Deccs Magazine - Patins - Ed N01

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Como você descobriu sua paixão pelo patins e o que te motivou a se tornar um atleta profissional nesse esporte?

Parabéns pelo projeto da revista! Acompanho há um tempo e achei ótimo quando saiu a edição com bike, skate, patins e scooter juntos. Sempre quis fazer algo assim, unindo todos os esportes radicais! Mas vamos lá... hehe. Tive meu primeiro contato com o patins na escola, na segunda oportunidade que tive de fazer a 5ª série. Na época, não tinha patins, mas um colega de classe me emprestava um rollerblade. Valeu, Aurélinho (R.I.P). Assim, fui nos rolês com eles primeiro, até comprar o meu primeiro par quando comecei a trabalhar na loja de Frutas do Japoneis - Douglinha (R.I.P). Nesse meio tempo, minha mãe chegou a comprar um também, mas não durou muito por conta da qualidade, mas foi um incentivo também! Acredito que esse apoio fez parte da motivação para seguir patinando.

Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao longo de sua jornada como atleta profissional de patins e como você os superou?

Meu principal desafio, na realidade, foi participar de um campeonato de rua na categoria profissional sem realmente ser um profissional ainda. Já tinha corrido alguns ASA em pista, mas era amador. Por ter sido meio desafiado e por ser um dos primeiros no formato seguindo uma linha IMYTA da época, decidi correr junto com os caras com quem andava na rua e acabei ganhando! O evento foi em Barueri, realizado pela BIS na época. Depois desse, fiquei sempre entre os primeiros nos eventos nesse formato chamado "REAL STREET", onde o desafio era sempre mandar as melhores manobras, o famoso "BEST TRICK".

Quais são os lugares mais extraordinários que você já teve a oportunidade de explorar e praticar patins?

Existe algum local em particular que você sonha em conhecer e andar de patins?

O role mais incrível foi num X Games que aconteceu no Rio. Ter ganhado o evento de Barueri em 2002 me rendeu um convite para a lista de espera, e tive a oportunidade de andar numa pista perfeita na época. Outro momento memorável foi uma viagem para Floripa, onde desvendamos uns picos de rua e saíram manobras muito legais também. O sonho é descer algum corrimão de algum vídeo gringo que já vi, mas ainda tem uns que não desci aqui na minha cidade (JundiaíSP) que também vão satisfazer minha vontade.

Você já participou de competições ou eventos relacionados ao patins? Se sim, poderia contar-nos sobre alguma experiência marcante?

Sim, já contei sobre algumas nas perguntas anteriores, mas além de ter participado como atleta, também ajudei na organização de eventos.

Fizemos 4 edições do JUNDIAI RADICAL e atualmente sou juiz nos principais eventos. Ah, posso lembrar que ainda quero ir no NISS, um evento incrível que acontece no Nordeste.

Além das manobras mais técnicas, qual é a manobra que você considera a mais emocionante e que proporciona uma experiência única ao praticar patins?

Para mim, as manobras mais incríveis são os desasters, pois sempre precisa estar no gás para chegar no início do grind e descer qualquer corrimão de queda. Independente da manobra, é essencial ter estilo.

Como você equilibra a pressão de competir em eventos de alto nível com a necessidade de se divertir e manter a paixão pelo patins?

Confesso que em eventos de linha no park nunca cheguei a ter equilíbrio quando era linha, nos de rua sempre foi em outro nível. A concentração era de forma diferente, então as manobras saíam mais na adrenalina mesmo.

Quais são os principais patrocinadores e apoios que têm contribuído para o seu desenvolvimento como atleta profissional de patins? Como essa parceria tem impactado sua carreira?

Nunca tive nenhum patrocinador na época no patins; isso era meio fora de cogitação. No meu entender, o patrocínio paga tudo e usa as imagens para vender. O patrocinador, no meu caso, era o Patrick, que muitas vezes bancava o gás para chegar nos picos.

WILSONDELVECHIO

INSTAGRAM: @W.A.G.D.F

[02] - DECCS MAGAZINE ABERTURA - pro
40 ANOS, 23 ANOS DE PATINS, JUNDIAI – (SP)

FOTOGRAFO: JOYCE GRISOTTO - @JOYCEGRISOTTO MANOBRA: FS ROYAL

Como a sua família tem sido um suporte para você durante sua carreira no patins? Eles sempre acreditaram no seu potencial desde o início?

Essa parte já passou. A família sempre se preocupa mais com os machucados, mas eu curti ganhar dinheiro e poder chegar junto em algo falando que tinha vindo do patins.

Além do patins, quais outras atividades ou esportes você pratica para aprimorar suas habilidades e complementar seu desempenho no patins?

Ando de bike, skate... me envolvo em tudo que é radical também.

Qual foi o momento mais gratificante da sua carreira até agora?

Existe alguma conquista em particular que você considera como um marco na sua trajetória como atleta profissional de patins? Com certeza, o da BIS em Barueri em 2002. Mandei manobras que nunca tinha feito antes e algumas nunca mais fiz também.

Quais são seus planos e metas futuras como atleta profissional de patins? Existem competições específicas que você deseja participar ou conquistas que você ainda busca alcançar?

Preciso ganhar algum campeonato OLDSCHOOL agora.

Como você lida com a adversidade e os obstáculos durante os treinamentos e competições? Existe alguma estratégia mental que você utiliza para se manter focado e superar os desafios? Essa parte do profissional foi mais for fun. Superei essa parte fazendo uma marca e apoiando eventos e atletas.

Como você vê o futuro do esporte de patins profissionalmente? Quais são as oportunidades e tendências que você enxerga para o crescimento e reconhecimento do esporte?

O futuro do esporte hoje vai depender também das leis de incentivo ou algum evento tipo XGAMES, FISE, com o intuito de realmente ter visibilidade e atrair grandes patrocinadores. Tem rolado também eventos de Federações e Confederações, mas tudo ainda está meio no começo.

Quais conselhos você daria para jovens aspirantes a atletas profissionais de patins que desejam seguir seus passos? Quais são os aspectos fundamentais para se destacar nesse esporte?

O conselho que quero dar aos atletas é sempre tentar algo extraordinário. Se estiverem pensando em competir, é essencial traçar uma boa estratégia hoje em dia, encaixando as manobras mais técnicas e fluidez no rolê, sempre arriscando alguma que possa fazer a diferença (dizendo como Juiz).

Como você encontra o equilíbrio entre sua vida pessoal e a carreira no patins? Como você se dedica aos treinamentos intensos, viagens e competições, ao mesmo tempo em que mantém relacionamentos saudáveis e tempo para si mesmo? Estou tentando encontrar o equilíbrio fazendo a minha marca e apoiando os eventos, mas ainda estou desequilibrado.

Quais são seus planos e ambições para o futuro como atleta profissional de patins? Existe algum projeto especial em que você esteja trabalhando atualmente?

O foco hoje é fazer a minha marca fluir mais e continuar como juiz nos eventos, além de fazer algum evento também.

Por fim, qual mensagem você gostaria de transmitir para seus fãs e para aqueles que se inspiram em sua jornada como atleta profissional de patins?

Foi incrível quando descobri que tinha alguns admiradores. Não digo fãs, mas já escutei que quando viram eu no vídeo do campeonato que ganhei, me inspirei, e quem foi no evento também lembra até hoje. Realmente foi épico. Sucesso para a revista também! É essencial existir esse canal para até criar sonhos de estar nela. Acho que vamos ter que fazer outra entrevista voltada para um ex-atleta... Queria falar mais sobre a minha marca também e o que ela já ajudou na cena... mas valeu.

Obrigado pela oportunidade!

DECCS MAGAZINE - [03]

ENTREVISTA PRINCIPAL - CAPA

CJ CARVAJAL

FOTÓGRAFO: GABRIELA PERIN - @GABRIELAPERIN

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06-07

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FLOW/GIRL

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Agradecimentos e Novidades

Patins Edição N01: Estreia na DECCS Magazine

Saudações a todos! Eu sou o DiPaiva e estou extremamente empolgado em compartilhar com vocês a tão aguardada estreia da Edição de Patins em 1 de agosto de 2023 da DECCS Magazine - a revista de referência para o mundo do patins e esportes radicais. É com grande gratidão que agradeço a todos que abraçaram essa grandiosa oportunidade de fazer parte da maior revista de patins, tanto nacional quanto internacional, e que contribuíram para construir a história deste esporte.

Meu profundo agradecimento também se estende a todos os talentosos fotógrafos e aos leitores dedicados que sempre animam e enriquecem nossas edições com sua presença.

Nesta edição, preparamos conteúdos exclusivos que trazem os melhores atletas, manobras emocionantes, cobertura de eventos imperdíveis e muito mais. É uma verdadeira celebração da cultura e paixão pelo patins de manobras. Espero que todos mergulhem nessa leitura com entusiasmo e aproveitem cada página!

CAPA

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CJ CARVAJAL Esta em nossa

Capa Patins de 01/AGO - N01

Manobra: Unity

Acompanhe a Entrevista inédita.

Corre lá - Pag, 10-17

indice Editorial
10-17
[04] - DECCS MAGAZINE DIPAIVA

30-31

FLOW/PRO

FLOW/AM FLOW/GIRL

FLOW/PRO

22-23 26-27 20-21 24-25

EDITORIAL INDICE

DIRETOR: DIPAIVA

REVISÃO: DIPAIVA

EDIÇÃO: AGO DIA 01 ED: N01

REDAÇÃO: DECCSMAGAZINE

CORREÇÃO: DECCS MAGAZINE

ANUNCIE: DECCSMAGAZINE@GMAIL.COM

ASSINE: WWW.SHOP.DECCSMAGAZINE.COM.BR

A REVISTA DECCS MAGAZINE - BMX É UMA PUBLICAÇÃO DCS

CAPA: CJ CARVAJAL: 10-17

ABERTURA: WILSON DELVECHIO: 2-3

IND & EDIT: REVISTA IMPRESSA: 4-5

FLOW/GIRL: RAFAELA REIS: 6-7

FLOW/PRO: WALISSON ALVES: 08-09

FLOW/GIRL: FABRICE MARQUES: 18

FLOW/GIRL: JULIA MARTINI: 19

WWW.SHOP.DECCSMAGAZINE.COM.BR

FLOW/PRO: MARCO CAVALLIERI: 20-21

FLOW/GIRL: DANIELA LEÓN: 22-23

FLOW/MATÉRIA: ROGER CAMPOS: 24-25

FLOW/GIRL: JULIANA FREITAS: 26-27

FLOW/GIRL: SARAH GONÇALVES: 28-29

FLOW/PRO: GUILHERME MONTEIRO: 30-31

CONTRA CAPA: CJ CARVAJAL: 32

indice Editorial
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DECCS MAGAZINE - [05]
ENTREVISTA COM - GUILHERME MONTEIRO

RAFAELA REIS

Instagram: @rafinharoller

7 anos de idade

1 Ano e 4 mês de skate

L ONDRINA – (PR)

Fotografo

Rafael Oliveira (Pai) @rafaoliveira01

ENTREVISTA FLOW/ GIRL

Como você descobriu sua paixão pelo patins? Foi amor à primeira vista ou algo que foi crescendo com o tempo?

Quando coloquei os patins nos pés pela primeira vez, já me apaixonei. Meu pai diz que, naquele momento, viu algo diferente em mim.

Quais são as suas maiores conquistas como atleta de patins até agora? Existe alguma competição em especial que você se orgulha muito de ter participado?

Minhas maiores conquistas são: o título de Campeã Brasileira 2023 nas categorias Estreante e Iniciante, o 3º Lugar no Mundial Efise Hot Whells e o título de Campeã do Circuito Catarinense 2022. Além disso, me orgulho muito de ter participado do Sul Americano de Patins Street, onde conquistei o 5° Lugar no Park e fui reconhecida pela Confederação Sulamericana por ser a atleta mais jovem a participar deste campeonato até hoje.

Como você se prepara para competições importantes? Quais são os aspectos físicos e mentais que você trabalha para se destacar?

Para me preparar para competições importantes, treino diariamente para evoluir e aprimorar minhas manobras. Também conto com o acompanhamento de uma Psicóloga e pratico Pilates, que me ajudam no meu desenvolvimento físico e emocional.

Quais são as manobras que você mais gosta de fazer nos seus treinos ou nas competições? Existe alguma manobra em particular que você esteja trabalhando para aperfeiçoar?

Minha manobra preferida é o Front Flip, mas também gosto muito de executar o 900°. No momento, estou focada em treinar e aperfeiçoar o Back Flip.

Além das competições, você também participa de algum grupo de patins ou realiza apresentações em eventos? Como é essa experiência para você? Atualmente, não participo de grupos de patins ou realizo apresentações em eventos, pois meu foco principal está nas competições.

[06] - DECCS MAGAZINE

FOTOGRÁFO: RAFAEL OLIVEIRA (PAI) - @RAFAOLIVEIRA01

MANOBRA: FRONT FLIP

Quais são os principais desafios que você enfrenta como atleta de patins nessa faixa etária? Como você os supera e se mantém motivada?

Como tenho apenas 7 anos, a minha força física e o meu tamanho são desafios em relação às demais atletas que costumam ser mais velhas. Por isso, treino diariamente para que esses aspectos não façam diferença nas competições. Minha motivação vem do amor pelo patins e da vontade de superar meus próprios limites.

Quais são os seus ídolos no mundo do patins? Existe alguém em particular que você admira e busca se inspirar?

Meu maior ídolo é o Danilo Senna, mas também admiro o Felipe Zambardino, Fabíola da Silva, Ana Julia e o Juninho Morais. Nos encontramos nas competições e adoro o carinho que eles têm comigo.

Além dos aspectos técnicos, como você equilibra sua vida escolar com os treinos e competições de patins? Alguma dica para outras jovens atletas que também enfrentam essa questão?

