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Jacques Fux
a cabala, o caso dreyFus e o caçador no Filme bastardos inglórios
Parceria Devarim-Hillel publica textos
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A abordagem pluralista do judaísmo aproximou naturalmente a revista Devarim da ARI do Hillel Rio de Janeiro. O Hillel é uma organização presente em diversos países do mundo, que tem por objetivo incentivar e celebrar a identidade judaica dos jovens em idade universitária. Mas o Hillel é muito mais do que isto: a valorização da atividade intelectual, os debates e a vivência judaica marcam sua atuação em todo o mundo – e resultaram numa parceria pela qual, a partir deste número, a Devarim passará a contar em cada edição com um texto elaborado por um membro do Hillel.
jacques Fux
Em 2009, Quentin Tarantino lança mais um de seus filmes: Inglourius Basterds (Bastardos Inglórios) que gira em torno de um grupo de extermínio judeu que tem o intuito de amedrontar os nazistas. Este grupo chamado de Bastardos Inglórios é formado por oito judeus que têm como objetivo “escalpelar cem nazistas ou morrer tentando” (Tarantino, 24min11s2009).
A ficção de Tarantino envereda por dois caminhos diferentes que se cruzam: de um lado, o grupo de extermínio judeu que busca aniquilar o maior número de nazistas possível e, do outro, Shoshana Dreyfus, única sobrevivente de uma chacina executada pelos nazistas em terras francesas e que encontra uma possibilidade de vingança, tema muito trabalhado por Tarantino em suas obras, sobretudo em Kill Bill I (2003) e II (2004). Inúmeras interpretações e relações podem ser traçadas a partir deste filme, entretanto focarei neste artigo apenas no mito do Golem e no Caso Dreyfus, além de comparar o caçador de judeus que aparece no filme (Hans Landa) com o “caçador de nazistas” (Simon Wiesenthal).
O Golem e a Cabala
O Golem designa algo imperfeito, uma matéria disforme. Antes do sopro de seu criador, não tinha vida e, mesmo após adquirir vida, continua sendo um ser desajeitado, idiota, autômato legendário, como vemos em definições do vocábulo Golem.
No gueto de Praga, os judeus estavam sendo saqueados e mortos, e o rabino Judá Loew (1529-1609), matemático, cabalista e talmudista, moldou
O cemitério judaico de Praga, onde está enterrado o Rabino Judá Loew, criador da lenda do Golem; por falta de espaço, as lápides foram sobrepostas umas às outras.
em argila um grande boneco com forma humana. Escreveu na testa do boneco a palavra emet, que significa verdade. A partir de então, o boneco de argila tornou-se vivo e saiu do gueto para atacar os agressores dos judeus. Após resolver o problema, o Golem quer continuar vivo; porém, deve ser destruído, o que acontece somente se for apagada a primeira letra da palavra emet. Desaparecendo essa letra, forma-se a palavra met, que significa “morto” em hebraico. Esse jogo com as letras e as palavras, bem como o poder da combinação de letras hebraicas, identificam a ideia da criação e seu caráter imperfeito, uma vez que o Golem é um monstro um pouco “idiota”, indicando que a monstruosa criatura construída pelo homem, que é incapaz de criar vida, torna-se um erro já em sua concepção.
A manipulação de letras e a relação com os números que podem criar e destruir mundos é uma das ideias centrais da Cabala. A Cabala (recepção) é uma tradição esotérica do judaísmo, na qual todas as letras do alfabeto têm um valor numérico1 e sua combinação é capaz de criar e destruir.
A Cabala pode ser considerada, num contexto literário, como uma teoria da escrita e da interpretação, uma encarnação do desejo da diferença, em que interpretar significa revisar e defender contra outras influências. De acordo com Harold Bloom, a lição que a Cabala pode dar à interpretação contemporânea é que o significado dos textos tardios é sempre errante, como os judeus.
