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Diário da Cuesta

É comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, no dia 09 de Agosto. A criação comemorativa pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1995, pretende garantir condições de existência dignas aos povos indígenas de todo o planeta.

O Brasil tem na criação do Parque Nacional do Xingu, em 1961, o marco principal na defesa dos povos indígenas. A partir do argumento dos Irmãos Villas Bôas, todo o projeto de defesa dos índios teve início. O sociólogo Darcy Ribeiro foi quem redigiu o projeto, além do médico Noel Nutes e outras instituições, missionários, antropólogos e médicos. Através de decreto, o presidente Jânio Quadros (Decreto nº 50.455, de 14/04/1961) criou o Parque Nacional do Xingu. A demarcação final do Parque foi estabelecida pelo Decreto nº 68.909, de 13/07/1971, pelo presidente Emílio Médici.

A R T I G O VICENTE MOSCOGLIATO – MEU PAI

Papai: Como Deus foi bom! Dotou-lhe o humano coração com os raios de Sua Munificência divina e expandiu em sua alma pura e reta os reflexos de Sua Infinita Perfeição. Como agradecer-Lhe, Papai?

Ele não lhe permitiu as dores cruciantes de uma longa e cruel enfermidade; não lhe consentiu agonia, Papai! Após os albores da aurora, o senhor ainda leu o “Estadão”, comentou o editorial do dia. Ensaiou uma programação para as horas seguintes, tomou sua primeira refeição no leito e já se preparava para levantar-se. Tudo foi tão rápido, tão duro para nós, mas tão suave para o senhor! Não houve despedidas. Apenas o declinar da cabecinha branca nos braços do Antoninho, sob os olhares carinhosos de Mamãe! Deus abriu os braços a mais um Vicente de Paulo. E acolheu-o, carinhosamente, em Seu Seio.

O senhor conservou na fisionomia risonha, a alegria profunda da última chamada telefônica dos netinhos. Lá de longe, a vozinha deles, cada um a sua vez : “ Vovô, quero ir aí” Como seu coração se encheu de emoção, Papai!

Que incrível carisma o senhor possuía, Papai! Os médicos vieram ao senhor, não o senhor foi a eles!

Como explicar os cuidados amoráveis do Dr. Antonio e do Dr. Aleixo, que viam no senhor, quem sabe, o próprio Pai?

Que fez o senhor ao Dr. Chamma, ao Dr. Ubajara, ao Dr. Renê, que sacrificaram justos lazeres, para estudar-lhe a velhice em declínio? Como explicar o filial e dedicado desvelo do Dr. Samuel, a quem o senhor na flauta, pela última vez, num canto de cisne, trilou gorjeios e tercinas, sem cansar-se?

Como explicar, Papai, que um menino, a quem um dia, o senhor ministrou os rudimentos da Música, voltasse agora, profissional respeitável, tendo a sedimentar-lhe a Ciência Médica, um quinhão profundo de despreendimento e nobreza que só o berço faculta? Como explicar, senão pelo seu carisma pessoal, Papai, que o Dr. Fernando se integrasse a nossa família, a ponto tal, de sacrificar o domingo do jovem, para levar a passeio, em seu carro, um ancião alquebrado? Como agradecer tudo isso, Papai? Que iremos dizer doravante, aos seus múltiplos alunos de flauta, violão, dos seis aos cinqüenta anos, que lhe vinham beber não só a Música, como a palavra ami-

ga? Como explicar ao Batistão, ao Prof. Aécio, ao Paulo Ciaccia, ao Dr. Marão, ao Ângelo Albertini, ao Sr. Lourenço, ao Dr. Tilio, que o senhor “foi ao Banco e já volta” quando na realidade, o senhor partiu e já não há retorno? E ao Dr. Dalton? Não haverá mais “gancho de poço”? A flauta emudeceu. O violoncelo cabisbaixo voltou à estante. Os selos recolheram-se aos álbuns, as peças de xadrez encerraram-se em definitivo no estojo. Não haverá mais música nas salinhas de aula. Nem o folhear paciente dos livros filatélicos. Não haverá o doce ócio no terraço entre os filhos, os familiares, os amigos e os alunos. Oh! Papai! Tão perto ainda e já tão longe vai o senhor, para Deus! Tão logo o senhor repousou, Dom Zioni e Monsenhor Violante vieram. Imediatamente autorizou Dom Zioni a Missa de corpo presente, concelebrada aqui em casa por Mons.Violante e o querido Pisani. Como foi linda, Papai!

Uma revoada de hábitos brancos rodeou-lhe o esquife franciscano. O Santa Marcelina interrompeu o retiro espiritual e a Revda. Madre Superiora, tão amiga, com um coro de anjos puros, veio rezar a Meditação do Terço, cantando após : “ Nó céu, com minha Mãe estarei. . .” Quanta bondade, Papai! Como agradecer a esses amigos?

Amigos? O senhor sentiu o terno calor intimo da última vigília, na madrugada lá fora frigida, acalentada aqui dentro pelo afeto incontável de seus amigos? Como agradecer a tudo isso?

A Academia, a Sta. Casa, o La Salle, na pessoa do Dr. Marão, do cavalheiresco Pedro Losi, do Dr. Agnelo, de Irma Célia, Irmãos Laurentino e Hilário, tributaram-lhe sua homenagem. As Irmãs Servas do Senhor, meditaram conosco em suas orações. A rua Curuzu chorou, Papai, e seus antigos colegas barbeiros disseram adeus ao seu “decano”.

