Diário da Cuesta

A IPB – Igreja Presbiteriana do Brasil foi fundada em 12/08/1859 e a Igreja Presbiteriana de Botucatu foi fundada em 01/08/1885. Mês de Agosto registra as comemorações referenciais.
Reverendo Antonio Coine.
Já é tradicional a participação da ABL – Academia Botucatuense de Letras nas comemorações do Aniversário de Botucatu e a participação do Reverendo Coine , como Orador Oficial da ABL, nas festividades do Aniversário de Botucatu, ficou marcado como importante retrato histórico de nossa cidade. O Reverendo Coine destacou o desenvolvimento da cidade desde 1719, com a criação das fazendas jesuítas que originaram o município
“Queridos Concidadãos: costume, entre nós, quando uma pessoa muito querida aniversaria, parabenizarmos e promovermos uma grande festa celebrativa.
Pois bem!
quatrocentos anos atrás, através dos lábios do Profeta Malaquias, que não devemos desprezar “o dia dos humildes começos”.
A nossa querida cidade de Botucatu, comemora, hoje, o seu aniversário. Isso é uma grande alegria e bênção para todos nós.
Porque dissemos: para todos nós?
Porque somos, todos nós, de maneira total e indistinta, filhos dessa amada cidade, que nos acolheu no seu seio como o faz a mãe, quando acolhe seus filhos para dar-lhes proteção, amor e carinho.
E é justamente isso que Botucatu tem feito para cada pessoa que aqui tem chegado e feito dela o seu lar e estabelecido sua família.
É certo que a nossa querida Botucatu, como a vemos hoje, não é a mesma que foi no passado, ou até mais, como já nos escreveram nossos ilustres historiadores, cujos registros se encontram nos fartos e famosos escritos do nosso ilustre concidadão Dr Armando Delmanto e outros historiadores nossos.
Por esse motivo gostaria de convidá-los, neste momento, a que dirijam seus pensamentos em páginas importantes, como se estivessem folheando um álbum de família.
Ali poderemos vislumbrar, na primeira página, o nosso passado.
Mais adiante poderemos nos defrontar com o nosso presente.
E na página seguinte observaremos o nosso futuro, bem como de nossas gerações seguintes.
NO PASSADO
Nos depararemos com os nossos pioneiros.
Ali se encontram as primeiras sementes daquilo que hoje usufruímos.
Se olharmos para o passado, poderemos ver nossa querida cidade de Botucatu retratada de maneira bem simples e humilde, dentro de um sertão incomensurável.
Nas fotos dessa primeira página do nosso álbum teremos a oportunidade de voltar no tempo e ali encontrarmos, primeiramente, os jesuítas, quando, lá pelo ano de 1719, a famosa e elitizada Companhia de Jesus, numa fazenda, havia se estabelecido.
Escreve-nos Armando Delmanto que: Em pesquisas realizadas em Sorocaba, o escritor botucatuense, Hernâni Donato, comprovou que os primeiros botucatuenses nasceram nessa fazenda”. (in “Memórias de Botucatu I”, de Armando M. Delmanto, págs. 16/17, 2ª edição 1995);
O passado da nossa cidade deveria, em muito, aguçar as nossas mentes, nos dias de hoje, para entendermos o seu real valor.
Uma vez que sabemos que esta cidade nasceu sob o signo da cruz, “segundo o Prof. Plínio Airosa, da USP” isso deve nos levar a refletir naquilo que o Supremo Deus, o Criador disse, cerca de dois mil e
Ao falar isso Ele quer nos dizer que nele, no passado, foram plantadas as sementes de uma visão futura, daquilo que nossos antepassados, os nossos pioneiros, os nossos colonizadores sonharam para essa cidade: Progresso, Amparo, Proteção, Saúde, Educação, para todos, indistintamente.
