REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #496

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ÍNDICE

Paulo Cunha (pág. 14)

Ana Isabel Soares (pág. 18)

Carlos Manso (pág. 22)

Fábio Jesuíno (pág. 26)

Sílvia Quinteiro (pág. 30)

Dia de Alcoutim (pág. 34)

Educação é prioridade em Castro Marim (pág. 44)

11.º aniversário dos Bubba Brothers (pág. 58)

Noite Branca Algarve - Loulé (pág. 66)

«O Salvado» de Olga Roriz (pág. 80)

«Carmina Burana - Ballet» (pág. 102)

D.A.M.A. na Feira da Dieta Mediterrânica (pág. 126)

Quatro sentidos

Paulo Cunha, professor

ou daqueles que agradece mais um dia com saúde e os cinco sentidos para a desfrutar. Tendo sido bafejado com o privilégio de poder ver, ouvir, sentir na pele, cheirar e reconhecer o paladar dos alimentos, não imagino o que é nascer sem um ou mais sentidos ou vir a perdêlos em vida. Não imagino, mas não sou, nem nunca fui, indiferente às limitações, dificuldades e provações de quem todos os dias (re)aprende a viver num mundo em constante mudança.

Senti na pele e no coração o facto de ser filho de uma mulher que devido a uma reação incomum a um medicamento esteve para morrer. Tinha eu dois anos quando então lhe foi administrada a «extrema unção», na iminência da partida do mundo dos vivos. Felizmente, para nós, família, tal não aconteceu. Deixou-lhe «apenas» a enorme sequela de ter perdido a visão total de um olho e a parcial do outro. Já com a missão comprida de criar os dois filhos, veio posteriormente a cegar dos dois olhos.

Ter sido criado por uma mãe que se veio a tornar no meu maior ídolo e símbolo, transformou-me no homem que hoje sou, pois nos seus gestos e ações diárias aprendi o que é viver e fazer viver sem um dos cinco sentidos. E sempre com um sorriso nos lábios! Se tal não tivesse

acontecido, provavelmente não teria aceitado posteriormente ser professor de piano de uma aluna que veio, na altura, a cegar e de Educação Musical de alunos surdos. Agora sei: a ti, Maria de Lourdes Vieira, devo o «sinal» que me fez aceitar tantos desafios na minha vida!

Tendo em conta que no mundo da música, mesmo não vendo, muitos cegos tornaram-se melhores criadores e intérpretes do que muitos músicos com todos os sentidos funcionais, é com grande orgulho e satisfação que tenho entre os meus amigos, dois cegos que são disso um exemplo. Aqui em Faro, «ouver» a Cristina Afonso ou o Ricardo Martins a cantarem e a tocarem nos seus teclados é um deleite para os meus sentidos.

Sabendo que o multifacetado Ricardo Martins, para além do espírito lutador e empreendedor que o caracteriza, é também um homem altruísta, não fiquei nada admirado quando numa rede social manifestou o enorme orgulho e satisfação em integrar um novo projeto, desta feita ligado à experiência sensorial e de inclusão, promovendo a sensibilização e a integração de pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho. Fui então «espreitar» o sítio na internet, bem como nas redes sociais, do recém-inaugurado espaço de experiência imersiva no escuro Four Senses.

Foto: Daniel Santos

Por entendíveis razões, imediatamente me apeteceu ir experienciar este projeto pioneiro em Portugal, inaugurado no dia 7 de abril de 2025 em Faro, e assim poder desfrutar duma experiência imersiva com a duração de uma hora no escuro. Evidentemente, estendi o meu desejo aos restantes membros da família, tendo a minha filha Catarina, apesar do medo do escuro, aceitado de imediato. Reserva efetuada e à hora marcada a guia Beatriz Varela recebeu-nos à entrada das instalações do Four Senses, na Rua Rebelo da Silva, n.º 33, em Faro. Com a devida e necessária explicação já efetuada e munidos da bengala que os cegos usam no seu dia a dia, iniciámos a descoberta e a escuta do mundo de uma nova forma, enquanto conversávamos com a guia.

Sem a visão, os nossos quatro sentidos foram desafiados através de cenários reais, onde o tato, a audição, o olfato e o paladar assumiram o comando. Entrámos num mundo guiado pela confiança e pela empatia, onde o que importava não era o que víamos, mas o que sentíamos.

Durante mais de uma hora, empática e pedagogicamente guiados, fomos desafiados a caminhar por diferentes cenários que evocam lugares icónicos da cidade, usando os outros quatro sentidos disponíveis para conhecer, sentir e imaginar o ambiente que nos rodeava. Saí de lágrimas nos olhos, recordando a minha mãe, pois pela primeira vez tinha calçado os seus sapatos.

“A proposta do Four Senses é clara: abrir os olhos do coração e perceber que tudo é possível, mesmo quando não vemos com os olhos”, diz Ricardo Martins, coordenador dos guias da

experiência, ele próprio cego e um membro da equipa que abraçou este projeto desde o início. Acrescenta ainda que “dentro do Four Senses, as pessoas vão ser felizes, vão rir, vão chorar e vão entrar no meu mundo, onde normalmente me guiam a mim e agora vou ser eu a guiar-vos”. Ricardo Mariano, fundador do projeto, afirma: “Aqui, quebram-se tabus. Desfazem-se mitos. E nasce uma nova consciência sobre o dia a dia das pessoas cegas”. Acrescenta ainda: “São poucas as oportunidades que temos para fazer a diferença na vida de alguém e esta é sem dúvida uma delas”.

Viver sem o sentido da visão é um convite diário à criatividade, à escuta e à valorização dos detalhes que passam despercebidos à maioria das pessoas. É, também, uma lição sobre as múltiplas formas de conhecer o mundo e de nos encantarmos com ele.

Como gostaria de ter agora a minha mãe presente para lhe confidenciar o que senti apenas numa hora sem visão. E tal como quando a Beatriz Varela, o Carlos Santos, a Andreia Santos e a Bruna Ribas se despediram de nós à saída, também termino este «desabafo» com lágrimas nos olhos.

