

MAY B DE MAGUY MARIN




ÍNDICE
Mirian Tavares (pág. 18)
Fábio Jesuíno (pág. 22)
Sílvia Quinteiro (pág. 26)
Valentim Filipe (pág. 30)
Albufeira vai ter a maior São Silvestre do Algarve (pág. 34)
LIFE Ilhas Barreira (pág. 38)
Entrevista a Hugo Pereira (pág. 46)
Entrevista a Paula Freitas (pág. 56)
«May B» de Maguy Marin no Teatro das Figuras (pág. 66)
Silent Rocco no Teatro Lethes (pág. 88)
«O Filme que a Dixney nunca fez» no Cineteatro Louletano (pág. 100)

















Da intimidade (e do afeto)
Mirian Tavares, professora
Enquanto eu fiquei alegre, permaneceram um bule azul com um descascado no bico, uma garrafa de pimenta pelo meio, um latido e um céu limpidíssimo com recém-feitas estrelas. (...) Adélia Prado
arly de Oliveira, eu não escrevo cartas pra você porque só sei ser íntima” É uma frase da Clarice Lispector do seu maravilhoso livro, A Descoberta do Mundo. Não sabia, quando li o livro pela primeira vez, quem era Marly de Oliveira. Fui à procura e descobri que ela foi uma das grandes escritoras/poetas do Modernismo brasileiro. Mas, quando li, ainda sem saber disso, gravei a frase: “Marly de Oliveira, eu não escrevo cartas pra você porque só sei ser íntima”. Não conhecia, na altura, a escritora, mas me conhecia o suficiente para dizer, como Clarice: só sei ser íntima. “O que é que uma pessoa diz à outra? fora “Como vai?” Se desse a loucura da franqueza, que diriam as pessoas às outras? E o pior é o que se diria uma pessoa a si mesma, mas seria a salvação, embora a franqueza seja determinada no nível consciente e o terror da franqueza vem da parte que tem no vastíssimo inconsciente que me liga ao mundo e à criadora inconsciência do mundo. Hoje é dia de muita estrela no céu, pelo menos assim promete esta
tarde triste que uma palavra humana salvaria”. Como escreveu Clarice, que diríamos aos outros se fôssemos acometidos pela loucura da franqueza?
Limito-me ao “Como vai”, porque, se avanço, entro em águas demasiado profundas e há sempre o medo de não ter volta. Assim, me calo, dizendo muito sem nada dizer realmente. Sem dizer nada de profunda e intensamente meu. A intimidade assusta porque implica divisão e revelação. O que digo a alguém que se abre para mim? Que palavras há para consolar dores íntimas que a mim não dizem respeito? E o que tenho para dar em troca? Pois não se enganem: a intimidade é uma via de mão dupla que exige, para existir, um retorno. E este retorno implica mostrar, às vezes, que não há nada hoje para mostrar. Só um grande e incómodo vazio. É por isso que, há muito, deixei de escrever cartas. E fui fugindo, ao longo da vida, da intimidade. O que me tornava um paradoxo – só sabia ser íntima, mas temia a intimidade. Meus pais sempre nos ensinaram a respeitar o espaço do outro, a demarcar bem fronteiras, a não entrar sem bater antes e a fecharmo-nos em concha. Mas, com o passar dos anos, assumo mais o

meu lado “só sei ser íntima”, mesmo quando falo em lugares onde não se supõe a intimidade. Porque me sinto, cada dia mais, como Clarice ou como Adélia Prado – poeta de uma delicadeza extrema, que nunca teve medo de assumir a doçura – qualidade que esquecemos ou pomos de lado: não combina com a nova condição feminina, não combina com o mundo moderno, não combina com este jeito de ser que faz de conta que nada importa e que se pode estar muito bem cercado de gente e absolutamente só. A doçura é um conectivo, é uma liga de ternura que atrai as pessoas, que torna tudo à nossa volta
mais sorridente. Piegas, talvez. E é este imenso medo da pieguice que nos torna duros. No filme de Fassbinder, O Casamento de Maria Braun, a personagem, Maria, diz à mãe: as pessoas infelizes acham as pessoas felizes vulgares. A felicidade, assim como a doçura e a capacidade de se deixar ver, não têm o charme cool da melancolia, nem do desespero cinza e preto que veste toda a gente que se diz infeliz. Hoje, só sei ser íntima e afetuosa (na maioria das vezes). Num mundo cada dia mais duro, mais impessoal, ser íntimo e afetuoso tornou-se um ato de resistência.
Foto: Isa Mestre



O futuro surpreendente do emprego: quando o canalizador vai ganhar mais do que o programador
Fábio Jesuíno, empresário
ivemos num mundo cada vez mais digital, a expectativa geral era que os programadores dominassem o futuro do emprego. Mas, enquanto todos olhavam para os ecrãs, uma mudança silenciosa começou a redefinir as regras do jogo.
A Inteligência Artificial está a transformar o trabalho intelectual e já é capaz de gerar código de forma autónoma. Em paralelo, assiste-se a uma nova valorização dos ofícios manuais, que ganham peso precisamente porque não podem ser replicados por algoritmos. O trabalho intelectual mais repetitivo torna-se cada vez mais padronizado e fácil de substituir, uma dinâmica amplamente descrita na economia contemporânea. A escassez persistente de mão de obra técnica, aliada a uma procura constante por serviços presenciais, aponta para uma inversão da pirâmide de rendimentos. O trabalho que resiste à automação emerge como o novo motor de valorização económica.
Na última edição da Web Summit, um dos temas em destaque foi o impacto da
Inteligência Artificial no mercado de trabalho, gerando intensos debates. Na minha opinião, houve um ponto essencial em que praticamente todos concordaram: os trabalhadores terão de desenvolver novas competências, ajustadas a esta nova realidade.
Na minha perspetiva, nos próximos cinco anos, tudo o que envolva trabalho manual tende a tornar-se significativamente mais valioso do que grande parte do trabalho intelectual. Esta mudança já começa a notar-se nos Estados Unidos, onde muitas funções intelectuais estão a ser desvalorizadas e profissionais com formação em áreas tecnológicas acabam por recorrer a trabalhos mais precários, como fazer entregas ou a conduzir para plataformas digitais.
Esta não é uma guerra entre canalizadores e programadores, mas um alerta importante sobre aquilo que escolhemos valorizar enquanto sociedade. Se continuarmos a empurrar todos para os mesmos percursos académicos e a desvalorizar quem resolve problemas concretos no mundo físico, algo que acontece com frequência em Portugal, estaremos a alimentar um mercado de trabalho desequilibrado,

frustrado e cheio de talento desperdiçado.
Talvez o verdadeiro futuro do emprego passe por devolver aos ofícios manuais o estatuto, a segurança e os bons rendimentos que já tiveram, enquanto muitos empregos de colarinho branco lutam para justificar o seu valor. A questão que deixo é simples: estamos preparados para um mundo em que saber apertar um parafuso pode valer mais do que saber escrever uma linha de código?