Isso quer nos lembrar ainda, que esta cidade, no seu passado, teve aqueles que a fizeram, que a construíram: e foram os braços fortes dos escravos e dos livres; dos proprietários e dos trabalhadores. Todos eles, homens, mulheres e crianças fortes, dignas de serem lembrados e homenageados por nós cidadãos da modernidade.
Pobre povo aquele que não conhece e pouco se interessa pelo seu passado.
Lembramo-nos de uma frase do ilustre educador e pastor presbiteriano que aqui esteve por volta do ano de 1868, Revdo. Prof. George Whitehill Chamberlain, recém formado pela Universidade de Princeton Ele esteve hospedado na casa de Domingos Soares de Barros, pois este estava interessado em conhecer as doutrinas contidas nas Sagradas Escrituras, a Bíblia. Quando estabelecia a primeira Escola Americana, na rua Líbero Badaró, em São Paulo, que se tornaria a hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, Chamberlain uma belíssima e importante frase que se encontra registrada nos livros de história do presbiterianismo: “Nós trabalhamos na calada da noite, mas outros virão ao nosso encontro no alvorecer”. Poderemos, com absoluta certeza, parafraseá-la pensando no que os nossos pioneiros, tais como o Capitão José Gomes Pinheiro, dentre outros, disseram também: “Trabalharemos com afinco na calada de noite, mas outros virão até nós, para nos ajudar, nas asas da alvorada”.
Hoje, queridos concidadãos, Botucatu não se encontra mais na calada da noite e muito menos nas asas da alvorada, uma vez que é uma cidade que já se encontra no meio dia da sua existência e do seu progresso: com sol a pino, que aponta a sua pujança, o seu progresso, tendo tudo de bom que uma cidade pode desejar.
O PRESENTE E O FUTURO
o olhar de agradecimento, ter uma visão do futuro. Aquilo que usufruímos hoje da honestidade do caráter, como fruto do trabalho laborioso conquistado pelo suor do nosso rosto e abençoado pelo Criador é a base no solo da herança que deixaremos para aqueles que nos substituirão. E essas vidas já se encontram nos ventres maternos, nas crianças que se movem em nossa cidade, nos adolescentes e jovens alegres que caminham festivos e satisfeitos em nossas ruas povoando nossas escolas.
Por isso é necessário que, olhando ao nosso redor vejamos se há ainda uma única pessoa com fome, uma única criança sem a educação devida, alguém desabrigado ou desamparado pelas circunstâncias da vida, e não nos omitirmos.
Não podemos encher os nossos bolsos com as riquezas honestas, pelas quais lutamos e angariamos, sabendo que há fome, falta de educação, abrigo e outras coisas que constituem o bem dos seres humanos, nossos irmãos.
Se bem que podemos dizer com orgulho santo que a nossa Botucatu tem servido de exemplo nessas áreas para outras cidades. Por isso somos chamados de Cidade dos Bons Ares, das Boas Escolas e das Boas Indústrias, e, porque não dizer de Bons e Caridosos Corações.
É certo de que não poderemos nos deleitar tranquilamente na poltrona do nosso sucesso, com a consciência tranquila, enquanto milhares de brasileiros vivem na necessidade Deus mesmo disse que devemos ser o amparo das viúvas, dos órfãos, dos pobres, dos enfermos, dos estrangeiros e de todos que necessitam da nossa ajuda, do nosso amor, do nosso carinho, da nossa caridade. Por isso, devemos continuar a realizar este grande empreendimento, seja aos nossos munícipes, como também, de outros municípios, aos quais temos estendido nossas mãos com amor cristão. Para quem não sabe, daqui têm saído toneladas de roupas e alimentos para o sustento de tribos indígenas e pessoas carentes em rincões muito afastados da nossa cidade, no Mato Grosso do Sul e, até no Amazonas e Nordeste Brasileiro
Ao olharmos, agora, para a página do nosso álbum que aponta o nosso presente, entendemos melhor o lugar onde já nos encontramos situados podendo contemplar aquilo que estamos usufruindo. Aquilo que temos recebido, aquilo que tem nos abençoado e nos tem feito progredir.