O Presidente da Câmara Municipal esteve presente, Papai. De Santos, de Bauru, de Curitiba, de Lençóis Paulista, a DRT 7, o PF, o IAPAS, também local, tributaram-lhe homenagens. De Araçatuba, a Segurança Pública esteve presente. Os telefonemas estrugiram e de São Paulo e de todos os recantos do Estado, os sobrinhos acorreram chorosos, para receber a última benção do patriarca do imenso clã. Como o senhor os amou, Papai!

Pela madrugada da última vigília, um jovem adentrou a casa e pediu-nos para colocar em suas mãos inertes, uma rosa. Entendemos, papai! Era a gratidão da legião imensa daqueles que se beneficiaram da anônima caridade que lhe enriqueceu, para Deus, os seus oitenta e nove anos vividos. Como o senhor foi bom, Papai!

Diário da Cuesta 3

Meu Pai! Meu Amigo! Antônio Delmanto (1905/1994)

Saudosismo? Sim.

Mas leve, com lembranças boas e retempero para continuar a caminhada...

Em 2005, no Centenário de seu nascimento, publiquei uma edição especial da revista PEABIRU dedicada a ele: “Médico Cidadão”. Na abertura da revista, eu escrevi nas “primeiras palavras”: “Esse o retrato que gostaria de apresentar a todos os botucatuenses: o retrato do Médico Cidadão. O retrato daquele que tinha a profissão, de fato, como um sacerdócio e o exercício da política, como uma tarefa, exatamente isso: uma tarefa a ser cumprida!”

DOIS MOMENTOS:

E, nas “palavras finais”, completando o trabalho sobre sua vida, eu escrevi: “No ano de 1976, eu lançava o meu primeiro livro sobre Botucatu. “Crônicas da Minha Cidade, e fazia a seguinte dedicatória: “Para Antônio Delmanto: meu pai, meu amigo, meu exemplo.” Hoje, é para ele e sobre ele todo o trabalho. Missão cumprida...

Esse trabalho que dedico a meu pai é – com certeza! – o mais importante que escrevi em toda a minha vida e ao qual dediquei todo o meu entusiasmo de filho e cidadão.

Saudades!”

Ontem, passei um bom tempo percorrendo meus registros do passado: fui a Vitoriana onde ele tinha um sítio, onde íamos nos finais de semana; passei na Misericórdia onde ele clinicava e operava; passei no clube (AAB); passei pelo sobrado na Praça do Paratodos; passei pelo Albergue Noturno que ele construiu e doou ao Município Saudosismo? Acredito que sim Mas uma coisa leve, com lembranças boas e retempero para continuar a caminhada

Para encerrar, vou relatar as palavras registradas no meu livro, lançado em 2010:

“ História da Vitória Política Paulista: 1934”:

dos tinham e tem donos e, os não apadrinhados, só participam quando ocorre uma oportunidade dessas... Pois bem, fui até meu pai, político forjado no Partido Democrático, que se transformou depois no Partido Constitucionalista e acabou por formar a base da União Democrática Nacional, para pedir, como sempre, seus conselhos.

Fui direto na minha dúvida: “Olha pai, eu fui convidado para sair candidato pelo PDT a deputado federal. Mas, está difícil. Eles (do PSDB) estão com a prefeitura municipal (Botucatu), deputado estadual, governador do estado e presidente da república... Está duro. Não sei se vale a pena...”

Eu tinha, na época, os meus 47/48 anos. E levei um “pito”! Ele, com seus 89 anos: “Olha aqui, se eu tivesse 10 anos menos, eu sairia candidato. Você tem que levantar a bandeira, rapaz! Senão, como é que vai ter mudança?”

“Eu me lembro de um fato ocorrido em 1994, quando eu fui candidato a Deputado Federal pelo PDT de São Paulo, tendo conseguido a legenda graças à interferência do jornalista amigo, Roberto D’Avila, então Secretário do Meio Ambiente do Rio. No absurdo da estrutura política brasileira, os parti-

Então, eu me senti deste tamanhinho...

Sai candidato. Foi uma vitória inesperada: 12 mil votos, só em Botucatu! Fui eleito 3º suplente (há + de 20 anos!). Não gastei um tostão... Quer dizer, fui candidato numa época em que não acreditava e a eleição foi uma surpresa... Meu pai me deu aquela lição de cidadania, aquele inesquecível “pito” e...morreu... Morreu em agosto e não chegou a ver o resultado da eleição...

Então, eu repito:

É claro que vale a pena! Vale a pena lutar! Vale a pena viver!

É isso que tenho procurado fazer durante toda a minha vida. Confesso que sem o desempenho contínuo que a cobrança paterna me teria feito Mas tenho procurado fazêlo Este livro faz parte desse esforço.”

É isso

Saudades!

Notas&Fotos

Adelina Guimarães

MAESTRO DE BOTUCATU BRILHA EM SÃO PAULO

Na última quarta-feira, 6 de agosto, o maestro Fernando Ortiz de Villate, titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Botucatu, protagonizou um momento especial da música nacional ao dividir o palco e a regência com o consagrado maestro João Carlos Martins.

O concerto aconteceu em São Paulo, dentro do projeto Sinfonia na Paulista, promovido pelo SESI-SP, com apresentação da Bachiana Filarmônica SESI-SP. A união entre duas gerações da regência brasileira emocionou o público presente, com um espetáculo marcado

por talento, sensibilidade e excelência musical. A participação de Fernando Ortiz nesse evento de destaque nacional reafirma o potencial artístico de Botucatu e o valor dos investimentos em cultura.

Um orgulho para Botucatu e um exemplo da força transformadora da música.

Maestro Fernando Ortiz de Villate sendo cumprimentado pelo Maestro João Carlos Martins
Maestro Fernando Ortiz de Villate regendo a Orquestra Bachiana/SP e Maestro João Carlos Martins ao piano
NA PINACOTECA
NO TEATRO
EM SÃO PAULO

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