

O PALHAÇO ESCULTOR DE PEDRO TOCHAS




ÍNDICE
Ana Isabel Soares (pág. 14)
Sílvia Quinteiro (pág. 18)
Fábio Jesuíno (pág. 22)
Paulo Neves (pág. 26)
Júlio Ferreira (pág. 30)
Entrevista a Filomena Sintra (pág. 36)
Museu Zero (pág. 48)
18.ª Loulé Cup (pág. 58)
Algarve Music Series (pág. 72)
«O Palhaço Escultor» de Pedro Tochas no Teatro Lethes (pág. 82)
«Spiel im Spiel» no IPDJ (pág. 98)
«Aquela canção sobre o fim» no Cineteatro Louletano (pág. 114)













Um livro: As boas mulheres da China, de Xue Xinran (Companhia das Letras)
Ana Isabel Soares, professora
ecebi no meu aniversário um livro que li de uma assentada. Há mais de duas décadas que Xinran o publicou, em Inglaterra, e nele narra as histórias de mais de quinze mulheres, que conheceu através de telefonemas e cartas enviadas para si quando era responsável por um programa de rádio em Nanquim, uma importante cidade a Noroeste de Xangai, na China. Saiu no Brasil logo no ano seguinte e chegou até mim em 2025. Ler estes relatos e perceber, como a narradora justifica, pelas experiências que neles se contam, o ter-se sentido obrigada a mudar para o Ocidente, é entrar num mundo de horrores a que as mulheres têm sido – e quantas vezes são, hoje ainda – sujeitas. São histórias individuais, nenhuma igual às outras, mas todas com o poder de fazer ecoar a ideia de Inferno no pensamento de quem, jamais tendo conhecido em primeira mão o terror da submissão, da prisão e da tortura, percebe até que ponto o ser humano é o seu próprio verdugo. Mesmo sendo uma verdade mostrada hoje a todas as horas, por todos os inevitáveis meios de comunicação, perceber-lhe os pormenores relatados na primeira pessoa (o livro dá a voz às vítimas tanto quanto à locutora que as ouviu e procurou) causa
um misto de confirmação e incredulidade.
Porquê ler narrativas que documentam o horror? Talvez o primeiro e principal motivo seja uma tentativa de evitar a alienação, de manter o alerta para a capacidade do mal. Mas um outro advém do contacto com o discurso destes relatos: por um lado, porque se trata de histórias cujas narradoras e protagonistas integram realidades que uma leitora ocidental entende como distantes –tristemente, essa distância (também resultante da tradução entre línguas tão diferentes) possibilita um abeirar mais seguro do horror. Por outro lado, porque o ambiente exótico em que se desenrolam não deixa de ser motivo de curiosidade, de interesse. Xinran contextualiza cada narrativa com informações sobre cada uma das entrevistadas – o passado, muitas vezes feliz, que viveram até ao momento do terror, e que apenas exacerba a profundidade do mal; ou a história das cidades ou da organização política do país, que obriga a silenciamentos inexplicáveis. Nenhum dos contextos pode justificar a perversidade. Aliás, a sua diversidade comprova apenas que aquela é universal, intemporal, monstruosa e absolutamente humana.

Em Portugal, estão publicadas, da autora, as obras Mensagem de uma Mãe Chinesa Desconhecida (Bertrand) e O Sol Cai no Tibete (Quetzal).
Foto: Vasco Célio


Clássicos de Faro
Sílvia
Quinteiro, professora
ue seria dos humanos sem certezas? Sem lugares, tradições, datas e rituais que lhes garantam que tudo é — e continuará a ser — como conhecem?
Foi desta necessidade de ordem e de previsibilidade que surgiram os mapas, por exemplo: para nos certificarmos de que encontramos o que procuramos e evitamos o que tememos.
É também essa a razão para a existência de calendários: precisamos de nos orientar, de saber a quantas andamos.
Tudo o que nos dê a impressão de que a vida corre dentro do previsto tranquilizanos. Dispensamos as surpresas. Agarramonos, antes, à sabedoria rimada que nasce do hábito e dos ciclos: “Em abril, águas mil”; “Maio pardo e ventoso faz o ano formoso”…
O princípio é universal, mas detenho-me agora nas certezas que norteiam a vida na cidade de Faro. É que, contrariamente ao que pensa quem só visita a região em época balnear, ser farense não é hibernar no inverno e servir às mesas no verão. Por aqui há mesmo gente que vive e trabalha durante todo o ano e que, não encontrando melhor forma de o dizer, se reduziu ao dito “És de Faro, és farense” —
o que, sendo verdade, não deixa de ser pobrezinho. Temos pilares como qualquer sociedade. Tradições próprias. Rituais que marcam o compasso da vida.
Em Faro, toda a gente sabe que julho é o mês de concentração das motas. Ninguém falta. Com ou sem motociclo, vive-se o acontecimento — nem que seja apenas dando um saltinho ao Pontal, indo ver um concerto ou assistindo ao desfile do último dia. Estamos todos presentes. Faz parte.
Em outubro, vai-se à feira de Santa Iria. Cartuchos de castanhas, quentes e boas; cheiro a polvo assado; algodão doce; farturas gulosas; e fugas às aulas, porque os carrosséis só ficam por uns dias — e a escola não se vai embora.
É igualmente um clássico desta bela cidade, ainda que pouco reconhecido e glorificado, a rutura do cano de água da Estrada da Penha. Talvez pareça uma informação vaga, mas não é. Qualquer farense sabe de que cano e de que rutura estamos a falar. Não precisa de cartazes nem de lembretes. A periodicidade é surpresa, para garantir maior efeito junto do público, que, pelas reações — braços ao alto, mãos na cabeça e na buzina —, recebe o acontecimento com enorme excitação.
A equipa da organização, excelente: seis especialistas de coletes fluorescentes contornam o buraco e observam, com ar entendido, um sétimo de que

