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Diário da Cuesta

E D I T O R I A L AVENIDA TURÍSTICA DA CUESTA DE BOTUCATU

A futura AVENIDA TURÍSTICA DA CUESTA DE BOTUCATU a ser construída no TOPO DA CUESTA (ligando Vitoriana à Rodovia Marechal Rondon) será o “POINT” turístico de Botucatu. É preciso destacar a situação de descuido de toda a área de nossa Cuesta. Sim, a CUESTA DE BOTUCATU , em todo seu entorno e nas proximidades de sua ESCARPA, não vem recebendo do Poder Público os cuidados indispensáveis para a sua PRESERVAÇÃO ECOLÓGICA.

A AVENIDA TURÍSTICA DA CUESTA DE BOTUCATU – projetada para o TOPO da CUESTA – pode e deve ser construída pela Prefeitura Municipal em parceria com a iniciativa privada, respeitando e resguardando a ecologia local. Com a reserva das áreas adjacentes devidamente com projetos de ocupação racional e ecológica, destinando essas áreas para mirantes turísticos, restaurantes, áreas de lazer, etc.

Todas essas providências são necessárias se quisermos que Botucatu passe a desfrutar de lugar de destaque na classificação das MELHORES CIDADES PARA SE VIVER! Tudo o mais é enganação e esse assunto – vital para nosso futuro! – estaria sendo tratado com descaso e irresponsabilidade dos órgãos públicos.

Hoje, a ECOLOGIA é considerada a CIÊNCIA DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE. Daí a importância que se tem dado à quali-

dade de vida de cada comunidade, à preservação de seu meio ambiente e de suas riquezas naturais. Não é de hoje que em Botucatu a preocupação com o meio ambiente e a qualidade de vida de seus habitantes tem chamado a atenção dos segmentos engajados de nossa sociedade.

É preciso que haja um trabalho de arborização, aumentando na cidade o percentual da área verde por habitante: o PARQUE MUNICIPAL precisa ser incrementado; alguns bairros periféricos – encabeçados pelo bairro de nome bonito mas de péssimas condições de vida! – o “JARDIM SANTA ELISA”, precisa receber as condições mínimas de qualidade de vida a nível mínimo de aceitação por qualquer comunidade; o “CEMITÉRIO JARDIM” precisa obter certificado de entidade ambiental que a sua localização NÃO está comprometendo, de forma irreversível, o LENÇOL FREÁTICO nele localizado; a população de modo geral e os pequenos proprietários ribeirinhos de nosso município precisam ser conscientizados da necessidade de recomposição da MATA CILIAR, enfim, já nas proximidades das ELEIÇÕES MUNICIPAIS é preciso que os candidatos apresentem projetos adequados para a preservação, defesa e ocupação racional da CUESTA DE BOTUCATU!

A Direção.

DIRETOR: Armando

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Moraes Delmanto

Moeda de 1 centavo, ainda circula mas é uma moeda virtual

Aorigem da moeda remonta o comércio e principalmente a forma de pagamento para produtos e serviços. Dependendo da região, determinado produto representava o valor para qualquer movimentação financeira como fator para facilitar a transação, no Brasil por exemplo o açúcar, a borracha e o café já foram produtos utilizados como dinheiro. Era a troca de mercadorias ou o chamado escambo, mas nem sempre um produto oferecido demonstrava interesse para eventual troca e se gerava discordância entre as partes.

O que de fato tinha melhor aceitação nessas transações e de fácil transporte eram os metais preciosos, como o ouro, prata, bronze e cobre. Mas já em outras épocas existiam os mal-intencionados que ludibriavam de alguma forma o teor, misturando outros metais alterando a pureza ou alterando o peso e a forma para se evitar tal prática foi criar um carimbo normalmente colocado por um governante, certificando assim o peso e procedência daquele metal, desta forma nascia a moeda.

Os gregos e romanos foram os que mais avançaram nas técnicas de gravação de cunhos, produzindo verdadeiras obras de arte, retratando imperadores e seus feitos, alguns modelos usados até hoje, como busto de imperadores de perfil, elementos usados como louros, coroa de tulipas, divindades, retratação de feitos e vitórias, dentre outros.

Uma grande transição do que chamamos de dinheiro foi quando surgiu as cédulas que eram títulos ao portador, determinando o seu valor, como garantia de requerer a troca pelo metal, evitando que se transportasse assim prata e ouro. A cédula deu tão certo, que adotamos até hoje, mas não tem a mesma função de quando foi criada, já que o sistema financeiro atual correspondente ao lastro de um país, mas isso já é uma outra história. Também poucos chegaram a ver moedas circulantes com metais nobres como ouro e a prata, embora o Brasil já tenha cunhado muitas moedas circulantes nesses metais.