Germano, Djurumani (1944-2025)

Ana Isabel Soares, professora

asseio pela cidade. A lua está em quarto minguante e mingua a vida de um amigo –fina-se, em silêncio, a vida de Carlos Germano. Tudo neste mundo é repetição: nascer alguém, nascer o dia, subir o sol, cair a chuva, abraçar alguém, abrigar-se da trovoada, pisar a areia quente, adormecer, ouvir as rodas de um carro na estrada, ouvir o balir de uma ovelha, pôr-se o sol, morrer um amigo. Tudo se vai repetindo – será mistério, então, o que faz com que as pessoas sejam irrepetíveis? Cada um de nós é diferente do outro, cada um suscita no coração dos outros um calor só seu, um abraço único. O Carlos Germano é irrepetível. Mas, na sua tão própria generosidade, deixou sinais no mundo que deixa. Os sinais mais próximos que deixa são iguais a ele, iguais a mim, são pessoas – a amada, os filhos, a filha, os netos, as netas, irmãos, irmãs... São iguais de abraços, de olhares e risos, de saudação e despedida, do fechar de olhos no prazer de um almoço, no caminhar pelas ruas da cidade. Idênticos, os gestos e as pessoas, o aparecer e o abalar. O sinal mais amplo é o que se constrói na arte, na dádiva da arte, é o que o faz único – o Carlos deixou, para quem queira aceitá-lo, a sua presença em Fintar o Destino, filme que Fernando Vendrell realizou em 1998. E deixou o Djurumani.

Djurumani (modo guineense de dizer “Germano”) é o nome com que gravou Reencontro, álbum de 1995, gravado em CD e editado pela Dargil – foi, aliás, por esse disco que Vendrell chegou até ele. Nessa absoluta maravilha da música cabo-verdiana que é Reencontro, toca viola e outras cordas, mas sobretudo canta. Oferece o tom quente e cheio de uma voz que fica connosco no crioulo seu. Em “Grito Magoado” (composição sua), canta o sofrimento da mãe terra (São Nicolau, Cabo Verde) que vê partir os filhos com uma “dôr qui ca tem par”, uma dor sem igual pela ingratidão de quem dela sai. Em “Nha Terra Scalabróde” (“a minha terra esventrada”), contrapõe à falsidade dos exploradores, e da dita civilização e do progresso, a “pureza” dessa terra explorada – e a voz prolonga, quase chora, quando pergunta “ma pureza – onde qu’el ta morá...?” A pureza, diz a voz de Djurumani, mora no peito, no coração, nos “grogues de Sant’Anton”, na “areia branca di nos praia”. “História di nha povo” conta sobre alguém que escuta um relato de sofrimento (causado pelos homens, causado pela natureza), que, no entanto, se transforma em esperança “d’amor e paz e di morabeza” – aqui, a entoação da morna na voz de Djurumani é sublinhada pela guitarra de António Chaínho (como, noutros momentos do disco, o acompanham músicos como Bernardo Sassetti ou Rui Veloso).

Faz este ano três décadas o disco

Reencontro. São estes os primeiros dias do mundo sem a vida do Carlos Germano. Se algum sentido faz abalar uma pessoa desta vida, destas ruas, dos abraços, dos amigos, da família, que seja o dar a conhecer e a recordar, muitas, muitas vezes, cada canção em que toca, em que canta Djurumani. Obrigada, amigo

querido. Se não tivesses cá andado, “munde ca era sabe, munde ca era doce”.

(O episódio de 24 de agosto último do programa “As Noites do Kilimanjaro”, da RDP África, foi dedicada a Djurumani e passou Reencontro. Pode ser ouvido aqui: https://www.rtp.pt/play/p5435/e873528/asnoites-do-kilimandjaro)

Foto: Vasco Célio

PDM e o mercado: quando a expansão urbana pode não gerar habitação

Carlos Manso, Economista e Membro da Direção

Nacional da Ordem dos Economistas

esta fase de campanha eleitoral e face aos constrangimentos existentes em todo o País ao nível da habitação acessível disponível, os autarcas e candidatos a autarcas despertaram para a dura realidade no terreno. Não há terrenos urbanos ou urbanizáveis disponíveis para fazer face à procura, principalmente por parte das classes baixa e uma grande parte da classe média, dizem eles.

Será que é verdade, que não há terrenos urbanos e urbanizáveis disponíveis nos vários Planos Diretores Municipais (PDM)? Existe alguma relação dos artigos urbanos existentes, respetiva volumetria disponível e identificação dos proprietários, para os vários concelhos da região?

Vamos por partes. Primeiro, o que são Planos Diretores Municipais (PDM)? De forma simplista, os Planos Diretores Municipais (PDM) são, em teoria, um dos mais poderosos instrumentos de desenvolvimento económico ao dispor dos municípios, porque definem os usos do solo, organizam a expansão das cidades, atraem investimento e permitem ao poder público planear infraestruturas em sintonia com a iniciativa privada. Em teoria.

Porém, na prática, a mera reclassificação de terrenos como urbanos ou urbanizáveis não garante que surja mais habitação ou a quantidade esperada no acréscimo de habitação. E, em muitos casos, pode até alimentar a especulação.

A explicação é simples: quem controla a terra controla a oferta. Quando os terrenos urbanos ou urbanizáveis estão concentrados em poucos proprietários, estes detêm um poder de mercado que lhes permite libertar solo de forma faseada, atrasar projetos ou condicionar tipologias, de modo a manter os preços elevados. Ou seja, mesmo que a área urbana seja expandida em papel, não há obrigatoriedade de que tal expansão se traduza em casas construídas.

Acresce que muitos proprietários, vendo no solo uma reserva de valor mais rentável do que o risco da construção ou porque já detêm na sua carteira de ativos uma relação considerável de terrenos urbanos ou urbanizáveis, optam pura e simplesmente por não edificar, como forma de valorizar o seu património a longo prazo.

Este comportamento distorce a lógica do mercado. Em vez de responder à procura real de habitação, cria-se uma escassez

artificial que pressiona preços e rendas para cima, tornando as cidades menos acessíveis. O resultado é um paradoxo urbano: o PDM abre espaço para o crescimento, mas esse espaço é muitas vezes capturado por interesses particulares que preferem rentabilizar no tempo a valorização da terra, em detrimento da função social que lhe está atribuída.

As consequências são múltiplas. A especulação com o solo urbano gera desigualdade territorial, acelera processos de gentrificação, aumenta o valor da habitação e obriga famílias a deslocaremse para as periferias, onde o custo de vida aumenta por via dos transportes e da menor oferta de serviços. Do ponto de vista macroeconómico, cria-se uma ineficiência clara: há infraestruturas públicas prontas a ser usadas, mas lotes estratégicos permanecem vazios. Perde a economia, perde a coesão social e perde o próprio município em receitas fiscais que poderiam ser capturadas.