vislumbramos apenas o capacete e o movimento executado com a picareta. Uma cena belíssima que todos observámos em algum momento das nossas vidas. Misteriosamente eterna. E é em vão que procuramos desvendar as causas dessa eternidade. Ah, as múltiplas possibilidades de leitura! A complexidade própria de um clássico que o torna intemporal. O buraco da Penha é o Lusíadas dos buracos.
Mas Faro tem mais para oferecer. O que dizer do clássico dos clássicos? Do mais exuberante, mais extraordinário e, convenhamos, mais instagramável ícone da cidade? Perfeito para o TikTok, alegria das equipas de televisão que ficam sem assunto quando esgotam as reportagens sobre o calor e as bolas de Berlim. Falo, claro, da já tradicional — e sempre fotogénica — inundação em São Luís. Essa velha conhecida que regressa, ano após ano, década após década, sempre que São Pedro se distrai com a rega das plantas.
O evento impressiona pelo número de envolvidos, pelo espetáculo proporcionado e pelo investimento. Senão vejamos: são necessários vários estabelecimentos com móveis e eletrodomésticos — a boiar, definitivamente arruinados — e inúmeros
veículos que, se não eram anfíbios, passam a ser. Depois entram os bombeiros e a proteção civil, com sirenes, fardas, vassouras. Grita-se muito — suponho que para afugentar a água. Há ainda os repórteres junto a cada poça, os curiosos e os proprietários desesperados, de calças arrepanhadas, a fazer contas à vida.
Havendo televisão e rádio no local, não podiam faltar os políticos. Ei-los que saltam da toca, ainda a limpar as remelas, estremunhados. Estavam tão bem na cama. Que maçada! E, ainda por cima, é preciso pôr um ar de energia, de quem era capaz de arregaçar agora mesmo as mangas e acabar com isto. Mas os repórteres não os largam, e lá vai uma entrevistazinha para aqui, outra para ali: isto era imprevisível, a culpa foi do anterior executivo, não se repete, as indemnizações vão correr como a água da chuva.
Felizmente, estas ameaças nunca se concretizam. São políticos, pessoas de respeito que percebem a importância de manter a tradição. A autenticidade. O que os turistas gostam de autenticidade!
Não nos alarmemos, pois. Tudo ficará na mesma. O ciclo recomeça agora.
De resto, a minha sugestão é mesmo que nos dediquemos a pensar em provérbios que guardem para a posteridade a memória destes clássicos da capital. Com rima, para entrar melhor no ouvido. Dou o mote: “Em S. Luís, não te afogas por um triz”; “Quando S. Pedro se distrai, o teu carro lá vai”; “Chuva sem parar, carro e dono a nadar”; “Rutura que se preza, faz da Penha Veneza”; “Penha alagada, buzina afinada”.


Marketing digital: segredos para construir uma marca de sucesso
Fábio Jesuíno, empresário
marketing digital é hoje um pilar fundamental nas estratégias de comunicação das marcas, proporcionando uma abordagem mais direcionada e eficiente para alcançar o público-alvo. Além de ampliar a visibilidade, potencia o envolvimento e fortalece a relação entre marca e consumidor.
Com o apoio de ferramentas digitais cada vez mais sofisticadas, o marketing digital revolucionou a forma como as empresas comunicam e interagem com os seus clientes e potenciais consumidores, tornando-se essencial para o crescimento e consolidação das marcas.
O marketing digital engloba um conjunto de estratégias e técnicas destinadas a promover produtos ou serviços no ambiente online, com o objetivo de atrair, envolver e converter um público-alvo específico, ampliando a notoriedade e o valor da marca.
Conteúdos
Os conteúdos são fundamentais para que as marcas construam, de forma consistente, uma relação de confiança
com o seu público-alvo, conquistando gradualmente a sua preferência.
A implementação de uma estratégia orientada para o mercado é indispensável, uma vez que nem todos os conteúdos geram impacto positivo em termos de posicionamento nos motores de busca, visibilidade nas redes sociais ou credibilidade da marca. Criar conteúdos relevantes e estratégicos é o que diferencia uma presença digital comum de uma presença verdadeiramente eficaz.
Vídeo
O vídeo tem vindo a destacar-se como um dos formatos mais poderosos do marketing digital, sendo já responsável pela maior parte do tráfego online a nível mundial. Este formato permite apresentar produtos e serviços de forma mais envolvente, clara e memorável.
Vivemos também a era das transmissões em direto, as populares lives, que se consolidaram como ferramentas essenciais para interação autêntica, especialmente no Instagram e no TikTok, onde a proximidade e espontaneidade geram forte conexão com o público.

Microinfluenciadores
Os microinfluenciadores digitais são perfis que, embora não tenham audiências massivas, conquistaram credibilidade e influência num nicho específico. Com comunidades entre 5 mil e 50 mil seguidores, tendem a gerar taxas de interação mais elevadas e uma ligação mais genuína com as suas audiências.
A colaboração com microinfluenciadores tornou-se, por isso, uma prática estratégica nas campanhas das marcas, pela sua capacidade de gerar
resultados sólidos em notoriedade, engajamento e conversão.
Estas são apenas algumas das práticas essenciais do marketing digital que contribuem para o fortalecimento de uma marca e para uma comunicação mais eficaz junto dos clientes e do públicoalvo.


1225-2025.
800 anos que nós (não) deixamos passar
Paulo Neves, «ilhéu», mas nenhum homem é uma ilha
uas maravilhosas
lendas de Faro (que também as tem), dizem respeito à imagem do santo no Arco da Vila e a dois episódios principais: um, o milagre contra a peste e, outra, a dificuldade em colocar a imagem no seu nicho.
A primeira, durante um surto de peste, a população pediu a interseção do santo padroeiro da cidade, e a praga foi impedida de entrar.
A outra, posteriormente, quando o Bispo do Algarve (1789 a 1816) Dom Francisco Gomes de Avelar encomendou uma imagem vinda de Itália, esta não conseguia ser elevada ao nicho do arco. A lenda conta que o Bispo sussurrou algo à imagem, após o que a estátua foi facilmente colocada no seu lugar, no Arco da Vila que o referido prelado havia mandado desenhar e construir, ao Arquiteto Fabri e que tanto marca a cidade e a região.
O padroeiro da cidade, São Tomás de Aquino, é a figura à qual terá sido sussurrado para se deixar levitar* até ao nicho do famoso pórtico. Esta imagem é mesmo a única que Faro tinha para apreciação, ainda assim, de forma longínqua e na distância entre a calçada do jardim até ao cimo daquele monumento nacional.
Estando nós «sempre em dívida» com o nosso padroeiro, agora, foi colocada outra imagem em tela, autorizada pelo Bispo Dom Manuel Neto Quintas, na antiga capela do Paço Episcopal**. Opção tomada no 25.° aniversário da sua eleição Episcopal, que se comemorou em setembro, decisão de que não se deu nota pública considerando o momento eleitoral então em curso.
É, portanto, também a nossa*** singela oferta ao nosso Bispo, coincidindo com os 800 anos que se comemoram sobre o nascimento do Padroeiro da cidade (1225), que também é o patrono dos livreiros, editores, dos químicos, dos estudantes e das universidades.
Sim, na terra em que editou o primeiro livro impresso em Portugal, há a coincidência (?) de ser o mesmo padroeiro a quem se dedica tais obras e a proteção da cidade.
Até ao dia 28 de janeiro (Dia de S. Tomás de Aquino), tentaremos enriquecer ainda mais aquele espaço onde está presente o fac-simile do referido livro (O Pentateuco) em hebraico e dos instrumentos, equipamentos e químicos que terão sido usados para a sua impressão por um judeu farense, além da pedra cuneiforme, do monge copista e demais história da imprensa.
Mas, atentemos em alguns acontecimentos maiores que nos são próximos e contemporâneos do nosso Padroeiro, nascido em 1225 - A tomada de Faro (1249); o acordo com Alfonso X, para que o reino do Algarve fosse integrado na coroa portuguesa com os Tratados de Badajoz (1267) e de fronteiras, em Alcanizes (1297). Tomás de Aquino faleceu em 1274. Acham poucas coincidências?
É neste contexto que renovamos os cumprimentos ao nosso Bispo Dom Manuel Quintas, libertos agora de menção política de ocasião, pelos 25 anos de tolerância religiosa, também cultural e de inclusão que tem dado prova em atos além do que seria expetável.
Sim, sei da sua ação com outros líderes religiosos, muito além da igreja católica, do diálogo ecuménico com outras expressões cristãs e ainda, além disso com outras religiões como do judaísmo e mesmo outros dirigentes e organizações que professam a fé de forma diversa.
Pessoalmente, a um conhecido jacobino, não teve dúvidas, ao conhecer das intenções do grupo heterogéneo que interpretava, de ceder mesmo a chave da sua casa para receber e ajudar a promover a história e identidade de outros vultos que marcaram o Algarve e o mundo, como Samuel Gacon e a respetiva bíblia judaica (Pentateuco 1487****), impressa no prelo de (outro judeu) Gutenberg (1455).
Faro e o Algarve são ricos de personalidades eclesiásticas que acrescenta(ra)m muito à nossa história e identidade. Também à melhoria espiritual e acrescentam na solidariedade dos bens que organizam para apoio comunitário a quem precisa.

