produtos beneficiados e das ma nufaturas de países em desenvol vimento aos mercados dos países desenvolvidos e, sobretudo, o da incorporação da tecnologia mais - avançada para a aceleração da modernização das economias dos países menos desenvolvidos.
A política externa brasileira vem dando ativa colaboração ao trata mento de todos estes temas. Mas os progressos obtidos, quer nas re lações bilaterais com os países desenvolvidos, quer nos foros multilateraís, forçoso é reconhecer, são muito reduzidos. Como dizia um comentarista americano, re centemente, a propósito das solu ções que os Estados Umdos da América oferecem para esses pro blemas, os países desenvolvidos continuam a “oferecer aspirina para o tratamento do câncer”.
O Acordo de Cooperação Nuclear a República Federal da Ale-
com manha veio introduzir um ele mento novo descrito, país desenvolvido acorda com um país em desenvolvimento um pro grama amplo de cooperação em. setor vanguardeiro que esta belece não apenas radicais condi ções novas de comércio mas, e so bretudo, prevê completa de tecnologia avançada.'
Um rápido retrospecto da his tória do Acordo seria oportuno fano quadro acima
torno de 10% anuais. Com efeito, a Usina de Itaipu e as rcp; :sas do rio Uruguai serão das últimas eco nomicamente aproveitáveis na região sul do país e já representa ônus considerável a transmissão de eletricidade dessas usinas para os centros industriais da re gião sudeste.
O Brasil tomou, então, a deci são de munir-se de centrais nu cleares, como altijrnativa de su primento energético. O primeiro passo foi dado com a instauração da Central Nuclear Álvaro Alber to, adquirida já pronta à firma americana Westinghouse. As au toridades brasileiras cedo conven ceram-se, porém, da precariedade da solução de aquisição de cen trais estrangeiras, extremamente vulneráveis do ponto de vista do abastecimento do combustível nu clear. Logo surgiu, pois. a idéia de construir em território nacio nal uma infraestrutura de indús trias nucleares com participação majoritária do capital nacional que pudesse obter transferência de tecnologia estrangeira para seu desenvolvimento.
O Governo brasileiro tinha fiança na capacidade de obter indispensável cooperação externa para a realização desse projeto, porquanto a crise energética mun dial tornava mais atraentes
Pela primeira vez um »I' con- um a a transferência r para as ,, zer agora.
Nações que monopolizam a tec nologia nuclear as possibilidades abertas por um programa criador de grande envergadura.
A decisão de implantar centrais nucleares no Brasil, para-fins de produção de energia elétrica, foi adotada quando se verificou ser impossível atender com a produ- hidrelétrica o crescimento da demanda de energia, estimado em ●ÍJ cao
Duas possibilidades se apresen tavam quando as autoridades bra sileiras decidiram recorrer à ener gia nuclear como fonte produtora de eletricidade: reatores a urânio
enriquecido e água leve ou então a urânio natural e água pesada. Depois de estudos apropriados, a Comissão Nacional de Energia Nu clear decidiu-se a favor da linha do urânio enriquecido. Impunhase, então, encontrar, entre os paí ses que adotavam a linha do urâ nio enriquecido, ura associado dis posto a nos transferir as informa ções tecnológicas necessárias para a gradual nacionalização do pro grama brasileiro.
Os Estados Unidos da América, a República Federal da Alemanha e a França eram os paises com os Dua's tínhamos programas impor tantes de cooperação cientifica no campo nuclear.
Foram estabelecidos contatos com todos os trés. No caso dos Estados Unidos da América, duas firmas americanas a Westinghouse e a General Eletric — apresenta ram esboços de planos de coope ração. As propostas de ambas não atendiam, porém, a todos os interesses brasileiros, pois não in cluíam a instalação de usinas de enriquecimento e de reprocessamento do combustível irradiado no Brasil. Assim, continuariamos a depender de fornecedores estran geiros (basicamente, dos america nos) para a prestação desses dois serviços essenciais. Ora, o pano rama da colaboração Brasil/EUA no campo da energia nuclear não era, como não é, no momento, dos mais promissores. Há mais de um ano 0 Brasil espera que os ameri canos apresentem novo pro/eto de emenda ao Acordo de Cooperação de 1972 entre os dois paises. O projeto anterior foi apresentado pelos EUA, aceito pelo Brasil e re¬
tirado pelos próprios americanos, sob alegação de modificação em sua legislação interna. Sem a emenda, os contratos de forneci mento de serviços de enriqueci-, mento de urânio para o combus tível das usinas Angra-II e AngraIII serão invalidados. Além disso, no plano comercial, a Com’ssão de Energia Atômica dos Estados Unidos, agora substituída por nova entidade — a ERDA atribuiu ca tegoria “condicional” a esses con tratos sem consultar previamen te a parte brasileira, Furnas Cen trais Elétricas, depois que esta já tmha depositado- o sinal conven cionado.
Outro fator negativo para a cooperação com os EUA é a cres cente e exagerada inquietação ocorrida em setores públicos nor te-americanos no tocante aos pe rigos, reais ou imaginários, da pro- ^ liferação nuclear. Como resultado, com as salva- as preocupações guardas são tão excessivas que chegam a paralisar a cooperação internacional.
Vale lembrar que, por ocasião da Assinatura do Acordo de Coopede 1972, a situação era diÉ verdade que aquele insi raçao versa, trumento contém disposições ex plícitas e abrangentes sobre as medidas de salvaguardas que as duas Partes convieram adotar, mas seu artigo 11 estipula que tais medidas só se aplicam aos mate riais nucleares, equipamentos, ar tefatos e instalações colocados à disposição do Brasil pelos EUA e que estejam diretamente relacio nados com a cooperação nuclear entre os dois países. Não ocorren do tal caso, nenhum material.
preferência pelo estabeleci- equipamento, instalação, ou arte fato em uso no Brasil estaria su jeito a essas salvaguardas, fican do, assim, resguardada nossa li berdade de ação nesse particular. O Acordo Trilateral de Salvaguar das entre o Brasil, os Estados Uni dos da América e a AIEA, a que refere o artigo 12 do Acordo Estados Unidos, circunsígualmente a aplicação de
se com os creve salvaguardas ao material relacio nado à cooperação bilateral pre vista no Acordo com os EUA.
Assim sendo, não é de admirar GE e a Westinghouse não
um que a pudessem incluir em suas propos tas as usinas de em*iquecimento e reprocessamento acima mencio nadas, as quais, pensam os ame ricanos, poderíam fornecer matefabricação de armas cao
em rial para a nucleares por parte de países re cipientes.
a opçãolonge de ser a ideal para o desen volvimento de um programa clear brasileiro progressivamente autônomo.
Dada a situação acima descrita, norte-americana estava ma, a instrumento.
No caso da França, os contatos levaram logo a manifestações de interesse por parte do Comissaria do de Energia Atômica da França para a prospecção de urânio e a criação de uma indústria de com ponentes de reatores, mas o mes mo interesse não foi revelado no tocante à etapa do enriquecimento de urânio. O Comissariado de Energia Atômica revelou também nu-
Senado americano ao Acordo Bra sil/RFA confirmam que teria sido impossível obter dos Estados Uni dos um acordo semelhante ao que celebramos com a RFA.
sua mento de programas setoriais de cooperação, como base para a criação de um quadro de coopera ção integrada, ao passo que ao interessava i brasileiro Governo principalmente tomar uma decisão sobre o conjunto de um programa de cooperação.
Reservas como as dos america nos e dos franceses não foram apresentadas pelos alemães, que cedo se dispuseram a examinar programa integrado. Diante dessa disposição política inequívo ca, foi fácil passar-se à negocia do acordo quadro que regeria a cooperação, iniciada em Bonn, feveriero de 1975, e concluída quatro meses depois, quando tive a honra de assinar na capital ale27 de junho, o histórico
Cumpre ressaltar que o Brasil e RFA alcançaram uni entendi mento altamente favorável a am bos os países. Obtivemos a coo peração alemã para o conjunto do programa nuclear brasileiro: prospecção de minério de urânio; todo 0 ciclo do combustível — in clusive enriquecimento e repro cessamento; fabricação de reato res nucleares e seus componentes; e transferência de toda a tecno logia necessária. A RFA realizará exportações de materiais e servi ços no valor de vários bilhões de dólares e terá o direito de com prar parte do urânio que se espe ra encontrar no Brasil, respeitado b estoque estratégico nacional.
Na parte referente a salvaguar das, obrigatória nesse tipo de cooperação, convencionou-se a ce-
As críticas feitas no i
lebração de um acordo trilateral entre o Brasil, a RFA e a Agência Internacional de Energia Atômi ca. Já mencionei o precedente: o Brasil firmou acordo semelhante com os Estados Unidos e com a AIEA. relacionado com os acordos Brasil/EUA de cooperação nuclear de 1972. O acordo de salvaguar das não implica na adesão do Brasil ao Tratado de Não Proli feração de Armas Nucleares. Com efeito, todo o material da futura cooperação Brasil-RFA será obje to das salvaguardas, mas nada do que o Brasil vier a realizar no campo nuclear jora dessa coope ração com a RFA (sozinho ou com terceiros países) estará a ele sujeito. Ficam, portanto, respei tadas as diretrizes governamen tais de não adesão do Brasil ao TNP.
Pode-se dizer que o acordo terá uma dimensão sem precedentes no tocante à cooperação internacio nal no campo dos usos pacíficos da energia nuclear, pois o âmbito da cooperação Brasil/RFA cobri rá praticamente todos os aspectos do aproveitamento dessa energia para a produção de eletricidade. Assim, estão previstas associações entre a NUCLEBRÁS e firmas ale mãs ou prestação de assistência técnica para as seguintes ativi dades:
a) Prospecção, extração e beneficiame?ito de minérios de urâ nio, bem como a produção de com posto ãe urânio. O Brasil contará com 0 valioso know-how alemão para desenvolver ao máximo a pesquisa e o beneficiamento do urânio. Caso se confirmem as ex pectativas otimistas quanto às re-
servas desse elemento em territó rio nacional, o urânio excedente do estoque estratégico brasileiro poderá ser exportado e tornar-se importante fonte de divisas,
b) Produção de reatores nu cleares e de outras instalações nu cleares, bem como de seus com ponentes. Serão implantadas no Brasil as bases de uma indústria que fornecerá os equipamentos ne cessários para a construção das futuras centrais nucleares brasi leiras. Todos os esforços serão en viados para que o índice de na cionalização dos materiais produzídosj aumente tão rapidamente quanto possível. A indústria pri vada será encorajada a participar ativamente do programa,
c) Enriquecimento de urânio e serviços de enriquecimento. O processo de enriquecimento a ser adotado será o chamado “jato centrífugo”, ora em desenvolvi mento na Alemanha. O objetivo mais uma vez, é o de alcançar a autonomia nesse setor vital da produção de energia nuclear,
d) .Produção de elementos combustíveis. Após o enriqueci mento, 0 urânio precisa ser sub metido a processos especiais de maneira a ser utilizado com o má ximo proveito nos reatores. Ge ralmente são usadas ligas metá licas para tal fim. Uma usina de fabricação de elementos combus tíveis foi prevista no âmbito da cooperação,
e) Reprocessamento de com bustíveis irradiados. Depois de utilizados nos reatores, os elemen tos combustíveis devem ser reprocessados para: i) retirada de urâ nio e plutônio ainda presentes nos
ficas consequências dessa cvolu- mesmos e que poderão ssr reutili zados na fabricação de outros ele mentos combustíveis, ii) prepara ção dos rejeitos, nessa altura alta mente radioativos, para uma estocagem segura em lugar aproSão raras as instalações çao. À luz dos comentários ac'ma. vê-se que a conclusão do Acordo de Cooperação Nuclear Brasil/ RFA é fator da maior importância para o futuro energético do Bra sil e suas repercussões sobre a economia nacional serão profun das e benéficas. pnaao. desse gênero existentes no mundo atualmente. Tanto o Brasil quan to a RFA dedicarão especial aten ção a este problema. Aliás, a tec nologia alemã a este respeito já é comprovadamente das mais avan-
Esperemos que seja apenas uin passo pioneiro para outros pro gramas de cooperação com países desenvolvidos. Estamos atentos a oportunidades çadas.
A execução do acordo implicará no intercâmbio das informações tecnológicas necessárias. Cumpre ressaltar esse aspecto fundamen tal da cooperação Brasil/RFA, que permitirá ao Brasil absorver a adiantada tecnologia alemã nos campos da energia nuclear para fins pacíficos, favorecendo o pleno desenvolvimento de nossa indús tria nuclear no futuro, ficando esta livre da dependência da aquide materiais estrangeiros transferência de tecnologia. Convém ressaltar, aqui, o efeito multiplicador dessa transferênc'a de tecnologia. Na verdade, os co nhecimentos cierítíficos não são estanques. A tecnologia que irá servir ao programa nuclear per mitirá a disseminação de conhe cimentos cientif’cos de aplicação, também, fora do campo nuclear. Nos oróximos anos estaremos ne cessitando um número elevado de cientistas e técnicos especializa dos e esse número crescerá rapi damente. As universidades brasi leiras, com o apoio governamen tal, já adotam medidas para en frentar essa demanda. Ê fácil imaginar as extremamente bené-
quaisquer sentido e acreditamos que o A'’ordo pode ter aberto perspectivas inéditas de cooperação em outros setores fundamentais para o de senvolvimento do nosso país.
nesse s’çao sem
Mencionei, no início, que o exa me do Acordo Nuclear colocava diante de nós o problema da coo peração com países desenvolvidos e que o do SELA. de alguma for ma, o mesmo fazia com relação à cooperação com os paises em de senvolvimento.
De fato, 0 exame de proposta mexicano-venezuelana suscita to do 0 espectro das relações entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento e o das relações destes entre si. E o faz por duas principais razões. Em primeiro lugar, pela origem mesma da pro posta, possivelmente um esforço para compensar o insucesso do “Novo Diálogo”, cortado ao meio pela aprovação da Lei de Comér cio americana. Em segundo lu gar, porque a idéia do SELA refle te uma certa desilusão em face das dificuldades de cooperação com os países desenvolvidos em geral e uma tentativa, na aparên-
cia até mesmo quixotesca, de bus car uma solução à margem da cooperação com os países desen volvidos.
Claro que tais comentários são apenas aproximativos, na medida que o SELA é um ente em forma ção. para cuja substância nós pró prios muito podemos contribuir.
O Brasil está sempre pronto a cooperar com os demais paises no exame e encaminhamento das so luções para os problemas cruciais do desenvolvimento.
Preocupaa eficiência nos, sempre, porem dos métodos adotados, razão pela qual procuramos ser cautelosos nos nossos comprometimentos. Repugiia-nos ver o meramente declaratóqio, as confrontações in consequentes e os alinhamentos automáticos.
O surgimento da idéia do SELA nos encontra munidos dessas preo cupações fundamentais.
Não podemos, em princípio, ser contrário à Idéia da cooperação sub-regional para a consecução dos objetivos que nos são comuns. Nem seria politicamente viável não aprovar, liminarmente, uma idéia que contava com o apoio generali zado das demais Nações latinoNosso esforço teria
Basicamente, para o SELA os seguintes pósitos gerais”:
0 projeto prevê pro-
— promover a cooperação regio nal, com a finalidade de ace lerar o desenvolvimento eco nômico da região.
— apoiar os processos de inte gração. regional.
— promover programas e pro jetos de interesse para dois ou mais países membros.
— atuar como mecanismo de consulta e coordenação lati no-americana para formular posições e estratégias comuns ante terceiros países, asso ciações de países e organis mos econômicos internacio nais.
No atendimento desses propositos seria dada especial conside ração aos países de menor desen volvimento econômico.
Ora. os propósitos formulados podem ser por nós subscritos sem hesitação.
Sem prejuízo da nossa solida riedade geral com os paises desenvolvimento, sempre reconhe cemos a prioridade da solidarie- Essa, têmó-la mesmo em dade continental, praticado ativamente, e, foros universais, nossos prientendimentos para a foramericanas. de ser pois, como tem sido. o de dar a nossa contribuição para que a idéia evolua num sentido posi tivo e favorável aos nossos inte resses e aos da América Latina. nos meiros
múlação de posições comuns sao sempre com os grupos latino-ame¬ ricanos.
Nossa participação na ALALC é 0 testemunho vivo do apoio que prestamos às formas de integra ção regional. Isso temos conseguido em grau satisfatório.
Na reunião que ora se realiza no Panamá está em discussão um projeto relativo à criação do SE
LA em nada incompatível com os interesses brasileiros.
Quanto à realização de projetos conjuntos com vários países, essa
é nossa política na área do Prata e poderá ser, quando as circuns tâncias o favoreçam, a nossa po lítica na área do Amazonas.
Finalmente, somos favoráveis a uma estreita coordenação com os demais Governos latino-americapara o tratamento de queseconômicas internacionais. nos tões Nossa dúvida a este respeito é mais de natureza operacional, pois, de pendendo da amplitude que se queira dar a essa coordenação, ela já é a tarefa específica da CECLA, à qual pertencem todos os Goverda América Latina. nos Nossa posição geral é, assim, po sitiva com relação às idéias do SELA. O que é preciso é ver como elas se detalham no plano opera cional para que o Sistema venha constituir uma contribuição efe tiva ao desenvolvimento regional e não apenas mais um foro declaratório ou dilatório em questões tão fundamentais.
nização. Tínhamos a plena cons ciência de estar oferecendo à re flexão dos Governos um plano am bicioso, de longo processo de ma turação. Nossa esperança, porém, resultava da convicção de que já começam a se criar condições que poderão tornar possível, num fu turo não muito distante, umã re visão a fundo da sistemática nor mativa das relações comerciais e econômicas universais.
Durante quase três décadas fo ram elas marcadas por uma abso luta preponderância de formas que beneficiaram primordialmen te os países desenvolvidos. A frustação decorrente, para os países em desenvolvimento, levou-os à exasperação, ao espírito de con frontação, às tentativas de reta liação e aos esforços de substitui ção geral pela ajuda entre si. Al gumas dessas atitudes são positi vas e encoraj adoras. Outras ape nas agravam as já enormes difi culdades de cooperação global, o Brasil tudo vem fazendo para ajudar a criação de um clima de negociação que suplante o de an tagonismo, do qual só tem resul tado 0 enrijecimento de posições negativas.
Essas considerações me levam a abordar o tema do meu discurso de abertura do debate da VII Assembléia Especial das Nações Unidas, há duas semanas atrás. Nessa ocasião o Brasil lançou a questão da oportunidade de nego ciações globais para a conclusão de um Acordo Geral de Comércio, que desse tratamento convencional normativo às relações comerciais entre países desenvolvidos e paí ses em desenvolvimento. O Bra sil se absteve, deliberadamente, de apresentar a idéia na forma de um projeto de resolução, o que, imediatamente, levaria a que o projeto fosse tragado pela voragem burocratizante daquela Orgaa sar
Temos tido, no Brasil, a rara capacidade de manter contínuo o nosso crescimento econômico, apeda crise mundial. Mas não poderemos deixar de ser afetados por uma crise econômica mundial permanente ou progressiva. ’ É de nosso interesse, pois, buscar uma ordem econômica internacional mais equitativa e que permita a todos os países, e particulannente àqueles que, como o nosso, já têm
condições de atuarem como pro tagonistas na cena mundial, as oportunidades a que têm direito. Ao terminar queria agradecer aos Senhores Senadores a oportu nidade deste encontro e o apoio que não tem faltado à Política
Externa do Governo por parte dos Representantes dos Estados. Sem esse apoio, ela não teria os êxitos que tem tido pois é a comunlião entre o desejo do Governo e as aspirações do povo que lhe tem assegurado a vitalidade.”
o-
ESTADOS UNIDOS:- ADOÇANTES DE MILHO AMPLIAM O SEU
MERCADO — Os industriais do milho estão obtendo lucros recordes, prog nosticando lucros contínuos por vários anos mais e muitos estão planejan do enormes expansões de fábricas. Por trás desse entusiasmo da outrora sóbria indústria há a presença de três fatores importantes que transfor maram os adoçantes de milho em produtos atraentes. A descontrolada espiral ascendente do preço do açúcar aumentou o interesse dos usuários por adoçantes substitutos. Os industriais desenvolveram o xarope de mi lho com alto teor de fructose (HFCS) que pode, virtualmente, substituir a doçura do açúcar em grande número de aplicações em alimentos e bebidas. E, no início deste ano, a Fiscalização de Drogas e Alimentos suspendeu as restrições sobre a quantidade de xarope de milho que pode ser usado em compotas, geléias, catchup, limonada e frutas enlatadas. Este ano, o uso de xarope de milho será quase 30% maior do que os 3,3 bilhões de libras de 1970, e o HFCS, que começou a ser introduzido em 1970, ultrapassará 1,2 bilhão de livras. O consumo de dextrose, outro importante adoçante de mi lho, será de cerca de 1,4 bilhão de libras em, relação a 1,2 bilhão de 1970. Com vantagens tais como uma maior disponibilidade a preços menores, não é de se admirar que haja um “boom” dos adoçantes de milho. E os produ tores estão planejando atender à demanda o mais rápido possível, espe cialmente com unidades de HFCS. Segundo a Staley, se todos os planos anunciados se concretizaram, prevê-se que em 1980 a capacidade da indús tria de HFCS será de aproximadamente 6,5 a 7 bilhões de libras anualmen te. Como resultado do desenvolvimento do HFCS, o mercado em geral (a produção combinada de xarope de milho e dextrose aproxima-Se de 7 bi lhões de libras), segundo estimativas conservadoras, tem agora o potencial de dobrar. São comuns as previsões de um mercado anual de HFCS de até 10 bilhões de libras. O alvo, sem dúvida, é o mercado industrial do açúcar, isto é, 70% do mercado total de açúcar dos Estados Unidos. Estima-se que o consumo mundial de açúcar, em 1985, atinja 105 milhões de toneladas métricas, comparado com 81 milhões de toneladas métricas do ano passado. Portanto, a mudança para adoçantes de milho parece ter características de um estouro de boiada. O maior problema, segundo os produtores, será pro duzir 0 suficiente para atender g demanda.
INTERNACIONAL:- O POLIPROPILENO EM FOCO — Apesar das incertezas quanto à matéria-prima, a Europa Ocidental está preparada boom” de investimento sem precedentes em fábricas de po- para um lipropileno. Espera-se que a capacidade quase duplique em 1976, condu zindo, talvez, a uma situação de excesso temporário. Entretanto, o cres cimento adequado do mercado europeu de polipropileno, que é considesub-desenvolvido”, deverá manter o quadro oferta/demanda sob rado controle. A principal razao para essa onda de interesse pelo polipropileno término de patentes básicas nacionais mantidas durante anos pela Montedison da Itália. Durante o reinado da companhia sobre a produção de polipropileno, sua política de concessão de licenças (um ou dois licen ciados por país, nenhuma venda além da fronteira nacional) teve o efeito geral de limitar os fabricantes a produções em pequena escala e de man ter os preços do plástico a níveis artificialmente altos. Entretanto, as pa tentes da Montedison caducaram na Alemanha Ocidental no ano passa do e o mesmo ocorrerá na França, Bélgica e Espanha em 1975. Já houve explosão de expansões e anúncios de novas fábricas em toda a EuNo norte da Bélgica, por exemplo, dois grandes projetos nortee o uma ropa americanos já estão em curso. A Amoco encontra-se na metade de um trabalho de engenharia sobre uma unidade de 100.000 toneladas métri cas/ano em seu complexo localizado em Geel; a fábrica deverá estar em operação na metade de 76. Em dezembro último, a Hercules recebeu per missão para a construção de uma fábrica de dimensões semelhantes, a ser localizada a cerca de 16 km de Geel (em Paal). A Essochem dos Esta dos Unidos anunciou recentemente que está considerando ativamente o norte da Bélgica como um bom local para uma fábrica de polietileno, e há especulações de que uma fábrica de polipropileno virá logo depois. Não só as firmas norte-americanas estão pensando em termos de expan sões. No ano passado a Montedison, a maior produtora de polipropileno da Europa, elevou sua capacidade italiana de 103.000 para 160.000 tone ladas métricas/ano. Em fins de 1973, a Shell iniciou as atividades de uma nova unidade de 90.000 toneladas métricas/ano em Carrington, Reino Unido, e dobrou a capacidade (para 73.000 toneladas métricas) da Rotterdamse Olefinen Mij, sediada na Holanda — um empreendimento conjunto a Shell mantém com a Montedison; Várias companhias européias. que também, anunciaram planos para entrar na corrida do polipropileno. A DSM da Holanda construiu uma instalação de 50.000 toneladas métricas complexo da Província de Limbourg e a Solvay anunciou que em seu construirá uma fábrica de dimensões semelhantes, utilizando seu próprio processo, em algum local do Continente. Na Noruega, o grupo petroquí mico Saga, recentemente formado, deverá iniciar a operação de uma fáta-ica de polipropileno de 50.000 a 70.000 toneladas métricas em 1977. As expansões de polipropileno já em curso, e mais a solução de diversas con dições que retardam o progresso, poderão aumentar a capacidade da EuOcidental de cerca de 650.000 toneladas métricas/ano no início d® ropa 1973 para 750.000 — 900.000 toneladas/ano em 1974/75.
A HORA É DE CONFIANÇA
JOAO PAULO DOS REIS VELLOSO
Acrise do petróleo, certamente a turbulência mais forte que a economia ocidental enfrentou, desde os anos 30, não provocou, como muitos prenunciavam, uma crise do sis tema capitalista.
O seu resultado tem sido, isto sim, uma senhora recessão mun dial, e mudanças econômicas es truturais, levando à necessidade de reconversão, na estrutura pro dutiva e nos instrumentos de ação da política econômica.
É importante que os desafios desse tipo não tenham como efei to, apenas, uma atuação defensi va, de sentido compensatório. Algo positivo deve resultar.
Por exemplo, a depressão dos anos 30 não deu origem apenas à política anticiclica, de sentido keynesiano. Mais que isso, ela re formulou as funções do Estado, nos países industrializados, tor nando a sociedade responsável por assegurar emprego ou condições mínimas de bem-estar às classes de renda mais baixa.
Aliás, de passagem, essa am pliação do chamado “welfare Sta te” (economia do bem-estar) tem significado, na presente conjun tura, um certo fator de retarda mento nas ações de reativação econômica, em países industriali zados. A tolerância social do sis tema a alta taxas de desempre go (da ordem de 8 a 9 por cento, às vezes) vem aumentando em face da generalização dos esque-
o empresariado brasileiro home nageou em fevereiro último o mi nistro chefe da Secretaria do Plcinejamento, João Paulo dos Reis Velloso, com um jantar, que se realizou nos salões do Copacaba na Palace, no Rio de Janeiro. Da mos a integra do discurso do mi nistro, agradecendo a homenagem.
mas de seguro-desemprego e de assistência à pobreza, em bases mais elevadas.
É preciso, nesta altura, indagar o que vamos criar, nesta inquieta e difícil fase da economia'mun dial, para o mundo e, antes de tudo, para o Brasil.
É oportuno recordar que o Bra sil, nesses dois anos, não tem ape nas tido de enfrentar um preço muito mais elevado pelas impor tações de petróleo, e seus efeitos imediatos.
O País, em verdade, vem experi mentando uma das mais profuritransformações estruturais das das últimas décadas, no esforço de alcançar a autosuficiência em energia, no mais breve prazo; nas mudanças de prioridades, que le vam à reciclagem econômica, em favor dos Bens de Capital e dos Insumos Básicos, da substituição de importações em contponentes de bens de consumo duráveis e de equipamentos, da maior ênfase na Agropecuária, Mineração, Cons-
truçao. Transporte Ferroviário e Naval; à procura de novas opor tunidades de desenvolvimento, face à nova situação da energia e à descoberta de novos recursos na turais (fosfato, ferro, bauxita, urânio, potencial elétrico da Ama zônia etc.).
Nesse estágio, nada mais pre mente que superar a limitação re presentada, atualmente, pelo ba lanço de pagamentos.
No CDE, ou em sua ação diária, o Governo tem e terá de cuidar, quase diariamente, dos problemas dessa área. Nisso estamos todos de acordo.
Tornado claro esse imperativo, cumpre, sem embargo, evitar que se instale, em nosso espírito, a fixação do balanço de pagamen tos. Ou seja, a idéia fixa de que 0 sol nasce e se põe em volta desse tema, mesmo porque a solução do problema das con,tas externas é muito menos específica do que pode parecer. Ela envolve muito mais globalmente a economia, e a sociedade, do que um tratamen to tópico pode sugerir.
A tarefa de nossa época conti nua sendo construir a nação — a .economia que fará o desenvol vimento e a grandeza nacionais, e a sociedade que dará sentido a tudo isso. Tal construção inclui, obviamente, a integração de áreas pobres, como o Nordeste e a Ama zônia, e a continuação do ciclo de reformas econômicas e sociais empreendido pela Revolução.
Diante do exposto, fica coloca da a necessidade de um equilíbrio difícil, mas imprescindível. De um lado, a urgência de atender ao
curto prazo, implacável nas suas exigências, e, às vezes, demandan do medidas heróicas. De outro lado, o senso de perspectiva, que leva a reconhecer serem transi tórias as dificuldades, inclusive para ter animo de adotar medidas enérgicas de contenção, pois, para fazer sacrifício, no presente, é preciso ter esperança, bem fun dada, no futuro.
Veio-me essa idéia do sentido de perspectiva, ainda há pouco, ao ler um recente “best-seller” (“Centenário”) sobre a conquista do Oeste e do Meio-Oeste ameri cano, e, principalmente, da área de Colorado.
Na avaliação feita dessa con quista, ressaltam alguns pontos que levam a gente a pensar:
a) Durante muitas décadas, em meados do século passado, amplas correntes de opinião sustentavam que não havia ouro nos Estados Unidos. Tal como se disse não haver petróleo no Brasil,
b) Também importantes seto res se opunham à idéia de que as terras do Oeste devessem ser conquistadas. A saída encontra da, inteligentemente, foi a cons trução das grandes artérias de li gação com a Costa do Pacífico (no caso, as ferrovias). Com elas aca baram aparecendo o ouro, a pe cuária, o petróleo, a agricultura de irrigação, a agricultura seca.
c) As terras da região, até quase o fim do século passado, eram consideradas desérticas, por terem, no Colorado, uma preci pitação phiviométrica média de 13 polegadas anuais (cerca de 330 milímetros, quando a média da
zona semi-árida do Nordeste é de cerca de 600 milímetros), sujeitas a irregularidades. Mas, já no. co meço deste século, tais áreas esta vam colocadas entre as de renda mais alta, no país, pela agricul tura e pecuária.
Procurando ver as coisas em proporção, vale a pena fazer al guns comentários sobre o momen to econômico social brasileiro.
Primeiro, o campo das decisões prementes. Todo mundo está de acordo em que o que determina a capacidade de desenvolvimento do País, no longo prazo são as suas oportunidades de investimento, decorrentes da terra e dos recur sos naturais, dos recursos huma nos, do mercado, da tecnologia.
Nada disso, certamente, ficou abalado, para o Brasil, com a cri se do petróleo. Mas essa conside ração, por outro lado, não solve, por si, 0 problema imediato do ba lanço de pagamentos. Dai por que este deve estar, continuamen te, na nossa pauta.
Nesse particular, o Governo já mostrou que, deiiberadamente, e diversamente de outros países, nesses dois anos de crise de pe tróleo, procurou preservar o Bra-sil da recessão e do desemprego.
O resultado, creio, foi satisfa tório.
do comércio lojista, em 1975, no Rio, foram 43 por cento acima do ano anterior).
Foi normal, em 75, o afluxo de recursos externos: CrO 820 milhões para a entrada líquida de investi mentos diretos; US$ 4,6 bilhões de créditos financeiros entre 5 e 8 anos de prazo e US$ 2,3 bilhões de financiamentos de agências in ternacionais e de fornecedores (a prazos, às vezes de 15 anos ou mais). O total das reservas, em ascensão nos últimos meses, ul trapassou US$ 4 bilhões no final do ano.
A redução no déficit comercial, de cerca de 25 por cento, foi infe rior ao desejado, mas isso se de veu, principalmente, a fatores fo ra do nosso controle: a queda nos preços e produtos primários ex portados, no segundo semestre, e, em geral, a deterioração nas re lações de troca, em cerca de 7 por cento, após uma queda de 11 por cento em 1974.
em ascensao.
Alcançou-se relativa normalida de no funcionamento da ecl^nomia, com um crescimento de qua se 10 por cento em 74 e acima de 4,2 por cento em 75. No último ano, os níveis de emprego ainda se apresentaram Foram bons os índices de lucros liquidez, investimentos, vendas
A diminuição no valor absoluto das importações, em cerca de 3 por cento não dá, por isso, a me dida exata do nosso esforço. Em termos de volume, houve uma re dução de 34 por cento nas impor tações de bens de consumo e de 23 por cento nas de matérias-pri mas (e isso com um crescimento satisfatório do PIB).
Espera-se um crescimento ra zoável neste ano de 76. que come çou bem, obrigado, nos indicado res de produção e vendas (embo ra não tão bem em inflação).
O grande cuidado que se vai ter, conjunturalmente, é com preser var os níveis de emprego e ati-
Por isso, as recentes “Diretrizes para 1976”, aprovadas pelo pre sidente Geisel” no CDE, já reduzi ram 25 por cento nas importações governamentais e garantiram prioridade, no uso das importa ções disponíveis, para o atendi mento às fábricas em operação, quanto à matérias-primas e com ponentes; para os projetos de ex portação; e para os projetos de substituição de importações, notadamente os de resultados mais rápidos.
Sabemos ser importante fazer este ano um esforço especial na área de exportação, particular mente de manufaturados. Pos isso, estaremos nos próximos meses, com outros ministros da área eco nômica e com a AEB, realizando, nas principais regiões do País, a mobilização direta dos empresá rios para esse propósito.
Segundo comentário: a conso lidação da economia de mercado, no Brasil, não apenas por razões de eficiência, mas também para conciliar o desenvolvimento com a liberdade econômica.
Essa economia de mercado deve ser considerada nas suas duas di mensões: a econômica, da viabili dade e vitalidade; e a social, da justiça, do amparo aos mais fra cos, seja dentro do mercado, seja no corpo da sociedade.
Falando claramente: se o regi me é de mercado, ou capitalismo social, ou capitalismo moderno, ou que nome tenha, é preciso criar um capitalismo nacional, e, prin cipalmente, um modelo brasileiro de capitalismo industriai, ta-se de criar os fortes — isto é, as grandes empresas nacionais —, enquanto se protegem os fracos, pela ação sistemática em favor da pequena e média empresas.
O sistema que se deseja fortale cer, como é sabido, é de equilíbrio no tripé — Governo, empresa pri vada nacional, empresa privada estrangeira.
Alguns países europeus, ante ameaça das multinacionais (ame ricanas ou japonesas, no caso). criaram estruturas empresariais e financeiras em que, no fundo, Estado terminou controlando cipoal de empresas, na área in dustrial.
O Brasil está procurando viabi lizar o seu modelo de capitalismo industrial para proporcionar empresário nacional, no estágio do II PND, a oportunidade de par ticipar ativamente no novo surto de substituição de importações que temos pela frente, em Bens de Capital e em toda a gama de Insumos Básicos. Queremos tenha agora, quando o Brasil se vidade, principalmente quanto à pequena e média empresas, dian te das medidas de contenção de importações adotadas.
Traa o um a sua I ao que
Na primeira dimensão, é cada vez mais importante cuidar do problema da capitalização da em presa nacional.
O Brasil rejeitou essa opção, procurando outro caminho. Sabe mos que o capitalismo industrial brasileiro não vai surgir sozinho, nem sozinho ele surgiu, por exem plo, nos Estados Unidos, que tam- ' bém tiveram de enfrentar fase de país importador de capi tal e de tecnologia, provenientes principalmente da Inglaterra.
prepara para ser em Siderurgia, Petroquímica, MeNão-Ferrosos, Fertilizantes tais Papel e Celulose etc., a oportuni dade que só de forma muito li mitada ele teve durante o surto anterior de substituição de im portações, quando se instalaram
autosuficiente presario brasileiro, que, assim, assume uma dimensão inteiramen te nova, e que sempre tem a opção de recompra das participações. O tema da capitalização, certa mente o problema por excelência, no presente estágio, da empresa nacional, estará este ano, segui damente, na pauta do Governo, inclusive por uma ação institucio nal de apoio aos mercados primá rio e secundário de ações, através do PS-PASEP, já se cons tituiu um. certo portfólio. com ações de algumas dezenas de em presas nacionais.
cussao é 0 da presença da empresa go vernamental.
Outro ponto a destacar, na disda economia de mercado.
Indústrias Automobilística, de Construção Naval, de Bens de Consumo Duráveis. as Aliás, Tal modelo se baseia — além dos amplos financiamentos já dis poníveis, por exemplo, através do BNDE —, seja em associações, nas quais o Estado é sempre minoritá rio ou não tem poder votante; seem mecanismos imaginosos para capitalizar as empresas na cionais, sem interferir na sua ges tão ou 110 seu controle acionário através, digamos, das novas sub sidiárias do BNDE (BRASA, FIBASE, EMBRAMEC); seja, mes mo, em apoio ao empresário na cional para adquirir o controle de empresas nas quais participa.
como as
O Governo, no PND, já deixou claro que pretende, em geral, f:car áreas de infra-estrutuja apenas em ra, reservando'os setores direta mente produtivos à iniciativa pri vada. Mas, pode indagar-se, e os chamados vazios economicos,tanto cinzentas, indústrias básicas? as áreas novas, um Nas associações, será sempre preferível que, de início, se esta beleça o esquema a adotar, entre oficial e o sócio nacional,
deseja é que tais va
O que se zios sejam ocupados pela empresa privada. E entendemos que o Go- "n deve ficar nessa decla-
Deve ir adiante, e montar, está montando, um sistema o orgao para depois ir-se negociar com o sócio estrangeiro, se for o caso. verno nao ração, como de incentivos e redução de riscos, poderoso para
O sistema BNDE está viabili zando, no momento, projetos, de zenas de projetos, sob controle de empresas nacionais, cujo investi mento se situa entre o correspon dente a USS 100 milhões e US$ 500 milhões, cada um, conjugando es quemas de capitalização e finan ciamentos com correção monetá ria de, no máximo, 20 por cento. Em todos os casos, o controle de capital votante é sempre do em-
suficientemente viabilizar a ocupação dos espaços vazios pelo setor privado.
Para preservar tal orientação, o Governo está adotando ações de desestatização e ações positivas de apoio à iniciativa privada.
Das ações de controle, a mais importante, tomada no âmbito do
CDE, foi a de exigir que qualquer empresa governamental, para criar subsidiária ou para entrar cm novo campo de atividade, te nha de receber prévia e expressa autorização da Presidência da República. A medida, obviamen te, não tem sentido de centrali zação, mas sim de tornar excep cional e manter sob controle, pre ventivamente, qualquer ação des se tipo.
lecimento do setor privado, prhicipalmente nacional.
Já citamos a capitalização. Nes sa área, a ação governamental deve ser criativa, e. mesmo, libe ral, enquanto a empresa nacional for, ainda, fraca, carente de ca pital e tecnologia.
Outra forma de apoio é o aces so à poupança. Como já existem em entidades oficiais, numerosos instrumentos captadores de pou pança (FGTS, PIS-PASEP, ORTN, depósitos em bancos oficiais). tais recursos vêm sendo destinados preponderantemente, ao setor pri vado. O BNDE, por exemplo, alo cara a quase totalidade do orçamento de Cr$ 40 bilhões, este ano, ao setor privado (o ano pas sado, já destinou 80 por cento), E grande parcela mediante repas ses através de bancos de investi mentos e outras instituições (o ano passado, Cr$ 4,5 bilhões fomé” . seu ram repassados a pequenas e dias empresas, nesse sistema).
As ações de desestatização têm sido; o pagamento de Imposto de Renda pelas empresas governa mentais, que este ano já estarão recolhendo de Cr$ 4,5 a Cr$ 5 bi lhões; a orientação de, no corren te exercício, as empresas gover namentais federais não utiliza rem incentivos fiscais do Impos to de Renda; os alívios fiscais da dos, às vezes em caráter perma nente, e os inúmeros incentivos fiscais novos, a exemplo do De creto-lei 1410 e daqueles destina dos a equipamentos nacionais; transferência progressiva, tor privado, do controle acionário de diversas empresas de seguros que, eventualmente, haviam fica do com a União ou Estados; a orientação de que os bancos ofi ciais restituam ao controle pri vado, logo que viável, empresas que, por inadimplência, lhes ve nham às mãos. Aliás, aqui neste local existem grupos nacionais que adquiriram do BNDE o con trole de empresas nessas condi ções, e, sistematicamente, isso é o que pretendemos continuar fa zendo.
Talvez áinda mais importante seja a atuação positiva de forta¬
Essas, as linhas de ação a ao seas meque estão sendo adotadas, na prática para manter dentro dos justos li mites a atuação da empresa pú blica. Nesse campo, a atitude do Governo é da mais ampla aber tura, num diálogo que, fugindo às generalidades, indique distorções proponha medidas concretas, gira novas formas de apoio para que, mais e mais, quaisquer va zios sejam preenchidos pela ini ciativa privada. su-
As autoridades monetárias, por outro lado, estão atentas à neces sidade de criar alternativas de captação de poupanças para instituições privadas, cujos canismos serão incentivados.
Terceiro comentário: as oportu nidades na Agricultura.
Existe um imenso trabalho de modernização a realizar, em am plas faixas do setor agrícola bra sileiro.
É claro que já temos, em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, áreas de Minas, do Rio de Janei ro e de outros Estados, uma agri cultura empresarialmente orga nizada.
Sem embargo, em muitos bolsões do Nordeste e em diversas áreas do Centro-Sul. Centro-Oeste e Amazônia, a sociedade de consu mo ainda não chegou à zona ru ral. seja para o trabalhador, seja para o fazendeiro, que ainda não é empresário. Isto é, ainda não tem a motivação do crescimento a agilidade na resposta aos meca nismos de preços, a capacidade de usar nova tecnologia.
Sobre a situação do trabalha dor, dois aspectos, em particular, devem ser registrados. Primeiro, exatamente no setor em que a qualificação da mão-de-obra tal vez seja mais importante, a agri cultura (porque a tecnologia está menos condicionada à máquina do que na indústria), é que temos o maior contingente de mão-de-obra não qualificada. Segundo, cerca de 46 por cento do emprego da mão-de-obra agrícola (isto é, quase metade) estão no Nordeste, que responde por pouco mais de 20 por cento da produção do setor.
Duas coisas importantes está o Governo procurando realizar, pa ra essa necessária e ampla mo dernização da Agropecuária.
De um lado, onde for possível, usar 0 instrumento do crédito do
preço mínimo, da pesquisa, dos insumos modernos e da assistên cia técnica, para dar ba.se empre sarial à agricultura do País e le var ao setor a sociedade de con sumo (leis trabalhistas, previdên cia social, salários monetários).
É importante que o maior número possível de empreendimentos — pequenos, médios ou grandes — sejam administrados como se fos sem uma fábrica.
De outro lado, o Governo está procurando chegar diretamente ao pequeno produtor, com preços mí nimos. garantia de compra da produção, crédito, assistência técEm 1975, o valor dos finan-
nica. ciamentos de preços mínimos a pequenos produtores triplicou, no Centro-Sul, e foi multiplicado por 10, no Nordeste.
Senhores
O Brasil continua realizando coisas excepcionais, que a absor-imediatos tal- ção nos problemas vez não nos deixe perceber.
A atividade de investunentos, no País contínua sendo muito
A taxa bruta de investifoi de. 21,6 por cento ● forte, mentos, que 73, ficou em 25 por cento em 74 e se estima ter sido da ordem de 27 por cento em 75 — natural mente. em parte, devido à maior entrada liquida de poupança ex terna, representada pelo déficit conta-corrente do balanço de
em em pagamentos.
Existe, agora, um aspecto a des tacar: já está aumentando a par ticipação da produção inter^ia no investimento realizado. A indús tria de Bens de Capital, no País,
cresceu na ordem de 15 por cento, quando o aumento da importação de equipamentos, em volume fí sico, foi de 5 por cento.
Como resultado dos programas de substituição de importações já em curso, saltos deverão ocorrer, nos próximos anos, na produção interna de certos insumos básicos. Para exemplificar, em 1974, o Bra sil importou 4,4 milhões de tone ladas de aço. Este ano deverá importar apenas 1,25 milhões de toneladas.
A propósito, é importante dei xar claro que o sentido de tantos programas de substituição de im portações que o País está execu tando não pode ser de apequenar a economia, após a maior inte gração com a economia mundial que a Revolução realizou, numa atitude de confinamento e autarquização. Trata-se, ao contrário, de dar-lhe maior amplitude e profundidade, tirando proveito de oportunidades que, num primeiro estágio, devem significar auto-su ficiência e, logo em seguida, po dem, não raro, abrir novos merca dos no Exterior.
Essa atitude geral, de janelas abertas para o mundo e para o futuro, deve ser mantida, na ta refa de construção nacional.
Realizar o que deve ser feito, no momento conturbado que o mundo vive, exige, em particular, duas coisas: capacidade de adap tação, com talento imaginativo, e sabedoria.
Das duas grandes linhas de ação que cumpre conciliar,, no tempo — a tradição e a inspira ção —, talvez esta última tenha um papel mais destacado a cum¬
prir, no presente estágio. Deve, porém, ser temperada com sabe doria social.
Isso se aplica, em particular, à outra dimensão do modelo de mer cado — a política social, insepa rável da preocupação de justiça e de defesa do mais fraco.
Todas as revoluções, até hoje, foram realizadas com motivação ética, apelando para a just’ça so cial. Depois é que realmente traram a sua verdadeira face.
O segredo da resistência da nomia de mercado, principalmen te nos últimos quarenta anos quando mostrou ser capaz de, pra ticamente, realizar o crescimento sem descontinuidade, foi a con vergência, no longo prazo, do obje tivo econômico com o social, seja: a formação progressiva do mercado de consumo de viabilizando o modelo social, tam bém viabiliza o econômico.
Claro, no curto prazo, é preciso conciliar, com bom senso e, às ve zes, com imaginação, os possíveis conflitos.
Daí a observação de Samuelson, o conhecido Prêmio Nobel de Eco nomia: “...A história parece gerir: O Conservadorismo irredu tível anula o seu próprio objeti vo. O aço sem dutilidade quebra sob pressão. Sistemas econômi cos rígidos, sem a flexibilidade para acomodar-se, de forma evo lutiva, a tensões acumuladas mudanças sociais tes que tais sistemas possam " ■ recer no curto prazo —, acham-se no maior perigo de extinção, quanto a ciência e tecnologia estão constantemente mudando moseco-
Ou massa. sue a por mais forpaen-
as linhas naturais da vida econô mica.
Se é para o sistema continuar funcionando bem, as institui ções sociais e as crenças devem ser capazes de ajustar-se a essas mudanças.”
A Revolução, particularmente atual Governo, tem revelado desejar uma economia de merca do de forte conteúdo social. Tem, por isso, particularmente no atual Governo, usado, de forma respon sável, a política salarial e outros instrumentos de ação social, com maior flexibilidade, sem prejuízo da preocupação de preservar o crescimento. O Programa de Ali mentação e Nutrição, que no fim da década já poderá estar bene ficiando 15 milhões de pessoas, _e outro exemplo dessa forte moti vação social do Governo.
Para concluir, gostaria de men cionar dois pontos.
SNI e da Secretaria de Pianejamento).
Ó primeiro diz respeito a uma característica do estilo do Go verno.
O fato de existirem os Conse lhos assessores do Presidente — CDE e CDS — não significa uma centralização de decisões, mas uma coordenação de orientação.
O sistema é natural e racional, se pensarmos bem, e, talvez, o ca minho mais indicado para evitar permanentes tensões internas no Governo.
O Presidente tem um assessoramento direto, pessoal, nas áreas política e admini.strativa, de se gurança, de informações e econômico-social (as chefias do Gabi nete Civil, Gabinete Militar, do no
E tem os Conselhos, particular mente 0 de Desenvolvimento Eco nômico e o de Desenvolvimento’ Social, para efeito de coordena ção da atuação nesses campos, ou de considerar programas envol vendo vários Ministérios. Issopermite preservar, sem tensões internas, uma orientação de Go verno, firmada pelo Presidente, a despeito de eventuais diferenças de opiniões, que sempre existiram e sempre Governo. Diferenças que cessam após a definição da posição Governo.
existirão em qualquer
Mas a decisão específica não é matéria desses Conselhos, quaisquer eventuais Por isso mesmo, insuficiências de ação executiva, neste como nos Governos ante riores, continua sendo de respon sabilidade dos diferentes Ministésuas respectivas áreas de responsáveis que são senos, nas atuação, pelo planejamento e execução toriais.
Não há, pois, centralização da uma procura de execução, mas equilíbrio, pelo Presidente, evitan- atitudes extremadas,,. do-se seja de distanciamento da centra lização dessa mesma ação, de ou tro lado.
as
O segundo aspecto é o seguinte; O Brasil, principalmente nos úl timos meses, deu uma lição de equilíbrio e maturidade. NãO' vejo como uma nação se possa, fazer cultivando o pessimismo, queé a doença do realismo. Foi isso» que se evitou, mesmo diante da. dificuldade.
É dever no País ver os proble mas que deve enfrentar. A rea lidade é a realidade, e reconhe●cê-la é a nossa primeira obriga<ção.
Confinaça na sociedade que es tamos querendo realizar — inclu sive para dar oportunidade ao ho mem comum —; no projeto econô mico e social da Revolução.
coa sem
(repito: desmitifi-
Mas isso se pode alcançar, como ●sugeriu o Presidente, numa ati tude de realismo positivo, que loca os problemas em perspectiva. Aprendemos, nesses dois anos, ●coexistir com a crise mundial, entrar em crise. Houve, para usar "uma palavra da moda, uma desmitificação <íação).
A hora é de somar, refletidamente. De manifestar confiança, sem abrir mão do senso de ava liação e crítica.
Confiança, não como elemento .suficiente, mas necessário.
Confiança do Governo presário, e do empresário no GoConfiança de todos no em'verno.
-economia, que está dando amplas provas de vitalidade e capacidade ●de estimular os investidores, in●ternos e externos. na
Ora, confiança nasce de certos fatores. Entre outras coisas, de resultados, e estes, até aqui, são bem razoáveis e podem continuar a sê-lo; nasce da abertura para 0 diálogo e a participação, e em poucos países ele é tão frequente, amplo e descontraído, entre Go verno e empresários, como no Brasil, alheio a preferências por grupos; da consciência de estar mos, efetivamente, torcendo pelo mesmo clube, que é aquele mode lo de mercado, aberto econômica e socialmente.
Confiar é preciso, mesmo por que a tarefa é bem difícil.
Mas não convêm esquecer a pa lavra de Einstein: “Tenho pouca paciência com os cientistas que tomam uma peça de madeira, pro curam a parte niais fina e fazem uma porção de furos onde perfu rar é fácil”.
SUÉCIA:- MADEIRA, 0 GRANDE NEGÓCIO QUE SURGE
— A hora atual, caracterizada pela crise de energia e das matérias-primas , revela-se oportuna para muitos, e não apenas para os árabes. Pelo contrário, nos milhares de quilômetros de distância do Oriente Médio, em meio aos bos ques cobertos de neve da Escandinávia, nasce agora o mito dos “xeques ■da madeira”. A falta de pasta de celulose e de papel — particularmente do papel de jornal — já se íaz sentir em âmbito mundial. Para os que tem a sorte de contar com reservas de madeira, no entanto, as coisas parecem tomar outro rumo, bastante semelhante aos caminhos abertos pelos árabes relativamente ao petróleo: já se começa a vender mais, os preços duplicam € dos embarques estão longe de satisfazer o total real da demanda, já que o produto passa a ser escoado numa espécie de “operação conta-gôtas”. A demanda de madeira serrada e a granel, de celulose, de aglomerados e /demais produtos derivados de madeira e de papel aiunenta a um ritmo vertiginoso.
Os grandes desafios do Século XX
ROBERTO DE OLIVEIRA CAMPOS
IENHO uma ligeira suspeita de que se poderia esperar que, com base na minha experiên cia anterior de ministro do Planejamento, no Brasil, eu comentasse a inflação britânica e a utilidade potencial de instru mentos tais como a indexação (ou “contabilidade da inflação”, como se diz neste pais) para minimizar distorções provocadas pelo pro cesso inflacionário. Supõe-se, en tretanto, que os diplomatas sejam polidamente irrelevantes com re lação aos assuntos internos dos países anfitriões e não tenho ne nhuma intenção de afastar-me desta regra aurea de comporta mento. Evitando, quer a intimidadei quer a profecia — pois a primeira não seria diplomática e a segunda seria arriscada — retirar-me-ei aos limites confortavel mente vagos do que, em outros tempos, se chamou “economia po lítica”, e farei alguns comentários gerais sobre as recentes transfor mações político-internacionais e suas consequências econômicas.
UMA NOVA MOLDURA PARA O PROCESSO DECISÓRIO
Nossa ecologia política global para o processo decísório apre senta algumas características que seria útil enunciar.
Do lado político:
— a ascensão do mundo multipolar.
Não são poucos os desafios deste século. O homem é chamado aenfrentá-los para não ser por elesdevorado. O evibaixador Rol>ertode Oliveira Campos focaliza-os nesta conferência, proferida no InstUute of Directors, na Ingla terra,
— o fortalecimento do Poder Executivo em estruturas governa mentais.
— a emergência de mininações; e de reivindicações regionais para. devolução do poder.
— o recesso da ideologia.
Do lado econômico:
— a ascensão dos conglomera dos.
●— novo repertório de crises.
— grande confrontação.
MULTIPOLARIDADE E EQUILÍBRIO DE PODER
Num sentido estratégico funda mental, o mundo permanece bipolar, em razão da hegemonia nu clear, ainda não desafiável, das; duas Superpotências — os Estados. Unidos da América e a União So viética. vNum sentido político, a confrontação solitária das Super potências, no período do imediatoi após-guerra, está abrindo cami nho gradualmente para a trama do “equilíbrio do poder”. No cam-
po socialista, isso é devido não apenas à heresia chinesa mas também à ascensão das forças do nacionalismo, que estão erosando a ortodoxia ideológica. O campo ocidental nunca apresentou um quadro conformista e monolítico: « enquanto alguns desafios ante riores, tais como o nacionalismo gaullista, declinaram, a erosão real ou presumida do poder dos Esta dos Unidos, e acima de tudo a sua fadiga de liderança, facilita ram a revivescencia na política internacional de um enfoque de ^‘equilíbrio de poder”.
O quadro, entretanto, está lon ge de ser simples. De um lado, a crise do petróleo teve o efeito não pretendido e certamente não de sejado (do ponto de vista da OPEP) de fortalecer a posição re lativa das duas superpotências, ambas dotadas, em diferentes graus, de recursos petrolíferos. Este foi um recuo no movimento para a multipolaridade. De outro lado, o conceito de uma nova pentarquia — os Estados Unidos, a CEE, a União Soviética, a China e o Japão — não é visto com sim patia pelas potências regionais ●emergentes, nem pelo grupo como Brasil, a índia ou a Australia (que preferiríam um mundo poliárquico), nem pelo grupo de na ções não-alinhadas, que pregam 0 nobre evangelho da “igualdade entre nações”, baseado na noção interdependência horizontal (em oposição à interdependência ■vertical entre nações dominantes e dependentes).
A segunda característica visível do atual cenário mundial é o for¬
talecimento do Poder Executivo no contexto das estruturas gover namentais (dentro do campo mar xista, o Executivo do Partido sem pre foi, naturalmente, a única coisa que conta...) Isto se deve a muitos fatores. Nos países em desenvolvimento, ainda em fase de construção nacional, há neces sidade de afirmação de uma auto ridade central acima das rivali dades tribais ou das pressões re gionais. Em outros, há o impeto para a mobilização compulsória de recursos e o planejamento coordenado do desenvolvimento. Em todos os países, há uma cres cente complexidade técnica da moderna legislação econômica, que intensifica o poder de iniciativa de órgãos especializados do go verno; há pressões do Estado assistencial e há um papsl cres cente do governo como fomenta dor, empregador e investidor.
Com a exceção temporária dos Es tados Unidos, onde, como resul tado da crise de Watergate, Congresso reafirmou os seus deres, a tendencia para Executivos fortes parece ser mundial. Enten do que a recalcitrante febre in flacionária do mundo ocidental reforçará provavelmente esta ten dência, em razão da necessidade de ágil ação corretiva através da orquestração das políticas mone tária, fiscal e de renda, dificil mente realizáveis no lento cadi nho do debate parlamentar. Seja-me permitido acrescentar, incidentalmente, com realismo não destituído de tristeza, que tanto a versão britânica da democracia parlamentar quanto o enfoque o po-
americano de "puderes iguais e separados”, como modelos de or ganização governamental, se es tão tornando uma raridade em nosso mundo conturbado e conflitivo. Não me entreguei a pes quisa recente, mas meu último cálculo, em 1971, mostrou, para surpresa minha, que, se a existên cia de sistemas pluripartidàrios operacionais for tomada como in dicador grosseiro de comporta mento democrático, 85 países, numa amostragem de 118, pode ríam ser descritos como autori tários. e. dentre aqueles, não me nos do que 55 estavam sob lide rança civil em vez de militar... Por triste que pareça, a democra cia permanece, na fase shakespsariana, uma “consumação a ser devotamente almejada”, enquan to os regimes autoritários, parti cularmente no chamado Segundo Mundo (os países socialistas) e no Terceiro Mundo (os países me nos desenvolvidos) parecem ser a forma prevalecente de organiza ção, antes que simples casos de patologia política.
AS PORÇAS CENTRIFUGAS
Seja-me permitido passar a outro tipo de fenomeno na trama mundial: a proliferação de mininações, principalmente como re sultado da desintegração dos im périos coloniais. Faltam-lhes, com frequência, condições míni mas de viabilidade econômica. Criam-se, com isto, problemas tanto logísticos quanto políticos para organizações internacionais tais como as Nações Unidas, o que poderá muito bem levar a um au¬
mento das pressões para transfe rência do poder decisório a órgãos especializados, com voto pondera do, pelo temor de que coalizões de minipotências levem a cabo pro posições irrealistas ou inexequíveis. Um fenomeno paralelo, em bora não relacionado, ao qual se deve prestar atenção, é o agrava mento das forças centrifugas em busca de separatismo, autonomia regional ou várias formas de “de volução do poder”. Enquanto es távamos acostumados a ver divi sões ideológicas no período de após-guerra, como, por exemplo, duas Coréias e os dois Vietnãs observamos agora um novo fe nomeno: a agravação das pressões centrifugas dentro de nações bem estruturadas e ordem política. Bretanha está enfrentando uma onda ascendente de nacionalismo escocês e galês. Na Espanha; os bascos e catalães recorreram violências para sustentar as suas reivindicações de autonomia re- Á lugoslavía poderá enameaça de desintegraA França as de consolidada Assim, a Grãa gional. frentar a ção na tem um . , . . brando, mas de modo algum insig nificante, com relação à Bretanha e à Corsega. Poderia nao ser absurdo especular que, num futudistante, na medida em que populações não russas ultrapassa rem o componente russo da União Soviética e se propagarem os fo gos do nacionalismo, forças cen trifugas poderão ainda fissurar a fachada do monolito soviético.
Por mais curioso que pareça, a tendência para proliferação de era pós-Tito. problema muito mais as ro
mininações e para afirmação da autonomia política regional chega num momento em que as econo mias de escala no comércio e nos investimentos aconselhariam, e na yerdade reclamam, a formação de maiores conglomerados econômi cos regionais, tais como a CEE no ●Ocidente e o COMECON no Leste. As tendências politicas e econô micas são absolutamente contra ditórias !
O SIGNIFICADO DA “DETENTE”
Antes de passar ao roteiro eco nômico, seja-me permitido co mentar o ultimo item da minha agenda politica — “o recesso da ideologia”. (Note-se que falo do recesso” e não do “fim da ideo logia”. ..)
A política internacional foi atormentada, ao longo de todo -este século, pela furiosa investida ■de duas ideologias: o comunismo <e o nazismo e, subsequentemente, pela confrontação da guerra fria.
lado, a afinidade ideológica não conseguiu apagar as rivalidades tradicionais/ resultantes -de de putas territoriais ou instigadas pela busca de esferas de influen cia, como bem o demonstra o con flito sino-soviético.
Em razão da sua fundamental importância e natureza contro vertida, o “pacote da détente!’,' negociado em Helsinque, merece -ser observado de perto.
O caminho da “détente” está sujeito a cobrir-se de surpresas, armadilhas e recuos ocasionais, resultantes de ia) diferenças de motivações, (b) comportamento assimétrico. 1
As motivações soviéticas para a “détente” parecem bastante cla ras. Há um objetivo poZíííco —● alcançar o reconhecimento do “status quo” na Europa Oriental; um objetivo econômico, isto é, absorver empréstimos e tecnolo gia ocidental; e duas motivações estratégicas — ratificar a parida de nuclear com os Estados Unidos, recentemente alcançada, e liberar recursos para uma eventual con frontação na frente oriental. As motivações do Ocidente são de algum modo menos pragmaticas e consideravelmente mais impreDo angulo econômico, o
cisas, objetivo maior é aliviar o onus armamentista, a fim de liberar re cursos para o Estado previdencial e, embora isto possa parecer ante cipação ilusória de desejos — per mitir uma intensificação da assis tência ao desenvolvimento dos países pobres. Do angulo político, há um objetivo positivo de expor as sociedades fechadas do Leste à >9
Estamos avançando agora uma era em que a negociação te naz, baseada na “Realpolitik”, ●está começando, embora de I para ma neira ainda hesitante, a substi tuição da confrontação, baseada na ideologia. A prova mais dramatica deste novo enfoque pragmá tico foi naturalmente a visita do presidente Nixon à China, crian do um “equilíbrio de suspicacia” ■entre os dois polos do império ●comunista. Mas houve outros epi sódios, tais como a “Ostpolitik de Willy Brandt e recentemente o Primeiro Acordo SALT e a Con ferência de Helsinque, De outro
contaminação pelos ideais demo cráticos e valores econômicos oci dentais, na esperança de erosarIhes a agressividade ideológica; e, sob o aspecto negativo, a expec tativa fundamental de que se a “détente” significa alguma coisa, deveria levar ao enfraquecimento da política do Leste, de infiltra ção proselitista, de incitamento à subversão e de exportação de re volução para o Mundo Ocidental. É aqui naturalmente — afora o problema técnico da verificação da observância na limitação de ar mamentos — que se encontra a maior cilada no esforço de “dé tente”. Pois o padrão tradicional de comportamento dos dois cam pos é absolutamente oposto: en quanto o Ocidente prega a tole rância ideológica, o Leste prati ca a rigidez ideológica. O Leste, consciente ou inconscientemente, espera que as economias de mer cado do Ocidente e suas institui ções democráticas se exponham à possibilidade de erosão dos seus padrões de valor através da infil tração, subversão ou ação corro siva interna dos partidos comu nistas; mas ao mesmo tempo se recusa a aceitar desvios da “pu reza socialista” na sua própria es fera de influencia. Alguns dos partidos comunistas ocidentais estão empenhados em alcançar respeitabilidade politica pela es colha da via eleitoral, de prefe rência ao caminho revolucionário para o poder, mas inferências ominosas podem ser tiradas da dife renciação recentemente cunhada (e não negada pelas fontes sovié ticas) , entre “maiorias aritméti¬
A menos queo=-
cas” no processo eleitoral e o con ceito ainda indefinido de “maiorais políticas”... haja, daqui por diante, algum grau de simetria de comporta mento entre- os dois campos, esforço de Helsinque terá sido um exercício corajoso mas frustrado,, a desaparecer cedo na bruma da. história!