Tarantino utiliza a possibilidade da existência de um Golem em seu personagem The Bear Jew (O Urso Judeu), representado pelo Sargento Donny Donowitz e interpretado pelo ator Eli Roth. Este personagem é central para a trama do filme: a crueldade dos bastardos com os nazistas começa a se espalhar e um dos responsáveis por essa barbárie é o próprio Bear Jew. Com um taco de beisebol e um olhar profundo, talvez sem alma, o sargento Donny Donowitz “esmaga o cérebro dos nazistas”. A possível relação do The Bear Jew com o Golem é construída no diálogo de Hitler com o General Frank:
Adolf Hitler: Nein, nein, nein, nein, nein, nein! Quanto mais terei que aturar desses porcos judeus? Abatem meus homens feito moscas. Sabem o novo boato que espalharam para provocar pânico? Que golpeiam meus rapazes com um bastão. Que o homem a quem chamam de “Urso Judeu” é um Golem.
General Frank: Mein Fuhrer, isso é só mexerico de soldado. Ninguém acredita que o “Urso Judeu” seja um Golem.
Adolf Hitler: Por que não? Eles escapam de serem pegos como aparições. Eles aparecem e desaparecem quando querem. Vocês querem provar que eles são de carne e osso? Então tragam-nos a mim! Vou pendurá-los nus, pelos calcanhares, na Torre Eiffel! E depois jogar os corpos deles nos esgotos para os
ratos de Paris se banquetearem (Tarantino, 24min14s, 2009).
Nesse trecho percebemos a presença de alguns conceitos relativos à Cabala e ao Golem. Mesmo sendo um conhecimento místico, a menção da existência de um sargento que “golpeia feito mosca” os nazistas e que “escapam de serem pegos como aparições” coloca em foco as crendices populares. Aqui o Golem de Tarantino teria sido criado para espalhar o medo e o pavor dos carrascos judeus. Não tem o intuito de proteger, como sua concepção cabalística, mas de exterminar o maior número de nazistas possível.
Além disso, assim como um Golem cabalístico, o Urso Judeu construído por Tarantino não tem questionamentos existenciais e nem é capaz de reflexões mais profundas. É um ser concebido para um propósito específico que, no caso do filme, é matar e causar medo. O personagem de Eli Roth encarna muito bem o papel de um “idiota” muito forte e aterrorizador que vibra e entra em transe quando golpeia e esmaga o cérebro dos nazistas. Esse transe também é muito bem retratado na cena final do filme em que ele despeja centenas de tiros na cabeça de Hitler quando o encontram no cinema durante a exibição do filme de Goebbels.
Outra relação que podemos construir do filme com o Golem é o fato do Tenente Aldo Raine, interpretado por Brad Pitt, marcar a testa dos nazistas que não são mortos com uma suástica:
Aldo Raine: Agora que sobreviveu à guerra o que fará quando chegar em casa?
Soldado Nazista: Vou abraçar minha mãe como nunca abracei.
Aldo Raine: Que lindo! Pergunte se ele vai tirar o uniforme.
Soldado Nazista: Vou tirá-lo e pretendo queimá-lo.
Aldo Raine: Foi o que pensamos. Não gostamos disso. Gostamos de nazistas de uniformes para identificá-los. De imediato. Mas se tiram o uniforme, ninguém saberá que são nazistas. E não gostamos nada disso. Então lhe darei uma coisa para não tirar mais (Tarantino, 36min40s, 2009).