Dom Manuel, mais do que qualquer político, deve ser «o algarvio» que melhor conhece as estradas, caminhos, povoações e gentes de toda a região nas sua inúmeras visitas pastorais. Mesmo os não crentes reconhecem-no.
Obrigado Dom Manuel Neto Quintas e a toda a Diocese.
*Durante a sua missão, em vida, testemunhos apontam que viram Tomás de Aquino em levitação rezando perante o altar.
**Capela que foi já destruída e reabilitada, pelo menos, três vezes. Pelo Conde de Essex (1597), pelo terramoto (1755) e, ainda, na implantação da República e utilizada para ginásio da Marinha. Em 2017, com Dom Manuel Neto Quintas, foi reabilitada para instalar o Núcleo da Difusão do Conhecimento da Imprensa e de Gutenberg.
***Círculo Teixeira Gomes – Associação pelo Algarve; Ibn Qasî Associação; Fundação das Comunicações; Sul, Sol e Sal e, onde estiver, o nosso Manuel de Brito (talvez a cogitar em novas edições algarvias com o Padroeiro). Entre muitas personalidades e mecenas.
****Cuja reedição do fac-simile foi apresentado, na sua presença em ato de grande celebração pública, no Seminário Diocesano de S. José.


O (jantar de) Natal é quando um Homem quiser Júlio Ferreira, inconformado encartado
a próxima semana, tem início para mim, uma das tradições de Natal, que é reunir os amigos e fazer um jantar. Ao contrário dos jantares de aniversário ou de simples convívio, a execução destes é um pesadelo logístico, uma espécie de sudoku social, devido à concorrência feroz dos outros jantares de Natal. Há jantares de amigos, de grupos, de associações, de empresas… em dezembro até o café do bairro faz jantar de Natal para os frequentadores da mesa do canto. Ainda falta um mês e meio para a consoada, mas há quem ache que é agora ou nunca, como se o bacalhau fosse esgotar e os restaurantes fossem engolidos por buracos negros a partir de 15 de dezembro.
O início da discórdia começa com a marcação do dia. Assim que termina setembro (ainda estava eu na praia), começam as primeiras abordagens nas redes sociais:
- “Pessoal, este ano temos de ver mais cedo quando vamos fazer o jantar de Natal!”
E seguem-se duas semanas de silêncio sepulcral. Nem um emoji, só os habituais memes de senhoras com muito calor (não têm possibilidades de comprar roupa,
coitadas). Que nem ligamos, apagamos imediatamente, porque o que nos interessa mais é entender o universo, falar de Biotecnologia e Genética.
O amigo insiste:
- “Como é? Fazemos jantar ou não?”
Todos respondem afirmativamente e começa o festival da indecisão. Em outubro não, porque ainda vamos à praia. Em novembro, o dia 10 não pode um, o dia 17 não podem dois. Pondera-se fazer um almoço ao domingo ou um lanche à terça, mas, mesmo assim, não há quórum. Quando tudo parece finalmente resolvido, há sempre um iluminado que diz:
- “Ahhh, esquece… vi mal. Afinal a minha mulher diz que nesse dia não posso”.
E volta tudo à estaca zero. Até que alguém, num rasgo ditatorial de Natal antecipado, decreta:
- “É dia 22 e pronto!”
E pronto. Ninguém gosta, mas todos aparecem.
Se marcar a data é difícil, escolher o restaurante é uma missão para santos com paciência de monge tibetano. Ainda nada está combinado e, como manda a


tradição nacional, a decisão final só surge dois dias antes do jantar. Quando se tenta reservar, já está tudo cheio, outros grupos tiveram a mesma ideia «original» de fazer um jantar de Natal… em novembro. Há sempre quem perca a cabeça e diga:
- “Se tivéssemos respondido logo, nada disto acontecia!”
Pois claro. E se a minha avó tivesse rodas, era trotinete. Uns dizem que o restaurante tanto faz:
- “O que vocês decidirem, para mim está tudo bem”.
Tradução: “Não me responsabilizo por nada”.
O organizador, em estado clínico de esgotamento escolhe um sítio qualquer e anuncia:
- “Está marcado”.
Imediatamente começa o interrogatório:
- “Onde é?”
- “Quanto é?”
- “Tem pratos de peixe?”
- “E aceita MB Way?”
Segue-se uma discussão intensa, com GIFs, emojis e palavrões natalícios. Um dos amigos sai do grupo, jurando solenemente nunca mais organizar nada. Aviso aos ingénuos: nunca caiam na ratoeira de fazer o jantar em vossa casa. Todos prometem ajudar a cozinhar e arrumar no fim. Mentira descarada. É um
truque sujo, digno de Judas com gorro de Pai Natal.
Chega o tão esperado dia. Os pontuais, também conhecidos como os ingénuos, chegam a horas e juram que para o ano se vão atrasar. Não vão. Um, cancela à última hora com a clássica mensagem:
- “Epá, estou de cama com uma gripe do caraças”.
Tradução: “A minha mulher não me deixa ir porque no ano passado cheguei bêbado e mijei o frigorífico”.
Os resistentes brindam, falam todos ao mesmo tempo e o restaurante transforma-se numa mistura entre tasca, romaria e Assembleia da República, versão “especial 50 deputados do Chega”. Há cânticos improvisados, gritos de “Vai a cima, vai ao centro…” e um ou outro copo que se suicida no chão. Nas mesas vizinhas, há quem siga a tradição do Amigo Secreto: distribuem-se prendas inúteis, perfeitas para reciclar no Natal da família. Só há duas categorias: objetos sem propósito ou brinquedos de cariz sexual (porque nada condiz tão bem com o «espírito natalício» como um par de algemas com pelúcia). Há sempre alguém que desrespeita o valor máximo e gasta três vezes mais. O resultado? Um desconforto generalizado, especialmente quando quem ofereceu um porta-chaves em forma de membro fálico musical (que toca Quim Barreiros sempre que se aperta) recebe em troca um vale de compras na Primark.
Segue-se o banquete: grelhadas mistas, bifinhos com cogumelos ou o eterno
bacalhau com natas a Santíssima Trindade dos jantares de Natal de amigos. Bebe-se sangria de jarro, discutese futebol, dança-se mal e, invariavelmente, há um casal que discute porque “ele olhou para as pernas da amiga”.
No final, vem a conta, o Juízo Final em forma de papel térmico. Há quem jure que só bebeu água, quem diga que nem tocou na sobremesa e o inevitável casal que aproveita o momento para discutir quem olhou para as pernas da amiga ou da empregada que andava a servir às mesas. No dia seguinte, ainda se fala das bebedeiras, das danças… Em resumo, das figuras tristes, e renasce com nova energia o novo tema: “E para a passagem de ano, o que é que se faz?” A roda da vida gira, mas a amizade mantém-se firme, como o espírito natalício (muito) antecipado ou o cheiro a vinho de jarro que nunca mais sai da roupa. E assim, ainda em novembro, já me preparo para os primeiros dois de muitos jantares natalícios. Quando chegar o Natal verdadeiro, já ninguém aguenta ver uma rabanada. “Ma que diébe” é Natal, como bom algarvio e conformado com o caos, lá estarei, sorriso no rosto e um copo na mão, pronto para brindar à amizade, ao milagre nacional de conseguir juntar pessoas e ao eterno dom português de complicar o que devia ser simples: comer, beber e rir




