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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

Acompanhe as edições anteriores em: www.diariodacuesta.com.br

Mário Quintana Diário da Cuesta

Um mural assinado pelo artista Eduardo Kobra em uma fachada do Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, homenageou o poeta.

(1906-1994), nasceu em Alegrete/Rio Grande do Sul, no dia 30 de Julho de 1906. Foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado um dos maiores poetas do século XX. Mestre da palavra, do humor e da síntese poética, em 1980 recebeu o Prêmio Machado de Assis da ABL e em 1981 foi agraciado com o Prêmio Jabuti Página 3

Escritor/cronista, colunista do Diário da Cuesta, o professor e advogado Roque Roberto Pires de Carvalho se renova em suas crônicas do seu 11º livro da série “Momentos Felizes”. “...e assim o cronista, um tanto cansado mas com ânimo forte chega ao 11º livro de crônicas, procura renascer com escritos, memórias que afloram no dia a dia, a história da cidade, seus moradores, seus heróis, o relevo com seus aclives e declives; notícias do cotidiano; saudades do primeiro emprego e da moradia em apartamentos; primeiros tempos na profissão; os jovens; a educação formal com suas mazelas; pão e circo com lazer nas eleições do gatil...” Roque Roberto Pires de Carvalho

Arte em pintura capa e contracapa: Maria Imaculada Aria Kfouri

Mário Quintana

As fotos de pássaros de Dom Maurício

Principais fatos como bispo:

• No dia 03 de maio de 2000, foi nomeado pelo Santo Padre, o Papa João Paulo II, Bispo Coadjutor da Diocese de Assis, SP. • Foi sagrado bispo por Dom Antônio Agostinho Marochi, então bispo diocesano de Presidente Prudente, no Ginásio Municipal de Esportes de sua cidade natal no dia 30 de julho de 2000.

• Tomou posse como Bispo Coadjutor de Assis na Festa da Assunção de Maria, dia 15 de agosto do mesmo ano.

• Por onze meses exerceu o cargo de Administrador Apostólico "sede vacante" de Araçatuba, SP, entre os anos de 2003 e 2004.

• Assumiu o governo da Diocese de Assis no fim do mês de outubro de 2004, quando Dom Antônio de Sousa, CSS, tendo completado 75 anos, teve sua renúncia aceita pelo Santo Padre.

• Ainda em 2004, recebeu o Título de Cidadão Assisense em Sessão Solene na Câmara Municipal.

• Foi responsável pelo Setor das Pastorais da Mobilidade Humana da CNBB em âmbito nacional entre os anos de 2007 e 2011.

• Com a presença do então Núncio Apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, tomou posse como 8° Bispo e 5° Arcebispo de Botucatu no dia 15 de fevereiro de 2009.

• Recebeu o Título de Cidadão Botucatuense em Sessão Solene, realizada na Câmara Municipal de Botucatu no dia 26 de setembro de 2014.

Edil Gomes

Nas comemorações dos 25 anos de Episcopado de Dom Maurício Grotto de Camargo, desses, 16 anos em nossa cidade, nomeado Arcebispo Metropolitano de Botucatu em 19 de Novembro de 2008 por sua Santidade, o Papa Bento XVI. É o 8º bispo e o 5º arcebispo de Botucatu, com o lema episcopal: "Sereis minhas testemunhas" (At 1, 8). Lembrei-me de um livro que diagramei em 2015 com o título "Entre Rosas e Espinhos, eis o caminho", da escritora Neila Sveidic, de Lençóis Paulista, a qual nos tornamos amigos e até hoje mantemos contato. O livro traz reflexões e contemplação dos mistérios do Rosário. Nesse livro, ela precisava ilustrar com fotos e teve a participação de um fotógrafo inusitado que mostrou muita sensibilidade, nada menos que Dom Maurício, que tinha o registro de mais de 40 mil fotos desde quando iniciou o hobby em 2011. Foi muito difícil selecionar dentre tantas que se destacavam. No início, registrando a história, bons momentos do tempo de seminário, as celebrações e ordenações. Depois começaram a aparecer os sobrinhos, segundo ele, foi quando se despertou para o milagre da vida, da sucessão das gerações e a bênção que é a vida familiar. Atualmente, seu gosto se voltou para a natureza, especificamente os pássaros. Procurando fotografar um passarinho que ainda não retratou e em "pose" que faz toda a diferença. Costuma dizer que é emocionante registrar momentos diferentes do comportamento das aves. Para esse trabalho, selecionou as melhores, que são em número de 3.000. Deixou registrado na época para a autora que gostaria de escrever um livro de meditações, aproveitando as fotos para ilustrá-lo. As fotos deram um destaque em cada página do livro e, no final, várias foram incluídas em um álbum de fotos, enriquecendo o trabalho, fazendo um conjunto dos textos e fotos. A vida sacerdotal. Dom Maurício Grotto de Camargo, filho de Orlando Lemes de Camargo e Maria Grotto de Camargo, nasceu aos 26 de setembro de 1957 em Presidente Prudente, SP. Foi admitido no Seminário N.S. Mãe da Igreja da Diocese de Presidente Prudente, onde cursou o Ginásio (1969-1972), o Colegial Clássico (1973-1975) e a Filosofia (1976-1977).

Fez o curso de Teologia no Instituto Paulo VI da cidade de Londrina, PR (1978-1980). Depois de ter recebido os Ministérios de Leitor e Acólito, foi ordenado Diácono no dia 20 de janeiro de 1980 e Sacerdote aos 11 de abril de 1981. As cerimônias foram realizadas na Catedral de São Sebastião, ambas por imposição das mãos de Dom Antônio Agostinho Marochi, então Bispo Diocesano de Presidente Prudente, SP. Reitor do Seminário Filosófico Provincial Sagrado Coração de Jesus em Marília, SP (1991-1992 e 1997-1999). Subsecretário de Pastoral da CNBB em Brasília, DF (Novembro de 1999 a Março de 2000). Subsecretário Geral da CNBB em Brasília, DF (de abril a junho de 2000).