A solução não passa por desistir dos PDM, mas por dotá-los de mecanismos que assegurem que o planeamento se traduz em oferta real. Isso exige coragem

política e instrumentos concretos, como por exemplo, prazos obrigatórios para construir após reclassificação (a atual legislação admite essa hipótese, mas não há evidência que alguma vez tenha sido executada por algum município), penalizações fiscais para terrenos urbanos ou urbanizáveis não edificados, direitos de preferência municipal e, em casos estratégicos, a criação de empresas públicas ou cooperativas de habitação capazes de desenvolver diretamente o solo.

Enquanto persistir a ideia de que basta «abrir solo» para resolver a crise da habitação, poderemos estar apenas a alimentar expectativas ilusórias. O verdadeiro desafio está em garantir que o urbanismo sirva a comunidade e não apenas os balanços patrimoniais de quem detém a terra. A habitação é, antes de tudo, um bem essencial e não pode ficar refém da lógica da escassez controlada.

Em jeito de conclusão, apesar da revisão dos Planos Diretores Municipais poder aumentar a oferta de terrenos disponíveis para habitação, tal pode não ser tão linear se não for acompanhado de medidas que incentivem os proprietários a realmente afetar esses terrenos ao fim desejado, a construção no curto prazo de habitação. E em cidades pequenas, como as do Algarve, esse risco é ainda maior. Pensem nisto.

Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.

Criptomoedas: A Revolução da Era Digital

Fábio Jesuíno, empresário

um momento de transformação acelerada, as criptomoedas emergem como protagonistas de uma mudança estrutural na economia digital, impulsionadas pela descentralização, pela segurança criptográfica e pela adoção crescente em pagamentos, investimentos e infraestrutura tecnológica baseada em blockchain.

Num contexto de transformação digital acelerada, as criptomoedas e a tecnologia blockchain que lhes dá suporte estão a integrar-se, de forma cada vez mais consistente, no quotidiano, dos jogos online e pagamentos à criação de registos e ao rastreamento de informação em múltiplos setores.

Existem milhares de criptomoedas com finalidades distintas, mas todas assentam na tecnologia blockchain, um sistema de registo distribuído que promove a descentralização como mecanismo de segurança. Embora possa soar complexo, o princípio é simples, trata-se de uma base de dados partilhada e imutável que funciona como um índice global de transações, permitindo registar, validar e rastrear operações num determinado ecossistema sem necessidade de intermediários.

O dinamismo das moedas digitais ganhou novo impulso a partir de 2021, quando El Salvador se tornou o primeiro país a reconhecer o Bitcoin como moeda de curso legal, estabelecendo um marco histórico para a maior criptomoeda descentralizada. Desde então, a criação e aprovação de ETFs de Bitcoin responderam à procura por veículos regulados e acessíveis, permitindo exposição ao preço do ativo sem necessidade de compra e custódia diretas. Primeiro chegaram os ETFs baseados em futuros, que funcionaram como ponte para a aceitação no mercado tradicional; posteriormente, os ETFs spot assinalaram um momento decisivo por refletirem de forma mais direta a cotação do Bitcoin.

A evolução destes fundos reforçou a integração do ecossistema cripto no sistema financeiro, atraindo investidores institucionais e particulares, aumentando a liquidez e aproximando as finanças tradicionais das infraestruturas digitais. Em termos simples, um ETF é um fundo transacionado em bolsa que agrega uma «cesta» de ativos e é negociado ao longo do dia como uma ação, geralmente com custos competitivos e benefícios de diversificação.

As criptomoedas consolidaram-se como um vetor de inovação, aproximando finanças tradicionais e economia digital, com a blockchain a garantir

transparência, segurança e eficiência em escala. Mais do que uma moda, representam uma mudança de paradigma: novas formas de poupar, investir e transacionar, que exigem literacia, regulação inteligente e visão estratégica para que os benefícios superem os riscos e se traduzam em valor real para pessoas, empresas e instituições.

O fim do mundo em cuecas

á coisas estranhas a acontecer no Egito. Quase tão estranhas como ter deixado de ser Egipto e os habitantes continuarem a ser egípcios e não egítios. Mistérios. Falo-vos, porém, de outro Egito — ou Egipto, como sempre o conheci —, onde não há egípcios nem egítios. Mas já lá vamos.

Desafio uma amiga a visitar-me para fazermos uma caminhada. Partimos das Gambelas em direção à Praia de Faro e, qual não é a nossa surpresa, quando damos de caras com fotocópias coladas nos postes e nas caixas da eletricidade a anunciar um desaparecimento. Pode parecer coisa normal, mas a questão é que nestas se oferece recompensa a quem encontrar — não um cão, nem um gato, nem sequer um papagaio —, mas um drone. Um drone! Nem duas, nem quatro patas: um bicho de quatro hélices.

E passa-se isto mesmo ao lado da casa onde viveram, no século passado, Vítor, pastor de cabras, e a sua mulher, Gertrudes. Hoje está em ruínas, mas continua a marcar o lugar a que, vá-se lá saber porquê, chamam Egipto. Sorrio ao imaginar o susto que o casal apanharia se visse o retrato daquela barata voadora gigante.

Seguimos caminho, de olhos no chão — não vá o drone estar por ali caído —, enquanto vou explicando à minha amiga que foi neste Egito sem pirâmides nem camelos que nasceu Joaquim, rapaz que viria a casar com a Cecília, natural de um lugar próximo daqui, batizado, também sem explicação que conheça, de Arábia. Nome pomposo para tão pouco: ali não há xás de longas barbas e túnicas brancas, nem petróleo a jorrar do chão, nem mesquitas douradas ou dunas a perder de vista. Só mato. Pergunto-me se esta criatividade na toponímia não seria o primeiro sinal de que aquele território tinha qualquer coisa de insólito, um prenúncio das coisas estranhíssimas que hoje por aqui acontecem.

E bastam apenas alguns passos para avistarmos algo que teria certamente assustado muito mais o velho pastor e a família do que um drone tresmalhado. Sim, porque esse não era nada que não se resolvesse com a fisga e um bom calhau. À nossa frente, rumo ao antigo lugar de pasto, agora transformado em universidade, surge um rebanho — não de cabras, mas de jovens. Isso mesmo: um rebanho de estudantes a atravessar o Egipto. Alinhadinhos, obedientes como nunca se viu. Nem Vítor, com a experiência de uma vida, conseguira alguma vez que as cabras lhe obedecessem assim.