Filomena Sintra tem muitos sonhos e projetos para Castro Marim, faltam os meios financeiros e mecanismos de ordenamento e coesão territorial mais justos
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
auditório da Biblioteca Municipal de Castro Marim encheu, no dia 3 de novembro, para a cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos municipais de Castro Marim para o mandato 2025/2029, com a Câmara a ser
presidida pela social-democrata Filomena Sintra e pelos seus vereadores João Pereira e Jorge Martins. E se a habitação foi logo apontada como a principal prioridade, muito mais está nos planos para os próximos quatro anos, como levar a rede de abastecimento de água a todo o concelho e iniciar a substituição das redes de água e saneamento em Castro Marim e Altura; a criação da Área de Negócios
do Sotavento; a intervenção no Castelo; a inscrição da cestaria no Património Imaterial; as obras de mitigação dos efeitos das inundações em Altura; a melhoria das instalações municipais e a modernização de equipamentos; a construção de uma nova escola básica de 2.º e 3.º ciclo, de uma nova escola primária e de mais creches em parceria com o setor social; o investimento no ensino profissional, com a promoção de cursos técnicos superiores profissionais; a duplicação do valor de bolsas e a criação do apoio ao ensino articulado e à investigação; a melhoria e modernização do sistema de recolha de resíduos sólidos e urbanos e a higiene urbana; a requalificação da zona ribeirinha de Odeleite e a construção de passadiços que ligarão Altura à Praia Verde e a Praia do Cabeço à Praia Verde; a criação de eco-jardins com espécies resistentes à seca em várias freguesias; a candidatura da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António a Reserva da Biosfera da UNESCO; a melhoria das condições do Centro de Recolha Intermunicipal, a esterilização de centenas de animais e a aposta na adoção animal; a construção de um relvado sintético em Castro Marim e de um Pavilhão Desportivo em Altura; a abertura do Centro de Atividades Náuticas de Odeleite, de campos de ténis em Altura e das ciclovias do Litoral, Barrocal e Paco de Lucia; e muito mais.
Planos e projetos, de facto, não faltam, mas Filomena Sintra conta com uma experiência de mais de duas décadas no executivo de Castro Marim, e antes disso no setor empresarial, e com um cenário político que lhe garante estabilidade para
os próximos quatro anos. “A experiência que tenho permite-me ousar fazer propostas que nunca foram feitas para Castro Marim, nomeadamente concursos públicos internacionais para uma parceria público-privada para a futura Área de Negócios. É um processo que vamos começar do zero e que vai implicar muita confiança.
Independentemente de ter maioria, procurarei que a oposição esteja ao nosso lado nos dossiers estratégicos para o concelho”, refere a entrevistada. “São propostas arrojadas, que envolverão trabalho da Câmara Municipal e de serviços especializados pagos por dinheiros públicos, e só farão sentido se forem aprovadas por unanimidade. O meu desafio é que, nas grandes propostas para Castro Marim, todos se revejam nelas. Quem não estiver de acordo, tem que me saber explicar o porquê dessa posição, porque não sou apologista dessa história de votar a favor ou contra só por simpatia partidária. Acho que todos ganham, até a oposição, se tiver uma atitude positiva para com os grandes projetos”, diz Filomena Sintra em início de conversa.
Ninguém duvida das potencialidades de Castro Marim, mas parece que o seu futuro está sempre refém de fatores externos à câmara municipal, seja da disponibilidade de fundos comunitários e das verbas que chegam do Orçamento de Estado, seja de questões que envolvem o ordenamento do próprio território, seja da falta de recursos humanos e de habitação. Condicionantes que Filomena Sintra bem conhece, daí considerar que “Castro Marim é dos municípios mais
difíceis de gerir do Algarve” “Temos um território com mais de 65 por cento de habitação que não é da população residente e, se olharmos para os valores de IMI e IMT pagos, por capita, pelas casas, parece que a autarquia tem uma grande autonomia financeira, o que é um erro crasso das análises estatísticas que são feitas em termos nacionais”, indica. “Depois, o valor patrimonial do parque habitacional dos residentes é bastante inferior ao da segunda habitação, daí termos sido o primeiro município do país a ter uma política fiscal diferenciada de IMI com 0,29 por cento para habitação própria permanente e de 0,39 por cento para as outras. Se olharmos para os quadros financeiros, o valor que Castro Marim recebe de IMI, sem ser per capita, é dos mais baixos do Algarve, agora, por habitante, é dos mais altos do país”, alerta. “Nós recebemos, por exemplo, 3 ou 4 por cento daquilo que o Município de Loulé recebe de IMI, a nossa capacidade de receita própria é muito reduzida. A nossa receita própria direta de IMI, que é a estrutural, é na ordem dos 3 milhões e 300 mil euros e a receita de IMT, que é conjuntural, tem a ver com as transferências de imóveis, neste momento já está a suportar a atividade corrente do município, o que é perigoso”.
Mecanismos da coesão territorial estão viciados
O cenário no que toca às verbas provenientes do Orçamento de Estado também não é risonho e Castro Marim recebe, por exemplo, metade do que o
concelho vizinho de Alcoutim, porque essas transferências são feitas em função da capacidade das autarquias em gerar receita. “Recebemos do Estado na ordem dos 3,5 milhões de euros, portanto, como é que conseguimos ter orçamentos para fazer investimento estrutural? Com fundos comunitários, mas até nesse aspeto somos prejudicados pelos mecanismos que foram sendo criados. Quando o gestor público dos fundos tem que garantir a execução, vai a quem andou com dinheiros próprios a executar os fundos, daí que seja Loulé o concelho que mais recebe no Algarve”, aponta Filomena Sintra. “É um paradoxo, porque os fundos comunitários deviam ser exatamente para aumentar a coesão territorial, mas o mecanismo da sua operacionalização está viciado. Não há atualmente nenhum mecanismo que ajude os municípios com pouca capacidade de gerar receita a alavancar fundos para a execução dos seus investimentos, e o PRR é o melhor dos exemplos. Quem teve dinheiro para fazer habitação com meios do PRR foi precisamente quem já estava a fazer, quem já tinha fundos próprios. Não consigo identificar nenhum mecanismo com discriminação positiva para municípios como Castro Marim para promover a coesão territorial, portanto, temos que ser mais criativos”.
Perante estas vicissitudes, a Câmara Municipal de Castro Marim tomou a decisão política, no final do mandato anterior, de se endividar ao máximo junto da banca para conseguir fazer habitação a custos controlados e a presidente não está preocupada se vão ou não ter