A primeira moeda virtual atual do Brasil

Voltando ao Brasil, sem percebermos, adotamos nossa primeira moeda virtual e foi de uma forma que não chegamos a determinar o feito. Você deve estar se perguntando e como foi isso? A resposta é bem simples e daqui para frente se torna de fácil a compreensão pois está bem próximo ao que fazemos no nosso dia a dia.

Trata-se da moeda de 1 centavo, que iniciou a tiragem em 1994 junto com o Plano Real, vigente até hoje e teve sua última cunhagem em 2004, porém não foi recolhida e continua sendo aceita como moeda circulante. Agora volto a pergunta: há quan-

to tempo você não pega uma dessas no troco? Difícil determinar quando, mas garanto que foi há muito tempo.

De certa forma, ela se transformou em uma moeda virtual, não temos mais circulando no comércio, porém basta olhar em qualquer lado e ela está em transações comerciais, no supermercado, no posto de combustível, que adotaram três casas decimais de centavos. E principalmente nas nossas faturas que todo mês chega na caixa de correio, sendo mais evidentes nos serviços essenciais como telefone, água e luz, que normalmente são feitas por aplicativo, e mesmo que a conta estiver num valor de R$ 10,01 nesse caso não é aceito se não colocar o valor correto.

Fomos envolvidos com essa primeira moeda virtual, que apesar de tentarmos contornar arredondando o valor para mais ou para menos, onde são empurrados balas e chicletes que já ficavam ao lado do caixa, ela não deixou de ser aceita, mas somente de forma virtual, o que é pouco para quem manuseia pequenas quantias, mas faz uma diferença enorme, quando se junta vários recebimento desses pequenos valores.

Na numismática, teve pouco impacto e o repentino sumiço dessas moedas aumentou o seu valor, muito maior do seu valor facial de 1 centavo.

A moeda de 1 centavo circulou nas duas famílias, sendo cunhado em onze datas dentro do plano econômico. Na primeira família seguiu o padrão das outras moedas da série. Na segunda família foi desenvolvido o tema “500 anos do Descobrimento do Brasil”, em que foram homenageados personagens de nossa história seguindo uma cronologia de acontecimentos iniciando pelo descobrimento do Brasil com a moedas de 1 centavo, a nossa primeira moeda virtual, onde foi homenageado Pedro Alvarez Cabral, fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português que descobriu o Brasil em 22 de abril de 1500. Ao lado da efígie temos a representação de uma caravela que navegou por outros mares entrando daí por diante no mundo virtual.

Dados curiosos

Na primeira família, tivemos a cunhagem da moeda de 1 centavo em quatro anos, de 1994 a 1997, somando a tiragem divulgada pelo Banco Central do Brasil temos o total de R$ 19.908.990,00. Já na segunda família foram seis anos, de 1998 a 2004, último ano que foram produzidas na Casa da Moeda do Brasil, num total em valor de R$ 12.003.600. Teríamos então mais de 31 milhões em moedas convertidos em valores, parece um valor insignificante quando pegamos apenas uma, mas que faz uma diferença em qualquer conta.

Edil Gomes, botucatuense, numismata, filatelista, membro da Sociedade Nusmismática Brasileira e da Sociedade Numismática Paranaense

“Um sonho, um presságio, um naufrágio“

Carolina olhava tristonha as últimas imagens da terra querida, a medida que o navio se distanciava do Porto de Gênova.

Seus filhos, crianças inocentes, brincavam próxi-mo a ela, ali no convés, junto com algumas crian-ças que também partiam rumo ao Brasil.

O coração de Carolina estava triste pela partida da terra Natal, e ao mesmo tempo alegre, pois iam se juntar ao seu esposo Pietro no Brasil e fazer uma nova vida por lá.

A medida que o navio adentrava ao mar e a noite descia, pegou os filhos e a sobrinha que a acom-panhava na viagem e os levou até sua cabine.

Os meninos ainda muito excitados pelas novida-des da viagem demoraram a dormir.

Mas estavam exaustos e adormeceram sorrindo, pensando no pai que iriam encontrar.

Carolina dormiu logo, abraçada aos meninos.

Acordou assustada no meio da noite suando frio, após um sono agitado.

Ficou ali, deitada junto aos filhos, depois de to-mar um pouco de água, enquanto recordava um sonho estranho que tivera.

Nesse sonho, seu pai o velho Genaro, falecido há muitos anos, alertava que acontecesse o que acon-tecesse, que ela nunca se afastasse de seus filhos e que os segurasse firmemente pela mão.

Os dias se passaram rapidamente, e numa noite de forte tempestade, ouviu-se um som horrível en-quanto o barco era lançado ao sabor de ondas fu-riosas, a sereia de madeira, presa ao mastro se rompeu, e o barco começou a fazer água por to-dos os lados.

No meio do desespero, os tripulantes corriam por todos o convés em meio a chuva e vento assusta-dos.

Carolina lembrou-se do sonho com seu pai, e agarrou-se firmemente aos dois filhos pequenos.

