

RUI VELOSO MAGISTRAL EM PORTIMÃO












ÍNDICE
Pescadores da Praia de Faro ganham casa nova em Montenegro (pág. 24)
Arrancou a obra do Mercado Municipal de Quarteira (pág. 34)
Carnaval de Verão de Moncarapacho (pág. 42)
Festival da Sardinha de Portimão (pág. 52)
Paula Rego, Noé Sendas e Marta Rézio em exposição em Lagos (pág. 68)
Rui Veloso em Portimão (pág. 86)
Homenagem a Nuno Guerreiro em Loulé (pág. 100)
Carolina Deslandes em São Brás De Alportel (pág. 112)
OPINIÃO
Mirian Tavares (pág. 120)
Ana Isabel Soares (pág. 122)
Fábio Jesuíno (pág. 124)
















Pescadores residentes na Praia de Faro ganham nova casa em Montenegro
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Primeiro-Ministro
Luís Montenegro deslocou-se, no dia 12 de agosto, à freguesia de Montenegro, no concelho de Faro, para participar na cerimónia de inauguração do conjunto habitacional situado na Rua Soldado Ferrer, composto por 49 fogos destinados ao realojamento de famílias atualmente residentes na Praia de Faro, num ato público no qual
marcaram igualmente presença o Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, e a Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho.
A empreitada foi adjudicada, a 2 de fevereiro de 2023, pelo Município de Faro à empresa Construções Gabriel Couto S.A., por um valor inicial de 5 milhões e 353 mil euros, contando com o apoio do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), no âmbito do Programa

1.º Direito, com financiamento a 100 por cento do Programa de Recuperação e Resiliência. Concluída a obra, a empreitada atingiu o valor aproximado de 6 milhões e 400 mil euros, após revisão de preços decorrentes do período de obra. Os 49 fogos destinam-se a habitação em regime de arrendamento apoiado pelo Município de Faro, correspondendo a 22 fogos T1, 15 fogos T2 e 12 fogos T3, e têm como objetivo primeiro o realojamento das famílias de pescadores que habitam nas zonas nascente e poente da Praia de Faro, inserido num processo inicialmente coordenado pela Sociedade Polis Litoral Ria Formosa.
Na ocasião, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, lembrou que Portugal tem vindo a implementar uma Estratégia Nacional para a Habitação centrada na reabilitação e conservação do edificado, na simplificação administrativa, na dinamização do arrendamento e na integração dos bairros e habitação social, sempre em estreita colaboração com as autarquias. “A verdade, porém, é que a escalada dos preços, a escassez de oferta e as dificuldades de acesso, sobretudo para jovens e famílias com rendimentos médios, transformaram a habitação no maior desafio social do nosso tempo. É, talvez, o maior problema que as gerações futuras enfrentam. Pela primeira vez desde

1974, os nossos filhos têm mais dificuldades em autonomizar-se e sair de casa dos pais do que nós tivemos. E não podemos deixar-lhes este fardo”, defendeu o edil farense, reforçando que “sem casa, não há projeto de vida; sem habitação, não há coesão social; sem resposta, não há competitividade territorial”
Perante este cenário, Rogério Bacalhau reivindica um verdadeiro “choque de oferta”, com mais habitação social, mais habitação a custos controlados, mais habitação privada acessível “e uma revisão criteriosa dos instrumentos de ordenamento do território, com respeito pelo ambiente, para desbloquear novas áreas de construção, sobretudo para habitação social e a custos controlados”. “E nada disto será possível sem uma cooperação estreita
entre governo e autarquias. O Poder Local está, como sempre, na linha da frente para uma meta nacional de 26 mil fogos, tendo apresentado candidaturas para mais do dobro. Em Faro, desde os anos 90 que não se construía habitação social no concelho, uma lacuna que deixou marcas profundas”, lamentou Rogério Bacalhau, o que motivou uma revisão da Estratégia Local de Habitação para ganhar escala, com um investimento global de cerca de 80 milhões de euros que inclui 461 fogos com renda apoiada ou acessível e mais de 800 fogos a custos controlados para venda.
Olhando para o complexo habitacional agora inaugurado, Rogério Bacalhau assume que tem um significado especial, por se tratar do realojamento de pescadores da Praia de Faro que vivem




