diálogo em que se baseia no potencial crítico e autocrítico sugerido por outras culturas no sentido do enriquecimento conceptual mútuo.” (Castiano, 2010, p. 240)

Foi junto com Khosa que realizei a oficina “Objetos e histórias da diáspora africana”, em agosto de 2019, na Casa do Benin. Durante a oficina, Khosa conduziu uma Nkaringana (palavra da língua Bantu, aqui pensada como a imagem de “história ao redor da fogueira”), e em claro diálogo com a obra de Castiano, trouxe para o projeto Fluxos - acervos do Atlântico Sul a ideia de espaços de intersubjetivação. A Nkaringana, deslocada do seu contexto de origem, de Moçambique para Salvador, pode ser vista como um evento que propiciou a interação entre culturas locais, para pensarmos o nosso passado e, assim, entendermos o presente e desenvolver futuros, nas relações com o outro (Cossa e Krucken, 2019, 2020).

Assim, ‘o fazer oficina’ abarca imaginação, política e estética. Sob esse aspecto gostaria de citar a iniciativa Oficina de Imaginação Política - OIP, na qual as cartografias existenciais também se apresentam como método: “há na imaginação uma potência de reinvenção de territórios conceituais e reformulação de perguntas, narrativas e práticas dentro do que compreendemos como política” (Packer, 2016)9. Por meio das oficinas podemos “resgatar a potência de transformar imagens em ação como ferramenta de resistência e atuação política, e como forma de requalificar a experiência com a arte”, continua o artista. E é interessante evidenciar definição que a OIP adota:

9 Projeto desenvolvido por Amilcar Packer para a 32a Bienal, em 2016, junto aos colaboradores Diego Ribeiro, Jota Mombaça, Rita Natálio, Thiago de Paula e Valentina Desideri.

“oficina lugar de agência e afetos entre modos de fazer, aprender e cuidar imaginação intervenção nos sistemas de (re-)produção e invenção de mundos política implicação ética nas contradições e paradoxos das coletividades” (Packer, 2016)

Retomemos nossa reflexão a partir da ética, estética e política nas experimentação e investigação artísticas. Durante o projeto Fluxos - acervos do Atlântico Sul, os encontros foram pensados como forma de amparar os processos de criação, privilegiando o processo e não os produtos finais. A interlocução, dessa forma, se dá como um processo de escuta e discussão que contribui para a construção de um diálogo (cuja natureza, descentralizada, muito nos interessa), assim como contribui para percepção (e apropriação ou não) do ponto de vista a partir do qual escutamos e enunciamos. Propiciar espaço para criarmos sobreimpressões, deslocamentos e deslocações no texto e no sentido, como forma de acessar mundos que existem no mundo, foi o mais importante. Como nos diz Llansol (1985, p. 57): “Quando se escreve só importa saber em que real se entra, e se há técnica adequada para abrir caminho a outros”. Assim, a arte, como escrita, constitui um modo de entrar em um real: um real que se escreve.

Esse é o convite que compartilho nas oficinas (e também nesse ensaio): que o artista reflita no seu fazer sobre o próprio exercício de escrita no mundo. É interessante, lembrar, como nos diz a poeta Cinara Araújo, que “não importa o que a arte é, importa o que a arte faz”.

Por fim, gostaria de pensar os encontros como forma de celebrar os espaços que nos receberam e possibilitaram os processos de criação artística. A paisagem entrou nos processos de criação artística realizados na Casa do Benin e o MAFRO, bem como no território entre esses

espaços, percorrendo o caminho que vai do Terreiro de Jesus até a Baixa dos Sapateiros, no Pelourinho, em Salvador, com toda sua vida e intensidade. Pensar o acervo e suas relações com os lugares (dentro-fora-entre) é um prisma interessante que se abre, nesse ponto da reflexão. O que define os limites de um acervo (e dos diálogos com acervos)? Onde termina um acervo? Poderíamos pensar o acervo disperso no mundo? Eis uma dobra interessante para uma próxima reflexão.

Agradecimento

Ao Programa Nacional de Pós-Graduação da CAPES e ao Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal da Bahia pelo suporte à pesquisa.

Referências

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Araújo, Cinara. Poesia como ato. In: Castello Branco, Lucia; Silva, Sergio; Krucken, Lia. 4 Inutilezas para um mundo bárbaro. Belo Horizonte, 2020 (no prelo).

Castiano, José. Referências da filosofia Africana: em busca da intersubjectivação. Maputo: Sociedade Editorial Ndjira, Lda, 2010.

Cossa, Dulcídio; Krucken, Lia. Abrir caminhos pelo texto: a experiência do corpo e as textualidades Afrobrasileiras. In: Livro do II Seminário Regional de Ensino e Educação Etnico-Raciais – Aquilombar-se: Desafios e Perspectivas de Resistência no Sul da Bahia. Itabuna: Editora Oya, 2019 (no prelo).

Cossa, Dulcídio; Krucken, Lia. Nkaringanas e encontros do diverso: abrindo caminhos pela palavra. Revista Encantar - Educação, Cultura e Sociedade, v.1, n.2, 2020. Disponível em: http://www.revistas.uneb.br/ index.php/encantar/article/view/8933

Grosso, Inês. Quiet as it’s kept (or not). In: KILOMBA, Grada. Secrets to tell. Lisboa: MAAT, 2017.

Joaquim, Augusto. “O que é um contra-grupo?” In: Llansol, Maria Ga-

briela, Joaquim, Augusto. A escola dos contra-grupos. Lisboa: Espaço Llansol/Mariposa Azual, 2019. pp. 141 – 153.

Krucken, Lia. Corpo e palavra em movência. In: Bemfica, Aline; Krucken, Lia; Poli, Cristina. Exílio e migração: poéticas e refúgios singulares. Belo Horizonte: Cas’a’screver, 2020a (no prelo).

Krucken, Lia; Poli, Cristina. Exílio e migração: poéticas e refúgios singulares. Belo Horizonte: Cas’a’screver, 2020a (no prelo).

Krucken, Lia. Movência. In: Krucken, Lia; Linke, Ines (org.). Verbetes Moventes. Salvador: Tiragem: Duna, 2020b (no prelo).

Krucken, Lia. The body writes. Lynch, George; Barbera, Franca, L.; Maland, Eloise M. (Ed.) Spinning triangles: Ignition of a Design School. Savvy Contemporary, 2019.

Lima, Diane. “Não me aguarde na retina”. A importância da prática curatorial na perspectiva decolonial das mulheres negras. SUR Revista Internacional de Direitos Humanos, v.15 n.28, 2018. pp. 245 – 257.

Llansol, Maria Gabriela. Lisboaleipzig. O encontro inesperado do diverso. O ensaio de música. Lisboa: Assírio e Alvim, 2014.

Llansol, Maria Gabriela; Joaquim, Augusto e outros. A escola dos contra-grupos: uma nova geografia pedagógica e social. Lisboa: Mariposa Azual, 2019.

Martins, Leda Maria. Afrografias da memória: o Reinado do Rosário no Jatobá. São Paulo: Perspectiva; Belo Horizonte: Mazza Ed., 1997.

Mbembe, Achille. Políticas da Inimizade. Lisboa: Antígona, 2017.

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