A teimosia dos inocentes Sílvia Quinteiro, professora
á episódios que parecem vir ao nosso encontro com o intuito de despertar memórias que julgávamos adormecidas. São momentos breves, acontecimentos sem ligação, exceto aquela que a nossa mente insiste em traçar entre eles. Aconteceume por estes dias. Primeiro, ouvi recomendar um livro de Rui Zink, O bebé que… não gostava de ver televisão Explicava a livreira tratar-se da história de um bebé que chorava sempre que o sentavam diante do aparelho ligado. Os pais, aflitos com a estranha reação, levaram-no ao médico. No final da história, a criança é colocada diante do ecrã desligado e, ao ver o reflexo da família reunida, deixa de chorar, mostrando saber exatamente o que quer.
Poucos dias depois, uma amiga contoume que o seu pai cresceu numa aldeia transmontana onde, mês após mês, o grande acontecimento era a chegada da biblioteca itinerante. Ao avistar a carrinha, corria na sua direção, seguido pelo fiel Mondego, que partilhava o mesmo entusiasmo. O menino entrava com a sacola dos livros numa mão e o cartão na outra. O cão seguia-o, a saracotear-se, com a cauda a abanar.
A bibliotecária ralhava e mandava-o expulsar o cão. O pobre animal ficava
então à porta, o corpo no lado de fora e o focinho pousado no limiar, tristíssimo.
Assim foi durante cerca de três anos, até ao dia em que o Mondego entrou determinado a ficar. Quando ordenaram ao miúdo que o levasse para a rua, encolheu os ombros e declarou, muito sério, pertencer a outro. O bicho, cúmplice, fez-se desentendido e olhou em volta, como se procurasse o dono. Nenhum dos dois se denunciou.
O cão manteve-se imóvel. Não havia “xô!” capaz de convencer o volumoso Serra da Estrela a arredar pé. Arrastá-lo… impossível. Estava deslumbrado e portava-se lindamente. Rendida à persistência do canídeo, a bibliotecária acabou por lhe fazer um cartão de leitor. Ao lado do desenho do seu focinho alegre, o n.º 576.
Estas duas histórias trouxeram-me à lembrança o meu avô materno. Um homem com uma paciência quase infinita, frequentemente posta à prova pela minha obstinação, que o levava a pôr termo a muitas das nossas conversas afirmando: “A menina é netinha, ainda não sabe nada”. A frase surgia, por exemplo, quando insistia em acompanhálo ao café. Esgotados os argumentos — uma maçada para uma miúda, ficava melhor a brincar em casa, logo trazia rebuçados, voltava tarde — restava sempre a mesma sentença.

A idade era pouca, é certo, mas, naquela situação, sabia muito bem o que pretendia: passar tempo com ele, ouvi-lo. Ninguém contava histórias como o meu avô. Mas havia algo para além do óbvio: tinha a certeza de que a minha presença ao seu lado faria com que fumasse menos.
— O tabaco vai ser a tua morte — repetia a minha avó.
O avô resmungava, mas estava consciente da ansiedade que nos causava o velho hábito. Encontrava no café um
refúgio. Um lugar onde os olhares e as palavras não o julgavam.
— Quando se apanha sozinho, acende um cigarro com o outro — dizia a avó, desgostosa.
E eu insistia em ir, insistia até ser silenciada. Não me rendia, porém. Em último caso, havia sempre a arma secreta, a única de que nunca se conseguiu defender: um irresistível beicinho.
É assim a teimosia dos inocentes: como uma luz aparentemente frágil, mas que não cede, não se apaga, não desiste.



Natal Valentim Filipe, músico, professor aposentado e dirigente associativo
al chega o mês de dezembro, inevitavelmente no nosso pensamento começa a surgir o Natal. Época de fraternidade e alegria e também tempo em que as famílias se juntam para confraternizarem normalmente à mesa, comendo bacalhau, peru, fritos e outras iguarias da tradição natalícia. Também época de presentes que funciona para o comércio local, e não só, como um balão de oxigénio, especialmente por se celebrar na época baixa.
Mas, saberão a maioria das pessoas, especialmente os religiosamente não praticantes, a verdadeira origem do Natal? E os mais novos, especialmente aqueles que não praticam qualquer atividade religiosa, saberão que por trás da festa dos brinquedos existe uma tradição e uma história? Creio que é oportuno fazer um refresh de memória sobre o assunto
O Natal celebra o nascimento de Jesus Cristo e a palavra «natal» deriva do latim «natalis», que significa «relativo ao nascimento». A sua origem mistura a celebração cristã do nascimento de Jesus com festividades pagãs antigas, como o solstício de inverno romano, e a data de 25 de dezembro foi oficializada pela
Igreja Católica no século IV como forma de cristianizar essas outras celebrações, comemorando o nascimento de Jesus Cristo em Belém, visto como o momento em que Deus veio à Terra para revelar seu amor pela humanidade.
Para além do contexto religioso, o Natal é amplamente celebrado como um momento de festa, união familiar e amor ao próximo, incorporando costumes de outras celebrações, como a troca de presentes inspirada nos presentes e a ceia.
Ao longo dos tempos foram-se introduzindo imagens e símbolos que inevitavelmente passaram a fazer parte da tradição, tais como o Pai Natal que traz os presentes, o presépio que retrata a cena do nascimento de Jesus num estábulo, as velas que representam a luz que ilumina a vida, a estrela que guiou os três reis magos, os sinos que marcam o som dos céus e a árvore de natal fruto da influência das festas nórdicas e que simboliza a paz, a vida e a esperança, foram gradualmente incorporados à tradição natalina.