Quem se encontra no presente, deve também, à semelhança dos nossos antepassados pioneiros, com
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
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Finalizamos usando as palavras do salmista que dizia, há cerca de três mil anos atrás: “Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o SENHOR!” (Sl 144.15)
E Deus mesmo nos concita através dos lábios do profeta Jeremias: “Procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz” (Jeremias 29.7).
Que Deus, o Supremo Criador, Mantenedor e Sustentador do Universo abençoe nossa querida cidade, nossa mãe amorosa.
Parabéns querida BOTUCATU!!! Muitíssimos anos de vida e progresso.”
Acadêmico Reverendo Dr. Antonio Coine, Membro Honorário da Academia Botucatuense de Letras e Pastor Emérito da Igreja Presbiteriana do Brasil. Acervo Peabiru
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Os anais presbiterianos, no entanto, atribuem a Domingos Soares de Barros o mérito de ter se transformado no propagador do Culto Evangélico e incentivador de sua organização na cidade. Maçon, Domingos Soares de Barros, travou conhecimento com a Palavra de Deus, através da Bíblia da Loja Maçônica local, livro que servia para os votos e cumprimentos maçons.
Destacado agricultor, Domingos Soares de Barros, teve grande participação na comunidade, tendo sido um dos signatários do Manifesto Republicano de 1873, resulta-
do da Convenção de Itú, que passou à História do Brasil como um dos fatos mais importantes da Nação. Em Botucatu, e na ausência de qualquer Casa de Oração, conta-se ser dele um voto a Deus: “Se aparecesse alguém em Botucatu, que pregasse as doutrinas da Bíblia, ele construiria uma casa para aquele Livro”. Apareceu!!!
O Reverendo Chamberlain, fundador da Escola Mackenzie, em S. Paulo, tomou conhecimento desse voto, durante uma de sua viagens a Lençois Paulista e, aproveitando a curta distância entre as cidades, resolveu aqui chegar.
A foto da lápide do túmulo de Lee Milton, no Cemitério das Três Cruzes, é o registro da homenagem da Família Meriwether, em 1895, ao lendário General Lee. Em 1988, quando eu editava o jornal “FOLHA DE BOTUCATU”, fiz uma pesquisa sobre os descendentes americanos enterrados em Botucatu. O túmulo do jovem Lee Milton estava em péssimo estado, impossível de ser fotografado para registro. Na ocasião, contratei uma Marmoraria da cidade que fazia lápides no cemitério para que fizesse a restauração desse túmulo. Pela foto do Dallas (Dalanesi), feita especialmente para o jornal, pode-se ver que é um túmulo original e diferente dos demais: tipicamente em estilo dos americanos do sul dos EUA. Essa foto é uma preciosidade histórica a re-
gistrar a passagem dos americanos sulistas por Botucatu. Na matéria “OS AMERICANOS”, publicado no livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, em 1990, todo o histórico da passagem dos americanos sulistas por Botucatu está registrada. Acabara a guerra e se buscava a concórdia entre sulistas e nortistas. Mas sempre ficam os ressentimentos e a intolerância. Os sulistas não tiveram condições de uma recomposição total. Muitos preferiram o exílio voluntário ou a busca de uma nova pátria Famílias inteiras, inclusive com seus escravos, imigraram para outras terras. Assim, muitos americanos sulistas acabaram no Brasil. Assim, muitos sulistas americanos acabaram em Botucatu. Corria o ano de 1865 e os confederados sulistas americanos começavam a imigrar. Para o Brasil vieram no mesmo ano do término da Guerra Civil e durante o ano de 1866. No link colocado no post “A IMIGRAÇÃO DOS AMERICANOS/REGISTRO HISTÓRICO”, procuramos mostrar como foi a vinda deles para Botucatu e a influência que tiveram nos costumes e na religião, com o Protestantismo. Vale a leitura. (AMD)
Do contato com Domingos Soares de Barros, feito durante um jantar, incentivou-o a levar adiante sua proposta. Nasceu desse contato e do esforço dele resultante, a primeira Casa de Oração Presbiteriana de Botucatu.