Recentemente, pedi para meus pais que mudassem meu horário na escola, fui para o período da tarde. De manhã, eu me cansava muito, pois treino à noite, e essa mudança me ajudou bastante. Talvez essas mudanças de horários nas aulas ou treinos possam ajudar outras jovens atletas que, assim como eu, sofrem um pouquinho para acordar cedo.

Quais são seus planos e objetivos futuros no patins? Existe alguma competição ou meta que você esteja trabalhando para alcançar? Meu objetivo é participar do máximo de competições para ganhar experiência. Claro que treino para conquistar o melhor resultado em todas elas, mas o mais importante é adquirir experiência no esporte.

Por fim, que conselho você daria para outras jovens que estão começando a se aventurar no mundo do patins? O que elas devem saber e levar consigo nessa jornada?

Nunca desistam, pois tombos e ralados fazem parte do nosso mundo! A persistência, o amor pelo patins e a dedicação são fundamentais para alcançar os objetivos e superar os desafios que surgirem pelo caminho. Divirtam-se com o esporte e aproveitem cada momento dessa jornada emocionante!

DECCS MAGAZINE - [07]

Como você descobriu sua paixão pelo patins e o que te motivou a se tornar um atleta profissional nesse esporte?

Descobri o Patins Street assistindo aos vídeos da VG em VHS com o Diego Rachadel (toco). Eu tinha entre 12 e 13 anos. Sempre fui ativo em brincadeiras de desafios e aventuras, viciado em esportes. Quando vi pela primeira vez um cara descendo um corrimão de rua gigante com patins nos pés, passei a desejar fazer aquilo!

Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao longo de sua jornada como atleta profissional de patins e como você os superou?

Na prática da modalidade STREET, os principais desafios sempre foram as batalhas psicológicas para descer um corrimão que envolve mais riscos e adrenalina. Além desse desafio, que acontece em todo rolê na rua, também sofri um acidente bem marcante, na verdade foram vários, mas um em específico me fez ter fraturas sérias e ficar 8 meses sem colocar os patins no pé. Acredito que esse foi o principal desafio a ser superado em minha trajetória, pois envolvia a capacidade técnica de voltar a executar as manobras de antes, juntamente com a limitação psicológica após o acidente. Lidar com a coragem/confiança de voltar ao nível que eu tinha e seguir me superando.

Quais são os lugares mais extraordinários que você já teve a oportunidade de explorar e praticar patins?

Existe algum local em particular que você sonha em conhecer e andar de patins?

São José dos Campos é uma das cidades com os maiores eventos de Patins Street do Brasil, e é conhecida como “São José dos Canos” justamente pela grande quantidade de picos de rua irados! Quanto ao "pico dos sonhos", sem dúvida seria não apenas um corrimão, mas vários deles, em qualquer lugar da Califórnia, onde muitos patinadores referência já desceram. Descer o mesmo corrimão que meus ídolos seria uma imensa realização.

Você já participou de competições ou eventos relacionados ao patins? Se sim, poderia contar-nos sobre alguma experiência marcante?

Participei do Circuito Catarinense e etapas do Patins Street Brasil. Já conquistei alguns pódios tanto como amador como profissional, mas o mais marcante foi quando fui Campeão de uma etapa na pista de São José (nossa casa) em que minha filha com alguns meses de vida estava presente, e eu corri despretensiosamente. Mesmo sem ter treinado linhas, consegui ficar em primeiro lugar.

Além das manobras mais técnicas, qual é a manobra que você considera a mais emocionante e que proporciona uma experiência única ao praticar patins?

O Bs Savannah é uma das manobras mais estilosas da modalidade, e que se tornou uma trick baseira que eu executo muito. Ainda estou aguardando um pico TOP de rua para eu mandá-la! Hahahah Já mandei em vários lugares, mas ainda não tive aquele específico para ela.

Como você equilibra a pressão de competir em eventos de alto nível com a necessidade de se divertir e manter a paixão pelo patins?

Como patinador, instrutor e também profissional no ramo comercial da patinação, tenho bastante experiência em lidar com essa separação. Mesmo que haja muita diferença em um rolê de diversão e um rolê sério de alta concentração para competição, buscamos evoluir a um nível onde mesmo em uma competição, o sentimento de uma grande

FLOW - profissional
FOTÓGRAFA : DIEGO RACHADEL - @DIEGORACHADEL MANOBRA: BS NUGGEN TO BS SAVANNAH 30 ANOS 17 ANOS DE PATINETE, FLORIANÓPOLIS – (SC) INSTAGRAM: @OWALISSONALVES
DECCS MAGAZINE - [08]
WALISSON ALVES

WALISSON ALVES

brincadeira esteja presente. Desde a parte emocional até a expressão disso no flow das manobras.

Quais são os principais patrocinadores e apoios que têm contribuído para o seu desenvolvimento como atleta profissional de patins? Como essa parceria tem impactado sua carreira?

Meu apoio é e sempre foi a Go Roller Skate Shop, loja na qual eu sou gerente. Desde sempre, ela me incentivou e apoiou para seguir no esporte. Infelizmente, pouquíssimas marcas do nosso país investem como deveriam em seus atletas a nível profissional. São as pequenas marcas e negócios que acabam somando mais para essa causa. A Go Roller sempre fez e construiu história no esporte, muito mais do que as grandes marcas responsáveis pela distribuição e disseminação do patins.

Como a sua família tem sido um suporte para você durante sua carreira no patins? Eles sempre acreditaram no seu potencial desde o início?

Sim, minha esposa sempre apoiou, já me conheceu com a rotina mergulhada no esporte. Tenho um casal de filhos que também já nasceram inseridos nessa rotina esportiva.

Além do patins, quais outras atividades ou esportes você pratica para aprimorar suas habilidades e complementar seu desempenho no patins?

Eu amo esporte e amo patinar. Um dos que mais gostei até hoje, a nível de evolução da consciência corporal, foi a Yoga. Super completo e soma para todas as práticas que desejarmos fazer na vida. Recentemente, também comecei a surfar de pranchão, pois moro numa ilha e faz todo sentido. Gosto muito de SandBoard, moro próximo às dunas em meu bairro, então a prática fica fácil pra mim e eu adoro também pelo contato com a natureza. Cresci e ainda jogo semanalmente um clássico futebol. Gosto também de longboard, no estilo simulador de surf. No próprio Patins, gosto de praticar o máximo de modalidades possível para somar mais e mais consciência corporal para minha modalidade preferida.

Qual foi o momento mais gratificante da sua carreira até agora? Existe alguma conquista em particular que você considera como um marco na sua trajetória como atleta profissional de patins?

Como atleta profissional, tive algumas manobras que foram grandes feitos. Das que vi poucos conseguirem e que não se manda em qualquer corrimão. Esses momentos ficaram marcados e foram bem significativos para minha evolução.

Mas além disso, hoje em dia, como profissional do esporte a nível de instrução, tenho tido diversas experiências com meus alunos, testemunhando a superação deles. Mesmo que eu tenha minhas conquistas pessoais, quando estou instruindo e passando adiante meus conhecimentos, a satisfação tem um gostinho ainda melhor a cada conquista alcançada por eles.

Quais são seus planos e ambições para o futuro como atleta profissional de patins? Existe algum projeto especial em que você esteja trabalhando atualmente?

Atualmente, como profissional, meu foco tem sido evoluir as aulas e serviços que tenho prestado. A nível de competição, estou ansioso para retornar ao Circuito Catarinense novamente, pois estive afastado também por questões de paternidade, além de lesões.

Por fim, qual mensagem você gostaria de transmitir para seus fãs e para aqueles que se inspiram em sua jornada como atleta profissional de patins?

Quero dizer a todos que, se não for com muito amor envolvido, não façam! Seja qual for o esporte, a paixão, dediquem-se de coração. Vinculem esporte, trabalho, lazer, família, pois tudo pode SIM ser uma coisa só e tornar a vida mais leve e prazerosa. Desafios e obstáculos teremos de qualquer forma, então que estejam envolvidos no que amamos e com quem amamos! Busquem praticar com amor e todos os dias, pois a excelência vem com a prática constante. E acima de tudo, lembrem-se da disciplina, resiliência e foco, que são os pilares principais do sucesso, não apenas no esporte, mas em todas as áreas da vida.

Agradeço a todos pelo apoio e carinho e desejo que se divirtam sempre com o esporte e com a vida, mantendo sempre o amor pelo que fazem!

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Como foi o seu primeiro contato com o esporte de patins e o que te fascinou nele? Como essa paixão se desenvolveu ao longo dos anos?

Meu primeiro contato com o patins foi através da família, e de uma história engraçada. Na verdade, eu comecei andando de skate, mas meu tio, que já andava de patins, disse que não poderia ter dois skatistas na mesma família. Então, o irmão dele, meu outro tio que andava de patins, me incentivou a começar. Fui muito inspirado por ele e o que mais me fascinou foi a comunidade do patins e a liberdade que senti ao patinar. É como ter "pés com rodinhas", podendo ir em alta velocidade, pular escadas e usar os patins no dia a dia. Minha paixão cresceu com os contatos que fiz, estando com meus amigos, participando de competições, viagens e compartilhando risadas após quedas. Essa paixão me ensinou a ser resiliente e só cresceu ao longo dos anos.

Com uma rotina de treinamento intensa, quais são os aspectos mais desafiadores e gratificantes do seu processo de preparação para competições?

O aspecto mais desafiador é conciliar minha rotina de trabalho com a de atleta, pois infelizmente, não tenho apoio ou patrocínio que me permita me dedicar ao esporte em tempo integral. No entanto, tenho pessoas que me acompanham e tentam me fortalecer nessa jornada. Ainda assim, é muito gratificante poder superar as adversidades e entregar o meu melhor nas competições, alcançando os pódios.

Além das conquistas esportivas, quais são os projetos em que você está trabalhando atualmente e como eles contribuem para sua evolução pessoal e profissional?

Atualmente, estou lançando um projeto chamado Radical Soul junto com minha namorada. O objetivo é dar visibilidade não apenas ao nicho do patins, mas a todos que amam a adrenalina e os esportes radicais, independentemente de suas modalidades. Esse projeto tem contribuído muito para minha realização pessoal e profissional, pois adoro o audiovisual e estou aprendendo mais sobre marketing. Quero promover o esporte além de ser um atleta.

FOTÓGRAFO: DIEGO RACHADEL - @DIEGORACHADEL

MANOBRA: TOP SOUL TORQUE

@Cjcarvajal_
[10] - DECCS MAGAZINE CJ CARVAJAL 27 ANOS DE IDADE, 17 ANOS E MEIO DE PATINS PATINS STREET BRASIL CAPA - Cj Carvajal
CHRISTIAN CARVAJAL
FLORIANÓPOLIS – (SC)

CARVAJAL

O Brasil tem sido uma parte importante da sua jornada como atleta de patins. Pode nos contar um pouco mais sobre as amizades, as experiências culturais e os aprendizados que você encontrou nesse país?

Para mim, o Brasil é uma grande escola. Aqui, estou aprendendo e crescendo em todos os aspectos. Estar em contato com pessoas que sempre admirei desde criança é inspirador. Poder patinar e aprender com elas é gratificante. Por exemplo, o Felipe Zambardino me ensinou muito sobre marketing digital, e trabalhar na Go Roller me permitiu ver o mundo da patinação de uma perspectiva diferente. Recebi muito acolhimento dos brasileiros desde que cheguei, o que me motiva ainda mais.

Como está sendo o processo de regularização no Brasil? E como você acredita que a entrada nas federações de patinação e jockey pode impulsionar sua carreira e abrir novas oportunidades?

O processo de regularização no Brasil tem sido um pouco complexo. Por ser um imigrante, a regularização tem levado bastante tempo, mas estou trabalhando nisso e atualmente estou fazendo os procedimentos para obter a residência brasileira e ter os direitos de um cidadão comum aqui. Acredito que entrar na federação do Brasil é essencial para poder participar das competições e representar o país em torneios internacionais. Isso trará mais visibilidade e, consequentemente, mais oportunidades para a minha carreira.

Com uma carreira de 17 anos como patinador, quais foram os momentos mais memoráveis e as competições que mais te marcaram até agora?

Existem várias competições memoráveis ao longo dos meus 17 anos de carreira. Uma delas foi em Lima, onde fiquei em primeiro lugar na categoria de acesso. No campeonato brasileiro de 2022, conquistei o segundo lugar no pódio, ao lado de Danilo Sena e Felipe Zambardino, na categoria Elite. Além disso, vencer o Super Rival foi muito emocionante, pois essa competição era um sonho desde que a vi pela primeira vez no Youtube quando ainda morava no Equador. Levar o cinturão para casa foi realmente incrível.

Além do seu talento e dedicação, quais são as marcas e empresas que estão apoiando sua jornada como atleta? Como esse suporte tem influenciado seu desenvolvimento? No momento, tenho o apoio de fisioterapia do Breno Wanderley, mas não tenho patrocínio ou

DECCS MAGAZINE - [11]
FOTÓGRAFO: ALEXIS DEMARCO - @ALEXISHXC MANOBRA: AO FISHBRAIN FOTÓGRAFO: DIEGO RACHADEL@DIEGORACHADEL

apoio de empresas relacionadas aos patins. Isso tem sido desafiador para seguir no esporte com alto rendimento. Gostaria muito de ter mais suporte para poder dedicar mais tempo aos treinos, participar de mais campeonatos e eventos.

Ao longo da sua carreira, você teve a oportunidade de patinar com muitos atletas talentosos. Existe algum encontro especial que você gostaria de compartilhar conosco e como isso impactou sua visão sobre o esporte? Em 2010, aconteceu o WRS em Playa Villamil, no Equador, e tive a chance de assistir a vários patinadores que já admirava. Poder estar presente e aprender com figuras como Kaleo Hipolito, Billy O’Neil, Carlos Loras, Mark Wojda, Dimitrios George, Yuri Botelho e Daciel de Jesus foi muito inspirador para mim. Aqui no Brasil, conheci Carlos Pianowski, uma lenda do patins, e também tive a oportunidade de patinar com a nova geração, como Danilo Sena e Nicole Machado, que estão quebrando barreiras e inspirando muita gente. Tudo isso me mostrou o quanto a América Latina tem atletas talentosos e de alto nível. Desde criança, eu me inspirei ao ver os brasileiros andando de patins, e realizar o sonho de vir para cá e patinar com eles foi incrível.