Albufeira vai ter a maior
São Silvestre do Algarve
om passagem em vários locais emblemáticos da cidade de Albufeira, a 3.ª Corrida São Silvestre do Algarve vai realizar-se no dia 20 de dezembro, com partida marcada para as 19h, em frente ao edifício dos Paços do Concelho – local que acolhe também o final do trajeto de 10,7 quilómetros.
A edição de 2025 foi apresentada publicamente, no dia 9 de dezembro, em conferência de imprensa que decorreu no
Salão Nobre dos Paços do Concelho, e que contou com a participação do presidente da Câmara Municipal de Albufeira. Rui Cristina mostrou-se satisfeito por acolher o evento e agradeceu a todos os parceiros envolvidos na organização. O autarca admitiu que “este ano, a corrida ganha outra dimensão, pois integra o caminho que estamos a trilhar rumo a Albufeira Cidade Europeia do Desporto 2026”
Depois de completar um percurso inicial pela Avenida dos Descobrimentos, os corredores prosseguem pela zona antiga, num trajeto que inclui uma subida até ao
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Miradouro do Pau da Bandeira. O percurso continua ao longo de toda a extensão da Avenida Infante Dom Henrique, até Santa Eulália. O último quilómetro do percurso faz-se já de volta à Avenida dos Descobrimentos.
Um trajeto que vai ser percorrido por perto de dois mil participantes, de acordo com a organização, que já tinha recebido, naquele dia, cerca de 1.600 inscrições –um número que superava o registado na última edição, numa altura em que faltam ainda 10 dias para a corrida. O CEO da Cabreira Solutions, João Cabreira, agradeceu ao Município de Albufeira pela “confiança demonstrada na continuidade do evento” e admitiu que a meta passa por alcançar o patamar de
“maior São Silvestre a sul do Tejo até 2027”, com a certeza, porém, de que, em 2025, já seria a maior disputada na região algarvia. “A Corrida São Silvestre do Algarve é uma das mais de 60 iniciativas oficialmente reconhecidas em território nacional. Em 2025, o evento vai estar entre as 10 corridas com maior número de participantes”, frisou.
Além da corrida para atletas federados e não federados, os participantes podem ainda inscrever-se numa caminhada de cariz não competitivo, com um trajeto de 5,8 quilómetros. As inscrições para as duas modalidades de participação encontram-se abertas, e podem ser feitas através da página oficial do evento




LIFE Ilhas Barreira deixa legado duradouro na proteção da Ria Formosa
urante seis anos, o projeto LIFE Ilhas Barreira restaurou habitats, protegeu espécies e reforçou a resiliência ecológica de uma das zonas costeiras mais frágeis e importantes do país, as Ilhas Barreira da Ria Formosa, deixando bases sólidas para a sua conservação futura. O projeto, financiado pelo Programa LIFE da União Europeia com início em 2019, foi determinante na recuperação da
população de gaivota-de-audouin (Larus audouinii), espécie em declínio global, que encontrou nas Ilhas Barreira um refúgio de sucesso.
Em 2019, havia cerca de 2 mil e 500 ninhos; em 2024, esse número ultrapassava os 7 mil. Esta recuperação foi acompanhada por uma recente expansão natural da colónia da Ilha Deserta para a Ilha da Culatra, reduzindo desta forma os riscos associados a uma concentração populacional em apenas um único local. Para proteger a colónia na
Texto: Daniel Pina| Fotografia: LIFE Ilhas Barreira



Deserta, o LIFE Ilhas Barreira implementou medidas rigorosas de biossegurança. Em parceria com a Associação Animais de Rua, foram retirados todos os gatos selvagens da Ilha Deserta, reduzindo assim o risco de predação. Paralelamente, foram instaladas armadilhas para controlar os roedores e desenvolvido um plano de biossegurança.
No âmbito científico, o projeto atualizou o Plano de Ação Internacional para a gaivota-de-audouin, envolvendo especialistas de vários países. Foi também proposta a expansão da Zona de Proteção Especial (ZPE) da Ria Formosa, que prevê ampliar a área marinha da ZPE para mais de cinco vezes a sua dimensão atual, fundamental para garantir a proteção de aves marinhas ameaçadas.
A chilreta (Sternula albifrons) foi também uma espécie que beneficiou das
medidas desenvolvidas pelo projeto. O facto de os seus ninhos serem no areal, faz com que seja uma espécie muito exposta à perturbação humana. A colocação de vedações e sinalização em redor das suas zonas de nidificação nas praias reduziu significativamente a perturbação.
No campo da recuperação de fauna selvagem, o LIFE Ilhas Barreira contribuiu para a modernização do Centro de Recuperação RIAS, dotando-o de novos equipamentos e competências dirigidos às aves marinhas. Entre 2019 e 2024, o centro tratou 7 mil e 562 aves marinhas, das quais 3 mil e 208 foram devolvidas à natureza. Foi também identificado o agente causador da «síndrome parético» – o botulismo – permitindo a criação de um protocolo terapêutico partilhado a nível internacional.


As dunas cinzentas, habitat crítico e frágil, foram igualmente alvo de atenção. Através da limitação do acesso de gaivotas e da remoção de plantas invasoras em 1,6 hectares, por dezenas de técnicos e voluntários, o projeto iniciou a recuperação ecológica da Ilha Deserta. Técnicas inovadoras, como o uso de telas escuras para eliminação de chorão, mostraram-se eficazes e o mapeamento das plantas invasoras nas restantes ilhas inspiraram ações de remoção destas espécies nas ilhas de Tavira e Armona.
Na interface entre a conservação e as comunidades, o projeto desenvolveu soluções para reduzir capturas acidentais de aves por redes de pesca, promovendo
boas práticas entre pescadores. Medidas simples, como o acondicionamento de descartes de peixe, evitando deitar borda fora durante as operações de pesca, revelaram impacto direto na segurança das aves. Também foram testadas formas de dissuasão em aterros e portos, com o objetivo limitar o acesso das gaivotas-de-patas-amarelas a fontes de alimentos.
O projeto teve ainda uma forte componente educativa e de sensibilização, com destaque para o programa escolar que alcançou 6 mil e 807 alunos da região e materiais de apoio pedagógico atualmente disponíveis para professores de todo o país. “O LIFE Ilhas Barreira mostrou que a conservação é

possível, eficaz e replicável. Agora, cabe às autoridades e à sociedade manter este compromisso vivo e atuar para garantir a proteção duradoura das Ilhas Barreira e da Ria Formosa”, sublinha Joana Andrade, coordenadora do Departamento de Conservação Marinha da SPEA e do projeto LIFE Ilhas Barreira.
A continuidade dos bons resultados dependerá da implementação da nova ZPE marinha e da colaboração contínua entre instituições, cientistas, pescadores e cidadãos. Os parceiros do projeto comprometem-se a implementar as ações incluídas no Plano de Conservação Pós-LIFE durante os próximos cinco anos,
com recursos próprios e procurando outras fontes de financiamento.
Cofinanciado pela União Europeia e com o apoio financeiro do Fundo Ambiental, o projeto teve início em 2019 e terminou no verão de 2025. Além da SPEA como entidade coordenadora, contou com mais cinco parceiros: Universidade do Algarve, Universidade de Coimbra, Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens da Ria Formosa e a empresa Animaris, concessionária da área de restauração na Ilha da Barreta.