Desconhece-se a data dessa reunião, porém, é muito significativo o fato de ter residido em Botucatu, por quatro anos (1881,82,83,84), o reverendo George Anderson Landes, vindo de Nova York. Faltam registro mas, como o período foi anterior à fundação da Igreja (1885), é muito provável que o reverendo americano, tenha servido como “Moderador” na organização da Igreja local.
O primeiro templo estava localizado à Rua Cesário Alvim (Rua João Passos), no mesmo terreno onde hoje se ergue o Instituto Educacional, tendo sido membros do primeiro Conselho, o pastor Rev. João Ribeiro de Carvalho Braga e os presbíteros, João Tomás de Almeida e Alberto Araújo, sendo diáconos Eduardo José Duarte e Domingos Soares de Barros. (História Botucatu)
Maria De Lourdes Camilo Souza
Perto de nossa casa ali na Cardoso, subindo a rua da Igreja Presbiteriana, vivia uma senhora, a D. Ziza.
Era já de idade avançada, eu a via como austera, estava sempre de roupas escuras.
Acho que nunca conversei muito com ela.
Estes dias acabei fazendo uma descoberta bem interessante, entre os cadernos deixados por minha mãe, aliás um vício que eu também tenho.
Os meus são um pouco diferentes dos dela.
Ela tinha cadernos de receitas.
E numa coisa somos bem parecidas.
Ela começava os caderninhos com receitas de comida, muito bonitinhos com sua letra bonita inclinada, muito uniforme.
A parte detrás dos cadernos eram receitas de remédios caseiros, pontos de crochê ou tricot, simpatias para vários males.
Ela recortava alguns informes de jornais ou revistas e os colava nos cadernos.
Tanto de receitas de comidas, doces, bolachas, pães, geléias, e sempre anotava o nome da amiga ou parente que forneceu a receita.
E na parte de trás eram pomadas, garrafadas de ervas, banhos para alguns males, simpatias ensinadas pelas suas inúmeras amigas.
Endereços úteis, telefones.
Recortes de jornais sobre lugares onde encontrar peças para conserto de bonecas, material de artesanato.
Um caderno era sobre suas aulas de artesanato no Colégio Santa Marcelina.
Ela tinha o costume de manter as amizades por perto, fazia visitas, e nos levava junto.
Mandávamos cartões de Natal.
E consequentemente recebíamos. Estes cartões eram guardados carinhosamente em latas daquelas bolachas amanteigadas importadas, lindamente decoradas que tínhamos ganho de presente.
Enviávamos telegramas de pêsames aos que tinham perdido algum membro da família e não pudemos estar presentes.
Mantinhamos os contatos sociais pessoalmente.
Depois surgiu o telefone e a TV, as visitas foram se espaçando um pouco.
Voltando á Dona Ziza, sua amiga, era frequentadora da Igreja Presbiteriana.
Esta semana encontrei um caderno que ela deu para a minha mãe, a Filhinha, como era o apelido da minha mãe.
Descobri que tinha muito carinho e cuidado por ela e nesse caderno fez um tipo de dedicatória e escreveu algumas orações nas folhas seguintes.
Minha mãe tinha fases depressivas e procurava auxílio nas orações.
D. Ziza percebeu seu sofrimento, e carinhosamente a ajudava, dentro da doutrina cristã com palavras de alento.
Senti-me muito grata a ela por essa ajuda e carinho, que eu creio mantinha em segredo, como deve ser a caridade cristã.
Deus a tenha em seu santo lugar, cara D. Ziza.