Quais são os lugares que você ainda sonha em patinar no futuro? Existe alguma competição ou evento específico que está na sua lista de desejos?

Tenho o sonho de patinar em Barcelona, onde a cena do patins é muito forte. Quanto a eventos, desejo muito competir na Fise e em eventos das federações, como o Mundial de Patins e o Sulamericano.

Além do aspecto esportivo, quais são as metas e objetivos que você tem para sua vida pessoal e profissional? Como você concilia todas essas áreas e busca a felicidade em cada uma delas?

Além do patins, tenho o objetivo de continuar minha evolução no Brasil, estudando e expandindo o projeto Radical Soul. Acredito que posso contribuir significativamente para a cena do esporte. Conciliar todas essas áreas é um desafio, mas busco a felicidade nas coisas simples do dia a dia, como andar de bike, fazer trilhas e estar na natureza. Ter boas companhias, poder patinar e, principalmente, ter saúde e estar vivo são motivos para minha satisfação pessoal e profissional.

FOTÓGRAFO: ALEXIS DEMARCO - @ALEXISHXC

[12] - DECCS MAGAZINE CAPA - Cj Carvajal

Seu estilo de patinação é único e inspirador. Quais são suas principais influências no esporte e como você se mantém criativo para inovar nas suas manobras?

Minhas principais influências no esporte vêm de diversos patinadores que admiro. Assistia a muitos vídeos de atletas antigos, como Mike Johnson Murda e Brian Aragon. Também sou inspirado por nomes como Frank Morales, Chris Farmer, Alex Brosco, Pedro Pedigree, além de patinadores brasileiros, como Sandro Timóteo. Acredito que o segredo da criatividade é ter um vasto repertório técnico, como conseguir executar manobras com as duas pernas e para os dois lados. Isso me permite inovar nas minhas manobras e criar meu próprio estilo.

Todo atleta enfrenta desafios ao longo do caminho. Quais obstáculos você teve que superar e como eles moldaram sua determinação e resiliência?

Um dos maiores desafios para um atleta é enfrentar lesões e se recuperar completamente, tanto física como emocionalmente, para voltar ao esporte. Eu passei por um momento difícil quando tive uma queda em 2021 e perdi o dente da frente. Isso afetou bastante minha autoestima, pois o tratamento dentário era muito caro. No entanto, tive muita sorte, pois algumas pessoas se ofereceram para me ajudar, e consegui o tratamento necessário. Essa experiência me ensinou a ser mais forte nas situações da vida e a lidar com as adversidades.

Antes das competições, você tem algum ritual ou preparação especial para manter o foco e a concentração? Se sim, poderia compartilhar conosco?

Antes de entrar na pista em um campeonato, eu sempre envio um beijo para cima, agradecendo à minha família e à vida. Também faço um alongamento e aquecimento adequados, pois isso me ajuda a estar mais preparado fisicamente e mentalmente para competir.

Além das vitórias e reconhecimento, o que mais te motiva como atleta de patins? Quais são os momentos mais gratificantes que você já experimentou nessa jornada?

O que mais me motiva é ver crianças se inspirando no que eu faço. Adoro transmitir o

DECCS MAGAZINE - [13]

conhecimento que tenho no esporte e incentivar mais pessoas a se envolverem na cena. Os momentos mais gratificantes foram poder viajar e conhecer vários países da América Latina graças ao patins, além de sentir o acolhimento da comunidade patinadora. Morar no Brasil é um exemplo disso, pois isso também foi possível graças ao esporte.

Para os jovens que estão começando a praticar patins ou qualquer outro esporte radical, qual conselho você daria com base na sua experiência?

Meu conselho para quem está começando em qualquer esporte radical é fazer tudo com sentimento e buscar a felicidade naquilo que faz. É importante destacar a importância de usar proteções para ter mais segurança e coragem ao tentar manobras novas. Muitas vezes, as pessoas desistem no início após se machucarem, mas a segurança é fundamental para uma evolução mais segura e constante.

Além da patinação, quais outras atividades físicas ou esportes você gosta de praticar? Como eles complementam seu treinamento e trazem equilíbrio para sua vida?

Além da patinação, eu amo andar de bicicleta e já viajei muito dessa forma, com um carrinho para carregar minhas coisas. Também pratico malabarismo com clavas, o que me ajuda a ter mais coordenação motora e destreza. Fazer trilhas e estar em contato com a natureza em Florianópolis é algo que me traz equilíbrio. Além disso, faço fisioterapia semanalmente para uma melhor recuperação do meu corpo.

Existe algum projeto social ou iniciativa com a qual você está envolvido e gostaria de compartilhar conosco? Como você acredita que o esporte pode impactar positivamente a sociedade?

No momento, não estou envolvido com nenhum projeto social específico, mas adoraria participar de um. Projetos sociais são muito importantes, tanto para disseminar o esporte quanto para ajudar atletas que não têm recursos para continuar se dedicando. O esporte pode impactar positivamente a sociedade ao promover valores como disciplina, respeito, trabalho em equipe e determinação, além de incentivar a prática de hábitos saudáveis.

CJ CARVAJAL

[14] - DECCS MAGAZINE CAPA - Cj Carvajal
FOTÓGRAFO: DIEGO RACHADEL - @DIEGORACHADEL MANOBRA: TOP SOUL TORQUE

CARVAJAL

Com a possibilidade do patins entrar nas Olimpíadas, como você vê o futuro da modalidade? Quais são suas expectativas e como você se prepara para estar pronto caso essa oportunidade se concretize?

A inclusão do patins nas Olimpíadas pode trazer uma visibilidade ainda maior e investimentos para a modalidade, impulsionando seu crescimento. Minhas expectativas são muito positivas em relação a isso. Para estar pronto caso essa oportunidade se concretize, meu foco é obter minha documentação no Brasil e entrar na federação brasileira. Além disso, continuo treinando intensamente e me mantendo ativo na cena do esporte.

Christian, como está sendo a experiência de realizar um sonho ao ser destaque na primeira edição da revista de esportes radicais "DECCS MagazinePatins" e como você acha que essa exposição pode impulsionar sua carreira como atleta de patins?

Essa experiência de ser destaque na DECCS Magazine - Patins está sendo incrível e gratificante. Poder compartilhar minha história na patinação e ter essa exposição no Brasil é um grande passo para minha carreira como atleta de patins. Acredito que essa visibilidade proporcionada pela revista pode abrir novas oportunidades, atrair possíveis patrocinadores e apoiadores, e assim, impulsionar minha carreira ainda mais.

Por fim, que mensagem você gostaria de deixar para seus fãs e para todas as pessoas que estão buscando realizar seus sonhos, independente da área em que atuam?

Para meus fãs e para todos que buscam realizar seus sonhos, independente da área em que atuam, eu gostaria de dizer que é fundamental acreditar em si mesmos. Lembre-se de que o sucesso e a evolução não acontecem da noite para o dia. É preciso ter dedicação, treino constante e resiliência para superar os desafios que surgem ao longo do caminho. Seja persistente e siga em frente, mesmo quando as coisas parecerem difíceis. A felicidade está nas pequenas conquistas diárias, e o caminho para realizar seus sonhos é construído passo a passo, com paixão e amor pelo que fazem.

Muito obrigado por me acompanhar até aqui, e espero que minhas respostas tenham sido úteis e esclarecedoras. Se tiver mais perguntas ou precisar de qualquer ajuda, estou à disposição! Desejo a todos muito sucesso em suas jornadas e que continuem buscando realizar seus sonhos com determinação e alegria!

DECCS MAGAZINE - [15]
FOTÓGRAFO: DIEGO RACHADEL@DIEGORACHADEL FOTÓGRAFO: DIEGO RACHADEL - @DIEGORACHADEL MANOBRA: ROYAL

FOTÓGRAFO: JUSTAMAND - @RJUSTAMAND

MANOBRA: STYLE JAPAN

CJ CARVAJAL

FOTÓGRAFO: DIEGO RACHADEL - @DIEGORACHADEL

FOTÓGRAFO: BRENO WANDERLEY - @BRENOWANDERLEYFISIO

[16] - DECCS MAGAZINE CAPA - Cj Carvajal
CAMPEÃO DO SUPER RIVAL 2023

FOTÓGRAFO: BRENO WANDERLEY - @BRENOWANDERLEYFISIO

FOTÓGRAFO: DIEGO RACHADEL - @DIEGORACHADEL

FOTÓGRAFO: BRENO WANDERLEY - @BRENOWANDERLEYFISIO

DECCS MAGAZINE - [17] CJ CARVAJAL

FABRICE MARQUES

23 ANOS, 3 ANOS DE PATINS, RIO CLARO – (SP) / @FAHHMARQUES

Como você começou sua jornada no patins? Existe alguma história específica que tenha te inspirado a começar?

O sonho de começar a patinar era, na verdade, da minha mãe. Ela montou seu primeiro patins e me pedia para ir junto quando ia praticar, pois o bairro onde começamos é muito perigoso. No início, eu não gostava muito da ideia, até que um dia coloquei os patins nos pés por pura curiosidade. Gostei, e quando vi, já não vivia mais sem os patins na minha vida. Sabemos que a motivação é uma peça fundamental para se destacar em qualquer esporte. Quais são suas principais motivações para continuar praticando patins?

Além de me inspirar em grandes nomes femininos da patinação e na minha mãe, que me fez entrar nesse esporte, minha maior motivação é ver o progresso que fiz desde o início, superando as dificuldades e conquistando objetivos. Tornei-me instrutora de patinação, e minha maior felicidade é poder motivar e transmitir todo o conhecimento que tenho para meus alunos.

Além do patins, quais são suas principais paixões ou interesses na vida pessoal? Como você equilibra suas atividades fora do esporte com o treinamento e competições?

Sou completamente apaixonada pela natureza, belas paisagens e, acima de tudo, pelos animais. Uma das minhas maiores metas de vida é conquistar muitas coisas e ter um bom retorno financeiro tanto pelo patins quanto pelos meus trabalhos fora do esporte, para ajudar ONGs de suporte aos animais abandonados e vítimas de maus-tratos. Às vezes, é difícil conciliar o cansaço do trabalho com os treinos, mas sempre procuro pensar que tudo é para um bem maior, e isso acaba tornando as coisas mais leves.

O cenário feminino no patins tem evoluído nos últimos anos. Como você vê essa evolução e quais são as maiores conquistas alcançadas pelas atletas femininas até agora?

O patins feminino está conquistando seu espaço nas ruas, pistas e competições, graças aos grandes nomes de mulheres patinadoras. Isso é muito importante para quebrar o tabu que ainda existe sobre mulheres nos esportes radicais. Essas conquistas dão muita força e ânimo tanto para nós que já estamos no esporte, quanto para as mulheres e até mesmo crianças que estão começando agora, estimulando-as a continuar buscando mais espaço e conquistas no esporte.

A representação das mulheres no esporte é de extrema importância. Como as marcas têm apoiado o cenário feminino no patins e quais ações você acredita que ainda precisam ser tomadas?

Vejo cada vez mais as marcas buscando mulheres para apoiar e incentivar, e isso é ótimo! Na minha opinião, ainda falta ajustar questões de premiações em alguns campeonatos espalhados pelo país, que contam com categorias iguais, mas oferecem premiações e visibilidade maiores para homens do que para as mesmas categorias representadas por mulheres. Quais foram os desafios que você enfrentou ao longo da sua jornada como atleta de patins feminino e como você os superou?

Além do desafio de me superar a cada dia, outro grande desafio foi, e ainda é, mostrar para as pessoas fora do esporte que a patinação não é apenas uma brincadeira de criança, mas sim um esporte que deve ser levado a sério. É uma atividade que requer dedicação e investimento, tanto para adquirir equipamentos quanto para participar de competições, que muitas vezes ocorrem em outras cidades ou estados.

Sabemos que muitas vezes a pressão social e as expectativas podem afetar os atletas. Como você lida com a pressão e o estresse em sua carreira no patins?

Tento sempre manter a calma e levar para minha vida o entendimento de que cada pessoa tem seu tempo para evoluir e alcançar seus objetivos. Não adianta me pressionar e querer fazer tudo da forma que os outros esperam. Quando me sinto sobrecarregada, procuro me desligar de tudo e fazer as coisas que me trazem paz e bem-estar, para que eu possa voltar à rotina com novas ideias e disposição.

Quais são seus maiores objetivos no patins para o futuro próximo e a longo prazo? Existe algum sonho ou conquista específica que você deseja alcançar?

Meu maior objetivo atualmente é conseguir chegar ao pódio nas minhas próximas competições. A longo prazo, quero continuar me dedicando para alcançar pódios em outras competições e também espero conseguir conquistar mais parcerias com marcas que apoiam e incentivam o esporte.

O patins pode ser uma atividade inclusiva e divertida para pessoas de todas as idades. Quais são os conselhos que você daria para aquelas mulheres que desejam começar a praticar patins, independentemente da idade?

Meus maiores conselhos para as mulheres que desejam incluir a patinação em suas vidas é não se importarem com suas idades nem com comentários desnecessários e desmotivadores de terceiros. Comentários de pessoas querendo desmotivar sempre existirão, em todos os lugares. A patinação não tem idade nem biotipo específico para começar a praticar. É um esporte incrível, com inúmeros benefícios para a saúde e bem-estar. E não se esqueçam, se vocês têm filhos(as) que desejam entrar para o mundo da patinação, incentivem, apoiem e acompanhem! Vocês não imaginam o número de crianças e adolescentes que têm dons incríveis para o esporte, mas que são desperdiçados por falta de apoio de seus pais e parentes. Nada é mais bonito do que o apoio de uma mãe e um pai no esporte de seus filhos.