O ROTEIRO ECONÔMICO
Passando agora à agenda econô mica, referir-mc-ei, de início, aa que, por falta de melhor de_signa- ção, denominarei a “ascensão dos conglomerados”. Há três aspectos, principais:
— a formação de agrupamen tos regionais de comércio ou de^ associações setoriais.
— o surgimento de empresas multinacionais.
— a concentração econômica, interna através de fusões.
Dos blocos de intercâmbio re gional, de longe o mais importan te é a CEE, que abrange quase 40% do comércio mundial e acima de 20% do PNB mundial. Atravésuma rede de acordos especiais de comércio com países em desenvol vimento da África, da Ásia e do Caribe (a Convenção de Lomé) ecom os países da Bacia do Medi terrâneo, a CEE tornou-se de tal forma um conglomerado comer cial gigantesco que os países nâoparticipantes começam a inquie tar-se com a discriminação in justa que sofrem e com as distor ções dos padrões de comérciooriundas do sistema preferencial da CEE. No Mundo do Leste, o COMECON, responsável por apro-
■dino e o Mercado Comum CentroAmericano na América Latina assim como os movimentos inci¬ pientes de integração regional na África e na Ásia, ainda não tom grande porte nos negócios mun diais.
Outros tipos de agrupamentos ●de intercâmbio, direcionados não para regiões geográficas mas para setores específicos e produtos de, “base, nunca suscitaram preocupa ção dramática até o aparecimen to da OPEP (ao despontar da cri se energética). No futuro, podese esperar que muito maior aten ção seja dada aos acordos de pro dutos de base e cartéis de maté rias-primas. Com efeito, é impro"vável que os produtores de maté rias-primas se resignem, daqui para frente, à dócil posição de tomadores de preços; eles procu rarão antes compactar-se, com o fito de exercer influência deter minante sobre os preços pratica dos no comércio mundial.
AS MUI DIFAMADAS MULTINACIONAIS
ximadamente 16% do PNB mun dial e por cerca de 4% do comér cio internacional,é a réplica da ●CEE. Os outros agrupamentos reLAFTA, o Grupo Anentender, excessivamente sobres timada) capacidade de manipula ção política nos países-anfitriões. Há tal pletora de literatura sobre as multinacionais que me limita rei a algumas rápidas observações. As multinacionais estão agora en tre a cruz e a caldeirinha. No seu principal país dc origem, os Es tados Unidos, são acusadas pelos sindicatos trabalhistas dc expor tar empregos, enquanto os políti cos as censuram por onerar o ba lanço de pagamentos, através de exportações de capital. Nos paí ses-anfitriões, o seu próprio porte as expõe à suspicácia de interfe rência política. Ou, então, são acusadas de decidir sobre níveis de produção e exportação, como função da sua estratégia global, mais do que em razão dos interes ses nacionais; ou de deformar os hábitos nativos no sentido de pa drões de consumo perdulário de sociedades afluentes; ou de mi nimizar o ônus fiscal pela mani pulação conveniente de preços de comercialização entre subsidiárias em diferentes paises, ou de asfi xiar débeis competidores nacio nais, a fim de ganhar poder de monopólio. Conquanto haja uma pitada de verdade em tais criti cas, 0 fato é que as multinacio nais são o melhor instrumento até hoje engenhado para alcançar a transferência de tecnologia, interconectar mercados internacio nais de capitais e promover inter câmbio inter-regional. Dada a panóplía de poderes à disposição dos governos, não está acima da capacidade, mesmo dos mais fra cos paíSes em desenvio.vimento. gionais
O surgimento das empresas multinacionais, como forma efi ciente de organização econômica, capazes de controlar uma porção substancial da produção e do co mércio mundial, não é natural mente um fenômeno novo, mas só recentemente começaram elas ser dramatizadas, em grande parte por causa da sua (no meu a
iiiduzir as multinacionais, por negociação, persuasão ou compul são, a reconciliar suas estratégias globais com os interesses nacio nais racionalmente definidos. A receita para os países em desen volvimento não é certamente fe charem-se à contribuição tecno lógica, financeira e comercial das empresas multinacionais, mas antes (1) diversificar-lhes a ori gem de maneira a promover com petição mais do que colusão; (2) e fortalecer o empresário nacional através de assistência financeira e técnica, assim como de judiciosa aplicação das leis antitruste. Não posso fugir à impressão de que a prepotência das multinacionais será função direta do grau de in competência dos governos...
isto é. fortalecer as empresas eu ropéias contra a concorrência das gigantes firmas americanas. Nos Estados Unidos, tudo indica que o apogeu dos conglomerados foi na década dos sessenta. Desde en tão, desilusões financeiras suces sivas lançaram duvidas sobre a efetividade da administração con junta do unidades complotamcntc heterogêneas, frequentemente aglutinadas com imprudência e açodamento. Aiém disso, a legis lação antitruste tem exercido pa pel inibitorio.
Em vários outros países, a van tagem das economias de escala é ainda uma consideração dominan te, de tal sorte que não é prová vel que o movimento para a for mação de conglomerados venha a ter abrupta solução de continui dade. FUSÕES E CONGLOMERADOS
Paralelamente à ascensão das empresas multinacionais no cená rio internacional, tem havido, no contexto interno dos paises, um movimento de concentração eco nômica, através de fusões e aqui sições de controle (“takeovers”). Conglomerados familiares eram naturalmente um animal conhe cido na paisagem japonesa e ale mã, mas foi só recentemente que os conglomerados diversificados assumiram maiores proporções no Mundo Ocidental. A motivação pode ser (a) alcançar economias de escala e conter custos adminis trativos gerais, ou (b) diversificar atividades e dispersar riscos. Na i*ecente inflexão européia em dire ção aos conglomerados, houve também um impulso defensivo,
UM REPERTÓRIO DE CRISES
A colheita contemporânea de crises é embaraçosamente abun dante, dentre as mais relevantes, a crise do sistema monetário internacio nal, a crise inflacionária e a criseenergética. Concentrar-me-ei ago ra na crise inflacionária e depois mencionarei de passagem o pro blema energético, como um sub produto da minha palestra sobre a nova confrontação Norte-Sul, ou a “confrontação de T com T, como prefiro chamá-la.
Poder-se-iam mencionar,
A NOVA FACE DA INFLAÇÃO
Dificilmente se pode contestar que a atual febre inflacionária que
_ ameaça a própria estrutura das sociedades ocidentais é um animal novo. Em primeiro lugar, mostrase muito mais rebelde à medicina convencional do que as formas antigas de inflação. Já não pode ser menosprezada como um sinal de lassidão moral ou como uma doença tropical, pois embora de testável, aparenta ser um hóspe de permanente. As razões sao si multaneamente conjunturais. poder-se-iam listar a rigidez dos salários e preços administra dos; a ascensão da economia de serviços, em que a produtividade (mas não os salários) crescem a ritmo mais lento do que na
a década dos sessenta em alguns latino-americanos, mas países comparativamente um novo intru so nas sociedades industrializadas.
Os economistas, exataniente como os generais, sempre estiveram preparados para combater a últi ma inflação ou recessão até à morte, pois tinham receitas tanto para a inflação quanto para a re cessão, mas não para ambas siestruturais e multâneamente...
Dentre as primei- Em terceiro lugar, as caracte^risticas viciosas da nova *‘stagflation” ou “slumpflation” cria ram tensões e pressões que lan çam duvida sobre a .adequação dos atuais arranjos políticos e ins titucionais na maior parte das sociedades de estilo ocidental. Mesmo os sistemas democráticos bem estabelecidos estão começan do a sentir a investida da infla ção bidigital. O desconforto po lítico decorre de dois fenomenos associados: o hiato temporal e a assimetria. O hiato temporal é composto de três partes: a tardança técnica em identificar as raizes causais da inflação; a tardança administrativa em sancio nar políticas monetárias, fiscais e de renda apropriadas; e a bre cha operacional entre a aplicação de políticas e a colheita dos re sultados. Dadas as presentes formas de rigidez salarial e de preços administrados, estç hiato temporal tem aumentado constantement.e Mas o que é um “hiato” para o economista é um “pesade lo” para o político. .., ras, um indústria manufatureira (embora isto possa ser alterado pela revo lução do computador); o compro misso governamental com o evan gelho do “desenvolvimentismo”; a ascensão do Estado assistencial; e a intolerância política em rela ção ao desemprego. A seguir, dentre os fatores conjunturais, poderiamos listar a crise tempo rária da oferta de matérias-pri mas e a aguda ascensão dos pre ços do petróleo em 1973; a permissividade monetária criada pelas taxas flutuantes e a multiplica ção de instrumentos financeiros de quase-moeda; o desenvolvi mento fenomenal dos mercados internacionais de capitais fora do alcance do controle dos ban cas centrais.
Em segundo lugar, enfrentamos um novo monstro hibrido ‘estagflação” (“stagflation”), depressinílação” (“slumpfla tion”) — bem conhecidas desde agora — a ‘ O segundo problema é o da Todos são contra a assimetria. inflação, mas os remédios contra <1 ou
a inflação são também muito im populares. Paradoxalmente, po dem ser eles ainda mais impopu lares do que a própria inflação, porque muitas vezes afetam seto res mais capazes de vocalizar pro testos — sindicatos que se agitam com controles salariais, homens de negócios que protestam ruido samente contra restrições crediticias, politicos, que se ressentem com a amputação dos benefícios para os seus eleitorados.
Três lições podem ser extraídas dos esforços anti-inflacionários das sociedades modernas. Em pri meiro lugar, consultas eleitorais, muito frequentes parecem incom patíveis com uma política antiinflacionária coerente e efetiva e podem, na verdade, levar a pa drões de comportamento do tipo “stop-go”, com 0 relaxamento das políticas, antes de tornarem-se efetivas.
A segunda lição indica que deve haver substancial delegação de poder ao Executivo, a fim de ha bilitá-lo a orquestrar as políticas monetária, fiscal e de renda. Uma vez que a passagem de leis fiscais é lenta, pois que frequentemente se emaranha em problemas de es trutura e reforma tributária, o Poder Executivo tende a sobresti mar a política monetária. Esta, em caso de inflação de custos, conduz a resultados impalatáveis, com elevado desemprego, “slumpfiation” e a reação política adver-
nejo da recente inflação, produz um bem-vindo grau de humildade da parte dos políticos e economis tas, que não mais pretendem co nhecer as receitas de disciplina social e viabilidade econômica. Isto deveria produzir um grau maior de tolerância em relação à pluralidade de sistemas políticos nos países em desenvolvimento. Nesses países, premidos pela po breza e 0 desemprego, a ansia pelo crescimento pode levar a soluções autoritarias. Temos de reconhe cer a impossibilidade de soluções uniformes, moldadas pelo padrão político ocidental, para o delicado e vital escambo entre a liberdade e a disciplina social, o bem-estar e a acumulação de capital, a es tabilidade de preços e o cresci mento econômico.
INDEXAÇÃO E “CRESCINFLAÇÃO”
Isto me leva a uma tormentosa questão. Se a “stagflation” é uma fera recalcitrante e se as expec tativas inflacionárias estão agora profundamente entranhadas na estrutura das sociedades ociden tais, faria sentido adotar técnicas de “contabilidade de inflação” ou “indexação” que, minimizando as rupturas e desajustes causados pela inflação, poderíam capacitarnos a mudar o rumo do cresci mento? Deveriamos, em outras palavras, tentar substituir a “stagflation” por uma nova teo ria da coexistência relutante — crescinflação” (growthfla'« , t T J sa. a A terceira lição ensina que o exito indiferente, ou talvez os di ferentes graus de malogro, dos países mais importantes no mation”) ?
Intensa controvérsia foi desper tada por uma audaciosa experiên-
cia brasileira nesse sentido, no decurso de anos recentes. Visto que na minha anterior e contro vertida encarnação como ministro do Planejamento, tive algo a ver com a teoria da “growthflation”, alguns comentários, que espero não destituídos de objetividade, me poderíam ser permitidos no tocante às vantagens e ciladas da indexação.
Não é certamente uma formula miraculosa^ Visualizo-a antes como um recurso de segunda pre ferência, de que se lança mão quando não há perspectivas de restauração da estabilidade de preços, sem (a) desemprego inaceitavelmente elevado e (b) peri go de contragolpe politico conducente a políticas de “stop-go”. Se os governos se sentirem confiantes na restauração da estabilidade de preços sem severo desemprego, e portanto sem o risco de um retro cesso político, farão melhor evi tando a indexação com suas com plicações. ..
Não se pode esperar da indexa ção mais do que ela pode dar. Não é certamente um instrumento para combater a inflação. Seu objetivo é mais modesto: é sim plesmente neutralizar as distor ções causadas pela inflação. O ataque à inflação deve residir numa sincronização de políticas fiscais, monetárias e de renda, as duas primeiras mais efetivas no tratamento da inflação de de manda e a última indispensável, se se tiver de lutar com a infla ção do custos.
Mas se a indexação não é for mula mágica, de outro lado, al-
gumas censuras e criticas fre quentemente contra ela levanta das são claramente incorretas, primeira objeção sustenta que ela consolida expectativas inflacio nárias. Bem, acredito, como se mencionou antes, que as expecta tivas inflacionárias em todas as economias de mercado de estilo ocidental se tornaram nossos convivas permanentes. A opção real é entre expectativas desorga nizadas e especulativas, e expecta tivas disciplinadas. Se os contra tos são sujeitos a reajustamentos à luz de Índices conhecidos, have rá menos tentação de antecipar exageradas reivindicações sala riais para defesa contra inflação futura, pois isto, em verdade, faria da inflação futura uma profecia auto-realizadora. Além do mais. os preços dos bens para entrega futura não necessitarão ser inflacionados pela estimativa que cada empresa individualmente fizer da necessidade de cobertura antinflacionária.
A segunda objeção é de que a indexação reduziría os lucros fis cais inesperados, do governo. Vejo apenas méritos e não demerito, em tal resultado. A tributação de valores reais e não de valores con- ^ tábeis históricos preserva a capacidade de investimento das em- ^ presas e portanto alarga a base (i da tributação, ao mesmo tempo . em que também evita pressão ín- flacionária sobre o sistema credi- j ticio, para atender a pagamentos | de impostos sobre lucros ilusórios, C situação que está ocorrendo hoje à em numerosos países. Com rela- % ção a impostos sobre renda pes- U
soai, 0 lucro fiscal inesperado do governo é também ilusório, por que induz incrementos salariais compensatórios, a fim de restau rar o equilíbrio anterior ao im posto: iludem-se os governos se pensam que podem alcançar lu cros fiscais pelo simples fato de evitarem a indexação de limiares de impostos.
A terceira objeção está centrada na ilusão monetária dos assala riados. Pretende-se que, na au sência de indexação, os assalaria dos possam consolar-se com a ilusão monetária e reclamar rea justamentos salariais inferiores à taxa de inflação, facilitando assim o controle da ascensão dos preços e evitando crescimento do desem prego. Este é um. argumento cí nico, desagradavel e provavelmen te irrealista, no plano econômico. Os assalariados, na ausência de indexação, podem por algum — mas não por muito tempo — acei tar declínios no seu salário real. Mas finalmente descobrem que estão sendo ludibriados e começam a lutar por aumentos salariais acautelatórios. Necessitamos afi nal de uma doutrina, não de um expediente para combater a in flação. ..
O quarto argumento é o temor do empréstimo com relação aos empréstimos com indexação, que poderíam ter efeitos desencorajadores sobre o animo de investir. A indexação de empréstimos a prazo pode claramente trazer desincentivo temporário ao investi mento empresarial, se a empresa estiver habituada a pagar taxas de juros negativas. Mas a médio e longo prazo, a contabilidade rea-
lista tem suas vantagens. Restau ra a função alocadora das taxas de juros em favor de investimen tos mais produtivos e permite créditos a mais longo prazo, por que se o mutuante for protegido contra a erosão inflacionária, tormuito mais facil desenvol-
na-se ver um mercado a longo prazo para poupanças e empréstimos.
Se, de outro lado, os fundos mu tuados sofrerem erosão inflacio nária, o mutuante terá de confiemprestimos de curto sobrecarregar as taxas nar-se a prazo ou para períodos mais longos.
nomos
O quinto argumento contra a feedback” negatí- indexação é o Este é um argumento mais tem sido exagerado. vo. mas serio, Afinal, a indexação reconhèce e registra a inflação passada; não causa a inflação, assim como o termômetro registra a febre mas Há, contudo, uma não a causa, pitada de verdade no argumento do “feedback”, na medida em que indexação garante, em verdade, mais ágil disseminação dos im pactos inflacionários através do Isto tem, entretanto, a de evitar a criação de a sistema, vantagem distorções entre diferentes setoPoderia, é forçoso reconhe cer, tornar-se um mecanismo ex plosivo, se houver expuxes auto- de custo, continuamente transmitidos ao sistema econômi co. através da indexação. Mas a solução para esta dificuldade, su ponho, é adotar políticas gerais antiinflacionárias, através de ad ministração da procura global e de controle do empuxe autonomo dos custos. A solução não reside res.
em evitar-se a indexação, por quanto esta pode trazer efetiva mente contribuições uteis no sen tido de neutralização das distor ções da inflação, sem prejuízo dos esforços que há mister fazer para controlá-la.
A NOVA CONFRONTAÇÃa
Com mais fadiga do que satis fação, passo agora, para alívio do auditório, ao último item da mi nha agenda, a confrontação Norte-Sul (ou a “confrontação de T com T”, ou seja, entre as zonas tropicais e temperada, como prefiro chamá-los, porque a Aus trália, a Nova Zelandia e a Áfri ca do Sul dificilmente poderíam ser chamadas de países subdesen volvidos. ..-.
Coincidindo com a distenção política entre o Leste e o Oeste, o conflito de “T com T” está for mando ásperas arestas, enfeixando países subdesenvolvidos de di ferentes ideologias, em busca de melhor negociação frente ao Nor te industrializado. Esta confron tação há muito tempo se delinea va no GATT, na UNCTAD vários outros órgãos das Nações Unidas, mas foi enfocado particular relevo pela crise gética.
A ascensão abrupta dos preços de petróleo ao final de 1973 teve, em verdade, quatro efeitos dife rentes: (a) monetário, que foi de início inflacionário (em razão dos custos mais elevados da energia) e depois depressivo, em razão dos ajustamentos necessários para cobrir o déficit comercial; (b) o e em com ener-
efeito balanço de pagamentos, resultante da transferência de liquidez para os países da OPEP; (c) o efeito tecnológico, devido à busca de fontes energéticas al ternativas; e (d) efeito político, decorrente de mudanças no equi líbrio de poder em favor de pro dutores primários.
Concentrar-me-ei apenas no último destes efeitos. No inundo industrializado, a crise energéti ca gerou crescente percepção da finitude dos recursos de maté rias-primas — os “limites do cres cimento”. No mundo em desen volvimento, despertou a consci ência de que, através da cartelização e da coordenação do mer cado, os produtores de matériasprimas poderíam aspirar à parti cipação no processo decisório do comércio mundial, de preferên cia a resignarem-se fatalisticamente à posição de vítimas dos preços. Houve naturalmente do lorosas decepções, desde que mui tos países em desenvolvimento sobrestimaram seu poder de bar ganha recém-adquirido. De um lado, o petróleo é, em verdade, um produto básico muito especial e o modelo de cartel de produtores da OPEP não pode ser aplicado com o mesmo grau de êxito a ou tros produtos; nestes, os produ tores são mais numerosos e disse minados, à substituição de pro dutos mais fácil, os custos de estocagem mais elevados, enquan to que a escassez de divisas tolhe a observância da disciplina de co mercialização. De outro lado, o processo de ajustamento ao défi cit de petróleo fez uma inflexão '
manufaturas intensivas de mãode-obra, provenientes de países em desenvolvimento. Na esfera fiquando foram criados perversa: a maior parte dos paí ses industrializados logrou dimi nuir o seu hiato de pagamentos, seja pela redução das importa ções, através da recessão, seja pe la elevação dos preços das expor tações de manufaturas. Em qual quer caso. os grandes perdedores no processo foram os países em desenvolvimento carentes de pe tróleo, cujo déficit se elevou paripassu com o estreitamento ~do hiato comercial dos países indus trializados.
Seja como for, há um senti mento crescente nos países mais pobres de que eles necessitam e merecem melhores oportunidades no comércio mundial. Embora al gumas vezes se propalem reivin dicações irracionais e tramas in ternacionais sinistras sejam res ponsabilizadas por algo que de fa to resulta de políticas internas er rôneas, os países em desenvolvi mento têm boa dose de razão pareclamar uma “nova ordem internacional''. Pois as atuais or ganizações internacionais de co operação econômica foram de fa to estruturadas num sentido fa vorável aos interesses dos países industrializados. O GATT. por exemplo, teve êxito, na prática, apenas no que respeita à redução das barreiras tarifárias e isto foi proveitoso ao comércio de manu faturas —, embora deixando relativamente intocadas as barrei ras não-tarifárias. Estas tomam a forma de quotas, restrições quantitativas e subsídios à pro dução interna, que são particular mente detrimentosos às exporta ções de produtos agrícolas e de
nanceira, os aireitos especiais de saque no Fundo Monetário Internacional, 70% da nova liquidez foram des tinados Si assistir os países com maior participação no comércio mundial e nenhum acordo se ob teve, até agora, quanto ao seu uso financiamento do desen- para o volvimento econômico. O impulso exportador dos países industriali zados é usualmente visualizado exibição de competividade e como eficiência, enquanto esforços si milares de produtores de texteis e calçados nos países em desen volvimento são pitorescamente descritos como “ruptura de meicado”. Nos paroxismos da pre sente recessão, os países indus-cada 'vez trializados mais ao que o professor Ralph Dahrendorf chama o “Talidomida do protecionismo”, tentando con trair seu desemprego exportan do-o aos países mais pobres.
recorrem
acordos sobre produtos de vistas à estatização de Os base, compreços e ou de rendas de produ tores primários só têm sido acei tos com relutância, sendo que os países mostram maior interesse pelo as pecto da “garantia de suprimen to”, em favor dos consumidores, do que pela “garantia de renda”, em benefício dos produtores. Não é de admirar, portanto, que os produtores primários se empe nhem com frequência em esfor ços ingênuos de cartelização, a fim de melhorar seu poder de barindustrializados sempre
ganha. Não é também de admirar que, embora alguns deles — pre cisamente os mais pobres nham sido mais dolorosamente atingidos pela ascensão nos pre ços de petróleo, nutram invejosa admiração pela capacidade dos paises da OPEP em desafiar a ordem estabelecida”, mudando assim do papel passivo de toma dores de preço para üma posi ção ativa de determinadores de preços no comércio mundial. Poder-se-iam multiplicar exem plos de desigualdade da presente ordem internacional com o seu tratamento igual dos desiguais”. Incumbe-nos demonstrar, atra¬
u
vés do diálogo e da negociação, essa mina perigosa de confronta ção. Pois seria verdadeiramente melancólico, se a distensão polí tica, alcançada a duras penas en- ● tre o Leste e o Oeste, tivesse de ser anulada por uma confronta ção ainda mais amarga entre a minoria rica e a multidão pobre. O mundo seria, em verdade, um lugar mais suave, e a paz mais segura, se tivéssemos de reconhe cer que chegou o tempo em que, como escreveu Shakespeare: ' “... the fat ribs of peace, must now by the hungry be fed upon”.
UNIDOS:- EVOLUÇÃO DA SIDERURGIA
~ As últimas ciam nm a ®rican Iron and Steel Institute dos Estados Unidos, eviden- ca^ TnrnHn? ° estacionário, na produção siderúrgica norte-ameri- de 2 9 Tn?lhnar5^^° mantem-se há algum tempo a uma média aproximada tivo dpn? aço semanais. Mas o fato mais significa- me?ra vez des/p comunicado do Instituto está em que, pela pri- relação ao neríndn ^ produçao apresenta uma leve contração com STõ de fhín Hn ® ano passado: desde primeiro de janeiro 42 378 000 tnnplaíta curso a siderurgia norte-americana produziu SoduzidL nn 0,4% às 42.566.000 toneladas produzidas no período correspondente a de 1973. Este resultado, na opi- parece indicar uma pausa na tendência ascendente durava há 18 meses. A indi- ®n^etanto nao e interpretada, por enquanto, no senüdo pessimista, dado que, com base nas encomendas pendentes nas siderúr gicas, e mais que provável que o atual ritmo de produção possa ser man- üdo ainda que durante vários meses. De qualquer forma, parece quase certo que em 1974 a produção global de ação da união não marcará novos progressos, essa previsão se ajustaria aos prognósticos dos anahstas inter nacionais, segundo os quais o “boom” do aço registrado no ano passado tem poucas probabilidades de se repetir este ano, não apenas nos Estados Unidos mas em muitos outros países.
UM PREFACIO
DARIO DE ALMEIDA MAGALHÃES
STE é o retrato de corpo intei ro de um lutador de têmpera excepcional e de um extraor dinário realizador. Traçou-o, com fidelidade, compreensão, critério objetivo e arte de escritor, João de Scantimburgo, valendo-se do tema, com a sua cultura e in clinação pelos amplos estudos his tóricos e sociológicos, para recons tituir a época e o meio em que vi veu e trabalhou José Ermírio de Moraes — do começo deste século até 1973 — quadra em que mais sensivelmente se modificaram a fisionomia e a estrutura econômica e social do Brasil.
José Ermírio de Moraes foi ho mem do seu tempo, e se integrou, como figura exponencial, no di namismo criador e renovador que o nosso país conheceu, de ma neira quase sempre desordenada e tumultuária, nos anos que se seguiram à primeira guerra mun dial, e principalmente a partir da década de trinta, quando, por efeito da profunda crise mundial, uma nova mentalidade e uma nova compreensão, mais aberta e audaciosa, passaram a impulsio nar os nossos empresários, exigin do espírito criador e maior arrojo e confiança nos empreendimen tos, para dar nova estrutura à eco nomia, apoiada, até então, limi tada e debilmente, na lavoura cafeeira e num tímido e estreito parque industrial.
O conhecimento da vida e da obra de José Ermírio de Moraes
O ilustre advogado, Dario de Al meida Magalhães, escreveu o pre fácio da biografia do industrial José Ermirk) de Moraes, escrita por João de Scantimburgo. Damos a seguir o texto respectivo
mostra como a sua caminhada se marcou por lutas árduas e sem tréguas, que puseram à prova a sua fibra, a sua pugnacidade, a sua decisão, e, sobretudo, a sua capacidade de conduzir-se vito riosamente, enfrentando, não raras vezes, situações tormento sas. E tudo foi conquistado com suor e sacrifício, calejando as mãos e exigindo ao máximo a re sistência dos nervos, a partir do passo inicial, quando um acaso feliz do destino lhe propiciou a oportunidade de colaborar numa organização industrial em fase incipiente, ao mesmo tempo que lhe trouxe a ventura de encon trar a companheira de grandes virtudes, que lhe amenizou a vida de combates e com ele formou um lar tranqüilo — refúgio de paz que ele sempre encontrou apoio, solidariedade, conforto e estímulo para a dura existência de trabalho absorvente e sem pausa.
José Ermírio de Moraes se bene ficiou, na sua educação e na sua obra de realizador, da influência de dois lares que a mãe viúva lhe deu o exemem o materno, eiri
plo da responsabilidade e do amor ao trabalho, assumindo a administração de um pequeno engenho de açúcar, e mandando o filho, ainda adolescente, estu dar nos Estados Unidos, e lá man tendo-o, durante todo o período da guerra de 1914/18; e aquele que constituiu pelo casamento, assistido e confortado pela espo sa dedicadíssima, e no qual pôde educar os filhos, na mesma es cola de severidade e de trabalho que conhecera na infância, para lograr o resultado que alcançou como a maior recompensa a que poderia almejar — de fazer deles os seus continuadores capazes, como comprovadamente o são.
Nesse prêmio que mereceu do destino estaria a sua maior ale gria e a fonte fecunda de sua energia, do seu gosto e entusias mo pela vida. Porque a sua exis tência se desdobrou, sem interrup ções, entre o lar e o trabalho. Nin guém menos atraído pelo mundanismo, mais avesso aos prazeres e às diversões; ninguém mais desti tuído de vocação hedonista. O prazer sadio — pois era alegre e expansivo na intimidade, às vezes mesmo exuberante — ele só o en controu na casa e na oficina (pois era nas fábricas, vendo produzir, que ele melhor se sentia do que no escritório,. nas tarefas buro cráticas das empresas) ; tudo o mais era perda de tempo e desvio sem seduções e atrativos.
Se era o contrário do hedonista, também não tinha o menor traço da mentalidade burguesa, o espí rito do desfrutador de riquezas, e, muito menos, o do “rentier” cau teloso e egoísta.' Era inflamado
pela paixão dominadora de criar e realizar, de empreender e cons truir. Era uma paixão indomá vel, impulsionada por uma força superior e invencível, alimentada pelo gosto do risco e a índole de pioneiro. As tarefas difíceis o se duziam especialmente. Por isso, se qualificou, sem contraste, entre nós, como o brasileiro mais arro jado no aproveitamento, com re cursos próprios, para fins indus triais, das riquezas do nosso sub solo e penosos, pelos riscos que ofere cem, pelas inversões vultosas que reclamam, e pelo largo tempo ge ralmente exigido para a remune ração do capital empregado. Essa sua mentalidade de empre sário se refletiu sempre nos seus empreendimentos comerciais e in dustriais: das várias dezenas de empresas que criou, nenhuma se destinou a negócios de pura espe-culação, tão sedutores em fases > inflacionárias. E para enfrentar, ” plenamente e com segurança, os riscos das realizações e a total responsabilidade do comando (era um temperamento por natureza absorvente), fazer face às exigên cias do aperfeiçoamento técnico e atender ao próprio desenvolvi mento da sua organização, duran te anos e anos, as sociedades in tegrantes do seu império não dis tribuíram dividendos, invertendose, na sua expansão e no aumento da produtividade, a totalidade dos lucros auferidos. E o seu objetivo nunca foi o gozo da riqueza, fiel sempre aos seus hábitos morigerados e sóbrios, porém, o de gerar instrumentos de criação e de tra balho. empreendimentos difíceis f s
José Ermírío de Moraes foi, assim, mais um testemunho da justa observação feita por Roger Priouret dos que produziu sobre “Les managers européens” — de que o di nheiro “n’est pas la seule motivatlon des managers”; e quando, focalizando especialmente os aus teros industriais da Suíça e dos Países Baixos, destaca a “religion de 1’investissement quí justifie les sacrifices dans le train de vie des industrieis pour ameliorer l’equipement Fentreprise”.
Por tudo isso, foi com legitimo orgulho, e sem jactância, que. de fendendo-se de ataques impiedo sos, pôde ele declarar, com entono, da tribuna do Senado: "Mi¬ nha vida tem sido de trabalho, trabalho e mais trabalho, visando contribuir para o desenvolvimen to deste grande país”. E enume rou algumas de suas lutas mais árduas, enfrentando interesses e pressões poderosas, ao mesmo tem po em que, para calar as ' ções do agressor, referiu as mais importantes obras de assistência social por ele realizadas, nas empresas e fora delas, como tudo pode-se ler no discurso que está reproduzido, em parte, nas pági nas 275 a 278 deste livro — dis-
Ingênuo e insensato ministro, que não conhece nem a nossa cruz, nem as nossas forças para car-
mesmo um
vinha
nos interessantes estu- regá-la”. Nesse lance, se encontra o tes temunho vivo da bravura, do âni mo intimorato, da energia moral de José Ermírio de Moraes, de monstrados em vários outros epi sódios de sua vida. dência, nem a conveniência o ca lavam, quando ferido nos seus brios e no seu amor-proprio. Eia lutador de rcacões es pontâneas e incontidas, sem ma lícia e sem manha, nos seus mé todos de combate. A sua reaçao instintiva, pronta e altiva, como no episódio recordado — especialmente expressivo, pois enfrentava, com a sua critica, um governo hostil, detentor de pode res discricionários, e era ele espe cialmente visado na ocasião por adversários e competidores, pela orientação que seguira ao ingres sar na política.
msinua-
suas
Nem a pru-
José Ermírio de Moraes viveu, então, uma quadra especialmente delicada de sua existência de em presário e de homem público — delicada e preocupante. Respon sável supremo por uma das maio-industriais do todos os vínculos de delargos flancos de
res organizações país, com -pendência e os ataque decorrentes do seu próprio circunstâncias vida arma como ciladas do curso que terminou com esta de claração desafiadora de José Er mírio de Moraes, ao aludir às ameaças que lhe teriam sido fei tas:
prestigiosos ministros do atual governo teve a desfaçatez de, ao propor que eu calasse minha voz neste Senado, dizer a um de meus filhos que, caso contrário ‘o peso da nossa cruz seria insuportável’.
"A respeito, um dos mais revolucionário dl?
gigantismo, por que a destino, fora arrastado à ativida de poliítica, como Senador pelo seu Estado natal — Pernambuco; e, nesta posição, o encontrou o movimento
1964, como representante do par tido em que se apoiava a situa-
ção deposta, substituída por um governo investido do arbítrio de cassar mandatos eletivos e sus pender direitos políticos — poder satânico usado com largueza, na primeira fase da transformação ocorrida.
Os riscos a que se expôs, então, eram graves e temíveis, por todos os motivos, dada a projeção que adquirira e os sentimentos de in veja e hostilidade daí decorren tes. O comportamento que teve, nesse transe dificílimo, foi, po rém, exemplar, da maioir digni dade e firmeza. Não poderia re negar-se a si mesmo, nem fugir à responsabilidade de seus atos. Terla que enfrentar a tormenta de ânimo sereno, sem imprudên cias ou provocações, porém, de cabeça erguida, embora consci ente dos perigos. E foi o que fez; continuou a exercer o seu mandato como sempre o fizera, discutindo da tribuna do Senado, sem inter rupções, com serenidade, porém, firmeza, todos os problemas que lhe pareciam dignos de sustentando os
dispunha o arsenal punitivo do governo revolucionário.
Desse comportamento de José Ermírio de Moraes e da influência decisiva que teve para poupá-lo a agravos e vexames, recolhi os de poimentos mais idôneos dos que ocuparam posição de responsabi lidade na situação então dominan te, e participaram dos aconteci mentos; e o .episódio honra, não só a ele, como ao saudoso chefe do primeiro governo revolucioná rio — homem de Estado da maior qualificação civica e moral.
exame, seus pontos de vista, no mesmo tom, sem tibieza, Nada pediu; não se humilhou, nem cometeu apostasias. E foi esse comportamento de irrepreensível nem recuos. digno, serio, compostura, aliado à aplicação, ao zelo e ao espírito público que se desincumbia do seu man dato, que levou um homem hon rado e respeitador das qualidades enobrecedoras do caráter 0 saudoso Presidente Castelo a resistir a todas as com como Branco pressões que recebeu para aplicar contra José Ermíii”io de Moraes um dós castigos vexatórios de que Foi lastimável
A intervenção de José Ermírio de Moraes na política foi um epi sódio extravagante, aberrante, sua vida — completamente fora da rota em que ela sempre decor reu e deveria encerrar-se. Foi uni^ desvio imprevisto e caprichoso — obra de um daqueles “acasos in constantes”, de que fala o poeta, que mudam surpreendentemente as linhas dos destinos humanos. Porque era visível que aquele ho mem — um dínamo, uma máqui na de propulsão, uma usina de energia — não tinha a menor vo cação para o parlamento, para a vida partidária, para as disputas eleitorais. E por isso entrou ele canhestramente na política, e nela certamente só conheceu dis sabores, importunações e encar gos. Entrou canhestramente; mas não saiu dela diminuído na sua dignidade, ou deformado na sua personalidade inteiriça, que resis te galhardamente à prova sofri da em circunstâncias adversas, isto sim — que a sua prodigiosa capacidade de fazer e de executar e o seu ardente espirito público não fos-
‘En-
sem aproveitados em tarefas ad ministrativas de grande porte, em fases mais tranqüilas da vida na cional. Lembro-me, a propósito, do que me disse uma vez o meu saudoso e querido amigo Augus to Frederico Schmidt — prodigio sa inteligência, especialmente do tada para 0 conhecimento dos ho mens —quando estava mais ace so 0 debate sobre a existência, ou não, de petróleo no Brasil: treguem a tarefa de pesquisar pe tróleo ao José Ermírio de Moraes, e logo o mistério será desfeito, pois ele, em pouco tempo, há de furar poços em todo o país, mobi lizando a melhor técnica e fazen do tudo com a maior gana, furio samente. Com ele, as coisas acon-
prestar ao progresso do Brasil a plena contribuição de que ele se ria capaz. E a sua incursão desa jeitada, e em hora pouco propí cia, na política, correspondeu, tal vez, a esse sentimento, de que lhe corria o dever de prestar serviços em campo mais largo do que o já dilatado de suas numerosas em presas, distribuídas por vários Es tados e empenhadas em múlti plas formas de atividade e de pro dução.
O progresso do Brasil, a reali zação do destino nacional de ri queza, força, grandeza e prestí gio, era a sua preocupação obses siva. Nunca conversei com José
Ermírio de Moraes, tratando qua se sempre de assuntos profissio nais, que ele não desviasse a con versa para discorrer, com entu siasmo, sobre um problema brasi leiro, uma questão de interesse coletivo. E, assim, fiel a si mes mo, conservou-se até o fim, até que a morte Imobilizasse o tra balhador infatigável que sempre foi, pois no trabalho estava o seu destino, a sua alegria de viver, a razão suprema da sua bela e fe cunda existência, que há de ser vir de estímulo aos que acreditam tecem”.
Era para tarefas desse tipo — tarefas desafiadoras, que exigem atributos incomuns de energia, decisão, arrojo e paixão realiza dora — que ele era talhado, e de veria ter sido aproveitado pelos nossos governos, se nestes hou vesse a preocupação de convocar sempre os mais capazes. E José Ermírio de Moraes se sentu*ia es pecialmente feliz se houvesse si do mobilizado para esses traba lhos, pois nele o espírito publico - no Brasil e lutam pela sua gran deza.
E foi pensando no Brasil que encerrou o seu mandato de Sena dor em 1969, apresentando um verdadeiro programa de governo, como legado de sua experiência, para impulsionar, em todos os campos, 0 desenvolvimento na cional — discurso cuja parte subs tancial se encontra nas páginas 316 e 319 deste livro. São algumas das diretrizes essenciais, fprmuera dominante, e o sentimento de patriotismo ardente, e mesmo agressivo, exacerbando-se em na cionalismo militante; e, igual mente, integral e sem limites, a sua confiança no Brasil.
Realizou-se ele vitoriosamente na iniciativa privada; mas sus peito que lhe ficou uma certa frustação por não lhe ter sido dada oportunidade condigna no setor público, que lhe permitisse
ladas com espirito objetivo, para acelerar-se o progresso orgânico do Brasil. É possivel formular objeções a algumas das idéias ex postas, mas não se pode desco nhecer que nesse programa tudo testemunha sinceridade, objetivi dade, senso de proporções e espí rito prático — marcas e traços que definem a personalidade de José Ermirio de Moraes, e proje tam a sua imagem como a de um
brasileiro que conquistou o direi to ao respeito e ao reconhecimen to de seus concidadãos, pelo que fez em favor do Brasil e do seu povo, e pelo exemplo estimulante que deixou às gerações que. hoje mais do que nunca, precisam ser criadas no amor ao trabalho, no sentimento da responsabilidade e na confiança no esforço realiza dor.
SUIÇA:- UM GIGANTE QUE CRESCE
— A aquisição pela Alusuisse da Suiça, dá a Lonza a base global da companhia de alumínio para pandir a produção química e a comercialização. A companhia química procurava oportunidade de produção e de mercado além de suas frontei ras; a companhia de alumínio queria expandir-se e diversificar-s e. Resul tado: a aquisição da Lonza Ltd. pela Swiss Aluminium Ltd., também cha mada Alusuisse, em janeiro. Para a Alusuisse, essa aquisiçao satisfez seu grande desejo de entrar na produção de produtos químicos intermediários e de^filme plástico. Para a Lonza, isso significou mais capital para pansão, u’a maior base internacional e a administração de todas as ativi dades químicas e distribuição e produção de energia elétrica do grupo Alusuisse. A companhia química será a unidade de produtos químicos da Alusuisse que operará independentemente. Os produtos químicos da Alu- — principalmente produtos tais como: anidrido itálico, polietileno e.cloreto de vinil — formarão uma quinta divisão da Lonza. Suas outras divisões sao: fertilizantes, inorgânicos, intermediários orgânicos e plásti cos (incluindo cloreto de vinil e acetato). Até agora as fábricas da Lonza localizavam-se principalmente na Suíça; algumas na Alemanha Ocidental e nos Estados Unidos. _0 grosso de seus negócios está na Suíça. A Lonza descreve sua fábrica integrada de niacina, em Visp, como “a maior do mundo”. Além disso, a Lonza está construindo outra fábrica em Visp para produzir a resina de acrilonitrila Barex, com tecnologia licenciada pela Sohio. A Alusuisse, por outro lado, possui fábricas por toda a Europa e é a maior produtora europeia de alumínio. Para atingir esse ponto a com panhia tomou-Qo internacional no início de sua história. Uma das razões foi a força da mao de obra relativamente pequena da Suíça. Dessa ma neira, foi muito fácil para a companhia tornar-se uma companhia inter nacional de produtos químicos. Atualmente, a Alusuisse possui uma insta lação de anidro itálico e anidro maléico próxima a Bergamo, na Itália; duas fábricas de filme de PVC na Alemanha; uma fábrica de filme de polietileno em Breda, Holanda e fabrica soda cáustica e cloro em Wilhelmshaven, Alemanha. exa exsuisse
0O GENERO BIOGRÁFICO
JOÃO DE SCANTIMBURGO
gênero biografia comporta várias espécies. De Plutarco
Vidas Ilustres a
Na introdução à biografia do in dustrial José Ermirio de Moraes, João de Scantimburgo elaborou seu conceito de biografia, como classificar o genero. com suas
●; André Maurois com suas bio grafias descritivas, toda uma variada panóplia de formas bio gráficas foram lançadas na histó ria da literatura.
Cada biógrafo procura estudar o biografado na perspectiva de seus traços fundamentais, ou nos mí nimos detalhes de sua vida. Acom panha-o do berço ao túmulo, ou destaca, apenas, os aspectos cul minantes, deixando os pormeno res de lado. São estilos diferen- Napoleão, o mais biografado dos nascidos, já o foi pelas face tas as mais diversas, em todas elas sobressaindo o géiiio formi dável que de um vilarejo perdi do numa ilha do Mediterrâneo alcançou o pináculo da glória. A biografia que Chesterton dedicou a Dickens é modelo no genero, mas não desce a minúcias; plana, o grande autor inglês, nas alturas, onde voejava o gênio do criador de Nícholas Nickleby. De Talleyrand muito se escreveu, mas as biografias de Louis Madelin, Jean Orieux, Duff Cooper diferem, sen sivelmente, na observação do as tuto, do incomparável diplomata, que atravessou mais ou menos in cólume seis regimes, inclusive o Terror, para morrer na cama. An dré Maurois escreveu várias bio grafias. Confesso que de algumas gosto e de outras não. Considero inferior ao biografado a de Bal-
zac, que merecia mais. Sartre es tudou Flaubert em três alenta dos volumes, Uidiot de la famille, inovando no gênero, quando este parecia esgotado. Que interessa numa biografia? Eis a questão. Os fatos miúdos, de que se entretece a vida de cada um de nós? Os grandes momen tos, que justificam as biografias? Sobre ser impossível captar uma vida em todos os seus mínimos atos, há pontos que não interes sam ao leitor. Dois dos maiores biografados do Brasil, Machado de Assis e Rui Barbosa, oferecem campo para os jogos do espírito, na elaboração das biografias. Mas tanto merece a homenagem dura doura das estantes a biografia de João Mangabeira, quanto a de Luís Vianna Pilho, sobre o gran de baiano. A biografia de Lúcia Miguel Pereira sobre Machado de Assis não é maior do que os es tudos de Alfredo Pujol, e uma obra contraditória como a de Agripino Grieco faz jus a tanta consideração quanto a de Mário Matos, para citar, apenas, alguns dos numerosos biógrafos de dois brasileiros ilustres. tes.
Quando, pois, nos lançamos na elaboração de uma biografia, te mos que fazer opção. Diante de nós amontoam-se os dados, as in formações, as fichas das pesqui sas. Como fazer-lhes a triagem?
A diretriz a seguir é fundamen tal, para que a biografia se com plete como um retrato do home nageado, segundo uma “escola”, se assim se pode dizer, a deste ou daquele biógrafo. De minha par te, sou antes pelo retrato ’ impres sionista do que pelo acadêmico. Procuro ressaltar os traços prin cipais, aqueles aos quais o bio grafado deve a sua personalidade no meio onde atuóu, no qual se projetou, do qual emergiu como uma figura exemplar. O biogra fado tem que ser, sobretudo, pa radigmático para se impor como uma personagem edificante por sua vida, pela conduta que se traçou, pela influência que tevt. em seu tempo, pela importância que se deve atribuir à sua obra. Fazem-se biografias de guerreiros como César, Gengis Khan, Atila, Napoleão, Wellington; de políticos como Cícero, Luís IX, Luís XIV, Luís XV, Lincoln, Churchill e tantos outros; de escritores tiveram decisiva influência seu tempo e, por via de quência, nos desdobramentos dó futuro, como Voltaire; de roman cistas que se impuseram pela grandeza de suas criações, como Dostoiewskl, Balzac, Tolstoi. O estudo de Romano Guardinl sobre O unvóerso religioso de Dostoiewski é admirável. Um teólogo mergu lha no oceano de inquietação que foi o autor de Crime e Castigo e dele extrai o drama de uma consque em seu conse-
ciência atormentada pelo pecado, pelo sobrenatural, pela existência de Deus. O Tolstoi de Henri Troyat nos conduz pela Santa Rússia que os bolchevistas procuraram ani quilar, e nos descreve os costumes de um povo de tradições milena res, com seu fatalismo, sua reli giosidade, sua cortesia, ao mesmo tempo que pinta um dos carac teres mais torpes do mundo, o do grande, do imenso autor de Guerra e Paz.
O gênero biográfico é, sem dú vida nenhuma, fascinante. Tomar uma vida e acompanhá-la pelos caminhos do tempo, segui-la em sua ascensão, em sua queda. em. sua 'glâria, em sua desventura, nos malogros que a ferretearam. nos êxitos que a galardoarani. equivale a uma viagem maravi lhosa. Não importa que seja muito grande, como César, Napoleão, Luís XIV, Lincoln, Churchill, De Gaulle e outros. Importa que tenha deixado um rastro no mun do, um sulco por onde transitem outros.
São desiguais as vidas. Nin guém 0 ignora. A passagem de Napoleão pela face da terra equiva leu a um furacão. Mas o mundo ficou diferente depois que ele assumiu um governo e lhe impôs sua personalidade forte. Chamouo Léon Daudet, o grande pole mista, estudando-o juntamente com Robespierre, Deux idoles sanglants. A presença do corso ge nial na história se. mancha de sangue, o sangue de suas guerras, para satisfazer às suas desmedidas ambições; o sangue de suas exe cuções, pois os guerreiros devem ser implacáveis e impiedosos, mas
enquanto houver história no mun do, o grande vencedor de tantas batalhas se manterá com todo o relevo em suas páginas.
Não falarei sobre os biógrafos de Cristo. O Filho de Deus não os teve. Cristo era um Deus. exegetas, mas não biógrafos, nem os pouquíssimos anos de sua vida conhecida permitem uma biografia.
Tem no
São dezenas de milhares os estu dos que foram dedicados ao rabida Galiléia, que nasceu num estábulo, sendo Augusto Imperador de Roma, e morreu na cruz, sendó Pòncio Pilatos procurador da Judéia e Tibério Imperador de RoPersonagem histórica, de se sabe, como vem nos Evan-
ma. quem gelhos, que nasceu de uma vir- da casa de Davi e de José, carpinteiro; sua genealogia São Lucas tão bem descreve; pre gou 0 reino de Deus, anunciou que todos podemos ser felizes. Basta ser simples como as pom bas e prudente como as serpentes, ou simples como as crianças.
Os teólogos, os escritores, que trataram do Cristo, se fixam nos aspectos sobrenaturais de sua mensagem, e até mesmo o cine ma para o focalizar resume-se aos últimos anos de sua existên cia. As biografias pedem mais do que oferece a vida de Cristo, nem um Deus pode ser biografado. Mas quem nasceu, crescéu, viveu na sociedade humana e dela parti cipou ao longo da vida, esse tem biografia, que se enquadra numa das espécies que mais convenha ao biografado.
ca Sartre entre os maiores bió grafos de sua e de todas as lín guas. São três volumes que en tram na personagem e dela reti ram a essência, dela mostram to das as facetas. Cada biógrafo tem uma lente especial para observar o biografado. Antes de Chesterton não havia ocorrido a ninguém chamar São Francisco de “o de magogo divino”. Depois de Ches terton vemos que o santo dos po bres e da pobreza como virtude praticou santamente uma vigoro sa demagogia, a de acorrilhar o mundo ao reino de Deus. Não é
fácil perlustrar vidas, procurar entender as almas, tentar intuir o que fizeram, sem dar a conhe cer os motivos por que o fizeram, quando praticaram ações aparen temente incompreensíveis, que um caráter límpido como o de Machado de Assis tinha certo ve xame de sua mãe, como diz Lúcia Miguel Pereira? Seria a fraque za humana, de quem subira na vida granjeara reputação e se envergonhava de suas origens? As almas cambaleiam, não raro; cimento do caráter nem sempre resiste ao peso dos nossos defei tos, que infelizmente os temos e deles não podemos nos libertar.^
Como se vê, sucintamente, o gê nero biográfico é variado, múlti plo e, por isso mesmo, atraente. Da vida aparentemente mais ári da podemos sacar a vegetação abundante dos exemplos que dig nificam.
Uidiot de la famille, como o chamavam, na família, o soberbo criador de Maãame Bovary, cologem Por um 0
Kant nasceu, viveu e em Koenigsberg. Nada Mas morreu lhe aconteceu de relevante, biógrafo paciente terá mate rial para dá-lo como exemplo de retidão moral, embora sua filoum
sofia tivesse feito um mal imenso à humanidade, com o racionalismo que degenerou na recusa da soberania da razão, na ordem das causas segundas. Que maior aventura se poderia viver do que, como Cervantes, o poderoso criador, acompanhar a viagem do cavaleiro manchego de Ocana a Quintamar de la Ordem? Do calor luminoso de Aranjuez vai-sé a Tembleque, onde come çam os traços do cavaleiro da tris te figura. Não vou descrever todo o itinerário de Don Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança. Quem puder fazê-lo em viagem, como eu fiz, não esquecerá nunca Coiisuegra, aldeia branca, como que impressa num céu azul, onde se erguiam os primeiros moinhos, contra os quais arremeteu Don Quixote. Quem o fizer se lembra rá sempre de Quintamar c>3 la Orden, o albergue de Quixote.
As peripécias das vidas são an tes para as autobiografias do que para as biografias. Devem estas contentar-se com o necessário ou ma’s precisamente, com ciai. Na geografia das
pela pureza do estilo, pelo brilho da frase, pelo cuidado na constru ção dos períodos, cujo equilíbrio só é alcançado pelos escritores de raça. Já André Malraux prefe riu dar às suas memórias o titulo sutil e excêntrico de Antimeviórias, e quem as lê verifica que essa não foi uma trouvaille do vigoroso autor de La condition humaine, mas que são efetivamen te, antimemórias, isto é, se con trapõem ao gênero conhecido co mo memórias.
Na biografia o autor valoriza procura valorizar a sua persona gem, descobre-lhe as qualidades, ressalta as virtudes, destaca notas dominantes de seu caráter e, se lhe atribuir defeitos, os sua viza. Há exceções, evidentemente.
R. Magalhães Júnior escolheu Rui, classificou-o na categoria dos mi tos nacionais, e arremeteu contra seus baluartes. Atraiu a ira dos cultores da memória do grande brasileiro, do gigante de tantas batalhas políticas, do cultor admi rável da língua, do polemista, do homem público, do erudito, do advogado, do ministro, do candi dato. E. 0 que se lança em seu passivo, não atingiu o alvo que se propôs o biógrafo. A lâmpada votiva do culto a Rui continua ser alimentada de azeite, todos os dias, de norte a sul do Brasil, em bora sejam outras hoje as condi ções de participação política, outro o estilo literário, outro o Brasil, até mesmo outra a República, que já não conserva nenhuma afini dade com a incansável, inexausta pregação de apóstolo do liberalis mo, do federalismo, de uma for ma política que não se compati-
o essenvidas, destacar os cimos, os alcantilados, deixando o sopé e os contrafortes de lado, não como resíduo inútil, mas como desnecessário materiaí na reconstituição de uma existên cia. São gêneros, evidentemente, diversos, a autobiografia e a bio grafia. No primeiro, o autor valoriza, geralmente, em demasia. Até mesmo De Gaulle, um monu mento, um César, plebiscitário, se deu uma dimensão maior do que a que teve. Suas Mernórias hon ram a língua francesa; foram es critas na língua de Chateaubriand, a se
bilizava com uma nação de_ nos sas origens, de nosça formação so- ciopsicológida, .política e espiri tual.
rio manipulador de homens, que foi 0 “defroqué bispo de Autum, o grande mas genial ladrão, o fescenino e álgido Talleyrand, que se orgulhava de possuir genealogia mais antiga do que a dos Capetos, a quem serviu, sobretudo ge nealogia mais antiga do que Napoleão, um autêntico caiona, do tado da centelha do gênio, que não aprendeu nunca as boas ma neiras, que criou uma corte onde predominava o nouveau richisme, de antigos petits bourgeois” vados às alturas de condes, du ques, príncipes e até reis, como seus irmãos e Murat.
Biografar é, também, uma arte. Exige a intuição da escolha opor tuna. Diante dos fatos que cons tituem o patrimônio de uma vida, é preciso estabelecer-lhes a hie rarquia da importância. É como faz o jornalista, em face da masde acontecimentos que sa enorme agências telegráficas, as re- noticiaristas lhe selecionar-lhes a dar-lhes o destino as eleportagens, despejam para importância e das páginas, da mais à menos im- Dir-se-á que há nessa em todas as o seguro apoio da os
Não houve grande homem que Seria portante. profissão — profissões, — vocação, mas esse mistério pro fundo da natureza humana, que distribui a humanidade pelos ofí cios alguns dos quais absurdos, é muito, mas não é tudo. Impõem-, acuidade na escolha, a antena opinião pública na
se a ligada com a opção.
No caso da biografia, o fenôme no é análogo. É preciso biografar quem interesse ao leitor aiionimo. que vai entrar pelas páginas do livro e delas extrair algum ensi namento, assimilar algum exem plo. confundir-se, o mais possível, trajetória da vida que está Quando li a biografia de va. tória. de
Jean Orieux sobre Voltaire me convenci, ainda mais do que já o era, do grande agente da revolu ção intelectual que foi o inteligen te, sagaz e habilidoso Arouet, na execução de sua obra demolidora dos valores do Antigo Regime. Louis Madelin mostra, na biogra fia de Talleyrand, o extraordiná-
não tivesse um biógrafo, interessante escrever a biografia de um homem comum. Chesterton reuniu ensaios num livro sob como esse título. Como tudo o que pro duziu 0 grande Chesterton. tam bém esse é admirável, mas ainda falta a biografia do homem co mum. isto é. a biografia do Mr. Brown, de M. Durand, do Sr. Sildo Senor Fernandes e outros que nada fizeram para serem consagrados nas páginas da his- Está aí uma sugestão a quem tiver disponibilidade tempo e gostar dos jogos florais do espirito, curioso, pois muito provável e que canse mais do que escrever a bio grafia de Napoleão, dada, eviden temente, a carência^ de material. Seria uma exceção à regra, mas, de qualquer maneira, seria um desafio. . . ,
Seria um exercício com a lendo.
Não importa que o biografado tenha sido bom ou mau. Importa que tenha assinalado sua viagem pela terra com rastros, cuja exten-
são não vem ao caso. Hitler e Stalin, dois tiranos sanguinários, já mereceram numerosas biogra fias. De Hitler têm saido várias, nos últimos tempos, nem todas do mesmo nível, mas focalizam, in variavelmente, o desequilíbrio do homem que jogou o mundo na Se gunda Grande Guerra. Paz, no entanto, muito pouco tempo para ser estudada a personalidade de Hitler, as monstruosidades de seu caráter, o segredo de sua ambição, a incapacidade que manifestou em vislumbrar a total impossibilida de de levar a termo sua aventura sinistra. É preciso esperar mais tempos, é preciso esperar que a poeira da história assente sobre sua vida, sobre a sua fulgurante trajetória, dos dias intranquilos da miséria em Munich ao túmulo do bunker de Berlim, quando lhe perto a estranha marcha fú nebre tocada pelos órgãos de Stalín, os canhões soviéticos que des truíam a antiga, orgulhosa, im ponente capital imperial do Reich
zabeth. E se a Córsega não fosse francesa, mas italiana, como é, pela origem de sua população, ainda hoje, Napoleão provavel mente teria ficado em Ajácio, plantando batatas e apascentan do carneiros. A Revolução Fran cesa teria sido diferente. Napo leão julgou-a e pretendeu cons- ■ truir sobre os seus estragos instituição para durar, vencido em Waterloo por um ge neral inglês de sua mesma idade, exatamente a mesma idade, ge neral que dispunha de tropas e de generais famosos como Blucher. Napoleão foi vencido uma
e lií cena como soava-
Se os não
Po-
Muitas vezes dei-me ao jogo da história para tentar invadir o fu turo com hipóteses. A história é imóvel até para Deus. o passado é definitivamente estável, dem-se alterar as interpretações de personagens e de acontecimen tos, mas o que passou está definitivamente passado, guns companheiros de estudo propúnhamos, entretanto, a le vantar a complicada trama das hipóteses, e chegávamos, às
Eu e alnos vezes, a resultadc» paracoxais. Que te ria acontecido se Maria Stuart não tivesse sido executada? Qual seria o destino da Inglaterra? Não teria havido o século de Eli-
Mas foi pelos exercitos inimigos e pelos imponderáveis. Saiu da retornaram os Bourbons, que não esperavam mais reconquistar o trono perdido. Dá voltas, se sabe, este atormentado mundo, voltas astronômicas e voltas so ciais, políticas, econômicas, “petits colonels” de Varsóvia tivessem a obtusidade de resistir a Hitler, talvez fosse outro o des fecho da guerra. A história não lhes guardou o nome, mas eles mudaram o seu curso. Esse uin dos paradoxos da história. Quem lê a monumental obra de Toynbee, A stuãij of History, acompanha a decadência das civi lizações, das quais fez o grande autor inglês o recenseamento de vinte e oito e acompanha, sobre tudo, a ação dos homens e das mulheres excepcionais pelo ta lento, pela coragem, pela clari vidência, concluindo, como dizia Gonzague De Reynolds, que sao eles os postes condutores da ener gia que se transmite no tempo. Caprichoso é o destino dos povos.
mas caprichoso, mais ainda, é o destino do ser humano. Se, em princípios de 1967, quando se es peculava sobre o futuro Ministé rio do marechal Costa e Silva, uma cigana tivesse aparecido na Asso ciação Comercial de São Paulo, para predizer o futuro, e dissesse que dali sairia o ministro da Fa zenda do sucessor do presidente Castelo Branco, seguramente nin guém pensaria num modesto, em bora inteligente assessor do Ins tituto de Economia Gastão Vidigal filho de imigrantes italianos, nascido no Brás e professor de economia na Universidade de São Paulo, chamado Delfim Neto. Esse entanto, o escolhido e, du rante sete anos, dominou a cena política e administrativa do go verno brasileiro. foi. no
dos, conservando a antiga colônia sob a coroa britânica?