Domingos Soares de Barros não era botucatuense nato, mas o era de coração. Quando aqui chegou, em 1860, mais ou menos, vinha de São Manuel, onde fora grande fazendeiro, juntamente com seus irmãos. Veio com fama de “Podre de Rico”. Tinha vendido o latifúndio que era a FAZENDA SOBRADO. Sua residência era num prédio que foi demolido, onde se ergue o sobrado da família Peduti, em frente ao BOSQUE. Solteirão, celibatário empedernido, trouxe para serví-lo um casal de escravos – Caetano e Marina –fidelíssimos. Gostava de passear a cavalo, possuindo ótimos animais.
Protestante, crente de fato, tudo fazia para difundir sua religião. Tornou-se um dos esteios da Igreja Presbiteriana, fundada em 01/08/1885, e da qual foi fundador e primeiro pastor, o Reverendo João Ribeiro Braga, que, também foi, o primeiro Intendente ou Prefeito Municipal de Botucatu – República. Para a formação do patrimônio da Igreja recém-fundada, doou parte dos seus bens. À Misericórdia Botucatuense, destinou alguns prédios, localizados nas ruas centrais. Esses prédios foram vendidos e o dinheiro apurado foi empregado nas obras do Hospital.
Domingos Soares de Barros era político. Em 1864/1865 foi Vereador à Câmara Municipal Republicano histórico, desde sua mocidade; tomou parte na grande CONVENÇÂO DE ITU, em 18/04/1873, batalhando pela implantação do regime republicano no Brasil. Domingos Soares de Barros, José Rodrigues César e Bernardo Augusto Rodrigues da Silva ( bisavô do Dr. Rivaldo Assis Cintra ), compunham a representação botucatuense ao conclave.
Domingos Soares de Barros, sem ter tido grande instrução, era um homem inteligente e de visão. Espírito arrojado e progressista. Com idéias avançadas para a época. Preocupado coma melhoria das condições dos seus semelhantes, não se limitava a atos de filantropia e religião. Ia mais longe.
Observando a deficiência educacional da cidade, com carência absoluta de ensino médio e superior, o que ocasionava o êxodo da mocidade para a Capital, Campinas, Itu e outras cidades adiantadas, tomou uma resolução arrojada: - Instalar aqui um colégio, com métodos modernos, possibilitando o preparo de ricos e pobres, para ingresso nas escolas superiores, o que só era possível, então, aos filhinhos de papai
Bem assessorado, Domingos Soares de Barros trouxe para Botucatu um notável professor alemão, Constantino Carlos Knuppel, que imigrado ( não conheço as razões ), vivia no sul do Brasil. O Prof Knuppel, na Alemanha, tinha sido mestre de Bismark, o famoso
chanceler do REICH. Apesar da distância e dos acontecimentos, conservou-se inalterada a amizade entre o professor e o discípulo célebre. Consta que na velhice, doente e empobrecido, Knuppel recebia uma pensão do governo alemão. Knuppel, falecido, repousa no cemitério botucatuense.
O Colégio começou a funcionar em fevereiro de 1881, instalado em prédio de Domingos Soares Mas houve um desentendimento entre Domingos e o Professor Este era materialista e aquele era mui religioso, crente mesmo. Barros exigiu que Knuppel se filiasse aos presbiterianos. O alemão resistiu e o protestante não teve duvidas e nem meias- medidas:- despejou professor e escola de seu prédio, arranjou-se como pode (conta Hernâni Donato ) e com professores leigos, intransigente em matéria de religião e ensino, tocou o colégio para frente.
Em 1869, Domingos Soares de Barros, doou terras para aumentar o patrimônio da Vila de Sant’Anna. Ao falecer, em 22/12/1890, foi sepultado no cemitério local. Seu túmulo simples, foi levantado pelos amigos e consta de um tronco de árvore ( em pedra ), decepado ao meio e com a seguinte inscrição: - “Gratidão da Igreja Presbiteriana de Botucatu. De hoje em diante, diz Espírito, que descansem dos seus trabalhos, porque as obras deles os seguem. Apoc. XIV- 13”.