Como sua família tem apoiado sua jornada como atleta de patins? Eles sempre te apoiaram nessa escolha ou enfrentaram algum tipo de resistência no início?

Como foi minha mãe que me apresentou o esporte, ela sempre me apoiou e continua me apoiando em minha jornada no patins. Inclusive, patinamos juntas, e é uma das melhores sensações que existem.

Por fim, como você acredita que o patins pode impactar positivamente a vida das mulheres e quais benefícios você pessoalmente obteve com a prática do esporte?

O patins, além de ser um meio de transporte, é um grande aliado em nossos desafios pessoais. Ele nos encoraja a sermos melhores a cada dia, superando obstáculos e conquistando novas habilidades. Quando estou patinando, é como se entrasse em um mundo onde esqueço de todos os problemas e sinto apenas paz. Além da sensação de liberdade, o patins nos proporciona fortalecimento dos membros, principalmente os inferiores, auxilia na perda de peso, melhora o equilíbrio, a coordenação motora, o condicionamento físico e cardiovascular.

Pessoalmente, o patins me trouxe muitos benefícios, tanto físicos quanto emocionais. A confiança que adquiri com a prática do esporte refletiu positivamente em outras áreas da minha vida. Além disso, a oportunidade de se tornar instrutora e poder transmitir minha paixão pelo patins para outras pessoas é uma experiência gratificante que me enriquece como indivíduo. Em resumo, o patins pode ser uma ferramenta poderosa para empoderar as mulheres, proporcionando-lhes autoconfiança, superação de desafios e alegria. É uma forma de expressão, uma atividade inclusiva e uma maneira de se conectar com a natureza e com os outros. O esporte pode impactar positivamente a vida das mulheres, permitindo-lhes enfrentar seus medos, desenvolver habilidades e descobrir uma nova paixão que pode enriquecer suas vidas de maneiras inesperadas.

FOTOGRÁFO: FELIPE ZAMBARDINO - @FELIPEZAMBARDINO

MANOBRA: ACID GRIND

FLOW patins FLOW/GIRL
[18] - DECCS MAGAZINE

JULIA MARTINI

25 ANOS, 4 ANOS DE PATINS, JULIA MARTINI / @JULIAAMARTINI

Como você começou sua jornada no patins? Existe alguma história específica que tenha te inspirado a começar?

Quando pequena, patinava apenas na brincadeira mesmo. Quando fui fazer faculdade em Floripa, um dia peguei um patins emprestado para andar nas ciclovias e achei o máximo. Logo, comprei um (bem simples) e era um lazer nos meus horários de folga patinar nas ciclovias da beira-mar, isso em 2017 e 2018, e patinava apenas linha reta, normal. Foi em 2020, quando decidi comprar um patins novo e melhor na Go Roller (depois de terem roubado meu antigo), que eu realmente comecei a andar mais. Mas o momento que iniciou mesmo minha história na patinação foi na pandemia. A pandemia chegou e foi um baque para todos. No meu caso, foi bem impactante, sempre fui muito ativa e me fazia muita falta sair de casa. O patins nesta época foi a minha válvula de escape, era o momento mais esperado e o melhor momento do meu dia. Me relacionei com um patinador profissional nesta época, e o amor que eu via nele pelo patins me inspirava e me inspira. Foi neste momento também que tive proximidade com o mundo e o esporte da patinação, e foi onde eu comecei a entender o patins como um esporte mesmo, e assim, fiquei apaixonada, me encontrei ali. E bom, dali em diante, foi só ladeira abaixo rsrs. O patins é viciante, sempre tem algo novo para a gente aprender, iniciei na modalidade do street e curti muito também. Enfim, o patins para mim é muito mais que um esporte, é um remédio. Eu sou uma pessoa que leva a patinação na vida com muita constância, patino se posso todos os dias e com muito tesão. Meu foco não é ser melhor que ninguém, mas sim, ser melhor que eu mesma todos os dias, e isso naturalmente leva ao desenvolvimento de habilidades no esporte, e principalmente, a sustentabilidade.

Sabemos que a motivação é uma peça fundamental para se destacar em qualquer esporte. Quais são suas principais motivações para continuar praticando patins?

A minha maior motivação é a paixão, como disse, levo o esporte da patinação como algo divertido, como um momento de muito prazer. Não crio expectativas e nem me comparo a ninguém, apenas faço meu rolê com muita constância e amor. O resto tem fluído.

Além do patins, quais são suas principais paixões ou interesses na vida pessoal? Como você equilibra suas atividades fora do esporte com o treinamento e competições?

Aí está um grande ponto. Tem outra grande paixão na minha vida, que é o café. Atualmente, eu estou tentando lidar com muitas demandas e atividades paralelas. Estou fazendo hoje um mestrado na UFES na área de fermentação de cafés e faço parte de um centro de pesquisa em cafés chamado Coffee Design. Trabalho em uma torrefação e rede de cafeterias aqui de Vitória-ES, chamada Terrafé. Atuo com serviços a distância de engenheira química (minha formação), em uma indústria chamada MM Química. Sou representante da Go Roller, onde dou suporte de patinação aqui na região onde moro e, por fim, atualmente lancei minha marca de roupas, a Roller Coffee, uma marca que junta as minhas duas grandes paixões. E apesar de todas essas demandas, o patins ainda está diariamente na minha vida. Vou e volto patinando ao trabalho, e todo fim de dia eu tenho o compromisso de lei que é ir à pista patinar. O patins já é uma atividade diária, como escovar os dentes, minha pílula que tomo todos os dias para ficar bem. Atualmente, o meu foco não é competir, a não ser que a competição seja próxima a mim. Eu tenho muito mais uma vontade de fomentar o esporte, dar visibilidade, ter minha marca e ter o poder de colocar este esporte em evidência, apoiar atletas. Mostrar ao fim às pessoas que o patins salva, que o patins é remédio, que o patins é um esporte sério, que o patins é muito mais que uma brincadeira de criança. Poder ser um exemplo, para mim é gratificante ver alguém podendo experimentar tudo de bom que a patinação, o esporte, faz de bem nas nossas vidas.

O cenário feminino no patins tem evoluído nos últimos anos. Como você vê essa evolução e quais são as maiores conquistas alcançadas pelas atletas femininas até agora?

Com certeza. Eu acho que a visibilidade do patins tem crescido muito nos últimos anos. E tem muitas mulheres fodas crescendo na cena. Ultimamente, temos tido muitas conquistas de mulheres brasileiras em campeonatos, as mulheres têm se destacado, ganhado competições. Dou exemplo da Nicoly Machado e Tais Colares, atuais campeãs sul-americanas no Street.

A representação das mulheres no esporte é de extrema importância. Como as marcas têm apoiado o cenário feminino no patins e quais ações você acredita que ainda precisam ser tomadas?

Temos visto grandes marcas do mercado apoiando as atuais mulheres que têm grande destaque, a grandes marcas como a USD, Razors. O meu ponto neste caso é que a quantidade de atletas se destacando não é correspondente à quantidade de marcas interessadas em apoiar o esporte. Por isso, eu acredito que hoje, o incentivo também deveria ser não apenas no esporte, mas também no empreendedorismo. Para que mulheres possam crescer no esporte, a melhor coisa é termos mulheres empreendendo também neste nicho, para que seja sustentável, para que a conta feche.

Quais foram os desafios que você enfrentou ao longo da sua jornada como atleta de patins feminino e como você os superou?

Acho que meu grande desafio sempre foi e é, lidar com minha alta carga de demandas da vida e ainda sim, querer fazer com que o esporte fizesse parte dela. A minha superação, como disse, foi ressignificar o meu espaço no esporte. Hoje, eu sei que com minha alta carga de demandas, não posso ser uma atleta renomada. Já que, o trabalho de preparação de um atleta de alta performance é duro, leva tempo e dedicação. E na minha vida, eu levo ele de forma constante, leve, continuo sendo uma profissional do patins. Porém, em outras áreas. Posso não ser a atleta que vai ganhar um campeonato brasileiro, mas posso sim ser a atleta que incentiva e apoia meninas a serem.

Sabemos que muitas vezes a pressão social e as expectativas podem afetar os atletas. Como você lida com a pressão e o estresse em sua carreira no patins?

Como a minha carreira no patins sempre foi muito mais influência, acredito que as pressões foram sempre muito mais do mostrar, fazer vídeos, sendo que eu só queria mesmo patinar, sabe? E eu sempre lidei colocando como prioridade o continuar patinando. Naturalmente, o patinar já era minha solução, meu alívio.

Quais são seus maiores objetivos no patins para o futuro próximo e a longo prazo? Existe algum sonho ou conquista específica que você deseja alcançar?

Olha, eu tenho muita vontade de participar de campeonatos. Aqui no Espírito Santo, sinto que o patins está crescendo agora como um esporte e tenho muita vontade de ganhar um campeonato estadual. Porém, meu grande foco e sonho, como já comentei, é fazer com que minha marca cresça e que eu possa um dia incentivar, apoiar, patrocinar patinadoras, patinadores, campeonatos. Fazer com que a cena do patins cresça e se fortaleça como um esporte forte e sério.

O patins pode ser uma atividade inclusiva e divertida para pessoas de todas as idades. Quais são os conselhos que você daria para aquelas mulheres que desejam começar a praticar patins, independentemente da idade?

Seria que, vale a pena. No início sempre vai ser um pouquinho mais difícil para pegar o jeito, é muita coisa para pensar ao mesmo tempo, porém, depois de um tempo, você pega o jeito. E a sensação de patinar, é incrível, vale muito a pena. Uma dica que sempre dou é usar desde o início equipamentos de proteção. Pois, no início é natural ter mais quedas, e as proteções evitam lesões que acabam desmotivando e gerando traumas em muita gente. Equipamentos de proteção são essenciais para a evolução e sustentabilidade no esporte da patinação. Como sua família tem apoiado sua jornada como atleta de patins? Eles sempre te apoiaram nessa escolha ou enfrentaram algum tipo de resistência no início?

Quando comecei, já era maior, morava sozinha. Logo, minha família nunca foi um ponto que ajudou/atrapalhou. Na verdade, eles no começo tinham um pouco de receio em me machucar, mas eles confiavam e sabiam que sempre usava os equipamentos de proteção certinho. E minha família sempre foi de não interferir em minhas escolhas, já que, minhas escolhas, minhas consequências também. Se errar, se machucar, levanta, reflete sobre o erro, aprende e tenta de novo.

Por fim, como você acredita que o patins pode impactar positivamente a vida das mulheres e quais benefícios você pessoalmente obteve com a prática do esporte?

Acredito que o patins é uma prática esportiva libertadora. Nos benefícios, tem os pontos óbvios de melhora da saúde por conta de fazer um exercício físico, melhora na disposição, energia, autoestima. Mas, o patins acredito que traz mais que isso, ele nos traz companhia, nos faz fazer conexões, amizades. E, acredito, que principalmente, nos ensina a acreditar que somos capazes, no nosso potencial. A sensação de realizar uma manobra, depois de tentativas e quedas, é tão, mas tão revigorante. Que faz a gente levar essa confiança para a vida. No caso das mulheres acredito ser muito mais impactante pelo ponto de a estrutura da sociedade naturalmente nos fazer ser inseguras, duvidar da nossa capacidade, e assim, posso dizer com certeza, que mulheres são fodas, e têm um espaço muito grande dentro da patinação. Estar nessa cena, é muito motivante, ver mulheres se destacando é muito gostoso. Lugar de mulher é onde ela quiser, e estar mostrando nossa força dentro dos esportes radicais, é em si, muito impactante na vida de qualquer mulher.

FOTÓGRAFO: MILENA WOODEN - @TRANSCLICANDO

MANOBRA: SALTO GREBADO EM QUARTER

FLOW patins
FLOW/GIRL
DECCS MAGAZINE - [19]

Como você descobriu sua paixão pelo patins e o que te motivou a se tornar um atleta profissional nesse esporte?

Eu vim de uma comunidade muito carente em Itaquera, zona leste de São Paulo. Nos anos 2000, tive meu primeiro contato com os patins por meio de um amigo do bairro, que possuía um par simples desses que eram vendidos na maioria dos supermercados aqui do Brasil no final dos anos 90. Na época, eu tinha 11 anos de idade e nós dividíamos o mesmo par de patins, cada um utilizando um pé, já que tínhamos números de calçados diferentes. Foi somente mais tarde, quando esse mesmo amigo me ajudou a comprar um par de patins usados, que finalmente comecei a andar com meu próprio par nos pés, sempre que eu queria. E assim se passaram mais de 20 anos, não é mesmo?

Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao longo de sua jornada como atleta profissional de patins e como você os superou?

Os desafios? Nós vivemos o esporte, mas não temos o suporte necessário, o que sempre foi uma dificuldade conciliar estudos, trabalho e manter um alto nível no patins. Porém, adoramos viajar, gravar vídeos e curtir com amigos, algo que o patins nos proporcionou. Para contextualizar, resumindo a história do patins street nos anos 90 e 2000, tivemos o auge do nosso esporte, com uma indústria bilionária. No entanto, nos anos seguintes, enfrentamos uma decadência. Acredito que, após 2019, estamos em ascensão novamente. Sou da fase em que o patins representava resistência, mas hoje o cenário está mudando, e a nova geração está recebendo apoio de patrocinadores e dos pais, o que é muito importante. Temos patinadoras com menos de 13 anos sendo campeãs mundiais, e outro jovem de 17 anos que ficou em segundo lugar no campeonato mundial na Argentina. Portanto, acredito que estamos vivendo a melhor fase de nosso recomeço no Brasil. Além disso, tive o desafio de romper o ligamento do joelho, mas superei isso em apenas 9 meses e voltei às pistas novamente, com muita determinação e amor pelo esporte.

