O TARIFAÇO DE TRUMP & A GEOPOLÍTICA DO COMÉRCIO


“Desde que Dom João VI abriu os portos brasileiros em 1808, o comércio internacional tem sido utilizado como ferramenta estratégica de poder. Não se trata apenas de circulação de mercadorias, mas de um instrumento de pressão política e reposicionamento geopolítico...” Leia EDITORIAL à página 2


O Tarifaço de Trump e a Geopolítica do Comércio
Desde que Dom João VI — e não Dom João IV, como muitos ainda confundem — abriu os portos brasileiros em 1808, o comércio internacional tem sido utilizado como ferramenta estratégica de poder. Não se trata apenas de circulação de mercadorias, mas de um instrumento de pressão política e reposicionamento geopolítico. A história está repleta de exemplos: do embargo comercial imposto a Cuba pelos Estados Unidos, até as sanções aplicadas recentemente contra a Rússia em razão da guerra na Ucrânia. Sempre que os interesses políticos se cruzam com a economia, é o comércio que se transforma em campo de batalha.
Agora, mais uma vez, vemos a repetição desse padrão. O presidente Donald Trump, em seu retorno à Casa Branca, anuncia um tarifaço de 50% sobre as importações brasileiras, medida que extrapola o campo econômico e busca atingir diretamente o cenário político interno do Brasil. O recado é claro: trata-se de um esforço para forçar mudanças na condução da política
nacional, em especial no que tange à liberdade de expressão, à anistia de acusados de tentativa de golpe de Estado e à perseguição a um ex-presidente da República, cuja biografia pública permanece sem manchas de corrupção.
Assim, o tarifaço não pode ser analisado apenas sob o prisma econômico. É, antes de tudo, um movimento político, que utiliza a dependência do comércio como forma de pressão. Não entender essa realidade é fechar os olhos para a lógica da geopolítica contemporânea. Mais grave ainda: é demonstrar despreparo para representar o Brasil nos palcos internacionais.
A lição da história é inequívoca: quem ignora que o comércio sempre esteve atrelado ao poder político, perde a capacidade de defender os interesses nacionais. E, neste momento, o Brasil precisa de líderes que compreendam a dimensão dessa verdade.

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

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Diário da Cuesta
“Com anistia haverá paz para a economia”, diz Bolsonaro sobre tarifaço de Trump
Por Giorgio Dal Molin
O ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestou sobre a tarifa de 50%imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump a produtos brasileiros. Nas redes sociais, Bolsonaro disse que “a solução está nas mãos das autoridades brasileiras” e que isso passaria pela anistia.
Ele afirmou que “não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essa tarifa”, mas que a carta de Trump “tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia”
“Há pouco seu vice (J.D. Vance) disse, na Europa, que não mais colocaria recursos do contribuinte americano para defender países que deixaram de lado valores comuns a seus povos”, escreveu o ex-presidente.
“Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia”, completou.
Anistia contra tarifaço
A anistia vem sendo defendida em projeto de lei por aliados do ex-presidente para envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Se aprovado o PL, Jair Bolsonaro poderia ser um dos beneficiados em ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposta trama de golpe nas últimas eleições presidenciais.
Após a divulgação da carta de Trump que impôs o tarifaço – e que classifica o processo contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas –, a ideia da anistia ganhou coro. Nomes como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmam que tarifa de Trump tem motivação política e, por isso, a anistia seria uma solução. Por sua vez, o governo federal promete retaliar Trump. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou a jornalistas que o Lula (PT) avalia uma série de medidas, que vão além de taxas, caso o presidente Donald Trump não volte atrás em sua política de impostos sobre importações brasileiras

Dom Maurício em flashes dos seus 25 anos como bispo

Nas três fotos à esq., cenas da sagração episcopal: a imposição das mãos, os cumprimentos dos pais e a concelebração com dom Antônio Mucciolo. Nas três fotos à dir., com a primeira mitra, como titular de Assis e gravando um vídeo. Nas imagens centrais, abençoando com a cruz e na visita ao Papa Bento XVI, que o promoveu ao arcebispado.
Por Gesiel Júnior
Descendente de católicos piedosos, o menino Maurício Grotto de Camargo, aos onze anos decidiu que seria padre. O seu avô materno, Francisco Grotto, mestre de obras, ergueu a primeira igreja matriz de Presidente Prudente (SP), atual catedral. “No meu caso, a vocação surgiu bem cedo. Fui eu que insisti em ir para o seminário. Minha família nunca me obrigou a nada”, revelou o atual arcebispo de Botucatu.
Nesta quarta-feira, 30 de julho, faz 25 anos que o então padre Maurício, cujo ministério foi vivenciado entre os sem-terra no Pontal do Paranapanema, onde se projetava a Reforma Agrária, recebeu a sagração episcopal, aos 44 anos, designado para servir, a princípio, de coadjutor na Diocese de Assis.
Começou dom Maurício o seu trabalho no episcopado ao lado dos movimentos sociais, das pessoas carentes e dos grupos marginalizados. Entre 2001 e 2007, foi bispo referencial da Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Depois, já como bispo diocesano de Assis, respondeu pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) no território paulista.
Promovido a arcebispo metropolitano de Botucatu em novembro de 2008, tomou posse três meses depois como o oitavo homem a ocupar a cátedra local. O seu perfil pastoral, no entanto, era muito diferente, a começar da sua aparência facial tomada por uma vasta barba, embora não fosse franciscano, como dois de seus antecessores.
Nos dezesseis anos em que desempenha a função de metropolita, dom Maurício criou as paróquias de São Joaquim e Sant’Ana (Lençóis Paulista) e Santo Expedito (Avaré), além das quase-paróquias Divino Pai Eterno, Nossa Senhora de Guadalupe e São Judas Tadeu (todas em Botucatu) e Nossa Senhora Rainha da Paz (Igaraçu do Tietê).
Entre investimentos que fez com o patrimônio arquidiocesano houve a venda de áreas entre o antigo Seminário e a Cúria Metropolitana, no centro histórico de Botucatu, negócio que resultou na abertura de uma via, denominada Alameda Dom Zioni, onde estão sendo construídos edifícios residenciais e também a futura moradia do arcebispo.
Hoje, a Igreja Particular de Botucatu conta com 77 padres e 14 diáconos atendendo cerca de 250 mil batizados, os quais vivem dispersos nas 46 comunidades paroquiais situadas em seus 20 municípios.