Estes rapazes e raparigas, de cabeça baixa e coleira numerada, acatam sem pestanejar os urros de quem os comanda. Ouvem impropérios sem protestar, sem uma palavra, sem nada. Rostos sem expressão, submissos, sem brio, sem dignidade. Com menos vontade própria do que as cabras — e até do que os drones, que ao menos se tresmalham. Um cortejo andrajoso, besuntado de lama. Imundo. Um rebanho seminu no meio do caminho.

Se ressuscitasse para ver tal coisa, o pastor não teria dúvidas: é o fim do mundo que está a chegar. O fim do mundo em cuecas!

Alcoutim homenageou cidadãos, entidades e funcionários públicos no Feriado Municipal

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Município de Alcoutim organizou, de 12 a 14 de setembro, a 72.ª Festa de Alcoutim, uma referência nas festas de verão no Algarve que atrai anualmente milhares de visitantes oriundos de toda a região e da vizinha Espanha. Nesta edição, a Festa de Alcoutim teve como cabeças de cartaz Zé Amaro, Némanus, Noninho Navarro e Maninho.

No dia 12 de setembro, sexta-feira, o evento arrancou com as comemorações do Dia do Município e a habitual Sessão Solene, durante a qual foram atribuídas medalhas municipais de bons serviços e dedicação de Grau Prata (30 anos de serviço efetivo) a António Manuel Dias Agostinho, Cristina Maria Gomes Afonso, Epifânio Vicente Soares Correia, Eurico Guerreiro Vicente, Henrique Siu Fang Hou, Maria da Conceição Pereira Constantino Agostinho e Vítor Manuel Lourenço Rodrigues, e de Grau Bronze

(20 anos de serviço efetivo) a Anabela Maria Martins Justo. Foram igualmente atribuídas Medalhas de Mérito de Grau Ouro ao canoísta João Albuquerque; de Grau Prata à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcoutim, à Associação de Solidariedade Social, Cultura, Desporto e Arte dos Balurcos, ao Centro de Desenvolvimento Cultural e Social de Martim Longo, aos canoístas Daniel Gondim, José Carlos Justino, Martim Barros e Pedro Fernandes e à Chef de Cozinha Milene Nobre; e de Grau Bronze ao dinamizador social e cultural Paul Doody.

No seu discurso, Paulo Paulino considerou que celebrar o Dia do Município é, antes de mais, “uma oportunidade para honrarmos a nossa história, os nossos valores e a identidade coletiva que nos une

enquanto comunidade”. “Um momento de encontro e reflexão, onde reafirmamos a profunda ligação que temos a este concelho, marcada por séculos de história, onde através dos tempos se entrelaçaram vidas e se criaram memórias”, disse o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim.

Paulo Paulino recordou que, ao longo dos anos, mas sobretudo desde o 25 de Abril de 1974, os Municípios afirmaram-se como pilares fundamentais da sociedade atual. “Com legitimidade democrática própria, os órgãos autárquicos têm vindo a receber competências em diversas áreas, reforçando a sua importância e assumindo um papel estratégico na vida das populações e do país”, frisou o edil, aproveitando para agradecer a colaboração de todos os autarcas locais para a concretização das

atribuições destes órgãos, mas também dos parceiros institucionais, dos trabalhadores do Município e de todos aqueles que colaboram com a autarquia no âmbito das suas competências “e de forma a prestar um melhor serviço público”. “Somos um território com características muito próprias a vários níveis, geográfico e social, entre outros, mas também com uma força e uma riqueza humanas típicas de um povo que nunca deixou de acreditar no seu valor. O

Concelho de Alcoutim tem na sua essência a matriz resiliente do interior e o saber das gentes que moldaram esta terra com trabalho, esforço e dedicação”, destacou.

No que diz respeito à atribuição das Medalhas Municipais de Mérito, mais do que uma cerimónia protocolar, “trata-se de um gesto de reconhecimento público a todos aqueles – pessoas singulares ou coletivas – que, pelo seu mérito e nas mais diversas áreas, contribuíram de forma notável para a valorização do nosso território”. Paulo Paulino dirigiu uma palavra especial às Instituições Particulares de Solidariedade Social homenageadas, “porque a sua ação, muitas vezes discreta, tem um impacto

importantíssimo na vida dos cidadãos”. “Num mundo cada vez mais marcado pelo individualismo, o papel das instituições locais é essencial para manter vivo o espírito comunitário, a coesão social e o apoio aos mais frágeis”, defendeu o edil alcoutenejo.

A canoagem voltou a estar em destaque neste Dia do Município e Paulo Paulino enalteceu o talento, dedicação, esforço e afinco dos homenageados. “A vossa atitude, amor ao Grupo Desportivo de Alcoutim e garra para ultrapassar os vossos próprios limites deve servir de exemplo e inspiração para os mais jovens naquilo que é a procura da concretização dos seus sonhos e objetivos”, declarou o autarca, que

endereçou também palavras elogiosas à Chef Milene Nobre, que “da Várzea partiu para o mundo à descoberta do que de melhor se faz nesta área e com ela levou Alcoutim e a sua bagagem identitária”. Quanto a Paul Doody, “é alguém que soube olhar para Alcoutim com olhos de ver, reconhecendolhe a sua beleza e encanto” “O seu forte espírito comunitário transformou-se numa mais-valia para a integração da comunidade estrangeira na vida local e para o enriquecimento das dinâmicas culturais e sociais”, indicou Paulo Paulino.

Educação é um dos grandes pilares e investimentos em Castro Marim

área da educação é um dos grandes pilares no concelho de Castro Marim, porque investir na educação é investir no futuro. Por isso, ao longo dos últimos anos, muitas foram as iniciativas lançadas para promover uma melhor educação às crianças, tendo o Município de Castro Marim vindo a ser reconhecido pelo seu trabalho ao longo do tempo. “Pretende-se garantir uma educação inclusiva e de excelência em Castro Marim, suportada numa rede educativa de qualidade que responda às necessidades locais e globais, tanto no presente como no futuro e numa

estreita articulação e proximidade com as estruturas e comunidade educativa locais e com os territórios limítrofes, assegurando o desenvolvimento integral de cada indivíduo e a valorização do corpo docente e não docente, alcançando um território mais coeso alicerçado em melhores condições de mobilidade, de captação e retenção de população e nos elementos identitários e distintivos locais”, defendem os responsáveis autárquicos.