Tarantino utiliza a Como visto, o processo de dar vida possibilidade da existência de um Golem ao Golem inclui a necessidade de se escrever em sua testa a palavra emet (verdade). A verdade colocada aqui pelo Teem seu personagem nente Aldo Raine é que uma vez nazista,
The Bear Jew (O Urso nazista para sempre. A identificação de
Judeu), representado um nazista é necessária, é a verdade únipelo Sargento Donny ca. Por isso a marcação na testa dos nazistas com a suástica, seu símbolo máximo. Donowitz e interpretado por Eli Roth, O Caso Dreyfus personagem central para a trama do filme: a Em 1984, Alfred Dreyfus, um oficial crueldade dos bastardos judeu do Estado-Maior francês foi acusado e condenado por alta espionagem em com os nazistas começa favor da Alemanha. O caso repercutiu a se espalhar e um dos muito devido a inúmeras falhas no proresponsáveis por essa cesso e pelo fato de Alfred Dreyfus ser o barbárie é o próprio Bear Jew. único judeu com cargo de oficial do exército francês. O julgamento foi realizado a portas fechadas e o veredito, unânime, foi a deportação perpétua para a Ilha do Diabo. Após diversas revisões e discussões, o processo tomou uma direção racista: de um lado os que estavam a favor da justiça e do outro, os que manifestavam abertamente seu antissemitismo e pregavam a mort aux juifs, independentemente da culpa ou inocência de Dreyfus. Dos partidários da justiça, o mais importante foi Emile Zola que escreveu o famoso “J’accuse”, carta endereçada ao presidente da República da França e que foi severamente punido sendo obrigado a se refugiar na Inglaterra para fugir da prisão. A questão principal do Caso Dreyfus é bem descrita por Hannah Arendt: “O caso do infeliz capitão Dreyfus havia mostrado ao mundo que, em cada judeu, mesmo o nobre e o multimilionário, havia ainda algo do antigo pária que não tem nação, para quem os direitos humanos não existem e de quem a sociedade teria prazer de retirar os seus privilégios” (Arendt, 1975, p. 166). “Os judeus em sua diáspora estavam ameaçados. Encontravam-se num processo grande de integração e durante o processo falharam “por não enxergarem que se tratava de uma organizada luta política contra eles” (Arendt, 1975, p. 167). Nunca puderam compreender que o que estava em jogo no processo Dreyfus era muito mais que o simples status

Detalhe do relógio astronômico na cidade de Praga, República Checa.
social, pois não se tratava de algo mais que um mero antissemitismo social. Começava aí o jogo de poder na Europa que culminaria com o extermínio em massa de judeus na 2ª Guerra Mundial.
Theodor Herzl, um dos fundadores do Sionismo, foi o jornalista de um jornal austro-húngaro responsável pela cobertura do processo e ficou abismado pela grande onda antissemita francesa que ocorreu durante o julgamento. A partir de suas reflexões e observações, Herzl se deu conta de que nem a integração às culturas aparentemente “superiores” seria capaz de livrar os judeus da discriminação. Em 1895 escreve sua principal obra Der Judenstaat – Versuch Einer Modernen Lösung der Judenfrage (O Estado Judeu – Uma Solução Moderna para a Questão Judaica), na qual discorre sobre a necessidade de uma reconstrução da soberania nacional dos judeus da diáspora em um Estado próprio.
A questão que se coloca desde o caso Dreyfus até a criação do Sionismo é que mesmo os judeus estando integrados a determinada cultura e país, mesmo a falta de conhecimento dos próprios judeus em relação às suas crenças e religião, o fato de pertencer ou ter pertencido ao povo judeu ainda despertava a discriminação e o preconceito. O fato de Alfred Dreyfus ter sido condenado por ser judeu mostra que o ideal de justiça naquela época não enquadrava os judeus, que se achavam erroneamente integrados na sociedade em que viviam. O Sionismo foi concebido para que um Estado zelasse pelo bem-estar e segurança desse povo que viveu na diáspora por dois mil anos.
Gershom Scholem, em seu texto “Judeus e Alemães”, mostra as relações do povo judeu com a cultura alemã. Entre 1800 e 1900 os judeus assimilaram os valores alemães, foram entrando cada vez mais na sociedade do país onde viviam, julgando assim que o antissemitismo seria dissipado. Até mesmo a “interminável exigência judaica de um lar transformou-se logo numa ilusão estática de estar em casa” (Scholem, 1994, p. 75). Sentiam-se confortáveis, seguros e em paz no país onde viviam. Porém, Scholem demonstra que tudo isso não passava de uma mera ilusão, que havia em significativa parte dos alemães uma repulsa e um ódio latente. Qual não foi a surpresa de muitos judeus totalmente integrados quando marchavam para a morte nos campos de extermínio, como foi o caso de Otto Lippman, de Hamburgo, “daqueles que até o momento do assassinato clamavam que eram melhores alemães do que aqueles que os estavam conduzindo à morte” (Scholem, 1994, p. 75).
Em Bastardos Inglórios, Tarantino mostra em sua cena inicial o “caçador de judeus”, coronel Hans Landa, bri-


lhantemente interpretado por Christoph Waltz, à procura da família Dreyfus, judeus escondidos numa fazenda francesa. Todos, exceto Shoshana Dreyfus, foram fuzilados pelos nazistas. Shoshana foge e durante anos vive completamente assimilada até adotando um nome francês: Emmanuelle Mimieux. Apesar de nutrir forte ódio aos nazistas, durante o período em que viveu como proprietária de um cinema, integrou-se à sociedade local.