Tudo são gratuidades do espi rito, concordo, mas vem compro var a tese de que há homens tim brados com um estranho destino, e sobressaem dentre os seus con temporâneos. São esses que atraem os biógrafos ou que são biografados. Muitos aproveitam as oportunidades, muitos, a maio ria, não as sabem aproveitar. Abundante é a literatura sobre o papel da oportunidade na vida de cada um de nós. Lembro-me do Gwuimplaine de Travailleurs ãe la mer, romance de Victor Hugo. Quando o polvo começou a envol vê-lo, para esmagá-lo no abraço final, com o último tentáculo, ele sabia que só a cabeça do monstro era vulnerável. Sua oportunidade de sobreviver estava em suas mãos, a navalha com que golpea ria, se possível o ponto fraco do terrível polvo descrito pela ima ginação ardente de Hugo. Salvou-se Gwuimplaine, por ter sa bido aproveitar a oportunidade. Outros a vêem passar, e não se dão conta dela. Perdem-na e só muito mais tarde se apercebem que a deixaram fugir. Mas como o tempo é irreversível, fluindo in cessantemente, ■ misterioèamente, inexoravelmente, sem que saiba mos quando vai ele se interromper em nossa vida, as oportunidades perdidas não voltam mais, nunca
Caprichoso é o destino do ser humano. E se César não tivesse sido assassinado por Brutus? No Júlio César, de Shakespeare, diz Cássio: vezes, donos de seus destinos. A culpa, querido Brutus, não é de nossas estrelas, senão de nós mesque consentimos em ser inOs homens são, algumas mos, feriores. Agora, em nome de todos deuses, de que alimento se nu tre este nosso César, que chegou a Jser tão grande?” Qual seria ó da política romana e, por os rumo via de consequência, da civiliza ção romana, se o punhal de Bru tus não tivesse abatido César? E se Alexandre não tivesse mortido tão moço? E se Felipe Egalité não tivesse votado pela decapitação de seu primo, o rei de França? E se George III tivesse sabido negociar com os insurretos dos Estados Unimais.
Não há erro maior do que dizer que a história se repete. Está ai a história mesma para no-lo com provar. O homem é o mesmo. É hoje o que foi ontem e o que será amanhã. É capaz, sempre, do
mesmo ódio, do mesmo amor, das mesmas grandezas e das mesmas baixezas. As situações se asseme lham, são análogas, se se quiser, mas nunca se repetem. Tempo passado não volta. Esse foi o grande erro de Vico. Toda uma teoria se ergueu sobre esse falso pressuposto. Verificou-se, ao cabo de hecatombes, de catástrofes, de tiranias, de crises, que ela não se sustenta erecta. Caiu como os impérios, como vão cair os impé rios, sejam quais forem, pois o ser humano se cansa deles. As biografias se entretecem da história dos tempos em que trans correm. Só é biografado quem vi veu o seu tempo, quem o com preendeu, quem com ele se afinou. Gandhi
está indissoluvelmente vinculado à libertação da índia. Sua resistência passiva mergulha va raízes na profunda religiosi dade hindu. Sabia o apóstolo da independência indiana exemplo, a sua aparente fraqueza eram mais fortes do que os exér citos de Sua Majestade britânica. Chegaria a sua vez. Chegou, sonho de Gandhi se corporificou. Lincoln é o grande herói dos Es tados Unidos por ser o intransi gente defensor de sua unidade. Não existiría, provavelmente, união americana, não fosse a obs tinação de Abe. Seu culto tem, portanto, uma razão de ser. Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal teve, ele também, uma estranha, caprichosa estrela. Com vinte e quatro anos de idade proclama a independência do Brasil, defende-a com sacrifício., mantém a unidade nacional com sua ener gia, ajudado mais por sua intui-
ção do que por sua inteligência, magramente cultivada. Quando observamos milhões de jovens de sua idade em nossos dias, vemos que sua obra se caracteriza, na perspectiva da história, como um milagre, um estupendo milagre. Vida curta, de trinta e seis anos, mas longa, muito longa, para quem tanto fez no Brasil e em Portu gal. Herói romanesco, nasceu e morreu vendo as cenas da vida do Senhor Dom Quixote, ele que foi também um quixotesco, um con quistador de tronos e um esbanjador de vida. Morreu tuberculo so 0 mais fascinante herói do Novo Mundo, o fundador do Im pério do Brasil, uma das grandes potências do próximo milênio graças a todos os fatores que se conjugam para colocá-la nessa eminente posição.
que o seu O biografado. Faz
Outras, proPersonagem vida tirou para dançar”. a
Ê, como se vê, um gênero com plexo o biográfico. Aventurar-se por ele chega a ser temerário. Daí o cuidado na escolha da perso nagem a ser estudada. O campo está aberto, no Brasil, a várias pesquisas, e várias indagações. Getúlio Vargas ainda não foi su ficientemente pouco tempo saiu uma biografia, de autor americano, vavelmente, sairão, que a Getúlio Vargas foi, como disse Afonso Arinos, levado para onde queria ir. Deu a impressão de ser guiado, mas, no entanto, guiou, enquanto dispôs de sua inteligên cia lúcida e do pleno domínio de seus nervos. Quando o poder lhe escapou das mãos, partiu para a última viagem, manchando àe vermelho, através de seu coração.
a história de um povo tranquilo, onde a tragédia não tem lugar. Washington Luís, o último repre sentante de uma oligarquia que encerrou uma época, ainda não teve a biografia que merece. De Bernardo Pereira de Vasconcelos, o maior político do Império, podedizer que Octavio Tarquinío de Souza não lhe completou a bio-
O astuto Antônio Carlos se grafia.
Ribeiro de Andrada está pedin do uma biografia que o estude no contexto do espirito político dos mineiros, sobretudo do “P.S.D. mi’, que está desaparecendo, desfalcar o Brasil de uma de originalidades, o tacto, a haneiro’ para suas bilidade de um povo para ser amável e seguir os rumos que lhe interessam.
Roberto Simonsen, grande líder industrial, o maior líder agremia- do Brasil, ainda não foi bioO primeiro conde Ma- tivo grafado, tarazzo, pioneiro da industrializa ção do Brasil, seria biografado por André Maurois, mas o autor de tantas obras do gênero desistiu empreitada por se achar doen" -I querer demorar-se no Geremia Lunardelli, imiitaliano, quase analfabeto, da te e nao Brasil.
mS^^“rusé” como bom contadino, foi biografado por L. V. Giovan- netti, grande jornalista italiano, mostrou sua obra gigantesca. mhlópica, de plantador de dezes- is milhões de cafeeiros, cuja orçaseis produção canalizou para o mento do Brasil milhões de dó lares, num fluxo contínuo de anos seguidos.
José Ermírio de Moraes sera o meu biografado. Logo que fale-
ceu 0 enérgico industrial, um gru po de amigos me procurou e instou para que eu escrevesse a sua bio grafia. Respondí que esse não é, propriamente, o meu gênero, em bora todo jornalista seja repór ter e todo repórter escreva, por dever de ofício, biografias, maio res ou menores, mas, em todo o caso, exemplares do gênero. Dias depois, na sessão do Pen Club, em homenagem ao morto, o orador oficial, Benedito Machado Florence, lembrou meu nome para es crever a biografia de José Ermírio de Moraes. Os aplausos dos presentes selaram meu compro misso. Aqui estou para me desincumbir de meu dever. Não é in grato. Ao contrário, rica é a per sonalidade de José Ermírio de Mo raes. Suas qualidades, sua obra, a época em que nasceu e cresceu, as transformações por que passou em contato com os Estados Uni dos, a assombrosa capacidade de antever o futuro e qual o rumo que a economia iria tomar, fize ram dele uma personagem biografiável, suscetível, portanto, de verter sobre os leitores a abundân cia de exemplos dos quais se cons titui sua vida, uma vida de tra balho, de lutas, de criação econô mica, de organização do trabalho, como veremos nas páginas que se seguem. Não farei, evidentemen te, biografia comparável à de Ro drigues Alves por Afonso Arinos de Melo Franco, toda ela magis tral, mas vou mostrar as qualida des de uma grande vida.
BRASIL:- LEITE E CARNE DB SOJA — Consumir leite e carne de soja não deverá mais ser privilégio dos paulistanos e cariocas frequen tadores dos raros restaurantes vegetarianos de São Paulo e do Rio. No próximo ano entrará em operação no Rio Grande do Sul uma unidade indústrial com capacidade anual de 2.500 toneladas de leite de soja vo lume que será duplicado numa segunda etapa. A empresa gaúcha pensa investir 15 milhões de cruzeiros na primeira fase e mais 10 milhões para o projeto completo, isto e, produção simultânea de leite e carne. Trata-se do início da fabricaçao em larga escala desses derivados no Brasil. Hoje, a mesma empresa já produz óleos e farelos de soja e sua diversificação será ainda complementada com dois outros derivados; margarina e maio nese. O projeto nao so atende aos primeiros objetivos de marketing ho rizontal e produção vertical da empresa como, segundo seus diretores, de vera colaborar para^ que os produtores de soja gaúchos “não fiquem à merce da especulação dos grupos multinacionais”. Inicialmente, a Olve- bra pretendia apenas a produção de margarina e maionese, mas ante cipou os -planos para o leite, dadas as sucessivas crises no fornecimento de origem ammal. O leite não será destinado ao consumo direto da populaçao — devido a falta de hábito —, ipas à indústria ali- menticia: sorvetes, iogurtes, biscoitos, chocolates, etc. A produção de carPArai dA texturização dos resíduos do processo oleos e leite. A carne será destinada também à c alimentícia: salsichas, almôndegas, hamburgers, etc. O projeto tem fábTcal“rií P^^que fabril da empresa, em Guaiba. A Olvebra já LÍ^aS. PAlnt^í I ! produção (Santa Rosa, unidades dn pti estarao entrando em operação mais duas em vasilhame dA^Í; ^ embalagens: a Embrasa, especializada
alobal de 161 milViaA o grupo atingiu um faturamento etporiaSc de óC fareto\ —105 milhões dos quais derivados da ; e soja em grao.
o-
INGLATERRA:_ FUMO CONTRA FUNGOS — O cigarro node ser ^scobriram qu^ uma espécie dessa planta pode Sar"coS^ um otgo tudadas na Unidade de SobstLcUs^dTcrfscfmentn^^ cidas Sistêmicos, com sede no Wye College, próximo de Londres Duas das substancias químicas foram isoladas e identificadas São elas sclareol e 13-epi-sclareol, ambas semelhantes em estrutura. São eficazes contra o3 fungos da ferrugem, mas não causam dano às plantas. Quando as culturas de feijão ou trigo são pulverizadas com uma solução que contenha 0 01 desses compostos, tornam-se bem protegidas, embora sejam extremamen te suscetíveis à praga.
●f
Sugestões para uma reforma política
VAMIREH CHACON
APÓS a Segunda Guerra Mun dial, Charles De Gaulle tirou
várias conclusões, a respeito da fragilidade da democracia representativa e pluralista, diante das divisões internas que liquidaram a França, ante a Ale manha fortalecida em 1940.
o professor Vamireh Chacon, da Universidade de Brasília traz sua valiosa contribuição ao estudo de uma reforma política no Brasil.
Cumpria defender a segurança francesa e, por conseguinte, tam bém a continuidade de seu desen volvimento econômico, social e tecnológico, diante de novas cisões suicidas. Inclusive porque a história da França, entre a liber dade e a crise da Argélia, não pas sou da sequência da queda de ga binetes parlamentaristas, alguns durante menos de 24 horas, o que implicava em ter, às vezes dois por dia. A França foi salva pela infra-estrutura burocrática, hoje tecnocrática, que funciona mesmo sem governo. De Gaulle inspirou, então, um grupo de ju ristas, chefiados por Michel Debré. no sentido de estruturar uma Constituição em que o primeiroministro ficasse com tarefas admi nistrativas e 0 presidente com a responsabilidade e a consequente liderança política do país. Em última instância, o Poder Executi vo passou a predominar sobre o Legislativo e o Judiciário, median te o Artigo 16, que instituiu o “es tado de emergência”, de fato um estado de sítio reforçado e mais abrangente. Estado de emergên cia, a critério do presidente da República e do Conselho de Esta-
do, é uma espécie de Conselho de Segurança Nacional ampliado. Por meio do Artigo 16, o presidente pode díssòjver ou suspender os trabalhos do Parlamento e sub trair-se ao crivo do Poder Judiciá rio, podendo ir ao ponto de efetuar julgamentos secretos por um tri bunal militar, onde o réu só pode ser assistido por advogados de ofi cio. E ninguém diz que a França é uma ditadura.
Isto se deve ao fato de que na prática o presidente usou poucas vezes tais poderes, em especial, durante a crise da Argélia, con tra a extrema direita, e durante a rebelião estudantil de 1968 con tra a extrema esquerda — portan to contra extremistas de ambos os lados. A própria esquerda mo derada, que não chegou à presi dência com Mitterrand nas últi mas eleições por menos de um por cento dos votos, espera, evidente mente, poder usar igualmente o Artigo 16...”
Portanto, os franceses resolve ram, com equilíbrio, um problema que aflige outros povos, inclusive 0 Brasil. Mas não se pode ape nas copiar modelos estrangeiros, Na realidade o Brasil é — todos sua
■e
.sabem — um país de cultura la tina. Em nossa Constituição Imjierial, de inspiração parlamentaxista britânica, inserimos o poder jnoderador, sugerido pelo suíçoirancês Benjamin Constant e a primeira Constituição Republica.na, segundo modelo norte-ameri■cano, foi escrita por juristas que, ●com exceção de Rui Barbosa, liam -o texto original em tradução fran cesa. . . o que prova nossa contimua afinidade cultural com a ma triz gaulesa. Observe-se que tanto -u Poder Moderador, quanto a tal ‘Constituição Republicana foram as mais longevas em nossa his tória política. Daí não ser insó lito se assimilarmos, em vez de xneramente copiar, determinados aspectos da Constituição gaulista. Afinal de contas, tanto na Fran ça quanto no Brasil, e até em to dos os países de formação ibérica, não temos tradição de “local government” e "self government”. O de que precisamos é enquadrar canalizar, mossa formação autoritária, evi tando que ela se exceda ou que seja destruída por quem não pos sui alternativa, mosso pai, Portugal aí está como prova.
construtivamente.
contrem seu lugar ao sol, em so ciedades cada vez mais comple xas e sofisticadas, nas quais a ciência é cada vez mais convocada a resolver problemas. Segundo a imprensa registrou, por ocasião do último congresso do Partido Co munista na URSS, a maioria dos delegados àquele encontro possui grau universitário. Ora, apesar de tudo, a maioria da população so viética não frequenta ainda uni versidades, há muito falar numa “nova clas se” dirigente, também, nos paí ses socialistas”.
Daí Milovan Djilas
O exemplo de exces-
TECNODEMOCRACIAS
O problema principal vai con sistir em algo muito diverso do que hoje se discute. Isto é, claro que a melhor democracia é a di reta, porém, ela só sobrevive alguns cantões suíços e nos “town meetings” de algumas pequenas comunidades no Norte dos Esta dos Unidos, daí em diante passa mos a percorrer vários tipos de mediação, enumeradas desde Aris tóteles. Hoje, a mediação do po der tem, portanto, de incluir os no vos responsáveis pela tecnologia e pela segurança do Estado, desde que orientados pelo bem comum. Como, evitar os respectivos sos? em
A dificuldade da resposta comprova o ineditismo das situa ções que estamos vivendo. A so ciedade industrial e urbana tem de continuar secular evitando vos dogmatismos, repelidos pelo relativismo cientifico e pluralis ta, descobrindo novos canais
“Além do mais, conforme o de monstram tanto 0 norte-america no John Kenneth Galbraith quan to 0 francês Maurice Duverger, -as modernas tecno-estruturas es tão preparando e condicionando únéditas tecno-democracías, isto é, sistemas políticos onde a tecnolo gia e os tecnocratas também ennopara sempre necessária expressão popular, a fim de evitarmos vos tipos de oligarquia. Como rá o novo equilíbrio de poderes? Como montaremos o novo sistema a nose-
de “checks and balances? tas são as verdadeiras e profun das perguntas atuais.
De qualquer modo, é válido o debate acerca da assimilação de novas formas de defesa do Estado, articuladas com a defesa da so ciedade como um todo, inclusive prevendo o direito das minorias. es-
Somente, a prática, porém, testa, as teorias. E a França oferece uma alternativa bem mais elabo rada que a nossa. Valéria, assim,, a pena melhor estudá.-la, inclusi-' ve porque a discussão demonstra rá sua receptividade em nossa, circunstancia histórica.
BRASIL:- INSTITUTO ESTUDA BAMBU, ALIMENTO E MATÉRIA-
PRIMA Entre 24 variedades de bambu, estudadas e testadas em labo¬ ratório pelo Instituto Agronômico de Campinas, a “Bambusa Oldhami^ aoresenta 10% a mais de rendimento que a espécie mais empregada ate- hoje — a “B. Vulgaris” — para a produção de celulose destinada à fabri cação de papel, embora tenha fibras mais curtas e colmos leves. Nos labo ratórios da “Secção de Plantas Florosas”, da Divisão de Plantas Indus triais do Instituto, são feitas pequenas folhas redondas de papel, sendo- testadas sua resistência à tração e porosidade. Existem diferenças sensíveis, conforme o bambu empregado, quanto ao rendimento e a qualidade do pro duto final. Há 15 anos, a tecnologia do papel recomendava o emprgeo de fi bras longas. Hoje, adotam-se as fibras curtas e, por isso, as fábricas recorrem à celulose obtida dos eucaliptos e daí o bambu ter sido abandonado por mui tas empresas. Porém, para os sacos de papel, há necessidade da fibra lon ga e o bambu é a planta que pode produzí-la em menor tempo. Não ha,, no' Brasil, um órgão que incentive a plantação do bambus e, por isso, todo estudo é feito levando em conta exclusivamente a necessidade de obten de matéria-prima que oferecem. Os interessados estão hoje — segun do um técnico — “da Bahia para cima”. A indústria de papel Santo. Amaro (da Bahia), produz por dia 4Ú toneladas de papel de boa quahdade para sacos, consumindo diariamente 100 toneladas (ou 400 m2 de p an- tação) de bambu, os bambus são comprados na região, mas a empresa. está expandindo suas plantações. Alguns bambus dão até 42% de celu lose. Sua destinação principal é a fabricação de papel para sacos (tipo Kraft). Para o papel de embrulho comum ,as fábricas usam bagaço de cana, papel velho (aparas) e também um pouco de bambu. Em Formosa,, há um genero de bambu do qual são extraídos brotos para a alimenta ção humana, semelhantes ao palmito. Em S. Paulo, a colonia japonesa está recorrendo a este alimento. É obtido de um bambu, logo que o broto atinge 30 cm. Não está sendo industrializado e seu custo é mais elevado que o do palmito. O alimento, no Brasil, pode ser extraído de duas va riedades de bambu: a “Lafiflourus” (que brota‘de janeiro a março) e a. “Phyllostachys Edulis” (que brota de setembro a novembro). çao
URSS^— PLANOS SOVIÉTICOS PARA 1976/80 — Um esboço do pl3" mo soviético para os próximos cinco anos (76/80) indica um crescimento global de 60-65% no setor de produção química. A ênfase dada à agriculiura é a principal responsável pela maioria das grandes metas no setor ■de produtos químicos. Os fertilizantes serão o item prioritário dessa in- -dústria. Por exemplo, as estatísticas com relação aos fertilizantes mine rais fixam a produção de 1980 em 143 milhões de toneladas (com um teor ●médio de nutriente de, pelo menos, 40%), incluindo 5 milhões de tone ladas em aditivos para rações animais. Além dos fertilizantes, o esboço indica que a produção de pesticidas e outros produtos químicos de pro- leçao às plantas também será “aumentada significativamente”. Entre os outros planos para produtos químicos anunciados, estão incluídos os se guintes objetivos: A produção de resinas e plásticos sintéticos deverá ser aumentada em cerca de 90-110%, ultrapassando o rápido aumento pla nejado para os produtos químicos e .fertihzantes agrícolas. A produção -de fibras sintéticas deverá atingir cerca de 1,5 milhão de toneladas/ano no final do período, quase que duplicando a produção de 1974 que foi de ●887.000 toneladas, A borracha sintética deverá ter um aumento de 40- '60%, enquanto a produção de pneus crescerá em 35-40%. As necessida- ■des do consumidor deverão receber atenção especial. Por exemplo será dada grande enfase aos acondicionamentos plásticos e outros tipos dé ma- -terms de embalagem, além de itens tais como produtos químicos de lim- ® aditivos químicos para materiais polímeros. Uma ênfase ÍS e AirtrL'” 5 ' “ desenvolvimento de novas tecno- iogias e a introdução de unidades de produção de grande capacidade.
-Ró nova rota para 0 SUBSTITUTO
●ducão de um ^ engenhoso procedimento químico, para a pro- âo de íabrSacãn n P desenvolvido até seu está- fão Lsenlolllu'.^ ^ V® P®s^^sas Químicas de Sagami, no Ja- um intermediárin licença para uma técnica de fabricação de um intermediário para o inseticida NRDC-143 (permetrin) um nroduto
^ ^ ter concluído a do jinão et FMP receberam a licença, a Kurakay do Japao e a FMC Corp., pretendem construir uma fábrica niloto a fim de compilar dados para a possível construção de ^a 4idade em escala comercial A Agencia de Proteção do Meio-Ambientriá cLce- deu aprovaçao a FMC para a fabricação de permetrin em bases Spe- rimentaas O produto do processo da Sagami é o ácido crisantêitíco de diclorovinü (DVCA) o qual pode ser transformado em NKDC-143 me- diante a adiçao de dois anéis de benzeno por meio do intercâmhin de esteres. O DVCA pode ser produzido num processo de três estágios A Sagami acredita que o mercado para o NRDC-143 poderia, oventual- mente, atingir a cifra de 170 milhões de dólares/ano, ou seja, 20.000 toneladas métricas; o que exigiría 10.000 t.m./ano de DVCA. Os Estados Unidos seriam o maior mercado individual para o produto. DO DDT —
Da responsabilidade Civil do Banco pelo mau funcionamento dos seus serviços
ARNOLD WALD
"Le Banquier est un commerçani qui supporle les conséquences deS faules qu'il commet." (MICHEL REMILLERET, La Banque Mélier du Risque-Sureíés personnelles et sureiés reélles, pág. 9).
"The inclinaiion of judges is always to demand a very high stan dard of care from those, such as bankers, upon ■whom great responsibility rests."
(LORD CHORLEY, Lavr of Bank ing, pág- 105).
O mau ■funcionamento dos servi ços "bancários obriga a instituição financeira a ressarcir os prejuízoscausados aos seus clientes.
O banqueiro responde por ãolo eculpa, inclusive leve, e até pelo risco-profissional assumido, ãeacordo com a jurisprudência dO' Supremo Tribunal Federal.
"Or, il est bien certain que le Pu blic attend souvent d'un professionnel plus que d'um particulier, mêdiligent, parce que le professíonnel est pariiculièrement prepa re à rendre un certain Service et s’offre à le rendrej en íous cas, il attend de lui aulre chose que d'un particulier".
(ODILON DE ANDRADE, Parecer, in Revista Forense, vol., LXXXIX, pág. 714).
I — Definição do problema me
(ANDRÉ TÜNC, Le droit prive au millieu du XXe siècle offertes à Georges Ripert, vol. II, pág. 140).
"Fossem, entretanto, ambos cul pados, ou não ocorresse culpa em qualquer deles, A DOUTRINA ES POSADA PELA JURISPRUDÊN
1. A questão suscitada seprende ao fato do Banco não ter comunicado ao devedor de dupli catas caucionadas a existência do gravame, limitando-se a expedir os avisos de vencimentos, como se études os títulos estivessem em cobrança, simples. Diante de tal ocorrência, indaga-se da existência ou não deresponsabilidade do Banco pelos, prejuízos causados.
CIA DE NOSSOS TRIBUNAIS
MANDA QUE O PREJUÍZO SEJA
SUPORTADO PELO BANQUEI-
2. Efetivamente, o Consuleiite recebeu, de um devedor, um certo número de duplicatas, que lhe fo ram caucionadas. Na mesma, ocasião, os títulos foram transfe ridos em caução para o Banco,. RO'
para que efetuasse a cobrança dos .mesmos e creditasse o resultado caução das duplicatas poderia, eventualmente, justificar o res gate feito diretamente em favor do credor originário, embora fosse discutível a boa-fé do sacado, que liquidou os titulos, pagando-os di retamente ao credor originário, depois de ter sido avisado da co brança bancária.
em conta especial do Consulente, cujo saldo deveria ser utilizado para o pagamento de nota pro missória de sua emissão descontada pela instituição financeira. Como a firma aceitante das duplicatas não as resgatou na data do ven cimento, determinou-se o protes to das mesmas, tendo sido reque rida a sustação do protesto pela aceitante, que alegou ter feito o pagamento diretamente ao credor originário. Na ocasião, verificouse que o Banco não comunicara, oportunamente, ao devedor que os en-
títulos estavam caucionados, sejando, assim, a possibilidade do pagamento direto. Em carta diri gida pelo Consulente ao Banco indagou das providências efetiva mente tomadas pela instituição financeira, que respondeu que ●duplicatas deram entrada teira de cobrança”, tendo sido pedidos os respectivos avisos de ■vencimento, que foram recebidos pela sacada. Consulente as na carexPosteriormente, responsabilizou, ; . carta, o Banco, pelos prejuízos de correntes da falta cometida, tendo tido resposta até o presente momento. 0 por nao
II — Legislação aplicável
4. O art. 277 do Código Comer cial expressamente invocado pelas partes, na sua correspondência, trata da caução de titulos de cré dito como uma forma especial de penhor mercantil, atribuindo ao credor a competência e o dever de praticar “todos os atos que sejam necessários para conservar a validade dos mesmos títulos e os direitos do devedor, ao qual fi cará responsável por qualquer omissão que possa ter nesta par te”. O art. 276 do Código Comer cial atribui ao credor pignora tício a responsabilidade do de positário. Por sua vez, o art. 283 do mesmo diploma equipara o depositário ao comissário e ao mandatário, esclarecendo que: “as obrigações recíprocas do depositante e do depositário re gulam-se pelas que se acham determinadas para os mesmos contratos entre comitente e mandatário ou comissário, em tudo quanto forem aplicáveis.”
3. A importância da comuni cação do Banco ao sacado decorre do fato de que a ciência-da cau ção, pelo devedor, deveria impe dir que fizesse o pagamento dire to ao credor originário, pagamento que, no caso, se tomada tal pro vidência, não teria validade, em virtude do gravame existente so bre os títulos. Por outro lado, o desconhecimento da existência da u
5. A regra que incide no caso é, pois, a do art. 181 do Código Comercial de acordo com a qual: O comissário é responsável pela perda ou extravio de fun dos de terceiro em dinheiro, metais preciosos existentes em
seu poder ainda mesmo que o dano provenha de caso fortuito ou forca maior, SE NÃO PRO VAR QUE, NA SUA GUARDA, EMPREGOU A DILIGÊNCIA QUE. EM CASOS, SEMELHAN TES, EMPREGAM OS COMER CIANTES ACAUTELADOS.” (o grifo é nosso).
6. A lei exige, pois, do credor pignoratício, a conduta diligente do bom pai de família, do comer ciante acautelado, sob pena de responder, inclusive, pelo caso fortuito e pela força maior. Essa responsabilidade está consagrada, termos idênticos, nos outros artigos do Código Comercial, que tratam da matéria e, especial mente, no art. 162, no tocante à responsabilidade do mandatário, tanto por dolo quanto por culpa, art, 170, em relação ao co¬
e no missário, que somente se exonera de ressarcir os prejuízos causa dos nas hipóteses de força maior, fortuito e vicio inerente à caso natureza da coisa depositada.
7. As normas contidas no Có digo Comercial foram reiteradas no Código Civil, que tratou da responsabilidade do credor pigno ratício, no art. 774, considerandoo obrigado como depositário:
“I. A empregar na guarda do penhor a diligência exigi da pela natureza da coisa;
II.
III.
IV. A ressarcir ao dono a per da ou deterioração de que for culpado.”
8. A legislação civil dedicou normas especiais à caução de ti tulos de crédito, da qual tratou
na seção IV do capitulo IX refe rente ao penhor. Definiu o le gislador os poderes e as responsa bilidades do credor pignoratício eas consequências do inadimplemento das obrigações. Após terequiparado a caução de titulos aopenhor (art. 790), determinou que ela passasse a ter efeitos após a tradição dos títulos ao credor edesde que provada por escrito (art. 791). Acrescentou, no art. 792, que:
“Art. 792 — Ao credor por esta caução compete o direito de:
I — Conservar e recuperar a posse dos títulos caucionados, por todos os meios cíveis ou cri minais, contra qualquer deten tor, inclusive o próprio dono.
II — Fazer intimar ao deve dor dos títulos caucionados, que não pague ao seu credor, enquanto durar a caução (art. 794).
III — Usar das açoes, recur sos e exceções convenientes, para assegurar os seus direitos, bem como os do credor caucionante, como se deste fora pro curador especial.
IV — Receber a importância dos títulos caucionados, e restituí-los ao devedor, ‘quando este solver a obrigação por eles garantida”.
9. Os arts. 794 e 795 estabele cem a consequência da intima ção do devedor para ciência da. caução nos seguintes termos: “Art. 794 — O devedor do tí tulo caucionado, tanto que re ceba a intimação do art. 792, n.o II, ou se dê por ciente da em
caução, não poderá receber quitação do seu credor.
Art. 795 — Aquele que, sendo credor num título de crédito, depois de o ter caucionado, quitar o devedor, ficará, por esse fato, obrigado a saldar imediatamente a divida, em cuia garantia prestou a cau ção; e 0 devedor que, ciente de estar caucionado o seu títu lo de débito, aceitar quitação do credor caucionante, respon derá solidariamente, com este, por perdas e danos ao caucio nado.”
10. Fica, assim, evidenciado, pelos textos legais acima trans critos que.
a) é obrigação legal do credor pignoraticio intimar o devedor do título caucionado para dar-lhe ciência da caução;
nao
b) intimado o devedor, poderá pagar ao credor originá rio, mas, sim, deverá fazê-lo .ao caucionado (credor pignoraticio), sob pena de responder por per das e danos.
a nao
11. A contrário sensu, intimação do devedor do titulo de crédito implica em inadimplemento de uma obrigação legal que enseja um prejuízo — a eventual irresponsabilidade do devedor da duplicata. Ora, toda violação de norma legal, que causa prejuízo, implica por si só, quando ocorre na execução de um contrato, em responsabilidade civil do inadimplemente em relação ao prejudi cado.
12. No caso, a aplicação sin gela do art. 792 do Código Civil nos leva a concluir que o Banco
ao deixar de cumprir a obrigação de intimar a devedora das dupli catas a ele caucíonadas, violou a lei e passou a incorrer em res ponsabilidade contratual, devendo ressarcir o seu cliente sulente — pelo não pagamento oportuno da divida, por não ter tido a instituição financeira a conduta diligente do comerciante acautelado a que se refere o art. 181 do Código Comercial.
0 Con-
13. Não há dúvida quanto à condição de credor pignoraticio do Banco, pois as duplicatas lhe fo ram entregues em caução, por do cumento escrito e mediante tra dição e endosso, cumprindo-se, assim, todas as determinações le gais. Jamais se contestou, na cor respondência trocada sobre a ma téria, a efetivação da mencionada caução, que se consubstanciou nas cartas, não tendo sido colocada em dúvida pelo Banco, que reco nheceu implicitamente a sua exis tência.
Mesmo se, ad argumentandum, 0 Banco não fosse credor pignoratício e as duplicatas não lhe tivessem sido transferidas em caução, a sua responsabilidade seria a mesma, pois, sabedora da caução existente em favor do seu cliente, deveria ter tomado as pro vidências que lhe cabiam, na sua qualidade de mandatário diligen te e atento à defesa dos interes ses do mandante.
ni
Da liçituãe da caução de duplicatas
14. A validade da caução de duplicatas nao tem sido impug nada na doutrina, nem na juris-
Houve, no
prudência, sendo expressamente perm&tida por lei. passado, polêmicas quanto à pos sibilidade de concretizar a cau ção por simples endosso, mas tal discussão em nada afeta à pre sente hipótese na qual existe — além do endosso — contrato es crito de caução e efetiva tradição dos títulos.
O que alguns autores impugnam é 0 endosso-caução (J. X. CARVA LHO DE MENDONÇA, Tratado de Direito Comercial Brasileiro, vol. 5, livro III, Parte II, Rio de Ja neiro, 1922, n.o 669 e nota 1, pág. 287-288 e n.o 498 bis, pág. 111) ●
Mas esses mesmos autores reco nhecem a validade da caução de titulos de crédito, em geral e es pecialmente da letra de câmbio, da nota promissória e da dupli cata. Esclarece a respeito CAR VALHO DE MENDONÇA, que: O penhor ajustado entre o endossador e o endossatário não prejudica em coisa algu ma a obrigação cambial daí, resultante, como não afetaria nenhuma iobra e local citado, pág. 289, nota).
outra convenção.
15. Idêntica à posição de CAR VALHO DE MENDONÇA é a de WALDEMAR quem;
A cláusula em penhor ou em caução não tem por efeito constituir o endossatário cre dor pignoraticio do endossan te...
credor. É ela realmente dada em garantia, mas -por efeito de contrato em separado, celebra do por escrito especial ou por via de correspondência. O penhor, em verdade, não se dá pelo e?idosso, mas pelo documento escrito, que o deve dor endossante entrega ao enãossatário. Não poucas vezes, celebra-se por correspondência, quando não pelo que, na prá tica bancária, se qualifica de borderau.” (WALDEMAR FER REIRA, Traiado de Direito Comercial, 8.o vol., São Paulo, Saraiva, 1962, n.o 1743, págs. 261/262).
16. A evolução doutrinária e jurisprudencial se fez no sentido de admitir o endosso-caução que, aliás, foi consagrado no direito estrangeiro (lei italiana e fran cesa) e na Lei Uniforme de Ge nebra de 1930 (art. 19). (V. WAL DEMAR FERREIRA, obra e local citados; PONTES DE MIRANDA, Tratado de Direito Cambiário, vol. I, 2.a edição, São Paulo, Max Limonad, 1954, n.o 214, págs., 240/241; THEOPHILO DE AZERE DO SANTOS, Manual dos Títulos de Crédito, Rio de Janeiro, Com panhia Editora Americana, 1971, FERREIRA para n.o 15, págs. 53 a 57 e TULLIO ASCARELLI, Teoria Geral dos Titulos de Crédito, tradução de Ni- colau Nazo, São Paulo, Livraria Acadêmica, Saraiva & Cia., 1943, pág. 322 e seguintes, n.o 19 e se guintes) .
A letra de câmbio não é endossável por tal forma senão na pura e simplesmente endossa da, em branco ou em preto, ao
17. Em relação à duplicata, já legislação anterior era manso e pacífico 0 entendimentô de que podia ser caucionada (FÁBIO O.
PENHA, Da duplicata, Rio Foren se, 1954, n.o 292 e seguintes, pág. 290 e PONTES DE MIRANDA, Tratado de Direito Camhiàrio, vol. III — Duplicata Mercantil, São Paulo, Max Limonad, 1955, n.o 195, pág. 230). Depois do adven to da Lei n.o 5.474, de 18.7.68, fi caram evidenciadas a viabilida de e a validade da caução de duplicatas, até por simples en dosso, conforme ensina o Minis tro' Carlos Fulgêncio da Cunha Peixoto que, a respeito, pondera:
“Discu1íiu-se, por muito tem po, a possibilidade ou não dos documentos de dívidas serem objeto de penhor, já que, não sendo coisas corpóreas, não po deríam ser suscetíveis de tradi ção real.
conste deste título, além das indicações mencionadas no art. 2.0, quaisquer outras, des de que não lhe alterem as ca racterísticas essenciais. Ora, a existência do endosso-caucão não desvirtua o título cambial, tanto que muitos escritores o adml^tem, sem texto expresso de lei, e a Lei Uniforme o aco lheu com individualização pró-
pria.
(CARLOS FULGÊNCIO DA CUNHA FEIXOOrO, Comeiitários à Lei de Duplicatas, Rio de Janeiro. Forense, l.a edição, 1970, n.o 67, págs. 80/81).
IV — Das obríí/ações do credor pignoratício
o se ocu-
A matéria, hoje, está supe rada. Todas as legislações ex pressamente permitem-no e Código Civil Brasileiro pa da matéria, sob o nome de caução, nos arts. 789 e tes.
os títulos cambiais
segumA Assim, podem ser objeto de penhorcaução, princípio já firmado no art. 273 do Código Comercial e reproduzido no art. 19 da Lei Uniforme de Genebra Letra de Câmbio.
para a que, 19.
Não há, pois, dúvida de no Brasil, a duplicata pode ser caucionada, ou melhor apenhada, já que, consoante o Código Civil, caução é o penhor dos títulos de crédito.
A dúvida, a nosso ver, improcede em relação à duplicata. De fato, o art. 24 permite que
18. Não há dúvida que o in ciso II do art. 792 do Código Ci vil cria. para o credor pignoraticio, no caso de caução de títulos de crédito, não apenas um direi to ou uma simples faculdade, mas um verdadeiro dever jurídico, competência que a lei lhe atribui para intimar o devedor do título caucionado corresponde a uma obrigação que se lhe impõe, no in teresse do caucionante em. relação ao qual funciona como depositário e/ou mandatário ou comissário (art. 276 do Código Comercial in terpretado sistematicamente com os artigos 283 e 181 do mesmo di ploma já acima transcritos).
Tendo a obrigação de co brar o título para o caucionantCr 0 credor pignoratício deve tomar todas as medidas úteis ou neces sárias neste sentido, sob pena de responsabilidade. Uma das pro-
20. O verbo competir tem, no caso, o sentido de "ser da obriga ção, cumprir (transitivo indireto com a preposição a) ” na lição de LAUDELINO FREIRE {Grande e novíssimo dicionário da língua portuguesa, 3.a edição, vol. II, Rio de Janeiro, José Olympio) e de ANTENOR NASCENTES (I>iCZ07iário da língua portugttesa, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, l.o Tomo, 1961).
21. Não há apenas, na hipó tese, a competência no sentido da capacidade específica, mas sim uma outorga de um poder-dever, ou seja, de uma possibilidade que deve ser utilizada no interesse do caucionante, implicando o seu não exercício em verdadeira respon sabilidade, por falta de diligência do credor pignoratício.
22. A doutrina reconhece que existe inequívoco dever do cre dor pignoratício de intimar o de vedor nos termos do art. 792, II do Código Civil. Assim, esclarece
CARVALHO SANTOS que:
“No art. 792, n.o II, determi na o Código que o credor faça
intimar ao devedor dos títulos caucionados, que não pague ao seu credor enquanto durar.”
(J.M. DE CARVALHO SANTOS, Código Civil Brasileiro Inter pretado, vol. X, 3.a edição, co mentário ao art. 794, Rio, Frei tas Bastos, 1944, pág. 208).
A denúncia da caução ao devedor do titulo é considerada como condição para que o penhor possa prevalecer, equiparando-se tal situação à cessão de crédito na qual também se exige a ciência do devedor (art. 1069 do Código Civil). Os autores salientam, pois, que há, no caso, uma verdadeira condição da eficácia da caução ou um complemento necessário da mesma, cabendo, ao caucionado, ex vi legis, tomar as providências para a intimação. (V. CLÓVIS BEVILAQUA, Código Civil dos Es tados Unidos do Brasil Comenta do. 8.a edição, vol. III, Rio, Livra ria Francisco Alves, 1950, pág. 392; PONTES DE MIRANDA, Tra tado de Direito Privado, tomo XX, 2.a edição, Rio de Janeiro, Borsoi, § 2590, 3, pág. 469; CARVALHO SANTOS, ob. Cit, pág. 205 e MÁ RIO NEVES BAPTISTA, Penhor de Créditos, tese. Recife, 1947, pág. 193).
24. Uma vez feita a intimação, ‘o devedor já não pode realizar o pagamento ao seu credor, que não tem 0 título em seu poder, nem está autorizado a passar quita ção.” (CLÓVIS BEVILAQUA, oóra e local, citados).
25. Mesmo os poucos autores que consideram facultativa — e não obrigatória — a intimação do devedor na hipótese, entendem vidências cabíveis no caso consis te em dar ciência da caução ao devedor do titulo, para impedir que possa fazer o pagamento do mesmo diretaraente ao credor ori ginário, pois se 0 fizer, depois de intimado, responderá por perdas e danos (art. 795 do Código Civil). Na realidade, antes da intimação ou da ciência da caução, o deve dor do titulo pode pagá-lo ao cre dor originário, o que já não po de ocorrer após a intimação, nos precisos termos do art. 794 do Có digo Civil.
ser “de bom alvitre fazê-la, para maior segurança do credor pigno raticio, em virtude da nulidade do ■ pagamento que se realizar depois dela, nos termos deste artigo (art. 794) ” (JOÃO LUIZ ALVES, Código Civil da República dos Estados Unidos do Brasil Anotado, 3.a edição, 3.0 volume, Rio de Janei ro, Borsoi, 1958, pág. 266).
26. Os comercialistas reconhe cem que a norma de direito civil que determina a intimação e esta belece as sanções consequentes “é, na realidade, uma sábia providên cia legal; c^m a finalidade de impedir que o credor do penhor ou caução tenha prejuízo pelo fato de perder o título apenhado ou caucionado o seu valor como título de crédito.” (FRAN MAR TINS, Contratos e obrigações co merciais, Rio, Forense, 1961, pág. 397).
E acrescenta a doutrina a res peito que “da obrigação de zelar a coisa empenhada, com o má ximo cuidado e interesse, resulta como consequência, a de praticar todos os atos assecuratórios dos direitos ou títulos que constituam 0 mesmo penhor.” (ANTONIO BENTO DE FARIA, Código Co mercial Brasileiro, l.o volume, 3.a edição. Rio de Janeiro, Jacintho Ribeiro dos Santos, 1920, pág. 342, nota 281).
27. As monografias sobre a duplicata, ao contemplarem a caução do título, reconhecem que o endossatário ou caucionado é obrigado a prática de todos os atos necessários à conservação do di reito de regresso, sob pena de ser responsável pelos danos que cau-
sar. Essa obrigação genérica deflui do dever que a lei impõe ao credor de manter integro o obje to do penhor e seus frutos (art. 276 do Código Comercial e art. 792. do Código Civil). (v. FÁBIO O. PENNA, obra citada, pág. 295 in. fine e 296).
28. Sempre entendemos que aocredor pignoraticio cabia, soh pena de responsabilidade, a fun ção de receber os títulos e usar de todas as ações e exceções, a. fim de obter o pagamento dos mesmos, defendendo os direitos do devedor pignoraticio, como se fosse o seu procurador. E acres centamos:
“Em caso de negligência, na defesa dos direitos inerentes aos títulos de crédito, o credor pignoraticio será responsável pelos prejuízos causados.” (ARNOLDO WALD, Curso de Di reito Civil Brasileiro — Direito das Coisas, 2.a edição, São Pau lo, Sugestões Literárias. 1970,. pág. 279).
29. Existindo para o credor pignoraticio a obrigação genérica de se comportar com a cautela àobom comerciante e a diligência, do bom pai de família e a obri gação legal específica de intimar o devedor dos títulos caucionados,. para que não pague ao seu credor,, enquanto durar a caução (art. 792, II), evidencia-se que o inadimplemento dessas obrigações — a primeira genérica e a segunda especifica — implica em violação de norma jurídica, que se carac teriza a culpa. Na realidade, bas taria que houvesse a norma geral para justificar a responsabilidade i
do Banco pela não intimação do devedor, pois trata-se de provi dência evidentemente necessária para a manutenção da integridade do direito. Mas, ex stindo norma especifica, a culpa se comprova pelo pois, em matéria contratual, como caso nas relações entre o
e o banqueiro e o seu cl-ente, a sim ples inobservância da norma im plica em responsabilidade, caben do eventualmente ao banqueiro a comprovação de ter ocorrido força maior que. evidentemente, não surgiu na espécie,
contra amparo no artigo 794 do Código Civil.
31. Cabe acrescentar que não se pode confundir com o simples aviso de cobrança a intimação refer da no artigo 792, II, que deve esclarecer que o título está caucionado e. nos próprios termos da lei. se destina a intimar o de vedor dos títulos para impedir o pagamento dos mesmos ao credor originário, o que deve constar ex plicitamente da intimação, para que ela possa ter os efeitos pre vistos nos artigos 794 e 795 do Código Civil. inadimplemento. simples
30. As eventuais div3rgências quanto à interpretação dos arti gos 794 e 795 do Código Civil em nada afetam o direito do Consulente. Efetivamente, enquanto uma corrente, liderada por CLOVIS BEVILAQUA, entende que, ocorrendo a intimação, o paga mento recebido pelo credor origi nário em detrimento do caucio nado é simplesmente irregular — mas não inválido — ensejando tão somente as p-rdas e danos (CLóVIS BEVILAQUA. ob. cit., pág. 392), outra depende que, em tal hipótese, o pagamento é nulo, po dendo ser exigido novo pagamen to pelo caucionado (JOÃO LUIZ ALVES, ob. C7Í., pág. 267). De qualquer modo, se tivesse ocorri do a intimação do devedor, seriam solidariamente obrigados, em re lação ao caucionado, para inde nizar-lhe as perdas e danos, o credor originário das duplicatas ^ o devedor e aceitantes dos re feridos títulos. Em virtude da fa lha dos serviços do Banco, esta última responsabilidade não en-
essa
32. Concluindo, parte do nosso parecer, podemos afirmar que:
pc:s. constitui dever legal do Banco fazer a intimação pre vista no art. 792, II do Código a) Civil; b) esta intimação não confunde com o simples aviso bancário de cobrança; c) a omissão se de intimação constitui violação de_norma le gal genírica que impoe, ao cau cionado, o dever de agir como comerciante acautelado; omissão se caracteriza, ainda na hipótese, como violade dever expresso que in cumbia ao Banco, em virtude de norma legal; d) a çao
tratando-se de responsab.lidade contratual, a simples violação da norma legal, imdever de ressarcir os dae) poe o nos decorrentes, sem que lesado caiba fazer a prova da existência de dolo e/ou culpa ao do banqueiro;
f) a culpa deflui, no caso, do simples inadimplemento, ou seja, da violação da norma legal;
g) mesmo que assim não fosse, a omissão do Banco ca racteriza incontestável, culpa, pois não atuou a instituição fi nanceira com a diligência do comerciante acautelado.
V — Critérios e fundamentos da responsabilidade civil do banqueiro
33. O banqueiro, como todo empresário, responde pelos danos por ele causados, no exercício da profissão, aos seus clientes terceiros, banqueiro é até agravada pelo fato de lidar com recursos alheios, o que tem justificado uma legis lação específica sobre a matéria. A doutrina tem definido o ban queiro como “um comerçant qui supporte les conséquences des fautes qu‘il commet” (MICHEL REMTTiTlERET, La Banque Métier du Risque — Suretés personnelles et suretés réelles. Paris, Banque, 1966, pág. 9), salientando, assim, a importância da responsabilidade da instituição financeira e dos seus administradores.
34. A re^lponsabiíidade do banqueiro pode ser contratual, quando decorrente de relação ju rídica com o cliente, e extracontratual, também denominada aquiliana ou delitual, quando ocorre em virtude de danos cau sados a terceiros por atos ilícitos. 35. A responsabilidade contra tual deflui da preexistência de um e a A responsabilidade do
vinculo jurídico entre o banqueiro e 0 lesado, justificando-se a inde nização pelo fato de não ter sido cumprido adequadamente o con trato. Ensinam a respeito os ir mãos MAZEAUD e ANDRÉ TUNC que,
“Quando un contrat est passé. une première obligation nait: celle, pour chacune des parties, d’exécuter la prestation promise. Lorsque cette obligation n’est pas ou est mal remplie, lorsqu’il y a inexécution partielle ou totale du con trat, un nouveau lien de droit se forme: Tobligation pour le débiteur, pour 1’auteur du dom mage, de réparer le préjudice subi.” (HENRI et LÉON MA ZEAUD et ANDRÉ TUNC, Traité théorique et pratique de la responsabilité civile délictuelle et contractuelle, 5.a edição. Pa ris, Édítions Montchrestien, 1957, vol. I, n.o 100, pág. 105).
36. Quando em virtude de res ponsabilidade contratual, o ban queiro causa prejuízo aos seus clientes, mediante falha na exe cução das ordens recebidas ou dos serviços prestados, a sua conduta se aprecia aplicando-se as normas do mandato ou da comissão, veri ficando-se a existência ou inexis tência de culpa ou dolo e erítendendo-se como culposa a conduta que não revela a diligência do co merciante acautelado. É essa a solução do direito brasileiro (art. 181 do Código Comercial acima transcrito no item 5 do presente parecer) que não discrepa das admitidas na legislação estran geira. Efetivamente, o Códice Ci-
vile italiano manda aplicar ao banqueiro as regras do mandato (artigo 1856) e obriga o manda tário a ter a diligência do bom pai de família (artigo 1710). Idên tica é a posição do direito fran cês, com base no artigo 1147 do Código Napoleão (v. JEAN ESCAR RA, Príncipes de droit cominercial. tomo VI, Paris, Sirey, 1936, n.o 246, pág. 136).
37. Tratando-se de responsa bilidade contratual, basta ao le sado provar o inadimplemento. que faz presumir juris tantuvi a existência de culpa do outro con tratante. não se aplicando, pois, o princípio artori incumbit probatio. Neste sentido é a lição da doutrina, de acordo com a qual: “.... celui qui fonde sa de mande de dommage sur un contrat doit établir seulement Texistence, puis la man-execution du contrat: le débiteur est de plein droit réputé en faute pour n’avoir pas executé. S‘il veut échapper à cette responsabilité, c’est à lui de prouver que sa volonté d’exécuter corTobligation heurtée à une force majeure.“
dor ou a sua intimação ou noti ficação, considerando, outrossim, negligente o banqueiro que não providencia as medidas necessá rias para resguardar os direitos do seu cliente, (v. MAZEAUD et TUNC, obra citada, vol. I, n.o 515-4, páginas 588 e seguintes e L.P. PALERTIN, La Banque, tné~ tier du risque: Uopération d’escompte. Paris. Banque, 1967, n.o 177, pág. 136).
39. Assim sendo, evidencia-se que, no presente caso, a desobe diência do banqueiro do disposto no artigo 792, II do Código Civil implica em descumprimento do contrato e culpa da instituição financeira.
ro com s’est rectement
(PHILIPPE SIMON et R. CORDIER, Précis de Droit Commercial de Contentieux Bdncare, atualizado por Lucien M. Mar tin, Paris, Editions de la Revue Moderne. 1971, n.o 497, pág. 379).
38. A doutrina reconhece que constitui caso de inadequada exe cução do contrato o fato do ban queiro descumprir a norma legal expressa, que determina a apre sentação de documento do deve-
40. No direito brasileiro, a ten dência doutrinária e jurisprudencial, inspirada na legislação espe cifica, é no sentido de admitir a responsabilidade civil do banqueibase no risco profissional. Foi precursor dessa tese, no Brasl, o Professor ODILON DE AN DRADE que, em parecer dado na matéria, invocou as lições de Vivante (Trattato Di Diritto Commerciale, vol. III. 5.a edição, Milão. Casa Editrice Francesco Vallardi. 1929, n.o 1415, pág. 476) e de RAMELLA {Trattato dei titoli alVordine, vol. II, n.o 310) e vários jul gados nacionais (v. o parecer de ODILON DE ANDRADE na Re vista Forense, vol. 89, janeiro de 1942, pág. 714).
41. Embora a posição tradicio nal do nosso direito fundamen tasse. a responsabilidade na culpa (AGUIAR DIAS, Da Responsabili dade civil, tomo I, 3.a edição, Rio. Forense. 1954. pág. 368, nota 683),
a atual jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, re conhece que o banqueiro deve res ponder pelos danos que causa, em virtude do risco que assumiu pro fissionalmente. Assim, no acórdão do Recurso Extraordinário n.o 3.876, de São Paulo, de 3.12.1942, que deu ensejo à aprovação da Sú mula n.o 28, entendeu a nossa mais alta Corte, nos termos do voto do Ministro ANÍBAL FREI RE. que foi acompanhado pelos Ministros PHILADELPHO AZEVE DO e CASTRO NUNES, que os es tabelecimentos bancários devem suportar os riscos profissionais inerentes à suá atividade. (JARDEL NORONHA e ODALÉA MAR TINS, Referê7icias da Súmula do sriprema Trihunal Federal, Bra sília, iü(58, vol. 2, pág. 209),
Essa jurisprudência, surgiu no tocante ao pagamento pelos bancos de cheques falsos, firmou um acordo com o qual os bancos pondem pelo risco profissional sumido, só elidindo tal responsa bilidade a prova, pela instituição financeira, de culpa grave do cliente ou de caso fortuito ou for ça maior (acórdão dos Embargos no Recurso Extraordinário n.o 47.929, oriundo da Guanabara, jul gados pelo Supremo Tribunal Fe deral, em 7.10.1963, sendo relator o Ministro GONÇALVES DE OLI\EIRA, in Referências da Súmula, já cit., vol. 2, pág. 217 e seguintes).
43. Comentando a evolução jurlsprudencial brasileira na maté ria, esclarece NASSARALLA SCHAHIN FILHO, em estudo pu¬
blicado na Revista de Direito Mer cantil, que:
“Carreia-se ao sacado o pre juízo também pela invocação do risco profissional. O banco sacado, na qualidade de comer ciante, assume o risco do seu comércio. Há nesse princip o do nosso direito comercial a aplicação subsidiária do aforisma jurídico: ubi commoda. ibi sunt incommoda. Porque re colhendo 0 comerciante as van tagens e lucros do seu comér cio, deve sofrer também suas desvantagens que é o risco ine rente ao seu exercício.
Por fim, na expectativa dc não SG descobrir culpa ou dolo de nenhum dos interessados, resolve-se a imputação pdo risco profissional do comércio {Revista dos Tribunais, vol. 117/632 e 77/431). Daí a cris talização do entendimento jurisprudencial brasileiro na Sú mula n.o 28 do Supremo Tribu nal Federal.” (Comentário jurisprudencial de NASSARALLA SCHAHIN PILHO in Revista de Direito Mercantil, n.o 9. 1973. pág. 85/87).
44. O
42. que principio geral de resasestrangeiro. direito quando não reconhece a respon sabilidade do banqueiro pelo ris co profissional, como fez a juris prudência brasileira, o responsa biliza por todos os atos dolosos e culposos, inclusive nos casos de culpa leve, que pode ser caracte rizada por qualquer falta de di ligência, mesmo quando comum e habitual de acordo com os usos bancários.
45. Na França, MAZEAUD et TUNC esclarecem que:
“Le banquier, comme tout autre professionnel, répond contractuellement vis-à-vis de ses clients de ses fautes même légères.” (ob. cí., vol. 1. n.o 515-4, pág. 588).
46. No mesmo sentido, se ma nifestam JEAN ESCARRA (ohra citada, tomo VI, n.o 246, pág. 136), SIMON e CORDIER (obra citada, n.o 501, pág. 383) e JACQUES FERRONNIÈRE (Les ovératioiis de "banque 4.a edição, Paris. Dal.loz, 1963, n.o 125, pág. 141). Os dois últimos autores' salientam a diferença que existe, em direito francês, entre o regime legal do mandatário assalariado e do nâo assalariado c que correspondo a distinção do art. 1057, do nosso Código Civil, para concluir que os bancos são tratados rigorosamen te pelos tribunais pelo fato de serem remunerados pelos serviços por eles prestados.
47. Ensinam SIMON e CORDIER que:
“Le mandataire qui se charge bénévolement d’accomplir un acte juridique pour le compte d’une autre personne répontíra seulement de ses fautes lourdes, tandis que le manda taire qui se fait remunérer sera responsable de ses fautes même légères.
Or, le banquier est un man dataire salarié puisqu’il reçoit toujours une remunération sous forme de commissions; bien mieux, les mandats dont il se charge, il les aceomplit à titre professionnel, il les re-
cherche même en offrant ses Services au public. Sa responsabilité est donc três grande. (obra citada, pág. 383).
48. Por sua vez, FERRONNIERE, que tendo sido Diretor da Société Générale, fala com a ex periência do banqueiro, invoca a rigidez das normas da legislação cambiaria, que impõem penas severas, no caso de descumprimento dos prazos e das providên cias atribuídas às partes e con clui: tf
“D’autre part, les tribunaux montret três durs envers les mandataire remuneres. Étendant à Textrême la notion de faute, même légère, ils finissent par mettre à la charge du banquier le risque de tout Incident qui a pu causcr un préjudice au remettant.” (obra ci tada, pág. 141).
49. Na jurisprudência cesa, a remessa de documentos via inadequada, a falta de uma se franpor aviso de não pagamento de letra e a desobediência às instru- do cliente têm sido conside- Çoes radas como justos motivos para responsabilizar o banco pelos pre juízos causados, (v. MAZEAUD e TUNC, obra citada, parágrafos 515-4, e respectivas notas, pági nas 588-590).
A idéia dominante na judoutrina é de 50. risprudência e na que o banco sendo uma empresa especializada, que se dedica a pres tar serviços mediante uma remu neração adequada, deve ter a organização e a’ perícia que não se exige do particular, mas sim do especialista, justificandó-se.
pois, o maior rigor na apreciação do seu comportamento e de sua eventual culpa. Neste sentiao é a lição dos Professores JOSEPH HAMEL, GASTON LAGARDE e ALFRED JAUPFRET. para os quais: '
“Dans 1’appréciation de ces diverses responsabilités, les tribunaux se montrent souvent sévères à 1’égard des banquiers et des établissements finançiers en faisant application de la règle:” quisque peritus debet esse artis suae “ ”, (HAMEL, LAGARDE et JAUFFRET, Traité de Droit Commercial, Paris. Dailoz, tomo II. 1966. n.o 1582, pág. 671).
51. Nessa ordem de idéias ANDRÉ TUNC chegou a estudar os efeitos da especialização pro fissional na apreciação da culpa e no grau de diligência exigido por parte do especialista, afirman do que a técnica, multiplicando a eficácia da diligência humana, aumenta a densidade da obriga ção. A civilização material mo derna, ensina o jurista e pensa dor francês, conjugando as forças da natureza, a eficiência das má quinas e 0 planejamento humano permite atingir resultados que anteriormente não seriam conce bíveis. E conclui;
“Quando o particular se di rige ao profíssional, sabendo que possui e controla essas for ças, numa determinada inedida, a obrigação do profissional aumenta ainda mais. Para dar um exemplo, é porque um banco pode oferecer uma segurança quase total aos objetos ne!>
depositados e porque a sua I clientela conta com essa segu- * rança, que a Corte de Cassação se mostra particularmente se vera em relação à guarda de bens por instituições bancá rias.” (ANDRÉ TUNC. Éhauche du droit des contrais professionels, in Le droit privé au viilieu du XX siécle. études offertes Paris Librairie Générale, 1950. tomo II, pág. 142).
is
52. Também no direito inglês se entendeu que a tendência dos juÍ2es é no sentido de exigir uma diligência especial dos banqueiros e de todos aqueles sobre os quais pesam grandes responsabilidades. É o que afirma LORD CHORLEY: ‘Tt must be remembered that the inclination of judges always to demand a very high standard of care from those. such as bankers, upom whom great responsability rests . ● ”● (LORD CHORLEY assisted by J. Milnes Holden, Laio of Ban king. 5.a edição, London, Pitman Paperbacks, 1968, pág. 105).
53. O contrato do cliente com o Banco, sendo um contrato de adesão, em que é incontestável a desigualdade da posição das par tes, impõe-se, no caso, uma pro teção especial do cliente em re lação ao seu banqueiro, sendo, conforme lembra ESTEBAN COTTELY “nos contratos es tipulados entre o Banco e o clien te, a posição do Banco é sempre mais forte e preponderante, ^interesse particular dos Bancos tende, por conseguinte, a explo rar essa posição de confiança e
Assim O
supremacia econômica e o interes se particular do cliente exige uma proteção correspondente contra os possíveis excessos.” (ESTEVAN ● COTTELY, Derecho Bancário BueAires, Ediciones Arayú, 1956, pág. 253).
31.12.1964). Essa idéia se consoli dou e se desenvolveu com a le gislação posterior sobre interven ção e liquidação das instituições financeiras (Lei n.o 6.024, de 13.3.1974) e sobre utilização do imposto de operações financeiras (Decreto-lei n.o 1.342, de .... 28.8.1974).
54. Entendemos que, atual mente, as instituições financeiras na realidade, um nos 56. Assim sendo, pela própria natureza dos serviços prestados pela instituição financeira, en tendemos que se impõe a sua res ponsabilidade objetiva, pelos mesmos motivos que se estabele ceu a do Estado, que mereceu até consagrada constitucional mente. Na realidade, sendo impos sível ao cliente conhecer a vida interna da instituição financeira, pelo grau de complexidade que al cançou, justifica-se que esta res ponda objetivamente pelos danos causados, com base na teoria da consolidada e do direito constituem, verdadeiro serviço público, pois partes integrantes do Sistema Financeiro Nacional (art. l.o da Lei n.o 4.595. de 31.12.1964) e estão sob a fiscalização direta dos órgãos governamentais, que ga rantem os seus débitos pela utisao ser lização do imposto de operaçoes financeiras. Reconhece-se a exis tência de um direito próprio aos Bancos, tanto na áirea pública, como na área privada e justificase, assim, a aplicação de normas especiais nas relações entre banqueiro e seu cliente. o culpa de serviço consagrada no campo público.
55. A idéia de que o Banco par ticipa de um verdadeiro serviço público de distribuição de crédi to tem sido' defendida pela juris prudência e pela doutrina, no ex terior, (V. Revue Trimestrielle de Droit Commercial, janeiro-março de 1955. pág. 151 e RENÉ RODIÈRE et JEAN LOUIS RIVES-LANGE, Droit Banoaire, Paris, Dailoz, 1973, pág. 439), e se justifica, tan to mais, no Brasil pelo texto ex presso da Lei da Reforma Ban cária, que define o Sistema Fi nanceiro Nacional, nele integran do, além do Conselho Monetário Nacional e dos bancos oficiais, “as demais instituições financei ras públicas e privadas” (art. l.o inciso V da Lei n.o 4.595, de
Examinando, pois, os cri térios e fundamentos da respon sabilidade do banqueiro, entende-
57. mos que:
a) houve, no caso, culpa do banqueiro, que deixou de cumprir determinação legal evidente expressa:
b) bastaria, para que houvesrespohsabilidade do banqueiro, tivesse atuado com culpa lese que ve, tratando-se, no caso, de res ponsabilidade contratual de na tureza profissional;
c) a própria culpa leve não deve ser provada pelo lesado, bastando a prova da relação con tratual e do prejuízo causado;
d) na jurisprudência brasilei ra, entende-se que a responsabi lidade do banco deflui no risco profissional assumido, de acordo com os julgados que ensejaram a aprovação da Súmula n.o 28 do Supremo Tribunal Federal;
e) sendo os bancos mandatá rios especializados e remunerados, que oferecem seus serviços ao pú blico, é justo que deles se exija a mais alta qualidade de serviços e a máxima diligência que só as grandes organizações financeira e tecnológicamente estruturadas podem oferecer aos seus clientes;
f) constituindo os bancos ver dadeiros serviços públicos, de acordo com a legislação vigente, devem responder objetivamente pelos prejuízos causados clientes, de acordo
a seus com os prin cípios aplicáveis no campo do di reito público.