A rede educativa de Castro Marim compreende um total de oito estabelecimentos de educação e ensino, que oferecem valências desde a Educação Pré-Escolar até ao 3.º Ciclo do

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Município de Castro Marim

Ensino Básico, tanto através da oferta dos cursos gerais, como do Programa Integrado de Educação e Formação. Destes, quatro integram a rede pública concelhia em Castro Marim, Altura e Odeleite, sendo que os restantes quatro integram a rede privada dependente do Estado, designando-se como Instituições Particulares de Solidariedade Social.

Ao longo dos últimos anos tem-se assistido a uma diminuição expressiva da taxa de abandono escolar no concelho, de 9,3 por cent0 (em 1991), para 1,1 por cent0 (em 2011), demonstrando uma posição mais favorável em comparação com os valores registados pelas unidades territoriais supramunicipais de referência (1,7 por cent0 no país e 2,1 por cent0 na

região e sub-região do Algarve, em 2011). Existe uma tendência de crescimento do número total de inscritos no concelho, registando, em 2022/23, 785 inscritos, mais 14,9 por cent0 do que o assinalado no ano letivo de 2015/16, onde se registou a maior descida, e mais 7,5 por cent0 face ao ano letivo de 2012/13. As escolas localizadas nas freguesias de Altura e de Castro Marim têm uma elevada capacidade de captação de inscritos residentes em outros concelhos, como Vila Real de Santo António.

Bolsas

de Estudo, Mérito e Investigação

No âmbito da Ação Social Escolar são atribuídas anualmente Bolsas de Estudo,

de Mérito e de Investigação aos residentes no concelho de Castro Marim, matriculados e inscritos em estabelecimentos do ensino secundário ou superior, este ano com novidades. Através das normas previstas no Regulamento de Atribuição de Apoios Sociais na Educação, Bolsas de Mérito e Investigação, a Câmara Municipal de Castro Marim visa apoiar os estudantes economicamente mais carenciados, residentes no concelho e que, de outra forma, teriam dificuldade em prosseguir os seus estudos para além da escolaridade obrigatória.

As Bolsas de Estudo são atribuídas a agregados carenciados, cujos alunos frequentem o ensino secundário e superior, com residência há mais de um ano no concelho de Castro Marim, enquanto as bolsas de mérito são

exclusivamente dependentes dos resultados escolares dos estudantes.

Divididas em dez mensalidades, as bolsas de estudo perfazem 500 euros para o ensino secundário, enquanto para o ensino superior sofrem um aumento de 2 mil e 500 para 4 mil euros.

Além de serem alargadas as regras de acesso às bolsas para conseguir abranger mais famílias, será criado um novo complemento para o apoio ao alojamento até 150 euros por cada aluno que tenha direito a essa bolsa. Já relativamente às bolsas de mérito, não poderão exceder o valor máximo da propina fixada no ano letivo anterior pelo estabelecimento de ensino público. Nas bolsas de mérito, os alunos deverão ter obtido uma classificação não inferior a 17 valores, como média final para ingresso na universidade, com certificado emitido

pela escola secundária correspondente. Será ainda criado um capítulo específico para o apoio ao ensino articulado para famílias que mais precisam na área da música e da dança.

O Município de Castro Marim entregou a 14 de abril as Bolsas de Estudo e de Mérito a mais de três dezenas de alunos do concelho, numa sessão que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

Apoio à Família

No apoio à família são várias as medidas que o Município de Castro Marim tem disponíveis. Começando pelas Atividades de Animação e de Apoio à Família, são destinadas às crianças em educação préescolar e são dinamizadas antes e ou depois do período diário de atividades

educativas e durante os períodos de interrupção letiva.

Estas atividades têm por objetivo assegurar o acompanhamento das crianças, proporcionando, de forma lúdica, um clima estável, seguro e afetivo e abrangem os domínios de Expressão Físico-Motora e de Música. Existe ainda a Componente de Apoio à Família, que se destina apenas aos alunos do 1.º ciclo, tendo como principal objetivo o acompanhamento dos alunos antes e ou depois das componentes do currículo e das atividades de enriquecimento curricular, bem como durante os períodos de interrupção letiva. Estão também disponíveis as Atividades de Enriquecimento Curricular, que se dirigem aos alunos que frequentam o 1.º ciclo, sendo estas de caráter facultativo e de natureza eminentemente lúdica,

formativa e cultural. Estas atividades devem incidir sobretudos nos domínios desportivo, artístico, científico e tecnológico, de ligação da escola com o meio, de solidariedade e de voluntariado e da dimensão europeia da educação.

Como tem acontecido em anos anteriores, o Município de Castro Marim oferece os livros de fichas a todos os alunos do primeiro ciclo do Agrupamento de Escolas do concelho. Esta medida tem como objetivo amenizar os elevados encargos financeiros que o início do ano escolar representa para os encarregados de educação e famílias. Outro dos intuitos é o combate à exclusão social, promovendo a igualdade de oportunidades no acesso escolar e sendo

um complemento à medida do Governo de oferecer os manuais escolares.

Passes e transportes escolares gratuitos

Os alunos que frequentam o ensino no concelho de Castro Marim até ao 12.º ano de escolaridade têm acesso a passes escolares gratuitos. Era uma medida municipal de apoio à educação, que sofreu alterações, e apoiada agora pelo Governo. Os passes são gratuitos, de uma forma genérica para todo o país, para estudantes na sua área de residência, apesar do procedimento para a sua obtenção ser diferente. Todos os alunos que utilizem as carreiras de transporte coletivo de passageiros, com idades entre os 4 anos e o dia em que completam 19 anos, poderão beneficiar de um passe gratuito. As emissões e substituições, além do funcionamento destes passes, passam agora a ser da responsabilidade dos operadores de transporte coletivo de passageiros e tratados diretamente no Terminal Rodoviário de Vila Real de Santo António ou noutro terminal rodoviário da região algarvia.

O Município de Castro Marim continua com o funcionamento de outros apoios de transporte escolar, nomeadamente os quatro circuitos desde o interior do concelho até Altura, Castro Marim e Odeleite, que não têm meios de transporte público disponíveis na sua área de residência. Estão igualmente disponíveis os apoios ao transporte de

alunos de ensino especial e com necessidades especiais desde várias localidades, mesmo fora do concelho, para o Agrupamento de Escolas de Castro Marim e para a Fundação Irene Rolo.