em zona de risco e precisam de habitação segura. Em troca, as casas na praia serão entregues à Agência Portuguesa do Ambiente, permitindo a renaturalização do cordão dunar. “Em breve inauguraremos mais 22 fogos na Rua Ludovico Menezes, num investimento superior a 4 milhões de euros. Já concluímos e vendemos 90 fogos a custos controlados, criámos 60 vagas em centros de acolhimento e apartamentos partilhados para pessoas em situação de sem-abrigo e submetemos ao IHRU a candidatura para aquisição de 92 fogos com renda apoiada e outra para uma Casa Abrigo, através da Fundação Vítor Reis Morais, ambas a aguardar decisão”, revelou o presidente da Câmara Municipal de Faro. “Trabalhamos para que nenhum projeto elegível fique parado por falta de financiamento, para baixar preços,
estabilizar vidas e mostrar que a política pública pode entregar resultados à escala das necessidades. Para que ter casa deixe de ser uma promessa adiada e passe a ser uma realidade para quem vive, estuda, trabalha e cria família no nosso concelho”, salientou o edil.
A terminar, Rogério Bacalhau frisou ainda que “sem teto não há dignidade, e sem dignidade não há futuro”, e deixou uma palavra especial aos pescadores que “com coragem e responsabilidade aceitaram mudar-se para estas novas casas”. “Sei bem que não é fácil deixar o lugar onde nasceram, viveram e construíram toda a sua vida. Leva-se sempre no coração o cheiro da maresia, a luz da manhã sobre a ria, as vozes amigas que ecoam na praia. Mas este passo, difícil, e carregado de memórias, é também um passo de futuro. É a

garantia de viver com mais segurança, mais conforto e mais dignidade. É um investimento na tranquilidade das vossas famílias e na preservação da Praia de Faro, para que os vossos filhos e netos possam sempre orgulhar-se da herança que lhes deixamos. Hoje não estamos a apagar histórias, mas sim a acrescentar capítulos escritos com coragem, união e esperança”, concluiu.
“Falta de habitação é um bloqueio ao desenvolvimento do país e à felicidade das pessoas”
Visivelmente satisfeito estava Luís Montenegro por se encontrar numa freguesia que, curiosamente, tem o seu
nome, “uma freguesia muito sui generis porque tem um aeroporto, uma universidade, um hospital, agora um complexo habitacional de elevadíssima qualidade”. “Tem futuro e desenvolvimento, algo que devemos multiplicar pelo país para darmos mais esperança à nossa população. Tem igualmente um património ambiental absolutamente deslumbrante”, descreveu o Primeiro-Ministro, antes de dar os parabéns às 26 famílias que já aceitaram o desafio de trocarem as suas antigas habitações na Praia de Faro por novas casas. “Estamos a fazer um grande esforço de investimento em matéria de habitação, aliás, nos próximos anos, faremos o maior investimento de sempre em Portugal na