VI — Conclusões
58. Respondendo aos quesitos formulados pelo Consulente, po demos afirmar que:
ponsabilidade da instituição fi nanceira perante o cliente;
3 o) Ao terceiro quesito: o Banco não podia alterar unilate ralmente o contrato e. ao aceitar a correspondência do cliente e responder à mesma, fez com que se concretizasse e se complemen tasse 0 contrato, em todos os seus aspectos, transferindo-se. inclu sive. ao Banco, a caução dos títu los. A providência do Banco de expedir aviso de simples cobran ça e a omissão da intimação, pre vista no art. 792, II. não afetam a perfeição do contrato, mas constituem falhas na execução do mesmo, que ensejam a responsa bilidade da instituição financeira:
1.0) a Ao primeiro quesito: de acordo com os artigos 277 e se guintes do Código Comercial e com 0 art. 792 e seguintes do Có digo Civil, incumbia ao Banco in timar 0 devedor das duplicatas para ciência da caução, a fim de que não pagasse ao seu credor enquanto durasse a caução (art. 792. II do Código Civil);
2.0) Ao segundo quesito: não podia o Banco omitir-se na co municação oportuna aos devedo res, implicando a falta da intima ção em culpa que enseja a res-
4.C) Ao quarto quesito: embo ra coubesse, em tese, ao Consu lente o encargo de comunicar aos devedores de títulos a existência da caução, entendemos que não ocorreu omissão do mesmo. pois. incumbiu, tempestivamente, de tal encargo um banco comercial, en tidade especializada na cobrança e fornecedora de serviços aos seus clientes, pressupondo-se que providência viesse a ser tomada de forma adequada pela institui ção financeira, que é uma das maiores do país e cuja competên cia na matéria se presume. Assim sendo, não cabia ao cliente ensi nar ao profissional qual o modo correto de proceder no caso. Não se discutiu, nem se contestou a entrega dos títulos em caução, conforme correspondência expe dida pelo cliente e recebida pelo Banco, que não divergiu atempadamente quanto à forma da ope ração, entendendo-se que a acei-
tou como foi formulada. Se o Ban co tivesse dúvida quanto à existên cia de intimação previami nte realizada pelo cliente, deveria consultá-lo para saber se tal pro vidência fora tomada. Tratandose de empresa especializada, não há., fundamento para exigir' que o cliente explique o modo pelo qual 0 Banco deveria proceder no caso.
Mesmo que se admitisse, sim plesmente ad arguvientandum uma concorrência de culpa leve do Consulente — que não existe cm nosso entender, ainda assim, de acordo com a jurisprudência e a doutrina, continuaria o Banco responsável pela totalidade dos prejuízos causados, pois, como salientamos, invocando a lição de ODILON DE ANDRADE, a pOSição do nosso direito é no sentido de que:
“Fossem, entretanto, ambos (Consulente e Banco) culpados, ou não ocorresse culpa em qualquer deles, a doutrina es posada pela jurisprudência dos nossos tribunais manda que o prejuízo seja suportado pelo banqueiro.” (Revista Forejise. vol. 89, pág. 714).
Neste sentido, é, aliás, a juris prudência do Supremo Tribunal Federal, que acabou sendo consa grada na Súmula n.o 28.
Pelo exposto, entendemos, salvo melhor juízo, que o Banco respon de por perdas e danos pelos pre juízos decorrentes do fato de não ter intimado correta e tempesti vamente o devedor das duplicatas, termos do artigo 792,
nos precisos II do Código Civil. É este o nosso parecer.
Rio de Janeiro, 3 de setembro de 1975.
INGLATERRA:- APERFEIÇOAMENTO NA TÉCNICA DE aCIDO
FOSFóRICO PELO PROCESSO ÚMIDO — Um aperfeiçoamento na tecmca de ácido fosfórico pelo processo úmido aperfeiçoado está aumentando as faixas dos fosfatos industriais que podem ser produzidos, segundo a Albright & Wilson Ltd., firma inglesa que está desenvolvendo o processo. Essa tecnologia de alto nível é o resultado de vários anos de pesquisasse de desenvolvimento da Divisão Marchon da firma e de intensa avaliaçao por parte de sua Divisão de Produtos Químicos-Industriais. A tecnologia será utilizada num novo complexo de ácido fosfórico/ácido sulfúrico, que a Albright & Wilson está implando em suas instalações de Whitehaven. O projeto acrescentará 550.000 toneladas/ano de capacidade de ácido suliu rico ao local e exige a construção de uma fábrica, utilizando o novo cesso, para produzir 40.000 t/ano de PaOo purificado. Solicitações de todas as partes do mundo já foram feitas para a patente da nova tecnologia, que é descrita como um processo de extração a solvente ao qual o ácido fos fórico aquoso é misturado a um solvente orgânico — o ácido fosfórico e extraído pelo solvente e subsequentemente recuperado dele.
ITÁLIA: BATALHA QUÍMICA
Uma nova companhia de pro- v dutos químicos italiana, a Sangro Chimica, conquistou uma vitória parcial, em sua batalha com as principais firmas italianas de produtos químicos e facções políticas para a obtenção de autorização para construir um com plexo petroquímico na parte sul do país. O presidente da Sangro Giorgio Schanzer antigo executivo da Getty Oil, lidera um grupo de investidores estrangeiros que, durante mais de dois anos, vêm tentando obter a aprova ção do projeto. Schanzer não identificou os investidores, mas acredita-se que um deles seja J. Paul Getty. Os planos do projeto da Sangro indicam uma produção de 1,3 milhão de t.m./ano de nafta, 300.000 t.m./ano de eti- leno e 170.000 t.m./ano de propileno, estando também incluída no plano a produção de butadieno, butileno e produtos correlatos. Os grandes grupos químicos — Montedison, Anic, SIR-Rumianca e liquigas-Liquichimic a — são os principais opositores à entrada da Sangro na arena italiana dos produtos químicos. Isto porque, uma vez que os investimentos químicos na Itália sao, direta ou índiretamente, financiados pelo governo, a presença de outro grande fabricante de produtos químicos e etileno reduziría as concessões de capital disponíveis às 4 grandes companhias. E a Sangro surgiu num momento bastante inoportuno para elas — de recessão, onde os planos de expansão estão sendo cortados. Outra oposição surgiu na frente política, em Roma e na região do Abruzzo, no centro-sul da Itália, onde a companhia propôs a construção do comple- capacidade de etileno instalada na Itália é de cerca de 1.7 miihao de toneladas/ano. Os principais produtores são: a Montedison toneladas; a SIR-Rumianca, 360.000 toneladas; e a Anic, 320.000; sendo que todos eles solicitaram ao governo italiano aprovação para uma capacidade adicional.
BRASIL:- A HORA E A VEZ DA CARNE DE SOJA — O grupo gaúcho
1 proposta da período um M
Sarandi Agroindústria e Comércio colocará em funcionamento nos primei ros dias de fevereiro, em Sapucaia do Sul, a 20 km de Porto Alegre, a pri meira industria brasileira de proteína texturizada de soja, produto larga mente empregado na fabricação de embutidos de carne nos EUA e que vem sendo importado por fabricantes brasileiros de mortadelas, salsichas e similares. Atualmente estão sendo instaladas no país mais seis fábricas da chamada carne de soja, pelos grupoa Superbom (SP) ,em associação com empresa australiana e com know-how norte-americano; Archer Daniel Micllad Co. do Brasil; Sanbra; Kimberg Alimentos, no Rio do Sul (SC); Biscoitos Mabel, de Ribeirão Preto (SP); e Nutrimental, Estas indústrias só poderão entrar em funcionamento a partir de dezem bro, segundo a direção da Sarandi. A empresa gaúcha, também com knowhow americano, terá uma produção inicial prevista de 2 mil toneladas men sais. Até o fim do ano, a produção da indústria será duplicada. Boa parte da produção da fábrica será consumida pela Sarandi de Duque de Caxias, empresa do mesmo grupo e que se dedica ao abate e industrialização de suínos.
Maringá (PR). em
Soluções para as Enchentes
PAULO SALIM MALUF
UITO se tem falado a respei to das enchentes na Grande São Paulo. Convém, entre tanto, analisá-las quanto às suas causas e quais as solu ções.
São três os principais cursos d‘água que cruzam o Grande São Paulo, entrè mais de uma centena de pequenos e grandes córregos: rio Tietê, o rio Pinheiros e o rio Tamanduatei. Seria conveniente sepa rar a análise dos três rios, a fim de apontar em cada um deles os pro blemas e as diversas alternativas de solução.
O 'problema das enchentes preo cupa os paulistanos ha dezenas de anos, não se tendo encontrado para essa calamidade uma solu ção adequada, não obstante os es forços postos por vários prefeitos na realização de obras que a evi tassem. O ex-prefeito Paulo Salim Maluf dá sua contribuição ao estudo do problema. o
bilidade de o rio correr razoavel mente livre, sem ocasionar enchen tes ribeirinhas, ou sem ocasionar também aumento do nível d’água dos seus afluentes.
As obras a montante que se fazem necessárias são além da barragem de Ponte Nova, já terminada e inau gurada há cerca de 3 anos. Faz-se necessária a conclusão imediata da barragem de Taiaçupeba e o início da construção das barragens em Biritiba. Judiai e Paraitinga. Acredi tamos que essas obras podem ser terminadas num prazo máximo de 3 anos.
No que se refere ao rio Tietê a jusante do município de Osasco, fazse necessário o término da sua reti ficação até Santana do Parnaiba, dando condições para que ele possa correr livremente até a barragem Edgar de Sousa.
Convém ressaltar que esta barra gem não é, de maneira nenhuma, responsável por inundações que posacontecer dentro da cidade de
O rio Tietê, que nasce além de Moji das Cruzes, perto da serra do Grande São Paulo Mar, cruza o através de Moji das Cruzes, GuaruIhos, entrando na divisa do muni cípio de São Paulo através de Itaim Paulista, São Miguel Paulista, Pe nha e cruzando, da direção Leste em direção a Oeste, até Osasco, Santa na do Parnaiba, e seguindo seu cur so pelo Interior. Necessário, nos mo mentos de grande precipitação, con ter as suas águas a montante da ci dade de São Paulo, e, tanto quan to possível, deixar o seu curso livre a jusante, totalmente retificado num canal capaz de transportar vasão de acima de 700 m3 por segundo. As sim conteremos nas cabeceiras as águas que vêm de grandes precipi tações pluviométricas e, no caso de não conseguir conter ao máximo sam São Paulo. Segundo estudo feito re- uma grande chuva, teremos a possi-
centemente pelo Instituto de Pes quisas Tecnológicas, em modelo re duzido, verifica-se que o remanso do rio Tietê não chega até São Pau lo, mesmo quando as comportas es tão fechadas. Com a operação das comportas, de maneira tecnicamente perfeita, a barragem Edgar de Sou sa é absolutamente neutra, no que se refere às enchentes em São Pau lo, através do rio Tietê.
Quanto ao rio Pinheiros, convem esclarecer que, quando da constru ção do atual sistema hidrelétrico do Grande São Paulo, e quando da construção da represa BilHngs, o Pi nheiros, que era afluente do Tietê, teve o seu curso d’água invertido, a fim de poder alimentar na represa Billings a bacia que vinha desde o alto Tietê até Santana do Parnaiba. Assim podemos desaguar em Cubatão, com 700 m de desnível, fazendo essa operação uma das mais econô micas do mundo contemporâneo. O rio Pinheiros tem, entretanto, capa cidade de bombeamento de cerca de 200 m3 por segundo, nas estações de Traição e Pedreira. A instalação de um pequeno reforço para até cerca de 270 m3 por segundo, com adição de mais uma bomba, poderia Ihorar sensivelmente desse rio, principalmente na hora do pico das chuvas.
O rio Tamanduatei cruza a Gran de São Paulo, vindo desde Utinga, Santo André, passando por São Cae tano, entrando no município de São Paulo no bairro do Ipiranga, pas sando no centro da avenida do Es tado pela zona do Cambuci, zona do Mercado e indo ser afluente do Tie tê, ao lado da Ponte das Bandeiras,
onde, na marginal esquerda, temos a Ponte da Foz.
A solução das enchentes do Ta manduatei é um pouco mais com plexa, dada as implicações com o sistema de transito local. Teriamos que canalizar o rio, dentro de nm canal de concreto, com cerca de três vezes superior à vazão. Esta obra teria que vir praticamente desde Santo André até a marginal esquer da do Tietê. Entretanto, para a sua execução, seria necessária a inter rupção da av. do Estado, durante provavelmente mais de 2 anos, com o consequente trauma para todo o sistema viário dessa parte da cida de. Além do mais, convêm notar que a zona do Cambuci está cons truida um pouco abaixo do nível máximo do Tamanduatei. Quando ocorrem chuvas em larga escala, o rio chega quase ao ponto de transbordamento e a água nesta zona da cidade não tem condições de ser es coada. O nível do rio fica então aci ma do nível do terreno do Cambuci.
No nosso entender, a solução a ser adotada deve ser de extrema cora gem, e não deveria ser feita sem a necessária complementaçao viária, ou seja, a construção de uma pista elevada por cima do Tamanduatei. Este elevado poderia ser ancorado nas próprias paredes de concreto da construção do canal. Teria, como fi nalidade, a ligação desde a av. Ri cardo Jafet, desde a Via dos Imi grantes, desde São Caetano, até a zona do mercado e toda a região das marginais do rio Tietê, desafogando completamente o trânsito da região sudeste da cidade de São Paulo. O
elevado poderia ter seis faixas de tráfego sendo que três em cada sen tido ou seja, com 50% a mais de ca pacidade do que o atual elevado Cos ta e Silva e que apresenta, para a cidade de São Paulo, uma solução sem a qual o trânsito hoje não flui-
Essas soluções recomendadas pa ra os três principais rios deveriam ser complementadas com a canali zação dos córregos principais da ci dade, principalmente aqueles que, através dos fundos de vale, possi bilitassem também, como complementação da solução, a construção de avenidas, permitindo, a um cus to razoável, a implantação de vias expressas ou semi-expressas, den tro da cidade de São Paulo. Esta solução reunirá o útil ao agradável. Seria uma solução de saneamento, uma solução de valorização de ter ras da cidade que estão hoje dete rioradas, seria a solução de um pro blema sanitário e seria, também, com um pequeno custo adicional a solução viária mais simples para cidade de São Paulo. Exemplo dis so é a atual av. dos Bandeirantes, que foi construida por sobre a ca nalização do córrego da Traição e que liga os bairros do Jabaquara, Aeroporto, até a marginal do' rio Pinheiros, passando ao lado do Brooklin e que futuramente, através da sua continuação, ligará a rodovia dos Imigrantes ao rio Pinheiros, obra essa que tivemos o privilégio de projetar, construir e inaugurar na nossa administração à frente da Prefeitura de São Paulo. Outros exemplos são a do córrego do Mandaqui, ligando a Zona Norte ao rio ria.
Tietê, a do córrego da Mooca, be neficiando todo o bairro do Ipiran ga, Vila Alpina e Vila Prudente, a do córrego Verde, beneficiando a zona noroeste da cidade, a do córre go de Uberaba na zona sul, como também o projeto por sobre o cór rego da Agua Espraiada do anel ro doviário da cidade de São Paulo.
Temos absoluta certeza de que a capacidade administrativa das auto ridades do atual Executivo poderá, à custa do dinamismo e do espirito construtivo dos bandeirantes, dar a competente solução a estes probledias atrás, tanto afligifamília da nossa terra, e deisobressalto a nossa boa
mas que, em ram a xaram em gente.
Convém, entretanto, salientar que este problema que tanto aflige a população do Grande São Paulo não poderá ser resolvido com recursos municipais, dado o grande investi mento que se faz necessário, que dúvida, a números da chega, sem ordem de 10 bilhões de cruzeiros nos dias de hoje, ou seja, uma vez e que foi gasto no a metrô de meia o São Paulo, até agora.
Entretanto, considerando-se que federal tem na região do o governo Grande São Paulo_ o seu maior cen- de arrecadação, seria portanto de justiça que ajudasse o governo do Estado de São Paulo a permitir, médio de 5 a 6 anos, retro num prazosolver este angustiante problema que, mais do que prejuízos, traz na verdade incertezas e medo à popu lação trabalhadora e ordeira desta região do País, que promove o seu através do seu próprio tra- progresso balho.
ESTADOS UNIDOS:-
A DU PONT NO MERCADO DO PBT — Dois novos plásticos de engenharia foram desenvolvidos pela Du Pont. deles é um nylon “super forte”; o outro, um tereftalato de polibutileno (PBT) reforçado com vidro, sendo que ambos constituem a primeira in cursão da companhia no mercado do PTB que está se expandindo rapi damente. Segundo a Du Pont, o nylon, denominado Zytel ST, possui uma resistência Izod ao impacto de 14 a 25 pés-libras/polegada — bem supe rior às outras poliamidas que atingem, no máximo, 15 pés-libras/polega da. Nesse aspecto, esse nylon, é melhor até que os policarbonato; contudo, o Zytel ST não possui a transparência dos policarbonatos. A Du Pont não forneceu muitas indicações sobre a química da resina, revelando ape nas que se trata de uma mistura que está dependèndo da concessão de patentes de composição. As principais aplicações são a moldagem e ex- trusao com finalidade gerais. A.través da resina PBT, a Du Pont espera obter lucros num mercado que, embora seja ainda relativamente peque no, esta crescendo de forma vertiginosa. Desde o seu início em 1970 a pro- duçao de termo-fixos_situou-se em cerca de 30 milhões de libras/ano em 1975, ou seja, 8 nulhoes de libras a mais que no ano anterior. Para 1980 esta pr^ista uma produção de cerca de 130 milhões de libras. A entrada ü-orp mercado aumentou para seis o número de fabricantes cie PJdi dos Estados Unidos. No ano passado, a GAP e a Allied Cherriical aderiram ao mercado, do qual já participavam a Eastman Chemical. Ce- lanese e General Electric. Um
ESTADOS UNIDOS:- FABRICAÇÃO
DE OLEFINAS — Nesses quase 20 anos desde que o craqueamento da nafta tornou-se a rota predominan te para as olefinas e. consequentemente, para a ampla faixa de produtos petroquímicos relacionados feitos a partir delas, o alvo contínuo dos en genheiros químicos tem sido aperfeiçoar a seletividade da operação. Para atingir essa meta, a tendencia tem sido esforçar-se para diminuir o tem po de contato na zona de pirólise. Esse método significou o uso de tem peraturas mais altas para se obter a conversão desejada. Os problemas surgidos centralizam-se na concepção do forno e na metalurgia da tu bulação. Agora, a M. W. Kellog Co. de Houston, uma pioneira na tecno logia de craqueamento de hidrocarbonetos, está oferecendo um novo for no que possibiüta uma maior seletividade das olefinas produzidas e que ao mesmo tempo reduz a quantidade de co-produtos indesejáveis. É possível agora aumentar a produção de etileno para 20% acima do nível obtenível com fornos de concepção mais convencional. Alternativamente, uma mudança nas condições operacionais proporciona um aumento na produção relativa de propileno e butadieno. Um forno protótipo comercial em escala total baseado na nova concepção, com uma capacidade anual de produção de etileno de 25.000 toneladas métricas, vem operando com sucesso na fábrica da Idemitsu Petrochemical Co. em Tokuyama, Japão, desde 1972.
O desprestígio da palavra e a subversão dos seus domínios - O novo monstro sagrado
GERALDO RODRIGUES
ninteligência inventou a lin guagem, para realizar-se. De pois usou a linguagem, pois, abusou da linguagem. Agora é a linguagem que usa a inteligência. E a inteligência lu ta para não naufragar no oceano que criou.
Degem. E foi arrastada ao descré dito.
O autor estuda o desprestigio da palavra, em nosso tempo. A ge~ ração sem palavras, de sua acertada classificação da juven tude de nossos dias, está concor rendo para a distorção do pen samento.
inteligência, que se e caminhava com
A inteligência criou a lingua gem à sua imagem e semelhança. Mas a linguagem substitum pouco a pouco a acomodava, mais facilidade, através de seus próprios domínios ásperos e inex plorados, com as muletas das pa lavras.
Pouco a pouco, soçobrava a in teligência e ficava a linguagem. Enquanto desaparecia o protóti po, ficava uma falsificação.
A linguagem se transformava numa espécie de robô da inteliera usado por ela nas como genc a, que situações mais equívocas, sua pura imagem, o que transfor mava a 1'nguagem, cada vez mais, numa imensa falsificação. Como falsificação, caiu em descrédito. Desde então, ninguém mais acre dita nas palavras.
A consciência, afinal, de que a linguagem substituía a inteligên cia, aturdiu os homens. Era um monstro, que crescia ao seu lado, e a devorava.
Caminharam juntas, em cami nhos paralelos, uma usada pela outra, até que uma das duas pa receu excessiva, além de apócrifa, e começou a soar como cópia fal sa, como “ersatz” sem realismo, nem autenticidade.
Foi então que a linguagem co meçou a parecer um barulho oco de caixas vazias, um frívolo, seu uso, que Ela tem fronteiras, e não pode Nem arabesco Era o seu abuso, não o a desacreditava.
todas as cousas. “dizer pode ir até onde vai a inteligência Por isto, o poeta, desde sempre, e até hoje, luta contra a luiguae luta
E a inteligência, que vinha abdicando de toda a sua autenti cidade em favor da linguagem, e só dela, naufragou com a lingua- Usa a linguagem. gem.
É o artífice, em luta contra ela. com o seu instrumento.
Procura, desesperadamente, atra vés da linguagem, de seus artifí cios e armadilhas paralelas, des cobrir a inteligência perdida, não percebe que está inventando outra linguagem, e está começan do tudo de novo.
A inteligência não tem palavras. Ou é uma intuição pura, ou co meça a ser uma falsificação da realidade.
Na verdade, tenta ser uma du plicação da realidade, e trato; mas, vendendo-se à lingua gem. raramente o consegue, por que a substância profunda da in teligência não são as palavras.
o seu re-
A inteligência dev3 adaptar-se à realidade, não às palavras. E a linguagem tem que adaptar-se à inteligência; sempre que se trans forma num sistema de fórmulas falsas, tem que ser reconduzida a novos moldes, mais dóceis à rea lidade.
É grande a fascinação da lin guagem e estranho o seu caminho. Importa não vê-la como o ídolo, que fizeram dela os nominalistas e os idealistas. Primeiro, a cria mos; depois, a adoramos; afinal, apanhados em idolatria, nos trans formamos em iconoclastas.
Por isto, os cientistas usam linguagem dos fatos e da expe riência. e estão sempre em guar da contra as palavras. Têm medo de se enredar nelas e perder o contacto com a realidade. Mas não podem se comunicar, sem a palavra. Então, a palavra tem que ser transformada em um fato, para não perder a credibili-
dade. Assim, querem transformar todos os símbolos em puros sinais.
Para eles, as palavras devem ser apenas os nomes das cousas. E as cousas é que devem falar por si mesmas. A linguagem deve ser uma cadeia de sinais. Um con junto de rótulos e de etiquetas.
Despre2am a Filosofia, que é apenas símbolo e, portanto. Lite ratura. E, mais do que a Filo sofia, desprezam a Literatura, que é tempo perdido, e inútil bláblá-blá.
A Literatura é uma arte. Toda arte é uma cadeia de símbolos c. portanto, ambivoca e ambígua. Admitem-na apenas como diver timento, ou jogo frívolo.
A comunicação do cient'sta de ve ser apenas um cód go de ró tulos, pregados sobre os fatos. Toda abstração, que foge dos fa tos tangíveis, é falsificação, como tudo aquilo que a experiência não toca e não vê.
Nesse contexto, deve ser simples, concreta, ime diata.
linguagem a A que melhor acompanha a cadeia dos fatos, se encadeando e se desenrolando.
Daí, a linguagem audio-visual, que é a linguagem dos tempos mo dernos. A única que ainda tem credibilidade.
Entretanto, toda a ginástica da inteligência, ao inventar a linguaa
É preciso ver para crer. é a norma dos novos tempos. Mas como nem tudo ae vê, não sie acredita mais naquilo que nã.o se vê.
Antes: ela è lha da Intuição, a própra intuição, que é a mt 'ligência sem palavras, tentT.do realizar-se de qualquer man:ira. até pelas palavras. gem. foi um esforço para comu nicar aquilo que não se vè. Por isto. a linguagem se transformou, pouco a pouco, num sistema de abstrações.
Era um
criava
Como nem toda a realidade é visível, a linguagem, com todos os seus expedientes e estra^gemas, era uma necessidade. “ exercício do espirito, que parale lamente ao pensamento, um sistema de sinais e de símbo los. cada vez mais complexo, ca paz de traduzí-lo.
E este é o grande equívoco; ape sar de tudo, a linguagem erudita, com todo o seu complexo de abs trações, é uma necessidade.
Seus próprios estranhos tentativas para captar _a Inte ligência. e para acompanhá-la em seus roteiros virgens, que ainda não têm palavras.
A ciência não segue a linha da inteligência intuitiva. É uma ati tude analítica. Segue a lógica da inteligência discursiva, que é a inteligência depois das palavras. Logo, a hecatombe da linguagem é a própria hecatombe da ciência.
O empobrecimento da lingua gem e as restrições ao seu pleno desenvolvimento, não enriquecem a Ciência, nem a tornam ma's autêntica: antes, a empobrecem, seus caminhos.
e cerceiam os artifícios, seus equilibrios instáveis. Assistindo ao holocausto da linestamos, ao mesmo tem- guagem, po, assistindo ao holocausto da Ciência e da Cultura.
sao cientistas da percebem isto,
Se os próprios Lmguagem não cabe aos cientistas de outras áreas E vir dar lições
O descrédito da linguagem e, portanto, uma tentativa de voltar Para, depois, co- compreendê-lo. em seara allieia.
Porque não há outro caminho é indi- para a inteligência, que zível em seu estado puro, senão criar os símbolos, criá-los.
Os filósofos já o perceberam, como sempre, antes dos outros. E já falaram, das alturas do pen samento desengajado, de onde ha ângulo de visão para ver todas as à estaca zero. meçar tudo de novo.
Com a hecatombe da linguagem, vem, portanto, a hecatombe da inteligência. E, com ela, a heca tombe da Cultura. E sempre recousas.
Também a Poesia é uma tenta tiva de superar a linguagem, e de voltar à estaca zero. de comunicação, além e apesar da linguagem.
Mas, há uma diferença: a Poe sia consegue superar, de certa forma, a linguagem, porque é ficias, na tural, que leva ao seu total ama durecimento. Tentativa
Quem fala em “linguagem”, em tese, tem que considerar o pro cesso em toda a sua extensão, leúltimas consequenlinha do crescimento navado às suas
A linguagem caminha no de um desenvolvimento, cujas leis estão na sua própria lógica inte rior, na sua própria essência. rumo
A linguagem falada, sem com promisso com qualquer tipo de erudição, constitui apenas o nú cleo, ou o germe de um processo em movimento; é um esboço, um esquema, um começo.
A linguagem espontânea, ou fa lada, leva naturalmente à lingua gem elaborada, ou erudita, que é geralmente utilizada, quando a pessoa “escreve”.
Quando crescem as dificuldades, ou a complexidade da matéria a enunciar, a linguagem avança em seu processo, aumenta a sua ela boração é a sua própria comple xidade.
Mas as “leis” fundamentais da linguagem, falada ou escrita, en quanto expressão do pensamento, são as mesmas. Não há, propria mente, duas linguagens: uma é o desenvolvimento da outra, simplesmente, esta é um estágio mais avançado daquela.
Embora tí ou a linguagem escrita tenda a imobilizar-se, circunscre vendo o conteúdo intelectual de cada época, enquanto se transfor ma em documento; ao passo que a linguagem falada continua desenvolver-se livremente, à pro cura da mensagem atual mentânea. a e mo¬
Os achados mais expressivos da linguagem falada de incorporam à linguagem escrita, fazem-na cada vez mais abrangente e pene trante, e a enriquecem.
É um equívoco imaginar que a linguagem “perde” em comunicabilidade, enquanto passa de um estágio para outro; perde em comunicabilidade, não como proces so, mas como conteúdo, porque
trata de um novo objeto, mais di fícil.
Esse conteúdo, mais complexo, é que não está ao alcance das mas sas despreparadas. A linguagem aperfeiçoa os próprios recursos, enquanto passa a dispensar cer tos expedientes, como os pura mente sensoriais, muito significa tivos, mas que deixaram de ser indispensáveis à nova mensagem, que nem sempre depende deles e que foge do seu campo de expres são.
Mais importante do que os meios de comunicação “quentes” ou “frios”, é o conteúdo, mais simples, ou mais complexo, que eles têm que transmitir.
Dada a perda de valiosos e su gestivos elementos sensoriais, próprios da l-nguagem falada, por isto mesmo, entre outros motivos, se constrói a riqueza imensa da linguagem escrita, que. através de séculos e gerações, vem aperfei çoando um instrumento, cada vez mais versátil e mais delicado, ca paz de traduzir sempre melhor as mais variadas incursões, os en contros mais imprevistos, bem como os mais subtis malabaris mos do pensamento.
A linguagem escrita se confunde com a linguagem erudita; ”um fatal decoro psicológico passa a pesar sobre quem se põe a escre ver”, afirma Mc Luhan. É quando cada um passa a utilizar todos os requintes, válidos ou especiosos, de que dispõe seu equipamento cultural.
Entretanto, apesar disto, ou por isto mesmo, a linguagem erudita é mais rica, mesmo em modismos
intelectual, cada vez elástico, que os afastou, cada vez mais, da realidade. Pouco a pouco, deixaram de pichão da experiência coti- . ma^s inesperados e torneios de expres- mo são. tendentes a captar a corren te da vida. em sua cambiante e fugitiva aparência. Sem dominar aquela Tnguagem. a comunicação se empobrece e perde era criati vidade e em capacidade polimorfa de revelação.
As grandes criações do espírito humano não somente deixam de ser arquivadas, para o conheci mento da posteridade, mas dei xam de ser comunicáveis, e mes mo deixam de ser possíveis, sem a riqueza, a dutilidade, a subtile za. com que a linguagem erudita traduz os equilíbrios e aventuras do pensamento.
No mesmo sentido em qué a lin guagem escrita seria uma dupli cação “espúria” da linguagem fa lada (como querem, alguns), a linguagem falada seria uma du plicação “espúria” do pensamen to e. em consequência, da reali dade.
A atitude de contestação, suici da e nihilista, não é. a rigor, con tra a Pnguagem escrita, é (por certo inconsc<:ntemente) contra a linguagem em si e, em última instância, contra a inteligência, ●que não dispõe de outro instru mento mais perfeito para se ex-
sar no diana (o método deve ser empí rico, afirmava entretanto Wittgenstein), ou, mesmo do senso co mum, para caminharem sobre fios de paradoxos, esticados sobre meandros intrincados de cons truções sibilinas. os verdadeiro
E isto já era um “abuso” da linguagem, para quem se propunha a estudar exatamen te a linguagem. Ma.’s; era um abuso da linguagem erudita, ou escrita, para quem, muitas vezes, se propunha exatamente a criar suspeições sobre a linguagem es crita, alertar sobre os seus peri gos. ou minimizar o seu valor e a sua significação. de todos os Há, na linguagem substrato comum. ou povos, um s’stema subjacente de normas m qual se podería univer- variáveis, com o construir uma “gramatica sal” — segundo Chomsky. análise corresponderia, o Miller, a "um estuco da natureza das aptidões intelectuais do humano”.
Sua do problema podepr-ssar.
Não somente nesse terreno, mas' em rnuitos outros, “a inteligência está em perigo”, — como adverte Marcei De Corte, em luta contra o idealismo filosófico, que invade o pensamento contemporâneo.
As interpretações e pesquisas, sofisticadas. da absolutamente linguagem, levaram certos linguis tas modernos a um funambulis-
A colocação ria, nesses termos, ser " pies: a linguagem voltaiia a .-er considerada, de qualquer maneira legítimaraente, uma ^ inteligência que tem universais e necessários; e as ca tegorias essenciais e profundas da linguagem seriam as mesmas ca tegorias essenciais do pensarnento. Apenas, é importante evitar o “abuso” de um instrumento limi-
tado; todo instrumento é limita do a seu fim.
E não fugir da simplicidade, em nome às vezes da mesma simpli-
O Novo Instmincnto de Poder
A linguagem diz o que
cidade, ela diz, é uma sábia tautologia. Não manipular a linguagem e o seu estudo, -com a malícia de uma espécie de fetiche, quem usa ou escalpela um monstro sagrado. Assim, não seriam tantas as peças e logros, que nos pregaria a linguagem; nem seria necessá ria a conclusão paradoxal de Wittgenstein sobre as suas pró prias idéias, ou seja, de que aque le que realmente as entende, as reconhecería como absurdas, quando, com o auxilio delas, tiver escalado para além delas, como alguém que deve “jogar fora a escada, depois de ter subido por ela”.
O grande mestre, ao final de suas elocubrações, fazia, de modo implícito, apenas o elogio da Poe sia. ou do seu método intuitivo, enquanto confessava io fíracasso da linguagem, como instrumento da inteligência discursiva, “ver 0 mundo corretamente”.
As elites sempre foram repre sentadas pela palavra. A palavra era o sinal de uma hierarquia; a hierarquia da inteligência. Porque a inteligência se realizava pela palavra.
A palavra era a marca do pen samento. Abstrata, subtil, flexí vel, versátil, como o pensamento. Por isto. laboriosa e difícil. Era um privilégio.
Com o descrédito da palavra, veio o descrédito das elites, linguagem dos fatos sobrepôs-se à linguagem do pensamento. Dis pensou a palavra, enquanto ex pressão elaborada. E igualou to dos os homens.
A linguagem dos fatos fica na superfície das cousas. Partindo dos fatos, o pensamento penetra nas cousas e. de abstração em abstração, revela as suas leis, ou a sua dinâmica interior. Para isto, precisa do seu instrumento, que é a linguagem abstrata.
para a
Primeiro, foi o desprestígio da palavra. Agora, é a guerra franca contra a palavra. Ela, fora da sua expressão popular e cotidia na, nada constrói; apenas atra palha, porque se interpõe entre os fatos e a inteligência.
Este é o grande equívoco, grande ilusão, que muitas vezes veio das cupulas, mas que, na verdade, de modo implícito, já do minava as massas e se tornava, em certo sentido, a marca do sé culo.
Ao passo que a linguagem al3Strata penetra nas cousas. se afas ta da sua superfície. E se afasta das massas, que vivem na super fície da realidade.
A superfície da realidade é gri tante e agressiva. Ataca os olhos e os ouvidos. E também o e.'tòmago. A sua linguagem é mais simples. E mais concreta. Mais fácil de ouvir e de entender.
Essa linguagem, que é um arabesco traçado sobre a superfície das cousas, que é apenas o retra to do seu mosaico exterior, é a linguagem das massas.
É feita também de palavras, de palavras de um tipo ruquase tão concretas mas dimentar, como as cousas, que são apenas o rótulo dos objetos tangíveis; não pode ir muito além.
Vencendo a linguagem das eli tes, as massas estão vencendo as elites. A luta contra as elites coa luta contra a sua
personalidade, à espera de serem despertados.
Por isto, não há mais lideres. Os lideres são retirados das eli tes, e as elites estão cada vez mais derrotadas cem das profundezas da natureza humana; os demagogos bóiam na sua superfície.
Os líderes nasmeçou com linguagem.
Os novos condutores das masos que falam a sua HnOu porque também não
Os novos tempos são os tempos Porque ninguém
dos demagogos, mais entende a linguagem das É uma linguagem para elites, surdos, e os lideres pregariam no deserto.
Quando as palavras arrastavam sas sao guagem. entendem outra_ linguagem, « porque fingem nao entendê-la. Ou são primários, ou são demagogos. Estes são os donos do futuro. Com eles, as massas destruirão as E muitos séculos passaou
Desde que as palavras perde- prestígio, ninguém mais elites, rão, antes que a humanidade re construa 0 caminho destruído, e reencontre os seus líderes.
Os demagogos não podem ser chamados de líderes. São condu zidos. não conduzem. Vêm na crista da onda. por isto parece que a comandam.
Os líderes são duros e inflexí veis. traçam os rumos, dão sen tido à História e arrastam as mul tidões, não são arrastados por elas.
Embora, a uma visão superfi cial, não pareçam representá-las. Traduzem os seus mais profun dos sentimentos, quase sempre inadvertidos, os anseios que bro tam dos abismos da criatura hu mana e da sua substância essen cial, não da sua face exterior.
tinham mesmo prestígio, aqueles que nao ■ as entendiam, canto de sereia; eles como um intuíam confusamente que as pa lavras continham alguma cousa da “sua” própria verdade, embo ra esta lhes parecesse, muitas ve zes, longínqua.
ram o acredita nelas, mesmo que as en tenda, porque elas se identifica ram, cada vez mais, com a misti ficação da inteligência e com a camuflagem da realidade.
Foram os demagogos que desa creditaram a palavra, porque fo ram eles que a usaram e mani pularam, segundo os seus próprios interesses. E, por curiosa contra dição. é neles que as massas acre- eles não fazem falam a hn- ditam. Porque parte das elites, e guagem das massas.
Para perceber o jogo dos dema gogos, seria preciso que as mas sas ouvissem a linguagem do penMas elas odeiam esta
Os mais profundos impulsos humanos dormem, sufocados pela avalanche das atribulações cotiestratos básicos da sarnento, linguagem, que separa os dois dianas, nos
E se tornam, cada vez aos estágios mais primitivos do pensamento. campos, mais. um instrumento na^ mãos dos demagogos.
As massas encontraram a ex pressão perfeita da sua lingua gem nos modernos meios de co municação audio-visual, criados à sua imagem, particularmente na televisão.
Como a linguagem abstrata foise tornando, cada vez mais, a ex pressão do pensamento laboriosa mente estruturado, a comunica ção audio-visual vai se tornando cada vez mais, a linguagem das massas.
Como o pensamento cria a l’nguagem e, depois, se realiza atra vés dela, os meios de comunica ção audio-visual, voltados para povo. primeiro interpretam, depois condicionam a linguagem das multidões.
A luta armada, entre a lingua gem espontânea das massas, em sua comunicação cotidiana, e a linguagem mais elaborada do pen samento abstrato, é apenas uma tolice. As duas devem subsistir, para que subsista a realidade do homem.
Não há mais dignidade numa do que na outra. Ambas são ne cessárias, devem ser conhecidas, e devem ser preservadas.
o o e, pouco era transfor-
A atitude de certos linguistas que pretendem conferir mais “dig nidade” ou mais valor à lingua gem falada (que é a lingua do povo) do que a linguagem escrita (que é a língua erudita) é ape nas um grosseiro engano e um crime contra a cultura.
Como a linguagem substituiu pensamento, as imagens tendem a substituir a linguagem a pouco, a dominar o pensamento.
A linguagem, na origem, constituída de imagens concretas; foi progressivamente mando os símbolos em puros si nais, ao passo que se tornava um instrumento de abstração e de ge neralização e o mais precioso apoio do pensamento.
Através do seu áspero roteiro em busca da sua forma pura, o pen samento, em grande parte com o auxílio da linguagem, libertou-se progressivamente da figuração concreta.
E eis que o homem volta a pen sar, cada vez mais, por meio das imagens sensoriais. E isto é ape nas um retorno. É um retrocesso
Pior é o caso de certos profes sores, que, em nome de novidades linguísticas, lidas ou treslidas (e mal digeridas), se rebelam con tra a gramática rudimentar e promovem erros crassos à condi ção de “literatura”.
A linguagem do povo, esquiva a qualquer sistematização cons ciente ou a qualquer esforço de desenvolvimento, sob a influência dos meios de comunicação de massa, caminha para a lingua gem das imagens. Não é um progresso. É um retorno.
A Linguística, como a compre endem hoje, é uma ciência nova e, como toda ciência nova, difi cilmente se restringe ao seu obje to, às vezes demora a identificálo, e tende quase sempre a trans formar-se numa cosmovisão.
Toda época tem os seus filóso fos. E toda civilização. A civi lização de massas, também. Para eles, tudo o que está ai está certo e deve ser assim mesmo.
Na verdade, nunca as cousas foram tão claras (ou tão rasas). E nunca foram aceitas por tanta gente. Os critérios da nova filo sofia são a quantidade e a evi dência.
A evidência e a quantidade são os critérios da Ciência. A expe riência e a observação dos fatos que se repetem. A Filosofia passer estudada com os critéE deixou de ser sou a rios da Ciência. Filosofia.
Esta é mais uma grande marca do século: a morte da Filosofia. Outro é o método da filosofia e outros são os seus instrumentos Trocaram os seus de pesquisa, instrumentos, e perderam de vis ta o seu objeto.
Toda cosmovisão é uma filosoE somente a Filosofia tem condições para compor uma cos movisão.
De uma visão, desligada dos fa tos imediatos, capaz de vê-los numa sintese global, que os in clua num sistema significativo do mundo, da vida e do homem. A Ciência não acredita nessa visão, que, para ela, é apenas especula tiva, ilusória e inconsistente, não é científica.
Assim, a ciência do século ma tou a Ciência do Ser, que com preende a inteligência como fa culdade de atingir o ser em si, não apenas como uma máquina de resolver problemas, por ten tativas e ensaios.
A Ciência, enquando não .aco lher, em seu campo, a Filosofia, como ciência, embora diferente e submetida a outros métodos de perquirição, — não tem direito de criar uma cosmovisão. que é uma filosofia da vida.
Para explicar os fatos, não ape nas na sua seqüência mecânica, mas na sua natureza profunda, é preciso olhá-los de fora. De uma visão, capaz de interpretálos. através de uma luz própria e independente. fia.
E continuará fazendo filosofia, embora com instrumento inade quado, para negar a Filosofia, en quanto invade inadvertidamente o seu terreno.
O cientificismo automatizado e determinista, avançou vertigino samente. no seu rumo, encadeado e fatal. Tornou-se escravo de uma nado neles, não pode explicá-los de fora. Nem criar uma escala de valores.
Foi 0 erro de Freud, Marx. e tantos outros. Menos do que um erro. foi o exagero de fazer, da medida que descobriram e aper feiçoaram, a medida de todas as
cousas.
Assim, diante das novas teo- cadeia de fatos. E, aprisiorias, a linguagem passou a ser, em certo sentido, a chave de toA Linguística se dos os estudos, debruça sobre os problemas da comunicação, como quem se de bruça sobre todo o universo do homem e da vida.
Por outro lado, a linguagem das massas avassalou, pouco a pouco, todos os campos. ● A televisão tor-
nou-se 0 símbolo mais perfeito da moderna comunicação: causa e efeito principal da nova linguagem.
A notícia da imprensa escrita perdeu o seu imenso prestigio: lenta, longa, inverossímil, atra sada, complicada. Cheia de pa lavras. A notícia audio-visual é concreta, imediata, rápida, fácil, evidente.
era
Os grandes jornais são cada vez menos lidos, e vão deixando de ser os grandes orientadores da opinião pública. Enquanto sobre vivem, sem dificuldade, os jor nais sem escrúpulos, que se com põem apenas de manchetes, de fotografias, de gravuras e de no tícias milimetradas. em extensão e profundidade.
um
em super-
E os jornais vão morrendo, por um, sacrificados ao monstro devorador da televisão, que, pou co a pouco, monopoliza a noticia. Os comentários, de um modo geral, não interessam às massas, porque os comentários, quando pretendem ser mais sérios, cami nham em profundidade, e as mas sas somente caminham ficie.
Às massas interessa apenas nhecer os fatos, e passar adiante. O tempo é curto. Comentar é fi losofar. Filosofar é apenas bláblá-blá. E a humanidade está farta de blá-blá-blá. co-
A propaganda,' desmedida e abrangente, a cada passo, ocupa 0 centro dessa linguagem, conteúdo e sem profundidade. A publicidade tornou-se, em grande parte, o conteúdo das comunica ções de massa, ou, como diz Serven-Schreider, estabeleceu-se confusão entre a informação e a propaganda.
Ou, ainda, como diz Marcei De Corte, “nas oficinas de informa ção, a opinião é fabricada em sé rie e estamos no século da infor mação deformante”.
A moderna “filosoTa”. como a moderna cultura, na medida em que as entendem as massas, como a sua linguagem, é composta de pilulas pequenas e é ministrada em conta-gotas.
Certa pedagogia moderna já en tendeu assim, pelo menos na prá tica, e nesse rumo, e na medida desse mini-mundo, pretende re construir o mundo.
Por caminhos diferentes, a lin guagem da Ciência, embora tenha que ser mais rica, obedece aos mesmos princípios da linguagem das massas. A tecnologia, embo ra avance muito, é sempre um ro teiro em superfície, uma cadeia de fatos. Como o rotc‘iro das massas.
Por isto, as massas, que despre zam as elites, admiram a tecno logia, embora não a entendam. Mas vêem e apalpam os seus re sultados e tocam nos seus’ efeitos. Instintivamente vislumbram uma secreta semelhança entre a sua linguagem e a linguagem da tec nologia.
Daí, o estranho e bastardo núbio que se vai estabelecendo, surpreendentemente, entre as massas e a civilização tecnológica.
Assim, nunca a informação foi tão apressada, tão superficial e tão comprometida. sem a co-
Afinal, ambas perseguem o con forto e as realizações materiais, aqui e agora.
Tanto os homens da massa, como os homens da tecnologia, desprezam igualmente os filósofos. E os seus acólitos, que são os homens que ainda cultivam o pensamento puro, desvinculado das vias rmediatamente concretas e materiais.
Apenas para este (ao que se vê) parece necessária a lingua gem erudita e trabalhada, capaz de avançar nos campos do espi rito, onde o verdadeiro sentido do homem e da vida, e o seu destino, se projetam fora e acima dos es quemas da matéria, quando con siderada a única substância do universo.
O Novo Instrumento da Anti-Cxãtura
Se as massas permanecem na superfície das cousas, o domínio exclusivo das massas é a área das cousas rasas, e é o fim da Cul tura. que é uma prospecção em profundidade. Da Arte, inclusive. A Arte deixa de ter conteúdo pro fundo. às vezes qualquer conteú do. para 'se transformar numa Tnguagem sem mensagem. Particularmeiite a Literatura e, no seu campo, a Poesia. No co meço, ela se distanciou cada vez mais das massas, em busca de uma mensagem: do sentido pro fundo das cousas e da e.^isência do Ela martirizou a lin-
das alegorias e de outros artifí cios que, usando a palavra, a su peravam. a desarticulavam, e constituíam uma subt*l e trágica experiência do espírito.
Poi o momento espiritual em que o hermetismo da Arte ainda tinha um sentido. Era a tenta tiva de captar o indizível e de revelar o mistérh. Era uma av:ntura à busca da poésia pura. Era 0 “suicídio angelista” de que fa lava Maritain.
Hoje, a cousa é diferente. O fenômeno (pretensamente) artís tico é outro. Simplesmente, a “arte”, quase sempre, como tudo o mais, não tem mensagem. É uma linguagem sem conteúdo: apenas porque não pretende dizer nada, não porque não consiga di zer o que pretende.
Assim, a linguagem da Arte, ao final do caminho que srgum. à procura de si mesma, se parece hoje com a linguagem das mas sas. Ambas balbuciam. Ou nada dizem. Uma, porque não pode. Outra, porque não quer.
“A Arte não deve dizer nada. para que possa dizer tudo” — afirmou Wilde, num dos seus es tranhos e profundos paradoxos. Hoje, a “arte” não. diz nada, por que não tem nada mesmo para dizer.
E é um deslumbramento para as massas encontrar-se com as elites, embora por caminhos di ferentes, em matéria tão nobre, que sempre foi privilégio das eli tes. universo, guagem, e a atropelou, porque o que ela queria dizer era indizivel. Tentava captar o m’stér'o do universo, através dos símbolos.
Nada mais difícil, hoje em d'a, do que distinguir a verdadMra arte. que é (às vezes inconscien-
temente) uma tentativa de cap tar 0 absoluto artístico, ou a poe sia pura, portanto um processo esotérico ou hermético, — da arte falsa, que é apenas um ruído de matracas sonoras, que nada têm para dizer.
teressa o espaço presente c o momento que passa, ção é sempre alguma cousa que “fica” e que alcança o “consenso geral”, mas que perde o contacto com a realidade atual, sempre smgular e movente.
Os artistas são uma elite. Em- elites sejam, por bora, às vezes, perdidos em meio natureza, conservadoras; são até. das multidões. As massas, hoje, nrais frequentemente, revolucioná- não os entendem, mas sao capa- rias; mas são as depositárias da de copiá-los. A sua propna mais sólida herança do passado, moda, é claro, e como os veem. onde se encontram certos valo- Naquilo em que eles se parecem j.gg çjêfinitivos e inalienáveis, cuja elas: na impossibilidade tra- essência profunda nem sempre gica de transmitir uma mensa- gg^^ alcance das multidões.
No movimento contínuo do ser Os homens da massa nao enten- existente, há a base imóvel do dem a arte moderna, a pintura, a g^^. g. existe enquanto ato poesia, a escultura. Mas encon- ^ enquanto potência, - traram, nela, uma grande seme- ^ fundamento da “tradi- ihança com a sua linguagem, que g-^,, g ^ distingue da e pnmaria, pobre, sumaria, e, de vazia e estéril, proiundo, nada diz. Perceberam ' _ „ que ser'a muito fácil fazer aqui- Lutando contra a ‘convenção , Io: uma série de borrões, palavras verdade as massas lutam_conmisturadas sem nexo, volumes ^ tradição, válida ou nao, e amontoados ao acaso. Nada de tudo o que tem sentido perma- difícil segundo viam. nente. ,É uma “revolta contra o
Desde então nos --- e^ns
SnTado r lado? “lanS^ Alfredo Lage. e a arte. Nada significa nada, Este é um dos pontos de con- aparentemente. E, mais do que vergência, que explicam o encon- nunca a Arte ficou difícil e dis- tro surpreendente, que às vezes se ’ verifica, entre os caminhos das
A conv:nzes com tante.
Este é o outro grande equívoco, foi tão difícil a Arte. tão fácil.
massas e os caminhos da juven tude. E Nunca
Nunca “O público está enjoado, intoxicado com a presunção cultural”, — acabamos de ver, numa cita ção de Jéan Dubuffet. Está en joado da cultura “tout court”, e de tudo o mais.
A luta contra as elites é, mesmo tempo, uma luta contra o convencional, porque vivem aqui e agora e só lhes inao as massas
É, mesmo, de enjoar, uma “culnunca pareceu esteve tão longe das massas, pareceu tão perto. E nunca
tura” que inventa “estruturas” e “sistemas” com apoio apenas em fórmulas e sinais, depois fica aprisionada nos sistemas que criou, substitui por eles o univer so real, passando a elaborar sobre eles a “sua” realidade.
É natural que a vida (e não so mente a cultura) fique cada vez mais sofisticada e mais nausean te, quando deixa de ter qualquer real sentido para os homens.
Daí, 0 carácter dispersivo e in dividualista, portanto egoísta, parcelador e explosivo, que ca racteriza a vida das multidões, em nossos tempos.
Em que pese a teoria da “aldeia global” que, através dos atuais de comunicação de massa. meios deveria congregar os homens de todo o mundo, em torno dos mes mos sentimentos, de uma única comunidade próxima e convivente.
Na verdade, segundo Miller, que contesta Mc Luhan, não sendo possível ao homem, afinal, “sen tir” tudo com todos, tal é o volu me de informações sobre os outros, que lhe chegam de todos os lados, acaba criando uma carapaça de defesa, que o faz mai.s insensível aos problemas dos outros.
O que se torna coletivo e estandardizado são as formas de pen samento e de opinião, que se es tereotipam, e não os sentimentos, e muito menos as bases da soli dariedade humana.
Dessa maneira, nunca a partipicação do homem de massa nos problemas do mundo foi tão abundante. E nunca foi tão ex terior e tão convencional.
Embora certas manifestações de rua às vezes pareçam sugerir o contrário. São, quase sempre, ma nifestações “encomendadas comprometidas com a demagogia que as comanda à distância. Ou são manifestações de interesses, às vezes legítimos, mas individua listas e circunscritos ao espaço vital de cada grupo.
Nunca as massas viveram, tanto como hoje, na superfície das cousas, e na corrente mutável das aparências. Deve vir abaixo tudo 0 que representam as velhas tra dições, no campo da arte, da mo da, da religião, da morai, do.s sis temas sociais. Em nome, apenas, do novo. Isto é, em nome dó nada.
Foi um acesso repentino, im provisado e assistemático, às fon tes populares da cultura, de uma cultura de mosaico, que não pe netrou nos espíritos, o que trans formou as massas em vítimas da própria informação, e tornou maior a angústia e o dilaceramento do mundo. e
Referimo-nos às massas.
Mas
as multidões, afinal, não são ape nas um termômetro, revelando uma crise de toda a civilização, pelo menos do Ocidente, que per de cada vez mais o contacto com as realidades profundas, e acre dita, cada vez menos, em um sen tido para a vida?
As massas devem
Mas não
Não nos encontramos, por certo, diante de um caráter “essenciaj” das massas, nem de uma situação fatal ou definitiva, têm direito à Cultura, atingi-la, e este é um nobre obje tivo da humanidade, será para os nossos tempos.
Esta não é, portanto, uma po sição “elitista”, como se costuma dizer. Não proclama uma situa ção, apenas tenta retratá-la. Pre tende apenas montar um tosco diagrama. Não de um futuro re moto, mas dos dias que vivemos.
FrocuramoB encontrar os nexos çnt4'c a linguagem, a cultura do UesLino Uo'.j liomeiis. massa, e o Como todo o mundo está fazendo, mesmo desembaraço e até o mesmo método (de pequepílulas), que está na moda. com o com nas
Na verdade, o dominio dos fatos da linguagem é mais amplo e as suas implicações mais complexas do que parecem, e o espectro de suas correlações vai se abrindo, ao passo que se estuda o assunto, mesmo durrente calamo”.
Quando ainda se estudava aná lise sintática (apropriadamente chamada “análise lógica”), a cri tica da linguagem era, em certo sentido, limitada e circunscrita, — mas era mais fácil perceber còmo a estrutura da linguagem se apoia va na estrutura do pensamento, e como a linguagem mais “correta” era a que se adaptava mais cor retamente àquela estrutura.
É verdade que sempre existiu o que os gramáticos chamavam de “linguagem afetiva”, que, em suas construções espúrias, fugia aos quadros da estrutura lógica. Mas era uma excepção, no sistema tradicional, e uma tentativa de traduzir, não somente o pensa mento lógico, mas também, de modo indireto, as emoções e os seus matizes furtivos e cambiantes.
Hoje, o que era excepção, passou a ser regra.
Há uma invasão, desses proces sos ilógicos (se bem que espontâ neos) e excepcionais, sobre o campo da linguagem lógica, con siderada em suas coordenadas próprias, cuja função é transmi tir. em .seus esnuema.s puros, o pensamento.
Os processos da chamada “lin guagem afetiva” se confundem com os da linguagem espontânea, ou da linguagem falada, e res saltam, de modo imediato, as emoções e o sentimento, enquanto a linguagem elaborada procura exprimir o pensamento. Ambas as maneiras sempre coexistiram, uma dominando a língua falada, outra dominando a língua escrita.
Os homens passaram a pensar pouco e a viver muito (em ex tensão e em superfície). Torna va-se mais importante transmi tir imediatamente os seus senti mentos e as suas sensações absor ventes e tirânicas, do que o seu pensamento lógico.
E os processos, diretos e impro visados, da linguagem falada, com toda a sua ganga de impurezas não decantadas, passaram a en golir a linguagem escrita e a in vadir os seus domínios.
Outros processos culturais, le gítimos ou não, que vinham ga nhando terreno, concorreram para corromper, ou sofisticar, a lin guagem tradicional.
A Poesia, ao passo que, como vimos, tomava consciência do seu próprio processo, tendia a sub verter a linguagem lógica, na tentativa de captar os “farrapos
de absoluto”, que ficavam para além do significado. Enriquecia a linguagem, mas. às vezes, a perturbava.
O caminho foi longo, mas, na verdade, já se falava nas “licen ças poéticas” muito antes clc sc falar no hermetismo da Poesia.
A inteligência Intuitiva sempre conviveu com a, inteligência con ceituai. As duas refletem a rea lidade do homem; uma se traduz melhor no pensamento lógico, a outra se revela através de expe dientes afetivos ou sensoriais, em bora tente sempre forçar a bar reira da linguagem.
A linguagem das palavras foi progressivamente estruturada pa ra traduzir a inteligência concei tuai, ou 0 pensamento formalizaNão é adequada para expri- do. mir corretamente as emoçoes ou desde que estas não sensações, revelam, de modo direto e pró prio, pelas palavras. Se assim ten ta fazé-lo, se desmantela e se de sarticula.
se Uma palavra não designa uma sensação, da mesma forma como designa um objeto material, que pode ser mostrado e ligado ao seu nome.
E que dizer da linguagem que, no próprio mundo da inteligência, tenta captar as intiuções informuláveis?
Essas limitações, entretanto, não decretam a falência da linguagem, nem mesmo daquela que procura exprimir os estados de consciênÉ de um modo indireto que ela pode traduzir as sensações, os sentimentos, as intuições. cia.
Através de uma linguagem j3Uramente fatual, ou através de uma descrição objetiva da vida ou da natureza, se cria texto, no qual se “sugerem”, com maior ou menor precisão, os estado.-j de alma c as realidades sub jetivas. um con-
A metáfora viva, que ainda não .se transformou em puro sinal, deixa, entre as duas cousas que artificialmente se aproximam, uma grande margem para o arbítrio, um território livre, onde a inte ligência hesita, a imaginação se exerce, e o espirito vai além da quilo que a linguagem lhe apre senta.
Nesse território, ele caminha sem palavras, tacteia na penum bra, recorre à intuição, e realiza aventuras e incursões, à procura da realidade que as palavras não alcançam.
Enquanto a linguagem comum avança no caminho do sinal, transformando cada vez mais os símbolos em puros sinais, — a linguagem poética desbrava, e ca minha no sentido dos simbolos. A sua função é criar, sempre, sím bolos novos.
O “senso poético” não é privi légio dos poetas, assim chamados. De poeta, todo o mundo tem um pouco. Todo 0 mundo é poeta, quando cria o verbo novo.
A Poesia abre os caminhos, ras ga os horizontes, rompe as fron teiras. Inventa símbolos, capazes de revelar, em brusco e inespera dos relâmpagos, a realidade es condida. E os símbolos vão se transformando em sinais, criando a linguagem cotidiana.
por si mesmo, de poder enunciá-lo.
é indizivel. e cada um o encontra E 0 sente, antes Nço é, entretanto o símbolo que falsifica a linguagem. A lingua gem é criada sobre símbolos, que, às vezes, a sacrifica são au daciosas tentativas de linguagens paralelas, com que a Poesia tenta sugerir a “forma’ dos seres e o último resíduo de mistério.
seu sugeri-lo.
Um romancista (ou um poeta) pode sugerir, ou definir melhor os contornos de um sentirriento. do que um psicólogo. Não há outra forma de “dizer” o indizivel, senão
É uma visão
A visão do homem cotidiano é uma visão prática e utilitária, ]á ensinava Bérgson. do geral, embora apenas "gene ralize” sobre o mosaico das su perfícies visíveis.
A visão do poeta (ou do artista) é uma visão do particular, embo ra seja, na verdade, mais profun da e desafiante. E mais reveladora.
Ao homem prático, interessam os aspectos gerais ou os proces sos genéricos que comandam as cousas, para que ele possa utilizarse delas. Ao poeta, interessa a cousa em si, pelo que ela é, na sua natureza profunda e na sua absoluta singularidade.
A absoluta singularidade de cada cousa é o seu absoluto misO caminho do simples tério.
absoluto é o mais difícil caminho.
Isto é bem pouco e, entretanto, afirma toda a fundamental vali dade da Arte e delimita todo o seu imenso e exclusivo território.
E, ao mesmo tempo, afirma, de certa maneira, a validade da dis cussão, que invade a linguística contemporânea, sobre as frontei ras, os riscos e as armadilhas da linguagem. Por causa das desco bertas da linguística, nem sempre de suas teorias. Apesar de suas ambiguidades e de seus exageros.
Embora as “descobertas” não sejam todas tão novas como pa recem. E haja um prurido exces sivo na rotulagem de cousas ve lhas com nomes novos.
Ao poeta (e ao
Ao homem prático (e geralmen te ao cientista) interessa “usar” as cousas, embora (no caso do cientista) se possa falar num desinteressado”, filósofo, por outros caminhos) in teressa “conhecer” as cousas. realidade uso
Caminhar para a desconhecida é caminhar para o mistério, que existe para além da fronteira da palavra. O mistério
Mas valeu a pena o trabalho de um Wittgenstein, por exemplo, a propósito dos limites da lingua gem, “como batalha continua contra .o enfeitiçamento do inte lecto”, no dizer de David Pears. Ou contra as peças que nos prega a linguagem, como diz ele próprio. Apenas, como sempre, é preciso evitar os excessos. E não jogar fora a criança com a água do banho.
APRENDENDO A LER
JULIO BARATA
E/ cada vez maior, entre nós, o número de livros publicados, mas talvez não se erre muito ao afirmar que, tendo em vista 0 crescimento popula cional, é cada vez menor o núme ro de livros lidos. De outra ma neira não se explica a reduzida vendagem das edições, apesar de tiragens sempre pequenas, se as comparamos, por exemplo, com as cifras correspondentes de outros países, como a Inglaterra, a Fran ça e os Estados Unidos. Aqui, im primem-se de cada obra poucos exemplares e desses poucos o en calhe é sempre grande.