“Se os governos, seja de que partido forem, não empatarem, já estão a ser uma grande ajuda”,
afirma Hugo Pereira
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
ugo Pereira foi eleito para mais um mandato à frente dos destinos do Concelho de Lagos, com o PS a ter maioria absoluta na Câmara Municipal e uma maioria simples na Assembleia Municipal, mas que, na
hora da verdade, não deverá dar origem a muitos percalços no mandato 2025-2029, pelo que estarão reunidas as condições para levar por adiante um programa muito ambicioso e onde a grande prioridade, sem espanto, é a habitação. “Tínhamos uma maioria mais confortável e todas as juntas de freguesia, daí que, ao não termos
ganho todas as juntas de freguesia, ao termos perdido um vereador no executivo camarário e ao termos passado para uma situação de empate na Assembleia Municipal, significa que os resultados eleitorais foram piores do que há quatro anos, mas isso é o reflexo do novo cenário que o país hoje apresenta”, analisa o edil lacobrigense. “Ainda assim, foi o Partido Socialista quem ganhou com uma larga distância as eleições, tanto em Lagos como em toda a região. O Algarve mostrou que é socialista, estamos todos de parabéns, agora, é mãos à obra porque há muito trabalho pela frente”.
A primeira prioridade do executivo liderado por Hugo Pereira é, de facto, a habitação, como já o era no anterior mandato, “em que conseguimos cumprir a nossa parte”. “Deparamo-nos com grandes dificuldades para contratar empresas para projetar e depois construir e, infelizmente, aquilo que aparentemente seria mais fácil, que era ter as garantias dos financiamentos, uma vez que tínhamos Estratégias
Locais de Habitação, a meio do percurso deixou de ser e quase todo o país está à espera de uma decisão sobre como financiar as respetivas Estratégias
Locais de Habitação”, lamenta o entrevistado. “Em Lagos estamos há mais de um ano com projetos prontos para ir para concurso de empreitada, a decisão sobre o financiamento ainda não chegou e tivemos que, inclusivamente, avançar para um financiamento junto da banca para podermos meter os projetos na rua. Isto na expectativa de que depois, quem nos pediu para construir – porque esta
obrigação é do Governo, já que o direito à habitação vem na Constituição –cumpra com aquilo que prometeu”, aponta Hugo Pereira. “O Governo pediunos auxílio com a garantia de que ajudava no financiamento, os municípios apresentaram propostas para a construção das tais cerca de 25 mil casas e o dinheiro acabou por não aparecer. Já passou tempo demais para não haver uma decisão. Não sabemos se vai chegar de um empréstimo do Banco Europeu de Investimento, se vai ser metido no Portugal 2030 ou se virá de outra forma. Os municípios que, como Lagos, têm capacidade financeira, atrasaram-se, mas avançaram, mas há muitos outros que estão à espera com processos em cima das mesas e fazer construção não demora dois dias”.
As indecisões por parte do Ministério das Infraestruturas e Habitação, do Ministério da Coesão Territorial e do IHRU – Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana estão, na opinião de Hugo Pereira, a agravar ainda mais um problema que é bastante agudo e complicado de resolver, “originado por muitos anos de incapacidade financeira do Estado Central e das autarquias, pelo desaparecimento das cooperativas e da própria banca enquanto player que ajudava a que as casas para a classe média pudessem ser construídas”. “Obviamente que, para além do custo de construção ser mais elevado, os construtores passaram-se a virar para os clientes que lhes compram casas e que não têm problemas de financiamento. São quase 15 ou 20 anos em que houve um desinvestimento na