Quais são os lugares mais extraordinários que você já teve a oportunidade de explorar e praticar patins? Existe algum local em particular que você sonha em conhecer e andar de patins?

De vários lugares, até hoje, a viagem dos sonhos que não sai da minha mente foi para Lima, Peru. Fiquei lá por três meses, patinando e me divertindo com a incrível galera local, que tinha uma energia surreal. Confesso que foi difícil voltar para o Brasil. Agradeço ao meu patrocinador da época por ter me proporcionado as melhores férias. O pôr do sol em Miraflores é lindo.

Você já participou de competições ou eventos relacionados ao patins?

Se sim, poderia contar-nos sobre alguma experiência marcante?

Eu prefiro falar sobre o presente. Nos últimos 20 anos, muitas coisas aconteceram, mas vou me concentrar em memórias mais recentes. Recentemente, gravei o Campeonato Sul-Americano de Patins Freestyle, uma competição de patins street. Além disso, hoje em dia, tenho minha própria produtora audiovisual, que foi área que o patins me fez ter curiosidade. Presenciei um campeonato brilhante, com a participação de pessoas de vários países. A nova geração do patins está se destacando e se fortalecendo cada vez mais. Estamos nos organizando para uma possível entrada nas Olimpíadas no futuro. É empolgante ver como o esporte está evoluindo e se tornando reconhecido em âmbito internacional.

Além das manobras mais técnicas, qual é a manobra que você considera a mais emocionante e que proporciona uma experiência única ao praticar patins?

Para mim, fazer grind em correntes é uma experiência verdadeiramente emocionante e única no mundo do patins. É uma manobra que exige habilidade, equilíbrio e coragem, pois você desliza pelas correntes com destreza, desafiando a gravidade e superando os obstáculos. A sensação de deslizar suavemente sobre as correntes é indescritível, é como se você estivesse flutuando no ar, sentindo a adrenalina correndo pelas veias a cada movimento. A cada tentativa, a emoção é renovada, e você se sente conectado com a energia do ambiente ao seu redor. A combinação de desafio, liberdade e a sensação de dominar a gravidade tornam essa manobra uma verdadeira obra de arte sobre rodas. É um momento em que o tempo parece parar, e você se sente em total sintonia com o patins, criando uma experiência inesquecível que é impossível de ser reproduzida em palavras. Para mim, fazer grind em correntes é a essência do patins street, a magia que nos mantém apaixonados pelo esporte, e a motivação para continuar explorando novas possibilidades e desafiando os limites do que é possível fazer sobre rodas. É uma experiência que me faz sentir vivo, livre e inspirado, e é por isso que sempre busco essa sensação inexplicável ao praticar patins.

Como você equilibra a pressão de competir em eventos de alto nível com a necessidade de se divertir e manter a paixão pelo patins?

Sempre mantendo a paixão pelo esporte, há mais de 10 anos tenho aplicado a regra de diversão em primeiro lugar, tenho me dedicado a isso. Mesmo que eu tenha participado de competições, meu foco sempre foi a diversão em primeiro lugar. Eu competia, mas não era o meu principal objetivo

FOTÓGRAFA : KALLEO HIPÓLITO

MANOBRA: SOUL GRIND - CORRENTE

FLOW - profissional
34
20
MARCO
[20] - DECCS MAGAZINE
ANOS
ANOS DE PATINS, SÃO PAULO – (SP)
INSTAGRAM: @RAGE_MARCO
CAVALLIERI

MARCO CAVALLIERIMARCO CAVALLIERI

Quais são os principais patrocinadores e apoios que têm contribuído para o seu desenvolvimento como atleta profissional de patins? Como essa parceria tem impactado sua carreira?

Eu tinha dado um tempo de dois anos de patinar para marcas quis um tempo pra mim viver no freestyle sem responsa simplesmente patinar. Mas vou falar da cena o número de patinadores tem aumentado dia após dia, e muitas coisas estão acontecendo. Os patinadores mais antigos estão abrindo lojas e construindo pistas, além de patrocinarem os atletas da nova geração. E eu, após esses dois anos, estou fechando com uma marca que logo divulgarei o nome. O patins é um esporte que esteve em decadência e agora está em ascensão novamente, então estamos conquistando tudo que tivemos no final dos anos 90, e agora de novo é estamos em esportes em ascensão novamente

Como a sua família tem sido um suporte para você durante sua carreira no patins? Eles sempre acreditaram no seu potencial desde o início?

Nos anos 90 e 2000, a dinâmica do patins era diferente em relação ao apoio dos familiares nos skateparks. Na época em que comecei a praticar, o patins era principalmente uma brincadeira de rua, e os pais geralmente não estavam tão envolvidos ou presentes nas atividades dos patinadores. No entanto, é importante ressaltar que isso não é uma generalização, mas uma observação com base em minha experiência pessoal e na minha família, que tinha um estilo mais tradicional. Apesar disso, minha mãe sempre respeitou minha paixão pelo patins, reconhecendo-o como uma ferramenta de inclusão social na minha vida. Ele me proporcionou a oportunidade de interagir com outras pessoas, fazer amizades e desenvolver habilidades, enquanto explorava diferentes espaços urbanos. O patins se tornou uma parte significativa da minha jornada e contribuiu para meu crescimento pessoal e social.

Além do patins, quais outras atividades ou esportes você pratica para aprimorar suas habilidades e complementar seu desempenho no patins? Atualmente, além de praticar patins, estou envolvido com a modalidade de bicicleta fixa, que é uma bicicleta de alta resistência e pedalo continuamente. Também contei com a ajuda de uma assessoria esportiva, com o preparador físico Arthur Querino, para dar uma atenção extra ao meu corpo nessa fase. Estou focado em cuidar da minha forma física e garantir um melhor condicionamento para as minhas atividades esportivas. É importante cuidar do corpo e se preparar adequadamente para obter um desempenho satisfatório nas práticas esportivas.

Qual foi o momento mais gratificante da sua carreira até agora?

Existe alguma conquista em particular que você considera como um marco na sua trajetória como atleta profissional de patins?

Foi ter feito parte do filme Valo 6 na parte do Brasil. Desde adolescente, eu assistia os filmes da Valo, que me inspiravam muito, e do nada tive a oportunidade de fazer parte do filme número 6. A Valo foi uma grande empresa que hoje se chama Them Skates.

Quais são seus planos e metas futuras como atleta profissional de patins? Existem competições específicas que você deseja participar ou conquistas que você ainda busca alcançar?

Ainda tenho a vontade de ganhar um campeonato de rua, isso seria muito empolgante rs. No entanto, atualmente, tenho outros desejos em mente. Sonho em fazer um filme viajando por todo o país e registrando a história de um atleta de cada estado. Seria uma experiência surreal e ajudaria a fortalecer nossa cena patinadora, ao contribuir com produções audiovisuais que retribuem um pouco do que o patins já me proporcionou. É uma forma de compartilhar as histórias e as conquistas dos patinadores de diferentes regiões, além de valorizar o esporte por meio da produção cinematográfica. Como você lida com a adversidade e os obstáculos durante os treinamentos e competições? Existe alguma estratégia mental que você utiliza para se manter focado e superar os desafios? Com certeza, estar perto dos seus amigos em competições é muito importante. Patinar ao lado das pessoas com quem você compartilha o dia a dia aumenta sua confiança, pois você está com aqueles que sempre fazem as coisas juntos. Não é novidade que você execute as manobras que treinou perto daqueles com quem treina regularmente. Portanto, é extremamente valioso estar rodeado de amigos durante as competições. A presença de amigos traz apoio, incentivo e uma sensação de conforto, o que pode contribuir para um melhor desempenho e uma experiência mais positiva no evento. Como você vê o futuro do esporte de patins profissionalmente?

Quais são as oportunidades e tendências que você enxerga para o crescimento e reconhecimento do esporte?

Conforme mencionei anteriormente, o patins é um esporte que já esteve no topo e agora, após muito esforço, estamos voltando para o topo. Vejo um futuro brilhante para nós, com oportunidades de estarmos presentes nas próximas Olimpíadas e além. Atualmente, temos uma base sólida de patinadores trabalhando em conjunto, buscando fortalecer a presença do patins como um esporte reconhecido. A criação de uma Confederação é fundamental para que isso aconteça, pois poderá unificar e representar nossos interesses enquanto comunidade patinadora. Além disso, estou muito feliz em dizer que estou envolvido em um podcast chamado Tchanka Podcast, no qual abordamos muito esse tema. Estamos lutando para que o patins se torne uma tendência em cultura e moda. Através do podcast, temos a oportunidade de compartilhar nossa paixão pelo esporte de forma ampla e abrangente, alcançando um público mais amplo. Acreditamos que ao valorizar e difundir a cultura do patins, estamos contribuindo para fortalecer o esporte e consolidá-lo como parte integrante da cultura contemporânea. Quais conselhos você daria para jovens aspirantes a atletas profissionais de patins que desejam seguir seus passos? Quais são os aspectos fundamentais para se destacar nesse esporte? Com certeza! A diversão é essencial quando se trata de patinar. É importante se sentir feliz e aproveitar o tempo com os patins nos pés. Patinar deve fazer sentido para você, trazer alegria e satisfação. Além disso, concordo que o restante flui com disciplina e empenho. Ao se dedicar ao esporte, praticando regularmente, estabelecendo metas e desafiando-se, é possível alcançar um bom desempenho e progredir. A disciplina ajuda a desenvolver habilidades, aperfeiçoar técnicas e superar obstáculos. É importante ressaltar que o patins é um esporte que pode ser praticado por pessoas de diferentes idades e níveis de habilidade. É uma atividade inclusiva, aberta a todos que tenham interesse e paixão por ela. O patins oferece a oportunidade de se expressar, se movimentar e se divertir, independentemente de suas habilidades iniciais. Como você encontra o equilíbrio entre sua vida pessoal e a carreira no patins? Como você se dedica aos treinamentos intensos, viagens e competições, ao mesmo tempo em que mantém relacionamentos saudáveis e tempo para si mesmo?

Eu tento fazer a fusão de patins mais vida social em um só é difícil mais tem rolado bem. Resumindo patins como estilo de vida.

Quais são seus planos e ambições para o futuro como atleta profissional de patins? Existe algum projeto especial em que você esteja trabalhando atualmente? Atualmente, estou trabalhando em um filme de patins street que eu tinha em mente há muitos anos. Finalmente, vou conseguir executar com condições. Logo eu solto informações no meu Instagram.

Por fim, qual mensagem você gostaria de transmitir para seus fãs e para aqueles que se inspiram em sua jornada como atleta profissional de patins?

Viva o Patins street!!! Gostaria de agradecer a todos os meus fãs e seguidores pelo apoio ao longo da minha jornada como atleta profissional de patins. Vocês são incríveis e me motivam a continuar superando desafios e evoluindo no esporte que amo. Lembre-se sempre de seguir sua paixão e se divertir com o que fazem. O patins é mais do que apenas um esporte, é um estilo de vida que nos une, nos permite explorar o mundo e nos conecta com pessoas de diferentes culturas e origens. Se você também tem um sonho, não desista, persista e trabalhe duro para alcançá-lo. Agradeço a todos que têm acompanhado minha jornada, e espero que eu possa continuar inspirando outros a seguirem seus sonhos e acreditarem em si mesmos. Obrigado por fazerem parte dessa jornada incrível comigo! Vamos viver o patins street com paixão e dedicação!

DECCS MAGAZINE - [21]

Como você começou sua jornada no patins? Existe alguma história específica que tenha te inspirado a começar? Aos 7 anos, dei meus primeiros passos sobre rodas, descobrindo esportes que gostava. Fiz aulas voltadas para a carreira de patinação perto da minha casa. Depois, aos 9 anos, comecei a competir em patinação. Minha escola oferecia uma oficina de patinação e a gente praticava no estacionamento subterrâneo, adorava descer a toda velocidade. Eu estava fora das pistas praticando outros esportes como basquete e natação. Voltei a praticar patinação de velocidade e competição dos 14 aos 16 anos, treinando 5 vezes por semana, ganhando campeonatos com minha família que sempre me acompanhou. Descobri que meu amor pela patinação era maior do que qualquer outro esporte. Aos 18 anos, descobri a patinação urbana, me locomover pela cidade sobre rodas e o que mais gostava era derrapar, pular e patinar. Faço qualquer tipo de manobra com os patins. Me apaixonei completamente e atualmente, com 26 anos, ainda não larguei meus patins. Conheci o mundo nas minhas 8 rodas, competi na minha primeira SulAmericana em 2017 levando meu primeiro avião para São Paulo, Brasil, vencendo minha primeira competição internacional na modalidade Jumping and Drifting. Desde então, me preparo para diversas competições dentro e fora do meu país. Complementando a patinação junto com o treinamento de força, comecei a aprender levantamento de peso olímpico para ficar em melhor condição física e ter um melhor desempenho. Em 2018, fui ao Brasil novamente, obtendo o primeiro lugar no salto no nível sul-americano e o segundo lugar nas derrapagens. Já visitei países como México, Equador, Argentina e China, obtendo excelentes resultados. Não sei se devo especificar isso neste item, mas pergunte se quiser informações específicas sobre os triunfos mais importantes.

Sabemos que a motivação é uma peça fundamental para se destacar em qualquer esporte. Quais são suas principais motivações para continuar praticando patins?

A sensação que a patinação me dá e tudo o que isso implica. Viajar, conhecer novos lugares, pessoas, compartilhar a mesma paixão com pessoas de qualquer lugar do mundo. Acho muito legal que um mesmo sentimento nos una: o amor pela patinação. Desde 2022, destaquei descobrir e acreditar em minhas habilidades, tanto quanto os outros acreditam em mim. Eu gosto tanto de andar de patins que não percebo as manobras incríveis que estou fazendo, mas quando as pessoas me falam, eu simplesmente percebo. Tenho muita disciplina, talento e condições de ir muito longe. Além do patins, quais são suas principais paixões ou interesses na vida pessoal? Como você equilibra suas atividades fora do esporte com o treinamento e competições?