habitação pública. Temos plena consciência do problema, sabemos que o acesso à habitação é um bloqueio ao desenvolvimento do país, à felicidade das pessoas, ao cumprimento dos seus projetos de vida. É um bloqueio à coesão social e regional”, enfatizou.
O governante reconheceu que muitas empresas e serviços públicos sentem dificuldades de recrutamento de funcionários precisamente devido à escassez de habitação, e o Algarve é disso um perfeito exemplo. “Não é por causa que o Algarve tem problemas de recrutamento na saúde e educação, porque muitos destes profissionais não conseguem comportar os custos de habitação de acordo com os seus rendimentos. Como consequência disso, não se gera uma economia local suficientemente pujante que crie atividades económicas diversificadas, que fixe pessoas, que crie dinâmicas de desenvolvimento”, analisa Luís Montenegro, pelo que é necessário estimular a oferta de habitação do setor privado para o arrendamento, mas também do setor público. “E é isso que se está a fazer aqui no Montenegro. Está-se a cuidar de dar futuro a famílias, oferecendo-lhe uma casa com dignidade, uma possibilidade de se projetarem, de desenvolverem sonhos”, acrescentou.
Luís Montenegro frisou que o governo vai investir 4 mil e 200 milhões de euros em habitação pública nos próximos anos, “um número muito impactante”, dos quais 2 mil e 800 milhões de euros saem diretamente do Orçamento do Estado, provindo a restante verba de fundos

comunitários. “Quando chegamos ao Governo, o nosso objetivo era construir ou reabilitar 26 mil habitações e já entregamos 11 mil e 379, já com estas incluídas. Até ao final do ano estimamos atingir as 20 mil, até junho de 2026 vamos cumprir seguramente as 26 mil e, para além de financiar 59 mil novas habitações, vamos ajudar as

câmaras municipais a encontrar fontes de financiamento para cumprirem com as suas Estratégias Locais de Habitação”, garantiu o PrimeiroMinistro. “O conjunto destas Estratégias a nível nacional prevê que, até 2030, 2032, possam aparecer, na esfera pública, 130 mil novas habitações, só que ainda não existe
financiamento seguro. Nós vamos fazer a nossa parte para termos habitação acessível para que as pessoas consigam prosseguir os seus projetos de vida nas terras onde nasceram, cresceram, estudaram, casaram e onde querem constituir família”, finalizou Luís Montenegro.



Obra do Mercado Municipal de Quarteira já arrancou e vai custar
20,5 milhões de
euros
rrancou, no dia 8 de agosto, a empreitada do Mercado Municipal de Quarteira, o maior investimento
realizado pelo Município de Loulé, no valor de 20,5 milhões de euros, custeado exclusivamente com dinheiros públicos.
Se a cidade de Loulé tem um dos mais icónicos mercados do país, com uma arquitetura neoárabe que atrai anualmente milhares de visitantes, o Mercado de Quarteira pretende ser igualmente um edifício emblemático, com uma arquitetura contemporânea marcante. “Vai ser uma peça arquitetónica muito bonita e que vos vai encher o coração de alegria. Poderão vir fazer as vossas compras,

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina



encontrar os vendedores que conheceram a vida toda, os pescadores vão andar por aqui, a juventude vai ter aqui espaços de exposição para mostrar a sua criatividade, além deste ser um espaço com condições de higiene, condições para entrar e sair sem grandes obstáculos”, disse Vítor Aleixo na cerimónia de assinatura de auto de consignação da obra.
Com uma área de implantação de 16 mil metros quadrados, o projeto tem “soluções construtivas bastante arrojadas, essencialmente na área de contenção”, já que existirão dois pisos abaixo do solo dada a proximidade do mar, como explicou José Joaquim Silva, da empresa Ferreira – Construção S.A.. Este foi, de resto, um dos primeiros projetos de uma obra pública em Portugal a ter em conta as alterações climáticas, tendo sido levado a cabo um estudo sobre a subida do nível do mar para os próximos 100 anos, da autoria do especialista Carlos Antunes. Quando o projeto estava já fechado foi necessário proceder a algumas alterações – subida da quota da soleira, introdução de comportas e distribuição dos lugares de estacionamento em dois pisos – “o que levou a uma técnica construtiva muito especial e cara”, notou Vítor Aleixo.
O Mercado irá desenvolver-se em dois pisos enterrados abaixo do solo, dois pisos acima do solo, cobertura em madeira e paredes moldadas em contenção, contando com um parque de estacionamento com 269 lugares, 48 bancas de fruta, legumes e peixe, um foodcourt com 10 módulos de restauração, 14 lojas e quiosques, espaço