1870 – Nessa década, passou a residir em Botucatu com a família o major Robert Merriwether, que tinha vindo para o Brasil em 1865 e no final daquele ano participara, em São Paulo, do culto em que o Rev. José Manoel da Conceição pregou seu sermão de prova. Após breve estada em Santa Bárbara, foi para Botucatu, a antiga “Boca do Sertão”, onde teve fazenda de café e serraria, vindo a prosperar. Pregou com ousadia a sua fé reformada. Nessa década, os Revs. George Chamberlain e Edward Lane começaram a realizar viagens evangelísticas na região. 1870 – Ao organizar uma loja maçônica na cidade, o Sr. Domingos Soares de Barros, um homem de recursos, mandou vir do Rio de Janeiro uma Bíblia para os juramentos maçônicos, e começou a lê-la. Fascinado com o seu conteúdo, fez uma promessa: “Se alguém vier a Botucatu ensinar este livro, construirei uma casa a fim de estudar a Bíblia”.
1870 – A notícia chegou aos ouvidos do Rev. Chamberlain, pastor da IP de São Paulo. Numa viagem evangelística a Lençóis Paulista, foi a Botucatu em busca do Sr. Domingos. A promessa foi cumprida e em três meses a casa foi construída na Rua Cesário Alvim, hoje João Passos. Chamberlain pregou e ensinou a Bíblia. Domingos Soares de Barros converteu-se e veio a se tornar o 1º diácono da igreja, doando uma chácara onde hoje a igreja tem um grande e valioso patrimônio.
1880 – Em julho, o Rev. Chamberlain recebeu os primeiros membros em Lençóis (15 adultos e seus filhos). Em 15 de novembro, outros 14 adultos e 18 crianças foram recebidos. Na ocasião, foi organizada a igreja e celebrada pela primeira vez a Ceia do Senhor. Foram eleitos três presbíteros e três diáconos.
1881 – O Rev. George Anderson Landes (1850-1938), que chegara ao Brasil no ano anterior, passou a residir em Botucatu, “na fronteira das terras habitadas pelos índios”. Havia chegado ao Brasil no ano anterior.
1883 – No dia 22 de junho nasceu o menino Filipe Landes, que viria a ser um grande missionário pioneiro em Mato Grosso.
1884 – Em 31 de março, um decreto do governo imperial autorizou o Presbitério do Rio de Janeiro a receber um imóvel doado em 1882 por Domingos Soares de Barros para a instalação de um “colégio de instrução primária e secundária”. A escola foi dirigida inicialmente pela missionária Mary Parker Dascomb (1842-1917) “… na pequena cidade de Botucatu, da poeira roxa”. Dali ela iria em 1892 para Curitiba, onde fundou a Escola Americana.
1884 – O licenciado João Ribeiro de Carvalho Braga (1853-1934) chegou à cidade em setembro com a esposa Alexandrina e os filhos, um dos quais o futuro Rev. Erasmo Braga. Ficou sob a tutela do Rev. Landes.
1885 – No dia 1° de agosto, Landes organizou a Igreja Presbiteriana de Botucatu, na “capela evangélica”, com 24 membros transferidos da igreja de Lençóis. Dez dos membros tinham nomes estrangeiros (Gloor, Hunzicker, Murbach, Meyer). Foram eleitos dois presbíteros (João Tomás de Almeida e Alberto de Araújo) e dois diáconos (Eduardo José Duarte e Domingos Soares de Barros). A igreja ficou filiada ao Presbitério do Rio de Janeiro. Pouco depois, o missionário transferiu-se para Curitiba, onde implantou a obra presbiteriana (mais tarde auxiliou o filho em Mato Grosso). 1885 – Carvalho Braga foi ordenado em 2 de setembro e instalado no pastorado da igreja em 25 de outubro (havia sido eleito no dia da organização). Seu vasto campo incluiu Lençóis, Rio Novo, São Manuel, Dois Córregos, Santa Cruz do Rio Pardo e Fartura. Sofreu perseguições. Atuou na política como membro do Clube Republicano, vereador e “intendente da primeira câmara republicana”. Dirigiu o Clube Musical Carmosina. Com a esposa, Carvalho Braga também dirigiu a Escola Botucatuense. Outras professoras (além de Mary Dascomb) foram Elmira Kuhl, Clara E. Hough, Arianna (Nannie) Henderson, Emma Browning, Salvina Ribeiro e Lídia de Morais. Uma das professoras, a portuguesa Luíza, casou-se com um filho do major Merriwether e passou a assinar Louise. O educandário teve vários nomes: Escola Knupell, Escola Americana, Escola Botucatuense. Um de seus endereços foi a esquina das ruas Amando de Barros e Leônidas da Silva Cardoso.