Na minha vida pessoal, aprendo todos os dias a ser uma pessoa melhor. Gosto de poder deixar um legado e ensinar aos outros. Quando eu estava praticando meu esporte, era uma estrada muito solitária, sem o treinador ou as escolas onde ensinavam drift ou jump. Só aprendi através de tutoriais, com amigos ou em competições com outras pessoas. É por isso que retomei minha vocação para o ensino com minha paixão pela patinação, estudando para ser professora de educação física e, paralelamente a isso, formei uma escola de patinação: ROLLERMANIA SCHOOL, junto com Catalina Trejo. Criamos metodologias próprias para ensinar a andar de patins com segurança. Graças a esta escola, pude trabalhar e gerar renda em torno da minha paixão. Quem me ama, entende meu tempo, treino, foco e sabe que às vezes fica difícil dividir comigo por causa disso. Mas patinar é minha prioridade acima de tudo, se me sinto muito cansada, procuro fazer outras atividades para refrescar a mente, ir à praia, fazer aulas de dança, ler, escrever, para continuar com a melhor disposição nos meus treinos. É difícil separar a esfera pessoal da esportiva, mas entendo que fora do atleta existe também o meu eu pessoal, por isso trabalho para ser um bom ser humano e oferecer o melhor de mim para esta sociedade.

O cenário feminino no patins tem evoluído nos últimos anos. Como você vê essa evolução e quais são as maiores conquistas alcançadas pelas atletas femininas até agora?

É maravilhoso ver cada vez mais mulheres praticando esportes, mas minha disciplina moderna (escorrega e salto) que a princípio não conseguia abrir as categorias de competição por falta de quórum. Atualmente, no meu país, há muito mais mulheres que são incentivadas a se informar sobre diferentes ramos da patinação urbana, como: downhill, skids, jumps, slalom e freestyle roller. Fico muito feliz em ver que elas sobem de nível, estão motivadas para competir e até para representar nosso país em torneios internacionais.

Ele destaca o trabalho que as escolas têm feito em todo o país, levando a patinação até meninos e meninas que são o futuro. A representação das mulheres no esporte é de extrema importância. Como as marcas têm apoiado o cenário feminino no patins e quais ações você acredita que ainda precisam ser tomadas? Os patrocínios estão muito reduzidos, infelizmente. Acho que falta apoio, porque tem atletas com muito potencial

DANIELA DANIELA

FOTÓGRAFA : FELIPE CASTILLA - @FELIPECASTILLA.ME

MANOBRA: FREE JUMP

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26 ANOS 19 ANOS DE PATINS, SANTIAGO, CHILE INSTAGRAM: @ROLLER.LOV3_
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DANIELA LEÓN

DANIELA LEÓN DANIELA LEÓN

que precisam focar no treino e no desempenho. Mas somando dias longos, é difícil que haja uma melhora de nível. Recebi apoios e patrocínios, mas muito esporadicamente, que não chegavam nem cobriam 90% das despesas da minha carreira esportiva. Grato de qualquer maneira, mas ficaria feliz se fosse mais, especialmente para as novas gerações e os novos esportes. Quais foram os desafios que você enfrentou ao longo da sua jornada como atleta de patins feminino e como você os superou?

Os maiores desafios que enfrentei são a economia, tolerância à frustração e perseverança diante da adversidade. Entender que existem situações externas na vida que não se pode controlar, não levar as coisas para o lado pessoal é importante para seguir em frente. Por exemplo, não ter espaço para treinar me frustrou muito, treino no centro da cidade e com meus companheiros alugamos um galpão para guardar o piso para derrapar, tirar o piso (é um material de construção, tipo um carpete gigante e pesado) e nos roubaram essa superfície. Foi há algumas semanas e senti como se meu coração tivesse sido levado. Isso me machuca, mas se tem gente que faz esse tipo de coisa, fala do jeito deles de ser, não do meu. Diante da adversidade, você não deve desistir, se expressar suas emoções e depois continuar.

Sabemos que muitas vezes a pressão social e as expectativas podem afetar os atletas. Como você lida com a pressão e o estresse em sua carreira no patins?

Não me importo com as opiniões negativas dos outros, sempre me deixo impressionar pelas minhas habilidades. O que as pessoas pensam é problema delas, da mesma forma que as pessoas que me seguem são tão bonitas quanto elas, não me fazem sentir que não estou à altura das expectativas, pelo contrário, sempre me incentivam e me dizem que eu sou uma excelente patinadora e isso me motiva ainda mais. Às vezes, quando penso que não me saí tão bem quanto esperava, levo isso no bom sentido, como uma lição para tentar novamente e melhorar na próxima oportunidade. O que mais me afeta é o estresse do dia a dia, de conseguir dinheiro para competir, pagar contas, ter implementos, comer bem, cumprir minhas responsabilidades e dividir o tempo com minha família. Mas me organizo para não ter tantas atividades no mesmo dia e não exagerar. E se eu me sentir muito cansada, me dou a liberdade sem culpa de parar. Meu bem-estar é muito importante para o meu desempenho.

Quais são seus maiores objetivos no patins para o futuro próximo e a longo prazo? Existe algum sonho ou conquista específica que você deseja alcançar?

Pouco depois de realizar meu sonho de treinar na Espanha, em agosto viajo até meados de outubro. Vou estagiar com os melhores do país, quero conhecer suas técnicas, metodologias e sistemas de treino para ganhar mais experiência e trazer tudo para o meu país. Competir na Itália após 2 meses de treinamento, quero ver o quanto posso avançar neste tempo, guiado por especialistas em derrapagem, acima de tudo. E porque não, subir ao pódio europeu (a primeira viagem lá seria para a Europa e é um sonho que vai se tornar realidade, estou muito empolgado com isso). A meio do caminho, tenho o World Skate World Skate na Itália em 2024, quero estar no meu melhor nesta competição e subir ao pódio. Mas, a longo prazo, quero ser treinadora do meu esporte, para que minha experiência possa servir às novas gerações e alcançar grandes resultados juntos. No meu país, existem grandes patinadoras e patinadores, mas nos falta profissionalismo.

O patins pode ser uma atividade inclusiva e divertida para pessoas de todas as idades. Quais são os conselhos que você daria para aquelas mulheres que desejam começar a praticar patins, independentemente da idade?

Aconselharia a qualquer mulher que queira aprender a patinar que utilize proteções (capacete, joelheiras, munhequeiras e cotoveleiras. Inclusive protetor de cóccix se for necessário) para que as quedas não sejam um impedimento, pelo contrário, uma motivação para tentar novamente e alcançar a meta. Obtenha patins do tipo freeskate que têm melhor suporte para os pés para segurança. Faça aulas em uma escola com pessoas que idealmente tenham estudos em educação. Entenda que tudo é um processo, que se avança de um objetivo pequeno para um médio e depois para um maior. Sejam constantes, o progresso não é mágico, é importante fazer algo pelos objetivos que se deseja alcançar. Enfim, APROVEITE, a liberdade que você tem nos patins é única, é um esporte muito divertido e funcional que você pode usar como meio de transporte, não polui, você chega a todos os lugares mais rápido, simplesmente UMA SUPERPOTÊNCIA. Como sua família tem apoiado sua jornada como atleta de patins? Eles sempre te apoiaram nessa escolha ou enfrentaram algum tipo de resistência no início?

Sempre tive o apoio que precisava da minha família, desde criança me levavam nas competições e me acompanhavam nos treinos. Sou grata às vezes não só pelos meus entes queridos que passaram tantas horas fora de casa, a superproteção sobre a menina toda é mais forte, mas com o tempo eu entendi e, se eu precisasse ir procurar porque estava muito cansada de tanto treinando ou trabalhando, eles estavam lá para me apoiar.

Por fim, como você acredita que o patins pode impactar positivamente a vida das mulheres e quais benefícios você pessoalmente obteve com a prática do esporte?

Patinar para mulheres é empoderador, muitas mulheres mais sedentárias vêm para a escola e o prazer que a patinação gera é incrível. Gosto de ver como elas evoluem, superam o medo, conseguem pegar as rodas e sair por conta própria. Fica visível que não temos fragilidade, muito pelo contrário, caímos e continuamos tentando porque temos força para isso, também contamos sempre com o apoio dos colegas. A conexão que se gera entre as mulheres é muito bacana, palavras de motivação e apoio são super bem recebidas. Para mim pessoalmente, patinar é a minha vida, enche-me de energia e felicidade estar sobre rodas, fico impressionado com a quantidade de experiências que um par de patins me proporcionou e as que continuarei a ter. Amo o que faço, me divirto todos os dias e não me vejo sem estar ligada ao patins. As pessoas me veem como super poderosa e também me sinto assim com meus patins. A prática do patins pode impactar positivamente a vida das mulheres, proporcionando empoderamento, superação de medos, conexões com outras patinadoras e um sentimento de força física e mental. Pessoalmente, obtive inúmeros benefícios com a prática do esporte. A patinação me enche de energia e felicidade, permitindo-me viajar, conhecer novos lugares e pessoas, compartilhando a paixão pelo patins com outros entusiastas de todo o mundo. Além disso, a patinação me ajudou a desenvolver disciplina, perseverança e confiança em minhas habilidades. É uma atividade que me faz sentir poderosa e realizada.

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ROGER CAMPOS

Como surgiu a ideia de criar o Projeto Social Abelhas Inline e como você se envolveu nele?

Havia na comunidade patinadores que frequentavam a pista de patinação para a prática do esporte. Durante esse tempo, várias crianças se manifestaram no local, e os atletas se disponibilizaram a apresentar o esporte a elas. Após um tempo, conheci as crianças e percebi que estas necessitavam de equipamentos mais aprimorados para seu desenvolvimento e, deste modo, surgiu a criação do projeto das Abelhas Inline. Quais são os objetivos do projeto e como ele tem impactado a vida das crianças em situação de vulnerabilidade na Zona Norte de Sorocaba? Os objetivos apresentados ao projeto são indicados como a cooperação entre as crianças, em que todas possam se ajudar e aprenderem com cada momento; a empatia a ser praticada e desenvolver habilidades que cada criança possui dentro de si. Dessa forma, a maneira como isso tem impactado a vida de cada criança se dá pelo fato de que elas têm evoluído em todos esses aspectos, além de se divertirem a cada dia que se encontram.

Como você conheceu Ana Júlia e o que a destacava das demais crianças desde o início? Enquanto havia o início do projeto, a Ana Júlia sempre participou com muito entusiasmo do esporte. Ela morava em frente à pista e pude conhecê-la melhor a cada vez. O que a destacava era o fato de ser uma menina destemida, que tinha um brilho diferente das demais e, principalmente, por ser sempre competitiva com o que fazia.

Como tem sido a trajetória de Ana Júlia no freestyle até o momento?

Desde o início do projeto, ela vem praticando o esporte duas vezes por semana, se dedicando e participando dos campeonatos. Com o tempo, ela foi aprimorando seu empenho e passou a ganhar todos os campeonatos que participava, o que permanece até hoje.

Quais foram as conquistas mais marcantes de Ana Júlia até agora?

O campeonato Mundial na Argentina foi o mais marcante, em Buenos Aires.

Como você avalia o papel das redes sociais na divulgação do talento e das conquistas de Ana Júlia?

É de extrema importância, visto que inspira outras crianças e jovens a buscar suas conquistas.

Como o projeto e a conquista de títulos têm influenciado a autoestima e o desenvolvimento pessoal de Ana Júlia?

Para a Ana Júlia, patinar tem sido um grande marco de diversão. Com todas as conquistas, ela tem visto que seu caminho tem aberto para grandes marcos em sua vida, de modo a ela ver sua capacidade pelo mundo.

Quais são os principais desafios enfrentados por você e pelo projeto para manter as atividades e o suporte necessário para os alunos?

Necessitamos muito de patins, capacete, proteções para essa prática. Além da alimentação nos dias de treino e o mantimento de um local seguro.

Quais são os planos futuros para o Projeto Social Abelhas Inline e para Ana Júlia no freestyle?

Trazer mais suporte a esse esporte tem sido o mais procurado durante esse percurso. Tornar o patins um Esporte Olímpico e que a Ana Júlia possa obter esse título para o Brasil.

Como você enxerga o potencial de Ana Júlia para se tornar uma referência no freestyle tanto no Brasil quanto internacionalmente?

Ela sempre foi uma menina que buscava evoluir no esporte, além disso ela pode incentivar inúmeras crianças a praticar o esporte e a correrem atrás de seu sonho, isso em qualquer lugar no mundo.

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@ROGERCAMPOS88

Qual é a importância do esporte como ferramenta de inclusão social e transformação na vida das crianças e jovens atendidos pelo projeto?

Ao praticar a Patinação, a coletividade é um fator que é muito atingido. Todos se ajudam, interagem, aprendem sobre cada um e sua cultura.

Além das conquistas esportivas, quais outros aspectos você acredita que o projeto proporciona aos seus alunos?

Com todo convívio proporcionado, as crianças interagem com ambientes diferentes, com um contato a novas culturas, pessoas novas e aprendizado de manobras mais aprimoradas com atletas de fora.

Como a comunidade local tem apoiado o projeto e as conquistas de Ana Júlia?

Através de doações, como equipamentos de proteção, patins, alimentos para a alimentação das crianças nos dias dos treinos, tem auxiliado para o apoio do projeto. Essas condições de apoio ao projeto também têm apoiado a Ana Júlia, além de trazer a divulgação da atleta nas mídias sociais.

Quais são os valores e princípios que você busca transmitir aos alunos do projeto?

Diversão e evolução. Acredito que isso vem a ser um ponto crucial, visto que quando se divertem com o

esporte, também vêm a evoluir não só no esporte, como também na vida em quesitos cotidianos.