construção de casas mais acessíveis. Em Lagos, as 260 casas novas que tínhamos contempladas na Estratégia Local de Habitação foram todas adjudicadas no mandato anterior e estão todas em construção. O concurso para a sua atribuição também já está em andamento, porque são processos morosos e queremos que, assim que estiveram terminadas, possamos passar logo para a assinatura dos contratos”.
A ideia que se vai tendo, todavia, é que o problema da escassez de habitação para os mais carenciados e para a própria classe média nunca se vai conseguir resolver por completo, porque as câmaras municipais não nadam em dinheiro, os terrenos vão faltando ou não se podem construir neles, e mesmo as empresas de construção civil debatem-se com dificuldades crescentes para ter mão-de-obra suficiente para responder
às empreitadas que têm em mãos. “É ponto assente que a conjuntura não é favorável e quem tinha a obrigação de resolver esta situação, acaba por ir nos «enjaulando» e agravando o problema”, concorda Hugo Pereira. “Não podemos ir a uma loja comprar terrenos para construir habitação e a pseudo lei de alteração do uso dos solos que iria ser a solução para tudo, não tem sido solução para nada; as alterações às legislações para que as coisas aconteçam mais depressa, não aparecem; e o financiamento não surge. Estamos a tentar meter um penso numa hemorragia”, aponta Hugo Pereira.
Face a esta panóplia de situações, a autarquia lacobrigense avançou para a realização de uma Carta Municipal de Habitação para tentar perceber quais os terrenos disponíveis no concelho para
edificar e que levou, inclusive, no mandato anterior, à aquisição de um terreno junto da banca, por 9 milhões de euros, e que estava avaliado em cerca de 16 milhões de euros, com uma capacidade para cerca de 1.000 fogos de habitação a custos controlados e de casas municipais. “Estamos numa fase muito avançada para, em parte desse terreno, se construírem 500 casas para venda a custos controlados, de acordo com as tipologias e regras de acesso definidas pela autarquia, ou seja, a pensar principalmente na classe média, e os outros 500 fogos serão distribuídos pelo restante terreno e colocados no mercado da forma tradicional. Estamos igualmente a negociar com o proprietário de um terreno com capacidade até 3 ou 4 mil casas, para o colocar sobre reserva, e se esta operação toda correr bem, podemos vir depois a tomar posse dele para construir mais habitação. Estamos a falar num investimento total a rondar os 100 milhões de euros e temos que enc0ntrar soluções diferenciadas, porque, se uma câmara municipal alocar essa verba, mesmo que seja em quatro ou cinco anos, num projeto ou área, tudo o resto teria que parar… e há muita outra obra tão emergente quanto a habitação, e às vezes até mais abrangente a todo o concelho. O Estado tem que resolver isto, seja de que forma for”, reivindica Hugo Pereira.
Educação e saúde no topo das prioridades
Certo é que as novas habitações a serem construídas estarão vocacionados,
essencialmente, para suprir as carências dos lacabrigenses, para quem já resida no concelho, mas Hugo Pereira reconhece que Lagos tem recebido, nos últimos anos, um forte investimento do mercado privado, nomeadamente, do ramo hoteleiro, o que significa necessidade de mais mão-de-obra, ou seja, pessoas a chegarem de fora do concelho. E isso implica melhorar igualmente as condições do parque escolar. “Neste momento temos uma escola EB 2,3 a ser construída, cerca de 12 ou 13 milhões de euros, e estamos a acabar o projeto para avançarmos com outra EB 2,3 no concelho. Estamos igualmente a preparar o projeto de ampliação de uma escola secundária, que poderá crescer para um terreno ao lado que é o município. No pré e primeiro ciclo, a ideia é construir uma escola mais urbana e mais uma ou duas escolas fora do perímetro urbano de Lagos”, revela.
A educação será, já se verificou, uma das prioridades do novo mandato, e o mesmo se passa na área da saúde, existindo um projeto para a ampliação do Centro de Saúde de Lagos. “Se calhar por jeito, ou por necessidade, lembraram-se dessa coisa das transferências de competências do poder central para o poder local, o que nos causa desequilíbrios orçamentais, pois aquilo que o Governo dá é sempre insuficiente para fazer obras nos equipamentos. Mas temos que cuidar dos nossos, portanto, temos uma ampliação de um centro de saúde e uma melhoria do atual centro de saúde. Infelizmente, no mandato que terminou, ficamos com os dois concursos desertos, é um efeito da falta
de empresas. São projetos supercomplicados, levaram muito tempo a ser feitos de acordo com as exigências do Ministério da Saúde, e uma coisa que começou nos 5 ou 6 milhões de euros já foi a concurso por 10 milhões e, mesmo assim, disseramnos que só haveria condições para concorrerem por 20 milhões. Ora, dificilmente o PRR irá cobrir essa despesa, porque, sabe-se lá porquê, as obras têm todas que terminar obrigatoriamente até junho de 2026”, indica Hugo Pereira.
A questão hídrica é outra fundamental, com mais de 15 milhões de euros de obras na rua com vista ao reaproveitamento da água e à eficiência na sua gestão, e a costa do concelho está praticamente toda protegida, destaca o presidente da Câmara Municipal de Lagos, “e obviamente que estamos a trabalhar nas questões das alterações climáticas face à nossa proximidade ao mar”.
Projetos de A a Z nas áreas A a Z
A aposta do Município de Lagos no desporto e cultura nos últimos anos tem dado frutos riquíssimos, com muitas associações, clubes, artistas e atletas em evidência, mas o reverso da medalha é, admite Hugo Pereira, os equipamentos começarem a tornar-se insuficientes para tanta procura. E uma das lacunas mais visível passa, precisamente, pela necessidade de mais um campo de futebol, com a autarquia a estudar a sua inclusão dentro de um parque de saúde e bem-estar que está a ser desenhado junto ao campo de futebol, à zona do
pavilhão e das piscinas, no «sítio das feiras». “A ideia é deslocalizar a feira para outro lado e completar ali a zona desportiva, com espaços para a prática de desportos ao ar livre, zonas de manutenção junto à Ribeira de Bensafrim e a partir dali iniciando-se igualmente o projeto de requalificação do Paul, com passadiços pelas margens e renaturalizando aquele espaço. Depois, pelo menos 1 pavilhão e 1 nave para modalidades que precisam ter equipamentos montados, como o ténis de mesa ou a ginástica. Numa das escolas que estamos a começar a desenhar pretendemos incluir um pavilhão com as medidas oficiais que, durante o dia, serviria a própria escola e, depois, as modalidades desportivas de indoor, andebol, futsal, basquetebol e outros”, adianta o presidente.
No plano cultural existe, como se sabe, um auditório no centro histórico da cidade com uma capacidade relativa, e o desejo é criar um espaço multiusos, para eventos, formações, congressos, com capacidade a rondar os 1.000 lugares, de forma faseada. “O auditório do Centro Cultural, com 200 e poucos lugares, e onde o carregamento de logística é mais complicado, às vezes inviabiliza a realização de determinados espetáculos. Neste próximo mandato temos todas as condições para projetar o novo auditório, definir o sítio e avançar eventualmente com um estudo prévio. No Museu tivemos que parar para repensar, atendendo aos achados arqueológicos. Nos centros históricos, falamos sempre de edifícios que são reaproveitados, reabilitados, com muita história, mas queremos,

obviamente, no mais curto espaço de tempo, acabar a obra e inaugurar. Temos o Monte Molião, o São Pedro do Pulgão, o Balneário Romano da Luz, há projetos de A a Z nas áreas de A a Z”, assume o entrevistado.
Em termos económicos, Hugo Pereira não tem dúvidas de que o futuro do concelho de Lagos continuará intimamente ligado ao turismo, assim o atestam os recentes empreendimentos hoteleiros que têm surgido ou que vão avançar. Mas o turismo de uma forma abrangente e não apenas pensando no «sol e praia», esclarece. “Lagos há muito tempo que abraçou a diversificação do turismo, daí que a sazonalidade seja menos agressiva do que noutros concelhos da região. Temos muitos residentes estrangeiros, o turismo de habitação, que geram receitas para o
território. Depois, pela qualidade de vida que Lagos tem, há muito que ganhou destaque junto dos nómadas digitais, dos coworks e fablabs, com trabalhadores que podem passar cá umas pequenas temporadas a trabalhar, sabendo que o dia mais frio que aqui vão encontrar será melhor que o dia mais quente que têm nas suas terras de origem”, frisa o edil. “Temos apostado igualmente no turismo do mar, nas marítimo-turísticas e na Marina de Lagos, um setor onde ainda podemos crescer muito. E, claro, os eventos, a cultura, a gastronomia, a história e as tradições. E, curiosamente, devemos ser dos locais de Portugal que mais escolas de surf tem, porque em 20 minutos está-se em Vila do Bispo ou Aljezur. Temos muito «sol e praia», mas também golfe, mar, cultura. Não vamos plantar não sei quantos hectares de

pera-abacate num sítio onde não há água, nem forrar a nossa costa de aquacultura. É importante diversificar, mas sem perder aquilo que sabemos fazer bem, e onde ainda há muito por fazer”, defende Hugo Pereira. “É bom que se respeite o turismo, um setor económico que tem salvo o país e que continuará a salvar… e isso não é vergonha nenhuma. Agora, queremos é fazer turismo do dia 1 de janeiro ao dia 31 de dezembro”
Tal não significa que não se tente cativar mais indústrias para o concelho, salienta Hugo Pereira, dando o exemplo do projeto de ampliação da Zona Industrial de Lagos, que terá fatores de discriminação positiva para empresas relacionadas com a saúde e as novas tecnologias. “O propósito não é vir a nascer uma fábrica para fazer medicamentos, mas investigação, dispositivos médicos, componentes