1885 – em 5 de dezembro foi arrolado o futuro pastor Herculano Ernesto de Gouvêa (1861-1931), por transferência da Igreja de Rio Claro. 1888 – Foi organizado o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil (06.09). A Igreja de Botucatu ficou jurisdicionada ao Presbitério de São Paulo. 1889 – Rev. Carvalho Braga organizou a Igreja de Santa Cruz do Rio Pardo (13.08) e no ano seguinte a de Fartura (07.08). Em seu vasto campo, cerca de 600 pessoas estavam sob seus cuidados pastorais.
1890 – O primeiro templo foi inaugurado em outubro. Na mesma ocasião (29.10), Francisco Lotufo foi recebido como candidato ao ministério pelo Presbitério de São Paulo, reunido na cidade. Erasmo Braga foi estudar em São Paulo. Havia vivido em Botucatu dos sete aos treze anos. Foi professor assistente da mãe na escola evangélica. 1891 – A missionária Clara Hough fundou na Igreja de Botucatu a primeira Sociedade do Esforço Cristão no Brasil (movimento iniciado dez anos antes nos Estados Unidos).
1892 – Cogitou-se a instalação do Seminário Presbiteriano em Botucatu e o Rev. Thomas J. Porter chegou a mudar-se para a cidade.
1896 – Francisco Lotufo (1865-1946) foi ordenado em São Paulo no dia 7 de julho (havia sido licenciado em Botucatu em 08.07.1895). Foi trabalhar em Botucatu, onde exerceu todo o seu ministério. Organizou a igreja de Taquari, no município de Itaju (09.12).
1897 – Rev. Carvalho Braga retornou para São Paulo e em 1899 foi pastorear a igreja de Sorocaba. No mesmo ano, o médico e cientista de origem presbiteriana Vital Brasil (1865-1950) veio residir em Botucatu. Impressionado com o número de mortes por picadas de cobras, começou a pesquisar um antídoto para o veneno.
1901 – Rev. Francisco Lotufo reorganizou a Igreja de Lençóis (14/04) e organizou a de São Manuel (10/11), na companhia do Rev. Vicente Temudo Lessa.
1902 – Constâncio Homero Omegna foi ordenado em Botucatu pelo Presbitério Oeste de São Paulo (13/07).
1903 – Rev. Lotufo aderiu ao movimento independente. A Igreja de Botucatu e seus presbíteros (Alberto de Araújo, Eduardo José Duarte e João Tomás de Almeida) se mantiveram fiéis ao Sínodo. O grupo fiel à Igreja Presbiteriana do Brasil lutou tenazmente e conseguiu preservar o patrimônio da igreja. O Rev. Carvalho Braga assumiu por breve tempo o pastorado. Seguiram-se os pastorados de Baldomero Garcia e Laudelino de Oliveira Lima. Esposas de pastores: Isa de Araújo (Rev. Otávio Jensen) e Maria Elisa Morato (Rev. Samuel Barbosa).