Deixe uma mensagem final para aqueles que acompanham o Projeto Social Abelhas Inline e torcem pelo sucesso de Ana Júlia.

Em toda caminhada vêm grandes aprendizados. Agradeço a todos que torcem pelo sucesso da Ana Júlia no esporte e em todos os aspectos, já que isso a motiva a todo momento a buscar seu caminho. Esperamos que todos possam buscar seus sonhos, objetivos e que trilhem sempre com determinação!

A todos, o nosso maior agradecimento!

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Como você começou sua jornada no patins? Existe alguma história específica que tenha te inspirado a começar?

Bom, minha história do patins é relativamente recente. Começou em outubro de 2020, quando estávamos vivendo o auge da pandemia, e eu estava desempregada, sem ver amigos há meses, com tempo e uma vontade imensa de fazer uma atividade física ao ar livre que pudesse ser solitária. Uma amiga me mandou um vídeo da @oumi_janta dançando de patins e eu me encantei, comecei a ver que existia um movimento na gringa (formado principalmente por mulheres) chamado #365daysofrollerskate, que era basicamente registros do processo de aprendizado desde o seu dia 1 patinando até o dia 365. Foram muitas histórias que me inspiraram, vi que era possível aprender a patinar do zero já adulta e o quão isso poderia ser divertido e importante, principalmente naquele contexto de pandemia.

Sabemos que a motivação é uma peça fundamental para se destacar em qualquer esporte. Quais são suas principais motivações para continuar praticando patins?

Por mais que seja incrível aprimorar e conquistar manobras em termos pessoais de progresso, etc., o mais especial e o que mais me motiva é a troca e incentivo com a comunidade. Compartilhar meus processos e acompanhar os das minhas amigas (seja online ou não) é o que me mantém inspirada e animada.

Além do patins, quais são suas principais paixões ou interesses na vida pessoal? Como você equilibra suas atividades fora do esporte com o treinamento e competições?

Acabou que me apaixonei tanto pelo patins que decidi fazer uma reviravolta na vida e transformei isso no meu trabalho e fonte de renda oficial rs. Portanto, hoje em dia dou aula, e isso ocupa boa parte do meu tempo e dedicação. Não tenho uma rotina rigorosa para treinos, pratico quando consigo. Minha dedicação para me desenvolver no esporte tem mais a ver com conquistas pessoais e a vontade de compartilhar com a comunidade. No meu tempo livre, gosto muito de cozinhar, ouvir podcast, ir à praia com meu cachorro, tocar algum instrumento (eu finjo que sei tocar violão e flauta transversal rs), ir ao teatro, fazer trilha, enfim, são muitos interesses para conciliar com um corpo cansado de horas de patins, mas procuro não esquecer e abandonar essas partes de mim que são tão fundamentais quanto a minha parte patinística rs.

O cenário feminino no patins tem evoluído nos últimos anos. Como você vê essa evolução e quais são as maiores conquistas alcançadas pelas atletas femininas até agora?

Talvez seja importante ressaltar que minha modalidade dentro do patins é o quad, e essa ainda é uma modalidade bem embrionária no Brasil. Existe a tradição da patinação artística, mas o quad aggressive é mais recente. Eu acredito que tem crescido com muita força nesses últimos anos porque nós somos uma comunidade acolhedora no geral. Mesmo pela internet, a gente busca se ajudar como pode, seja através de iniciativas como o Mapa das Minas que a @haoleskater criou, seja estimulando através de motivação e dicas no Instagram, seja contribuindo com rifas pra galera poder ter um patins melhor, seja realizando encontrões e recebendo em casa pessoas de outros estados que às vezes nunca nem vimos pessoalmente. Enfim, acho que no geral nossas conquistas estão mais relacionadas a conexões com as pessoas e encontros especiais mesmo.

A representação das mulheres no esporte é de extrema importância. Como as marcas têm apoiado o cenário feminino no patins, e quais ações você acredita que ainda precisam ser tomadas?

Vixi, se na patinação street, que envolve a galera do inline e tem uma comunidade bem mais encorpada, o apoio já me parece pouco, no quad então eu diria que é quase inexistente. A real é que, tratando-se de marcas de patins, não existe nenhuma nacional que se proponha a fazer um quad desenvolvido para aggressive. Comprar um importado é inacessível para a maioria, e a grande parte de nós monta um patins frankenstein - muitas vezes montado na base da gambiarra e improviso - para conseguir dar um rolê. Por muito tempo, usei um patins inadequado para a pista, e foi graças à ajuda da comunidade que consegui montar um patins seguro e adequado (alô minhas amigas @cucacouto.roll e @lelisbang que trouxeram patins e peças da gringa para mim). Não digo isso para romantizar a cena, mas se não somos nós nos fortalecendo, simplesmente a comunidade não existe. Acho que a maioria de nós nem sente muita pretensão e expectativa com apoio de marcas porque o quad - acredito que pela

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JULIANA FREITAS

referência “vintage” - é mais relacionado à dança, passeio, etc. O aggressive não é muito visto em termos comerciais, mas tenho esperança que isso mude quando as marcas perceberem o potencial dessa comunidade e quantas patinadoras incríveis estão por aí dando o sangue porque são apaixonadas pelo esporte. Incentivo é fundamental.

Quais foram os desafios que você enfrentou ao longo da sua jornada como atleta de patins feminino, e como você os superou?

Acho que é importante fazer alguns recortes aqui para salientar que existem corres e corres. Precisei correr atrás para ter um patins de qualidade razoável, e isso não foi fácil, mas sempre tive a meu favor condições favoráveis para poder correr atrás. Sou uma mulher branca de classe média que teve tempo/disponibilidade para se dedicar, possibilidade de locomoção, companhias para me incentivar e acesso a lugares com uma mínima infraestrutura (principalmente considerando que no Brasil tem muito lugar precário). Meus desafios estão mais relacionados a ter começado um esporte aos quase 30 anos com praticamente nenhum histórico de atividade física, então isso, além de ter incluído lesões por falta de ter um mínimo preparo físico e orientação, incluiu muitas inseguranças e incertezas se o caminho que estava/estou tomando é prudente e responsável. Volta e meia me pergunto "será que isso aqui não é doideira demais? Eita, o que eu tô fazendo da vida?" Mas acredito que essas são as dúvidas que a maioria de nós temos, independentemente do que estamos fazendo, né rs. Sabemos que muitas vezes a pressão social e as expectativas podem afetar os atletas. Como você lida com a pressão e o estresse em sua carreira no patins?

No geral, lido bem, até porque eu não tenho marca ou empresário para me representar. Sou autônoma, meu negócio é dar aula, e minhas questões têm mais a ver com cobranças internas e o quanto eu quero aprender para também poder entregar para os alunos e comunidade. Geralmente, quando eu sinto que existe alguma expectativa alheia em relação ao meu desempenho ou performance, procuro já falar que também estou aprendendo, erro e caio muito no processo. Acho que no começo a gente se cobra mais porque não entende que o aprendizado não é gradual e altos e baixos são normais. Conseguir administrar essas inconsistências, abraçar a humildade e entender que o aprendizado é permanente é a grande parada.

Quais são seus maiores objetivos no patins para o futuro próximo e a longo prazo? Existe algum sonho ou conquista específica que você deseja alcançar?

Procuro ser realista. Não me vejo ganhando campeonatos ou sendo rosto-propaganda de marcas. Estou cursando meu caminho com calma (confesso que talvez calma até demais rs) e buscando fazer o melhor que posso para contribuir com a comunidade. Atualmente, dou aulas particulares, ou para duplas e trios. Estou começando com meu amigo patinador de street @cai0inline um projeto de aulão gratuito para introduzir patinadores em skateparks. Minha vontade é dar aulas em grupo, formar turmas, organizar oficinas, enfim, repassar tudo que sei e aprendo na marra com técnica, segurança e método. Um grande sonho seria conseguir viajar e aprender com os gringos que têm mais bagagem e experiência, e conseguir trazer para diferentes partes do Brasil esse conhecimento de uma forma acessível.

O patins pode ser uma atividade inclusiva e divertida para pessoas de todas as idades. Quais são os conselhos que você daria para aquelas mulheres que desejam começar a praticar patins, independentemente da idade?

Ain gente, venham e venham muito! Uma das coisas que mais me animou a entrar pro mundinho quad é por ser justamente uma comunidade formada majoritariamente por mulheres e pela comunidade LGBTQIA+. Só nós sabemos o quão intimidador é estar no espaço com muitos homens. Mas independente disso, o que eu recomendo, para além de começar com proteções e orientação, é buscar trocar e compartilhar esses momentos de aprendizado com outras pessoas, tendo em mente que pessoas aprendem em ritmos diferentes por diversas razões, então não se compare. Também sou absolutamente adepta da patinação solitária, nada como ouvir música e entrar no vortex do hiperfoco patinístico ou curtir uma vibe de boas apreciando a própria companhia, mas a troca e diversão com outras pessoas apaixonadas pelo esporte não têm preço. Conheci pessoas de diversas idades que começaram a patinar com 20, 30, 40, 50, 60 anos e tiveram sua autoestima e dinâmica de sociabilidade completamente transformadas depois de começar a patinar. Se joga, confia e vem!

Como sua família tem apoiado sua jornada como atleta de patins? Eles sempre te apoiaram nessa escolha ou enfrentaram algum tipo de resistência no início?

Meus pais ficam preocupados com o risco de lesão, mas me apoiam muito. Ficam felizes de eu ter saído do sedentarismo e encontrado um esporte que me traz tantos benefícios. Por fim, como você acredita que o patins pode impactar positivamente a vida das mulheres e quais benefícios você pessoalmente obteve com a prática do esporte?

Além de movimentar o corpo trabalhando resistência, força, coordenação, equilíbrio, reflexo e etc. de uma forma lúdica e divertida, patinar me ajuda a ser mais gentil comigo mesma, por mais que às vezes eu seja contraditória com os lapsos de autocobrança. Me ajuda com minha autoestima quando consigo desenvolver algum movimento ou manobra, mas também me ajuda quando me sinto bonita fazendo um movimento simples que já me é confortável. É bem doido porque patinar é sentir um misto de alegria, medo, adrenalina, paz e eventualmente uma dorzinha de tombo para construir caráter e se manter humilde rs. Mas sem dúvida nenhuma o mais incrível tem sido compartilhar essa paixão com tantas pessoas diversas e especiais, de lugares e com histórias de vida completamente diferentes. Conheci e fiz amizades com pessoas que genuinamente quero levar pro resto da vida, independentemente se elas vão continuar patinando ou não. Isso é muito especial, e mal posso esperar para ver até que lugares e pessoas o patins vai me levar.

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Como você começou sua jornada no patins? Existe alguma história específica que tenha te inspirado a começar? Sim! Em 2012, eu e minha família fomos à terra natal do meu pai, Mato Grosso do Sul. Ficamos alguns dias, e o irmão do meu pai sugeriu que fôssemos ao Paraguai passear. Fui e, como era final do ano, meu tio resolveu me dar R$50,00 para comprar o que eu quisesse. Como meu pai sempre me incentivou a praticar esportes desde a infância (eu já estava com 12 anos na época), fui a uma loja e dei de cara com um patins quad de couro vermelho e rodas de led. Fiquei impressionada e comprei instantaneamente. De primeira, quando voltei do Paraguai, quebrei todas as paredes da varanda porque chutava tudo ao redor hahahahaha. Meu pai pediu para eu parar e eu andava pouquíssimas vezes. Quase um ano depois, peguei minhas coisas e lembrei daqueles patins. Fui para a Cidade Administrativa de Minas Gerais, que era puro asfalto e ladeiras, e me aventurei sozinha. Lá, conheci outros patinadores e assim fui trocando de patins e crescendo. Já fui goleira de um time de hóquei, o Vipers, e participei de competições. Já pratiquei downhill e hoje treino a modalidade vertical e street. Já são 10 anos sendo patinadora, com muitos desafios. Hoje, tenho a oportunidade de ser instrutora em uma escola infantil, também particular, e criadora de conteúdo nas redes sociais, contando minhas histórias de patinação por aí!

Sabemos que a motivação é uma peça fundamental para se destacar em qualquer esporte. Quais são suas principais motivações para continuar praticando patins?

A minha principal motivação é me desafiar e inspirar pessoas. O patins é um esporte no qual você enfrenta medos e se supera a cada dia. Cada um tem seu tempo de evoluir conforme suas condições, não só no patins, mas em todos os âmbitos da vida. Você se torna feliz com o que você faz, com as metas que você se compromete a cumprir.

Além do patins, quais são suas principais paixões ou interesses na vida pessoal? Como você equilibra suas atividades fora do esporte com o treinamento e competições?

Meus interesses na minha vida pessoal são desenhar, pintar e ser criativa. Eu faço tudo isso utilizando minhas redes sociais e mostrando tudo para os meus seguidores. Viajar e se conectar com pessoas é algo que me faz muito feliz!

O cenário feminino no patins tem evoluído nos últimos anos. Como você vê essa evolução e quais são as maiores conquistas alcançadas pelas atletas femininas até agora?

Nós mulheres temos tomado espaço com muita dedicação e treino. Alcançamos resultados e somos vistas por nós mostrarmos aptidão para fazer o que realmente amamos. Hoje vejo muitas meninas quebrarem o tabu em relação ao esporte e colecionarem medalhas!

A representação das mulheres no esporte é de extrema importância. Como as marcas têm apoiado o cenário feminino no patins e quais ações você acredita que ainda precisam ser tomadas?

O cenário feminino do Patins no Brasil é algo que precisa ser trabalhado todos os dias. Infelizmente, é muito difícil tomar espaço, e eu mesma sofro muito machismo por conta disso. Precisamos ter voz nas pistas, mais incentivo em campeonatos, e entenderem que, apesar de mulheres, temos aptidão para treinarmos com igualdade.