Não se culpe o Mobral, que vai bem, obrigado, não obstante a onda dos pessimistas. Postas de lado a carestia da vida, a alta do preço do papel, as preferências desastradas dos editores e outras causas, a causa maior não deixa de ser uma geral abstinência de leitura, provocada pela falta de gosto da própria leitura.
Uma campanha, enfim, se es boça, oportuna e vibrante, por iniciativa de mestres da enverga dura intelectual de um Abgar Re nault, entre outros, parà que se torne obrigatória nos exames ves tibulares a prova de redação.
Todos estamos de acordo em que é fundamental saber escre ver; que é preciso acabar com a vergonha do caçanje nos meios universitários; que não 'se impõe a ninguém a profissão de escritor nem se pretende criar estilistas
0 professor, jornalista e ex-ministro do Trabalho focaliza o problema do desprestigio da lin guagem, assunto sobre o qual pu blicamos outra colaboração neste número. JJm e outro artigo vêm juntar-se ao que escreveu João Scantimburgo, em número passa do, sobre *‘Sartre e o estilo literá rio”. Devemos defender a língua, pois sem ela não há comunicação do pensamento.
da grandeza de um Graciliano Ramos, de um Autran Dourado ou de um Otto Lara Rezende, mas a todos, sem distinção e sem a au réola de nomes ilustres, incumbe o dever de se expressar correta mente, com clareza, com precisão e com o mínimo de respeito às regras comezinhas da gramática.
Pois bem: a condição primeira para aprender a escrever é apren der a ler. Dito isto assim, será que não enunciamos um monu mental acacianismo, um desses óbvios ululantes, a que se refere sempre o incomensurável Nelson Rodrigues? Não, porque há ler e ler. Aprender a ler, no caso, significa frequentar os que escre vem bem, familiarizar-se com os bons autores, saborear-lhes o es tilo e a fonna de apresentação de pensamentos e sentimentos. Dai, nestes termos, não só a evidente preeminência da leitura sobre a
escrita, mas até sobre a gramá tica, que, mal ensinada, como sempre o foi, não é motivo de aprendizagem e, sim. de alergia do aluno tanto à leitura quanto à escrita.
Ninguém se iluda com os covei ros do idioma. Lácio”. que, no verso de Bilac, é “esplendor e sepultura”, vai sen do carregada, todos os dias, sem nenhum esplendor, para o cemi tério. Os coveiros, que lhe abrem jazigo, são os complicados pro cessos didáticos e certos moderpedagógicos.
e contrabandeados
ta norte-americano, o livro encer ra uma série de conselhos sobre a arte da leitura. Arte? Sim, porque a leitura, de que falamos, é uma arte. Não consiste apenas em devorar palavras com os olhos ou deliciar-se com a harmonia vocabular. É leitura atenta e pau sada, em atitude que diriamos gastronômica, igual à de que de gusta um bom prato para guar dar na boca o sabor do bom tem-
A “última flor do Tempero de palavras e dc pero. frases, jogo mágico de cores e sons, emprego’justo de adjetivos e verbos, contenção de termos e lu minosidade de locupões, toda a tessitura do est’lo e sua adequa ção- à finalidade do escrito: ut doceat, ut moveat, ut delectet. como ordenavam os antigos. Tnguagem que esclareça e ensine, sensibilize e persuada, agrade e dê prazer.
Só o convívio habitual com os escritores consagrados, segundo o método de Ezra Pound, aplicado ao manuseio de um Eca. de um o rotulados n smos pernosticamente de “Comunicação e Expressão do estrangeiro, em obediência à nossa incorrigível mania de macaquear o que vem de fora. Afi nal, digam os nossos turistas, não é na Argentina que vamos com prar as melhores camisas (bra sileiras) ?
nao
A melhor, a mais eficaz manei ra de dominar um idioma sempre foi e será a leitura dos que o sou beram manejar com perfeição. Ousaríamos acrescentar, para conforto dos editores em crise e dos estudantes torturados pela análise lógica ou pelas quinqui lharias de filólogos e estruturalistas: mesmo sem o estudo da gramática, a simples leitura dos livros bem redigidos é bastante para que se adquira o hábito da boa redação. Ezra Pound, maluco, mas gênio, discordaria desta opinião.
Seu “ABC of Reading” é um pe queno tratado que nos ens’na co mo se deve ler e o que se deve ler. Completando o “How to read”, panfleto polêmico do grande poe-
Camilo, de um Vieira, para só fa lar de clássicos portugueses, vale mais do que^semanas e meses per didos na faina de consultar gra máticas para aprender gramatiquices.
Não acreditamos, é claro, que. à falta de vocação e de dotes pes soais, 0 método possa produzir es critores. Corre-se mesmo o r:sco de produzir meros pastiches, papel carbono das grandes figuras literárias. Tirante este per<go. o resultado só pode ser proveitoso para o objetivo em mira; — escre ver correto, escrever para ser en tendido. escrever para se comu nicar.
Quando Ezra Pound nos manda, em face de um texto, ainda que de autor famoso, catar as palaimpróprias ou inúteis, elimiobscuras (ah! economis-● vras nar as tas, psicólogos e críticos), decifrar as ambiguas, etc., (veja-se pg. 64 de “ABC 0/ reaãing”) conviãa-nos exercício mental que torna a um a leitura o mais agradável passa tempo a serviço do mais necessá rio à redação, a saber, a limpidez da frase e emprego justo dos ter-
a ler em sentido pleno. Ninguém espere do método uma nova Mi nerva a nascer da cabeça de Jú piter. Não aparecerá uin novo \ Vieira ou um novo Eça. Aparece rá, porém, um mundo de gente capaz de escrever certo e claro com a naturalidade de Monsieur Jourdain, que fazia prosa sem o saber.
Quem fôr contra esta receita de bom senso demonstra ignorar que, ou sem 0 Mobral, os piores com analfabetos continuarão sendo os que aprendem a ler sem aprende rem o que devem ler. mos.
Junte-se um dicionário ao tra balho da leitura e, com tais fer ramentas. será possível aprender
estados UNIDOS;- O CLORETO DE VINIL E A POLUIÇÃO DO
A ]y[ais uma vez, o cloreto de vinil está chamando a atenção como Doluidor do ar juntamente com o perigo que ele representa para a saude nminacional por ser considerado um carcinógeno suspeito. Em testes pre- HmSes a Agência de Protegão Ambiental (EPA), dos Estados Unidos descobriu, recentemente, minúsculas concentrações variaveis de cloreto de vinil (tipicamente inferiores a 1 ppm no ar circunvizmho a varias la- brias de cloreto de vinil e.de poUvinil. A EPA acredita que nao ha peiigo para a saúde pública. Mesmo assim, a agência (1) solicitou aos fabricantes de monômeros e polímeros, dados sobre suas emissões de vinil e {2.) soli citou, por questões de prudência, devido ao problema do câncer, que o fabricantes reduzem ao mínimo essas emissões o mais rapido possivei. iNao existe, atualmente, um padrão federal de controle da polmçao com relaçao ao monômero. No momento, as atenções da EPA convergem para as con centrações de vinil no ar. Entretanto, a agência testou, também, corren tes de líquidos efluentes, descobrindo níveis típicos de 3 ppm. Enquanto isso quatro novos estudos patrocinados pela indústria, sobre o cloreto de vinil e 0 cíUncer em animais e as implicações para a exposição humana, estão sendo iniciados pela Manufacturing Cheraists Assn. (MCA). Esses projetos de estudo, cujo custo é avaliado em pelo menos 400.000_ dólares concentrar-se-ão no metabolismo, na teratogenese (fetos de animais monsti-uosos), na inalação crônica de cloreto de vinil a concentrações abaixo de 50 ppm e na inalação aguda durante uma exposição compacta que pode ocorrer com pessoas que se encontrem nas proximidades da ruptura de um carro-tanque.
JAPÃO:- A INDÚSTRIA DE FIBRAS RENASCE LENTAMENTE —
A indústria de fibras sintéticas do Japão está lutando arduamente para retornar às suas coridições anteriores. Após operar, durante vários meses, a capacidade tão baixas quanto 60%, a maioria dos produtores está agora operando suas fábricas a 80-90% de sua capacidade. A Teijin, segunda maior produtora de fibras do país, aumentou sua produção a fim de pre caver-se para um possível aumento na procura do produto. O valor do inventário da companhia caiu de USS 138 milhões, em setembro de 1974. para USS 9õ,8 milhões em setembro de 1975. Os estoques baixaram para uma capacidade de fornecimento de 1,1 mês, quando o normal é uma capacidade de fornecimento para 1,5 mês. Entretanto, as vendas e lucros resultantes do período de 6 meses, encerrado em setembro de 1975, não apiseentam qualquer indício de que há um boom em desenvolvimento . As^ vendas efetuadas pela Toray, a maior produtora de fibras do Japão, caíram de UbS 638,4 milhões, durante o mesmo período em 1974 para ^ tiveram uma queda vertical de USS 24,3 milhões para USS 1,7 milhão. Ag vendas da Teijin aumen taram 10 milhões, ou seja, para US$ 580 milhões; contudo os lucros caíram acentuadamente, de USS 21,7 milhões para USS 3,3 milhões, as companhias provem das vendas de ações, rante n atn^^n lucros poderão duplicar du¬ rante o atual período de 6 meses, ao passo que a Torav esoera aue os ^ellT?ompanhi^l”hase- ‘l^^druphquem. Essa confiança Lmonstrada peias companhias baseia-se, em parte, no ritmo de recunerarãn Ha pco- nomia norte-americana e nos aumentos de pregos A
INGLATERRA:- RECUPERAÇaO DE PROTEÍNA O
Centro de
mente dos resíduos de processamento de alimentos pal sao as fontes de soro de leite, onde, segundo ’ processo atinge 80% de eficiência natada. O método prove-
cujo objetivo princios pesquisadores, esse na recuperação de proteína não des- semelhante a um procedimento de senara- çao por peneiramento molecular, que já foi comercializado pela Sta^ffer uüZdo.
que TotT malf SnT'a passagem de grandes moléculas de proteína fracionando mentaçao. O processo de Harwell inclui o fluxo de alium substrato inorgânico. Essas moléculas são posteriormente removidas com soluçoes de fosfato, amonia ou álcali diluído. Os pesquisadores de Harwell afirmam tratar-se de um “processo desenvolvido de maneira especial para a produção de uma ampla faixa de pós adsorventes inor gânicos, em forma de partículas porosas, com dimensões dos poros rigi damente controlada. Entre os materiais testados até agora estão incluí dos; dioxido de titânio, celite, aluminia, bentonite e fosfato de cálcio
A geração sem palavras
nos Estados Unidos
NEWSWEEK
EM todo o país as estatísticas sobre alfabetização tornam-se mais chocantes a cada ano. Em março o Departamento de Saúde. Educação e Bem-Estar divulgou os resultados de um es tudo especial que mostrava o des gaste constante da capacidade dos estudantes norteNo mês
o jenovieno que se observa no Brasil, e foi denunciado pelo pro fessor Geraldo Rodrigues, está se verificando ser mundial. Na Fran ça comenta-se seu aparecimento nos liceus um dia famosos e nos cursos superiores. Nos Estados Unidos, a revista “Newsweek focalizou-o. de ler americanos desde 1965. Junta de Vestibular passado a anunciou a formação de um de trabalho que reune preeminentes para
grupo educadores estudar o declínio que começou a ser constatado há 12 anos nas res postas ao Teste de Aptidão Esco lar. O declínio é especialmente acentuado na área da aptidão
Neste ano, a queda do ní-
'A cultura liverbal. vel de respostas do Teste de Apti-, dão foi a maior dos últimos 20 De acordo com a Avaliação Nacional do Progresso Educacio nal. a maioria dos norte-ameride todas as faixas etárias anos. canos inclina-se a empregar a estrutura oracional mais simples e o voca bulário mais elementar quando
Entre os adolescentes, o escreve, desempenho em termos de escrita ser 0 de mais rápida dete- parece rioração. As últimas pesquisas do NAEP mostram que os textos dos de 13 a 17 anos são muito jovens mais incoerentes e desorganizados do que os textos dos jovens tes tados em 1969.
Para Marshall MeLuhan, os si-
nais dessa situação já eram claros há uma década: terária acabou”, declarou ele su mariamente, resumindo assim o impacto, a longo prazo, da tele visão. Os Estados Unidos, disse o poeta Karl Shapiro “estão perdi dos em um breakãown literário”. "Deixamos de pensar com pala vras”, observa o historiador Jacques Barzun. “Paramos de ensinar a nossos filhos que a verdade só pode ser transmitida com as pa lavras exatas". Ronald Berman, diretor do Fundo Nacional de Hu manidades, acha que a decadên cia do inglês escrito é apenas um dos muitos sintomas de maciça “regressão aos invertebrados in telectuais das academias ameri canas. E o filólogo Mário Pei adverte que a maior parte da vida universitária já é dominada e controlada pela teoria de que “todas as formas de linguagem se equivalem; com cinco anos de idade, qualquer pessoa que não
seja surda ou retardada terá já domínio completo da língua; não devemos tentar corrigir ou me lhorar a linguagem, mas deixá-la entregue a si mesma; a única ati vidade linguística digna desse nome é a de falar da forma mais coloquial, permeada de girias, e até mesmo iletrada; e, finalmen te, que a ação de escrever é uma atividade de importância secun dária”.
ATÉ PUBLICIDADE PERDE
As manifestações de desalento são ainda mais amargas na área do comércio, da industria, e das profissões liberais, em que escre ver ainda é a base das comunica ções formais. Os formulários emi tidos pelos computadores, e reuniões, podem ter alterado para sempre o ritmo e a natureza do intercâmbio de informações, as transações que exigem registro — desde os memorandos inter departamentais até os contratos multinacionais precisão e da clareza da palavra escrita.
recer para ensinar os calouros a escrever. Os homens de negócios que solicitam secretárias que sai bam ortografia e pontuação, ou executivos mais jovens capazes de escrever um relatório de forma inteligível, estão descobrindo que os alunos formados pelas faculda des não mais preenchem quisitos.
arites nos testes de alunos de gi násio aparecem agòra nos testes de universitários”, disse-nos o Chefe do Pessoal do Bank of Amé rica. Mesmo a Comissão de Ser viço Civii, 0 maior empregador na área governamental, acaba de duplicar seus programas internos de escrita a fim de formar pes soal mais adequado. os re‘Os erros encontrados
Os colégios e universidades afirmam que a maior parte dos calouros mais inteligentes — atualmente mais articulados e so fisticados do que nunca — alarmantes as mas mosdeficiencias, quando se trata de organizar as idéias por escrito.
tra dependem da
Quando esses alunos chegam ao colégio, dizem os professores, já é tarde demais para fazer alguma coisa. “
dade de escrever vem se desen volvendo há anos, dizem eles, e suas causas vão desde uma for mação básica inadequada em sin taxe, estrutura e estilo, até à po pularidade dos currículos do cur so secundário, que não mais exi gem dos alunos certa quantidade de leituras.
Os educadores não têm mais dúvidas de que um aluno incapaz de compreender bem o que lê nunca saberá escrever correta-
Cada vez mais alarmados. Essa decadência da ativi- contudo, os responsáveis pelas facul dades de direito, jornalismo e economia declaram que os alunos que saem, mesmo das melhores escolas, não conseguem mais do minar a técnica de uma comuni cação escrita eficiente, tão crucial em todos esses campos. Em Har vard, um professor de Economia ficou tão perturbado com a falta de capacidade de seus alunos pa ra expressarem as próprias idéias com clareza que passou a se ofe-
um
mente. “A escrita é uma lingua gem de livros ”, diz o dr. Ramon Veal, professor de linguística na Universidade de Geórgia, “e só se aprende essa linguagem lendo”. Mas. como mostram os testes, a capacidade de leitura dos alunos está em declínio — e os efeitos desse declínio tornam-se rapida mente aparentes. Por exempio: quando a Associação dos Publi citários Americanos preparou um folheto que tinha como objetivo auxiliar os calouros a extrairem máximo de seus livros de texto, descobriu-se que o “nivel de legi bilidade” — calculado em termos de último ano básico — era ele vado demais para o pessoal que estava entrando nas faculdades. O folheto teve de ser reescrito a nível três anos abaixo.
A capacidade de leitura e escri ta da maior parte dos americanos foi notável, e a inabilida- nunca de do ginasiano médio para crever três ou quatro parágrafos claros sempre foi objeto de crítica pelo menos desde o tempo de Mark Twain. quando apenas 7 por cento da população era formada no ginásio. O que torna a pre sente situação tão alarmante é falta de habilidade para es-
ram obrigados a fazer um curso improvisado de inglês, para aper feiçoamento. Os professores da Universidade Estadual do Michigan estão tão preocupados com o assunto que pensam solicitar a todos os que estão em vias de for mar-se que se submetam a um exame escrito que demonstre ‘‘mí nima capacidade literária”, antes de receberem seus diplomas, junta escolar de Geórgia, alar mada com a falta de habilidade para a escrita demonstrada pelos alunos de 32 colégios, já está exi gindo esse teste, e os alunos que não obtêm êxito nele devem fazer cursos de redação. Na Universi dade Tempie, de Philadelphía, a proporção de caloujros q,ú.e não exame de seleção de A
passam no inglês aumentou em 50 por cento desde 1968. O curso de redação expositiva para alunos do primei ro ano de Harvard — único curso obrigatório para todos os alunos da faculdade — foi ampliado de tal forma nos últimos dois anos que já é considerado, por alguns mem bros da faculdade, como um “quase-departamento”.
Desde 1969, o Consellm Nacional de Educação vem testando e ava liando a capacidade de escrita de americanos entre 9 e 35 anos de idade. Na primeira avaliáção, há seis anos, descobriu-se que crianças de 9 anos mostravam um dominio mínimo da mecanica bá sica da escrita; os jovens de 17 anos apresentavam sérias defi ciências em soletrar, em vocabu lário e estruturação de sentenças, e os com mais de 18 anos apre sentavam total relutância em esque a escrever decaiu com a mesma ra pidez, mesmo entre os jovens da melhor educação. as A situação é entristecedora. Na Universidade da Califórnia, em Berkeley, cujos estudantes repre sentam 12,5 por cento dos formandos de mais alto nível dos co légios do país, a metade dos alu nos demonstrou uma capacidade tão reduzida de escrever que to-
crescente
crever. O relatório do mês passasado, que mostra que a capaci dade de escrita diminuiu muito, de lá para cá, faz ver que espe cialmente os alunos mais velhos, atualmente, mostram produção de parágrafos incoeren tes, e sem sentido”.
Os juizes e um grupo de pro fessores de inglês de todo o País, sugerem que a maioria dos jovens demonstram forte influência da linguagem simplista utilizada na televisão, ensaista de Nova York, diz que, “além de jogar fora todos os apa relhos de TV, não sei o que mais poderemos fazer sobre o proble ma da redação”. Ninguém fez ainda um estudo em profundida de sobre os efeitos da televisão sobre a geração que se criou à luz de seu espectro azulado, mas os peritos em linguística concor dam ao menos em dois pontos: o tempo gasto assistindo TV é evi dentemente sacrificado à leitura; e a passividade do ato de assistir — “deixando que a televisão “emo ambiente totalmente”,
E. B. White, emérito
beba nas palavras de Barzun — parece ter um efeito pronunciadamente negativo na capacidade de escri ta, ou da atividade em geral de qualquer criança. “A TV mantém as crianças ocupadas”, reclama Albert Tillman, diretor de uma clínica que trata de defeitos da redação na Universidade de Illi nois, “Não exige participação ati va alguma em termos de apren dizado”.
Os efeitos da TV poderiam ser anulados caso os alunos tivessem cursos melhores. Na década pas-
sada, contudo, houve uma série de modificações no sistema escolar que pratlcamente acabaram com 0 ensino da linguagem escrita. Classes superlotadas e um consi derável aumento do volume de trabalho levaram inúmeros pro fessores a desistir de mandar os alunos fazerem redações, prefe rindo exercícios em forma de tes tes, mais fáceis de responder e corrigir, muitos os alunos que saem atual mente do ginásio sem nunca te rem feito um exercício de compo sição.
>> tt
Como resultado, são
TV E “CRIATIVIDADE”
Na década de 60 houve ainda outra sutil mudança na filosofia educacional. Muitos professores passaram a enfatizar a “criativi dade”, nas aulas de inglês, am pliando os currículos de forma a possibilitar aos estudantes o tra balho com os meios de comuni cação atuais — cinema, video-tape e fotografia. Nesse processo — acusa Dorothy Matthews, dire tora do Departamento de Inglês de Illinois — quem perdeu foi a linguagem escrita. “As coisas nunca foram boas, mas estão bem piores”, constata ela. “O que mais surpreende é a incapacidade dos jovens para organizar com ciareza os seus pensamentos”. Uma redação de um calouro de Illinois dá um testemunho claro da gra vidade do problema. Diz ele que é óbvio nesse nosso mundo mo derno de hoje que há muita im precisão na expressão dos pensa mentos que pensamos”.
interessantes”.
Mesmo onde ainda se ensina a escrever, as escolas “criativas” desencorajam a insistência na gramática, na estrutura e no es tilo. Muitos professores parecem achar que o desprezo dessas re gras gera a espontaneidade. O dr. Elliot Anderson, professor de inglês na Universidade Northwes tern, relata que a maior parte dos professores de ginásio simples mente desistiu de corrigir os erros de gramática e construção, incliiiando-se a achar que esses pro fessores “criativos” acabaram sub vertendo seus próprios objetivos. “Não se conseguem resultados criativos muito nota ele, “de alunos que nao sa bem utilizar a linguagem como uma ferramenta”.
Na opinião de muitos peritos, outro dos “vilões” dessa história escola estruturalista. Escreé muitíssimo menos impor-
rior ao escrito, não havendo ne cessidade alguma, para os alunos, de estudarem regras gramaticais.
“Como refutar o estudo da lin guagem, pergunto” diz Pei, “a não ser utilizando a própria lingua gem?”
A influência dessa tendência, juntamente com o ativismo polí tico da década passada, levou muitos professores a adotar o ponto de vista de que o inglês é apenas um “dialeto de prestígio” entre vários outros, e que insistir em sua predominância caracteri za repressão por parte da classe média branca. No ano passado, após acirrada disputa interna, a Conferência sobre Composição Escolar do Conselho Nacional de Professores de Inglês emitiu uma declaração extraordinária ratifi cando essa filosofia. Com o título
“O direito dos estudantes à sua própria linguagem”, o documento é mais um tratado político do que uma série de preceitos pedagógi co esnobismo linguístico e a ver tante do que falar, proclamam os linguistas estruturalistas, porque apenas 4 por cento das línguas do mundo apresentam forma escrita; acham eles que não existem pa drões reais para linguagem algu ma, à parte a maneira pela qual ela é falada comumente. O filólogo Pei traça a predominância dessa escola já na publicação de 1961 do Terceiro Dicionário In ternacional \Vebster’s meiro dicionário inglês a não dar preferência à linguagem na for ma pela qual é usada pelos me lhores escritores. Desde então, sugere ele, os professores vêm sendo seduzidos, cada vez mais, pelo dogma da linguística estrutu ralista: o idioma falado é supecos.
foi tacitamente encorajado por uma escravização às regras”, diz 0 documento, “com consequência foram além dos limites próÀs pessoas que prios da linguagem. tackgrounãs étnicos e lin- com guísticos diferentes, foram nega dos privilégios sociais, direitos le gais e oportunidades econômicas e sua incapacidade na manipula ção do dialeto do grupo privilegia do foi usada como desculpa para essa múltipla negação”. o pri-
Os que apóiam esse argumento rejeitam implicitamente a noção de que a finalidade da educação pública é ajudar os que não uti-
oferecidos neste
O que é verdade. Mas será
ceton, e autor da famosa biogra fia de Ernest Hemingway. “Apren der a escrever é aprender a pen sar”.
lizam 0 inglês padronizado a so breviver numa sociedade que o usa. “Tendemos a exagerar a ne cessidade de um inglês padrão”, insiste Elisabeth McPerson, pro fessora de inglês na escola comu nal de St. Louis, que ajudou a redi gir o documento. “Não se pre cisa de inglês padrão na maioria dos empregos país”, que os estudantes, sendo-lhes ne gada a oportunidade de domina rem sua própria língua por recudos professores a ensiná-la, não estarão perdendo a oportuni dade de obter melhores empregos, para os quais um bom dominio da língua é necessário? McPerson, que se classifica a si mesma como “idealista”, responde que “o im portante é que as pessoas se en contrem era sua própria língua”.
A VERDADEIRA REPRESSÃO
MaS; ‘dialeto de prestígio” não, o inglês padrão é de fato a linguagem utilizada pelo direito, pela política, pelo comércio dos Estados Unidos — e por toda a literatura americana — e os tra dicionalistas ou argumentam negar o acesso, pelas crianças, esse inglês, é uma das mais per niciosas formas de opressão. Fri sam ainda que essa nova tenta tiva de ênfase na linguagem fa lada passa a ter um significado que ultrapassa o tema dos em pregos ou da mobilidade social.
Baker e colegas que pensam como ele enfatizam que a obriga ção de pôr os pensamentos em forma escrita força o aluno a examinar o real significado das palavras e a lógica — ou a falta dela — que leva de uma afirma ção a outra. “Não sabemos nada a menos que sejamos capazes de escrevê-lo”, diz o semântico S. I. Hayakawa. des discussões dentro da nossa ca beça e até trazê-las ao nível da discussão de coquetel — mas para discutir algo em profundidade é preciso ser-se capaz de colocá-lo em palavras escritas, no papel”.
‘Podemos ter gran- sa
O falecido James Nnapton, super visor do inglês “compensatório” em Berkeley, abandonou a uni versidade há oito anos, desanima do, quando a direção abandonou a redação como requisito do exa me vestibular. “Estou realmente preocupado com a inculta massa de estudantes que passeia por ai”, disse Knapton, que, um pouco an tes de sua morte, no ultimo ve rão, lecionava inglês no ginásio de San Francisco. “Ninguém mais se preocupa com Shakespeare. com a construção da frase e a criançada fica por aí discutindo entre si sem saber ao menos como expressar um sentimento em uma frase coerente”.
Como dar fim ao mal é tema de crescentes e vigorosos debates. Knapton achava que o primeiro passo devia ser ensinar a escre ver aos 'projessores ãe inglês.
“Aprender a escrever é a coisa mais difícil e importante que uma criança pode fazer”, diz o dr. Car los Baker, chefe do departamento de inglês da Universidade de Prinque a Be i
eles não sabem, como querem en sinar?” Knapton não está erra do: segundo o Conselho Nacional de Professores de Inglês, é possí vel, atualmente, para um aspiran te a professor de ginásio, atraves sar ginásio, colégio, e graus edu cacionais mais avançados sem ja mais fazer um curso de compo-
O professor de inglês Peter Neumeyer da Universidade Estadual de Nova York cita alguns “exem plos mortais” da prosa produzida pelos educadores. Assunto? En sinar crianças a escrever. Alguns exemplos;
— Os coviportamentos podem ser ensinados ou estimulados a acontecerem espontaneamente em um contexto de conteúdo. siçao.
Algumas pesquisas estimam que mais do que 50 por cento dos pro fessores secundários americanos nunca se especializaram em in glês, ryland ficaram horrorizados com resultados de recente estudo, que veio mostrar que a metade dos professores que se candidatou ensinar inglês em Montgomery County malogrou no teste básico de gramatica. pontuação e orto grafia. Na semana passada, a Junta Educacional de Stamford. Connecticut, aprovou uma reso lução exigindo que todos os pro fessores empregados em seu dis trito se submetam a um teste de inglês falado e escrito — ou que façam cursos complementares. O membro da junta que teve a idéia explicou que estava alarmado com crescente número de comunicados incompreensíveis que vinha rece bendo dos responsáveis pelo enside inglês aos alunos de Stam-
os a no ford.
Diretores de escola de Mã¬
JARGÃO. O EXEMPLO
Muitas das críticas ainda mos tram que a mais grave falta da linguagem, atualmente, vem do próprio “educacionês” — o jargão no qual os professoreo em poten cial são ensinados a ensiiiav
— Seu resultado foi uma matriz de confusão mostrando a frequên cia com que essas crianças con fundem uma carta com uma carta.
— A dimensão principal de uma recomendação didática é a ilus trada abaixo em relação ao comportaviento terminal recomenda do ilustrado acima.
No ano passado, educadores de San Francisco decidiram fazer algo a respeito do problema. O projeto BAWP — Bay Area Writing Project — fundado com di nheiro da Escola Educacional de Ciências e Letras de Berkeley. convidava professores de nove condados californianos a se ins crever num curso de verão de cin co semanas, dado por professores de Berkeley. Seis dias por sema na, oito horas por dia, os profes sores estudaram pesquisas sobre redação, examinaram abordagens praticas do ensino, criaram cur rículos e escreveram extensos re latórios. Cada um voltou depois a seu distrito para dar treinamen to semelhante a seus colegas. Esse trabalho teve tanto sucesso que foi repetido nesse verão, tendo, como resultado, a fundação, por 31 distritos, de seus propri^' gãos destinados a mei'’-^'-'*^^
Um grupo de colégios e dação. universidades da Califórnia pla neja a ampliação de programas desse tipo.
Em outras áreas, várias esco las já criaram seus próprios mé todos de aperfeiçoamento de re dação. Na Academia Phillips, em Andover, Massachussetts, os tradi cionais quatro anos de ensino de inglês forem substituídos por uma exigência abrangente, para todos os cursos, de competência em lei tura e redação. Cada aluno, in dependentemente de seu nível, é obrigado a fazer esse curso — de nominado simplesmente de “Com petência” — até ser considerado bom. A enfase é na construção de paragrafos e sentenças, e elemenAté um jovem de-
tos de estilo, monstrar que é competente leitura e redação, ele (( em nao passa para estudos mais avançados”.
vai ensinar uma nova língua — o chamado “inglês padrão” que, quando eles o tiverem apreen dido, serão considerados bilingues. Para fazê-los aprender de que forma a sua linguagem de todos os dias se relaciona com o inglês comum, por exemplo, ela os faz “traduzir” a prosa elizabethana de Shakespeare em prosa moderna e no “dialeto das ruas” falado pelas Os resultados são noe
crianças, táveis. Diz a professora que “eles não se ressentem absolutamente da falta de técnicas audiovisuais”.
Quando comecei a ensi-
Em algumas escolas de cidades do interior muitos professores es tão conseguindo melhores resul tados ensinando o inglês padrão como se fosse uma “segunda lín gua”, nar”, diz Berty Flasch, professo ra de inglês no ginásio de Dusable, no gueto negro de Chicago, estava sempre dizendo às crian ças. ‘Não, meu bem, você não deve dizer “não tenho mais ne nhuma coisa”, você deve estar querendo dizer “não tenho coisa alguma — o que criava uma in crível hostilidade
nas crianças, que a acusavam de tentar “em- bplhá-!os”, usando úm dialogo diferente do usado por suas fa*oílias e amigos. Hoje, a profes- sorà"ipiash avisa os alunos que
De qualquer modo, as técnicas audio-visuais vieram para ficar, assim como a televisão, e um nú mero crescente de professores su gere que elas sejam empregadas para promover — não substituir — 0 estudo da linguagem escrita. “As crianças passam de três a quatro horas assistindo à televi são”, diz Peter Almond, perito no assunto. “Por que não aproveitar o meio mais sabiamente?”. Al mond conta que muitos dos me lhores professores que ele conhe ce já estão passando para seus alunos exercícios com base nos programas a que eles assistem, ca nalizando assim os “reflexos rá pidos” criados pela TV para uma maior reflexão, em linguagem escrita.
Os educadores concordam em que é essencial que os estudantes ‘É o único modo de diz Eunlce escrevam, fazê-los aprender Sims, coordenadora do Departa mento de Inglês do sistema edu cacional de Atlanto. “É melhor deixá-los escrever sobre o que lhes: interessa, c ensinar a partir daí.
É mais fácil levar um aluno a se interessar por Shelley deixando-o começar por descrever brigas de rua”. trar o que não o é”.
PESSIMISMO É GERAL
Sims acha que mesmo em clas ses superlotadas, em que é impos sível para o professor analisar cada trabalho, os alunos devem ser estimulados a escrever o mais frequentemente possível, professor ler um de cada cinco trabalhos de uma criança, já terá uma boa idéia do que ela está pensando, e de seus progressos”.
U Se 0 ma-
A maior parte dos peritos, de fato, apóia a noção moderna de que a criança aprenderá melhor gramática a partir de seus pró prios escritos, não através de re gras abstratas. “O princípio bá sico é fazer o estudante se envol ver profundamente com os teriais de seu passado e de sua memória e fazê-lo escrever a res peito”, diz James Dickey, da Uni versidade da Carolina do Sul.
A despeito de todos esses esfor ços. contudo, poucas melhorias ocorrerão a menos que o estatlishment educacional retorne à antiga convicção de que a lingua gem escrita é importante. A ên fase terá de ser posta na leitura como disciplina e como entreteni mento. E os que ensinam inglês terão de insistirem que nem tudo o que foi escrito é admirável por ter sido escrito. “Há um momen to em que se tem, de dizer à crian ça que aquilg ,que está lendo é
Temos de lixo puro”, diz Baker, ensinar o que é bem escrito, mos-
A palavra falada, embora acres centando riqueza e variedade à linguagem, como um todo é, pof sua própria natureza, efêmera. A linguagem escrita continua a ser 0 único veiculo eficiente para a transmissão e o debate da cultu ra — suas idéias, valores e obje tivos. “Todos os que amam a lin guagem sabem que sua glória re side na infusão constante de novos elementos... numa mudança con tínua, que não pára nunca, escre veu Lincoln Barnett em seu tra balho clássico “O tesouro de nos sa língua”. Mas a palavra escrita é 0 elo entre passado e futuro.
O ponto básico é que é preciso haver algumas regras fixas, em bora tediosas, caso se queira que códigos da comunicaçãò humadecifráveis. os Se na permaneçam linguagem escrita for mantida à mercê de qualquer novo colo quialismo, e se todo novo dialeto exigir igual importância, em breve estaremos de volta a Babel. Na América de hoje, como no País do Nunca Mais que Alice descobriu a suas andanças através do es pelho, há gente demais querendo ser dona da linguagem — e pou cos que desejam ser seus servi dores, em V
BRASIL — FAZENDAS DE GUARANÁ — Dois projetos agrícolas pa raenses, que juntos irão produzir no mínimo 300 toneladas/ano de amên doa torrada de guaraná (o dobro da produção amazônica em 1973), aca-bam de contratar financiamentos com o Banco da Amazônia, num total superior a CrS 10,5 milhões, beneficiando-se do programa de apoio às culturas comerciais na região amazônica. O projeto maior é o da Fazenda Muguinho, a 65 km/nordeste de Belém, no município de Santo Antônio do Tauá (micro-região do Salgado). Ali, com crédito do BASA no valor do CrS 5.542.847,00, será plantado um guaranazal de 500 hectares, cuja pro dução em 1979-80 (5.°/6.° ano da planta) e atingirá sua plenitude forne cendo, pelo menos, 200 toneladas anuais de guaraná em rama (a amên doa torrada). O outro projeto situa-se a 27 km/leste de Belém: é o da Fa zenda Bom Sucesso ,em Benevides, município da micro-região Bragantina. A cultura, de 250 hectares, entrará em produção a partir de 1979 para alcançar, em 1983, 100 toneladas/ano de guaraná em rama. O finan ciamento do BASA é de Cr$ 4.981.723,00. Todo o guaraná produzido nas duas fazendas será absorvido pela indústria de refrigerantes de Belém e ● do Centro-Sul. Um grande aumento do consumo nacional de bebidas à base de guaraná na presente década, mais a vigência da Lei dos Sucos, tornam essa lavoura um negócio muito atraente. Estima-se que em 1980 a demanda de amêndoa pelas fábricas de refrigerantes estará em torno de 2.050 toneladas, para uma oferta de somente 284 toneladas, se consi deradas apenas as plantações comerciais até agora existentes, todas loca lizadas no Estado do Amazonas.
BRASIL:-_COPEBRÁS
AMPLIA PRODUÇÃO DE FERTILIZANTES — Na amphaçao de suas instalações, a Coperbrás — Companhia Petroquí- rnica Brasileira — investiu cerca de USS 25 milhões, o que lhe possibilita ra elevar a produção de fertilizantes para 550 mil t/ano. A unidade de áci do sulfurico, em funcinoamento desde setembro último, utilizando o pro- cesso Lurgi/Bayer, é a maior em produção no Paísí 1.000 t/dia. Seu siste ma de dupla absorção minimiza a emissão de SO2 para a atmosfera. O acido sulfurico, empregado como matéria-prima, também pode ser conier- cializado como tal, devido à alta produção da unidade. Utilizando o pro cesso Uhde, a unidade de ácido fosfórico, em funcionamento desde outu bro, produzirá 300 mil t diariamente, que serão empregadas na fabricação ae fertilizantes fosfatados e do tripolifosfato de sódio. Este último alcan- çando_ uma produção de 40 mil toneladas/ano. Como a produção de ácido fosfórico e de fertilizantes normalmente causa o aparecimento de agentes poluentes, a Coperbrás implantou um^ sistema de abatimento de poluição, do qual faz parte uma tubulação de plástico de 6 km de extensão e 600 mm de diâmetro, Esta é a primeira, vez que é empregada no Brasil uma tubu lação deste tipo. Paralelamente, a Coperbrás esta elevando sua produção de negro de fumo, matéria para pneus e outros artefatos de borracha, até atingir 91.500 t por ano, conforme autorização do GDI, em 1976.
TA CASA
GUSTAVO CORÇÃO
sõ pode ser na casa. Na casa de íamilia. Na casa que se fecha, não para isolar-se da cidade, como um covil de la drões, mas para abrigar da chuva e do vento a boa sementei ra da amizade.
Em relação aos muros das casas de família há porém um problesemelhante ao das fronteiras ma das nações. Há casas patrióticas e Poderiamos casas nacionalistas, também mencionar as casas internacionalistas, onde entra e sai quem quer, onde todo o mundo faz o que lhe passa pela cabeça, e onde, em suma, impera tama nha tolerância que não seria im próprio chamá-las casas de to lerância.
As nacionalistas são aquelas que mais abrigam uma quadrilha do que uma família. Não porque se jam os seus membros ferozmente desunidos; antes porque são uni dos ferozmente. Unidos contra as outras casas.
Nesse ambiente, por ma.is edu cados que sejam os hábitos, cons pira-se contra a cidade, reduto, nesse covil, em lugar da sementeira cívica, o que se prepa ra é o favoritismo, o que se ma nipula é o pistolão. Nessa casa, o de que se cuida é de arranjar empregos e vantagens para todos desde que um tio ou um cunhado logrem atingir uma altitude de poder que lhes permita a distri buição privada da coisa pública.
A casa é o único lugar onde somos livres, dizia Chesterton. A civili zação a está destruindx), ou arrui nando-a de tal maneira, que equivale à síia destruição. Gus tavo Corção, um dos maiores es critores da língua portuguesa, em todos os tempos, defende essa instituição.
É também postulado nosso que uma sociedade é o que são suas famílias. Ora, é inútil disfarçar a situação em que hoje nos encon tramos sob esse ponto de vista. De um lado vê-se a vertiginosa decomposição de nossas melhores tradições. As famílias se desman cham. Os casamentos são cada vez mais efêmeros. E as casas funcionam apenas como platafor ma de estação, como ponto de baldeação entre as correrias do dia e as correrias da noite.
É de uma importância capital compreensão do estreito nexo entre os sentimentos íamiliares_e os cívicos, e é essa compreensão que falta era todas as teorias, da direita e esquerda, que pretendem resolver o problema da reestrutu- da sociedade sem a amizade
Nesse raçao cívica e portanto sem a casa que oficina dessa amizade.
Voltemos à nossa idéia de um mundo humano formado de zonas Em contrações su cessivas chegamos à casa de íae a concêntricas.
mília que é (ou deve ser) o lugar onde se destila a amizade cívica. O ar da amizade está ali (ou deve estar) em densidade maior e mais alta pressão. Por isso a casa se fecha. Escola, sala de armas onde se exercita a difícil esgrimagem da justiça, a casa tem o recato necessário a esse aprendizado que não deixa de ter o seu ridículo, como todo aprendizado. Por isso a casa é um segredo. Lá dentro entre as quatro paredes bem opa cas — contra as idéias arquitetô nicas do Sr. Niemeyer — a famí lia aprende e exercita, entre ale grias e aflições, as regras dos atri tos humanos.
Há muito esbarro no vaivém apertado da vida familiar, muitos cachações, como dirá Machado de Assis
mas e nesses mesmos choques cotidianos, e eu direi até nesse atrito contínuo, que cada um encontra as mais ricas opor tunidades de exercer as virtudes. E quem diz exercer, nessa matéria diz adquirir.
A luta moral tem uma caracte rística que vale a pena encarecer. Enquanto nas lutas físicas, como nas guerras, o vencedor sai muti lado, ferido, exausto, mal se dis tinguindo do vencido; nas bata lhas morais o vencedor sai sempre mais forte do que entrou. Não é troféu, botim, prêmio material o que aí se conquista mas um novo
cro. E daí o terrível inconvenien te de se armar a chamada har monia familiar em termos de evasão.
Os moralistas de convenção referem-se frequentemente às doçuras da vida familiar e ao suave remanso do lar. É mentira deles. São ufanistas da casa. Mentem como os idólatras da Vitória Ré gia, ou como locutores de rádio pagos para dizer ao microfone, em sete de setembro, que o país intei ro, de norte a sul, está vibrando de ardor cívico.
as que tem
Saímos a res-
Nas lutas morais, ao con trário das físicas, tindo e vencendo, vai se tornando cada vez mais forte mais armado, mais ágil, mais pronto. Daí a imensa utilidade desse exercício em ambiente fechado onde são múltiplas as oportunidades de lu-
E esses em que devevigor.
quem vai resis-
É certo que a casa tem doçur de mel; como é certo r agruras de fel. Tem tudo o que e do homem em mais espessa e densa humanidade. As vezes a atmosfera fica tão sufocante, den tro de casa, que a rua se torna um paraíso apetecido, pirar um pouco, para gozarmos o descanso das multidões indiferen tes, da humanidade neutra dos vultos que não nos cobram nada, dos rostos que não nos dizem res peito. E às vezes tem-se a im pressão de uma irreparável des truição, de uma incompatibilidade sem remédio. Parece inútil lutar, tempo perdido insistir, pensamentos uma vez que se ins talem, vão corroendo em nós aque las mesmas reservas riamos buscar a recuperação. A fragilidade do matrimônio de corre de uma desmedida exigên cia de felicidade, ou melhor, da aplicação dessa exigência a uma coisa que não suporta tal pressão. Há uma insolência nossa nessa impaciente cobrança de ventura, e há sobretudo um equivoco, por que pretendemos tirar da casa, do
EscondemFeesposos se escondem, se da casa, dentro da casa. cham-se dentro do que já é feAbrigam-se no interior matrimônio, do amor humano, um infinito rendimento, quando é fi nita e sempre muito exígua a nos sa própria contribuição. Deposi tamos com mesquinharia e quere mos juros generosos, infinitamen te generosos. E no desejo desse absurdo balanço nós somos injus tos com o próximo, e injustos com Deus. Realmente, por mais esqui sito que imagina que a sua noiva, e mais tarde a esposa, lhe possa dar ple na felicidade, não terá direito de queixar-se nos dias de decepções, foi ele, inicialmente, o pri meiro culpado de injustiça.
Só se restabelece o equilíbrio desse problema em que se põe num dos termos um desejo aberto para o infinito, quando no outro termo se coloca a lembrança muito cons ciente, muito reverente, do depó sito de sangue infinitamente pre cioso que um Outro colocou à nos sa disposição, e quando, conse- esse Outro
chado. do que já é obrigado. E assim ê último reduto, nesse nesse que, último porto, nesse abrigo, nessa concha, preparam não só o amor justiça, mas também o fruto dessa justiça e desse amor.
e a isto pareça, se alguém Vejam, vejam senhores como o mundo do homem é feito de suconcéntricas fronteiras que vão, desde aquelas que vemos no mapa com rios e cordilheiras, até a porta fechada da câmara . conjugal. Mas agora apreciem o cada uma cessivas e porque reverso do fenômeno: dessas muralhas é sucessivamente superada, como barragem de açu de que se quer cheio transborde em serviço. O dina mismo das fronteiras esta volU^ para fora. E agora, vejam, vejam nova direção como se ex pande 0 mundo do homem. nessa quentemente, para orientamos todos os nossos anseios de felicidade perfeita.
Mas voltemos ao nosso ponto de partida, à casa, à casa fechada para o exercício da amizade. Discasa é um segredo. De
Ou deve ser. Deve ser Uma intimi-
De fato. se é verdade que os es posos se escondem, em compensa ção não há nada menos escondido do que o fruto do seu segredo e nao há nada mais apregoado, mais publicado do que a criança (yie nasce. Toca cem vezes o telefo ne, esse pequeno sino familiar do natal dos homens. É menino ou menina? Expendem-se cartões. Abrem-se janelas. Como se cha ma? Quanto pesa? Com quem se parece? As vizinhas comentam, criadas, esquecidas de tudo, eii- varrem melhor, lase que a fato o é. uma interioridade.
Uma intimidade de afeiintimidade de afli-
Um mundo de recato. Uma
Mas dentro desse segredo que abriga uma fa mília há um outro segredo que se esconde da família. Naquela gruta de pedra há uma concha fechada e dentro dessa concha um segredo maior, escondido na inti midade e no segredo da casa. Os dade. çoes e uma çoes. história escondida.
as ternecem-se, e vam melhor, como se o filho, sen do da casa, fosse um pouco delas também; e as tias e as avos emi tem vaticínios, ou confirmam p
fecias da que aliás ninguém mais se recorda.
O segredo tornou-se público. A porta misteriosa foi arrombada por um ladrão recém-nascido. E o aroma de alfazema que sai pelas frestas da casa, que se dilui no ar da rua, da paróquia, da cidade, já è a primeira suave emanação da amizade cívica, o oxigênio das almas.
A casa nesse dia deu o seu fru to. Fez a sua entrega. Nasceu hoje uma criança. Nem é preciso telefonar para saber que naquela casa nasceu hoje uma criança. Vê-se de longe. Quem estiver acaso à janela pelas cer canias logo verá que alguma coi sa aconteceu, naquela casa. na quele navio ancorado: porque no seu exíguo convés, em sinal de festa, tremula uma carreira de fraldas ao vento brancas de júbilo e de paz.
A VÕLTA PARA CASA
rizar tudo o que o homem íaz quando parte para o trabalho em detrimento do valor e da signi ficação da volta para casa. Ora. isto que parece sobrepor o social ao individual, e o universal ao ca seiro, já é um começo de subver são porque a ida para a função produtiva tem caráter de meio. enquanto a volta para casa tem caráter de fim. O homem não vive para trabalhar, trabalha para viver e foi isto, em termos simplissimos e elevadíssimos, que Jesus ensinou a Marta quando lhe disse que “uma só coisa é necessária”.
re-
bandeiras um
É claro que esta poliédrica ques tão poderá acidentalmente, pou sada sobre uma de suas faces, re clamar certo primado acidental do trabalho e da função, no qual a Casa, símbolo de repouso, vida interior e contemplação, seja legada à função subalterna de posto de recuperação e reabaste cimento; mas uma civilização que tomasse esta acidental posição por lema essencial terá o defeito mor tal da subversão que escorre para 0 nada. Daí a necessidade de ba ter nesta tecla e de arvorar mais esta bandeira: a do dever de lutar pela volta à casa.
O mundo moderno , ^ , marcado pelo achatamento do cristianismo, pela traição dos clérigos, comple- mentarmente, pela exaltação de um “humanismo do homem exte rior , tem irresistível tendência pensar num sentido vetorial da história, pelo qual todas feições estão a as pernum avanço e num progresso, e todos os erros seriam irreversíveis e incorrigíveis, ser por superação e substituição. Ora, a observação dos singelos vaivéns da vida quotidiana mostra que já neste nível e nesta escala tao próxima de nós paira um equí voco cheio de riscos, moderno, acometido de avidez de coisas exteriores, é levado a valoum a nao I um pa-
A casa deixou de
Nós sabemos que em nosso sé culo são os próprios homens, por um, e não alguma força ocul ta ou algum tirano que dificultam a volta para casa. É cada um habitante do planeta que anda perdido de si mesmo, esquecido de seu endereço e até esvaziado da nostalgia que constantemente o levasse a ter saudade de raíso perdido, ser a casa e a volta deixou de ser a mais desejável das coisas huma-
O mundo L
nas. Pobre gente, essa raça que mal chegada à casa é condenada a ricochetear e a voltar para o mundo dos programas pelas ruas, sim. voltar para a rua. isto é, vol tar para a ida. já que ninguém sabe o que fazer de si mesmo e da simples companhia de seus fa miliares. Pobre gente condenada a procurar até em casa a anti- multiplicada pela televisão. casa azulada ou policrômica.
vro
Em outro contexto, em que es tudei com agradecimento e admi ração as idéias-mestras da obra de G-. K. Chesterton (Tres Alqueiuma vaca, AGIR) o pro- ros e blema da casa se impôs à minha atenção. Desde esse segundo li. publicado em 1945, o tema da casa própria, da terra possuída e socializada, e o correlato tema da volta para casa se tornaram pontos de honra na constelação das idéias simples em cuja defesa quero viver e morrer.
crever atuais:
Não resisto ao desejo de transestas linhas antigas e tão
pinteiro. Acidentalmente, num encontro de esquina, é um ex-co lega; nas bancadas é um compa nheiro; no barbeiro, um freguês; no médico, uma ficha. Visto do alto de uma sacada ditatorial, ele torna-se um infinites‘mo átomo social, uma célula, entre milhões, desse monstro informe e fluido, que hoje tem o nome de povo.
Desde que sai de casa, seu tra jeto 0 expõe a todas as transmu tações: vai mudando de título, vai mudando de nome, e em algumas repartições mais ef'cientes, muda também de casaco. Nada existe no mundo que tanto mude e transmude como um pobre cidadão. E 0 problema que se arma é o se guinte: ou 0 homem é alguma col antes de servir para alguma Minha filosofia
na sua
sa coJsa; ou nao e. afirma quando fala em pessoa humana e dignidade; a filosofia so cialista afirma a segunda. E, na minha filosofia, é a casa que restitui ao homem o que ele é.
Na rua, na função, o homem es palha a sua própria substância, gasta-se no que é, aflige-se em unidade, sofre em sua liber dade; em casa, todas as funçõej sociais, as maiores e as menores, ficam no capacho da entrada, e homem que chega, que toma posse de seus domínios, é um ho mem inteiro e livre. Em casa ele recupera, com o chinelo, a perso nalidade e 0 nome de batismo. E nao primeira propos’çao a
Agora, deixando de lado a fan tástica enumeração de volumes, que já se tornava fastidiosa, con sideremos a volta para casa aspecto mais trivial e mais di retamente ligado à vida cotidiana. Servindo-nos do mesmo método negativo adotado para descobrir utilidade social da casa, per guntemos o que é que o homem gasta na rua e que precisa ser res taurado em casa. Na rua. no emsua no seu o a
prego, no convívio cora os compa nheiros de trabalho, o homem se fragmenta em funções. Aqui é o passageiro, logo adiante o pedestre mais tarde o dentista ou o car-
ele precisa de todas essas coisas para elaborar o fermento da ami zade capaz de levedar uma cidade verdadeiramente humana.
E aí está, completo, o ciclo dos dias e das noites, o ritmo em dois
tempos, que é a dança da vida e do amor, e que é também o ritmo dos peregrinos. A casa é portan to 0 lugar onde o homem se torna 0 que é. A casa é portanto uma clausura para aumento de liber dade e reconquista da unidade. E daí eu tiro consequências sobre a natureza do material e sobre a divisão das salas e dos quartos.”
Tiro muitas outras consequên cias e lembro, como já disse em artigo anterior que a casa tem que ser feita como um porto se guro, como um abrigo, como um esconderijo. E volto a uma cita ção com o trecho seguinte, com que hoje arremato o artigo.
As crianças também gostam de brincar de esconder, mas quando são encontradas no perigoso es conderijo, correm a se abrigar no pique que muitas vezes é o rega ço da mãe. Ora, a casa, mais uma vez, se relaciona com todos fe nômenos que passam à maioria dos arquitetos e filósofos, é o lu gar certo de se esconder, é um pique. É também um regaço. É ainda a cela murada para a san tificação, extensão de uma veste; ou então, se quiserem, a veste é uma casa que o homem carrega, como um caracol.
O abrigo do nu, como razoes
Ai estão algumas boas para convencer que a casa deve
Tomei-as num ou CU]OS
ser defendida, monte de cinquenta ou sessenta, ao acaso, sem planificar uma co nexão, confiante em que o pró prio objeto ligaria os argumentos. Vejo agora que foi boin terem, saido essas razões diversas e dis paratadas, porque o depoimento se reforça quando as testemunhas são muito diferentes. Concluo pois, enfaticamente, que a casa é um pônto de honra e que, mais do que qualquer outra coisa, serve para aquilatar uma civilização.
A cidade que não tenha casas para todos os seus habitantes ou não tenha meios de transportes para facilitar a volta; habitantes se espalham pelas ruas porque não amam suas casas, ou não voltam porque não querem voltar; ou não se revoltam somen te porque não sabem, ou não que rem saber, que estão diminuídos, frustrados, ofendidos; ou ainda por cima se alegram por não po derem voltar para casa, e logo que voltam e engolem um sanduí che reviravoltam para a rua, por que não têm como ficar em casa, não sabem ficar em casa, não sa bem o que é casa, não sabem mais 0 que são eles mesmos — essa ci dade não é uma cidade de homens livres; é um ajuntamento de es cravos.”
BRASIL:- FILAMENTO CONTÍNUO
TEXTÜRIZADO — O lança mento de. um novo produto — filamento contínuo texturizado —, a in corporação de nova tecnologia de produção, com adaptação dos equipa- mentos existentes, e a elevação da capacidade de produção de fibras de poliéster de -o.900 toneladas/ano para 11.800 t/ano, até julho de 1976, são os objetivos básicos do projeto que a Safron-Teijin S.A. — Indústria Brasileira de Fibras está executando em suas instalações, com o apoio do BNDE, que lhe concedeu um financiamento de CrS 52.454.165,95.
PPosição em face do planejamenfo
EUGENIO GUDIN k-
LANEJAMENTO no sentido de estudo e reflexão sobre o que
se vai fazer é, evidentemente, indispensável no setor públi co como no setor privado, co mo em qualquer ato da vida. Quem constrói uma casa há de ■planejar a distribuição das peças e as especificações dos materiais; quem vai fazer uma viagem pla neja 0 itinerário, a despesa etc. Planejar, tanto quanto eu en tendo é sinônimo de pensar, pro jetar, refletir, prever, deve, procedimento ou empreendimento humano, de qualquer espécie, que não seja planejado, me entendo ouço falar, por exemPlano Geral de Viação
Publicamos neste número dois .● jg artigos sobre “Os Estados Unidos e 0 Planejamento", um a favor e oMf?'o contra. Estampamos a se- 'X guir 0 aHigo do professor Eugênio Gudin, com sua posição, em face ® do planejamento.
Logo, não em princípio, haver ato.
Desde que pio, em Férrea do Brasil, isto é, de sua rêde de estradas de ferro. Nunca soube de governo que se apresen tasse à Nação sem um “plano” do que propunha fazer, vi executar uin pôrto, uma rodo via, um palácio ou um parque que não tivesse sido estudado, portan to, “planejado”.
Porque, como muito bem disse uma vez Roberto Campos “errar no papel e na prancheta é muito mais barato do que errar “in na tura”.
No período de 1902 a 1912, depois que Campos Sales e Murtinho ha viam, à custa do sacrifício próprio, preparado o País para o surto de progresso que se manteve até às vésperas da guerra de 1914-18, a economia brasileira avançou a um
ritmo que nunca mais foi igualado nos 50 anos subsequentes. Energia elétrica (Light no Rio e ” em São Paulo), surto industrial, estradas de ferro, portos, navega ção mercante, extinção da febre -t amarela, política exterior (Rio Branco — Nabuco, Rui), marinha ; de guerra, remodelação da capi tal do país (Pereira Passos), obras contra as sêcas, tudo isto ^ foi realizado sem inflação, com â cambio praticamente estável de 4 cruzeiros (mil réis) por dólar. -
LIBERDADE DE INICIATIVA
Nessa época, o empreendedor brasileiro tinha liberdade de ini- ^ ciativa e de realização, ser no setor dos serviços públicos (estradas de ferro, portos, ener gia, etc.) onde o regime de con cessão governamental era e é in dispensável, podia o empreende dor, dentro de leis e postulados vigentes e estáveis, comprar e vender aos preços do mercado, im portar e exportar sem pedir licen ça a ninguém, escolher livremen-
A não t.
Tampouco
te o objeto de sua empresa e rea lizá-lo como o bem entendesse, assumindo todo o risco, sem dar satisfações ao Governo.
Hoje ninguém dá um passo no campo da economia privada, sem depender do Governo, nos meno res detalhes. Em editorial, acen tuou a revista APEC que apesar do atraso em que se encontra o país, mesmo quando comparado com países latino-americanos, Investimentos são obrigados a re ceber a aprovação de pelo menos, dois órgãos distintos da adminis tração pública, onde são analisa dos. sob os mesmos pontos de vis ta técnico, econômico e jurídico, sendo comum o conflito entre esses órgãos.
de Turgot, contra a planificaçâo detalhada da vida econômica do pais e ininterrupta vigilância do Estado sobre as atividades indivi duais. Negação de plano governa mental, não tinha entretanto o sentido de desinteresse do Esta do pela ordem econômica. Nem é compreensível, em qualquer regi me, 0 alheamento do Estado aos problemas de que depende o bemestar material da população. Tam pouco Adam Smith propugnou pelo abastecimento integral do Estado. os
PLANEJADORES “SANS LE SAVOIR’
o massaprossese na a
Não cessa aí, porém, cre à iniciativa privada, gue o editorial. Por hipótese, aprovado o empreendimento faixa executiva, ele é submetido ás exigências da CACEX, Cartei ra de Câmbio, Banco Central, Al fândega, etc., sendo obrigado apresentar certidão e documentos de toda espécie com firma reco nhecida no Brasil e no estrangei ro, nos quais deve ser demonstra da novamente a lisura dos seus propósitos e a sua paciência arcangélica.
A divergência entre os que fa lam de planejamento como uma panacéia universal e os que se Insurgem contra o abuso da pa lavra é questão de pura semânti ca, já que todos somos, como Mr. Jourdain, planejadores “sans le savoir”.
Já não é porém de semantica a divergência quanto á questão do planej amento “macroeconômico”, que trata de prever quantitativa mente o Futuro, missão que até pouco tempo era privativa de Deus.
A minha ojeriza a essa econo mia “onirica”, como a chama Ro berto Campos, é de três nature zas.
Uma é a da sua irrealidade, is to é, da impossibilidade de se fa zerem previsões aceitáveis, não só em países desenvolvidos, v.g., os Estados Unidos, como, especial mente, em países fundamental mente instáveis como os da Amé rica Latina. Como saber, por ao
Abro aqui um parênteses para referência ao “laissez-faire”. A expressão “laissez-faire” “laissezpasser” é muitas vezes impro priamente empregada para tra duzir o desinteresse do Estado pelas questões econômicas. Ela parece ter sido empregada pela primeira vez no século XVIII por Gournay, intendente do comércio tempo de Luiz XV e professor
exemplo: a) se haverá agitação politica, abrangendo ou não a área militar; b) se o ministro Delfim Netto será substituído por um político ou por pessoa incom petente (que Deus não permita); c) se a política salarial tao sabia mente estabelecida por Roberto Campos (um'de seus maiores ser viços ao Pais) será substanc:almente alterada; d) se o capital estrangeiro será bem acolhido ou, alternativamente, afugentado; e) se a inflação se agravará ou amai nará substancialmente; f) se Banco Central e o Banco do Bra sil terão, ou não, direção eficien te e proveitosa; g) se os trans portes ferroviários e de cabota gem continuarão na triste con dição atual ou se serão tornados efetivos; h) como se comportarão café e as safras agrícolas; i) que grau de progresso se conse guirá na produtividade agrícola; “last but not least", qual será grau de capacidade, sabõdoria e firmeza do presidente da Repú blica e dos ministros por ele es-
j) o colhidos.
cionados. No caso, por exemplo, os dos transportes de cabotagem e ferroviário, de produtividade in dustrial e produtividade agríco la, de educação, continuam pen dentes de execução enquanto O’ areópago discute, cuidadosamen te. o Futuro. Que confiança podem merecer as promessas de resolver os problemas futuros d'ante da incapacidade de dar solução aos presentes?
Um terceiro motivo por que me insurjo contra os planejamentos globais é a tendencia que eles des pertam para ainda ma’s estatizar a nossa economia.
Num pais como o nosso devese fazer tudo para atingir o maior de desenvolvimento possível. be grau
o No que diz com o M nistério doPlanejamento, sua finalidade e suas funções, cabem algumas con siderações de simples bom senso. Os assuntos sobre os quais exerce a competência do Executi vo e cujo se o - estudo é repartido í|;1os ministérios são, normal- varios mente, os da Economia, da Edu cação, do Trabalho, da Agricultu ra,' do Exterior, da Indústria e Comércio, dos Transportes, das Comunicações, das Minas e Ener gia, das Forças Armadas, etc. Ca- a cada um desses ministérios parte do Poder Executivo. Um administra as finanças, ou tro trata dos problemas da Edu cação, outro dos transportes, ou tro das minas, etc.
No fim do ano ou do período, verse-á qual foi a taxa de crescimen to obtida; essa taxa será um re síduo do processo, não seu pon to de partida.
Um segundo motivo por que os planejamentos, como se vêm fa zendo entre nós, me irritam, é que não posso ver sem repudio o contraste entre as minúcias das
papel e a omissão previsões no na solução dos problemas mais prementes, já perfeitamente equa-
uma
Incluir nessa constelação de mi nistérios. cada um com seu setor especifico e defin’do, um Minis tério do Planejamento, parece evi dentemente esdruxulo. Seria um ministério feito para planejar 0 que e para quem? Planejar Educação, planejar Reforma Agrá-
Tia, Inquilinato, planejar Trans portes? etc. Isto é evidentemen te função de cada ministério es pecializado, até porque o do Pla nejamento não poderia ser espe cializado em tudo.