A sua sobrinha assustadíssima desobedeceu a Ca-rolina e saiu correndo desabalada pelo convés do navio e foi tragada pelas ondas.

Muitas pessoas sumiram naquela noite de borras-ca e naufrágio.

Após muitos dias ali no meio do mar agarrados a um enorme baú, foram resgatados junto á costa da África.

Ficaram entregues as autoridades que tentavam dar-lhes proteção e providenciar-lhes uma em-barcação que os levasse para o Brasil ao encontro do pai.

Foram dias terríveis.

No Brasil, Pietro saira do interior de Minas em di-reção ao Porto de Santos, no lombo de um cavalo baio.

A viagem foi dura, mas ele sorria ao antecipar a imagem da esposa querida e dos filhos que não via há muitos anos.

Chegando a Santos, seu coração quase parou ao saber da desgraça do naufrágio.

Ficou ali parado, chorando muito, sem saber o que fazer da vida.

Mesmo sem entender o porquê Pietro se recusava a retornar a Minas.

Depois de uns dias chegou a notícia que alguns viajantes

do navio naufragado haviam sobrevivi-do e estavam à caminho do Brasil.

O coração de Pietro se encheu de esperança.

Ficou em Santos, aguardando a chegada deles, re-zando muito á Virgem Maria, pedindo o milagre da chegada da sua família sã e salva.

Até que chegou a manhã do grande dia.

Correu até o Porto e ficou ali aguardando a che-gada do navio.

Demorou muitas horas, mas ele não desistiu .

Ficou ali aguardando até vê-lo aproximar-se ao longe.

Lentamente ia chegando e o coração de Pietro ba-tia cada vez mais forte.

O grande navio branco atracou.

Após algum tempo os passageiros começaram a descer. Tentava olhar entre todas as pessoas, encontrar os rostos amados, e nada.

Já estava desiludido, virando as costas, muito tris-te e ia se movendo devagar para a cidade, quando uma vozinha de criança gritou:

-Papá! Papá! em coro com uma outra voz infantil.

Parou!

O coração aos saltos, e se virou encorajado, so-bressaltado.

Dois menininhos vieram correndo e abraçaram suas pernas longas.

Viu entre as lágrimas que teimavam em rolar de seus olhos o rosto amado da sua Carolina também molhado de lágrimas de felicidade.

Seus braços se abriram para abraçá-la.

Tinham perdido tudo naquela viagem fatídica, mas tinham sobrevivido.

Ficaram ali os quatro por longo tempo unidos num enorme abraço feliz.

Viagens # Fé

Na Basílica de São Pedro “in Vincoli”, o milagre das correntes

Mesmo não sendo tão conhecida, a Basílica de São Pedro “in Vincoli” (acorrentado), situada no Monte Ópio, no centro de Roma, esconde tesouros inestimáveis

Com sua fachada simples, ela é chamada também de Basílica Eudoxiana, por ter sido erguida no ano 442 por ordem da imperatriz Licínia Eudóxia, esposa de Valentiniano III, sobre fundações do complexo de Termas de Tito.

O templo, onde estive com Regina Célia por quatro vezes, guarda um dos maiores tesouros religiosos do mundo: as correntes que mantiveram Pedro detido em Jerusalém, na Prisão Mamertina. Diz narrativa lendária que quando o Papa Leão I trouxe de Constantinopla um dos pedaços das correntes que prenderam o “Príncipe dos Apóstolos”, ao serem colocados ao lado dos pedaços que estavam com a mãe da imperatriz, os elos se fundiram num só e de forma miraculosa.

Construída então para celebrar e lembrar este milagre e para guardar dignamente a preciosa relíquia, a basílica deve seu nome às correntes. A palavra «cadeia», aliás, pode ser traduzida para o latim como «vincula». As correntes, aliás, são hoje preservadas sob o altar-mor, onde podem ser contempladas pelos visitantes.

Como fica numa área muito próxima ao Coliseu, a importância arqueológica dessa igreja é inestimável, pois também perto ficam os restos da Domus Aurea, a antiga e imponente residência de Nero. O acesso se dá pela Via do Foro Imperial, onde está a escadaria da Via São Francisco de Paula

Com uma enorme nave no centro, colunas laterais cheias de vincos verticais e uma belíssima pintura no teto, a basílica possui inúmeras estátuas de mármore, inclusive a de Moisés (datada de 1513), feita por Michelangelo para ornamentar a estrutura da tumba do Papa Júlio II. Aliás, esse jazigo demo-

rou 40 anos para ficar pronto e contam que o genial artista teria batido com um martelo de borracha no joelho da sua colossal estátua exclamando: “Parla!”, de tão realista.

De fato é uma escultura impressionante. O que mais nela chama atenção são os detalhes que parecem ganhar vida: as veias, a expressão e o corpo de Moisés são cheios de minudências, que emocionam pela forma realista como foi esculpida.

Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 54 livros sobre a história regional.

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