SARAH GONÇALVES

FOTÓGRAFA: FRED - @FREDPACO

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Quais foram os desafios que você enfrentou ao longo da sua jornada como atleta de patins feminino e como você os superou? O principal desafio que estou enfrentando é na modalidade Vertical. Estou praticando há um ano e já ouvi que devo desistir por demorar tanto a desbloquear alguma manobra, ou que não sou forte o suficiente para estar naquela modalidade. Me deixei abalar, mas me lembrei que estou nesse esporte porque quero desafiar o meu eu.

Sabemos que muitas vezes a pressão social e as expectativas podem afetar os atletas. Como você lida com a pressão e o estresse em sua carreira no patins?

Querer ser atleta é um sonho recente, e admito que nem sempre lido bem com isso. Exigimos muito de nós mesmos e ficamos desapontados por não conquistar um objetivo. Eu agradeço por ter um treinador físico que me apoia e me dá todo o suporte para eu lidar bem com todas as situações.

Quais são seus maiores objetivos no patins para o futuro próximo e a longo prazo? Existe algum sonho ou conquista específica que você deseja alcançar?

Ser Atleta Profissional é um sonho. Eu estou no primeiro degrau, e por várias vezes já me disseram que não sou capaz de tal feito. O que mais admiro em mim é sempre correr atrás do que eu mais quero e nunca desistir, por mais que demore, mas um dia eu estarei lá!

O patins pode ser uma atividade inclusiva e divertida para pessoas de todas as idades. Quais são os conselhos que você daria para aquelas mulheres que desejam começar a praticar patins, independentemente da idade?

Foque em você. A evolução é pessoal. O mais importante é se sentir bem com o que você está fazendo dentro dos seus limites, mas se você é capaz de mais, tente, porque para ter o que nunca teve, tem que fazer o que nunca fez!

Como sua família tem apoiado sua jornada como atleta de patins? Eles sempre te apoiaram nessa escolha ou enfrentaram algum tipo de resistência no início?

Eles aceitaram a pouco tempo. Já teve época na adolescência que eles esconderam por meses meu patins. A visão que eles tinham era de que não há futuro no esporte, mas eu provei o contrário. Hoje, vivo do esporte e estou realizada.

Por fim, como você acredita que o patins pode impactar positivamente a vida das mulheres e quais benefícios você pessoalmente obteve com a prática do esporte?

Acredito que o patins pode impactar positivamente a vida das mulheres de diversas maneiras. Primeiramente, proporciona uma atividade física divertida e estimulante, que ajuda a melhorar a saúde e a forma física. Além disso, o patins é um esporte que encoraja o empoderamento feminino, quebrando estereótipos de gênero e mostrando que as mulheres podem se destacar em qualquer esporte.

Para mim, a prática do patins trouxe muitos benefícios. Além de me manter fisicamente ativa e saudável, o esporte me ensinou a enfrentar desafios e a superar obstáculos. Através do patins, eu desenvolvi minha autoconfiança e minha determinação em correr atrás dos meus objetivos. Também tive a oportunidade de conhecer outras mulheres incríveis no esporte, formando uma rede de apoio e amizade.

Em suma, o patins é muito mais do que um esporte para mim. É uma paixão que me inspira, me motiva e me faz crescer como pessoa. E acredito que, para qualquer mulher que deseje começar a praticar patins, essa jornada pode ser igualmente transformadora, trazendo mais alegria, autoestima e empoderamento para suas vidas.

SARAH GONÇALVES SARAH GONÇALVES

DECCS MAGAZINE - [29]

Como você descobriu sua paixão pelo patins e o que te motivou a se tornar um atleta profissional nesse esporte?

Eu acredito que esse divisor de águas de um hobby de um lazer para um esporte levado um pouco mais a sério, tipo vou levar um pouco mais com o coração, eu acho que foi quando eu comecei a patinar na RUA. Quando eu comecei a olhar o patins com uma outra ótica, me dando a possibilidade de ressignificar a arquitetura da cidade, então acho que aí, eu encontrei a essência disso, sabe?! Então eu acho que eu encontrei paixão em fazer isso. E como eu acho que essa vertente do patins de estar patinando na rua exige um pouco mais de técnica, um pouco mais de coragem, isso foi como um pontapé para mim. Foi um incentivo que eu precisava para elevar o meu rolê a outro nível, para poder estar patinando na RUA, para poder estar patinando em qualquer lugar que não fosse uma skatepark, mas sim um corrimão no meio de uma escada, uma quina na porta de um prédio, qualquer coisa desse tipo, qualquer coisa que não fosse feita para manobrar. E foi nesse desejo, foi nessa busca que houve uma evolução drástica.

Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao longo de sua jornada como atleta profissional de patins e como você os superou?

Eu acredito que desde o início, o mais difícil era a escassez de patins, de peças, de dinheiro. Eu era uma criança de 12 anos que não podia trabalhar e vinha de uma família humilde, então meus pais não tinham condição de dar o suporte que eu precisava para me dedicar de corpo e alma ao esporte. Então acho que a maior dificuldade sempre foi a questão financeira. Passaram-se alguns anos e arrumei um emprego, mas ficava entre trabalho, escola e treino. A partir daí, a maior dificuldade passou a ser arrumar tempo para poder treinar. Dos 19 até os 22 anos, fiquei afastado do esporte porque não conseguia mais conciliar trabalho, família e patins. A partir dos meus 22 anos, consegui manejar melhor isso e dedicar mais tempo ao patins, e isso foi graças às pessoas que estavam ao meu lado, que me apoiaram, tiveram fé em mim e acreditaram tanto no meu sonho quanto eu.

Quais são os lugares mais extraordinários que você já teve a oportunidade de explorar e praticar patins? Existe algum local em particular que você sonha em conhecer e andar de patins?

Quando penso em um lugar extraordinário para patinar, me vem São Paulo à cabeça. É um lugar com uma arquitetura incrível, pico por todos os lugares. Na minha última passagem por lá, gravando para o profile "SEM PATROCÍNIO", guiado por Rage Marco, fui até o cano do berimbau no Tatuapé, cano da Bresser e Patriarca, que são picos clássicos. A rua me encanta, sou suspeito pra falar. Também já patinei em lugares como a praça 29 de março, no centro do Vale do Anhangabaú, que pra mim é um lugar onde tem as melhores quinas, no pátio da alfândega de Florianópolis, cano branco do centro cívico, entre outros que também têm um lugar especial na minha memória.

Você já participou de competições ou eventos relacionados ao patins?

Se sim, poderia contar-nos sobre alguma experiência marcante?

Eu acho que tem um marco na minha trajetória como patinador que foi na minha primeira competição, o "Tarde Nebulosa" realizado pela Killer Street em Curitiba, na Praça 29 de março. Foi um dia muito especial, estava tudo bem lotado e tinha patinadores de toda a parte do sul do estado, então, querendo ou não, era uma competição bem disputada. Nesse dia, eu consegui andar muito e soltar todas as manobras que eu tinha no pé, até ganhar o prêmio de atleta revelação. Para mim, isso foi muito especial, fiquei muito feliz. Foi um dia muito marcante, foi minha primeira competição, então estrear assim pra mim foi extraordinário.

Além das manobras mais técnicas, qual é a manobra que você considera a mais emocionante e que proporciona uma experiência única ao praticar patins?

Tá aí uma coisa que é bem difícil de responder, até porque eu acho que cada manobra traz uma sensação diferente, uma sensação boa. Mas hoje eu diria que tem uma assim, uma que eu gosto muito e gosto de fazer em todo pico que eu vou, é o BS SAVANA.

Como você equilibra a pressão de competir em eventos de alto nível com a necessidade de se divertir e manter a paixão pelo patins?

Eu tento sempre fugir dessa ideia de ser uma competição, de ser uma disputa, mas sem perder o foco. Tem algo que eu gosto de lembrar que um amigo meu me disse uma vez, Caio Reno: "Estar em uma competição é semelhante a uma exposição de arte, você está lá para mostrar a tua arte, você não está para ser melhor que ninguém." Pensando sobre isso, eu só quero mostrar minha arte com amor e o melhor que eu posso dar, sem a pressão de ser o número 1. Mas isso não me livra do friozinho na barriga das competições!

Quais são os principais patrocinadores e apoios que têm contribuído para o seu desenvolvimento como atleta profissional de patins? Como essa parceria tem impactado sua carreira?

INVULGAR SKATE CO. é uma marca que de fato me protege, contribuindo para minha segurança com equipamento de proteção. Acessória Esportiva tem contribuído para meu desenvolvimento físico. GO Roller Skateshop é uma parceira que tem sido extraordinária.

GUILHERME MONTEIRO

FOTÓGRAFA : ERICH GNETO - @ERICHGNETO

FLOW - profissional
MANOBRA: ACID GRIND 26 ANOS 11 ANOS DE PATINS, CURITIBA – (PR) INSTAGRAM: @GUIILHERME_FLAIR
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Como a sua família tem sido um suporte para você durante sua carreira no patins? Eles sempre acreditaram no seu potencial desde o início?

Sendo uma criança que brincava com um patins no pé, minha família, sem ter noção nenhuma do que era realmente o esporte, até todos entenderem que era mais do que só uma brincadeira de criança, demorou um pouco. Acredito que nem eles não acreditavam, nem eu mesmo acreditava que poderia tomar dimensão de tudo que tomou, mas logo em seguida sempre me apoiaram, sempre estiveram comigo lado a lado.

Além do patins, quais outras atividades ou esportes você pratica para aprimorar suas habilidades e complementar seu desempenho no patins?

No momento presente, eu tenho me dedicado à Yoga, que me trouxe ótimos resultados de fortalecimento, assim fazendo com que meu corpo fique mais forte, mais resistente a lesões ou contusões. Eu sou um amante da natureza e adoro pedalar pelas trilhas da região. Levo isso como um treino de cárdio, um treino para a mente, que me ajuda a manter o físico em dia.

Qual foi o momento mais gratificante da sua carreira até agora? Existe alguma conquista em particular que você considera como um marco na sua trajetória como atleta profissional de patins?

Para mim, o mais gratificante é a família que eu encontrei dentro do patins street! Para mim, na minha carreira, isso é o que mais tenho de valioso!

Quais são seus planos e metas futuras como atleta profissional de patins? Existem competições específicas que você deseja participar ou conquistas que você ainda busca alcançar?

Eu vejo como meta poder explorar um pouco mais dos estados brasileiros com o plano de gravar e poder mostrar um pouco mais da cultura local desses lugares com o meu patins na bolsa, manobrando em todos os lugares. Esse ano ainda vai rolar um tour em Porto Alegre, RS. Acredito que todo patinador gostaria de portar o cinturão do SUPER RIVAL. Dito isso, essa seria uma boa conquista. (risadas)

Como você lida com a adversidade e os obstáculos durante os treinamentos e competições? Existe alguma estratégia mental que você utiliza para se manter focado e superar os desafios?

Fazer com amor é o ingrediente principal da receita, não há obstáculo ou adversidade que resista à força de vontade. Eu tento sempre lembrar o porquê eu escutei fazendo isso, quando eu estou em um pico difícil, um corrimão de frente para uma escada, e me vem o medo, o receio, eu acalmo minha mente, confio na minha técnica e lembro que amo fazer isso e é pura diversão, é brincadeira.

Como você vê o futuro do esporte de patins profissionalmente?

Quais são as oportunidades e tendências que você enxerga para o crescimento e reconhecimento do esporte?

É legal falar sobre isso, o país vem criando prodígios no esporte, as crianças têm vindo com um talento sobrenatural, então isso faz com que a gente olhe para o futuro com a esperança de grandes atletas. A cena tem se movimentado de uma maneira que o reconhecimento e o crescimento do esporte têm sido absurdos! Acredito em um futuro próspero para a cena do patins. A Decs está aí para provar! Acredito que as competições têm se tornado comuns em todo o Brasil, e isso faz com que a galera tenha a oportunidade de mostrar seu rolê, que tenha a oportunidade de chegar a outros lugares. Campeonatos bem elaborados e bem apoiados têm sido um pontapé para o esporte. Quais conselhos você daria para jovens aspirantes a atletas profissionais de patins que desejam seguir seus passos? Quais são os aspectos fundamentais para se destacar nesse esporte? Nunca desistam dos seus sonhos, disciplinem-se para buscá-los, treinem, cuidem do corpo e da mente. E lembrem-se que mais do que competição, isso é diversão. Como você encontra o equilíbrio entre sua vida pessoal e a carreira no patins? Como você se dedica aos treinamentos intensos, viagens e competições, ao mesmo tempo em que mantém relacionamentos saudáveis e tempo para si mesmo?

Realmente é muito difícil equilibrar tudo isso. Eu fico dividido entre trabalho, família e patins. Eu procuro selecionar as competições de que mais gosto e me programar para estar nelas, com espaços de alguns meses onde eu possa me dividir entre trabalho e família!

Quais são seus planos e ambições para o futuro como atleta profissional de patins? Existe algum projeto especial em que você esteja trabalhando atualmente?

Sem uma data específica, mas com o plano de produzir um documentário de patins street nas ruas, mostrando a real essência de patinar fora das pistas e como é a vida do skatista. Quero inspirar mais pessoas a fazerem isso. Minha maior ambição é levar o esporte para todas as pessoas!

Por fim, qual mensagem você gostaria de transmitir para seus fãs e para aqueles que se inspiram em sua jornada como atleta profissional de patins?

Nunca desistam de seus sonhos, façam isso com amor, dedicação e disciplina. Não existe forma de dar errado, não existe talento, existe esforço e dedicação.

Muito obrigado por compartilhar sua história e experiências conosco. Desejamos a você muito sucesso em sua carreira no patins!

Eu fico muito grato pela oportunidade de poder falar um pouco sobre essa arte que é o patins street. Muito obrigado.

GUILHERME MONTEIRO

GUILHERME MONTEIRO

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