Mário Quintana

Voando para o colorido da vida

Quando preparo esta mensagem, caminho por um declive. A lógica (observar para onde se caminha) puxa meu olhar para baixo, mas lá não há horizonte, só o fundo da depressão. Já é noite, as cores se esvaíram, primeiro na penumbra, depois nas trevas. O olhar é atraído para o leve lilás que ainda persiste acima das montanhas. Quer luz, quer cores. Assim, escolho os poemas que sairão das gaiolas esta madrugada, livrando da poeira as asas. Versos que buscam o colorido da vida, arejando as feridas, cicatrizando as chagas. Falar assim, é falar de Mário Quintana, cuja poesia - dizendo poesia, digo ethos - tanto apavorava os acadêmicos que estes jamais o aceitaram em seu clube fechado, ali na Esplanada do Castelo.

Segundo Deleuze o escritor vive à espreita. Mario Quintana (1989) traduz muito bem essa atitude de estar no mundo à espreita, de “alma aberta”, quando escreve:

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,

Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.

Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...

Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Por se colocar à espreita e por sua sensibilidade, o escritor é capaz de andar pelos vários caminhos do mundo e de ver e ouvir, nessas andanças, coisas excessivas, que o desgastam (Deleuze, 1997). Consegue captar mistérios, entrar em contato com os interstícios, com a respiração do mundo. Tudo isso o cansa, o ameaça, o afeta. Por sua saúde, para continuar vivendo, ele escreve.

Acrescento mais um poema, exercício sobre as próprias palavras e o amor que as incendeia, buscado no sítio Releituras.

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos colhidos no mais íntimo de mim...

Em 30 de julho passado, Mario de Miranda Quintana teria cumprido 100 anos, não tivesse comparecido ao encontro com a morte em 5 de maio de 1994, em Porto Alegre. Do gaúcho, de Alegrete, que amava a solidão e a ironia, conhecido como o poeta das coisas simples, começo recolhendo poema que Rosana Zucolo enviou-me no começo de setembro (penso, só agora, será que não foi esse o mote para que, três dias depois, eu me lançasse aos “diálogos poéticos”?):

Inscrição para uma Lareira

A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas...

Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?

Em meio aos toros que desabam, cantemos a canção das chamas! Cantemos a canção da vida, na própria luz consumida...

Embarco em seus versos nessa viagem verdadeira da qual Maria do Carmo Cabral me lembrou em sua tese “Encontros que nos movem”, citando A Verdadeira Arte de Viajar, ao dizer:

Suas palavras

seriam as mais simples do mundo, porém não sei que luz as iluminaria que terias de fechar teus olhos para as ouvir...

Sim! Uma luz que viria de dentro delas, como essa que acende inesperadas cores nas lanternas chinesas de papel!

Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te

e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento da Poesia... como uma pobre lanterna que incendiou!

E encerro com:

Das utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora! não é motivo para não quere-las... Que tristes os caminhos, se não fora a mágica presença das estrelas!

Saudações a todos, mesmo que as nuvens ainda ocultem as estrelas.

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LEITURA DINÂMICA

– O DIÁRIO tem resgatado sua memória e prestado homenagem ao poeta-passarinho. Sempre trazendo seu famoso “Poeminha do Contra”.

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– Considerado como o poeta do amor, o Poeta-passarinho foi rejeitado por 3 vezes na ABL, na quarta vez, convidado pela ABL, rejeitou... No entanto, a ABL sempre foi objeto da vaidade dos políticos brasileiros: 3 ex-Presidentes da República ingressaram na Academia: Getúlio Vargas, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso. E mais os políticos: João Neves da Fontoura, Anibal Freire da Fonseca, Cândido Motta Filho, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, João Luís Alves, Luís Viana Filho, Octávio Mangabeira, José Américo de Almeida e Barbosa Lima Sobrinho. Outros foram também políticos, como a maior cultura do Brasil: Ruy Barbosa.

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– O escritor botucatuense, Francisco Marins, Presidente Emérito da APL – Academia Paulista de Letras que dirigiu por 2 gestões, também foi rejeitado em sua tentativa de entrar na ABL. Escritor regionalista (ciclo do café) e autor de livros infantis, Marins é mais uma injustiça contra a cultura brasileira.

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- Um dos hóspedes ilustres foi o poeta Mario Quintana, que viveu por longos períodos no hotel entre 1968 e 1980 O escritor residia com frequência no quarto 217. Na época, Quintana trabalhava no jornal Correio do Povo, localizado a algumas quadras do Majestic. Segundo Groisman, diretor da CCMQ, Quintana não pagava pelo aluguel do quarto, vivendo no hotel em troca de favores Foi o que aconteceu em 1980, quando Quintana foi despejado do Majestic. Nessa época, o hotel já estava em decadência e não tinha mais como arcar com os custos de um hóspede morando gratuitamente. O hotel foi transformado em CASA DE CULTURA MÁRIO QUINTANA (CCMQ), pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

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– Após ser despejado do Majestic, Quintana se mudou para o Hotel Royal O proprietário era o comentarista esportivo e ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão, que cedeu um quarto para o poeta. Solitário, Mario Quintana passou grande parte da sua vida vivendo em hotéis. Atualmente, a Casa de Cultura Mario Quintana possui uma reconstituição do quarto ocupado pelo poeta, feita com base em fotos da época e utilizando objetos pessoais do escritor.

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