financiamento de fundos comunitários. “O que as pessoas querem, hoje, é ter casas a preços que possam pagar. Mesmo não tenha financiamento, vamos vender essas casas a preço de custo, com regras que estão perfeitamente definidas”, assume Filomena Sintra. “Na habitação vamos atuar a vários níveis. A nível mais assistencialista vamos fazer habitação para arrendamento com rendas acessíveis, e até hoje ainda não nos aprovaram nenhum financiamento para tal. Lá está, quem vai ter financiamento é quem executa, e quem executa é quem tem logo dinheiro à partida, é uma bola de neve. Depois, haverá uma vertente mais associada ao desenvolvimento económico e social que se está a assistir no sotavento, porque estão a galopar projetos de que tanto se falava há anos e anos”, frisa a
edil castro-marinense, que estima que, nos próximos 3 a 4 anos, sejam criados mais 500 novos postos de trabalho no concelho. “Ou seja, estamos a falar de muitas famílias para as quais não temos casas. Acho que é uma ilusão alguém pensar que se consegue regular o mercado, mas o objetivo é que estas pessoas consigam construir cá os seus projetos familiares”.
Em termos de apoio ao arrendamento, a Câmara Municipal comparticipa até 50 por cento dessas rendas e os proprietários que façam contratos de arrendamento para habitação própria permanente passam a ter também IMI de 0,29 por cento. Entretanto, para além da Área de Reabilitação Urbana que já existe para Castro Marim, Filomena Sintra espero fazer mais duas ou três operações desta natureza, mesmo nos glomerados
mais distantes, “e ainda temos a possibilidade de contratualizar a transformação de solo rústico em urbano com privados” “Já iniciamos um Plano de Pormenor, vamos iniciar outro, e aí vamos exigir uma grande percentagem para habitação a custos controlados, que não é a mesma coisa que habitação social. E temos a preocupação nesses planos de pormenor de não segregar, ou seja, um vai ser em Altura, outro em Castro Marim”, esclarece, explicando ainda que os custos de habitação dependem dos preços do solo e dos fatores de produção. “E tudo é mais caro de produzir no Algarve, até porque não há mão de obra na região. Temos que fazer com que os custos de produção sejam mais baixos, ter condições para que os empreiteiros tenham bases de vida licenciadas para ter menores custos de habitação com os funcionários”
Educação e saúde com obras a caminho
O dinamismo económico é visível a olho nu no concelho, mais 500 postos de trabalho poderão ser criados nos próximos anos, mais famílias se vão instalar no território, e tudo significa maior pressão sobre as infraestruturas, nomeadamente na rede viária, no abastecimento de água e saneamento. Como é que está o concelho nessas matérias, questionamos? “Espero ter a possibilidade de dizer que consegui fechar a rede de abastecimento de água ao Concelho de Castro Marim. Neste momento estamos a fazer um investimento de 2,5 milhões de euros
para abastecer 80 casas na Corte Gago, Cortelha e Amendoeira, lugares muito distantes que implicam bastantes quilómetros de conduta. Foram 20 anos de investimento contínuo, um investimento que deveria ter sido alavancado pelo Estado quando autorizou a construção da Barragem de Odeleite-Beliche, que serviu o Algarve, mas não serviu Castro Marim, nem uma torneira deixou para Castro Marim. Precisamos de uma parceria forte com as Águas do Algarve e com a APA, mas está tudo bem alinhado para que a grande rede seja terminada nos próximos quatro, cinco anos”, regozijase Filomena Sintra.
A rede de saneamento básico é outra preocupação, pois há aglomerados onde ainda persistem as fossas, e o passo seguinte da autarquia é a expansão das redes de saneamento e tratamento de águas residuais próprias. Em paralelo, a gestão eficiente deste recurso escasso e essencial para a vida humana obriga à substituição das redes de água e dentro de dias vai arrancar uma grande obra em Castro Marim. “Vamos esventrar a zona mais antiga de Castro Marim, onde sentimos que existem grandes perdas devido aos materiais utilizados. São redes com 70 anos que já não são próprias para os tempos atuais”, justifica a entrevistada.
Voltando a olhar para o ordenado do território, Filomena Sintra entende que não pode haver uma leitura dos instrumentos de ordenamento igual para zonas de alta ou baixa densidade populacional. “Ou acreditamos no interior ou não. Quanto mais


permitirmos que haja pessoas do interior, menor é o risco de problemas associados à ocupação humana em áreas inundáveis, maior é a probabilidade de termos uma vigilância no território, maior será a garantia de que as pessoas que lá vivem tenham um suporte e uma rede familiar e que não precisemos de lares de retaguarda”, defende. “Andamos a fazer estudos a dizer que a frente mar de Castro Marim, Vila Real de Santo António e Tavira é inundável, mas continuamos a ser altamente restritivos, em termos de pensamento político, para permitir o alargamento dos aglomerados no meio rural. Isso não faz sentido”, critica a presidente de câmara.
Na educação, novos investimentos se avizinham e o Município de Castro Marim entregou recentemente uma candidatura e um projeto técnico para um Aviso referente a redes escolares secundárias. “Em termos de planeamento central não se perspetivava a ampliação de nenhuma escola em Castro Marim, porque os indicadores estatísticos diziam que não havia uma evolução da população, mas conseguimos demonstrar que isso não é verdade. Gostaria muito de fazer uma nova escola primária em Castro Marim e queremos apostar nos cursos técnicos profissionais. Muitas vezes empurramos os nossos jovens para aquele caminho que parece ser o único que traz luz, mas precisamos é ter capacidade para direcionar as suas competências, com tudo o que isso significa em termos de estrutura social da própria comunidade”, sublinha.