tecnológicas, dentro e fora da saúde. Estamos a fazer a nossa quota parte para atrair empresas”, garante o presidente da Câmara Municipal de Lagos, que não hesita em dizer: “se os governos, seja de que partido forem, não empatarem, já estão a ser uma grande ajuda” “Temos aqui um bom exemplo, a Igreja de São Sebastião, que é património do Estado, é gerido pela Igreja, nós somos visita, e não há respostas de quem de direito.
Queremos reforço para as forças de segurança, na operação hospitalar, nos cuidados primários, e ou há ausência de resposta ou as respostas não nos satisfazem. Aquilo que queremos é que nos deixem trabalhar. Claro que gostávamos de ter mais ajuda, mas percebemos que o Estado, se calhar, é demasiado grande para um país tão pequeno e depois acabam por tropeçar uns nos outros”.
O certo é que o Município de Lagos, financeiramente, é quase autónomo, mesmo cobrando o mínimo e dando o máximo às pessoas em sede de orçamento municipal, “temos uma política fiscal do lado da população” “Estado, façam a vossa parte e deixemnos trabalhar, o que, infelizmente, nem sempre acontece”, lamenta. Quanto ao cenário político local, Hugo Pereira não está preocupado com o novo figurino partidário. “Temos maioria na Câmara Municipal e, das cinco freguesias, temos 4, mas serão sempre todas tratadas por igual. Na Assembleia Municipal, por terem aparecido duas novas juntas em substituição de uma união de freguesias, acabou-se por ficar com um número par de deputados, 26, dos quais 13 são do Partido Socialista e 13 da oposição, mas acredito que os da oposição nem sempre terão a mesma opinião. No entanto, mesmo em caso de empate, a lei prevalece e a presidente da Assembleia Municipal tem o direito de exercer o voto de opção. Seja como for, vamos apresentar as nossas propostas, ouvir todos os pontos de vista, ajustar o que tiver que ser ajustado e, no final, vamos a votos”, conclui Hugo Pereira.



“O tempo foi passando e Vila do Bispo foi ficando sempre na mesma”, entende
Paula Freitas
aula Freitas
protagonizou uma das duas únicas mudanças de cor partidária nas Autárquicas de 12 de outubro no Algarve, ao conquistar para o PSD a Câmara Municipal de Vila do Bispo que há largos anos era liderada pelo PS. Uma vitória, porém, sem maioria absoluta no executivo camarário, nem na Assembleia Municipal, pelo que estas primeiras semanas têm sido um desafio, “mas encarado com muito empenho”. “Estou
numa fase de adaptação, porque uma coisa é estar na oposição, outra bem diferente é estar à frente dos destinos do concelho e entrar numa máquina que está em movimento. O meu foco inicial é perceber o funcionamento de toda a vertente administrativa, que é pesada. Há que dar continuidade aos procedimentos que estão em execução, mas colocar a nossa marca pessoal, porque foi para isso que fomos a votos”, declara a entrevistada, reconhecendo que assumir o cargo numa altura em que há logo um orçamento para aprovar para o
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
próximo ano também não é fácil. “Temos noção que, quando somos novos no cargo, o frenesim é intenso, há imensas reuniões em que tenho que estar presente, seja na CCDR Algarve, na AMAL ou na Terras do Infante. Estamos igualmente numa fase crítica de execução das candidaturas aos fundos europeus. É uma corrida contra o tempo, com intensas jornadas de trabalho, e claro que tudo é mais fácil para quem já era presidente de câmara. Os novos têm obrigatoriamente que cumprir os compromissos que existem, não devemos falhar nesse aspeto, porque herdamos o bom e o menos bom. No entanto, é óbvio que tenho o meu programa, as pessoas votaram em mim, e não posso defraudar as suas expetativas”
Com orçamentos municipais espremidos ao cêntimo, Vila do Bispo não pode, de facto, perder as oportunidades dos fundos comunitários ou do PRR, mormente na questão da habitação, daí questionarmos como está a situação no concelho. “Acima de tudo o que nos está a condicionar são os prazos, e não apenas em Vila do Bispo, é uma opinião partilhada por todos os autarcas. E, caso não se cumpram os prazos, o dinheiro sai diretamente dos orçamentos municipais, o que depois nos poderá condicionar toda a nossa atividade”, avisa Paula Freitas. “As necessidades são muitas, há pouco espaço de manobra para novas obras, mas tenho que reconhecer que a Câmara Municipal de Vila do Bispo tem uma boa capacidade de endividamento junto da banca, portanto, é uma opção que não descuramos para cumprirmos
com as nossas metas, principalmente para a construção da nova EB 2,3”.
A candidatura para financiar o «sonho» de Paula Freitas está a decorrer, mas, caso não receba o sinal verde, a intenção da edil é propor ao executivo recorrer a um empréstimo bancário. “Não fiquei angustiada por não ter maioria, é natural que esteja preocupada, mas temos que respeitar democraticamente aquela que foi a vontade da população. Caso a caso vamos construindo em conjunto. Se tivermos exigências dos munícipes, se forem obras estruturante para o concelho, que Vila do Bispo merece, espero que a oposição colabore… porque foi sempre essa a minha postura durante os quatro anos em que eu estive na oposição. Se a oposição agora tiver a mesma atitude, isto funciona”, acredita.
Uma nova EB 2,3 é, sem dúvida, o grande objetivo a alcançar, até porque Paula Freitas é uma antiga professora, portanto, tem um conhecimento profundo sobre esta matéria. “Há quatro anos não me candidatei por ambição, por querer entrar na vida política, não era algo que estava nos meus planos. Fui desafiada, confesso que, na altura, tive alguma dificuldade em responder, porque isso implicava mudar a minha vida, mas fiz um exercício de autorreflexão: consegues ficar distante das coisas, não te envolveres, ficares parada, se tens noção que há falta de uma escola, há falta de equipamentos desportivos, de dar melhores condições à população? Percebi que essa não era a minha maneira de estar na vida e aceitei o repto. Já tinha estado na câmara em
2002-2005 e penso que fiz qualquer coisa de bem, porque o partido reconheceu o meu mérito, apesar de não ser filiada, e voltou a convidar-me”, declara a entrevistada.
E porquê tanta ênfase numa nova escola, questionamos. “É uma escola com mais de 35 anos de vida e que nunca foi alvo de uma intervenção e sabemos que as coisas evoluíram muito neste período de tempo. Temos aqui outro público e, se não nos adaptarmos, deixamos de ser atrativos”, responde Paula Freitas. “Os miúdos de Vila do Bispo merecem ter uma escola com as mesmas condições dos concelhos vizinhos e isso indignava-me. Lagos e Portimão são cidades, realidades diferentes, mas Aljezur é semelhante a Vila do Bispo, já construiu uma escola nova – a antiga ficou para os bombeiros – e agora já vai requalificá-la e ampliála. Em Vila do Bispo há infiltrações, ferros à vista no exterior, não há manutenção do espaço, parece que viajamos até ao século passado quando cruzamos aquele portão, que entramos num país subdesenvolvido. Depois, no primeiro ciclo, colocaram-se contentores para responder a uma situação temporária, e acabaram por tornar-se permanentes”.
Faltam mais equipamentos culturais e desportivos