A trama do filme se passa quando Shoshana é assediada por um oficial nazista que propõe a estreia de um filme de Goebbels em seu cinema. Shoshana vê uma oportunidade de se vingar dos nazistas pelo assassinato de sua família e de pôr fim à guerra. Tarantino constrói assim sua versão de luta e vingança dos judeus, especialmente a vingança de Shoshana Dreyfus.
A personagem de Melánie Laurent aceita que a estreia de um filme nazista, com a presença dos mais importantes e poderosos nazistas, aconteça em seu cinema. Mesmo já assimilada à cultura francesa e se escondendo dos caçadores de judeus, Shoshana Dreyfus vê uma oportunidade de vingança contra aqueles que mataram seus pais. O caso Dreyfus é um caso de injustiça promovido pelo Estado francês, mas também mostra a ingenuidade judaica que acreditava estar complemente inserida nos países que habitavam. Muitos desses judeus assimilavam a cultura e a língua das regiões que habitavam e julgavam que seus novos países os protegeriam como cidadãos.
A versão de Tarantino retrata inicialmente a assimilação de Shoshana Dreyfus à cultura francesa e, posteriormente, a possibilidade de vingança, a possibilidade de lutar contra a hegemonia nazista. A concepção do Sionismo é a criação de um Estado forte que protegeria todos os judeus do mundo, além de oferecer uma pátria para eles. O Sionismo é a luta para que pogroms, perseguições e genocídio não possam acontecer novamente. Tarantino elabora seu ‘Sionismo’ de forma sui generis a partir da criação do grupo de extermínio Bastardos Inglórios e com a queima do cinema com todos os nazistas dentro.
Coronel Hans Landa e Simon Wiesenthal
Christoph Waltz assume o papel do “caçador de judeus” com extrema habilidade e complexidade. O Coronel Hans Landa é um nazista poliglota, educado, cruel, versado em diferentes culturas e bastante político. Procura incansavelmente judeus que se escondem e é o responsável pela segurança do cinema onde se pretende fazer a exibição do filme para o alto escalão nazista. Descobre o complô dos Bastardos Inglórios para matar Hitler e, diante da impossibilidade de evitar o assassinato de todos os líderes nazistas, faz um acordo com o tenente Aldo Raine para assegurar sua aposentadoria e sua segurança. No fim do filme, após acordo fechado com o governo aliado, o tenente Aldo Raine encarrega-se de confeccionar pessoalmente a suástica em sua testa, sendo sua masterpiece.
Podemos também construir uma relação especular no sentido borgiano com um dos sobreviventes do Holocausto chamado Simon Wiesenthal, conhecido como o “caçador de nazistas”. Inteligente, versado, ardiloso e complexo, Simon Wiesenthal durante anos perseguiu e deu pistas do paradeiro de nazistas. Um livro recentemente publicado nos Estados Unidos, Wiesenthal – The Life and Legends, afirma que Wiesenthal prestava serviços para o Mossad, fato que muitos desconfiavam, mas que ninguém era capaz de assegurar.
Simon Wiesenthal era um sobrevivente dos campos de extermínio. Segundo afirma Joseph Wechsberg, “ele próprio tinha sido caçado por nazistas e passara por mais de uma dúzia de campos de concentração, na sua pátria, a Polônia, e na Áustria, sobrevivendo a uma série de milagres” (Wiesenthal, 1967, p. 9). Em 1945, após sua libertação, trabalhou como voluntário para o Exército norte-ameri-
cano, ajudando a caçar os criminosos de guerra na Áustria. Em 1947 instala-se em Linz e funda o Centro de Documentação que ajudava os judeus a descobrir o paradeiro de parentes desaparecidos, começando aí o processo de identificação de milhares de criminosos nazistas que haviam fugido. Depois de um período fechado, o Centro de Documentação reabre em 1961 com o objetivo de caçar os nazistas para que seus crimes fossem julgados antes da expiação das leis punitivas.