para eventos, escritórios, área de coworking e espaço de estadia. Pedro Campos Costa, arquiteto e autor do projeto para a requalificação da zona costeira entre Quarteira e Vilamoura, disse que, mais do que um edifício, esta obra corresponde à criação de “um grande espaço público”, à semelhança da longa tradição dos mercados. “Será um espaço de encontro que fará

também a ligação entre a cidade de Quarteira e Vilamoura, dois locais com uma sinergia muito grande”, explicou.
Apesar dos 1.275 dias previstos (perto de três anos e meio) para a execução da obra, Vítor Aleixo disse que a expectativa é “fazer este Mercado com qualidade e cumprindo os prazos”. No entanto, alerta para eventuais incómodos
causados durante este período, mas “no final valerá a pena”. Por seu turno Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, o principal interlocutor com a equipa projetista, disse que ao longo de todo esses anos a construção do Mercado foi uma espécie “de mito urbano”, mas que a partir de agora será bem real. “É bom chegarmos aqui e percebermos que vamos ter aquele edifício que

sempre ambicionámos ter. Quarteira é uma referência no pescado, mas as condições que existem atualmente não dignificam, nem mostram realmente o que temos e o que representamos para toda a comunidade e para todo o país. Os projetos públicos muitas vezes têm que olhar para a sua qualidade para nos diferenciar”, considerou o responsável quarteirense.
Nesta fase inicial, a intervenção passará pela demolição de algumas casas antigas que se encontram em ruínas, onde será construído o parque de estacionamento. Depois será erguido o edifício na zona onde atualmente se encontram as arenas para a prática de

voleibol, que, entretanto, serão relocalizadas para o Passeio das Dunas. Numa última fase será requalificado o Largo das Cortes Reais, onde atualmente se encontra o Mercado.








Carnaval de Verão encheu ruas de Moncarapacho de cor e alegria
corso carnavalesco voltou a sair às ruas de Moncarapacho, no dia 2 de agosto, com mais uma edição do Carnaval de Verão. Pelo circuito compreendido entre a Praça da República (Largo da Igreja Matriz) e a Praça Major João Xavier de Castanheda (Largo da Junta de Freguesia) desfilaram os 12 carros alegóricos que participaram no Carnaval de Moncarapacho em fevereiro, acompanhados por cerca de 500 foliões.
Tratou-se de uma oportunidade de os imigrantes reviverem a «Batalha das Flores» do Carnaval mais antigo do Algarve e que de ano para ano tem cativado cada vez mais público. Depois do desfile do corso carnavalesco, a festa continuou até de madrugada, no Largo da Junta de Freguesia, com a atuação do grupo Ganda Banda.
O Carnaval de Verão de Moncarapacho foi organizado pela União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, com o apoio do Município de Olhão e da população local.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Fábio Freira





















Portimão viveu de forma intensa mais um Festival da Sardinha
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina, Ricardo Coelho e Teresa Coelho
zona ribeirinha de Portimão foi palco, de 5 a 10 de agosto, do 29.º
Festival da Sardinha, com a sardinha assada no prato e no pão a voltar a ser assegurada pelas associações locais Boa Esperança
Atlético Clube Portimonense, Clube Desportivo e Recreativo da Pedra Mourinha, Clube União Portimonense, GEJUPCE – Gil Eanes Juventude
Portimonense Clube e Grupo Desportivo e Recreativo Alvorense. Aos visitantes que procuravam alternativas à sardinha assada, estas coletividades e a zona de expositores garantiram ainda vários menus e propostas, não faltando os petiscos, os doces e o melhor que o artesanato e o sector agroalimentar regionais têm para oferecer. Fora do recinto oficial, a sardinha assada podia ainda ser apreciada em seis restaurantes parceiros na zona ribeirinha, como a Dona Barca, o Forte e Feio, o Retiro do