De olhos postos na saúde, Filomena Sintra revela que vai ser lançada a obra para melhorar as condições do Centro de Saúde de Castro Marim e que se vai continuar a investir na Unidade Móvel de Saúde, um serviço que tem sempre médico em permanência, enfermeiro, motorista, diariamente, nos montes, e isso tem-se traduzido numa melhor

qualidade de vida das pessoas e numa redução de fatores de risco de mortalidade. “Depois, temos o apoio que chega do setor social, como a Unidade de Cuidados Continuados do Azinhal, o Lar de Alzheimer em Castro Marim que é um serviço de suporte a toda a região, o Lar de Altura, a Santa Casa da Misericórdia, e fazemos um
enorme investimento no envelhecimento ativo, nos rastreios, no combate ao tabagismo, alcoolismo e toxicodependências, na educação para a saúde, na alimentação nas escolas, no exercício físico, com programas para todas as idades”, descreve.
Condições únicas para a prática desportiva e upgrade na cultura e eventos
A Área de Negócios do Sotavento é uma das grandes propostas do novo executivo, num concelho que tem vivido praticamente do turismo e de alguns produtos do setor primário. E Filomena Sintra é rápida a dizer que, para o futuro, o mais importante é ter equilíbrios. “Não queremos cá tudo, queremos cá o suficiente que valorize os nossos recursos. Temos grandes projetos na área do turismo, mas essa não será a nossa prioridade. Vamos acabar a obra da rega da Várzea de Odeleite e espero que jovens empresários façam exploração de uma nova agricultura, porque também lhes vamos dar novos meios e qualidades ambientais ímpares. Um jovem de Odeleite, por exemplo, faz lá produção de pitaias e exporta para vários pontos da Europa”, destaca a autarca, falando ainda da plantação da canábis medicinal e da exploração da Barragem de Odeleite. “No sal, queremos construir um armazém para que os produtores possam potenciar a sua capacidade de exportação, há o figueiral na Quinta do Sobral, projetos individuais como a Quinta da Fornalha, plantações de vários pomares de laranja, grandes campos de alfarrobeiras. A Reserva Natural de Castro Marim e Vila Real de Santo António tem também um grande potencial e, finalmente, temos que apostar ainda mais no desporto”, salienta Filomena Sintra. “Ainda não temos nenhum grande pavilhão, haveremos de ter mais algumas
infraestruturas, mas temos condições naturais únicas para a prática desportiva, como as ciclovias que já construímos e as que vamos construir neste mandato até ao Monte Francisco, a zona norte de Altura, a ligação de Altura à Eurovelo”
Virando a conversa para a cultura e para os eventos, Filomena Sintra confirma a vontade de se fazer um upgrade, porque Castro Marim não é só os Dias Medievais e porque investir na cultura é contribuir para o incremento da notoriedade do território e para o engrandecimento das pessoas. “A Casa do Sal, por exemplo, é um espaço que apostava abandonado, reabilitamos, e tem trazido órgãos de comunicação social permanentemente a Castro Marim. Há que investir no património construído e o castelo é, sem dúvida, o maior dos desafios. Um processo difícil, complexo, no qual temos tido a parceria da CCDR Algarve, mas temos outras ambições, como a Casa da Cultura, só que não temos os meios financeiros para a fazer”, admite a autarca. Nos Dias Medievais vai-se continuar a evoluir, mas Filomena Sintra só ficará descansada quando Castro Marim se tornar uma vila toda ela medieval. “Temos a Taberna Medieval, a Tasca Medieval, a Casa da Ordem. Já houve uma transformação grande, mas ainda não é suficiente, e a iniciativa privada tem que ser estimulada e chamada para que os Dias Medievais não sejam só naqueles dias, que se estendam a todo o ano, que haja uma procura da Vila como um sítio onde se pode imaginar, sonhar, sentir essa magia associada aos reis, às rainhas, às


princesas e aos cavaleiros”, aponta, sorridente.
De regresso deverá estar o Festival Lúcia e o objetivo é reforçar toda a programação cultural da autarquia, sem cair na tentação, contudo, de fazer dezenas de festas e convívios. “Não é por aí que passa a afirmação do território, ainda que tudo o que são iniciativas culturais, desportivas e recreativas sejam sempre motivos de convívio das pessoas e pessoas que convivem são mais felizes e também fazem com que haja melhor qualidade de vida no território. E nós temos cerca de 1.100 novos residentes estrangeiros, são castro-marinenses para os quais devemos ter programação que lhes possa interessar. Quanto à biblioteca, tem sido um marco muito importante na afirmação de Castro Marim e no desenvolvimento sociocultural do concelho, mas tem que estar mais aberta à comunidade. Temos que criar uma maior paixão por aquele grande edifício e a nossa Bibliomóvel vai continuar a andar pela serra e pela praia”.
Paixão é, sem dúvida, o que move Filomena Sintra, um espírito de missão colocado ao serviço do território e das gentes de Castro Marim, uma mulher cheia de sonhos, mas não utópicos, são ideias concretas, projetos cujo maior entrave à sua concretização parece ser a disponibilidade financeira da autarquia. “Sei bem o que quero fazer e espero que não haja uma «força oculta», como tem havido sempre, em Castro Marim de desconstruir aquilo que se faz. A oposição não é só aquela que se vê, há
uma oposição oculta em Castro Marim que faz queixas permanentes sobre processos e que levanta suspeitas. Isso não me tira a energia e a vontade de fazer, mas amedronta a estrutura técnica da Câmara Municipal, que tem que ir para a Polícia Judiciária, para o Tribunal de Contas, para a InspeçãoGeral de Finanças”, lamenta a autarca. “É preciso moralizarmos o sistema e devia haver muita maior rigidez para investigar todos esses «poderes ocultos», desconstrutivos, que tanta energia consomem à administração pública, não só à municipal, a quem investiga, a quem tem que fazer relatórios. Perdemos bastante tempo em processos sem conclusão nenhuma e muitas vezes é mais fácil não arriscar. Em todos os projetos que são estruturantes para Castro Marim há sempre alguém, nesses «poderes ocultos», que consegue trazer pedras para a engrenagem”, critica, sem papas na língua. “Eu quero transparência no Município, estamos cá para trabalhar e isto é para quem gosta, é para quem se sente útil e feliz numa missão pública, e é essa a nossa maior compensação. O meu papel é levar toda estrutura camarária a contribuir e não quero que ela viva num medo permanente do que lhe possa acontecer por via dessas «forças ocultas». Espero que essas agora estejam na paz de Deus e que adormeçam, para bem de Castro Marim e do Algarve”.