Virando a batuta para a habitação, o cenário em Vila do Bispo é em tudo semelhante ao resto do Algarve, com a agravante de grande parte do território
estar abrangido, ou pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, ou por reserva agrícola, ou reserva de caça ou reserva natura. “Há imensas condicionantes no concelho, está tudo restrito aos perímetros urbanos, contudo, não aumentando a população, não podemos aumentar o perímetro urbano. O Município tem terrenos, tem uma Estratégia Local de Habitação bem estruturada, há

diretrizes técnicas que podemos seguir, portanto, há que atuar, não apenas a pensar nas classes mais desfavorecidas, mas a pensar exatamente numa classe média que, agora, se tornou a nova classe pobre. Os mais desfavorecidos há vários anos que têm acesso a uma série de apoios sociais, a classe média está completamente desamparada, e isso é uma falha do poder central. Aumentase o ordenado mínimo, mas o resto fica
tudo igual, e as pessoas não conseguem recorrer à banca”, observa, preocupada.
“Não podemos pensar apenas em construir habitação de rendas acessíveis para as classes baixas no âmbito do 1.º
Direito, mas também a custos controlados, com vista a fixar os jovens que foram tirar os seus estudos e que agora querem regressar às origens, que aqui querem crescer e voar, mas que não querem viver em casa dos pais”

Para crescer e voar é preciso dinâmica económica e, para tal, é preciso investir no território, entende Paula Freitas.
“Economia que gira muito em torno do turismo, hotelaria e restauração, mas ainda há muito a tendência de visitar e ir logo embora. Há que criar sinergias para que os turistas permaneçam mais tempo no concelho. Em relação aos nossos jovens, precisamos apoiar as pequenas e médias empresas e às vezes basta-lhes que a Câmara Municipal ajude a divulgar os seus negócios”, frisa a autarca, acrescentando que há que incentivar igualmente as pessoas a instalarem-se em Barão de São Miguel, Vale de Boi ou Budens, pois existem benefícios no âmbito das Áreas de Reabilitação Urbana que precisam ser
mais divulgados. “Quem possui uma casa antiga e decidir reestruturá-la, tem direito a benefícios fiscais. A Câmara Municipal possui esses mecanismos e não é a pensar em casas para alojamento local, mas para residência própria. E há casas que estão degradadas, abandonadas, há uma série de anos, que as autarquias podiam assumir a sua posse, requalificar e colocar no mercado para quem precisa”, defende.
Quem é parceiro fundamental no apoio aos mais carenciados é a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo, enaltece Paula Freitas. “As pessoas precisam cada vez mais de ter um envelhecimento ativo, não podem ficar sozinhas em casa. Há que envolvê-las
na cultura, no desporto, promover passeios, oficinas, e a Câmara Municipal vai fazendo o seu papel nessas matérias, em articulação com os parceiros sociais. E tenho que reconhecer o empenho da Unidade Local de Saúde do Algarve em trazer para o concelho mais médicos. A autarquia tem uma casa específica para acolher profissionais de saúde, precisamos de mais casas semelhantes, e outros apoios para fazer a diferença na hora de eles escolherem o local onde vão exercer a sua atividade”, sublinha. “Quem vem trabalhar e viver para Vila do Bispo é porque se identifica com o território, porque gosta do surf, da natureza, dos nossos valores. Até temos agora a Estação Marinha da Universidade do Algarve no Porto da Baleeira onde podem fazer investigação. Precisamos saber rentabilizar melhor a nossa costa e todos os seus recursos naturais, os nossos corais únicos. Há restaurantes com estrelas Michelin espalhados pela Europa fora que consomem peixe de Sagres, porque a nossa costa tem todo um conjunto de correntes marítimas que faz com que o peixe tenha um sabor único. Os marisqueiros falam frequentemente da certificação e acho que temos que ir por esse caminho”, reflete a entrevistada.
Sagres que faz parte da história mundial, a «finisterra», o local onde a terra acaba e o mar começa, uma peça chave no papel que Portugal desempenhou nos Descobrimentos, a Fortaleza de Sagres, o Cabo de São Vicente, a geologia e arqueologia de Vale de Boi, da Boca do Rio… mas também
pelo festival de observação de aves que atrai todos os anos milhares de visitantes ao concelho. Paula Freitas entende, porém, que falta mais em termos culturais ao território. “Temos património natural, geológico, arqueológico, marinho, os menires, o Museu, mas não possuímos salas de espetáculos à altura dos tempos modernos. Existe o Pavilhão Multiusos de Sagres, mais moderno e com melhores condições que o Pavilhão de Barão de São Miguel, mas, se quisermos promover um concerto maior, uma peça de teatro, um espetáculo de dança, não temos um espaço adequado. O Centro Cultural foi adaptado, há muitos anos atrás, para acolher espetáculos, mas não é um centro cultural de origem, não tem essas especificidades técnicas. Temos uma biblioteca que não é uma biblioteca municipal. O tempo foi passando e Vila do Bispo foi ficando sempre na mesma”, constata Paula Freitas.
Uma situação que, de acordo com a nova presidente de Câmara, se estende ao desporto, o problema é que o orçamento não chega para tudo e há que definir prioridades. “Eu tenho sonhos, planos, mas eles podem ser adaptados, dependendo das circunstâncias e porque, não tendo maioria na câmara, terei que procurar consensos. A minha maior vontade é, conforme referido, construir a nova EB 2,3, uma decisão tomada em consonância com os técnicos da autarquia, e que irá contar com o apoio da CCDR Algarve. Temporalmente estamos muito condicionados para concorrer ao
financiamento, que neste caso virá de fundos europeus a 100 por cento, portanto, vamos trabalhar todos para avançar com essa candidatura. O que virá a seguir não sabemos, mas, no fim desse percurso, estaremos de bem com a nossa consciência”, frisa a entrevistada.
Um pavilhão desportivo é outra carência apontada por Paula Freitas, porque o existente junto à escola apresenta diversas deficiências e a sua requalificação tarda em concretizar-se.
“Os miúdos fazem a sua atividade física curricular no exterior, num campo de jogos onde, às vezes, têm que caber três turmas. O meu desejo é construirmos um polidesportivo municipal que, durante o dia, serviria a escola e, fora do horário escolar, estaria ao dispor da população para praticar outras modalidades. Hoje, se os jovens querem jogar andebol, futsal, basquetebol, têm que ir para Lagos”, lamenta.
Para todos estes planos é preciso, contudo, financiamento, e Paula Freitas lembra que «Roma e Pavia não se fizeram num dia». Portanto, os próximos quatro anos serão de muita negociação com a oposição em busca de consensos para se aproveitar todos os fundos comunitários, e nacionais, que estiverem disponíveis. “Uma Câmara Municipal desta dimensão não consegue ter um planeamento e obra executada apenas com capital próprio. E para isso precisamos, inclusive, de dotar os quadros da autarquia de mais pessoas para tratar especificamente das candidaturas. Concorremos todos às

