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ROGER CAMPOS

Como surgiu a ideia de criar o Projeto Social Abelhas Inline e como você se envolveu nele?

Havia na comunidade patinadores que frequentavam a pista de patinação para a prática do esporte. Durante esse tempo, várias crianças se manifestaram no local, e os atletas se disponibilizaram a apresentar o esporte a elas. Após um tempo, conheci as crianças e percebi que estas necessitavam de equipamentos mais aprimorados para seu desenvolvimento e, deste modo, surgiu a criação do projeto das Abelhas Inline. Quais são os objetivos do projeto e como ele tem impactado a vida das crianças em situação de vulnerabilidade na Zona Norte de Sorocaba? Os objetivos apresentados ao projeto são indicados como a cooperação entre as crianças, em que todas possam se ajudar e aprenderem com cada momento; a empatia a ser praticada e desenvolver habilidades que cada criança possui dentro de si. Dessa forma, a maneira como isso tem impactado a vida de cada criança se dá pelo fato de que elas têm evoluído em todos esses aspectos, além de se divertirem a cada dia que se encontram.

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Como você conheceu Ana Júlia e o que a destacava das demais crianças desde o início? Enquanto havia o início do projeto, a Ana Júlia sempre participou com muito entusiasmo do esporte. Ela morava em frente à pista e pude conhecê-la melhor a cada vez. O que a destacava era o fato de ser uma menina destemida, que tinha um brilho diferente das demais e, principalmente, por ser sempre competitiva com o que fazia.

Como tem sido a trajetória de Ana Júlia no freestyle até o momento?

Desde o início do projeto, ela vem praticando o esporte duas vezes por semana, se dedicando e participando dos campeonatos. Com o tempo, ela foi aprimorando seu empenho e passou a ganhar todos os campeonatos que participava, o que permanece até hoje.

Quais foram as conquistas mais marcantes de Ana Júlia até agora?

O campeonato Mundial na Argentina foi o mais marcante, em Buenos Aires.

Como você avalia o papel das redes sociais na divulgação do talento e das conquistas de Ana Júlia?

É de extrema importância, visto que inspira outras crianças e jovens a buscar suas conquistas.

Como o projeto e a conquista de títulos têm influenciado a autoestima e o desenvolvimento pessoal de Ana Júlia?

Para a Ana Júlia, patinar tem sido um grande marco de diversão. Com todas as conquistas, ela tem visto que seu caminho tem aberto para grandes marcos em sua vida, de modo a ela ver sua capacidade pelo mundo.

Quais são os principais desafios enfrentados por você e pelo projeto para manter as atividades e o suporte necessário para os alunos?

Necessitamos muito de patins, capacete, proteções para essa prática. Além da alimentação nos dias de treino e o mantimento de um local seguro.

Quais são os planos futuros para o Projeto Social Abelhas Inline e para Ana Júlia no freestyle?

Trazer mais suporte a esse esporte tem sido o mais procurado durante esse percurso. Tornar o patins um Esporte Olímpico e que a Ana Júlia possa obter esse título para o Brasil.

Como você enxerga o potencial de Ana Júlia para se tornar uma referência no freestyle tanto no Brasil quanto internacionalmente?

Ela sempre foi uma menina que buscava evoluir no esporte, além disso ela pode incentivar inúmeras crianças a praticar o esporte e a correrem atrás de seu sonho, isso em qualquer lugar no mundo.

Qual é a importância do esporte como ferramenta de inclusão social e transformação na vida das crianças e jovens atendidos pelo projeto?

Ao praticar a Patinação, a coletividade é um fator que é muito atingido. Todos se ajudam, interagem, aprendem sobre cada um e sua cultura.

Além das conquistas esportivas, quais outros aspectos você acredita que o projeto proporciona aos seus alunos?

Com todo convívio proporcionado, as crianças interagem com ambientes diferentes, com um contato a novas culturas, pessoas novas e aprendizado de manobras mais aprimoradas com atletas de fora.

Como a comunidade local tem apoiado o projeto e as conquistas de Ana Júlia?

Através de doações, como equipamentos de proteção, patins, alimentos para a alimentação das crianças nos dias dos treinos, tem auxiliado para o apoio do projeto. Essas condições de apoio ao projeto também têm apoiado a Ana Júlia, além de trazer a divulgação da atleta nas mídias sociais.

Quais são os valores e princípios que você busca transmitir aos alunos do projeto?

Diversão e evolução. Acredito que isso vem a ser um ponto crucial, visto que quando se divertem com o esporte, também vêm a evoluir não só no esporte, como também na vida em quesitos cotidianos.

Deixe uma mensagem final para aqueles que acompanham o Projeto Social Abelhas Inline e torcem pelo sucesso de Ana Júlia.