O Município de Castro Marim adquiriu recentemente uma nova viatura de transporte escolar, com adaptação para pessoas que usem cadeiras de rodas, para servir os alunos nos transportes diários, em visitas de estudo e atividades escolares, incluindo aqueles que tenham mobilidade reduzida, deficiências físicas ou problemas de mobilidade. A compra de novas viaturas tem sido uma das medidas adotadas pelo executivo castromarinense nos últimos anos, melhorando os serviços municipais em várias áreas de

atuação, tendo na educação uma oferta alargada de transportes para atividades escolares.

Férias Ativas

Este projeto tem o intuito de proporcionar às crianças e jovens do concelho (dos 6 aos 12 anos) oportunidades de atividade e lazer, em períodos de paragem escolar, onde muitos encarregados de educação não têm onde deixar os seus filhos. Tem como objetivos proporcionar às crianças e jovens do concelho de Castro Marim uma ocupação dos tempos livres diversificada, possibilitar às crianças e jovens a vivência de situações desportivas e socioculturais, motivando-os para uma

posterior prática, evitar o sedentarismo, fomentar a integração e o convívio social e criar novas competências físicas e comportamentais.

As atividades focam-se nas artes, promoção de hábitos alimentares saudáveis, atividade física, visitas lúdicoculturais e jogos tradicionais. Todos os inscritos neste programa são integrados em grupos, de acordo com a sua faixa etária e zonas de residência. As férias Ativas decorrem, atualmente, na interrupção letiva da Páscoa e nas férias de verão.

A autarquia em parceria disponibiliza técnicos, que contribuem e dão apoio direto às atividades, e monitores que colaboram e ajudam na realização das diferentes tarefas.

Futsal, música, gaming, lasertag, arvorismo, skate e iniciativas na Biblioteca Municipal e na Piscina Municipal são alguns dos destaques, além da grande novidade da edição deste ano: o projeto piloto de Tecnoaventuras 5.0, que demonstrou ser uma aposta ganha e um grande sucesso.

Este novo projeto junta as crianças, os jovens e a tecnologia, em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude e a associação Young Link, pretendendo integrar as áreas prioritárias tecnológico-científicas e decorre em apenas 10 concelhos a nível nacional, com o objetivo de oferecer uma experiência geracional às crianças e jovens entre os 6 e os 10 anos, em vertente tecnológica de ocupação de tempos livres. Esta iniciativa aborda temáticas como robótica, programação,

inteligência artificial e comunicação digital, além de atividades alternativas como visitas e jogos.

As Férias Ativas do Município de Castro Marim receberam recentemente um prémio de excelência autárquica, intitulado «Campo de Férias», pela Cidade Social, sendo os menores acompanhados de outros jovens monitores.

Iniciativas desportivas e culturais ao longo do ano

A comunidade educativa, ao longo do ano letiva, é convidada a participar em inúmeras atividades desportivas e culturais, com o apoio do Município de Castro Marim. «Educar com Bola», peças de teatro, projeto Erasmus+, Escolas Bilingues e Interculturais de Fronteira,

peddy papper inclusivo, caminhada literária, «Uma Noite na Biblioteca», os Dias Culturais, visitas de estudo, ações de sensibilização, sessões informativas, sessões de música ou exercícios de acidentes rodoviários foram algumas das atividades que decorreram no ano letivo passado. No âmbito da geminação entre Guérande (França) e Castro Marim, o Município acolheu ainda vários professores daquela cidade francesa, proporcionando uma visita guiada pelo concelho, incluindo algumas instituições educativas, tendo manifestado interesse em interagir com outros docentes, num formato de intercâmbio.

Uma escola requalificada, ampliada e modernizada

O Município de Castro Marim pretende avançar com obras de requalificação,

ampliação e modernização da escola EB 2, 3 de Castro Marim, através de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência que ascende os nove milhões de euros. A ideia é que o espaço seja melhorado, adaptado e dotado de condições de utilização mais capazes de responder às necessidades atuais e futuras, uma vez que se trata de um edifício com mais de 20 anos e que não passou por qualquer intervenção.

Atualmente encontra-se inadequado em termos de equipamentos, recursos e instalações para dar resposta às metodologias de ensino atuais e futuras, além de não possuir um sistema de climatização e isolamento nas salas de aula. Verifica-se também a necessidade

de aumento do número de salas de aula, através da ampliação de um bloco com dois pisos e pelo reforço estrutural no exterior, adicionando-se ainda um elevador e instalações sanitárias na ala oeste.

As salas aulas serão consideradas «do futuro», com uma abordagem a um ensino mais digital, dotadas de equipamentos que impulsionem um processo de ensino-aprendizagem mais inovador, onde se possa tirar o máximo proveito das oportunidades oferecidas pelo mundo digital, garantindo uma formação mais completa e alinhada com as exigências do século XXI. Estas salas de aula do futuro são transformadas fisicamente num ambiente de laboratório

tecnológico, com métodos inovadores de aprendizagem através de hardware e software que vão ser responsáveis por estimular a atenção dos alunos e favorecer um aproveitamento escolar positivo.

Uma vez que o limite e capacidade máxima de alunos por sala de aula é de 30, está previsto que a escola fique com um total de 25 salas, totalizando 750 alunos. Vários espaços serão reorganizados esteticamente, trazendo permeabilidade visual aos locais, com proteções acústicas, e será construído um percurso coberto para proteção de chuva e para sombreamento desde a portaria à porta do edifício.

Relativamente à mitigação e adaptação das alterações climáticas, propõe-se que seja melhorado em pelo menos 30 por cento do indicador de desempenho energético relativo ao consumo de energia primária total do edifício, com a utilização de energia limpa e renovável, através da utilização de equipamentos mais eficientes e a aplicação de painéis fotovoltaicos na cobertura. O edifício será ainda revestido com um sistema de isolamento térmico e todos os caixilhos substituídos por outros com um desempenho energético mais eficiente, ao mesmo tempo que terá equipamentos sanitários que pretendem poupar entre 80 e 120 mil litros por ano.

No exterior foi proposto um campo de futebol de sete jogadores com relvado

sintético, um campo desportivo com marcações para basquetebol, duas quadras de badminton, uma horta vertical, a preservação da vegetação existente e a realização de novas zonas verdes. A criação desta horta pedagógica vai permitir a interpretação e valorização dos ecossistemas ao promover valores de uma agricultura sustentável e biológica, enquanto a vegetação escolhida será autóctone, adaptada às condições climatéricas e ao problema da escassez de água. Uma das intervenções mais profundas será a substituição da cobertura, uma vez que atualmente ainda integra produtos com amianto na sua composição.