Assim é descrito por Joseph Wechsberg o temido “caçador de nazistas”:
“Era bem o homem com quem eu falara no telefone, amistoso e animado, mas sem nada que pudesse lembrar alguém que devota as 24 horas de cada dia à descoberta de assassinos foragidos. Ele me disse que emergia de um campo de concentração, ao fim da guerra, com menos de 48 quilos, parecendo um ‘esqueleto com pele sobre os ossos’. Seus olhos são pensativos e, como pude ver depois, podem tornar-se penetrantes. [...] Wiesenthal parece um homem extremamente tranquilo, mas essa aparência calma dissimula uma tensão a custo disciplinada e emoções fortemente recalcadas. Há nele uma inquietação interior, que afeta todos os que o conhecem de perto. Tem sobre os ombros um imenso peso. Pode ser por vezes um ouvinte interessado e silencioso, mas quando começa a falar e se emociona – o que quase sempre acontece – sublinha as palavras com largos movimentos de seus longos braços e os seus olhos brilham como se possuíssem poder hipnótico.” (Wiesenthal, 1967, p. 11).
Podemos facilmente comparar esse perfil, construído por Wechsberg do “caçador de nazistas”, com o perfil construído por Tarantino em seu “caçador de judeus”. Hans Landa também aparentava certa calma e lucidez, grande ironia, mas escondia grande força e determinação para cumprir seus deveres. A cena onde o coronel entrevista a conspiradora Bridget Von Hammersmark, interpretada por Diana Kruger, mostra muito bem a calma, inteligência, tranquilidade e súbita crueldade e determinação com que o coronel Hans Landa resolve o problema.
Simon Wiesenthal, assim como o personagem de Tarantino Hans Landa, era um homem de extrema inteligência, “persuasivo, com uma lógica de ferro e a sabedoria talmúdica de seus antepassados. Uma vez, ele me disse que
A versão de Tarantino um dos seus mais destacados perseguidoretrata inicialmente a assimilação de res germânicos lhe confessara: ‘Você me enganou durante longo tempo, Wiesenthal, por me ter dado a impressão de que
Shoshana Dreyfus era inteiramente inofensivo’. Wiesenthal à cultura francesa riu, explicando que sua aparência inofene, posteriormente, siva foi extremamente útil à perseguição a possibilidade de de criminosos de grande agressividade” (Wiesenthal, 1967, p. 11). Como o pervingança, a possibilidade sonagem de Tarantino, Wiesenthal utide lutar contra a lizou de sua aparente calma, educação e hegemonia nazista. inteligência para a perseguição de alguns nazistas. Assim mostramos algumas relações presentes no filme de Tarantino com alguns fatos literários, históricos e cabalísticos. Desta forma tentamos construir, num plano mais metafórico e inter-referencial, algumas relações presentes na ficção, no cinema, na história e literatura.
Referências
Arendt, Hannah. Origens de totalitarismo. Anti-semitismo, instrumento de poder. Rio de Janeiro, Editora Documentário, 1975. Bastardos Inglórios. Direção: Quentin Tarantino. São Paulo, Universal Pictures, 2009. 1 DVD (153min), son., color., legendado. Bloom, Harold. Cabala e crítica. Rio de Janeiro, Imago, 1991. Kill Bill Vol. 1 & 2. Direção Quentin Tarantino. São Paulo, Miramax Filmes, 2003 & 2004. 2 DVD (110min & 134min) son., color., legendado. Deleuze, Giles. A imagem-tempo Cinema II. São Paulo, Editora Brasiliense, 1990. Scholem, Gershom. A Cabala e seu simbolismo. São Paulo, Perspectiva, 1978. Scholem, Gershom. O Golem, Benjamin, Buber e outros justos. São Paulo, Perspectiva, 1994. Scholem, Gershom. O nome de Deus, a teoria da linguagem e outros estudos de Cabala mística. Judaica II. São Paulo, Perspectiva, 1999. Sosnowski, Saul. Borges e a Cabala: a busca do verbo. São Paulo, Perspectiva, 1991. Wiesenthal, Simon; Wechsberg, Joseph. O caçador de nazistas. Rio de Janeiro, Bloch Editores, 1967.
Notas
1. Por exemplo, o alef (A) = 1, o bet (B) = 2, e assim por diante. Jacques Fux é professor da PUC-MG, doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais e Docteur em langue, littérature et civilisation françaises pela Université Charles-de-Gaulle.