mesmas fontes de financiamento, aos mesmos avisos, e, neste momento, estamos mais fragilizados por falta de meios humanos”, admite. “Municípios como Vila do Bispo nunca terão a mesma capacidade de investimento do que os seus congéneres com orçamentos mais volumosos e, se não houver, da parte de quem de direito, mecanismos de diferenciação, partimos para as corridas logo em situação de desvantagem. Claro que há

financiamentos específicos para os territórios de baixa densidade, excelente, mas Vila do Bispo precisa de ajuda a nível habitacional, desportivo e educacional… e ainda temos um centro de saúde para requalificar, no âmbito das transferências de competências, cuja verba que recebemos é manifestamente insuficiente”, lembra a edil vila-bispense. “Foi lançado um concurso pelo anterior executivo e houve uma proposta de intenção de
concorrer, mas por um valor exorbitante. O processo vai começar todo outra vez e estaremos novamente a correr contra o tempo porque, se a obra não for financiada pelo PRR ou por outro meio, o nosso orçamento ficará logo comprometido. E, em Vila do Bispo, as carências são muitas e diferenciadas, temos que ajudar os clubes, as associações, as IPSS”, salienta Paula Freitas.


INQUIETANTE, AVASSALADOR, O FANTÁSTICO «MAY B» NO TEATRO DAS FIGURAS
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

AVASSALADOR, ETERNO, B» DE MAGUY MARIN


cidade de Faro voltou a acolher, de 6 a 9 de novembro, o MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico –Algarve 2025, certame da responsabilidade do JAT – Janela Aberta Teatro de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo que se tem vindo a afirmar como um dos mais relevantes palcos para a criação contemporânea em Portugal.
Era um sonho antigo e à terceira foi mesmo de vez, com o MOMI a levar, no dia 9 de novembro, ao Teatro das Figuras, «May B», da francesa Maguy Marin. Trata-se de uma das coreógrafas mais relevantes da cena europeia, tendo sido galardoada com um Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2016 pelo conjunto da obra (Lifetime Achievement). Desde a sua estreia em 1981, May B tornou-se um marco incontornável, apresentado por todo o mundo. A companhia – residente no centro de criação RAMDAM (Lyon) – é conhecida pela sua abordagem


experimental, ativista e indisciplinada, que desafia os limites do corpo e da cena.
«May B» é um espetáculo histórico e emblemático, uma obra-prima inspirada no universo literário de Samuel Beckett. Um desfile comovente pela fragilidade da condição humana, através de uma linguagem teatral selvagem, que transforma o ridículo e o angustiante em metáforas que revelam a vulnerabilidade da nossa natureza. “A força da dança vem da sua capacidade de representar o
mistério da nossa presença no mundo num espaço onde o silêncio, a repetição e a resistência constroem uma poética do absurdo”, descreve a coreógrafa.
Em palco há mais de 40 anos, May B é um clássico intemporal da dança contemporânea que atravessa gerações, assinado por uma das companhias mais influentes da cena europeia. Uma criação profunda, memorável e imperdível que chegou, finalmente, ao Algarve, pelas mãos do JAT – Janela Aberta Teatro.











































SILENT ROCCO TROUXE O EXPOENTE MÁXIMO DO MIMO MODERNO AO TEATRO LETHES
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

cidade de Faro voltou a acolher, de 6 a 9 de novembro, o MOMI – Festival Internacional de Teatro Físico –Algarve 2025, certame da responsabilidade do JAT – Janela Aberta Teatro de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo que se tem vindo a afirmar como um dos mais relevantes palcos para a criação contemporânea em Portugal.
Quase a chegar ao fim, o Teatro Lethes voltou a esgotar, na tarde do dia 9, para assistir a «Untold Stories» de Silent Rocco. O austríaco está atualmente em digressão com o seu primeiro espetáculo a solo, que teve uma estreia de grande sucesso no Festival PAN em Liptovský Mikuláš, na Eslováquia, seguindo-se performances em Banguecoque (Tailândia), Alkmaar (Holanda), Edimburgo (Escócia) e Paris (França).
Silent Rocco estudou mímica profissionalmente no Die Etage em



Berlim e através de masterclasses no Mimecentrum de Berlim. Já atuou em inúmeros festivais de teatro e mímica, incluindo o Mimame na Colômbia, o Silent Theatre Festival na Tailândia e o International Clown Mime Festival na Coreia. Participou igualmente com sucesso em vários programas de TV, como Das Supertalent na Alemanha, iUmor Roménia e Italia's Got Talent.
Em «Untold Stories», sem cenário, adereços ou palavras, o mimo Silent
Rocco transforma o palco numa paisagem onírica onde as emoções são tangíveis, os objetos guardam segredos e o impossível parece real – criando mundos e histórias que nunca esquecerá. O espetáculo é uma experiência cinematográfica, uma sensação inesperada, em que a mímica perfeita de Silent Rocco cativa completamente, encanta, faz rir e emociona o espetador até às lágrimas.















CINETEATRO LOULETANO AO FILME QUE A DIXNEY

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
LOULETANO ASSISTIU DIXNEY NUNCA FEZ


o 26 de novembro, o Cineteatro
Louletano acolheu «O Filme que a Dixney nunca fez» pela Lobby Teatro. Quando esta história começa, a personagem principal ainda não tem nome, nem sabe para onde ir. Aqui não há Coelhos Brancos para a alertar e guiar, mas há Fadas Madrinhas para a ajudar. Tampouco há Príncipes e Donzelas Indefesas por beijar. Personagens como a Cabeça-DebaixoDo-Braço são as que por aqui vamos achar. Pode parecer um quebra-cabeças a história que se quer contar, mas, não tarda, percebe-se como tudo está no seu devido lugar.
Com Texto e Encenação de Mariana Fonseca, a interpretação está a cargo de
Benedito José, Diogo Bach, Joana Brito Silva, Nuriel Teixeira e Rute Rocha Ferreira. É uma coprodução da Artemrede com os Municípios de Alcanena, Barreiro, Palmela, Sesimbra e Sobral de Monte Agraço no âmbito do Programa de Coproduções Artemrede 2024-25
A Lobby Teatro tem como Parceiro Institucional a República Portuguesa –Cultura I Fundo de Fomento Cultural e conta com os apoios da República Portuguesa – Cultura, Juventude e Desporto / Direção-Geral das Artes, Avenidas – Um Teatro em Cada Bairro; Baal17; Municípios de Lagos e de Loulé. A peça teve apoio à residência da CPBC –Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo.









































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