UNIDADE DE COMANDO
MUDANÇA NA RÚSSIA
“No Brasil — escreveu há pou co tempo “Thompson Motta — os “planejadores parecem desconhe cer que a própria União Soviética, matriz de todas as demais expe riências socialistas de planeja mento, está adotando progressi vamente a economia do mercado e já leva em conta os consumido res em termos inequivocamente ca pitalistas. O consumidor russo deixou de ser um número abstrato, submetido a toda espécie de sa crifícios para surgir no cenário econômico com a consideração que o capitalismo lhe assegura.
é indiscutível; a Uma coisa necessidade de haver unidade de ■comando da política econômica. Não é possível que um ministro da Fazenda desinflacione os or çamentos e o crédito bancário, ■enquanto o ministro do Trabalho laz demagogia e/ou aprova exces sos salariais; não é possível que o dito ministro da Fazenda ou do atual Planejamento, ou o “minis tro da Economia” que os substitua, se esforce pelo desenvolvimento econômico, quando o dos Trans portes abandona a navegação de cabotagem ou o transporte ferro viário, ou os ministros da Indús tria e da Agricultura não cuidem da produtividade desses dois grandes setores da economia na cional. Tudo isso há de ser oriena tado e coordenado por um “Con selho”, ■ denominado.
Conselho Econômico ou Conselho Superior dé Economia (não Conse lho Monetário). O presidente desse Conselho, tenha êle o ti tulo de ministro da Economia, 'OU de ministro da Fazenda ou outro qualquer, há de ser a prin cipal figura do Ministério em questões econômicas. Nesse esque ma a administração do Tesouro Nacional deveria caber a um Setcretário de Estado do Tesouro. digamos,
Esta mudança radical na Rússia, deve-se em parte ao corajoso re latório do professor Evasei Libermam (1963), que constatou grande ineficiência e a corrupção, devido á intromissão demasiada do Poder Público na economia russa”.
O memorandum mandado por três intelectuais de valor ao Presidium e transmitido ás agencias da imprensa estrangeira confir ma muitos desses depoimentos. Constata-se que a economia so viética, longe de se aproximar dos padrões americanos, dele se dis tancia cada vez mais.
Em carta de Sakharov, Yurchin e Medvedev aos dirigentes sovié ticos, diziam os ilustres signatá rios:
“É uma necessidade imperativa a de promover maior democrati zação da vida pública neste país”. “No curso da última década, si nais ameaçadores de colapso e de estagnação foram descobertos na
economia de nosso país; tais di ficuldades tèm raizes num período anterior e são de caráter muito profundo. A taxa de crescimento da Renda Nacional está decrescendo de maneira constante”, alcoolismo aumentando tragica mente. ..”
A primeira fase da industriali zação, com a transferência em massa dos trabalhadores dos cam pos para as cidades e com a sim ples cópia e reprodução de mode los correntes em cada setor indus trial, decorreu satisfatoriamente. Mas quando se passou dessa fase para a da operação com comando central, visando a intensificação da produtividade, o que exige ca pacidade, devotamento e interesse de todos, faltaram não só os fa tores psicológicos como flexibili dade e iniciativa. A rigidez da disciplina, senão do terror, para lisava as iniciativas e levava os dirigentes setoriais a procurar salvar as aparências de uma efi cácia que não existia. Demais o regime burocrático não consegue acompanhar a corrida á inovação, mesmo procurando imitar os re gimes capitalista ou liberal.
Não é inoportuno lembrar tam bém que os países que têm pro gredido em maior ritmo nas duas
últimas décadas — Alemanha, Ja pão, EUA não recorreram a plane jamentos.
No Brasil, Roberto Campos, fi gura de grande projeção, foi du rante vários anos o arauto do pla nejamento.
Mas Campos também de uma. feita escreveu em artigo intitula do “A caça ao obsoleto”:
“Muito contribuí — “mea culpa’" — para popularizar entre nós a. idéia do planejamento global, da inflação desenvolvimentista e do> intervencionismo estatal. Hojeentendo que, na circunstancia brasileira, basta-nos planejar al guns setores estratégicos, deixan do o resto á iniciativa privada; acho que nada se pode fazer com a inflação que melhor não se faça. sem ela; e, finalmente, que se oEstado pode regulamentar bem,, por que insiste em administrar mal?”
E ainda há poucos dias, escre via esse mestre:
“Não há porque recorrer a mo delos socialistas de planejamento centralizado, cuja performance.econômica não tem sido brilhan te nos últimos tempos e que acei taram um extraordinário custosocial e humano na privação da. liberdade política”.
HOLANDA:- DESASTRE NUM COMPLEXO QUÍMICO — A explosão de um craqueador de nafta de 110.000 t/ano, em 7 de novembro, no com plexo da DSM próximo a Beek, na Província de Limburg, causou a morte de 14 e ferimentos em 100 pessoas. Acredita-se que a explosão tenha tijdo início no setor de distilação do craqueador de 350.000 t/ano. As instalações de cloreto de polivinil retornaram à produção depois de três dias de in terrupção. A explosão foi o segundo desastre ocorrido recentemente em instalações da DSM. No ano passado, 28 pessoas morreram na explosão de uma fábrica de caprolactáma em Flixborough, Reino Unido, operada por um empreendimento conjunto da DSM.
IESTADOS UNIDOS:-
PRODUTORES DE ETILENO NÃO PODEM PARAR — Os fabricantes de etileno não vão esperar até ao ano que Embora tenham reduzido a produção, porque não podem encontrar colo cação suficiente para seus produtos, e, um esperado soerguimento do cado no final deste ano talvez não seja suficiente para elevar a produção de 1975 ao nível da de 1974, eles acrescentarão cerca de 2 bilhões de libra/ ano de capacidade nova até o final do ano. Além disso, acrescentarão 2,5 bilhões de libras em 1977, embora o crescimento do mercado nos pró ximos anos não pareça ser tão vigoroso com tem sido. Os fabricantes de etileno, contudo, não estão sendo otimistas demais nos planos de constru ção. Mesmo uma taxa de crescimento de 6%/ano exigirá consideráveis acréscimo à capacidade — na realidade, por volta de 1980, o mercado será de 32,6 bilhões de libras. E, se o crescimento atingir 7%, a demanda será 34,5 bilhões de libras. Com as fábricas forçando as taxas operacionais para 90%, isso significa 36-38 bilhões de libras — exigindo que a capaci dade atual de 26 bihiões de libras seja aumentada em mais 10-12 bilhões de libras. Uma porção de 1 bilhão de libras/ano entrou em funcionamento no começo deste ano, quando a Amoco inauguru uma nova unidade Chocolate Bayou, perto de Alvin, Texas. A fábrica foi fechada por um curto período, devido a problemas de equipamento, mas já está novamente funcionando. Outra nova capacidade neste ano: a expansão de 450 mi lhões de libras/ano da Mobil em Beaumont, Texas, que está começando funcionar agora; a expansão de 750 milhões de libras/ano da Shell em Norco ,Louisiana; e 75 milhões de libras/ano da Northern Petrochemical Em 1976 ,a unidade de 1,3 bilhão de libras da Arco Chemical em Channel- view, Texas, está programada para o terceiro trimestre, e a unidade de 1,2 bdhao de hbras da Gulf em Cedar Bayou, Texas, para o quarto trimes tre. Em 1977, outras unidades da Arco e Amoco, mais as da Dow em Plaquemme, Louisiana, Union Carbine em Taft, Louisiana, e a fábrica de _ 1 bilhao de libras da Texaco em Fort Arthur, Texas, provavelmente sultem em temporário excesso de capacidade na segunda metade do vem. mermais em a
reano.
ESTADOS UNIDOS;- TRÊS IMPORTADORES SÃO ACUSADOS —
A American Hoechst (de Nova Jersey), a Rhodia (de Nova York) p a Robeco Chemical (de Nova York) foram indiciados na corte federal de Nova York por, supostamente, fixarem preços para o ácido monoclo- roacético e monocloroacetato de sódio _ importados. Segundo a indicação, as três firmas conspiraram para restringir o comércio desses dois pro dutos químicos durante um período de dois anos (1972-1973), violando, assim, o Decreto Sherman. Especifioamente, os réus são acusados de elevar os preços e fixar a lista dos preços a serem cobrados aos clientes norte-americanos pelos produtos químicos, de fixar a margem de frete para os clientes que retirassem os produtos por si próprios, ao invés de fazer com que esses produtos lhes fossem entregues, e, também, por não competirem entre eles através da redução de preços.
Os Estados Unidos e o Planejamento - Contra
THOMAS A. MURPHY
ALei do Planejamento Equi librado e do Crescimento Econômico, de 1975. traz im plicações que constituem uma seria ameaça ao bem estar e à liberdade de nossos ci dadãos e ao continuo desenvolvi mento dinâmico da economia na cional.
Planejamento Equilibrado e do Econômico de 1975, traz implica ções que são uma séria ameaça ao bem-estar e à liberdade de nossos cidadãos e ao contínuo de senvolvimento dinâmico da eco nomia nacional.
po
O disposto parece provir da su posição errônea de que, fornecida jiiformação econômica e dado acesso à opinião pública, um grucentral pode decidir sobre prioridades adequadas para a completa economia. É realmente, impossível fazer tais julgamentos sobre o emprego ideal dos recur sos da sociedade.
Além disso, sob certo aspecto, com 0 tempo, o plano se harmo nizaria com as perspectivas am plas de apenas uma parte da po pulação e com as perspectivas particulares de ninguém, com exceção dos poucos planejadores. Em consequência, podemos ante cipar que o plano nacional flu tuaria, em alguns anos, com as mudanças do partido do poder ou da força do Congresso.
o autor é “cheirvian” ãa General Motors. É. j)oHanto, o primeiro executivo d({ maior empresa do mundo. Sua posição reflete a do empresariado norte-americano^ ao menos das grandes empresas.
Um bom exemplo disso pode-se fazer com a proposição, de que alguns problemas mais rebeldes da nação, nos setores mencionados no projeto, já foram ampliados pela intervenção do governo. A grave situação de nossas vias fér reas, uma consequência não insigda inflexível reguladurante um extenso nificante mentação. período de tempo, é uma prova trágica e clássica no momento. O sistema foi “planejado” por qua se 90 anos. Em vez de permitir a expansão ou retracção das es tradas de ferro e a elevação ou a baixa de tarifas, em resposta às exigências do mercado, os plane jadores impuseram suas pró prias opiniões consideradas como de “interêsse público” ou dos ob jetivos nacionais.
Um outro exemplo de interven ção do governo, ampliando pro blemas, é o esforço para subverter um mercado livre de produtos agrícolas. Quem poderia ter pre visto, cinco anos atrás — quando planejamos sobre a base de con-
trôle de rendimento — que have ría anos sucessivos de seca, na esfera mundial e a emergência de um racionamento de alimentos em todo o mundo? Ou que a União Soviética aguardava que os Estados Unidos alimentassem o povo russo?
Na minha opinião, é inevitável <iue o processo de planejamento nacional — seja qual for a ma neira pela qual o entendamos — acrescentaria um elemento de ri gidez à economia, no exato mo mento em que a flexibilidade e rapidez de resposta são mais im portantes do que nunca. Isto é, a própria existência de um “plano”, podia retardar o processo de res ponder rápidamente a novos e imprevistos desafios. Isto teria potencialmente graves consequên cias para todos.
Alguns proponentes do planeja mento econômico do governo, pa recem estar motivados por duas noções distintas mais Inter depen dentes. Em primeiro lugar, há uma escola argumentando que se os mercados competitivos não funcionam, em todos os casos da maneira simplista exigida pelos modelos de competição teórica, o sistema não funciona de todo. Isto é pura tolice. Em segundo lugar, há aqueles que, embora não ne gando que o mercado funcione, não gostam das escolhas feitas pe los consumidores. Eles se apres sam em aplicar rótulos tais como "inúteis” ou “frívolas” a estas es colhas. É uma posição sustenta da por aqueles que crêm que so mente seus sistemas de valores ou suas prioridades, devem deter¬
minar e identificar a exata fixa ção dos recursos da sociedade. Os consumidores americanos exercem ainda, felizmente, uma notável liberdade de escolha, numa economia de mercado e nossa his tória mostra claramente que este sistema funciona. Níveis de bemestar material duplicaram a ca da geração. O emprego aumen tou, bem mais do que 10 por cen to, em todas as décadas do perío do de após-guerra. O campo de escolha de produtos disponíveis, é verdadeiramente extraordinário. Nosso sistema de lucros-e-perdas explica a infindável corrente de novos produtos e serviços, que disputam a preferência do con sumidor.
Estes benefícios não provêm do planejamento centralizado, são uma resposta normal do mer cado e dos incentivos à empresa privada. E, se bem que devamos, sempre, dirigir nossas vistas para o mais alto, poucas sociedades chegaram tão perto, como nós, da eliminação da pobreza — uma das mais constantes metas de todas as sociedades civilizadas.
mas
Todavia, a critica persiste. Em períodos de prosperidade econô mica, julga-se que o mercado é sobretudo “materialista” — qua se como se os críticos consideras sem a pobreza como uma benção. Nos maus tempos, o sistema de mercado livre é condenado como um regresso a outro século — um regresso que, supostamente enri quece poucos privilegiados à custa da maioria oprimida.
Sejam quais forem as razões de critica e quaisquer que sejam as situações econômicas existentes, em face das criticas feitas, a al ternativa, quase sempre sugerida, é a substituição do planejamen to pela anarquia do mercado li vre.
Mas existem inúmeros exem plos de fracassos de várias for mas de planejamento econômico do governo; há, por exemplo, nos sa experiência recentemente ter minada, com salário direto e con trole de preços — o primeiro ex perimento em tempo de paz deste tipo. C. Jackson Grayson, Presi dente da primeira Comissão de Preços descreve em seu livro “Confissões de um Controlador de Preços”, as tar alocar recursos através do controle de preços centralmente dirigido.
“Estas dificuldades”, diz ele, “convenceram-me de que é im possível melhorar um sistema em bilhões de decisões diárias de mercado, por parte do público, de terminam nossas alocações de recursos.”
Os materiais requeridos para a produção interna, dirigiram-se para mercados de exportação, através da atração dos altos pre ços mundiais. Os materiais de além-mar com que contavamos, tiveram seus suprimentos pro gressivamente diminuídos. As di ferenças no tratamento de indús trias, e as mudanças em regula mentos, criaram sérias injustiças.
Tudo isto não foi a falha da Comissão de Preços ou de sua equipe. A falha está na noção mal dificuldades” em tenque
orientada, comum às assim-chamadas “políticas de renda”, de que se pode curar a doença da. inflação, tratando os sintomas.. Igualmente importante,- por des viar a atenção das reais causas — monetária e fiscal — da inflação,, foi o estabelecimento de condições que podiam somente conduzir ao período de inflação — recessãoque todos nós tivemos de suportar. Um debate sobre que planeja mento é necessário, está ocorren do na área da energia, em que o veículo a motor é, aparentemente 0 principal alvo. O íato é o au mento do preço do galão de gaso lina em mais de 50 por cento, en tre setembro de -1973 e setembro de 1975. Mesmo considerando o impacto da recessão, .está claro que este aumento forçou todos os proprietários a usarem seus car ros com mais prudência. Isso fez com que a eficiência no con sumo de combustível provocasse maior consideração no tocante à compra de todos os carros novos.
Ambos, consumidores e produ tores, estão obedecendo ao mer cado no que concerne à poupan ça de energia.
Esta orientação continuaria,, sem dúvida, se os preços do pe tróleo não fossem controlados e a venda — e portanto a produção — de novos carros, seguiria um padrão amplamente compatível com as exigências de conservação da energia nacional.
— 0 —
Isto me leva a considerar o pe rigo nuclear das propostas da lei pendente. Ela traz consigo um
imperfeito diagnóstico do proble ma e, por isso oferece prescrição errada. O diagnóstico imperfeito ●é que uma economia de mercado in- c instável e desordenada capaz de realização econômica sa tisfatória, sem planejamento do É clara a evidência de e governo, que a real situação, é exatamen te a oposta. É, principalmente, a errática mampulação fiscal das políticas monetárias ou de outra ■espécie que manteve nosso sistema econômico fora de equilíbrio.
Se olharmos, seja para a Gran de Depressão — quando foi per mitida a quebra do suprimento de dinheiro, em 30 por cento, — seja para a recessão de 1974-75, encontramos suas causas radicais nas políticas públicas — em áreas ●onde o governo, e apenas o gover no, tem autoridade para funcionar.
Uma proposta apresentando a promessa de melhorar a capaci dade do governo de administrar seus negócios mais eficientemen-
ESTADOS UNIDOS:-
te, mereceria irrestrito apóio, Se 0 governo exercesse suas atr.buições atuais em uma direção mais firme, muitas das nossas preocu pações econômicas básicas particularmente as de preserva ção da liberdade pessoal — se riam amplamente atendidas.
Tentativas para consolidar as funções do governo, melhorar a qualidade de informações econô micas úteis, eliminar duplicações e diminuir gastos, precisam ser entusiasticamente apoiadas. O esforço que o Presidente Ford de senvolveu para libertar cidadãos e negócios das algemas da buro cracia, de inúteis, injustas, obs curas e, princípalmente, inconsis tentes regras e regulamentos, é muito louvável. A redução do far do de regulamentação e ofereci mento de coordenação e ordem para o processo governamental, constituiriam um planejamento da melhor categoria para o fun cionamento mais suave de uma sociedade livre nos Estados Uni dos. New York Times. 21-12-1975.
A VEZ DO ALGODÃO E DOS PRODUTOS A BASE DE CELULOSE? — As fibras artificiais a partir do petróleo e do gás natural, cederão lugar, na próxima década, ao rayon à base de celu lose e ao algodão processados. Essa previsão foi feita por W. Alec Jordan, presidente do Chemurgic Council. Ele afirma que o crescimento da indús tria química tomará um caminho inteiramente diferente durante ,ma década. Nos últimos anos, os produtos petroquímicos bras artificiais, plásticos, borracha sintética e detergentes — dominaram as expansões da indústria química. Porém, devido a crescente escassez e custo de tais matérias-primas insubstituíveis, tais como o petróleo e' o gás natural, o crescimento futuro será mais o resultado de processos quí micos baseados em fontes renováveis. As fibras artificiais e plásticos fa bricados a partir da celulose — derivada de fontes renováveis como ár vores e algodão — substituirão alguns produtos feitos a partir do petróleo. a proxiincluindo fi-
OS ESTADOS UNIDOS E O PLANEJAMENTO -
PRÓ
0HUBERT H. HUMPHREY
planejamento sensato tor nou-se uma necessidade da vida moderna. Em um mun do no qual as populações es tão aumentando e os recur sos diminuindo, em que os racio namentos de alimentos e de ener gia ameaçam o bem-estar de mi lhões, em que crises após crises abalaram o mercado, é simples mente inconcebível para o Go verno com orçamentos de aproxi madamente, S400 bilhões, agir sem um melhor sistema de coordena ção entre os recursos públicos e privados.
E, todavia, infelizmente, o Go verno dos Estados Unidos tornoua última trincheira da ativi dade não planejada no mundo moderno. Todas as outras nações industrializadas planejam e têm sistemas de planejamento. Negó cios, universidades, fundações e até famílias individuais, com preenderam que têm de planejar para alcançar seus objetivos com os recursos limitados disponíveis, mas o Governo Federal continua prosseguindo em uma atitude “ad-hoc” dividida, que não é ape nas inútil na sua ineficiência, mas completamente prejudicial na sua falta de visão.
No momento, existem mais de 50 repartições federais que reu nem e analisam informações eco nômicas. Por não ser uma repar tição única, responsável pela fis-
Está aberto nos Estados Unidos 0 debate sobre a adoção de lei do 'planejamento. O Senado exami na 0 projeto. Como sempre ocorre naquele país. as correntes javoràveis e contrárias o estão deba tendo. Publicamos, a seguir, a posição do senador Hubert H. Humphrey. favorável.
calização e integração de suas atividades, muitas vezes faltam às informações selecionadas, deta lhes necessários ou padrões apro priados para comparação. Em muitos casos os dados são, em rea lidade," incompatíveis ou contra ditórios.
A natureza confusa e incerta deste sistema torna impossível atingir objetivos nacionais coeren tes e nosso fracasso em decidir, com clareza, para onde desejamos encaminhar a nação, consumiu recursos valiosos.
A Lei de Crescimento Equilibra do e de Planejamento Econômico, de 1975, propõe reformar funda^ mentalmente a administração do Govêrno, em sua própria linha de conduta econômica, permitin do-lhe uma melhor coordenação e cooperação com o setor privado, na realização de objetivos nacio nais em concordância.
O projeto fornece os meios para formular sistemática e compreenslvelmente, objetivos econômicos
nacionais a longo prazo com re cursos existentes. Seria criada uma junta de planejamento eco nômico no gabinete do Presidente para coordenar e analisar da dos econômicos e tendências, auxilada por um vasto escalão de Com fundaanálises, o Presi-
assessores técnicos. mento nessas dente seria' convocado, cada dois fim de submeter ao Con- anos, a gresso e ao governador de cada Estado, um equilibrado plano de desenvolvimento.
Federal. A realização dos ob jetivos visados, 110 setor privado e nos Estados e localidades, depen dería de uma cooperação volun tária. A atribuição Federal seria limitada ao fornecimento de assis tência e orientação aos setores privados e estado local, sugerindo metas, oferecendo opções e apre sentando informações atualizadas em assuntos econômicos sobre fu turas ações Federais.
TAo Congresso seriam dados po deres para rever o plano apre sentado, aprovando, desaprovan do, ou modificando-o em seu todo ou em parte. O mais importante é que o processo de revisão pelo Congresso, envolvería a mais am pla participação do povo ‘ a solicitação das opi-
ameri-
Os
A América perdeu muito e es banjou mais, porque não come çamos desde há muito tempo a elaborar um planejamento coe rente. Sofremos repetidamente porque deixamos de aproveitar a oportunidade — ou de ter a ma quinaria — não prevendo as con sequências das nossas ações, exemplos são numerosos.
cano, com niões do governo estadual e local, de setores do trabalho, de negó cios, de acadêmicos e consumido- o res comuns.
O plano tenciona contribuir para as nossas metas mais urgen- tes: emprego amplo, estabilidade de preços, desenvolvimento eco nômico equilibrado, uma distri buição de renda mais justa, uti lização eficiente de recursos pri vados e públicos, desenvolvimen to urbano regional equilibrado e relações .internacionais duradou- ^ Identificaria os recursos ne- ras. cessários para realizar estes objeaconselharia ação legisla- A' tivos e tiva e administrativa.
— 0 —
Depois de aprovado, a obrigato riedade da execução do plano re cairía, somente, sobre o Governo
Alguma vez paramos para refle tir sobre quanta urbanização é necessária realmente, à nossa so ciedade? Tentamos descobrir tamanho ideal de uma cidade ou determinar que níveis de popula ção nos oferecem o melhor custo e as melhores condições de vida? Ou evitar desperdícios de espaço? Não o fizemos, embora estas coi sas sejam evidentes e tivéssemos os meios para entendê-las.
Uma razão do fracasso na for mulação de metas de economia nacional, é que o povo fica apre ensivo com relação à palavra “pla nejamento”. É tão profundo nos so compromisso com a economia do mercado-livre que, a mera. menção de planejamento, provoca,, em algumas pessoas, visões de “controle de estado”, “coerção degoverno” e “socialismo incipiente”^
Mas não se enganem sobre isso: Esta economia está já “planeja da”. embora não em rumo racio nal ou coerente. No setor pri vado. onde as 200 maiores corpo rações industriais controlam dois terços dos capitais da indústria e empregain-metade da força do tra balho industrial da nação, são to madas, todos os dias, decisões que afetam profundamente a vida de todos os americanos. E elas são tomadas com base em planeja mento que é oneroso e confiden cial e que pode ser ou não o mais . vantajoso para o povo americano.
nomia planejada, mas um plane jamento da economia.
de mercado-livre que não mais aplicáveis, em conse-
Existe uma quantidade de no ções são quência de um declínio geral na competição, incluindo-se a idéia como Mr. Stein a coloca, de que “planejamento econômico é um processo inerentemente antidemo crático”.
Progressivamente, começamos a compreender que a política eco nômica, a longo prazo, é impor tante demais para ser entregue aos burocratas. Vimos o caos e desperdício que resultam quando a política é feita sem a participa ção do Congresso, dos estados, de íocalidades e do público.
A legislação pendente não é uma proposta para estender o controle do governo sobre negó cios, nem ura autoritário, ou autooperativo sistema de restrições, mas um sistema voluntário de planejamento da economia coor denada, baseado em prioridades e objetivos, no melhor interêsse do povo americano; não é uma eco¬
A necessidade de planejar não é nova, nem o são os meios para isso. Como o Senador Jacob Javits. Republicano de New-York e co-autor do projeto esclareceu, “a idéia de uma comissão ou de co mitês para estabelecer metas na cionais” veio de Dwight Eisenhower, “que dificilmente podia ser considerado como um radical vio lento na política econômica”. O que é novo, entretanto, é a natu reza drasticamente transformada do mercado com suas inesperadas carências, coligações hão sonha das e súbitos recursos limitados. Críticos do planejamento eco nômico apressam-se em esclarecer que toda forma de planejamento é usada em regimes Comunistas e em outros regimes autoritários. Conquanto isso seja verdade, é simplesmente errado associar pla nejamento com coerção de negó cios ou perda de liberdade — co mo 0 exemplo de inúmeras demo cracias o atesta. A França, o Netherland e os países escandinavos empregaram planejamento com sucesso considerável.
Naturalmente, dúvidas e temo res sobre qualquer inovação são concebíveis, mas devemos ter em mente que os benefícios a serem obtidos através do planejamento são de importância decisiva — principalmente para as futuras gerações de americanos que po dem sofrer, injustificadamente, os erros que cometemos agora.
No setor agrícola, por exemplo, podíamos deixar de colocar os objetivos de produção sem exame
relativo a transporte, fertilizantes e necessidade de energia. Podiamos deixar de regulamentar pre ços sem relaciona-los com as ne cessidades de energia ou com o choque sobre nivel de emprego, a coordenar
Não podemos esperar encontrar estas e outras respostas da mes ma maneira que um praieiro espe ra encontrar conchas do mar — mas através de uma lei aqui. uma Te-
sanção ali, pouco a pouco, mos de dedicar o mesmo tipo de Podíamos começar nossos embarques para o estran geiro com reservas internas. So mos a única g‘rande hação no mundo sem uma clara política de alimentação, quado de reserva de alimentos, todavia, é o melhor caminho pa ra estabilizar seus preços e man ter solventes os nossos agriculto-
esforço para planejar nossa eco nomia nacional que despendemos, agora, para nosso orçamento ou para nosso Departamento de De fesa. Mas também não precisadepender de Washington nosso total discernimento.
Um programa ademos para Todos os esforços precisam ser empregados a fim de sensibilizar soUcitando-lhe compreensão prática para proble mas e soluções. comunidade. a res. No setor industrial, podiamos começar a entender o caos resul tante da crise de energia, do ra cionamento de gêneros, dos en garrafamentos de trânsito, das barreiras de estrutura na nossa Podiamos reconciliar O diálogo nacional sobre nosso futuro, apenas começou, mas o resultado é de urgência crucial.
economia. nosso interesse sobre o ambiente, com as legítimas necessidades dos negócios. E no campo dos servi ços sociais, começamos a ver noscríticas necessidades nas áreas do emprego, moradia, edu cação, saúde e transporte, para estabelecer metas a longo prazo e formular políticas que possam ter êxito. sas
o-
Amplo planejamento nacional pode fornecer-nos a orientação de que precisamos. É uma situação que Abraham Lincoln uma vez descreveu: “Se nós conseguísse¬ mos antecipadamente saber onde estamos e para onde nos dirigi mos, poderiamos julgar melhor o que fazer e lomo fazê-lo”. (New York Times, 21-12-1975).
INGLATERRA:- BOLSA COM PEGA-LADRÃO — Uma firma britâ nica especializada em artigos de segurança lançou uma interessante bolsa para transportar dinheiro. Ela contém uma cápsula que, ao ser ativada, emite uma fumaça alaranjada e uma tinta permanente que mancha as notas, em caso de roubo. É encontrada em couro natural bege ou preto, sua alça é ajustável e tem capacidade para 3.500 libras esterlinas, em notas de uma libra. A correia dupla de couro, que se ajusta ao pulso, está ligada à .cápsula, que se encontra no interior da bolsa, por meio de uma corrente, sê a bolsa for puxada a corrente se desprenderá, ativando automaticamen te a cápsula. Um dispositivo de segurança evita que isto ocorra aciden talmente.
Proposta para solucionar a crise
JACQUES RUEFF
professor e acadêmico fran cês, Jaeques Rueff, concedeu entrevista ao jornalista ita liano Ferdinando Scianna, que a publicou na revista “L’Europêo”, de 10 de outubro do ano passado. Por seu interesse, transcrevemo-la na integra, ini ciando com a introdução do entre vistador.”
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“Há uma coisa que fere profun damente na atual crise econômica confusão intelectual, a inse gurança. a contradição com que os tradicionais “peritos” do siste ma, os economistas, a analisam e a enfrentam. Sobretudo choca o fato de que nenhum deles faça referência, ou tenha a coragem de fazê-la publicamente, às tra dicionais “leis imutáveis” que re gulariam os mecanismos econômi cos.
Depois de terem continuado a proclamar, por decênios, que após Keynes tornou-se impossível rein cidir em uma crise desastrosa tipo ‘29, agora que parece estarmos nos aproximando do abismo a largos passos, todos ficam emudecidos. A morte de Keynes deixou órfãos inconsoláveis. Um único econo mista liberal, entre os de fama mundial, continua impávido a re petir a sua análise da crise, apoiando-a nos instrumentos clás sicos da economia. Ele o faz há quarenta anos, mas sobretudo desde 1961, insiste em fazê-la com os mesmos argumentos e as mes mas profecias.
O campeão do padrão ouro de fende suas idéias, no momento em que o mundo atravessa difícil crise monetária.
Jaeques Rueff px'ossegue tam bém prescrevendo a sua receita de cura. difícil de ser realizada por que poderosamente simples. Pres creve esta receita garantindo a segurança absoluta do seu suces so instantâneo e duradouro.
É verdade, a segurança. A se gurança de Rueff é a coisa que mais nos fascinou, esteja errada ou certa, nesta charneca de desconforto em que. agora, parece, ter-se transformado a economia política e a política econômica. Jaeques Rueff tem hoje 79 anos; por mais de quarenta desempe nhou encargos de alta responsa bilidade na economia francesa, até a ascenção de De Gaulle. do qual tornou-se o principal inspirador nesse campo, obras teóricas. Rueff é também ensaísta e literato, que cai facilmeditação filosófica
Autor de inúmeras * mente por meio da qual procura recon duzir a um único denominador ciência técnica e ciência humana. na 1.* Recebe-nos no seu tranquilo es critório da Academia Francesa, o instituto para o qual foi chamado em maio de 1964. Professor Rueff. depois da crise de 1929-1932 se disse: nunca mais s
“i
haverá um desastre igual! Aliás, os governos disjyõem dos meios pa ra a enjrentarem. E, ao contrário, a moléstia reaparece de novo e ameaça ser mortal. Esta moléstia se chama inalação. Sabemos que o senhor tem suas idéias sobre o assunto.
Os acontecimentos que se estão desenvolvendo agora, mudado, obviamente aquilo que tem de ser mudado, são os mesmos a que assistimos em 1929-1932 e têm as mesmas causas.
Podemos colocar as origens na conferência internacional de Gê nova de 1922. Naquela conferên cia foi introduzido o famigerado “Gold-Exchange-Standard”, isto é. a utilização do dólar e da es terlina em lugar do ouro. Nor malmente, os países emitem moe da garantindo-a em ouro ou me diante créditos expressos em moe da nacional. Com a conferência de Gênova, para economizar o ouro, íntroduziu-se a possibilidade de emitir moeda, mesmo contra créditos expressos em valor ti'angeiro; dólares e esterlinas, justamente, que, assim, tornamse moeda de reserva e instrumen tos de pagamento internacional.
Todos os embaraços econômicos e monetários do Ocidente come çam com esta leviandade intelec tual.
PARA NaO PAGAR
O sistema das moedas de reser va todavia, permanece de pé mes mo depois da grande crise dos aiios Trinta.
A crise de ’29-‘30 tinha feito
Com sucumbir todo o processo, efeito, nada sobreviveu, porque os prejuízos que se acumularam entre os vários países foram reem bolsados em ouro.
lação resistiu e ninguém quis compreender os perigos que ela envolvia.
Mas a legisComo funciona o mecanismo do "Gold-Exchange-Standard" e em que consistem os perigos que, agora, infelizmente, tornaram-se realidade?
O fato do dólar ser utilizado como equivalente ao ouro transações internacionais, nas teve como consequência que o déficit da balança dos pagamentos era pago, não mais com transferên cias de ouro, mas sim com a de dólares, aos países credores. Estes dólares eram adquiridos dos ban cos centrais dos vários países, quais criavam moeda nacional equivalente montante.
Além disso. cuja base era emitida nacional, eram imediatamente colocados em depósitos em banco ou na aquisição de vales do te souro sobre o mesmo americano, onde eram novamente postos em circulação, quer dizer, emprestados para investimentos nos Estados Unidos e fora. suma, a América, além de ser um país abastecido pelo mágico pri vilégio de uma moeda de reserva, descobria o segredo de adquirir sem pagar, de dar sem perder. O que chamei de segredo do déficit sem lágrimas. As lágrimas sendo, pelo menos no começo, somente dos credores. Mas com o tempo, o sistema chorou. Foi assim. os ein os dólares sobre a moeda es- remercado Em
realmente, que se movimentou a máquina infernal da inflação in ternacional.
Acontece que se tem um real e próprio redobramento, absoluta mente artificial, da liquidez, mesma massa de dinheiro joga duas vezes sobre o mercado: coreserva-garantia sobre a qual é emitida a moeda nacional dos vários países credores e ainda no mercado dos países devedores que, de fato. não sofrem qualquer di minuição da liquidez global, além do poder de aquisição real. Sobre plano monetário, o pagamento dos deíicits da balança dos paga mentos é como se não tivesse ja mais acontecido.
hancistas. No começo, pensei que se tratasse, essencialmente, de erros intelectuais. Razões de po der sobrevieram depois. Aliás,
O QUE ACONTECE NA PRÁTICA? desde 1945 até 1958, a coisa não se mostrou clara. Durante esse periodo, de fato, os Estados euro peus precisavam de produtos que A podiam comprar somente nos Es tados Unidos: nenhum estava em condições de acumular valor de reserva e- não se cogitava do pro blema de uma balança excedente de pagamentos. Em seguida, quando na França, na Alemanha, na Inglaterra foi restabelecida a convertibilidade monetária, o mecanismo começou a produzir os seus efeitos maus. A princípio, penso que os Estados Unidos não compreenderam que a utilização do dólar como equivalente do ouro lhes permitia pagar indefinida mente ao estrangeiro sem desem bolsar absolutamente nada.
Este sistema pei'mitiu aos Esta dos Unidos dar e emprestar à Eu ropa, com uma generosidade sem precedentes. Mas o sistema ofe recendo ao doador a alegria de dar e ao recebedor a alegria de receber, teve apenas uma trágica consequência: a instalação da in flação generalizada que ameaça colocar em discussão a própria existência do doador como do be neficiário; do credor como do de vedor. Trata-se de um prodigio so erro coletivo que ficará na his tória como objeto de assombro e escândalo.
O senhor fala ãe erro, profes sor Rueff. É, porém, 2i?n erro que favoreceu alguns à custa de oiítros. Não era comoão demais pa ra. os Estados Unidos não perce ber 0 erro?
Creio que o senhor dê apreço exagerado à inteligência dos fimo o
Mas num certo ponto, os ame ricanos deveríam perceber jorçosamente. pelo menos, este “erro” se não jor outra razão, porque De Gaulle explicou clara e redonda mente como estavam as coisas. A jamosa conjerência-estampa é de 4 de fevereiro de 1965 e os argu mentos. mais que inspirados eram calcados sobre suas posições, pro fessor Rueff.
E, é realmente, só em 1965 que, segundo penso, se deve ter esta belecido o conhecimento ameri cano das consequências do “GoldExchange-Standard’. eles, aliás, que o quiseram impôr; foram, ao contrário, justamente os países não americanos que pediram.
Em todo o caso. se fui o inspi rador do discurso de De Gaulle, não 0 fui como instrumento antiamericano, nem penso que fosse esta a intenção do próprio De Gaulle. O general disse, naquela ocasião, como estavam as coisas, esclareceu que o fluxo de capitais saídos dos Estados Unidos, expu nha os países credores a uma real e peculiar expropriação dos seus negócios e das suas riquezas.
Uma vez que os americanos re cusavam tomar consciência desse fato, De Gaulle fez vislunibrar riscos que a própria economia poderia correr, no caso, por exemplo, de que todos os países europeus pretendessem, como tinham direi to, a conversão em ouro de todas as suas reservas em dólares. A América não teria podido supor tar tal transferência de riqueza; riqueza real, desta vez.
ERROS E GUERRAS
de do dóllar causada pelo acú mulo de desmedidas quantidades de moeda americana no mercado internacional. Agora tudo isto se verificou e infelizmente, de modo impertubável. Inconversível de fato desde 1968, o dólar tornouse, depois, inconversível de direi to, após a decisão de Nixon de 15 de agosto de 1971.
Desencadeando a inflação tam bém prevista, previsível, galopan te, incontrolável em todo o Oci dente, especialmente após 1973, quando o dólar começou a flutuar!
Mas neste ponto, professor, tamos ainda no campo do erro ou antes em plena guerra econômica?
E 0 mecanismo continuou cuar e a possibilitar todas as postas implicações a resudesastrosas, por mim amplamente previstas. Há muitos anos eu disse que este sistema conduziría inelutavelmente a três consequências. Primei ra:’) perpetiiidade do déficit da balança dos pagamentos america na. Segunda: exportação, por este meio, da inflação, permanente também em todos os países cre dores. Terceira: inconversibilída-
Mas o que pretendem a introdu ção do “Gold-Exchange-Standard? Porque é ai que o senhor parece ver 0 diabo destruidor. os esos a a com
De fato, mas as relações de for ça em campo tornaram impossí vel a verificação dessa ameaçado ra eventualidade. em
A questão profunda é exatamen te esta. São, realmente, os erros que acabam provocando as guer ras econômicas. São os desequilí brios financeiros que instigam Estados a se pi’otegerem contr; entrada dos produtos de fora, todas as repercussões políticas e os conflitos consequentes. Foi no drama de 1929-1932 que uma cri se monetária se transformou crise econômica e depois política. É o mesmo drama que ameaça reproduzir-se hoje, com idêntica profundidade e gravidade.
Na base há uma falsa preocupa ção: a de que se verificava uma grave insuficiência de liquidez para os investimentos internacioEra de tal maneira viva nais. esta preocupação, que se conti nuou a levar água ao rio, ou car-
vão a Birmingliam, como dizem os ingleses. O ouro. afirmavam os entendidos, nunca teria s do suficiente para garantir a liqui dez necessária ao mercado. Cer tamente. por causa da inflação faltava a liquidez no sentido de que era impossível torná-la sufi ciente, garantindo-a com a mas sa de ouro disponível. Mas isto porque obstinaram-se a calcular 0 valor do ouro pelo preço antigo: 35 dólares a onça antes da guer ra, depois 42,22 dólares. Assim é que. em vez de dizer mudemos
0 preço do ouro, foi dito criemos novas formas de liquidez.
Surgiram aquelas que eu chamo obras de canalização em tempo de dilúvio. Um mecanismo que cria inflação em espiral sem porta de saída.
Estas obras de canalização cha■m-aram-se: acordos gerais de em préstimo. acordos SWAPS, bônus Roosa, aumentos do fundo de do tação do Fundo monetário inter nacional, Direitos especiais de sa que. etc. O senhor nunca foi mui to brando com estas iniciativas.
O economista francês Jacques Rueff: "Aquilo que neste mo-^ mento é pomposamente chamado o relance da economia é um sistema que comporta a certeza absoluta de aumento do desemprego"
Eu disse que era um eufem smo inaceitável e uma escandalosa hipocrisia chamar “criação de li quidez internacional” aquilo que era, ao contrário, um modo de fornecer aos Estados Unidos, prin cipalmente, mas também à Ingla terra, outro pais com moeda de reserva, os meios para os seus pa gamentos externos.
O senhor tarribém definiu os Di reitos especiais de saque como “um nada vestido de moeda”, mas este nada poderia tornar-se o ponto de referência para os pagamentos in ternacionais.
Mas permanece um nada vestido de moeda. Quero dizer que não causa qualquer garantia de esta bilidade. Uma moeda tem um va lor de fato, se é utilizada como moeda de troca, mas tem um va lor estável somente quando é con versível em “alguma coisa”. Ora, os Direitos especiais de saque não são conversíveis em coisa alguma; não têm outro valor senão aque le que deriva da quantidade. Esta quantidade depende de decisões políticas tomadas na Assembléia do Fundo monetário internacio nal. Ora é justamente pelo fato de eu preferir os mecanismos mo netários às decisões dos políticos, que vejo com inquietação a sorte de uma moeda internacional li gada a decisões deste gênero.
Que se pague aliás, em dólares ou em Direitos especiais de sa que, como no caso do petróleo, o jogo continua a ser o mesmo, en quanto a chave da finança inter nacional permaneça no Ocidente e. em particular nos Estados Uni dos. Neste sentido a famosa “re ciclagem” dos petrodólares pro¬
duz os mesmos resultados aherrantes do “Gold-Exchange-Standard”.
Isso de reciclagem é um velho paliativo dos “peritos” econômi cos. Surgiu pela primeira vez em 1S68. em uma reunião de gover nadores de bancos centrais em Bas4ea. Não se tratava então, de petrodólares; mas de reciclar os capitais exportados dos Estados Unidos, reinvest’ndo-os nas pra ças de emissão, mediante em préstimos ou aquisições de bônus do tesouro americano. Isto para evitar as perigosas debandadas provocadas pelos rápidos movi mentos de capitais sobre o mer cado internacional.
Eu defini logo esse mecanismo como aberrante. Tendia de fato a institucionalizar um sistema paradoxal, funcionando como um jogo pueril de crianças, no qual, ao fim da partida, fosse restituida indefinidamente a aposta ao per dedor.
— 0 —
SEM FREIOS
Não aconteceu, de certa manei ra, a mesma coisa com a recicla gem dos petrodólares?
Visto que havia a necessidade de pagar, era preciso, em suma. inventar os meios para fazê-lo. Mas isto foi possível justamente por causa do sistema das moedas utilizadas como meio de pagamen to internacional. Em um mundo razoável, o mecanismo da recxlagern não teria podido funcionar. Quando aumentou fortemente o preço do petróleo, foram previs tos deficits catastróficos para cs L
Esses deficits países ocidentais, de fato, estes não aconteceram, enorme maioria dos dók.
0 que realmcnte núiguém quer é a depressão.
Aquilo a que hoje assistimos, efeito, é a colossal falência porque a lares que haviam pago aos paises árabes foram reinvestidos no mer cado ocidental, que os reutiliza-
Portanto, não houve realmente transferência de riqueza para os países árabes.
com de toda a farmacopeia keynesiaSe queremos chegar à subs tância do pensamento econômico de Keynes encontramos isto: uma crise de desemprego significa que estão baixos demais ou Desde na. ram.
numa solvência.
Digamos que o petróleo foi pa go com a divida e isto é um gran de perigo. Grande parte do mun do ocidental, com efeito, acha-se situação de substancial inDe certo, continuará de nova liquidez, nodébitos, nova inflação, não é um sistema que possa durar Corre-se o ris¬
os te,
nao a criaçao vos Mas indefinidamente, co até de uma catástrofe por cau¬ so disto.
A Alemanha realizou este jogo durante toda a guerra, criando moeda que retornava indefinida mente. Em 1948, porém, foi pre ciso anular 92,5 por cento da sua emissão monetária e dos débitos que ela tinha negociado. Foi uma enorme injustiça que se acrescen tou à da trágica guerra. É um fato deveria estar sempre presente ta. lhacos.
As sereias de alarme já atingi„ 7iota aguda: a insolvência dólar, inflação generalizada, hoje a depressão e a falta de tra balho. ram a do
os preços salários muito altos, que não é imaginável, socialmen- consertar dimmuindo os salá rios, não resta senão fazer aumen tar os preços. Keynes era real mente um homem que, no fundo, acreditava nos mecanismos econômicos, ainda que no fim de sua vida julgasse dever advertir os seus mui zelosos partidários so bre a importância da “mão invisí vel” de Adam Smith, quer dizer a mão que reconduz à lógica das leis econômicas, qualquer desvio praticado contra o sistema. Os políticos, porém, consideraram a sua receita uma grande descoberOs políticos são grandes veApenas, acontece que os sindicatos descobriram o truque eles e encontraram de reivindicações que le-
primeiro que sistemas l gitimissimamente procuram a compensação do aumento dos pre ços e, alguma vez, com a descu^ pa de acompanhá-los, os anteci pam. O que neste momento é pom- posamente chamado relance da economia é apenas um sistema do gênero; aquele que em perspec tiva, comporta a certeza absoluta do aumento do desemprego. que diante dos olhos dos nossos res ponsáveis políticos.
Quando chega a depressão todos ficam amedrontados. Mas é ver dade aquilo que está escrito no Ecles^astes; “Quem cava um fosso acaba por cair dentrò”. Nin guém disse querer a inflação, mas
O senhor continua há quarenta Ü710S a propor a mesma solução: revalidação do ouro. reembolso dos
deficits de balança; enfim, des truir 0 sistema do
Gold-Exchange-Standard” e recomeçar do principio.
Eu faço esta comparação: Uma máquina dispõe de freios. Cer tamente, pode-se não ser a favor dos freios; se fosse possível evi tá-los, os automóveis custariam menos. O problema é que sem freios a gente bate na primeira
Em suma, o senhor querería co locar os Estados Unidos em con dições de pagar os seus débitos; até mesmo empenhando-se para conceder à América empréstimos que cornpensem o esforço. Mas não é isto talvez que os devedores 7ião querem? Sobretudo não per der a chave de ouro da omnipotência econômica. Enfim, os em bates técnicos não esconder7i relações de força?
A conversibilidade em as curva, ouro é o freio do mecanismo mo netário; é assim que a considero.
Acontece que se assombraram com o fato de que em livros como “Os deuses e os reis”, eu tenha abordado temas filosóficos gerais; isto por causa da qualificação de economista que me é impingida. O meu discurso filosófico é, de fato, um discurso sobre os meca nismos que criam a ordem, o equilibrlo no universo. O mistério do
Universo é a ordem. Assim, o que pasma no sistema econômico mundial não é que, agora, haja desequilíbrio e desordem, mas que, por um longo período, tenha havido ordem. Ora, em minha opinião, 0 que determinava aque le equilíbrio não era o acaso, mas exatamente o mecanismo da con versibilidade em ouro. Para restaurar este mecanismo é que recomendei e incansavel mente contínuo a recomendar a reavaliação do preço do ouro. Por este meio colocar-se-ia a Améri ca em condições de liberar uma quantidade de recursos potenciais, que lhe permitiría converter, em ouro, a gigantesca quantidade de liquidez, em dólares, que os deficits puseram em circulação nos últimos decênios.
Mais do que luna relação de for ça, creio que se trate de uma reImagino
lação de inteligência, mal um comando de governantes europeus que imponham pela for ça aos Estados Unidos a conversi bilidade em ouro. O que imagino melhor são pessoas capazes de convencer os americanos de que uma solução do problema naque le sentido é do interêsse de todos. O senhor afirma com extrema segurança que isso bastaria para resolver a crise e provocar um po tente, real relance econômico mundial.
Estou seguro, e pondero lavras, no fim será a minha posta que se realizará. Não porque seja minha, mas porque não há outros caminhos. Aliás, foi jus tamente isto que fez Roosevelt 1934. Já então, os americanos fa lavam do ouro como de um “fetiche em desuso”. Ouvi com os m°us ouvidos, em Londres, o represen tante pessoal do presidente dos Estados Unidos dizer que nunca o seu país teria aceito a reconsti tuição dos mecanismos de paga mento internacional em ouro. Foi em março de 1934; aquelas pala vras causaram tanta impressão, que todos os responsáveis mun¬ as pa- proem seus
NO TERCEIRO MUNDO díais presentes acabaram por che gar, com grande atraso, a uma re cepção oficial; afronta imperdoá vel na Inglaterra. Pois bem, na quele mesmo preciso momento, Roosevelt, se preparava para fa zer exatamente o contrário, isto é, o que eu propunha e confnuo a propor. Por quê? Porque, na desordem intelectual daquele tenipo, que é a mesma de hoje, divi sava-se, por esse caminho, uma possibilidade de solução; tentada. Mas, tinha-se chegado a um tal ponto de sofrimento, de sordem e perigos, que já não se podia perder tempo. Penso que a mesma coisa acontecerá hoje e, pergunto-me sempre, com angús tia, se 0 sistema político ocidental estaria ainda em posição de arros tar e superar tais perigos, com todos os traumas consequentes. Lenln disse que para destruir o capitalismo bastava destruir a sua moeda. Os respon.sàveis oci dentais parecem ter querido lazer de tudo para dar-lhe razão. Quais seriam as consequências da aplicação ãa sua terapêutica?
0 senhor fala do mundo ociden tal; professor, que tem ouro para reavaliar, força industrial, força financeira, matérias primas, os outros, os paises do Terceiro mundo, que muitas vezes não têm coisa alguma?
Estou satisfeito por ter-me feito
Hoje, definitivaMas essa pergunta, mente, procuramos fazer caridade a esses países, com meios monetá rios que servem, apenas, para pro duzir inflação. A consequência e que não alcançam vantagem al-
O verdadeiro se-
e foi guma com isso. gredo do desenvolvimento dos pai- do Terceiro mundo é que exismercados financeiros bem ses tam abastecidos, que possam concederlhes grandes empréstimos, a longo babia taxa de juros. prazo e com É isto que aconteceria, segundo a minha proposta, pois provocaria, subdesenvolvi- mesmo nos países dos, uma real e ampla expansao, fictícia, < nao aquela medida e construída durante o reino keynese sabia, tinha siano, que, como de terminar, um dia, na depres- 1 i
Medindo o peso e o valor das palavras, digo-lhe que imediata mente e calculo que, por volta de duas semanas, haveria um formi dável afluxo sobre o meifjado, de recursos acumulados, uma baixa muito sensível das taxas de juros, com consequente rapidíssimo resao.
segurança é fascinante demais, professor Rueff. Dá para temer de que se trate de um cas telo de sonhos.
A sua começo dos investimentos, uma formidável elevação do curso das ações sobre todos os mercados; enfim, uma grande onda de bem- . guntou-me; estar para todos. \ não acontecer nada?
Permita-me pecar por imodéstia. Quando em 1958 propus a De Gaulle o meu plano de saneamen to econômico da França, o gene ral me disse que eu lhe pedia para fazer coisas muito difíceis e perO que acontecerá se É um pou-
0 sentido do seu temor. Que garantias existem? Naquela oca..i co
Hoje resta-me muito
sião eu respondí ao general De GauUe que dava em garantia a opinião que ele teria tido de mim, pelo tempo que ainda me restiíva para viver, menos para viver do que então. Posso dar em garantia, talvez, a lembrança que se terá de mim?
BRASIL;- 36
EMPRESAS COMPoEM O GRUPO ULTRA — Consti tuindo-se em um dos maiores conglomerados empresariais do país, tanto no ponto de vista economico-financeiro, quanto na amplitude e diversifi cação de seus negócios, mantendo sob seu controle, direção ou co-paríicipação de 36 empresas, o Grupo Ultra participa de quase todos os setores da economia brasileira. As companhias integrantes do grupo, subdividemse em dois tipos: subsidiárias (sob o controle do grupo); e associadas, contam com a participação acionária do grupo. Para a realização de que Ope rações, o Grupo Ultra se concentra em torno da Companhia Brasileira de Participações (Cobrapar) que é a empresa “holding”. A Cobrapar com _ pitai 100% nacional, é a responsável por todo o processo de supervisão acompanhamento e controle das 36 empresas do grupo. Operando com uma estrutura de coordenação centralizada. As empresas mais importantes do Grupo são: Ultragás, Gaúcha de Gás, Paulista de Gás, Sergipegás, Mela- mina, Serma, Ultratec Engeclor, Transar, Imatec e Empresas Imobiliárias (Subsidiárias); Ultrafertil, Ultralar, Oxiteno Atlas e Supergel (associadas)
INGLATERRA:-_ A SHELL PLANEJA EXPANSÕES DE FABRICAS
DE ETILENO — Ultimamente a Shell vem falando sobre uma “substancial expansão” de seu novo complexo a base de etileno na França. Até agora a SheU dispendeu 340 milhões de dólares, em Moerdjik, numa fábrica de etileno de 450.000 toneladas métricas/ano e em unidades para a produção de 150.000 toneladas métricas/ano de butadieno, 300.000 toneladas métri cas/ano de propileno, 150.000 toneladas métricas/ano de óxido de etileno e 400.000 toneladas rnétricas/ano de gasolina de pirólise. Segundo o dire tor da Shell International Chemical, um investimento adicional de 150-200 milhões de dólares, destinado provavelmente a unidades interligadas, será anunciado antes do final do corrente ano. A fábrica de etileno, que entrou em funcionamento em novembro de ’73, está operando a uma velocidade de 300.000 toneladas métricas/ano. Há dois anos atrás, na França, a Shell adiou a construção de uma fábrica de etileno de 350.000 toneladas métri cas/ano. Agora, a companhia está “trabalhando ativamente” para uma negociação. Tal unidade poderia ser totalmente de propriedade dá Shell, entretanto, “a possibilidade de um empreendimento conjunto deverá ser altamente considerado”.
bibliográficos em inglês sobre o Brasil
J. V. FREITAS MARCONDES
cOMO a lingua inglesa é atual mente a mais conhecida e fa lada no mundo e como dia a dia cresce o número das obras em inglês sobre o nosso país, vale a pena um “check-up” nesse setor, quando mais não seja para se peneirar o assunto.
O autor oferece excelente biblio grafia para estudiosos e pesquisa dores estrangeiros e brasileiros.
Assim foi
Nos Estados Unidos crescem os estudos — os mais variados — so bre o Brasil. Esses estudos au mentam e são possíyeis porque empresas particulares, fundações e 0 próprio govêrno norteamericano doam somas fabulosas às suas universidades para que estas concedam bolsas de estudos ou custeem pesquisas bem planeja das e até viagens ao nosso pais. Aliás, um dos primeiros cientistas sociais norteamericanos que en viou seus alunos graduados Brasil, com bolsas, para recolhe rem material para suas teses de doutoramento (Ph. D.) Lynn Smith, após sua própria ex periência entre nós. que Paul Price, Marion Loftin e Clark Knowlton vieram estudar respectivamente os imigrantes po loneses, japone.ses e sírio-libaneses entre nós, e mais recentemen te Warren Dean, além de outros. Atualmente os cientistas sociais Eugene Wilkening, Archibald O. Haller, Tomas Skidmore (estes três são conceituados professores na Wisconsin University), Char les Wagley, John W. F. Dulles, Ro-
bert Levine, Ken Erikson, Ralph Delia Cava e outros grandes mes tres estão enviando ou orientando seus discípulos para os diferentes estudos sobre a cultura brasileira. Alguém já os denominou de “brazilianistas”. Para todos estes “scholars” o Brasil representa um dos mais ricos “laboratórios de estudos” no mundo contemporâ neo e um dos mais promissores países do amanhã. As fundações ou empresas particulares doam milhares de dólares sáo deduziveis do imposto de ren da — tanto lá como aqui. Infelizmente entre nós êsse hábito de magnanimidade ainda não me drou e dai a pobreza ou as difi culdades para a realização das pesquisas e estudos de palpitantes assuntos ainda virgens e que estão clamando por pesquisadores há beis. Principalmente no campo das ciências humanas. Por outro lado, não treinando a nossa mo cidade na pesquisa seria e bem planejada — como deveriamos — continuaremos sem os pesquisa dores de que tanto necessitamos para o harmônico desenvolvimen to nacional. que, aliás. no foi T.
Adotando uma divisão metodo- todas estas razões, achamos ser de grande interesse para os leito res 0 conhecimento das principais fontes em inglês sobre o nosso pais. Procuraremos do possível — relacionar as obras publicadas por ordem cronológi ca, enumerando primeiro os auto res brasileiros.
lógica, citaremos em primeiro lu gar as fontes bibliográficas que dizem, respeito à Sociologia. His tória, Economia. Educação, Ciên cias Políticas e Trabalhismo. Em seguida relacionaremos as fontes sobre as Artes e finalmente a LiDevemos também resna medida teratura.
saltar que muitos dos trabalhos citados foram escritos
SOCIOLOGIA
que vao ser por brasileiros — alguns direta mente em inglês — e outros tra duzidos. mas a maior parte é de autoria de mestres nortcamericaingleses ou de outras nacioAliás. diga-se de po.sas duas mil e tantas possui nos, nalidades. trabalhos com sagem, que universidades e “collieges” exis tentes na América do Novte possuem em suas bibliotecas mi lhares de trabalhos sobre o nos so país obviamente em inglês, português e outras línguas. Co leções de revistas técnicas e lite rárias que dificilmente encontra mos em nosso país lá são encon tradas com facilidade. Um bom número de universidades está or-
THE eaiganizando institutos para estudos brasileiros ou cursos especializa dos sobre os mais variados campos da nossa cultura, principalmente em nível de posgraduação. explica em parte o crescente nú mero de estudantes graduados que têm vindo pesquisar e observar os diferentes aspectos da nossa vida. do nosso comportamento, da ecoda história, da política. r
Gilberto Freyre é o sociólogoantropólogo nacional que maior número de estudos e obras em inglês, sendo que alguns deles já são considerados clássicos e por isso mesmoum elevado número de edições* como é o caso de CASA GRande &SENZALA, traduzido sob o titu lo THE MASTERS AND SLAVES e o subtítulo “A Study in the Development of Brazilian Civilization” (Transi, by Samuel Putman, from 4th. Brazilian tion, New York: Alfred A. Knopf, 1946) e Londres, 1947; 2nd. editioni New York-Londres: Knopf, 195o! Esta edição foi premiada nos Esta dos Unidos como “o melhor livro sobre relações raciais”. Third edi tion (abridged), New York: Knopf, 1964 (publicado simultaneamente Random House of Edição “paper 1962. Third edition (de “bolso”, revista pelo Autor), New York Knopf. 1964; Secker & Warburg, 1972.
2. SOBRADOS E MUCAMBOS, com duas edições em inglês; THE MANSIONS AND THE SHANTIES (The Making of Modern Brazil). Transi, by Harriet de Onis and
Isto em Toronto: Canada back”, New York-Londres: Ltd.) 4 Fourth edition, Londres; li nomia, das artes e de outros campos da I, l Muitas dessas te- nossa cultura, ses de pós-graduação têm concor rido para aumentar as fontes bi bliográficas sobre o Brasil. Por r
introd. of Frank Tannenbaum, New York: Knopf, 1963 e 2nd edition, Londres: Werdenfeld & Nicholson. 1966.
3. BRAZIL AN INTERPRETATION (The present book consists of the Patter Foundation Lectufor 1944-1945, at Indiana Uni versity) New York: e 2nd edition. 1947.
lesley University. qualifica de “prostiana” a seminovela de Freyre e frisou que “encerra lição que a maioria dos escritores ainda tem de aprender”.
res Knopf, 1945
4. NEW WORLD IN THE TROThe Culture of Modern Knopf, 1959 e
PICS: Brazil, New York: 2nd. edition. New York: Random House, 1963.
5. ORDEM E PROGRESSO também teve duas edições, sob o titulo: ORDER AND PROGRESS: Brazil from Monarchy to Republic, New Y'ork; 2nd edition, Londres: Secker & Warburg, 1972.
11. ON THE IBERIAN CONCEPT OF TIME, reprint from THE AMERICAN SCHOLAR. New York: United Chapters of Phi Beta Kappa. 1963.
12. BRAZILIAN CHARACTER IN THE TWENTIETH CENTURY. reprint from THE ANNALS OF THE AMERI CAN ACADEMY OF POLITICAL AND SOCIAJL SCIENCE, Philadelfia. 1567.
Knopf. 1970 e 14.
6. SOCIAL LIFE IN THE MIDDLE OF 19TH CENTURY, Baltimore, 1922. foi a tese de Mestrado do sociólogo de Apipucos na Columbia University.
7. THE RACIAL FACTORS IN CONTEMPORARY POLITICS, Uni versity of Sussex, 1966.
8. BRAZIL, Washington D. C., Pan American Union (ed.), s. d. THE HISTORY OF BRAZIL, Edição conjunta de The Masters and Slaves. The Mansions and The Shanties e Order and Progress, Londres: Secker & Wàrbury. 1971, distribuída pela Oxford Univers ty Press.
13. TIME LEISURE AND THE ARTS. reprint from DIOGÈNE. Paris. n. 54, 1972. EM TORNO DA SITUAÇaO DO PROFESSOR NO BRASIL, tra dução de trabalho escrito e publi cado em inglês no YEAR BOOK OF EDUCATION, Universidade de Londres, 1951.
15 Fernando de Azevedo, CUL TURA BRASILEIRA (Transi, by Rex Crawford) BRAZICULTURE, William York; New LIAN Mcmillan, 1950. outra obra classobre o nosso pais.
16 Euclides da Cunha, (Transi, by Samuel REBELLION in THE Uiiiversica OS 9.
10. DONA SINHÁ E O FILHO PADRE (Seminovela sociológica, transi, by Barbara Shelby) sob o titulo MOTHER AND SON, New York: Knopf, 1967. A. Coleman, professor de Literatura da Wel-
SERTÕES Putnam), BACKLANDS. Chicago; sity of Chicago Press, 1944. que forma com CASA GRANDE e CUL TURA BRASILEIRA — a nosso yêr — as três melhores fontes em inglês sobre o Brasil. \
17. Hernane Tavares de Sá, BRAZILIAN PEUPLE Ui?'
The J. THE TOMORROW, New York: Day Co., 1947.