Em toda caminhada vêm grandes aprendizados. Agradeço a todos que torcem pelo sucesso da Ana Júlia no esporte e em todos os aspectos, já que isso a motiva a todo momento a buscar seu caminho. Esperamos que todos possam buscar seus sonhos, objetivos e que trilhem sempre com determinação!

A todos, o nosso maior agradecimento!

Como você começou sua jornada no patins? Existe alguma história específica que tenha te inspirado a começar?

Bom, minha história do patins é relativamente recente. Começou em outubro de 2020, quando estávamos vivendo o auge da pandemia, e eu estava desempregada, sem ver amigos há meses, com tempo e uma vontade imensa de fazer uma atividade física ao ar livre que pudesse ser solitária. Uma amiga me mandou um vídeo da @oumi_janta dançando de patins e eu me encantei, comecei a ver que existia um movimento na gringa (formado principalmente por mulheres) chamado #365daysofrollerskate, que era basicamente registros do processo de aprendizado desde o seu dia 1 patinando até o dia 365. Foram muitas histórias que me inspiraram, vi que era possível aprender a patinar do zero já adulta e o quão isso poderia ser divertido e importante, principalmente naquele contexto de pandemia.

Sabemos que a motivação é uma peça fundamental para se destacar em qualquer esporte. Quais são suas principais motivações para continuar praticando patins?

Por mais que seja incrível aprimorar e conquistar manobras em termos pessoais de progresso, etc., o mais especial e o que mais me motiva é a troca e incentivo com a comunidade. Compartilhar meus processos e acompanhar os das minhas amigas (seja online ou não) é o que me mantém inspirada e animada.

Além do patins, quais são suas principais paixões ou interesses na vida pessoal? Como você equilibra suas atividades fora do esporte com o treinamento e competições?

Acabou que me apaixonei tanto pelo patins que decidi fazer uma reviravolta na vida e transformei isso no meu trabalho e fonte de renda oficial rs. Portanto, hoje em dia dou aula, e isso ocupa boa parte do meu tempo e dedicação. Não tenho uma rotina rigorosa para treinos, pratico quando consigo. Minha dedicação para me desenvolver no esporte tem mais a ver com conquistas pessoais e a vontade de compartilhar com a comunidade. No meu tempo livre, gosto muito de cozinhar, ouvir podcast, ir à praia com meu cachorro, tocar algum instrumento (eu finjo que sei tocar violão e flauta transversal rs), ir ao teatro, fazer trilha, enfim, são muitos interesses para conciliar com um corpo cansado de horas de patins, mas procuro não esquecer e abandonar essas partes de mim que são tão fundamentais quanto a minha parte patinística rs.

O cenário feminino no patins tem evoluído nos últimos anos. Como você vê essa evolução e quais são as maiores conquistas alcançadas pelas atletas femininas até agora?

Talvez seja importante ressaltar que minha modalidade dentro do patins é o quad, e essa ainda é uma modalidade bem embrionária no Brasil. Existe a tradição da patinação artística, mas o quad aggressive é mais recente. Eu acredito que tem crescido com muita força nesses últimos anos porque nós somos uma comunidade acolhedora no geral. Mesmo pela internet, a gente busca se ajudar como pode, seja através de iniciativas como o Mapa das Minas que a @haoleskater criou, seja estimulando através de motivação e dicas no Instagram, seja contribuindo com rifas pra galera poder ter um patins melhor, seja realizando encontrões e recebendo em casa pessoas de outros estados que às vezes nunca nem vimos pessoalmente. Enfim, acho que no geral nossas conquistas estão mais relacionadas a conexões com as pessoas e encontros especiais mesmo.

A representação das mulheres no esporte é de extrema importância. Como as marcas têm apoiado o cenário feminino no patins, e quais ações você acredita que ainda precisam ser tomadas?

Vixi, se na patinação street, que envolve a galera do inline e tem uma comunidade bem mais encorpada, o apoio já me parece pouco, no quad então eu diria que é quase inexistente. A real é que, tratando-se de marcas de patins, não existe nenhuma nacional que se proponha a fazer um quad desenvolvido para aggressive. Comprar um importado é inacessível para a maioria, e a grande parte de nós monta um patins frankenstein - muitas vezes montado na base da gambiarra e improviso - para conseguir dar um rolê. Por muito tempo, usei um patins inadequado para a pista, e foi graças à ajuda da comunidade que consegui montar um patins seguro e adequado (alô minhas amigas @cucacouto.roll e @lelisbang que trouxeram patins e peças da gringa para mim). Não digo isso para romantizar a cena, mas se não somos nós nos fortalecendo, simplesmente a comunidade não existe. Acho que a maioria de nós nem sente muita pretensão e expectativa com apoio de marcas porque o quad - acredito que pela

FOTÓGRAFA : ALEXANDRE DOS SANTOS - @ALEXANDREESANTT