A vanguarda da Arte Digital mostra-se no Algarve
Em pleno barrocal algarvio, num gesto que subverte a tradicional centralidade cultural, nasce o Museu Zer0 — um espaço dedicado à arte digital, que promete transformar Santa Catarina da Fonte do Bispo num polo criativo de alcance internacional, sendo o culminar de mais de sete anos de trabalho e sensibilização, e prometendo ser um catalisador para a economia criativa e a cultura da região.
projeto nasceu da visão de Paulo
Teixeira Pinto, que, ao mudar-se para o Algarve, deparou-se com os antigos edifícios e silos de armazenamento de cereais da CAPA – Cooperativa Agrícola de Produtores de Azeite. “Foi um processo de escolha natural”, explica
A reabilitação dos edifícios atravessou três quadros comunitários e várias crises globais, mas contou com apoios do Turismo de Portugal, fundos europeus e Texto: Vico Ughetto| Fotografia: Vico Ughetto e Museu Zero
João Vargues, da Comissão Executiva, referindo-se à arquitetura modernista do Arq.º Manuel Gomes da Costa e à vontade de “contribuir para a divulgação dos valores da cultura e, em particular, da arte contemporânea”


João Vargues, da comissão executiva, discursa durante o primeiro momento de abertura com a presença da presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins, entidade parceira do Museu

Os silos são um dos ex-libris do espaço
contributos privados. O resultado é um espaço multifuncional, preparado para acolher exposições, residências artísticas, performances e visitas escolares.
Arte digital com vocação internacional
Segundo Mónica Felix, também da Comissão Executiva, o Museu Zer0 “tem já estabelecidas boas relações de cooperação e trabalho em rede com entidades similares em Portugal e a nível internacional”, preparando-se para
reforçar essas ligações através de coproduções, circulação de artistas e projetos colaborativos.
A aposta em tecnologias emergentes é clara: há projetos que envolvem inteligência artificial, realidade aumentada e outras linguagens digitais contemporâneas. A seleção de artistas e curadores é feita com base em temas específicos, e as residências artísticas são integradas em redes e projetos internacionais.

Alguns dos antigos equipamentos foram conservados e integram o renovado Museu.


O fundador e mentor do projeto, Paulo Teixeira Pinto, assiste a uma performance durante o momento I da abertura.
Educação e formação de públicos
Um dos pilares do Museu Zer0 é a formação de públicos. “O maior desafio tem sido conseguir responder a todas as solicitações que nos chegam”, afirma Mónica Felix, referindo-se aos mais de 17 mil alunos envolvidos em atividades promovidas pelo Museu Zer0 ao longo dos últimos sete anos. Ateliers de robótica, animação gráfica e sonoridades, são algumas das iniciativas que têm aproximado os jovens da arte digital.
João Vargues reforça esta dimensão educativa, destacando a ligação ao Plano Nacional das Artes e o envolvimento de mais de 80 professores de 40 disciplinas diferentes. A estratégia passa por sensibilizar desde cedo, criando pontes entre tecnologia, criatividade e território.

Concerto de música eletrónica foi um dos pontos altos do momento I

A residência artística da Sonoscopia juntou uma banda local num projeto criativo de performance musical de rua que principiou o momento II da abertura.
As missões do Museu Zer0 passam por democratizar o acesso à arte digital e formar novos públicos.
Impacto regional e ambições futuras
O impacto esperado na cultura algarvia e na economia criativa é significativo. “Todas as sementes de motivação de jovens e adultos, nacionais e estrangeiros, que sejam plantadas serão já um bom contributo para a atração de turistas e novos residentes para o interior do Algarve”, afirma João Vargues. O museu pretende consolidar a sua rede de cooperação e expandir internacionalmente, beneficiando de fundos comunitários e parcerias estratégicas. Projetos como o Magalhães, de cooperação transfronteiriça, são exemplo do apoio à criação artística e à profissionalização de jovens criativos.

O futuro da arte digital
A evolução da arte digital será marcada por desafios tecnológicos e pedagógicos. “Um desafio muito grande, quer em termos de acesso a novos meios tecnológicos, como de formação de novos conhecimentos para a sua utilização por artistas e criativos”, antecipa Mónica Felix. O Museu Zer0 posiciona-se como um catalisador dessa transformação, oferecendo espaço, recursos e conhecimento para que o Algarve se afirme como território fértil para a emergente cultura digital.

Dois momentos de abertura, um espaço em construção
A abertura ao público decorreu de forma original, tendo sido feita em dois momentos distintos, com o primeiro a 27 de setembro e o segundo a 18 de outubro. Ambos sempre com enorme adesão artística e popular, que preencheu por completo os espaços do Museu. Estes dois momentos, segundo Fátima Marques Pereira – programadora da abertura – “deram corpo à sua própria missão, pensar a arte como processo
contínuo, em construção, em diálogo com as pessoas, o território e o futuro”.
O fundador Paulo Teixeira Pinto sublinhou a sua satisfação com o seguinte comentário: “Foi uma epifania sonora e visual o que todos tivemos a ventura de contemplar neste II Momento de Abertura do Museu Zer0”.
Atualmente, o Museu Zer0 está aberto de quarta a domingo, das 10h às 18h. A partir de janeiro, passará a receber visitas também durante a semana, mantendo o mesmo horário.
Videomapping contou a história do Museu projetada nos silos.













18.ª Loulé Cup trouxe a Loulé a nata da Ginástica de Trampolins
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
e 23 a 25 de outubro, o Pavilhão
Desportivo
Municipal Professor Joaquim Vairinhos, em Loulé, vibrou com a 18.ª Loulé Cup, uma das provas internacionais mais clássicas da Ginástica de Trampolins, organizada pela APAGL – Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé.
Ao longo de três dias de saudável convívio e intensa competição, centenas de atletas dos escalões mais jovens até aos seniores mostraram os seus dotes no
trampolim, duplo mini-trampolim e tumbling. Atletas provenientes de dezenas de países europeus e do resto do mundo, muitos deles detentores de medalhas de ouro, prata e bronze em Campeonatos do Mundo e da Europa destas exigentes modalidades, e que levaram ao rubro o muito público que encheu as bancadas do Pavilhão.
Foi, sem dúvida, um início perfeito de temporada e também um excelente último teste para os muitos ginastas que iam participar no Campeonato do Mundo de Trampolins que se realizou, na vizinha Espanha, de 5 a 9 de novembro.


















