18. Arthur R. do A. Pereira, THE NEGRO IN BRAZIL, WaAssociated Publishers,
país os melhores comentários: “This book will long remain one of the most comprehensive and authoritative works in English on Brazil”, ou “There is no better sociological study of Brazil”, ou ainda: “.. No reader who wishes shington: 1951.
Josué de Castro, GEOGRA FIA DA FOME, THE GEOGRAPHY OF HUNGER, Boston, 1952. 21 Thales de Azevedo, SOCIAL CHANGE IN BRASIL, Gainesville: Univ. of Florida Press, 1963.
Luís da Gamara Cascudo, PESQUISAS E NOTAS, MADE IN AFRICA, Rio: Civilização Brasi leira, 1955. 19. to know Brazil can ignore this book”. Pelo muito que este mes tre da Sociologia americana tem feito pelo Brasil, o nosso Governo Federal lhe outorgou a mais alta condecoração nacional — a Ordetn do Cruzeiro do Sul — além de muitas outras honrarias feridas por várias instituições e organizações nacionais, como res saltamos num estudo
22. Viana Moog, BANDEIRAN TES E PIONEIROS, BANDEIRAN TES AND PIONEERS, New York: Braziller, 1964. José H. Rodrigues, THEIB CHARAC20. con-
i'ecente:
“Dois Livros Americanos Sobre Brasil, in PROBLEMAS BRASI LEIROS (Federação do Comércio, vol. 113, 1973). Sobre Lynn Smith em breve sairá o nosso estudo intitulado “A Contribuição do So ciólogo Lynn Smith ao Brasil”.
THE 23. O BRAZILIANS: TER AND ASPIRATIONS, Austm, Univ. of Texas Press, 1967. Octavio lanni, CRISIS IN Columbia 24. BRAZL, New York: University Press, 1970.
25.
Manoel T. Berlink, THE STRUCTURE OF THE BRAZILIAN FAMILY IN THE CITY OF S. PAULO, 1969 (Ph. D. Thcsis).
Cornell University,
26. T. Lynn Smith, BRAZIL PEOPLE AND INSTITUTIONS. Baton Rouge: Lousiana State Uni versity Press, 1946, 1954, 1963 e 1972. Lynn Smith e o sociólogo norteamericano que mais tem escrito sobre o Brasil. “Dos seus 225 trabalhos publicados até o presente, 55, ou mais de 20%, estudam o nosso país. Foi o pri meiro sociólogo a criar um específir.o e a lecionar
sobre
o nosso povo e a nos-
sa pátria. As quatro edições do livro citado têm merecido em seu
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Souvenir Press, 1963.
THE
porque 0 desconhecineste setor é grande...
não esgotam em bliografia em inglês sobre o BraAcreditamos. entretanto, que esta modesta relação será util aos estudantes brasileisil. Dutton. 1954. estudiosos e ros, mesmo mento
Ainda recentemente, examinando, na Associação Alumni, candida tos a bolsas de estudos nos Esta dos Unidos - todos professores universitários — e solicitando que três obras básicas de
indicassem brasileiros e três de norteamericainglês, no campo das ciên-
262. Pedro McGregor, MOON AND TWO MOUNTAINS, London: Souvenir Press, 1966. nos, em cias sociais, nenhum foi capaz de 263. Ellen. Bromfield Geld, BRAZIL PORTRAIT OF A GREAT COUNTRY, Amsterdam: Colibris. 1964. o fazer... São Paulo, 15 de janeiro de 1976.
BÉLGICA:- A EUROPA E A CRISE DO PAPEL — O déficit da pro dução de papel e papelão na Comunidade Econômica Européia (CEE) pas sará de 6.125 milhões de toneladas em 1970 a mais de 10 milhões de tone ladas em 1980, segundo previsões da Comissão Executiva Comunitária. O aumento da procura, a eventual escassez mundial de matérias-primaseco nomicamente exploráveis para esse setor nos anos 80, a introdução de cus tosas técnicas de proteção ao meio-ambiente, representam toda uma série de fatores que agravarão nos próximos anos a atual situação papeleii-a européia, que já padece os efeitos diante de seus competidores escandinanorte-americanos da insuficiência quanto às matérias-primas, e de capacidade de produção. A indústria papeleira da CEE, que ocupa atualmente o segundo lugar na escala mundial, precedida apenas pela norte-americana, é formada por cerca de 1.400 empresas que no total produzem quase 21 milhões de toneladas anuais de papel e de papelão, e ocupa cerca de 230 mil trabalhadores, sem contar os postos de trabalho ainda mais numerosos, das empresas de transformação de papel e papelão* e das empresas editoras. O consumo de papel aumenta em todo o mundo e particularmente na área comunitária (em cinco por cento ao ano). Na CEE, o déficit originado no balanço global de pagamentos pelas irnpor-' tações de material papeleiro aumenta constantemente, e em 1972 chegou a-mais de dois bilhões de dólares. Em particular escasseiam na CEE a ma deira, matérias-primas para a fabricação de papel, fato motivado pela di minuição das exportações desses produtos, pois os países produtores bus” cam industrializar sozinhos o papel e o papelão. Esse problemas levaram a comissão executiva da CEE a recomendar aos governos dos países mem bros a adoção de planos de reflorestamento. Tais programas unidos nos de rnodernização e potencialização das instalações da indústria leira, estimulados possivelmente com a ajuda governamental enfrentar nas melhores condições possíveis na CEE aflorada este ano em toda a sua intensidade. vos e sua escassa a plapape, permitirão a crise do papel já
BÉLGICA:- SOLVAY E BARRILHA
- O Solvay está estudando al guns planos para aumentar a produção de barrilha, como uma alternat - va para a expansao do cloro-alcaU. Segundo a companhia, a queda na demanda do cloro tomou "economicamente impossível" a produto de soda caustica em quantidades suficientes para atender à atual deSida
A Solvay espera que esse desequilíbrio na demanda continue e conse quentemente preve qu^ independente do cloro, será necessária uia nova capacidade de alcah. Do ponto de vista da Solvay seria duplicar a capacidade de sua velha unidade de Couillet, no sul da Bélgica, fazendo a melhor solução processamento em ., , . . com que a capacidade total dessa unidade atingisse cerca de 800.000 toneladas métricas/ano Essa proposta contudo, provocou protestos de entidades ligadas ao meio ambiente e ao turismo, tornando necessário que a Solvay considere uma segunda esco lha, isto é, um local muito mais dispendioso na costa do país.
íí
HELES SE CHAMAVAM JOÃO
MELLO CANÇADO
Á três coisas que são reais — Deus, a loucura dos homens e o riso. As duas primeiras fogem à nossa compreensão. Por isso devemos fazer o que pu dermos com a terceira”.
0 autor evoca três nomes João, que desapareceram. Os três eram ãe sua predileção, tendo, com um deles, privado intimamente.
Na caneca de cerveja, de prata, David Powers recebeu de John feito até a morte, nele, no Papa, no Presidente. que , , . Kennedy, no dia do seu aniversário, estão gravados esses versos do Presidente sabia
Nesta altura, expliquemo-nos ape nas com relação ao “riso”, da trilo gia do poema épico da índia. Vamos por partes.
Estava na hora do almoço. A pe quena Carolina entra, matreira, no Gabinete. O Presidente percebe. E levanta-se: — “Carolina, você estacomendo bombons... Não minta. Sim, não, talvez...” e que “Romaiana”, que o de cor.
Ora, quando neste 31 de janeiro de 1976 transcorre o terceiro ani versário da morte de João Camillo de Oliveira Torres, recordo-me sau doso das longas tertúlias telefônicas que mantínhamos, tantas vezes, em torho precisamente daquelas três realidades sobre que se debruçavam a inteligência e a sensibilidade de Kennedy.
va Responda: Bem se vê, pelo diálogo entre pai e garotinha, que Kennedy fazia o que podia com o riso.
O Papa João XXIII não deixava por menos: gostava imensamente de e concedia audiências espe ciais aos palhaços, “jograis de Deus”, para alegria dos homens.
Também o nosso João Camillo de Oliveira Torres, na obstinada busca da “Paz na Terra”, como na Enciclica de seu glorioso xará, por entre sisudos Tratados de História e Sociologia que nos legou jamais per deu a oportunidade de entremostrar seu otimismo — não porque a exis tência lhe itvesse sido um mar de mas porque vivia ideal-
Curioso! — era o que eu gostava de assinalar, para o companheiro de quase quatro décadas de jornada: três se chamam Joao: circo — “vocês acredito que o nome os fez iguais meditação no gemo compassivo, na produtiva, e na sociedade com Deus”. João Camillo desconversava, mas não escondia seu orgulho de ser xará de John Kennedy e de João 'Tomara que sejamos digos XXIII nas “dávidas de Deus” como o nos so registro civil e eclesiástico está a inculcar!” rosas mente as “Aventuras de João Surri- — Digamos, de passagem, que o voto diário de João Camilo foi per- nha nas Montanhas”.
Por outro lado, se em tantos ro dapés literários, comentou o “Elogio , de Erasmo, a tônica de suas lucubrações nunca harmonia
da Loucura’ deixou de Mundo em num ser a busca de Segurança. Porque o antí doto eficaz e esse frenesi em^ que la butamos e endoidecemos só se fiti" contrará no equilíbrio entre os indi víduos, entre os grupos, entre os Po vos. Por que luta, e não amor entre as classes?
Constituiu mesmo obsessão de sua vida e de sua obra o problema da “Previdência Social no Brasil”, do qual se tornou um dos maiores sa bedores neste País.
E não terá acontecido por secreto desígnio que, quando a 31 de janeU volvemos o pensamento a João Camillo, estejamos também medi tando sobre a “Consolidação”, do Presidente Geisel, das Leis Previdenciárias, uma das preocupações mais agudas do falecido Delegado do INPS entre nós?
Digksto Econômico
Alegre, RGS, pelo nosso Circulo de Estudos Brasileiros “João Camillo
de Oliveira Torres”. E surpreendese, à primeira página do nosso pe riódico, a informação de que se sus pende a sua publicação a partir de 1976. — “A razão é simples — diz “Mensagem: — o jornalista, advo gado e professor Paulo Palmeiro Mendes que vinha dirigindo o Bo letim desde o n.° 1, sentindo-se cha mado a uma vocação mais alta, de verá entrar proximamente da religiosa e monástica. O fato
na VIpro-
voca a reestruturação tanto do Cir culo de Estudos Brasileiros como de Mensagem”.
Afinal, aí está uma revelação - - no va da atuaçao da vida e da obra do saudoso João Camillo de Oliveira Torres: — Palmeiro foi um de seus discípulos prediletos!
Pela sua obra, sempre considerei João Camillo atleta do Bem-Comum.
Agora, pela influência de sua vida e pelo sentido de sua morte todos, os que o conhecemos sentimo-nos fe lizes de o proclamar também atleta da Fé e da Esperança em do melhor.
Sucede também que me está che gando às mãos 0 número de dezem bro próximo passado de “Mensa gem”, boletim editado em Porto ro um mun-
INGLATERRA:- MEL
UM ACHADO CONTRA A RESSACA — O sr. Gaston PaTvar, pesquisador do Middlesex Hospital, de Londres, desco briu que o mel é uma das melhores curas para a ressaca. Diz ele que as maiores ressacas são produzidas por bebidas com maior quantidade de substâncias que lhe dão o aroma e sabor característicos. Descobrimos a aspirina não ajuda muito. A única cui*a real qiíe descobrimos foi de grandes quantidades de ácido ascórbico — vitamina C — e levulose. E um dos melhores e mais baratos meios de obter levulose está no mel, que contém cerca de 40%). Duas das bebidas mais violentas são o conha que e 0 vinho tinto, disse o pesquisador. A vodca e o gin quase não criam ressaca. Outro fato revelado pelos testes do Dr, Pawar é o de que uma pessoa que tome uisque com soda estará sujeita a ficar de pileque mais depressa do que se o tomasse puro. Culpa das bolhas da soda. que o uso
Ensino Marxista nos Estados Unidos
THOMAS MOLNAR
norte-americana sociedade é democrática, pluralista e “aberta”, con.iceeu a luta de 'classes
Até agora, nao nem as revoluções. Seu “Marx” foi Thorsten Veblen (1857-1929). que formulou a fa mosa teoria da chamada classe “de lazer”, em um momento em que milhões dc imigrantes ganha vam seu pão nos “sweat-shops” (trabalho duro, que faz suar).
Esses trabalhadores, entretanto, não se tornaram uma “classe”, enquanto os que desfrutavam de seus “lazeres”, antes de 1914, per deram todos os privilégios, em vir tude dos impostos progressivos.
Quanto a T. Veblen, era um soli tário. Jamais fundou qualquer partido politico. Morreu poucos anos antes da sossegada revolu ção rooseveltina — uma revolu ção superficial — que teria satis feito seus críticos e dissipado suas amarguras.
Embora os tempos tenham mu dado desde Veblen e Roosevelt, os Eitados Unidos mostram-se,firrosso modo, impermeáveis às doutri nas marxistas e, até mesmo, ao tipo de agitação que delas decor re. O bom senso da imensa clas se média não o permite, assim como. aliás, a ideologia norteamericana da livre procura da fe licidade. Quanto às reivindicações operárias, visavam tradicional mente o “full dinner nail” (refei ções completas), mais do que a tomada do poder por um pa'‘t'do
O pro/essor Thomas Moinar é húngaro de nascimento, radicado nos Estados Vnidos, onde ensina em universidade. Conhecido no Brasil, onde seus livros encontram resonancia e largo público, é um dos coinbativos lutadores contra a subversão comunista. Sua de nuncia merece meditação, pois os Estados Unidos têm grande in fluencia 110 mundo. O artigo foi publicado na revista “Est & Owesí”
político ideológico dos operários. A violência sindical, que-é inegá vel. não decorre da luta de classe. É, em outro terreno, a expressão da violência tipicamente norteamericana, como as guerras entre máfias, assassinatos de rivais (o recente caso do líder sindical dos mineiros, Yablonsky), subornos e trapaças sem matizes ideológicos. Isso tudo, foi recentemente sim bolizado pela acolhida dada por George Meany.
CIO-AFL, ao escritor Solzhenytsin que dirigiu seu primeiro grande discurso antisoviético em terra norte-americana aos militantes operários do grande sindicato.
Entretanto, se o marxismo, co mo tal, encontra firmes resistên cias, um clima que poderiamos chamar de “pré-marxista” difunde-se com impressionante facili dade entre os jovens, notadamente os estudantes das uivversida-
presidente do 1 ‘
Cria-se, assim, uma penum- des. bra ao redor das famihas e das ajuda de cada instituições que, com a uma desmoralização maior da sociedade e da cr se eco nômica. poderia e_spalhar-se e neutralizar as resistências. Conse cuentemente, é util examinar o estado de espírito dos estudantes e dos mestres, pois é a classe in telectual que se radicaliza a uma velocidade vertiginosa e que, por radicaliza as sucessivas vez
sondagens mostram um grau bas tante elevado de “esquerdização”, muito embora, mais uma vez, seja preciso distinguir entre esse ter mo e a “marxização” pura.
ATIVISTAS E CONFORMISTAS
Segundo as mais recentes pes quisas. no princípio do primeiro ano. 32% dos estudantes dizemse democratas e 15% republica nos. Como a lealdade aos parti dos tradicionais começa a não significar grande coisa, estabele çamos os números mais importan tes; sempre no inicio do primei ro ano, 30% declaram-se “esquer distas” e 24% “conservadores”.Ao fim de quatro anos de estudos, 53% dizem-se de esquerda e nas 20% conservadores. A dife rença, que a princípio era da or dem de 6% (a favor da esquerda), alcançou os 33%, isto é, o aumen to foi de cinco vezes e meia. É significativo que apenas 4% dos estudantes das universidades de elite {"Ivy League”) pensem que o comunismo representa um pe rigo; repetimos que são filhos de pais que discutem em casa pro blemas políticos, lêem livros e conhecem melhor os países es trangeiros do que o homem das ruas. sua vez. camadas da nação.
A universidade não está “marxizada” como na França. Isso é impedido, antes de tudo, pela plu ralidade das instituições, na maio ria independentes do Estado e di rigidas por igrejas, comissões pri vadas e Fundações. Não obstan te. as pesquisas feitas periodica mente nesses m'"smos colégios e universidades particulares, fre quentados pelos jovens da classe média, cujos pais são advogados, médicos, negociantes, contra-mestres, políticos, etc., concordam nesta verificação: o rapaz (ou moça) que entra nesses colégios, com a idade de 18 anos, com idéias e noções afastadas da esquerda deixa-os, quatro anos mais tarde, consideravelmente “esquerdizado”. Vejamos alguns números, ficando entendido que a situação estuda da vai se radicalizando a partir das universidades para os jovens da classe média propriamente di ta, assim como nas frequentadas principalmente pelos filhos de ricos, industriais importantes e da classe política. Na duzia das chamadas universidades Ivy Lea gue, onde estuda a elite sócio-política da nação, os resultados das
ape-
Os estudantes interrogados adque são mitem, sem dificuldade, influenciados, antes de tudo, pe los professores e que os mais in fluentes são os de esquerda. Um exame das sondagens relativas aos próprios mestres confirma essa afirmação: a porcentagem dos professores conservadores varia, segundo as faculdades, de 5% a
30%. repr'‘scntando sempre, por tanto, uma minoria. Mas. con vém notar que a menor porcen tagem de conservadores, de 5 a 7%, encontra-se nas faculdades que decidem sobre a orientação ideológica dos estudantes: filoso fia. politologia, história e litera tura e a essas matérias é preciso acrescentar, há cerca de 10 anos. a teologia e a religião. A imensa maioria dos professores das ma térias liberais, uma maioria su perior a 80%, por conseguinte, é solidamente progressista, esquer dista, e cada vez mais mar xista. A maioria dos professores conservadores registra-se nas fa culdades técnicas, de busines administration (comércio, contabili dade e análise de mercado), águas e florestas e esportes. Não têm prestíg'o nem pretensões in telectuais. Nas universidades, não apenas da Nova Inglaterra “liberal-progressista”, mas também no Sul e no Sudoeste, ditas “reacio nárias”, as faculdades acima men cionadas (filosofia, religião, ciên cias políticas) são dominadas na proporção de 65 a 83%, por ho mens de esquerda. A não ser que seja muito firme em suas convic ções, a não ser também que aceite uma espécie de ostracismo em um ambiente estudantil tão confor mista quanto os outros ambientes da sociedade, o jovem deixa-se atrair pela esquerda como o cão de Pavlov pela campainha. Isso não o torna, naturalmente, mili tante marxita, exceto em casos especiais, mas é suficiente, como revelam as sondagens, para mani festar aversão por seu país, por seus genitores e pelo futuro.
Quanto mais se “sobe” em dire ção às universidades presfglosas, maior é o numero de estudantes alienados que procuram conforto mental nas drogas, na ímoralidade e no militantismo radical. Espaís que, em 1949, encontrei pa triota, com uma mentalidade cívi ca homogênea, está hoje, um quar to de século mais tarde, fragmen tado. cínico, frendo de vertigens.
se desmoralizado, soÍamos em
‘a
O que aconteceu nesse período. O Partido Comunista? Como fa- juventude estudantiL convém verificar que. com pou cas exceções esta não tem nenhum contato com o Partido Comun sta. Quando, entre 1967 e 1970 (o equi valente norteamericano aos acon tecimentos de maio de 1968. na França), o partido procurou ana lisar os acontecimentos dos “cam pus” em termos de luta de clas ses (sendo os administradores os "capitalistas”, os professores burgues'a”. os estudantes e o soai de serviço o “proletariado”). analise teve um momento de
0SSS' exito e depois foi esquecida. Aqui e ali surgiam student-leaders que. toda certeza, haviam rece- . com bido um treinamento marxista, muitas vezes em Cuba. mas sua ação falhou, devido à repugnância norte-americana em aceitar uma direção comum, a não ser de acor do com as linhas bem conhecidas ! do conformismo.
OS JOVENS ALIENADOS
É mais realista atribuir o des locamento para a esquerda da ju ventude ao ensino que recebe, o qual se observa no momento, em-
bora não haja estatísticas a res peito, até mesmo nas academias militares, inclusive West Point. Para falar claro, há poucos mar xistas entre os professores, se por. essa palavra se entende um mem bro do partido comunista ou al guém instruído na literatura mar xista e convencido de sua verda de. Dos numerosos casos regis trados de professores contestatários e ativistas, não se pode con cluir que se trata de uma agita ção consciente no sentido marxis ta, e menos ainda de agitação coordenada. Também neste pon to as estruturas norte-americanas não aceitam facilmente estrutu ras novas; a pessoa pode partici par de um grupo de pressão ou de organização clandestina {under ground), mas desmarca-se e margínaliza-se em relação, justamen te, aqueles que desejaria recrutar e organizar.
Ora, é precisamente este aspecto publico e obrigatório da vida
fessores também ingênuos e utó picos, mas cuja indignação pe rante uma América, afinal de contas menos do que perfeita, te ve o tempo de solidificar-se em um progressismo a qualquer pro va. Conheço o caso de um deles, cientista politólogo, que começa sua primeira aula, todos os anos, dizendo a seu jovem auditório que tudo o que pensam das institui ções e da política norte-america na é falsíssimo. Depois desse mtroito, não é difícil confundi-los administrar-lhes uma
A con-
pré-marxização’ precso ser
norte-americana que permite e faci lita a expansão da complacência com relação à “ dos jovens. Não é membro do partido comunista pa ra indignar-se com a guerra do Vietnã, com Watergate, com as ações reais ou inventadas da CIA. com a cumplicidade entre o Pen tágono e os coronéis gregos ou com as atividades anti-allend>stas do ITT. O estudante tipica mente norte-americano, portanto mal preparado para compreender as motivações complexas da natu reza humana e convencido de que seu país é ou deveria ser o me lhor dos mundos possíveis, encon tra diante de si, no colégio, pro-
primeiro e lavagem cerebral, depois, sequência, um pouco em toda par te, ao que confirmam as pesqui- de opinião, é que o anarquis mo dos estudantes volta-se para "insatissas o nihilismo, dizendo-se feitos com a sociedade, com sua familia, consigo mesmos”, alem de descontentes, com a democra cia, o pessoal eleito, inclusive o presidente, seja este quem for, in cluindo a própria universidade. De claram, e isso está cada vez mais generalizado, que não há nada para aprender, que nada vale a pena que qualquer esforço é inú til. Restam a rotina, o cinisrno, as drogas amorfa, disponível tanto para o assassinato dos presidentes coino para a subversão das instituições. Isso em um país onde o conformis mo continua predominando. Hoje. somos as testemunhas estupefatas do conformismo nihilista!
radicalização e a
Depois de 1917, a Rússia, velha terra do despotismo, não teve ne nhuma dificuldade em reciclarse com farol da revolução mun dial. Por que não os Estados Uni dos, que se vêem, principalmente
depois da era de Kennedj'. situa dos no eixo da mutação do genero humano? Jean-Franco's Revel considera a segunda revolução norte-americana um fato (em Nem Marx nem Jesus) ; eu prót prio falo (em A Esquerda visla de irente) na utopia norte-america na prestes a revolucionar a ter-* ra. E muitos outros pressentem que a inquietação futura se trans formará cm subversão permanen te dos valores, em um nietzschismo desanimado e prosaico. Ulti mamente, o conformismo nihilista de que falamos mais acima en controu um número crescente de representantes. Angela Davís foi apenas o começo, depois Patrícia Hearst, a “familia” de Charlie Manson, na qual foi recrutada uma, talvez duas, das candidatas a assassinas do presidente Ford, Bernardine Dhorn e os Weathermen, Joanne Little, a jovem ne gra sulista que assassinou seu car cereiro após ter cedido a sua chan tagem sexual e outros jovens e menos jovens que são recrutados com facilidade cada vez maior. Mais uma vez, podemos falar, re ferindo-nos a eles, em uma rede, em uma ideologia, em um marxis mo consciente? Apresentada nes ses termos, a realidade não se adapta a um modelo, seja marxis ta ou não. É certo que Angela Davis fala a linguagem do Cremlin e que Joanne LHtle. desde sua absolvição, começou a fazer con ferências nas universidades, servindo-se da linguagem de um mar xismo vulgar: -os ricos que explo ram negros e brancos, o capitalis mo marcial, o colonailismo, a di visão dos bens com o proletaria-
do e com o terceiro mundo. Como aconteceu, há anos, com Jane Fonda, neste momento Joanne Little é 0 ídolo dos “campus”. Muito recentemente, ela declarou, em Chicago, que um milhão de negros (!) encontra-se. hoje, nas prisões dos Estados Unidos. Para quem a ouve falar, o Gulag esta ria na America do Norte.
Essa tentativa múltipla de sub versão só é ocasionalmente unãergrounã, como no caso de Patrícia Hearst. Ao contrário, desfruta de toda a publicidade possível, tor nou-se uma industria, um mundo. Estado dentro do Estado, um ponto de concentração da socieO comportamento, a lin-
um dade. guagem, os objetivos são maixistas, se com esse adjetivo entendecomuni.smo e esquerdismo. mos uma palavra reunindo as_ vonta des selvagens da destruição cega. Há 10 ou 15 anos, quem teria pro posto a sindicalização do exército, quem teria acreditado que Nova York poderia correr para a falên cia ou que o número de contri buintes se reduziría perigosamen te com relação às dezenas de mi lhões mais ou menos a seu cargo e cujo número aumenta? Como diz Roy L. Ash, ex-diretor do De partamento de Orçamento, cada assalariado transfere um dólar de renda por hora para um be- sua neficiário não produtivo, por in termédio de uma agência gover namental. Isso significa que, nas principais ãrtlcúlações, a socie dade norte-americana sofre um ataque cada vez mas crítico: a juventude alienada, as minorias cada vez mais exigentes, as clas ses médias dobrando-se sob os
onus fiscais, e elite atraida por idéias anti-patrióticas e mente subversivas. nitida-
A PREGAÇÃO IDEOLÓGICA
Significa também que, sem perisar e sem querer, os Estados Uni dos descobrem, senão o marxismo, ao menos algo semelhante a ele. Na companhia de universitários é de bom tom analisar as “contra dições” da sociedade capitalista, consoante ao esquema marxista. Entre os estudantes da “Ivy Lea~ gue Universties”, 40% pensam que o preço de um refrigerador ou de um carro custa metade do salário de um operário, do salário men sal, no primeiro caso, do salário anual, no segundo. Ao mesmo tempo, a quase totalidade dos es tudantes está convencida de que as empresas pagam um quarto em impostos do valor realmente en tregue ao fisco. Em sua opinião, a diferença de bem-estar entre o operário soviét’co e os senhores da industria russa não é muito maior do que entre o operário e o patrão norte-americano. Desta forma, a estatização da produção não os preocupa: vêem nela a possibili dade de uma “justiça social” e acham-na compatível 0 ideal da democracia norteDesde o Vietnã e Wamaior com americana, tergate, os dois grandes trauma tismos destas .décadas, o estudan te apenas sorri diante dos que de nunciam a organização totalitá ria da União Soviética ou da Chi na Popular, que não considera pior do que o funcionamento das instituições de seu própr.’o país. O mais grave é que, há uns 10 anos.
tais noções só eram fashioiiable * nos coquetéis dos bairros ricos. Hoje, são comuns entre os estu dantes (que pensam!), até mes mo entre seus pais. que também são poderosamente influenciados pela televisão, bem como por seus próprios filhos. Dessa forma, o famoso average Avierícaii (o nor te-americano médio). que só ju rava pelo sistema de seu país, está preso entre os meios de comuni cação e os professores universitá rios. cuja mensagem circula livre mente pelos lares, graças a essa correia de transmissão incompa rável representada pelos jovens altamente escolarizados.
São estes alguns dos fenômenos que incitam vários observadores lúcidos a pensar que os Estados Unidos estão se aproximando do modelo tocqueviliano do “Estado tutelar” (o pensador francês ja mais conheceu o termo “totalitá rio”) . Uma população fragmen tada, mas homogênea em suas idéias, inculcadas por um Estado, cuja função principal ser'a redis tribuir, em massa, a renda dos membros produtores aos membvos não produtores, exclusivamente consumidores, dá população. Ao mesmo tempo, a organização das instituições outrora livres — tri bunais, universidades empresas e até mesmo as famílias (mistura racial obrigatória nos bairros re sidenciais e nas escolas) — maneira que o indivíduo não seja mais protegido por nenhum ele mento intermediário, mas exposto à ação indiscutível de uma buro cracia todo-poderosa. Todas estas medidas, cada dia mais acentua das e pesadas, recebem o apoio
entusiástxo e agressivo dos “cam pus”, que se transformam em reu nião política quase permanente, com cartazes, bandeirolas, folhe tos, discursos interrompidos pelo altofalante, cortejos aos gritos sob as janelas do reitor e das salas de aulas. Em uma América onde o colégio estava habituado a agir in loco parentis com relação aos estudantes (e. portanto, era de masiado paternalista, na opinião de um europeu), esses aconteci mentos assinalam o fim do ensino acadêmico sério. Ora, há dois mil colégios e universidades nos Es tados Unidos e, portanto, o mes mo número de “campus”, mais ou menos preparados a se transfor marem em focos de agitação — ao mesmo tempo nihilista e coletivista, o que não é, de forma al guma, uma contradição, bem pelo contrário pregação ideológica.
formando a terra em uma demo cracia ideal. Neste ponto, e cada dia mais, os intelectuais universi tários vêem o marxismo como um rival, mas o percurso se torna ca da vez mais paralelo ao de sua própria ideologia, de suas próprias aspirações.
O FIM DO ENSINO LIBERAL?
A pergunta permanece: essa pregação é de orientação marxis ta? Como vimos, espero, o mar xismo simplesmente acompanha um fenomeno menos facilmente definível; ajuda a formular esta ou aquela reivindicação, este ou aquele motivo de queixa; serve de molde para escoar as idéias su perficiais, bem como a lava das paixões políticas. Não domina os espíritos como os controla em grande parte da Europa Ocidental e da América do Sul, principal mente nos ambientes Mas, assim como o marxismo des fruta, na França, do “mito da es querda”, nos EUA beneficia-se do mito utopico local, o que leva os cidadãos a internacionalizar a ex periência norte-americana, trans¬
E isso tanto mais que lhe falta uma contra-ideologia, um . outro ideal. Na França ( ass‘‘m como nos outros paises europeus), a direita possui um conjunto coerente de idéias é há igualmente outras fa mílias de espírito, principalmente à esquerda, rivalizando com o marxismo. Nos Estados Unidos, o pensamento de direita autoctona é fraco e o importado já pronto da Europa não conseguirá se im plantar. Resta como concorrente da esquerda o pragmatismo rigido, expressando-se principalmen te no mundo dos negócios e nas atividades copiadas de seus ideais e métodos. Seguindo essa tendên cia pragmatica, homens de negó cios brancos vão às universidades negras para levar a boa palavra do capitalismo e aconselham os jovens negros, vagamente revolu cionários, que entrem nos negó cios, identificando-se com o des tino nacional.
Como é fácil calcular, isso não vai muito longe. Entre os estu dantes brancos à procura de em prego, o sermão encontra mais eco, mas, como ideal, está supe rado. De acordo com certas esta tísticas, bem mais do que metade dos estudantes escolhe como car reira a psicologia e a pedagogia. de subversão e de
católicos.
duas etiquetas que cobrem uma mercadoria mais do que suspeita. Os negócios não parecem ma’s ser "os negócios dos Estados Unido'.?”, como costumava, dizer o presiden te Coolidge, há meio século.
O mundo político “de direita” não oferece idéias que permitam aquecer o coração, a não ser o mundo dos negócios. Os candida tos à presidência, desde Barry Goldwater a Ronald Reagan, são personagens de estatura média, os programas não saem do âmbito das recomendações de rotina.- O êxito nos negócios continua sen do, também na polit’ca, o “slo gan” mais comum, além de um anticomunismo menos refletido em certos lugares, que não se traduz em ação. Vista à maneira dos conservadores, a politica exterior é unicamente uma batalha entre os comunistas e os defensores da economia do mercado livre. No ção que não convence nem seduz o espirito dos jovens.
Assim se explicam, em resumo, as porcentagens tão modestas aci ma mencionadas. Durante os quatro anos de estudos, o número de estudantes conservadores per manece estacionário, quando não recua, xt, esquerda recruta e cres ce em números absolutos e relati-
O
vos. o fenômeno, que parece ■« constante, explica-se também pelo 1 fato de que muito poucos conser- ● vadores escolhem a carreira uni- ^ versitária. Para isso. há duas ra- { zões importantes: em primeiro lugar, sentem-se ma s atraídos « pelos negócios e pela advocacia: em segundo, sentem-se pouco ã 9v vontade no meio acadêmico, como .V, eterna mmoria. A consequência, 'fl- que as sondagens refletem de ma- W neira precisa, é que a ideologia ® de esquerda não é combatida nas universidades. Perante um dou- ^ trinamento, certamente não combinado, mas, em todo caso. siste- iB mático e a longo prazo, a direita V só oferece o acaso de um profes- ^ sor conservador aqui e além. estudante que descobre certas in- ~ coerências na ideologia que lhe é ● inculcada
ta.
e esse gênero de es tudante é raro — vê-se sozinho com suas leituras e com encontros S eventuais, extra universitários, ||B com um pensamento mais justo e mais de acordo com a realidade, i Enquanto isso, dentro do recinto na universidade, o marxismo ver- j dadeiro tem todo o tempo de se J cristalizar a partir de elementos esparsos, mas sempre mais dinà- -● micas do Establishment esquerdis- ●' Amanhã, poderia monopoU- : zar o ensino liberal. '■
ESTADOS UNIDOS:- ANTICONCEPCIONAL PARA CÃES — Um composto anticoncepcional para cães, desenvolvido pela Upjohn, poderá estar pronto para ser introduzido nos mercados externo e americano den- i tro de dois anos. Com base nos testes realizados até o presente, a Upjohn considera o produto “promissor”. O esteróide anabólico-androgêni co, de- ^ nominado mibolerona, foi testado em 13 raças de cães puro-sangue e em f cadelas de raça mista. Testes controlados por períodos de mais de 1.300 ' dias não indicaram mudanças significativas na saúde geral dos cães tes(ados. 'i
Anistia Internacional serre aos comunistas
EST & OUEST
EM 28 de maio de 1961. um brilhante advogado inglês, Peter Benenson, que defen dera diversos indivíduos pre sos por crimes políticos, fun dou uma organização à qual deu o nome de “Amnesty Internatio nal”.
O propósito manifesto de Be nenson era o de pressionar os go vernos. a fim de que libertassem ou melhorassem as condições de cativeiro de pessoas encarceradas por suas crenças políticas, morais ou religiosas, ou por motivos étni cos. Para evitar acusações de par cialidade, Benenson propôs-se to mar um número igual de casos dos países ocidentais mais desen volvidos. do bloco comunista e do “Terceiro Mundo”.
O sistema parece contestável, pois pressupõe um número igual de presos por crenças pessoais em cada uma das três zonas. No en tanto, indicava um esforço desti nado a fazer justiça.
Ficou também estabelecido que os processados por delitos que en volvessem violência não poderiam desfrutar das atividades da A. I.. a não ser que fossem torturados ou que estivessem a ponto de ser executados (caso em que a A. I., tentaria fazer cessar a tortura ou impedir a execução).
P. Benenson. o fundador, fale ceu alguns anos mais tarde, po-
Uma organização "fundada na In glaterra, e que tem eco no Bras% nos setores propressisías, é, na realidade, uma capa da quintacoluna comunista. Seu farisaismo é odioso e repelente. O artigo es tampado em Este & Ouest dá bem a idéia do que é essa organização.
rém a entidade cresceu além do que ele esperava. Dirigida por Martin Ennals, como secretáriogeral, e Sean McBride (ex-chance ler irlandês e recente prêmio Nobel da Paz), como presidente, a A. I. tem um escritório amplo e luxuoso, na Teobald Road 55 (Lon dres), com 41 funcionários pagos, trabalhando oito horas por dia.
As Nações Unidas e o Conselho Europeu reconheceram-na como “organismo de consulta”. As des pesas da Organização (que in cluem sálarios, aluguéis publica ções, correspondência, telegramas e custos de viagem dos “investi gadores”) são financiadas, segun do se informa, pelas quotas de mais de 16 mil membros de 32 países.
Atualmente, há uns mil grupos de trabalho. A maioria está na Inglaterra, nos países escandina vos, na Holanda, e na Alemanha Ocidental. Há alguns nos EUA;
nismo “neutro, apolitico e impar cial”, poderia fazer propaganda a seu favor. A Nova Esquerda, que então surgiu na Europa Oci dental, começou a infiltrar-se na A. I. Seus funcionários obedece ram às ordens de um punhado de marxistas que se elevou a cargos dirigentes e a maior parte dos membros dos inócuos grupos de traballio começou a comportar-se como “idiotas uteis” ou a ser ins trumentos conscientes. Embora a maioria dos diretores honorá rios ou dos sócios contribuintes acredite nos fins humanitários da um em Gambia, no Ghana, e na Nigéria; vários na Australia, na Asia e na América Latina. E ne nhum dos paises comunistas (como é notório foi proibida a atividade de um grupo estabelecido na URSS, em 1974, e seus dirigentes foram presos, embora não se de dicassem a melhorar as condições das centenas de milhares de pre sos políticos naquele país — o arquipélago Gulag — pois as di ferentes ramificações nacionais da A. I. só agem a favor de presos fora do próprio país).
“Patroci nam” 2.500 a 3.000 prisioneiros, a maioria na América do Sul, na Espanha, na Grécia, na Turquia, no Irã, na Indonésia, e, inclusive, na Alemanha Federal, na Ingla terra, na França, etc. Os casos de pessoas defendidas por estarem presas no bloco soviético ou na China não alcança sequer os 35 por cento regulamentares. Man tém-se um prontuário de cada prisioneiro.
OS COMUNISTAS
INFILTRARAM-SE
Em 1972, foram liberados 842 presos e a sorte de alguns outros foi melhorada, provar se isso foi devido, ao me nos em parte, ao.'^ esforços da A. I. Em seus 14 anos de existên cia, a entidade alega ter ajudado a libertar cerca de 3.000 prisio-
A. I., muitas das equipes de tra balho estão perdendo o interesse ou transformando-se em clubes de reuniões bisemanais nas casas dos participantes. A sorte dos presos e os passos a serem dados para libertá-los dão origem a debates políticos, onde o principal não é ajudar o prisioneiro, mas comba ter 0 governo que o encarcerou. Concordou-se tacitamente em ex cluir deste último ponto de vista os países comunistas, sem que se desse qualquer explicação para essa discriminação. Uns poucos membros — inclusive presidentes honorários e outros hierarcas —■ descobriram a verdade e renun ciaram.
Não é possível Isso não impede que a I. continue utilizando seus A. nomes.
Uma constante tarefa da enti dade é a publicação de listas de pessoas detidas por suas convic ções ou raça. Evidentemente, esse tipo de informação é mais aces sível no Ocidente do que no Orien te. Todavia, alguns fatos sobre a situação no bloco vermelho cheneiros. da “Anistia Internacional” eram limitadas e quase desconhecidas do público. Nessa altura, os co munistas julgaram ver nela um util instrumento que, como orga-
Até 1968, as atividades
gain ao Ocidente, como prova O Arquipélago Gulag. Porém, a A. I. não apenas não aproveita todos os elementos conhecidos (por exemplo, os exilados cubanos pu blicaram listas minuciosas de vi timas do castrismo), mas também, quando emite suas listas, nada diz a respeito das centenas de mi lhares de presos atrás da “corti na”. cujos nomes não conseguiu obter. Com frequência, inclui em uma lista presos da URSS, Ale manha. China, etc., sem especi ficar 0 número de prisioneiros em cada pais. Tal lista só serve para difamar os governos ocidentais. Também publica listas de escri tores prisioneiros — atualmente, segundo se supõe, em 31 países — mas igualmente sem dar porme nores.
Evidentemente, não é a mes ma coisa um escritor condenado a 10 anos de trabalhos forçados por expressar críticas contra um funcionário do regime (exemplo, a URSS) e um homem, escritor por acaso, que toma parte da guer rilha. cometendo sequestros ou assassinatos ou apregoando o des moronamento do governo legal (exemplo, Uruguai). Essa dife renciação não consta das listas da A. I. A organização alega que a “objetividade e a imparcialida de” não permitem nenhum co mentário. O senso comum dita exatamente o oposto.
I. responde que tem de trabalhar onde pode. Esta contestável res posta não explica, obviamente, por que a “Anistia” acusa siste maticamente governos como os do Chile e do Brasil, enquanto passa por cima de crimes come tidos em países governados pela esquerda.
Uma causa frequentemente de fendida pela A. I. no mundo oci dental (onde. logicamente, é di fícil encontrar casos de prisio neiros políticos) é a dos que cum prem sentenças por se recusarem a fazer o serviço militar obriga tório. Praticamente em todos os que têm problemas de consciên cia (desde que possam provar que suas crenças os impedem de tomar parte em guerras ou de treinar para isso) ficam isentos do ser viço militar, embora, em alguns paises, tenham de ingressar em unidades não combatentes ou em planos de ajuda social.
os
Sendo acusada de preocupar-se muito mais com a sorte dos “pre sos políticos” do Ocidente quais, na maioria, estão presos por crimes comuns — do que a das vítimas do comunismo, a A.
De fato, a filial da A. I. em Frankfurt (RFA) ocupa o mesmo local (em Oderweg 153) da Liga Contra o Serviço Militar Obriga tório (Kriegsdienstverweigerer). A “Anistia internacional” também protestou, na Grã-Bretanha, con tra a instrução de unidades espe ciais de combate, cujo treinamen to compreendia torturas realistas, destinadas a ajudar os soldados a suportar os maus tratos apllcados pelo inimigo. Tais casos fo ram amplamente divulgados, mas o público já protestava contra eles, antes da A. I. se ocupar do assunto. O governo resolveu sus pender este treinamento, porém, apesar disso, a A. I. continuou
assinalando a Grã-Bretanha, du rante vários meses, como um dos países onde se particava sistema ticamente a tortura.
Outros países nos quais foi de nunciado o uso de torturas — além de vários da América La tina e da Ásia — foram a Bélgica, a Alemanha Ocidental, a África do Sul e os Estados Unidos.
Os casos de tortura ocuparam intensamente a A. I., nos últimos 7 dois anos. Em uma conferência especial que organizou sobre este tema, em fins de 1973, estiveram presentes 20 delegações de países diversos; no total, assistiram 300 participantes. Vários ex-prisio neiros descreveram os sofrimentos padecidos em maos torturadores; essas testemunhas incluíam várias pessoas do Bra sil, no Chile, do Uruguai, da Tur quia, da Indonésia e, acredite-se ou não, uma da União Soviética.
de seus
ceres. Porém, julgando pelas exposições da AI, a tortura só co meçou a ser praticada r.o.s cár ceres brasileiros desde que o.s mi litares derrubaram o presidente Goulart — corrupto e pró-comunista — em 1964; no ChUe desde que Alleiide foi derrubado, em 1973; no Uruguai desde que os militares e a policia derrotaram os guerrilheiros tiipamaros. em 1972; na Bolívia desde que o ge neral pró-comunista Torres foi derrubado, em 1971; etc. Além disso, os métodos de tortura uti lizados atualmente nos países ocidentais, segundo os oradores da AI, são muito mais cruéis e re finados do que os atribuídos à Inquisição.
em a
A NATO foi acusada globalmente de instruir em métodos de tortu ras, métodos que os Estados Uni dos teriam aplicado no Vietnã e a Grã-Bretanha na Malásia, Chipre e na Irlanda do Norte. De acordo com a A. I., o único país latino-americano que não infor mou sobre torturas em 1973 foi Costa Rica. Segundo a “Anistia”, a tortura foi aplicada especial mente no Barsil, no Chile, no Pa raguai, no Uruguai, na Bolívia, Guatemala, no Haiti e na Repú blica Dominicana.
É bem sabido que os métodos aplicados e os interrogatórios, em geral, não são muito suaves na América Latina, onde, no passa do, se aplicavam torturas nos cár¬
Isso tudo, obviamente, são fal sidades politicamente orientadas üu meias verdades, divulgadas por todo o mundo. Um participante permanente do Congresso de Pa ris foi 0 diretor cinematográfico greco-francês Costa Gavra.s, que mencionou os métodos de tortura de prisioneiros políticos pelo go verno militar chileno. Entretan to, pareceu ter-se esquecido de seu próprio filme, A Conjissão, que mostrava, com muitos porme nores, os métodos comunistas de tortura em um cárcere checo.
O CHILE É O GRANDE ALVO
O Congresso de Paris procla mou com satisfação que não re cebera notícias de torturas na Argentina desde 25 de maio de 1973, dia em que Héctor Cámpora, instrumento de guerrilha, su biu à presidência do paí.s. Desde que a sra. Perón assumiu a pre-
sidència do país e intensificou a luta contra a guerrilha marxista, a A.I. voltou a “receber notícias de torturas” praticadas pelas au toridades argentinas.
mento das torturas e das execu ções no Chile — um ano depois do golpe que derrubou Allende. Em seu prefácio ao relatório, o secretário-geral Ennals disse: “O nú¬ mero de execuções não tem pre cedentes na história recente da América Latina e não há indícios de melhora na situação. Um ano depois da queda de Allende, ape sar do aparente controle do go verno sobre o país, a Junta afirma que o Chile ainda está em estado de guerra e em estado de sitio”. A A.I. declarou que o relatório se ba seava em informações de obser vadores chilenos e de observadoestrangerios independentes, o inclui os próprios funciona da organização (que visitaChile sete semanas depois
Com regularidade, a A.I. envia ‘in- “comitês investigadores” vestigadores” individuais a países do mundo ocidental, para averi guar as condições existentes nas Como essas pessoas não têm posição oficial de qualquer especie ou prisões. os governos respectivos iiao se consideram obrigados re^cebê-los. Entretanto, nos países não comunistas são autorizados, geralmente, a visitar os cárceres e lugares de detenção com intei ra liberdade e a fazer os relatórios que desejarem. Dessa forma, o jornalista sueco Kjell A. Johansson investigou “milhares” de pri sioneiros no Brasil, no Uruguai e em outros países latino-america nos. a res que rios ram o do golpe). Apesar de ter-se re cusado a visitar outras cidades e aldeias além de Santiago, a A. I. calcula que o número de prisio neiros políticos é de seis a dez mil, todos eles “detidos sem julgamen to, representando todos os seto- da sociedade — ministros de Allende, médicos, advogados, atodirigentes sindicais”.
equipe Cuba, há cubanos no exterior, assim como “observadores estrangeiros inde pendentes” que poderíam ajudar relatório sobre
Representantes da A. I. visita ram o Chile, de l.o a 8 de novem bro de 1973, quando ainda eram recentes os sinais da guerra civil; permaneceram só uma semana e res res e Se bem que, é clai’0, nenhuma da A.I. pudesse entrar em naturalmente muitos recusaram-se a visitar os campos de detenção do interior. Em San tiago falaram com prisioneiros e seus advogados (por meio de in térpretes, pois não falavam espa nhol) , mas recusaram-se a ouvir a versão das autoridades e a es tudar os processos judiciais. De ^ compilar um regresso à Europa, publicaram um ● Cuba, se a A.I. o quisesse, relatório fantástico sobre o trata-
É eviEntretanto, dente que não quer. alguns correspondentes participade manifestações antichilemento desumano dado aos presos políticos no Chile. Em um rela tório de 80 páginas sobre o Chile, distribuído em setembro de 1S74, a A. I. referiu-se ao prossegui¬
ram nas ram, juntamente com o partido pelas ruas, e até as financia-
comunista local (em Bremen. Ale manha Ocidental, por exemplo).
soas, com frequência, devem per manecer em centros de detenção durante vários meses antes de A SITUAÇÃO DOS
“TUPAMAROS’
Também chama a atenção pa ra o fato de a A.I. não haver , mostrado nenhum interesse pela sorte dos dissidentes do regime de Allende. Naquela época, embora a liberdade de movimentos e in formações houvesse sido grave mente cerceada, ainda existia em grau maior do que em outros paí ses comunistas e a A.I. poderia ter conseguido permissão para inspecionar os cárceros chilenos. Porém, nunca foi feito tal pedido.
A “Anistia” não condenou a se vera repressão das manifestações populares no Peru, em janeiro deste ano.
seus casos serem julgados, devido à falta de pessoal e de juizes (ci vis e militares). Entretanto, em geral são tratados de forma excep cionalmente agradável. O primei ro secretário do PC uruguaio, Rodney Arismendi, ocupava um quar to com banheiro particular, tinha acesso a todo tipo de material de leitura. com pouquissimas exce ções, recebia alimentos de sua casa todos os dias e um número ilimitado de visitas e de corres pondência.
seja por tribunais
Em abril de 1974, uma delega ção conjunta da A.I. e da Comis são Internacional de Juristas es teve no Uruguai, visitando os di ferentes cárceres e campos de de tenção, onde vivem os chamados “preços políticos”. A maioria desses prisioneiros é formada por terroristas, que foram julgados culpados militares, seja civis — de delitos de violência (homicídio, sequestro, roubo à mão armada, etc.) e de conspiração para derrubar o go verno constitucional ou de cum plicidade ou cobertura de tais crimes.
Em outras casas de detenção, há homens e mulheres, na maior parte membros do partido comu nista clandestino e de outros par tidos da extrema-esquerda. que estão sendo investigados ou aguardam julgamento. Essas pes-
Na realidade, os tupamaros processados e condenados, que a principio eram mantidos nas pri sões comuns de Montevidéo, rece biam um tratamento tão bom que os outros prisioneiros se revolta ram, exigindo o mesmo tipo de reAgora, a maior parte dos gime. tupamaros capturados encontrase em um estabelecimento de de tenção no campo (cuja constru ção foi iniciada há muitos anos. cárcere para prisioneiros pouco perigosos e, íinalmente, foi terminado para servir especifi camente como lugar de reclusão para os tupamaros). Os delega dos da A.I. e da CIJ falaram li vremente com todos os pris oneiros e detidos, bem como com seus advogados, e não perceberam ne nhum caso de tortura ou de maus tratos. Não é de admirar que não tenham considerado as condições dos cárceres excelentes; os fun dos que haviam sido destinados à melhoria das prisões tiveram de ser usados para construir o camcomo
vários países da América do Sul coordenar e combinar esforços para combater as de detenção onde são mantidas A CIJ po procuram centenas de tupamaros. fez várias recomendações de na tureza jurídica, relativas ao damento dos processos e outros pormenores técnicos, que o gover no uruguaio prometeu tomar em consideração.
Apesar disso, em junho de 1974, a A.I. divulgou um relatório so bre o Uruguai, no qual acusava sisteseus guerrilhas que, como se sabe, es tabeleceram laços entre suas di versas organizações nos diferen tes países. Não é claro porque cooperação policial é condeanessa nável.
A “Anistia Internacional” tam bém assumiu certas tarefas que parecem, estar além de suas fi nalidades declaradas. Dessa forjunho de 1974, acusou o Alemanha Ocidental as autoridades de usarem maticamente de torturas e maus tratos contra os prisioneiros po líticos entre 1972 e 1974; em fea organização acusou também o governo para guaio de perseguir os trabalhadoexigiam terras e brutalmente surrados e Um ano mais tarde. Desta vez.
ma, em governo da de não permitir a entrada de mais refugiados chilenos em seu pais. Além disso, dirigiu uma nota ao governo argentino, exigindo unaa investigação sobre o assassinato três terroristas uruguaios que mortos em La Plata, de 1974, acusando
vereiro de 1974, res rurais que foram castigados, repetiu-se a acusaçao. disseram que haviam sido efetua das cruéis represálias contra pss- suspeitas de estarem envol vidas no malogrado atentado à bomba contra o presidente Stroessner, em fins de novembro de 1974, e que, entre 500 e 1.200 pessoas haviam sido presas e torturadas brutalmente. de apareceram em novembro autoridadc-s argentinas de ne- as gligencia.
UMA AÇÃO
ANTIOCIDENTAL
A AI adotou uma posição pra ticamente unilateral contra os paí ses ocidentais, silenciando as atro cidades cometidas no mundo co munista. o que pode ser compro vado com muitos outros exemplos. Protestou contra o tratamento Alemanha Ocidental, „.j terroristas do bando BaaderMeinhof, mas nunca denunciou as de violência e homicisoas dado. na
aos
Ao mesmo tempo, o Uruguai foi desta vez atividades dios deste.
O muro vitimas da violência instituciona lizada na Alemanha Oriental apa rentemente não existem para a \ I Protestou contra a prisão de membros do IRA, esquecendo-se, entanto de mencionar as ati vidades terroristas deste. acusado novamente, com a Argentina. Nos três países, segundo a A. I., cada cidadão pode ser arbitrariamente castiga do e não há recursos legais a seu Além dessas falsidades de Berlim e as muitas alcance, evidentes, os três países foram acusados de permitir que polícias trabalhassem juntas, fato, é verdade que as policias de suas
De no
Declarou que havia cem mil pri sioneiros políticos no Vietnã do Sul, em 1973, porém nada disse sobre outro fato de que tinha co nhecimento: o de .que o Vietcong mantinha prisioneiros 64 mil ci vis vietnamitas anticomunistas. Descrevia pormenorizadamente, as torturas no Vietnã do Sul, mas passava por alto as realizadas pe lo Vietnã do Norte.
Um refugiado albanês, fugido de um campo de prisioneiros na Albania, desejava contar ao mun do suas experiências pessoais e as de alguns dos 300 mil prisionei ros políticos ali detidos; a A.I, não lhe deu atenção. A organi zação apelou para o secretáriogeral da ONU, sr. Kurt Waldheim, a fim de que protestasse contra a situação dos seis membros da re dação do semanário uruguaio Marcha, que apoiara a organização terrorista tupamara. Certammte estas pessoas que haviam acei tado a teoria da derrubada vio lenta do governo foram postas em liberdade pouco depois, mas ''m momento algum devido aos esfor ços da A.I. (nem de Waldheim). Por outro lado. a A.I. nunca ape lou para os tupamaros ou outras organizações guerrilheiras latinoamericanas a f'm de que puses sem em liberdade suas vítimas sequestradas, que eram mantidas, durante meses, em cavernas sub terrâneas, piores do que qualquer cela ou prisão, que chamavam de “cárceres do povo”.
As atrocidades das tropas por tuguesas em Moçambique eram objeto de relatórios periódicos, mesmo quando inv.stigacões'pos¬
teriores comprovaram que nunca foram realizadas. O genocídio por parte dos governantes da África Negra, entretanto, não atraía a atenção da “Anistia In ternacional”.
A organização empreendeu uma enérgica campanha em favor dos prisioneiros políticos de Portu gal... até abril de 1974. quando ocorreu o golpe de Estado, Inter pretando-se logicamente o silên cio da A.I. com relação a Portu gal, chega-se à conclusão (nada correta) de que não há prisio neiros políticos em Portugal, agora.
POUCO SE PALA DOS COMUNISTAS
O mais significativo, entretanto, é a publicação pela A.I. do cha mado Documento Contra a Tor tura. geralmente com 10 páginas em sua edição alemã. Menos de um quarto de página, cm média, é dedicado às práticas terroristas em todo o bloco comunista, dcscrevendo-se, em geral, um caso específico, em que se inclui o no me da pessoa. Esse relatório é um resumo das declarações do prision-^iro e seus familiares, mas não diz nem uma palavra sobre os que infligem a tortura, os res ponsáveis pela prisão de pessoas inocentes, as farsas dos processos ou o sistema judiciário em si, que permite e patrocina estas carica turas da justiça. Todo o resto do documento — nove páginas e três quartos —' é dedicado ao “mundo capitalista”, que inclui os países desenvolvidos e o chamado “ter ceiro mundo”. Os governantes dos 4 K i
países onde supostamente ocor rem tais torturas são energica mente atacados, mencionando-se inclusive seus nome e exigindo-se sua deposição.
Cs países m'nibros da NATO e os governos não comunistas da América Latina são objeto parti cular de ataque. Comparando os procedimentos legais e o número de prisioneiros políticos, o trata^ mento dado às pessoas encarcera das, os casos de tortura, etc. no Leste e no Oeste, çalculou-se que, para cada caso no mundo capita lista, deveriam ser publicados 120 no mundo comunista, a fim de realista.
manter uma proporção Outra avaliação realista afirma que apenas 2% da edição alemã se ocupa da tortura nos países
fascista” e Isto é apenas uma
aos
tal, a menção específica de um caso ou dois não prejudica real mente 0 prestígio dos países mar xistas. Ao contrário, se um des ses prisioneiros é posto em liber dade (tática inteligente, muitas vezes aplicada), a importância e a eficiência da organização é sa lientada. Mais ainda, a A.I. é atacada pela imprensa comunjsta como “imperialista”, “reacionária”, cortina de fumaça que fornece dirigentes da entidade um pretexto para afirmar que são tão objetivos a ponto de serem ata cados pelos dois grupos rivais.
Uma das tarefas a que mais íntensivamente se dedicou a União Soviética nos últimos anos é a campanha de desinformação, des tinada a desprestigiar todos se mostram
Em 1973, a oitava os comunistas, parte da edição suiça foi dedicada aos países comunistas; cinco oita vos às nações ocidentais desen volvidas; um oitavo aos países de senvolvidos e o restante a outros Um filme antitortura.
governos que nao amistosos com relação ao comu nismo e, mais ainda, os que são francamente anticomunistas. Em países como o CÍiile, por^ exemplo, o rompimento de relações diplo máticas e comerciais com o bloco soviético praticamente não tido, mas se a União Soviética pode influir sobre países como a GrãBretanha e a Alemanha Ocidental contra o Chile, por meio de orga nizações como a A.I. (atualmente há varias outras com propositos semelhantes), pode prejudicar economia chilena. Se um governo fica suficientemente desprestigiacomércio. seu turismo, relações culturais e tecnolóassuntos.
feito pela “Anistia Internacional”, contém informações sobre torturas um oie sennas seguintes proporçoes; tavo descreve os maus tratos em três países comunistas; sete oitaMais vos, nos países ocidentais, ainda, os relatórios sobre os países ocidentais estão repletos de des crições de cenas cruentas e de pormenores sádicos; nos relató rios sobre os países comunistas esses pormenores não aparecem. a do, seu suas gicas e muitos outros setores po dem ser afetados.
A União Soviética, evidentemen te, é a grande beneficiária das ati vidades da A.I. como todos sa bem muito bem que existem pri sioneiros políticos no bloco orien-
Isto se deve ao fato de que na maior parte dos países ocidentais
OS dirigentes não são motivados por razões tão mercantilistas co mo os da União Soviética, que pouco ou nada se preocupam com a aparente contradição de manter excelentes relações comerciais com regimes que constantemente difamam e atacam nos discursos oficiais, nos discursos e na im prensa.
Outra vantagem de que a A.I. desfruta, assumindo ocasíonal-
mente a defesa de prisioneiros so viéticos, é que, dessa forma, pode conseguir o apoio de organizações anticomunistas, que podem negar sua colaboração a tão nobre causa. Ao mesmo tempo, o apoio dessas pessoas e organizações oferece à “Amnesty Internacional” a ima gem, de que tanto necessita, de “independente, justa e imparcial”.
BRASIL:- UCUUBA: UMA RIQUEZA ESQUECIDA —
comum na Amazônia, conhecida
Uma árvore nos Estados Unidos pela qualidade da madeira (Virola) e quase ignorada no Brasil, poderá transformar-se em reve numa seria concorrente do boi no fornecimento de sebo para fins industriais. Trata-se da ucuuba, de 10 frutos cnm 75 a 80 de ácido miristico fabricação de sabonetes. Em
a 15 m de altura, produtora' de no extrato gorduroso, ideal para a sua tese “Sebo de Ucuuba: Seu Fracionamen-
^ A r, - docência em tecnologia de alimentos na Fa- culdade de Ciências Farmacêuticas de São Paulo, o pro£. Renato Baruffaldi, em julho de 1973, apos cinco anos de pesquisas com esse material, revelou a possibilidade do emprego da ucuuba também na preparação de cosmé ticos, medicamentos e alimentos. Mas. Rodolfo Rohr, da Otilub em Cam pinas, SP. e professor da Faculdade de Tecnologia de Alimentos camp, com larga experiência na industrialização de ácidos flete o mesmo entusiasmo de Baruffaldi que pretendeu trabalhar
to e Refinação”, da Unigraxos, não reao falar da ucuuba. Nas duas vezes ^ T ^ gordura — fabricação de sabonetes
Gcssy-Lever e na obtenção de ácido miristico na sua própria empresa - é do p'íc l' TT do suprimento de ucuuba do pieço elevado dessa materia-prima. Para ele. todas as vantagens do sebo da ucuuba sao eliminadas pelo processo primitivo da coleta que de- pepde da disponibilidade de mão-de-obra regional. Com isso’ a produto cresce e e irregular. “A única solução é a racionalização da cultura, mas nao acredito nela a curto prazo”, afirma. na
O destmo da livre empresa americana
MARYLIN BEN.DER
ENTRE o comercialismo aparatoso e o grosseiro do ano do Bicentenário, está havendo, en tre homens de negocio, criücos e universitários, uma profunda e por vezes angustiosa pesquisa in tima relativa ao sistema econômico da América.
Não é de admirar se, às vezes, a investigação parece estridente e fo ra de foco e se o estado de espírito dos homens de negócio é frequen temente, descrito como apreensivo. Assim como os cegos descrevem o elefante, os pesquisadores não po dem concordar, sempre, com uma de finição do sistema que eles estão ansiosos para preservar ou corrigir.
A livre empresa está morrendo, lamentam alguns deles. Richard A. Riley, presidente da Companhia ‘‘Firestone Tire and Rubber”, já a declarou morta.
“Neste ritmo, estamos avançando para o socialismo; todas as corpora ções serão nacionalizadas perto do ano 2.000”, disse um outro executi vo, industrial cinquentão, responsá vel por um estudo sobre o futuro dos negócios na sociedade america na, dirigido pela Associação da Ad ministração Americana.