1908 – Início do pastorado do Rev Coriolano de Assumpção (1908-1928, 19321943), o mais longo da igreja Teve como auxiliar William Sim No interregno foi evangelista do presbitério em outros campos (Nelson Omegna assumiu o pastorado). Foi moderador da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil (1930-1932), secretário permanente do Supremo Concílio (1934-1946), primeiro secretário executivo da Junta de Missões Nacionais, redator da Revista das Missões Nacionais. Foi diretor da Escola Americana (sendo tesoureiro seu irmão Gustavo Dias de Assumpção) e da Santa Casa de Misericórdia. Na epidemia de gripe espanhola, prestou serviços à população, visitando as famílias e realizando serviços de enfermagem. A convite do Juiz de Direito, ocupou muitas vezes a tribuna do júri, defendendo réus. Seus filhos Carlos Augusto, Beatriz e Luizinha foram membros ativos da igreja por muitos anos. Encaminhou ao ministério vários filhos da igreja: José Carlos Nogueira, Leonardo de Campos, Eduardo Gutierres, Luiz Rodrigues Alves e Celso de Assumpção (outros: Erasmo Braga, Herculano de Gouvêa Jr., Gutenberg de Campos). O presbítero Gustavo Dias de Assumpção foi tesoureiro e secretário da Assembleia Geral (1912-1923). Professora Ziza, sua filha, foi uma das organistas da igreja até idade avançada.
1920 – Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil reuniu-se em Botucatu, sendo eleito moderador o Rev. Álvaro Reis.
1922 – Início da campanha para a construção do novo templo.
1927 – Instalação do Presbitério de Botucatu (08/02), composto pelos Revs. Coriolano, William Sim e Ludgero Braga.
1933 – Lançamento da pedra fundamental do novo templo (02/04).
1935 – Inauguração do templo atual, no dia 18 de abril. Ao longo dos anos a igreja deu grande apoio ao Seminário Presbiteriano do Sul por meio da Sociedade Juvenil. Isso contribuiu para um contínuo despertamento vocacional entre os jovens da igreja. Outros pastores: Adolfo Anders, Humberto Barbosa, Camilo Fernandes Costa, Nilson Salles.
1980 – Foi iniciada a construção do Edifício de Educação Religiosa, cujas obras foram concluídas em 1985, ano do centenário da organização da igreja. A igreja iniciou vários trabalhos filiais na cidade, a começar da Congregação da Vila dos Lavradores (época do Rev. Coriolano), organizada no pastorado do Rev. Nilson Salles com o nome de IP Monte Sião (1975). Foi pastoreada pelo Rev. Antônio Coíne. Também surgiram a Congregação do Centenário, por iniciativa da União Presbiteriana de Homens, e a Congregação da Cohab. Hoje: Igreja Presbiteriana Calvário (1995), Igreja Presbiteriana do Centenário (1985), Igreja Presbiteriana Jardim Paraíso (1996), Igreja Presbiteriana Maranata (2005), Igreja Presbiteriana Monte das Oliveiras (2012) e Igreja Presbiteriana Getsêmani (2013). Centro de Convenções e Acampamento Maanaim.
O Presbitério de Botucatu foi fundado em 1927 com sede na Igreja Presbiteriana de Botucatu. Com a organização do Sínodo Sudoeste Paulista, a igreja também foi escolhida como sede deste concílio, que abrange, além do Presbitério de Botucatu, os presbitério de Tatuí, Itapetininga, Itapeva e Médio Paranapanema.
Depois do Rev, Nilson Salles, a Igreja Presbiteriana de Botucatu teve como pastores o Rev. Juarez Ferraz Neto, o Rev. Alberto Almeida de Paula, o Rev. Ismael de Lima, o Rev. Antonio Coine, o Rev. Eduardo Henrique Ferraz e o Rev. Ricardo Cesar Toniolo (atual).
A Igreja é mantenedora do Instituto Presbiteriano de Educação, que foi autorizado pela Portaria do Delegado de Ensino de Botucatu em 1997