Algarve Music Series passou pelo
Teatro Lethes em dose dupla
10.º Algarve
Music Series
aconteceu entre 1 de outubro e 16 de novembro, dividido entre as cidades de Faro, Loulé e Tavira. O ciclo nascido, em 2016, da vontade da violoncelista Isabel Vaz e do pianista Vasco Dantas, apostou numa programação internacional que contemplou música de câmara, concertos sinfónicos, jazz e música folk.
Sob o tema «ECHOS», o festival propôs uma reflexão sobre a forma como a
música ressoa no tempo e no espaço. Para tal, a programação articulou três dimensões: ecos da tradição e inovação, que aproximaram música clássica, contemporânea, tradicional e eletrónica; ecos sonoros, que exploraram encontros inesperados de instrumentos, como a harpa com eletrónica ou o piano com marimba; e ecos geográficos, que levaram artistas e obras a diferentes palcos do Algarve.
No dia 10 de outubro assistiu-se, no Teatro Lethes, à «Volta ao Mundo em Piano» pelo francês Michel Bourdoncle, um recital de contrastes e emoções,
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Irina Kuptsova
percorrendo diferentes paisagens sonoras e épocas. Do romantismo introspetivo de Liszt à espiritualidade catalã de Déodat de Séverac, da energia vibrante de Gershwin à delicadeza impressionista de Debussy, a viagem seguiu até à poesia da tradição chinesa em Yan Quan San Die e culminou na intensidade dramática da Sonata n.º 7 de Prokofiev. Um programa eclético que revelou o virtuosismo e a sensibilidade de um dos grandes intérpretes europeus da atualidade, composto por: Liszt – Vallée d’Obermann; Déodat de Séverac – Les muletiers devant le Christ de Llívia; Gershwin – Rhapsody in Blue; Debussy –Deux Préludes (Brouillards, Bruyères); Tradição Chinesa – Yan Quan San Die; e Prokofiev – Sonata n.º 7.
No dia 11 de outubro, o Teatro Lethes voltou a esgotar com um concerto de
câmara pelas mãos da violinista ucraniana/portuguesa Tamila Kharambura e do violetista australiano Paul Tulloch, que cruzou séculos de música, do classicismo de Mozart à criação contemporânea de António Pinho Vargas, passando pela densidade de Penderecki e culminando na paixão romântica de Brahms. Um diálogo intenso entre tradição e modernidade, com formações íntimas e expressivas que revelam a riqueza e a intensidade da música de câmara. O programa foi composto por: Mozart – Duo para violino e viola em Sol Maior KV.423; António Pinho Vargas – 6 Duetos para violino e viola; Penderecki – Ciaccona para violino e viola; e Brahms – Quarteto com piano n.º 1 em Sol menor, op. 25, este último também interpretado pela violoncelista Isabel Vaz e o pianista Vasco Dantas.


















PEDRO TOCHAS DEU DE-SAÍDA» AO III

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
DEU O «PONTAPÉFESTIVAL MOMI


cidade de Faro voltou a acolher, de 6 a 9 de novembro, o MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico –Algarve, certame da responsabilidade do JAT – Janela Aberta Teatro de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo que se tem vindo a afirmar como um dos mais relevantes palcos para a criação contemporânea em Portugal. Pedro Tochas fez a abertura da terceira edição do festival, ele que foi escolhido para embaixador do MOMI 2025.
Artista de rua e de palco, Pedro Tochas fez a sua formação em teatro físico e comédia no Celebration Barn Theatre
(Estados Unidos da América) e Circomedia – Academy of Circus Arts and the Physical Theatre (Inglaterra). Participou em diversos programas de televisão e foi um dos jurados do programa Got Talent Portugal, na RTP. No dia 6 de novembro levou ao Teatro Lethes «O Palhaço Escultor», um espetáculo onde, usando nada mais do que a sua imaginação e com uma pequena – grande – ajuda do público, constrói uma história de amor sem dizer uma única palavra, com heróis, vilões e batalhas épicas protagonizadas por voluntários escolhidos aleatoriamente da plateia. Uma experiência fantástica que encantou o público que esgotou por completo o belíssimo teatro da capital algarvia.


































«SPIEL IM SPIEL»
MOMI QUE, QUANDO TUDO É POSSÍVEL

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
DEMONSTROU NO QUANDO BRINCAMOS,


cidade de Faro voltou a acolher, de 6 a 9 de novembro, o MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico –Algarve, certame da responsabilidade do JAT – Janela Aberta Teatro de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo que se tem vindo a afirmar como um dos mais relevantes palcos para a criação contemporânea em Portugal. O dia 7, sexta-feira, arrancou logo pela manhã, no IPDJ, com uma sessão dupla para escolas e público em geral de «Spiel im Spiel», uma estreia em Portugal da responsabilidade de Ceren Oran & Moving Borders.
Ceren Oran é uma bailarina e coreógrafa radicada em Munique que vê a dança, não só como uma forma de arte, mas também como uma forma de comunicação. Por isso, o seu trabalho caracteriza-se pelo imediatismo, procurando o contacto direto com o público. Com um interesse genuíno em envolver os mais jovens, cria peças poéticas sobre as grandes e pequenas questões da vida que não nos confrontam com respostas, mas antes nos encorajam a fazer perguntas. Ganhou um prémio de Melhor Interpretação e Melhor Trabalho de Conjunto no Südwind Festival de 2025, em Nuremberga, na Alemanha.





«Spiel im Spiel» (jogo dentro de um jogo) demonstra que, quando brincamos, tudo é possível: o chão é feito de lava, os objetos voam pelo ar e os itens do quotidiano ganham um significado totalmente novo. O banco é uma jangada, uma ponte, uma casa, uma torre. Fica de cabeça para baixo, deita-se de lado, fica de pé... De uma seleção quase infinita de possibilidades, novos
mundos com os seus próprios conjuntos de regras emergem de forma lúdica, e são repetidamente alterados, expandidos, descartados. Mas como é que um jogo leva ao próximo? Quem decide o que acontece a seguir? Quem faz as regras e como tomar a melhor decisão? E o que acontece se alguém não quiser participar?



























MÁRIO COELHO APRESENTOU SOBRE O FIM» NO CINETEATRO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

APRESENTOU «AQUELA CANÇÃO
CINETEATRO LOULETANO

Cineteatro
Louletano
assistiu, no dia 31 de outubro, a «Aquela Canção Sobre o Fim», uma peça escrita e encenada por Mário Coelho que conta a história desastrosa de uma reunião de amigos do secundário que, progressivamente, percebem que não conseguem mais manter uma relação harmoniosa. Ou será que existe algo mais, e que este não se trata apenas de um simples jantar?
Uma comédia ácida, uma tragédia contemporânea apoiada na mitologia grega, bem como uma reflexão sobre a «cultura de cancelamento» e uma crítica à hipocrisia das relações contemporâneas fundadas no «gosto» e «não gosto», cuja interpretação esteve a cargo de Ana Valente, Ana Valentim, Ana Vilela da Costa, Anabela Ribeiro, Carolina Dominguez, Mário Coelho e Roxana Ionesco, numa coprodução do Cineteatro Louletano, O Espaço do Tempo e São Luiz Teatro Municipal.






































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