O Agrupamento de Escolas de Castro Marim pretende ainda fomentar uma escola inclusiva, que seja promotora da igualdade, não discriminatória, cuja diversidade, flexibilidade, inovação e personalização respondam à heterogeneidade dos alunos, eliminando obstáculos e estereótipos no acesso ao currículo e às aprendizagens, com um edifício que será adaptado às necessidades específicas da comunidade escolar com mobilidade condicionada. Esta intervenção é considerada como urgente segundo o Acordo Sectorial de Compromisso para o Financiamento do Programa de Recuperação/Reabilitação de Escolas, celebrado entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios Portugueses em 2022, que colocou esta escola como prioritária.

O Município de Castro Marim procedeu também recentemente à pintura da Escola Básica de Castro Marim, além de ter adquirido cerca de 20 novos jogos didáticos dirigidos às crianças do ensino pré-escolar de Altura, para a componente de atividades de animação de apoio à família. A partir de agora, as cerca de 40 crianças que frequentam a instituição de ensino pré-escolar de Altura podem usufruir, brincar e aprender mais graças aos novos jogos e materiais didáticos, que têm vários objetivos e componentes. Está ainda a ser instalada numa nova sala na Escola Primária de Castro Marim, um espaço multifunções para apoio especial, à família e para a realização de atividades, complementando as atuais instalações, oferecendo melhores condições à comunidade educativa.

Bubba Brothers festejaram 11.º aniversário com atuação

eletrizante no Rooftop Eva

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

o dia 13 de setembro, Faro voltou a tremer com mais uma edição

muito especial de «Bubba Brothers & Friends», no Rooftop Eva. Em noite de festejo do 11.º aniversário, Eliseu Correia trouxe atá à capital algarvia a poderosa Eli Rojas, vinda diretamente de Ibiza, numa festa que começou a aquecer mais cedo pelas mãos do DJ Miax.

Residente do lendário Blue Marlin Ibiza e presença frequente no Tomorrowland, Eli Rojas é uma dj e produtora internacionalmente reconhecida pela sua energia contagiante e pelo seu som vibrante, sempre com raízes no house e tech house. Com alma latina e sets carregados de ritmo e intensidade, tem conquistado multidões em palcos de topo por todo o mundo, e Faro não foi exceção.

Já com o público ao rubro, seguiu-se o momento mais aguardado da noite, com a atuação dos Bubba Brothers a levar à loucura, como já é costume, a sua fiel legião de seguidores. Jovens e menos jovens, de braços no ar, sorriso nos lábios, olhos fechados, a curtir as sonoridades eletrónicas de Eliseu Correia, um fenómeno que tem surpreendido meio mundo nos últimos anos, seja pelos

temas originais que vai criando a um ritmo alucinante, seja pelos projetos e parcerias mirabolantes em que embarca, sempre com um êxito tremendo.

Foi, sem dúvida, o encerrar perfeito de um Verão inesquecível dos Bubba Brothers, mas a pergunta que se coloca agora é… “Eliseu, qual é a próxima loucura?...”.

Milhares de pessoas despediram-se do verão na Noite Branca Algarve – Loulé

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Município de Loulé

assados dois anos, Loulé voltou a ser uma verdadeira Meca para quem gosta de vivenciar o «encerramento oficial» do programa de animação de verão no Algarve. E no sábado, 30 de agosto, foram dezenas de milhares as pessoas que marcaram presença na cidade, cumprindo o dress code e a boa disposição a que a Noite Branca Algarve – Loulé apela.

Desde o momento de abertura com o grupo de dança Black Diamonds, quando o cronómetro assinalava as 20h03, ao apoteótico final com o Deejay Kamala a fazer dançar uma multidão, vários foram os pontos altos desta noite que fez transbordar o perímetro do centro da cidade com uma moldura humana incrível.

Pouco passava das 11 horas da manhã e já havia quem marcasse lugar no Largo

do Monumento Eng.º Duarte Pacheco para assistir, na primeira fila, ao concerto de Carolina Deslandes. A cantora, numa fase avançada de gravidez, subiu ao palco e emocionou-se com o carinho do público que, em número expressivo, a foi apoiar. Foi no mesmo palco que os The Gift voltaram, depois de uma atuação em 2017, num dos concertos mais concorridos da história deste evento. Mas em 2025 o grupo de Alcobaça superou-se e, para muitos, “foi ainda melhor”. “Foi para lá de bom....”, referiu a própria banda de Sónia Tavares.

Dos concertos musicais destaca-se igualmente o espetáculo, em formato 360°, com todo o power dos Bateu Matou. A banda de Ivo Costa (música que acompanhou Sara Tavares), Quim Albergaria (Paus) e Riot (Buraka Som Sistema) vaticinava nas suas redes

sociais: “Não há volta a dar, esta noite vai ficar para a História!”. E fica certamente pois a força desta energia percussiva que junta tambores e computadores, fez vibrar os espectadores que se acotovelavam junto ao Largo Gago Coutinho para assistir a este momento.

Na encosta do Castelo, junto ao Chafariz da Praça Afonso III, mais duas atuações dignas de registo. Primeiro, com o Chico da Tina (o «Francisco da concertina»), rapper português de Viana do Castelo que deliciou o público com uma fusão perfeita entre modernidade e tradição. Um momento em que não faltaram os conhecidos insufláveis usados pelo artista, como bolas de futebol flamingos ou barcos, a saltitar no meio da multidão, e naturalmente o humor irreverente que bem o caracteriza.

Já os Blasted Mechanism fizeram furor, mesmo junto de uma geração mais jovem que não está tão familiarizada com as três décadas de carreira desta banda. Verdadeiros animais de palco, trouxeram algumas surpresas visuais e cénicas, marcadas sobretudo pelo fogo e artefactos pirotécnicos, além do próprio visual dos elementos da banda. Com uma sonoridade verdadeiramente explosiva e o pulsar de temas como «Karkov», empolgaram quem assistia e levaram mesmo a plateia ao rubro.

A eletrónica, indissociável do espírito desta festa, esteve por todos os cantos e recantos da cidade, desde um palco «discreto» na Alcaidaria do Castelo, à entrada dos Paços do Concelho, no Largo

de S. Francisco e num espaço magnânimo na Cerca do Convento, onde os Bubba Brothers se juntaram à Orquestra do Algarve, numa «encomenda» para esta edição da Noite Branca Algarve – Loulé. E depois uma silent party que esteve quase sempre com casa cheia (quase mil fones distribuídos).