A menos que alguma coisa seja feita para estacionar “a sistemática destruição pelo governo federal e do estado, da sua capacidade de produzir lucros, a palavra corpora ção será qualquer coisa a ser estu dada em classe de latim, declarou
No Ü710 nn que se coviemora o segundo centenário da indepen dência americana, está aberta a discussão sobre o destino da livre empresa naquela nacionalidade. Damos, a seguir, um artigo sobre 0 assunto, pelo interesse que ele reveste.
à A. M. A., um executivo de seus trinta anos.
A liberdade econômica do povo americano já foi destruída, na opida Comissão Bicentenária do niao Povo, um grupo contrário à Comis são Bicentenária da Revolução Ame ricana, federalmente estabelecida. ,0 organizador da Comissão do Po vo é Jeremy Rifkin, universitário da Escola de Wharton, de 31 anos defensor radical de uma volta e um às raizes revolucionárias e aos prin cípios filosóficos da nação.
Ele argumenta que as gigantescas corporações americanas são as assasda liberdade. Demonstra que do contrôle dos sinas elas se apossaram recursos do país, esmagaram peque nos negócios, formaram monopólios numerosas indústrias e forçaram em consumidores a pagar preços in flacionários, por artigos essenciais e são, frequentemente. os serviços que inseguros.
Interferiram no processo político, financiando ilegalmente campanhas
eleitorais e colocaram seus adeptos entre as agências do governo encar regadas de regulá-las, diz ele.
Além disso — e isto pode ser a alusação mais pesada da P.B.C. ~ "o sistema corporativo demonstrou ser totalmente ineficiente e dissipador” e os seus proprietários e admi nistradores têm sido incompetentes para tomar decisões com relação ao bem-estar econômico do povo ame ricano.
John W. Warner, chefe da Comis são Bicentenária da Revolução Ame ricana, admite o “apelo” da mensa gem do grupo oposto e diz que ela representa uma maneira de por em foco a atenção sobre “o sistema es trutural da empresa privada.”
Mr. Warner acrescenta, análise, que
buiçoes políticas ilegais, que repri mem a competição, “a força vital do sistema”.
O principal ponto de acordo, en tão, entre as diferentes gradações de opinião, é que o sistema econô mico que elevou os Estados Unidos de Um grupo de colonias à mais ri ca e poderosa nação da história, es tá de certa ameaçado e, sem dúvida em estado de metamor fose. maneira
Além desta concordância, o siste ma, lamentado ou condenado, se identifica com o capitalismo e a propriedade privada, a motiv^ação do lucro, o mercado como legítima base de contrôle, são tidos como seu.s três principais pontos de apoio.
em sua por cada uma pessoa que emigrou para os Estados Unidos à procura de liberdade religiosa política, 10 vieram com o objetivo de participar do sistema da livre empresa e penetrar na corrente prin cipal da economia”. ou norsao menores
Quaisquer que sejam suas reali zações, ao elevar o padrão de vida dos cidadãos de um país, extraordi nariamente favorecido com recursos naturais e humanos e relativa au sência de guerras e desastres mais, vê-se que os serviços presta dos pelo capitalismo do que as totais necessidades sociais da população. Em que grau esta fa lha precisa ser remediada ta outro núcleo de disputa.
Então, porquê, pergunta Stanley Marcus presidente da Neiman-Màr- represencus, os que se declaram seus mais extremados admiradores fazem tan to para sabotar esse sistema. Quan do os que nele têm o maior supor te frequentemente tornam-se os seus maiores inimigos, duvido que livre empresa possa sobreviver”, clarou M. Marcus em recente pales-
Alguns argumentam que o capi talismo americano não é mais reco nhecível como o da livre empresa do seu mestre hereditário, mista escossês do século 18, Adam Smith. Durante dois séculos, no per curso da sociedade agrária à socie dade pós industrial, passados os pe ríodos dos barões salteadores, dos infractores, dos Novos Comerciantes e dos Novos Homens de Fronteira, o o econoa deira.
Referia-se ele a práticas de negó cios tais como fixação de preços, co mércio de reserva interna e contri- governo, as corporações e os sindi-
catos, apossaram-se ou modifica ram a livre empresa ideal de Smith.
Ele ficaria atônito diante das selectivas sociedades que os seus dis cípulos formaram com o governo.
Voltando atrás a 1880, salienta George C. Lodge, professor da Es cola de Negócios de Harvard, os ho mens de negócios americanos ape gavam-se à “fantasia do laissez fai- rismo re”, mesmo quando apelavam para a interferência do governo a fim de auxiliá-los a expandir, estabilizar e proteger seus mercados e fontes de capital.
Um empresário dos séculos 18 ou 19, também não reconhecería, a ins tituição econômica de hoje, o enor me desenvolvimento da corporação por uma auto-perpetuação da hie rarquia de gerentes profissionais, que não arriscam coisa alguma do seu próprio capital, mas mantêm o enriquecimento de suas bases atra vés de proventos executivos.
No seu livro publicado recente mente “A Nova Ideologia America na” (Alfred A. Knopf), o professor Lodge sustenta que as velhas idéias e pressupostos do sistema da livre empresa, às quais os homens de npgócio americanos professam fideli dade, estão, se esfacelando. O fra casso em compreender a nova rea lidade, significa, não apenas que im portantes problemas não serão so lucionados mas, também, que a le gitimidade das instituições da nação está sendo posta em dúvida.
O Professor Lodge tem as creden ciais impecáveis de Bramanismo ge nealógico e filiação ao partido Re publicano. Todavia, a nova ideolo-
gia que ele descreve como surgindo, engelaria, com certeza, o coração de uma velha-escola americana do ho mem de negócios. Um bloco de pragmatistas da mais nova geração, to davia, já apoiaram alguns dos seus princípios.
Direitos comunitários suplantam direitos de propriedade, comunitasubstituiu individualismo, asobjetivos da comunidade. sim como anulam a santificada meta da com petição. Os trabalhadores não participarão da administração e das federais, mas também, amplos planejamentos do governo, em vários níveis, serão virtualmen te inevitáveis, de acordo com o Pro fessor Lodge. so corporaçoes
Em um número de surpreendentes conceito do planeuma idéia que de conversões ao jamento nacional — ^ à primeira vista, parece antitetica ao capitalismo e à livre empresa —orevê que o papel do governo sera mais desenvolvido do que diminuí do no terceiro século da America.
Mas considerável debate pode ser esperado quanto a saber se as ne cessidades econômicas e orientações, devem ser dirigidas pelo governo, naturais aliados de antes, contrárias. Por já que os adotam posições exemplo, Henry Ford 2P e Robert V. Roosa, banqueiro de investimen tos estão do lado pró-planejamento, enquanto Thomas A._ Murphy, presidente da “First National City Motors Corporation”, e Walter V. Wriston, presidente da “First Natio nal City Bank se opõem ao mesmo. —0—
Os Estados Unidos, em qualquer caso, estão de fato, “exatamente no caminho de uma economia planeja da” — asseguram Gar Alperovitz e Jeff Faux, economistas políticos, em um relatório preparado por um gru po de pesquisa, composto por 25 fun dações para Projetos de Exploração de Alternativas Econômicas, funda do em Washington.
O estudo demonstra que “os Esta dos Unidos estão no fim de uma era econômica que começou com a Se gunda Guerra Mundial” e que o pró ximo quarto de século exigirá “uma reorganização de varredura das mais importantes instituições porativas e governamentais que do minam a economia, a fim de produ zir segurança econômica e democra cia econômica”.
ram a propriedade direta do públi co sobre recursos naturais.
Um outro objeto de contenda de vido ao demorado exame, é o rela tivo à maior ou menor regulamen tação dos negócios pelo governo. Aqui, também, estranhas alianças serão estabelecidas sobre assuntos específicos. Os homens de negócio que podem procurar proteção de uma agência do governo para o seu mercado, podem emitir a uma ou tra agência, quanto a revelação de suas contribuições políticas ou a dos nomes dos recebedores estrangeiros dos seus saldos.
coro
Estes debates serão ouvidos contra pano de fundo de preocupação com os persistentes problemas de in flação e desemprego, problemas ra os quais a simples livre empresa não forneceu uma resposta.
Ele cita uma votação conduzida por Peter D. Hart, um anaüsta da opinião pública, para sustentar a te se de que o público reconhece que “o sistema econômico não está fun cionando” e que a maioria dos amepa-
Ironicamente, pesquisa interior, mente quando as falhas do' princi pal sistema de oposição econômica, são indisputavelmente reveladas. Com a União Soviética oferecendo agressivamente preço por tecnologia do Ocidente, especialmen te dos Estados Unidos, a prática eco nômica autoritária Marxista-Leninista, pareceria menos capaz de gatar suas promessas, do que o ca pitalismo.
esta Bicentenária ocorre precisa- ricanos acham-se, agora, prontos para examinar soluções que os po líticos ainda temem propor.
De acordo com a votação de Hart, americanos sentem a maioria dos cereais e que os partidos Democrático e Re publicano favorecem grandes negó cios e que a maior parte das cor porações “dominam e determinam” ações das administrações públi cas, ao inves de se dar Sessenta e seis por cento dos votaram manifestaram-se a favor da propriedade e controle de gran des corporações pelos empregados e quarenta e quatro por cento aprovaresas o inverso.
Estas perguntas continuarão poa ser formuladas aqui: Quanto que rem deveria ser feito para preservar os fragmentos do privatismo incorpo rado? Que grau de orientação de
mercado é necessário à economia americana? Em que medida deve o bem-estar social dos seus cidadãos ser confiado ao governo?
O estudo da A. M. A. concluiu que, sem considerar se a mudança no sis-
tema dos negócios americanos toma a forma de evolução ou maior trans formação, “e todos concordam, vir tualmente que as coisas nunca mais serão as mesmas”. (Do “New York Times”).
BRASIL:- PAPEL — EM BUSCA DE RESPEITO
— O “economês”, a língua dos economistas, foi durante muito tempo o alvo predileto da ga lhofa geral. Para muitos raramente se vira _antes uma linguagem tão fe chada e, portanto, pretensiosa. Mas, exageros à parte, é megável que as terminologias solenes costumam agradar a qualquer audiência, tornando mais acreditáveis aqueles que as usam. É o caso do termo reciclagem, que os industriais que produzem papel, reaproveitando as sobras da indústria. gráfica ou os restos de arquivos, estão tentando aplicar à sua atividade, para valoriza-la. Conhecidos pejorativamente como “transformador es do lixo”, esses industriais, quase todos pequenos ou médios empresários, queixam-se muito de que nunca conseguiram ser de Desenvolvimento Industrial ou pelo BNDE. Com a paulatina extinção crescentes protestos dos depoluição ocasionadas deles. Enquanto o ouvidos pelo Conselho das reservas florestais, porém, somada aos fensores da ecologia contra os demantelamentos pelas fábricas de celulose, parece ter chegado a mundo todo entra decididamente na fase do “nada se perde ,tudo se trans- de um artifício — e a vez forma”, eles acreditam que ainda precisarão lançar mao — para se impor aos organismos oficiais a palavra mágica “reciclagem e ao próprio mercado. O mercado brasileiro sempre resistiu ao consumo de papel reciclado: a indústria gráfica, sua maior consumidora, julga a qualidade do produto inferior a do artigo derivado diretamente da celu lose. As técnicas de reaproveitamento das aparas de papel desenvolvidas principalmente na Europa, onde não existe o preconceito contra o produto artigo tão bom quanto o produ- reciclado, permitem a confecção de um zido à base de celulose. O Brasil, de acordo com um boletim da Fao, apre senta um dos mais baixos índices de reaproveitamento de papel do mun do. O produto reciclado, significou, em 1972, apenas 27% da produção Alemanha Federal, 36% na França e Holanda, 47,4% na Inglaterra, 48% no México e 62,5% nos países árabes. Em geral, acredita-se que a escassez de celulose obrigará o país a aceitar integral mente o papel reutilizado. Sinal dos tempos: as vinte maiores indústrias produtoras de papel já estão dedicando em torno de 10%o da sua capacitotal, contra 46,6% na dade de produção ao artigo reciclado.
INGLATERRA:- PROCESSO PARA TINGIMENTO DE NYLON A <?V',
TEMPERATURA AMBIENTE — O tingimento de lã, nylon ou acrílicos ■ básicos a 104°F (40°C), em menos de uma hora, é possível através da uti lização de tintas aniônicas conhecidas numa mistura adequada de água e líquido orgânico (Patente Britânica 1.300.230 — Groupem.ent dlnteret Economique STX). Por exemplo, introduz-se um fio de nylon 6 num ba nho aquoso satui-ado com cloreto de metilen e contendo tinta ácido laran ja 3. Acidifica-se o banho com ácido acético a um pH 6,0 ou mais baixo; então, aquece-se para cerca de 104°F (40°C). Sob essas condições, toda a tinta é absorvida pelo fio em 30 minutos; porém, a tonalidade não estará ainda totalmente desenvolvida. Elevando-se a temperatura para 203°F (95°C) durante alguns minutos, obter-se-á a tonalidade ouro total. Caso seja utilizada u'a maior quantidade de solvente, o desenvolvimento da tonalidade ocorrerá a temperaturas mais baixas. Geralmente, a absorção e desenvolvimento da tonalidade ocorrem sem o acréscimo de calor. Pode- se tingir o nylon 6,6 utilizando-se o mesmo processo.
— NOVO POLO
PETROQUÍMICO — Onze tro ÍSdustriíil^rir"?
Petroquímico de Camaçarh próximo ao Cen- I fabricaídn nrn os mais diversos materiais, butanS t sintéticas ao octanol e fi í- empresas tiveram seus projetos aprovados pela SU DENE e ja estão «rn fase de implantação. Duas delas começarão a operar ainda este ano e tres em 1975. As empresas em funcionamento s ao as se guintes. CEMAN S/A. — Central de Manutenção; PETROFÉRTIL Pe- trobras Química Fertilizantes S/A. (amônia, uréia)- C C C Cia de Carbonos Coloidais — (negro de fumo); CIQUINE'cia. Petroquímica S/A (octanol, butanol); CIQUINE — Cia. de Indústrias Químicas do Nordeste - (anidrido ftálico); FISIBA - Fibras Sintéticas da Bahia S/A. — (fibras acrílicas “Tnana”); PASKIN S/A. — Indústriac Petro químicas — (metacrilato de metila, sulfato de SAFRON TEIJIN — Indústria Brasileira de Fibras S/A^*''— Fábrica de Vaselinas ' ~ Tecelagem do Brasil S/A. (fios de nylon RLAM — Refinaria Landulfo Alves (propeno). As taçao sao: RESINA — Resinas Sintéticas da Bahia deido, resinas ‘ dústria Química — (melamina); METANOR Mci Indústria Química — (melamina); METANOR i — Indústrias Petroamônia e ácido sulfúrico); (fibras po da Bahia S/A.; BA- '● e de poliéster; e S empresas em implan- D . , , , - — — (sinteco, formal- fl ureia-formol e fenoMormol); MELAMINA ULTRA — — Metanol do Nordeste S/A.; q/A ● PinTTTAT-E' , ,v ;’. — — Metanol do Nordeste ' b/A., CIQUINE — Cia. de Industrias Químicas do Nordeste — malieco); CENTRAL DE UTILIDADES ^ a» Nordeste ar comprimido, gases industriais etc.); e DOW QUÍMICA DO^NORDESTE j — (oxido de propeno, propileno glicol, hidrocarbonatos
5 In(anidrido — (água, vapor, energia elétrica S/A. cloro e soda cáustica). clorados,
do Brasil e os Efeitos do Tratado de Methuen
BARROS FERREIRA
UEM viaja pelas cidades his tóricas de Minas tem a noção visual do qvíc foi o ciclo do ouro. A riqueza do interior dos templos é impressionan te. Neles está um resumo da pas sada opulência, quando Ouro Pre to era justamente considerada a mais rrca cidade do continente. E também a de mais rápido cresci mento.
Era também exemplar quanto às soluções urbanísticas e arquite tônicas. No campo das artes é assombrosa a conjugação da es cultura e pintura.
O tombamento integral da cida de, que foi por muitos anos a ca pital de Minas Gerais, apresenta das mais lúcidas degovernamentais da década
Um repórter perconeu a região do ouro. em Mvias Gerais, e fes curiosas reflexões sohre o papel do ouro e seus efeitos no famoso tra tado de Methuen. X
Congonhas, Tiradentes, Ouro Pre to, Mariana, São João dei Rei. Voltara sinceramente assom brado. Seu entusiasmo -iria ser vir de estimulo aos integrantes do movimento modernista de 1922. Osvaldo de Andrade escrevia, a respeito de Congonhas do Campo; “Biblia de pedra-sabão Banhada no ouro das Minas. Manuel Bandeira aplicaria seu ● V talento em maravilhoso “Guia de Ouro Preto”.
Muita coisa ficou em resultado colhido às arrobas e mais de dois milhões e se como uma cisões de 30.
Aliás, Minas Gerais possue ines timáveis tesouros. Blaise Cendrars, considerado o papa do mo dernismo. poeta e crítico muito apreciado pelos mais celebres esnorte-americanos ●T' desse ouro que somou . , meio de quilos, entre Mmas. Goias Cuiabá lhe deve e Mato Grosso, que a origem. , ,, Roberto Simonsen, num lucido io afirma que a revolução incritores frequentavam Paris, na década de 20, entre eles John dos Passos, Hemingway e Fitzgeralds Scott, declarou a Paulo Prado, que o hospedara em sua mansão da ave nida Higienopolis: — Vi ali coisas mais grandiosas que o Kremlimí
Andara pelo sul de Minas dois
Estivera em Sabará, Ita-
ensaio ^ , dustrial inglesa foi custeada com Alfredo Ellis do Brasil. 0 ouro - amplia e comprova tal apjicaçao. E Lucio de Azevedo, em muito ci tado estudo elucida e comenta o que foi, na verdade estranha ce gueira econômica. O acordo de- « em abuso e dentro de ' ●' generou breves anos, piratas e comercian- meses, birito, Catas Altas, Diamantina,
tes da City procuravam de todas as formas apoderar-se do ouro do Brasil, “tornando assim inúteis as seguranças dadas, fóra do parla mento, pelos ministros.”
“Esta sêde de ganho e de con quistas, a todo o instante confes sada; a cobiça insaciável que, desde o reinado de Isabel, a nação (inglesa) trazia no sangue; o fu-
Casa dos Contos
r« Eis alguns aspectos:
“Escassa confiança o ministro inglês tinha em seus compatriotas, e futurava que eles havendo nesga que lhes facilitasse o contraban do, não hesitariam em sacrificar à ganancia comercial os interes ses do patriotismo.”
ror com que, no tempo d’ela, os corsários, como aves de altanaria, se lançavam sobre os descobrido res do novo mundo, disputando- lhes, no mar, os tesouros dos galiões, em terra, as opulentas pos sessões, de onde extraiam quezas: a tenacidade com que o -3 4 í as n-
“Com as minas do Brasil em produção intensa, escasseava (em Nas probretão, uma vez estabelecido em um lugar, lá se fixava, como nave em seguro ancoradouro; o exem plo enfim, do que a Inglaterra ainda praticava no oriente; tudo isto inquietava a Carvalho pela defesa da nossa América, de que, por um golpe de mão, podiamos repentinamente perder grande parte.”
“Nos fortes do Reino Unido eram os marinheiros portugueses maltratados pela ralé. os navios perseguidos com vexações, e mui tas vezes sujeitos a confisco pelas autoridades, com manifesta inju ria dos tratados.
Desrespeitado era igualmente o principio da igualdade comercial, estabelecido por estes, e tão cla ramente definido no de 1703.
Os vinhos, importados por gociantes ingleses, em barcos de sua nação, pagavam menos qua tro libras de direitos, em pipa, Que os da carga de navios portugueoutros
ses. E neste, como em assuntos de ordem política, chancelaria britânica se mostrou a
surda às reclamações.
Também ficara sem efeito a su plica relativa à saída dos trigos, de cuja proibição não fôra Por tugal excetuado. Resolução de pouca dura, mas que, sem causar dano apreciável, manifestada di minuta valia em que a Grã-Bre tanha tinha os comodos da naçao amiga.”
Portugal) 0 numerário, vincias havia lugares onde jamais habitantes tinham visto uma peça de ouro; em compensação as moedas com a efigie de D. Joao V. tinham amplo curso na Inglaos terra. ...
Tais aspectos contraditorios, que atingem as raias do absurdo, tem sido objeto de novas pesquisas e veementes criticas.
Apresenta-se como inércia reinol permitindona Inglaterra a ra. estúpida a a entrada de ouro de 50 mil libras por semana. O tratado de Methuen tratado, negociado por John Methuen em 1703, obrigou Portugal comprar todos os tecidos glaterra, a troco da redução de um terço nos impostos que inci diam sobre vinhos importados, no vinhos franceses, oferecidas a Porzao
O a ne- i caso os As vantagens . tugal apresentam-se como “^sigm ficantes. No entanto o tratado tornou não só Portugal ^omo tam bém o Brasil dependentes da In glaterra e a tal ponto que ate os Lcravos empregados na ção do ouro e extraçao dos d a- mantes cobriam-se com panos procedentes da Gran-Bretanha. Dessa maneira, o impulso dinami co resultante da produçao auri- fera foi transferido para a ingla
“Desde 1703, por efeito do tra tado, conhecido pelo nome do seu negociador Methuen, Portugal era a mais excelente colônia da GrãBretanha, cujas manufaturas vi viam principalmente desse curso valioso.”
con-
terra. . Influiu também de maneira de cisiva nas relações econômicas de toda a Europa, e pode dizer-se que do mundo, em face da inten sificação das relações comerciais com a África e sobretudo a Asia. As porcelanas da índia e da China, í I
u e as indústrias da seda recebe ram poderoso estimulo. Eram lu xos bem pagos graças ao ouro abundante tirado das jazidas bra sileiras.
fazendo os soldados das guarni ções fronteiriças. Padres abando navam as suas paróquias, artistas e artesãos integravam as novas correntes de imigração.”
Rua S. José de Ouro Preto nobres sobrados que exprimem o período de esplendor
Tamanho foi o alvoroço causa do pela descoberta do Aconteceu, então, migração em massa do norte de Portugal. Seus integrantes juntavam-se aos pau listas descobridores de ouro que Sao Paulo se esvasiou de seus ho mens e escravos. Portugal sentiuse ameaçado pelo êxodo da população masculina para lonia.
ouro. Tais elementos influiram deci sivamente presidente Craveiro Lopes, de vi sita ao Brasil, levado a Ouro Presua
^ coAs tripulações dos navios desertavam em massa, na arquitetura. O JL 0 mesmo
Um deles, o celebre Landi, veio Belém do Pará, onde projedirigiu a construção do fa- ' Palácio do Governo e da a to, declarou, no seu regresso São Paulo que ficara profundamente comovido. Tivera a impressão de estar numa cidade c’o norte de Portugal. De fato, são grandes as semelhanças com Braga, "Viana do Castelo, Vila Real e vários bairros centrais do Porto. Por esse lado, houve a vantagem de fixação de populações que ao fim da exploração auriferav devido ao esgotamento jdas jazidas, se voltaram compulsoria-
chamas das velas atingiram as r*’ sanefas, propagando-se aos ricos altares de talha. E pavoroso incendio alastrou pelos bairros que ^ tinham restado.
Lisboa tornou-se imagem da desolação'. E se não fòra o ouro do Brasil impossível se neria tor nado a sua reconstrução, plane jada pelos maiores urbanistas e arquitetos do tempo, chamados ■ " por Pombal.
mente para atividades agro-pecuarias, à semelhança do que es tava sendo praticado nos sertões da Bahia, de Pernambuco e do Piauí. para tou e IP. i moso não menos famosa catedral. ^ Dessa maneira se constata que * brasileiro agiu em vários i várias ocasiões de mao ouro O marquês de Povibal
Muita gente indaga como o ce lebre marquês de Pombal, cons-- derado um lummar, um déspota lúcido, permitiu o absurdo do des pojo do ouro. Foi custear a ex pansão da indústria inglesa, que devia ter servido de exemplo para sua implantação em Portugal. O rei d. José I, subiu ao trono no zênite da produção aurífera. O que explica também a possibilidade da reconstrução de Lisboa des- V truída pelo pavoroso terremoto de V' 1755. Teve imensa repercussão ^ na Europa. Voltaire indagou, com assombro, como poderia explicarse tal catástrofe. Ê que além da terra tremer violentamente, scguiu-se um maremoto que arra20U o que restara de pé. E como era dia de Todos os Santos os al tares dos templos estavam recamados de flores e velas. O tremor ■de terra derrubou os castiçais. As
setores e neira auspiciosa.
Resta a pergunta: por que o marquês de Pombal não deteve a . sangria aurífera e deixou a Ingla- terra tornar-se tão poderosa em detrimento do velho reino
A resposta talvez esteja ,.4 seu na ameaça da Espanha que con tinuava presente, como nos pri meiros tempos da fundaçao da monarquia e depois da Restaura- ção, em 1640. Essa rivalidade fez- || se dramaticamente sentir ● na -- América, com repetidas invasões Chegaram a ocuparilha de San-
castelhanas, por longo período a ta Catarina, desastrosa dependência de Portugal foi reconhecida pelo ce lebre marquês, como o demonstra ^ carta por ele escrita ao ministro ;,rj dos Negócios Estrangeiros da Inglaterra. Teve ampla divulgação r, guerra passada, sendo usada j como arma contra os ingleses que /m
A na «;
então invocavam a secular alian ça entre os dois países.
Carta do Marquês de Fovibal ao Ministro dos Negócios Estran geiros da Inglaterra, por causa de terem sido queimados deóaixo das
0 nosso Gabinete tem tido para com 0 seu.
não sei que alguma Potência as haja tido semelhante para com outra. É justo que êste ascenden te acabe por uma vez, e que PorElas sao tais, que eu -
Ouro Prelo foi encostoada entre as montanhas que lhe deram origem
fortalezas da costa do Algarve, alguns navios franceses.
Rogo a V. Ex.a que me não faça lembrar as condescendências que
tugal faça ver a toda a Europa que tem sacudido o jugo de uma dominação estrangeira. Portugal não pode provar isto melhor que obrigando a vosso Governo a darlhe uma satisfação, que por ne nhum direito lhe deve negar. A Ilmoo e Exmo. Senhor:
França olharia para Portugal co mo para um Estado em fraqueza, se não pudesse obrigar-vos a dar razão da ofensa que lhe fizestes, vendo queimar defronte dos nos sos portos, navios que deveriam ter ali toda a segurança.
Vós não fazieis ainda figura al guma na Europa, quando a nossa Potência era a mais respeitável. A vossa ilha não formava mais do que um ponto na Carta: ao me.smo tempo, que Portugal a enchia
Nós dominâvaÁfrica e América,
modo de adquirirdes estes tesou ros vos foi ainda mais vantajoso Pelas
nos
com o seu nome. mos a Ásia, quando vós doinináveis somente em uma ilha da Europa. Potência era do número daquelas
A vossa
que os tesouros mesmos, artes é que a Inglaterra conseguiu fazer-se senhora das nossas minas, despeja regularmente Ela todos os anos do seu produto. Pas sado um mês depois da chegada das frotas do Brasil, não fica em Portugal uma só peça de ouro; tudo tem passado para aumentar a sua riqueza numerária. A maior parte dos pagamentos do Banco feitos com o nosso oiro.
sao
Por uma estupidez, de que tam bém não há exemplo na História Universal do mundo econômico, nós vos demos a faculdade de nos que não podiam aspirar a mais vestirdes e de nos fornecerdes to que à segunda ordem; e pelos dos os objetos de luxo, que n^ e meios que nós vos temos dado, a pouco considerável, tendes elevado à primeira. Esta de que viver a quinhentos mil impotência física vos inabilitava vassalos do eri Jorge, P ^ ^ para estenderdes os vossos domi- esta que subsiste a i^^^sa custa n nios fora da vossa ilha; porque, capital da Inglaterra. para fazer conquistas, precisáveis campos sao quem frnhT.- dum grande exército; mas para vós substituístes os v , ter um grande exército é necessá- ihos aos nossos, se g rio ter meios para lhe pagar, e nós vos fornecíamos ® | ’ . vós não o tinheis. A moeda de sois hoje quem contado vos faltava. Os que cal- tendes roteado o . cularam sobre as vossas riquezas, nós deixamos os nossos acharam que não tinheis com que sustentar seis regimentos. O mes mo mar, que pode olhar-se como o vosso elemento, não vos ofere cia maiores vantagens; com muito custo poderieis apenas equipar vinte navios de guerra. Há cincoenta anos, porém, a esta parte, tendes tirado de Portugal mais de mil e quinhentos milhões, soma enorme de que a História não for nece exemplo que nação alguma do mundo tenha enriquecido a outra de um modo semelhante. O
dios.
Mas se vos temos elevado a êsseponto de grandeza, na nossa mão está 0 precipitar-vos no nada do que vos arrancámos. Nós pode mos melhor passar sem vós, do que vós sem nós. Basta uma so lei para destruir a vossa Potên cia. ou pelo menos para enfraqueNão preci- cer o vosso Império, mais do que proibir, com de morte, a salda do nosso samos pena oiro. para êle não sair jamais. Talvez respondereis a isto que
apesar da proibição, sairá sempre do mesmo modo como sempre tem saído, porque os vossos navios de guerra têm o privilégio de não se rem visitados na sua partida, e em consequência do dito privilé gio transportarão todo o nosso
em desprézo da lei. Há tempos era que nas monarquias um só homem pode muito. Vós não ignorais que Cromwell, na qualidade de Protec tor da República inglesa, féz cor tar a cabeça a Pantaleão de Sá, irmão de João Rodrigues de Sá,
A enorme chaminé das fornalhas em que era fundido o ouro na Casa dos Contos
oiro; mas não vos enganeis com isto. Eu fiz romper vivo o duque de Aveiro por ter atentado contra a vida do rei, e poderei muito bem fazer enforcar um dos vossos ca pitães por ter roubado a sua efigie
Embaixador de Portugal na In glaterra, por se ter prestado a um tumulto; e eu, sem ser Cromwell, estou em estado de imitar o seu exemplo na qualidade de Ministro Protetor de Portugal. Fazei, por-
tanto, o que deveis, se não quereis que eu faça o que posso. Que se ria da Grã-Bretanha se por uma vez lhe cortasse êste manancial das riquezas da América? Como pagaria à imensa tropa de terra e à grande armada do mar? Como daria ela ao seu soberano os me’os de viver com o esplendor dum grande rei? Donde tirar-a os grandes subsídios que paga às Po tências estrangeiras para escorar e firmar a sua? Como viveria um milhão de vassalos ingleses, se se acabasse para sempre a mão de obra de que tiram o seu sustento? Em que estado de pobreza não cairia todo o reino, se este único re curso lhe faltasse? Basta que Portugal rejeite os seus grãos (quero dizer, o seu trigo), para que metade da Inglaterra morra de fome.
Direis que não muda com fa cilidade a ordem das coisas, e qu*" - um sistema há muito estabelecido não pode transtornar-se em um momento. Dizeis muito bem; mas eu direi ainda melhor. O rodar do tempo é que pode trazer esta reforma. Eu estabelecerei um plano preliminar de comércio, que se encaminhará ao mesmo objeto.
Há muito tempo que a França nos estende os braços para que recebamos as suas manufaturas de lã. Na nossa mão está aceitar mos as suas ofertas, o que sem dúvida aniquilará as vossas. Berberia, abundante de trigos, os fornece a melhor mercado que os vossos. Então vereis com a maior dor um dos principais ramos da vossa marinha ficar inteiramente extinto. Vós sois muito versados
no Ministério,- e não ignorais que isto é um viveiro de oficiais mari nheiros de que a marinha real se serve em tempo de guerra; e com isto é que tendes elevado a vossa Potência.
A satisfação que vos pedimos éconforme ao direito das gentes. Todos os dias acontece haver ofi ciais do mar que, por zêlo ou inconsideração, fazem aquilo que Ao Governo cumpre
não devem, puni-los e fazer a reparaçao ao Estado que êles ofenderam. Todos sabem que semelhantes reparações o não tornam desprezível. _ A na ção que se presta ao que é justo, adquire a melhor opinião; e da opinião é que depende sempre r potência do Estado. V a
MARQUÊS DE POMBAL Conde de Oeiras
Com efeito, um Embaixador ex traordinário foi a Lisboa dar a satisfação pedida. Apesar dessa epistolar lucidez providencias praticas de ordem econômica não foram tomadas.^ Continuava a grande alucinaçao do ouro e dos diamantes. E quan do a produção declinou, porque minérios não dão duas safras, a. metrópole não aprofundou causas. Atribuiu à fraude _e sone gação a queda progressiva da arrecadação dos quintos. Para se ressarcir do imaginário prejuízo a decidiu a “derrama”.' Nada
A Coroa mais injusto, porque, de fato, nao havia recursos com que cobrir a elevada tributação anterior. Na verdade as jazidas estavam exau ridas por meio século de explora ção predatória de tão intensa.
v/l V
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fuíúa arrecadadora estimulou a repressão. A crueldade dos casti gos então aplicados, encontra a mais perfeita expressão no julga mento e execução dos Tavoras. D. Francisco de Assis de Tavora, que derrama” assim, como insuportável extor são, revoltando os ânimos e pre parando ambiente propício à In confidência, singular obstinação do governo da A U apresentou-s3. É de estranhar a
í A Matriz de Mariano cujo interior é de espantar riqueza
metropole e de seus subservientes delegados em se recusarem a acei tar a pungente realidade de que o ouro chega ao fim. Sempre hou vera sonegação, por certo, mas não mais explicava a queda crescente da arrecadação dos quintos.
A
fôra vice-rei da índia, inspetor e comandante da Cavalaria do Rei no, foi torturado na roda e massolado vivo. Quer dizer, teve o peito e os membros partidos e es magados a golpes de massa.
A esposa, a altiva dona Leonor de Távora, morreu degolada. Mas antes da execução o carrasco inssistiu em lhe descrever como lam ser executados marido e slus fi lhos, José Maria e Luis Barnardo; garrotados e em seguida, massolados. E também seu géiiro, d. Jeronimo de Ataíde, conde de Atouguia, executado da mesma forma cruel.
Isso em consequência de apai xonado julgamento, “pela infame conjuração contra a fidelissima pessoa e preciosíssima vida do nosso benefentissimo monarca e senhor”, d’zia a Relação.
Esse feroz julgamento, atribuí do a recomendação expressa de Sebastião José de Carvalho e Me lo, Marquês de Pombal, seria anos depois revisto. E em 3 de abril de 1781, vinte e três anos depois, d. Maria declarava inocentes os infelizes executados e mandava li bertar todas as pessoas mantidas presas por ordem dos juizis de Pombal.
Mas a crueldade perdurou, como demonstrou a execução de Tiradentes, já no reinado de d. Maria I, que procurava mostrar uma imagem de justiça e tolerância ao rehabilitar a memória dos Tavoras e ao libertar os prisioneiros polí ticos de Pombal.
A diminuição do fluxo do ouro, a redução das catadupas auríferas talvez explique a agitação po lítica.
Tanto na antiga metropole, assustada pela degenerescência do seu elevado padrão de vida, como nos países que eram aiit.=s diretamente beneficiados, como a Inglaterra.
O ouro do Brasil financiara a revolução industrial inglesa. Esse poderoso surto industrial exigia mercaaos, gerando atritos diversos, principalmente ^ com França, que apesar de mais popu losa via crescer a predominância econômica britânica. No velho de Portugal a diminuição as desfanovos a
remo do ouro agravaram-se voráveis condições econômicas. Na verdade o ouro do Brasil esindustrial
timulara o processo que por sua vez, estimulara o co mércio e determinara o cresci mento da burguesia estruturadaAlta, media e em várias faixas. obedecendo aos mesmos pequena princípios e normas.
Era uma
era
A revolução francesa,_ e quentes guerras napoleônicas sao com imediata as uma decorrência, _ . repercussão em todas as Américas. Havia muito que a Inglatepa não tendo conseguido aliar-se à Espa nha programara a sua presença no Prata. Mantendo aliança com Portugal sentia-se senhora no Atlânfeo sul. O conflito com a Espanha dera-lhe pretexto para instalar no Prata. se antiga pretensão, já conhecida de Pombal, que não de sejando tal visinhança no sul, prevenira os espanhóis dos pla nos britânicos. Curiosamente não a Coroa inglesa e sim a po derosa City que orientava a po lítica externa de Sua Majestade. A índia fòra ocupada pela Com panhia das índias, que mantinha um exercito próprio, embora subordinado ao rei.
criara e
A agitação causada no mundo por Napoleão quebrara o equilí brio político antigo, abrindo no-
vas perspectivas que os sagazes comerciantes ingleses buscavam aproveitar.
A Argentina passou a integrar os audaciosos e cúpidos progra mas da City.
A presença inglesa
Buenos Aires chegou a ser ocu pada por tropas britânicas. E há noticia de animados bailes rm que oficiais ingleses dansavam com elegantes filhas da aristo cracia local. A razão era o blo queio determinado por Napoleão, arrazando a economia inglesa. A abertura dos portos do Brasil na hora em que mais fundamente sentia os efeitos do bloqueio con tinental representou a salvação. Tanto mais que, em 1807, haviam sido interrompidas as relações com os norte-americanos. A aber tura dos mercados na América Meridional e do Levante salvou a economia inglesa, permitindo o aumento das exportações de 8 mi lhões de libras, em 1805, para cerca de 20 milhões de libras em 1808. O Brasil apresentou-se como esphndido mercado, mas salienta J. F. Almeida Prado, não contente ainda exigia a Inglater ra favores preferênciais para s3us produtos, voracidade insaciável de quem à medida que devora a víti ma mais aguça o apetite. Iria de pois através de filantrópica cam panha a favor dos cativos negros melhorar os intere.sses britânico.s noutras regiões da terra, afim de acabar com a concorrência. Fato que foi posto em evidência p3lo Visconde de Chateaubriand, cujo pai, em Saint Maio, se dedicara
ao transporte de escravos e conhe cia, por isso, muito bem o assun to. A pressão britânica sobre an tigos domínios ibéricos obedecia a exigências da City toda pode rosa, que governava o comércio e a finança. No Congresso de Viena, o visconde de Chateaubriand, como embaixador da França, enfrentara Wallington. na verdade representante da City, com a vantagem que o francês es tava perfeitamente informado so bre o assunto por ser seu pai tra ficante de Saint Maio. E por isso rebatia a tese britânica de equi paração do tráfico a pirataria. As leis internacionais do tempo con sideravam o corsár-o caido nas mãos da marinha de guerra como prisioneiro ao passo que o ph*ata era sumariamente enforcado. E
argumentava o francês que era estranha uma filantropia tão ar dente quando chegava tão tarde e se apresentava como moeda fal sa da caridade. Aludia ao fato que a Europa, depois de termina das as guerras napoleonicas. vol tara a apreciar as boas coisas do trópico produzidas com abundân cia nos territórios coloniais ingle ses e que portanto, sof riam corréncia dos produtos do Brasil. Já d. Pedro^ tivera que enfrentar forte pressão britânica contra trabalho escravo pois significariao caos econômico, como arguto que era e muito bem assessorado, bem conhec’a as hi pócritas e a con0 Além disso. ruinosas intenções. Tanto mais que ilustres viajantes, conhecedores do mundo, conside ravam 0 trabalhador escravo no Brasil melhor tratado que o ope rário pseudamente livre europeu.
PAPEL COM PLANTAS .DO AMAZONAS — Produzidas as primei ras mostras de papel de celulose de plantas nativas do Amazonas, segun do pesquisas levadas a efeito pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em seus próprios laboratórios. O papel — extraído de quarenta e três espécimes de plantas nativas — apresenta qualidade igual ou su perior ao eucalipto e a matéria-prima é encontrada em abundância no maciço da rodovia Manaus-Itacoatira. Dos resultados apresentados em comparação com o eucalipto, conclui-se ser o Trena excelente matériaprima para a obtenção de pasta química ou alvejada. Restam, contudo., certas indagações quanto a possibilidade real de um serviço florestal com base nessa madeira capaz de um fornecimento satisfatório à industriali zação. Não Se possuem dados concretos sobre o crescimento dessa espé cie, mas sabe-se por observação empírica, que o Trema parece atingir a sua altura máxima em tempo não superior a dois anos. Igualmente não se possuem dados sobre o crescimento volumétrico da espécie, nem do seu rendimento em madeira por hectare. No entanto, considerando-se a assombrosa proliferação dessa árvore nas capoeiras, pode-se preconizar um plantio, à base de regeneração natural incentivada. Isso significa que uma mesma região estaria constantemente fornecendo madeira a partir das árvores que fossem atingindo a idade de corte, deixando intocadas as em crescimento, ao mesmo tempo em que se faria a eliminação das ou tras espécies que proliferam em capoeiras.
0-
ESTADOS UNIDOS:- MAIS EMPREENDIMENTOS CONJUNTOS DA DU PONT — Pela segunda vez, em menos de um mês. a Du Pont movimenta-se para formar novo empreendimento conjunto nos Estados Unidos. A proposta mais recente foi feita a Atlantic Richfield Co., que já concor dou com o início das negociações visando a formação de um empreendi mento para projeto, construção e operação de uma unidade de produção de matérias-primas para produtos petroquímicos. Em outubro passado, a Du Pont e a National Distillers & Chemical Corp. autorizaram o inicio do projeto de engenharia e da preparação de uma estimativa de construção de uma unidade conjunta de gás de síntese em Houston. Os produtos dessa unidade — gás de síntese e monóxido de carbono — suprirão uma fabiica de metanol planejada para a Du Pont e uma fábrica de ácido acético es tabelecida para a Divisão Química U.S.I. da National Distillers, ambas a serem localizadas próximo à instalação de gás de síntese. O complexo de produtos petroquímicos, planejado conjuntamente com a Atlantic Richfield, incluiría uma unidade de etileno estimada em mais de 1 bilhão de libras/ ano. A Atlantic Richfield supriría o Óleo bruto, até a quantidade de apro ximadamente 100.000 barris/dia. O acordo deverá sor assinado em meados de 1976 e o início de funcionamento está previsto para 1981. Ambos os empreendimentos representam um movimento de integração tardia para a Uu Pont, que está sentindo a pressão de ter que depender de outros para a maioria de suas matérias-primas. Mais de 70% de tudo que a Du Pont produz provem do gás natural ou do óleo bruto.
ESTADOS UNIDOS:- TECIDO ANTIFRICÇÀO:
PNEUS SEM GA MARAS DE AR — Os modernos pneus sem camara de ar significam ve locidade e completa aderência ao solo. Eles resistem às depressões no solo, a engarrafamentos nas rodovias e apresentam um suave desempe nho em freadas em linhas reta — tudo isso com muito maior segurança para os consumidores do que os pneus com camara de ar jamais ofere ceram. Porém, não sem os produtos têxtes — especialmente o tecido antifricção. Pois, quando os pneus sem camara de ar foram lançados no mercado, pela primeira vez, eles possuiam uma falha inerente — vaza vam. O ar saia onde a borracha sobre a matriz de reforço (a antifricção) encontrava o aço do aro da roda. Um tecido antifricção deve ser resisten te e flexível, capaz de suportar a fricção e o calor. Entretanto, enquanto essas qualidades são importantes, uma é essencial: um tecido antifricção para pneu sem camara deve conter o ar sem nenhum vazamento. Ana lisando esse problema, na década de 50, os cientistas das indústrias Bur lington reconheceram a necessidade de um tecido antifricção de filamento (o algodão era utilizado em pneus com camara de ar, mas, naquela época', ninguém sabia como utilizá-lo em pneus sem camara. Atualmente, já pode ser fabricado um tecido antifricção de algodão que resiste aos vazamentos). “O algodão não era adequado naquela época, porque sabíamos que seria difícil evitar vazamentos de ar com o algodão”, explica Clifton H. Kar- nes, diretor de tecnologia têxtil da Burlington americana; “acreditavamos que 0 filamento de rayon oferecia a melhor base”. Mesmo 'assim, rayon apresentava problemas. Um desses problemas a ser resolvido era sua aderencia aos compostos de borracha com os quais ele era recoberto. Poiem, para um pneu^ camara, o problema crucial ainda era desenvol ver um tecido antifricção que não permitisse vazamentos de ar entre os filamentos de uma estrutura tecida”. Por volta de 1955 foi inventado um método de teste para a medição dos vazamentos provenientes do tecido antifncçao. Para a Burlington, essa inovação forneceu à companhia um mercado a mais para ser penetrado. ““ volvemos com o rayon, como uma base o
Desde o momento em que nos en... - para o tecido antifricção, trans- portamo-nos para uma Imha de produtos muito mais ampla para a in dústria de borracha”, diz Wayne Johnson, vice-presidente do grupo. “Por exemplo, deixamos o rayon pelo nylon e devotamos mais tempo ao nylon do que ao rayon”. Para os motoristas, uma vez que há menos fric ção e consequente formação de calor nos pneus sem camara, essa ino vação permite uma maior segurança e uma vida mais longa para o pneu. o
INGLATERRA:- SOLVAY E LAPORTE INDUSTRIES
— A gigan tesca companhia petroquímica da Bélgica espera elevar seu nível de par ticipação na Laporte, do Reino Unido, para, evèntualmente, 25%. Essas duas companhias já são associadas através da Interox, um empreendimen to conjunto estabelecido em 1970. A Interox, que conta com tecnologia de ambos os sócios, opera no campo da química de oxigênio ativo. A compa nhia possui, também, fábricas na Europa Ocidental e outras localidades, as quais produzem peróxido de hidrogênio, perborato e percai-bonato de sódio, persulfatos inorgânicos e peróxidos orgânicos.
BIBLIOGRAFIA
HISTORIA DE D. PEDRO II
NÀO cremos que seja fortuita a evocação do Império e a in sistência com que se faz refe rencia ao Poder Moderador, em torno do qual têm sido lança das idéias varias. A crise das insti tuições políticas, que é evidente, e que tanto preocupa homens públi cos e estudiosos do problema polí tico brasileiro, faz com que, natural mente, 0 pensador, o cientista polí tico, o historiador, evoquem o perío do durante o qual o Brasil se proje tou no mundo, institucionalizouum regime e deu exemplo de notável grandeza civica. O Império veio, naturalmente, no Brasil, como a re publica se implantou nos Estados Unidos. Quem conhece a bibliogra fia sobre a fundação dos Estados Unidos, sabe que os Pais Fundado res debateram, exaustivamente, a forma de governo a ser adotada com a independencia. Como estavam em polgados pelos preconceitos contra o rei Charles III, da Inglaterra, e as idéias dos puritanos de Cromwell haviam florescido no ambiente ame ricano, propicio a novidades, não qui seram' adotar o sistema monárquico embora Hamilton defendesse a te se do presidente vitalício. Prevale ceu, no entanto, a presidência tem porária, tendo se fixado em quatro anos com direito à reeleição o man dato dos titulares da presidência. Elsta foi uma instituição original ame ricana.
Os Pais Fundadores introduziram numa das três formas de governo
de Aristóteles — a democracia — o instituto da presidência, até então inédito. Segundo Harold J. Laski, que, em The American Democrae “The American Presiden- cracy cy” estudou em profundidade o as sunto, a presidência dos Estados Unidos é tipicamente americana, americanos e que criada para os nunca deveria ulti*apassar suas fron teiras. A independencia dos Estados Unidos, em 1776, teve, no entanto, só influen- força impetuosa, e, nao colonias luso-espanholas do ciou as Novo Mundo, como, também, com a exceção do'Brasil, influenciou a ado ção da forma de governo. Do_ Méxi co à Argentina, a America inteira adotou o presidencialismo. Os ricanos tinham interesse na expor tação de seu regime, como nunca es.conderam seu interesse em manter enfraquecida a America luso-hispanofone, ao menos durante o século passado. Bolivar e Belgrano não America presidencialista Estados Unidos, mas, não ame' queriam a como Os obstante todo o prestigio que posforam vencidos pelos aconte- suiam cimentos. A America acabou ado tando o modelo americano, e com êle ficou. Uma única exceção, pois México de Iturbe e de Maximi- 0 liano não devem ser considerados, o Brasil se imporia pela exemplaridade de suas instituições, sobretudo de-
pois do agitadíssimo periodo regencial, com o Segundo Reinado, verdadeíramente um caso de alta signi ficação politica, cotejado que seja com qualquer outro país. Historiadores menos profundos, estudiosos não de todo libertos de preconceitos, dissociam a instituição ●da pessoa, isto é, a monarquia- do monarca, no que incidem em erro lamentável. Foi grande Dom Pedro II porque as instituições lhe pro porcionaram condições para fazer bom governo. Só se pode eí-tudar o imperador vinculado ao Império, o regime ao monarca. O exercicio do Poder Moderador, que os liberais ■combateram, mas os conservadores — do partido fundado pelo grande ■Bernardo Pereira de Vasconcellos, — defenderam, com raro tino e sa bedoria política, foi, por excelencia a instituição que garantiu o admirá vel funcionamento do sistema politico brasileiro, no estagio cultural, economico e social em que se encon trava 0 Brasil. No tempo, acusaram ●q imperador de usar e abusar do po der pessoal. Dom Pedro II nunca abusou do poder pessoal; usou-o, pois todo o poder é pessoal, e quan do deixa de sê-lo seu detentor é ape nas decorativo. Suprapartidar'o, ar bitrai no contexto das instituições políticas, sociais e econômicas do país, o imperador exercia o Poder Moderador para acompanhar o mo vimento da opinião publica, suas in clinações e suas preferencias, ainda ●que se. considere hoje, à distancia, como fraca, a opinião publica da ●época. Era a que tínhamos, e ela pesou, e muito, tanto que se fez a .guerra do Paraguai, teve lugar a
Questão Religiosa, a Abolição mobi lizou a consciência nacional, e, íinalmente, uma parcela de povo do Rio de Janeiro deu vivas à Republi ca em 15 de Novembro. Tão sabio foi o Poder Moderador, que se
lamenta sua extinção, emboestudiosos do assun- ra nao poucos to o separem da pessoa, procurando derivada de adota-lo, ter eficauma forma para que. ele volte a quadro das nossas insti tuições políticas. Não entramos no assunto, neste momento. O que nos interessa é focalizar a grande figude D. Pedro II através de seu eminente biógrafo, o historiador Pedro Calmon (Historia de D. Pedro cacia no ra II, Livraria José Olimpio Editora, Rio, 1975, 2.000 paginas). Na nume rosa bibliografia de D. Pedro Jl, avultava a obra de Heitor Lyra, por todos os títulos magistral. Agora, te mos o alentado e notável estudo do historiador Pedro Calmon. O histo riador do “Rei Filosofo” já havia demonstrado sua simpatia intelec tual pelo grande monarca do Segun do Reinado. Trabalhou quinze anos, e deu às letras históricas e políticas brasileiras uma obra que segundo Tristão de Athayde já é classica. Di ficilmente havería no Brasil quem produzisse obra semelhante, com a riqueza de detalhes, com a objetivi dade histórica, com a abundancia verdadeiramente opulenta de notas, em grande parte inéditas, com as quais 0 autor a recheou.
O historiador e acadêmico Pedro biografia Calmon com paixão de amoroso. Ninguém escolhe uma figura para biografar, se não tiver por ela alguma afinidaescreveu essa
com o espírito do século em que viveu.
Aberto às conquistas da ciência e da técnica, procurou o convivio dos sábios de seu tempo. Foi, nesse as pecto, também, um típico exemplar humano e cultural do século XIX. Gi*aças à sua altíssima noção de de ver de chefe de Estado, D. Pedro II combinou a socio-psicolpgia do po vo brasileiro, herdeiro da socio-psicologia do português, com as aspira ções de seu século, e fez do Brasil uma nação da mais alta respeitabi lidade.
Teve problemas o Império, sem duvida. Estão na história de Pedro Calmon. Mas as instituições impe riais permitiam que fossem resolvi dos, segundo os interesses públicos.
A Republica não veio, portanto, co mo a consequência de irresistível preferencia nacional, mas de causas atuaram, num determinado molavel, como, monumento grande figura de chefe de Estado, que esteve no poder, no Brasil, du rante quarenta e nove anos, portan to, num dos mais longos go-vernos da história.
Não deixa Pedro Calmon, grande historiador, de aproveitar, também, a “petite histoire”, porquanto, não raro, ela esclarece a história propria mente dita. Não deixa, contudo, da primeira à última página, de ser grandioso, e de mostrar, como se es tivéssemos diante de uma tela gi gantesca em “scope”, a ação do segundo imperador, seu entranhado amor ao Brasil, sua preocupação com os problemas nacionais, sua correção moral, sua dignidade, o res peito às liberdades, o sobranceiro conceito em que tinha a pessoa hu mana e os deveres de seu oficio. Mo narca liberal, mas envolvido pelos ventos românticos, D. Pedro foi um dos espécimens de grandeza de alma, de identificação do carater com suas tendências políticas, de afinidade
' de, se não a admirar, ao menos em alguns dos aspectos de sua persona lidade. Desde “O Rei Filosofo" já sabíamos dessa inclinação do his toriador Pedro Calmon pelo grande que j monarca da Ameilca. Agora, na su periormente bem feita biografia que acaba de ser lançada, estudou D. Pedro II, amplamente, como pesimperador. Dono de esl 1. soa e como tilo literário admiravel, pela beleza da frase, pelo seu corte elegante, pe lo respeito aos cânones da língua, o historiador e acadêmico Pedro Cal mon não só acrescenta à sua riquís sima bibliografia uma obra iniguatambém, edifica um histórico-literário à f
que mento, e que a levaram ao poder. 1 Nem por não ter provocado reações, coincidiu a queda do Império com a opinião publica. Sabemos como se passam as revoluções no Brasil, em geral sem comoção. Já estudamos o assunto em livro e não voltamos a ele. D. Pedro era amado dó povo, e o próprio Deodoro não queria derruba-lo. Mas a história é o passaao para sempre imóvel.
Não adianta, agora, argumentar com suposições. Do grande monarque teve na França homenagens póstumas tão grandes ccmo as que foram tributadas a Victor Hugo, nof
ca, í,i
tadamente pela massa popular, ficou o exemplo excepcional de um chefe de Estado como poucos houve em seu tempo. O Brasil pode se orgu lhar dele. A biografia que nos deu imperador
o historiador Pedro Calmon íaz-lhe justiça, a justiça que sempre esperou, com a qual sempre contou.
João de Scanlimburgo
WEYERHAEUSER PREPARA-SE PARA EX- ESTADOS UNIDOS;-
PANSÀO A indústria de produtos florestais — e particularmente seu setor de fabricação de papel — é notória por apresentar um instinto de de capitais. Quando os tempos são favoráveis, como agrupar-se na expansao agora um fabricante de papel tradicionalmente segue o outro na constru ção de novas instalações. Inevitavelmente, desenvolve-se uma super ca pacidade, os preços enfraquecem e o que foi um regozijo para a indústria calamidade. Até recentemente, as companhias do papel retrairam-se com relação ao lançamento de mais uma expansão. Agora, poa Weyerhaeuser Co., dos Estados Unidos, ou seja; a mais lucrativa
torna-se uma rem do ramo, lançou um programa de três anos com um gasto de capital, como jamais havia sido feito na indústria, de 2 bilhões de dólares. E, há indícios de que a competição já está começando a acompanhá-la através de outros modestos programas de expansão. Assim, os fabricantes de papel, e, com menor intensidade, os fabricantes de produtos de madeira já estão esbo çando, pelo menos, um mini-boom nos gastos de capital. A questão é se o padrão cíclico repetir-se-á como das outras vezes. A Weyerhaeuser já antevê sólidos e crescentes mercados mundiais para sua mescla de madeira
serrada, madeira compensada, papelão para containers, papel e produtos afins. Ela está disposta a apostar que os preços serão suficientemente altos gerar uma taxa de retorno aceitável, quando as novas fábricas de madeira serrada, papel e polpa iniciarem suas operações, sendo que algumas delas só terão início dentro de 3 anos ou mais. Em 1980, segundo expectativas da companhia, a demanda para os produtos baseados em polpa crescerá 38% Estados Unidos, 54% na Europa e 96% no Japão. Entretanto, como parte de uma expansão que prevê a construção de fábricas de produção, novas ou para substituição, a Weyerhaeuser iniciará, neste outono, a cons trução da maior fábrica da companhia, em Columbus, uma fábrica de pa pelão para containers de 213 milhões de dólares e com uma capacidade diária de 2.000 toneladas. Isso acrescentará 65% à capacidade de papelão para containers da Weyerhaeuser. A companhia também está aumentando sua capacidade de papel fino em 50%, de madeira em 40%, de madeira compensada e folhada em 13% e de painéis de partículas de papelão em para nos 81%.
INTERNACIONAL:- MAIS PROTEÍNAS — Muito em breve as pes soas estarão se alimentando de carnes, biscoitos, etc., derivados de novas fontes de proteína. Os desenvolvimentos comerciais começaram a surgir rapidamente e em grande número, logo após as previsões de que as ne cessidades mundiais de proteína deverão duplicar dentro de 25 anos, -e que haverá uma escassez contínua e aumentos nos preços da soja e do farelo de peixe, duas das principais fontes de proteína dos dias de hoje. Uma das mais recentes empresas a ingressar no ramo das proteínas e a Amoco Foods, que está planejando a construção da primeira fábrica no mundo para a produção de levedura de tórula a partir de álcool etílico alimentício. Essa fábrica assinalará também um desvio das tendências que estão sendo atualmente desenvolvidas, pois o produto destina-s^ especificamente, ao consumo humano, ao invés do consumo animal. O produto foi testado, em pequena escala, em alguns produtos de confei taria, patês de carne e salsichas. Além disso, o grupo de pesquisas a Amoco fará experiências com diversas maneiras que façarn com que a levedura se torne mais suave e amplie suas propriedades funcionais ae maneira que possa ser utilizada numa maior variedade de alimentos, u mercado mundial de proteínas para o consumo humano foi ava la o 140 milhões de toneladas no ano 2.000. E essa necessidade devera ser am plamente suprida a partir de quatro fontes principais: proteína ae to lhas, farelo de peixe, farelo de sementes oleaginosas (pnncipaimenie soja) e proteínas de célula única. Os trabalhos, para aumentar a pr ção de proteínas a partir de uma grande variedade de fontes, ta to p o consumo humano quanto para o animal, já estão bem adianiaaos.
estados UNIDOS:- INDÚSTRIAS ,DE FIBRAS EM RECUPERAÇaO
— Segundo os analistas da Arthur D. Little Inc. de Cambridge, chussetts, a demanda, que está se tornando cada vez maior, ira or^ar significativamente as margens de lucro dos fabricantes de fibras arti iciadurante 1976 e 1977 especialmente para os produtores de fibras sintéticas. As vendas de fibras artificiais por produtores americanos aüngirao, pro vavelmente, um recorde de 9 bilhões de libra/ano, em 1977 u trapassan do a capacidade em algumas variedades. O crescimento do mercado ameri cano de fibras artificiais, contudo, será bem mais modesto no período 19 í 61980, em relação aos últimos cinco anos. O diretor do estudo da Little diz fins de 19'^4 e início de 1975 foi, que a dramática queda da indústria em basicamente, um ajuste de inventário por parte das firmas que produzem ou vendem produtos à base de fibra, ao invés de uma redução na demanda de produtos pelo consumidor final {que responde por 80% do consumo de fibras). Os aumentos projetados do Produto Interno Bruto e gastos com consumo pessoal apontam para a continuação do fortalecimento nOs mer cados consumidores.
BRASIL:- AMEAÇA A PROJETO NACIONAL DE TDI — A decisão da Dupont de reduzir seus investimentos no Brasil, de acordo com uma determinação da sua matriz para todo o mundo, está causando pro- ^ blemas especialmente em dois projetos: a Salgema (Alagoas) e a Isocianatos (Camaçari, Bahia). Em ambos os casos aquele grupo recusa-se a acompanhar as elevações de custo dos projetos, mantendo seu reduzido investimento inicial, que assim se limita muito por baixo no que diz res peito ao total dos empreendimentos. Como os dois projetos são de ver dadeiro interesse nacional, a solução é o aumento dos capitais nacionais participantes dos projetos, já majoritários, cuja predominância é da subsi diária da Petrobrás, a Petroquisa. A interyençâo do BNDE, ao que tudo indica poderá conduzir a uma solução feliz, sem prejuizo para a inicia tiva privada. No caso da Isocianatos que produzirá TDI no Polo Petroquí mico da Bahia, surgiu, repentinamente, uma diüculdade; a Bayer está tentando ver aprovado um projeto seu, no sentido de produzir matéria- prima para produção própria de TDI. Como o mercado do TDI é limita do, se o projeto da Bayer for aprovado, o da Isocianato não terá razão de ser. E a Isocianatos, cujas obras estão adiantadas, prevê um investimento de US$ 120 milhões, quase totalmente a cai-go do Grupo Mariani e da Petroquisa. O assunto vem sendo tratado como se o projeto da Isociana tos fosse da Dupont. Mas esta não tem no projeto mais de USS milhões. O projeto está sendo realizado, na realidade, por capitais nacionais, que se sentem seriamente ameaçados pela multinacional Bayer. O assunto continua em estudos.
SUÉCIA:- ALUMÍNIO PARA ABSORVER A ÁGUA DOS ROTO
RES — A AB Svenska Flaektfabriken da Suécia desenvolveu uma técni ca, através da qual o alumínio tratato pode absorver a água sobre perflcie dos rotores utilizados num ventilador. O tratamento químico não revelado pela Svenska, permite à companhia eliminar os revestimentos de amianto utilizados anteriormente (evitando assim que as fibras carcinógenas do amianto se espalhem no ar) e ainda chegar a até 85% de absorção de umidade a temperaturas ambientes. Numa aplicaçao conven cional, o ventilador faz a permuta do calor e da umidade, provenientes da exaustão quente, com o ar frio e seco de entrada. Os rotores giram a uma taxa de 10 rpm, permutando calor e umidade a cada revolução. Se gundo a companhia, a superfície de alumínio pode absorver e liberar umidade em 3 segundos. A capacidade é aumentada ao máximo median te a interposição de camadas corrugadas de alumínio tratado e chapas lisas para completar a construção do rotor. Os rotores têm cerca de 15 polegadas de profundidade. Segundo a companhia, o dispositivo perma nece em funcionamento enquanto a umidade relativa do ar de exaustão estiver acima de 30%. a su%