Também houve lugar para o jazz com a Orquestra de Jazz do Algarve a trazer a serenidade que este evento também pretende proporcionar ao visitante. Bailarinos suspensos, patinadores, fanfarras, espetáculos de fogo, capoeira, ginástica acrobática e muito mais animaram ainda todo o recinto, numa área em que a decoração mereceu também rasgados elogios dos visitantes.

“Estamos muito felizes por mais um sucesso nesta Noite Branca Algarve –Loulé. É um evento reconhecido pelo público, uma referência na região e no país, e que resulta de um árduo trabalho, sobretudo da equipa de Eventos do Município. E o resultado final está à vista: foram milhares os visitantes que mais uma vez ficaram maravilhados com este programa”, afirmou o diretor desta iniciativa e vereador da Câmara Municipal de Loulé, Carlos Carmo. Já o presidente da

Autarquia, Vítor Aleixo, sublinhou: “O comércio, restauração, hotelaria e serviços da cidade teve nesta noite, uma vez mais, um momento alto. O impacto na economia local é, sem dúvida, bastante significativo pelo que o investimento que fazemos nesta programação é muito importante para ajudar o tecido empresarial da cidade”.

A Noite Branca Algarve – Loulé regressa no último sábado de agosto de 2027.

OLGA RORIZ REGRESSOU AOS PALCOS A SOLO EM

«O SALVADO»

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

etembro é mês de Festival Dance Dance Dance no Teatro das Figuras, em Faro, que arrancou, de forma magistral, no dia 13, com «O Salvado» de Olga Roriz. Doze anos depois de «A Sagração da Primavera», a conceituada coreógrafa sentiu-se novamente impelida a um confronto inevitável consigo mesma e este espetáculo nasce de uma interrogação ainda em aberto, de uma intenção por descobrir. “Não se trata de uma busca formal por novas linguagens, mas da continuidade de uma luta partilhada”, explica.

Como quem resiste a um naufrágio, pergunta-se: o que se consegue salvar da catástrofe? Que vestígios permanecem depois da tempestade? O que pode ainda preservar uma existência de sete décadas? O que ficou agarrado ao corpo e ao tempo, e o que se pode finalmente desprender para se tornar matéria, memória, presença? O que não morreu ainda nela? E do que conseguiu, afinal, libertar-se? Que corpo é este agora? Que histórias restam para contar? Tudo suspenso. Tudo no ar. Tudo ancorado na memória.

Em «O Salvado» ouvem-se as suas músicas preferidas, outras que nunca conheceu e, talvez, no meio de tudo, se

escute a sua própria voz. Ao longo de um ano e seis residências artísticas (Teatro Aveirense, Arquipélago, Centro de Arte Contemporânea – Açores, Centro Cultural de Lagos, Teatro Municipal de Ourém, Love Affairs Basement: Londres), Olga Roriz foi tecendo um percurso que agora se revela numa topografia do tempo — um mapa de gestos, imagens, vestígios e palavras que traça o caminho. Um registo que não apenas arquiva o que foi, mas que também interroga o que ainda está por vir. O tempo da lembrança e do esquecimento entrelaçam-se, complementam-se, lutam entre si. O tempo que se projeta no futuro avança sem cessar. E é dessa matéria — dessa

urgência de existir entre o que se lembra e o que se perde, entre o que foi e o que ainda poderá ser — que nasce a necessidade de se reinventar.

Com Direção, Interpretação, Textos e Escolha Musical de Olga Roriz, «O Salvado» é uma coprodução do Teatro Nacional São João, Teatro Aveirense, Cineteatro Louletano e São Luiz Teatro Municipal. A Companhia Olga Roriz é uma estrutura financiada pela DireçãoGeral das Artes | Ministério da Cultura e conta ainda com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores, da Câmara Municipal de Lisboa, Fundação «La Caixa» – BPI e da PLMJ.

«CARMINA BURANA – BALLET» MAGISTRAL «AS OUTRAS NOITES

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

BALLET» ENCERROU DE FORMA NOITES DE ALBUFEIRA»

«armina Burana –Ballet» foi o último dos cinco espetáculos realizados no âmbito do programa «As Outras Noites de Albufeira», que surgiu este ano como uma nova aposta do Município, em conjunto com a Associação Arte do Sul, sob a direção do Maestro Armando Mota, com o objetivo de enriquecer a oferta cultural disponível na cidade. Teve lugar, no dia 10 de setembro, na Marina de Albufeira, perante uma numerosa moldura humana que não escondeu o seu contentamento no final do espetáculo.

«Carmina Burana», ou «Canções de Beuern» (uma das regiões da Baviera, Alemanha) é o título em latim de um

manuscrito de 254 poemas e textos dramáticos, datados, na sua maioria, dos séculos XI e XII e alguns do século XIII. São peças, em geral, irreverentes e satíricas. Em 1936, o compositor Carl Orff musicou 24 desses poemas, obtendo grande êxito, especialmente com a peça «Oh Fortuna», que se tornou num clássico depois de ter sido ouvida em filmes, sendo, possivelmente, a peça clássica mais ouvida desde a sua gravação em meados do século XX.

Neste espetáculo concebido para Albufeira, a dança aliou-se à música e à poesia, pelas mãos da Vortice Dance Company em colaboração com a Opera and Ballet of North Macedonia, com coreografia e direção artística de Cláudia Martins e Rafael Carriço.

D.A.M.A. FECHARAM COM

A FEIRA DA DIETA MEDITERRÂNICA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Fábio Freira

COM «CHAVE DE OURO» MEDITERRÂNICA DE TAVIRA

avira viveu, de 4 a 7 de setembro, mais uma edição da Feira da Dieta Mediterrânica, certame que apresenta sempre um dos melhores cartazes do Verão algarvio. Este ano não foi diferente e, depois de Xutos & Pontapés, Cuca Roseta com Orquestra do Algarve e António Zambujo, o evento terminou,

com p0mpa e circunstância, com um fantástico concerto dos D.A.M.A.. Nascida em 2008, a banda constituída por Francisco Maria Pereira, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho continua a encher recintos com públicos de diferentes gerações e tem feito recentemente furor com as parcerias incluídas no EP «Canções Bonitas em Português».

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