Peixe Assado, Peixarada, Ú Venâncio e Zizá.
O festival voltou a contar com uma programação variada de showcookings com chefs convidados, em parceria com a Confraria Gastronómica da Sardinha de Portimão, apresentando pratos alternativos à tradicional sardinhada, mas sempre com a sardinha como ingrediente principal. E aquele que foi considerado o melhor festival gastronómico de verão na Europa, em 2022, pela Big 7 Travel, que foi finalista dos Prémios AHRESP em 2023, e é detentor do prémio de Excelência Autárquica 2025 no âmbito do III Congresso da Cidade Social (na categoria «Cultura») destacou-se novamente pela animação musical nos três palcos: «Música no Jardim», «Palco Sardinha» e «Palco Principal».
Diariamente o «Música no Jardim», no Jardim 1.º de dezembro, em frente ao TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, proporcionou um final de tarde descontraído em bom ambiente ao som de Vozes do Glória, Almargem Quartet da Orquestra de Jazz do Algarve, Coro da Aldeia, Inception Jazz Trio da Orquestra de Jazz do Algarve, Associação de Guitarras do Algarve e Quarteto Ricardo Pires, da Orquestra de Jazz do Algarve (dia 10). O «Palco Sardinha» contou com Madraça, Eduardo Viegas, José Francisco, Cranky Geeks, SAIA e Afonso Silva. Os maiores atrativos estavam reservados, porém para o Palco Principal, por onde passaram Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, Diogo Piçarra, Nena, Para Sempre Marco e Resistência.

































Paula Rego, Noé Sendas e Marta Rézio em exposição no Centro Cultural de Lagos
oi inaugurado, no dia 19 de julho, mais um ciclo expositivo do Centro Cultural de Lagos, com particular destaque para a exposição «Paula Rego: A Terra do Nunca», que pode ser visitada, até dia 27 de setembro, de terça-feira a sábado, entre as 10h e as 18h, nas Salas de Exposições 2 e 3.
Durante mais de seis décadas de trabalho, Paula Rego (1935–2022) recuou
ao seu mundo de infância, lugar que nunca abandonou e que impulsionou diretamente a sua determinação criativa na construção de um território figurativo único. Nesse seu universo de criaturas fabulosas e das histórias que imagina para elas, a artista constrói o seu mundo de fantasia e encantamento, conferindolhes assim um poder mágico e revelador que é também próprio dos contos tradicionais e dos contos de fadas. Nas suas narrativas pictóricas, as suas visões interiores sobrepõem-se ao que é descrito nas histórias originais,
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina




explorando mais profundamente a memória das experiências da infância.
A exposição apresenta uma seleção de obras da artista da Coleção da Câmara Municipal de Cascais/ Fundação D. Luís I/ Casa das Histórias Paula Rego, que nos fazem regressar aos lugares da infância. Recriando um mundo de fantasia, de fazde-conta, tal como a fantástica história de Peter Pan, o rapaz que se recusava a crescer, estão patentes as 21 gravuras a água-forte e água-tinta da série homónima, produzida em 1992 e considerada uma das mais significativas séries da sua obra gráfica, bem como outras gravuras da artista inspiradas em lendas, contos de fadas e contos tradicionais, em que as crianças são protagonistas.
Na Sala de Exposições 1 está patente «One of a kind», de Noé Sendas, que pode ser visitada, até 27 de setembro, de terça-feira a sábado, das 10h às 18h. Tendo como base a série «Crystal Girls», iniciada em 2009, publicada no livro «Noé Sendas · Vanishing Acts», editado pela SKYRA, Milão, em 2020, o artista revisita e dá continuidade a esse seu modus operandi e desenvolve uma nova série, «One-off», que dá o título a esta exposição, respetivamente, «One of a kind» que integra também uma instalação exposta na black box da galeria e intitulada «Light for a Black Box».
O trabalho desenvolvido na série «Crystal Girls» está estreitamente ligado a uma vivência nómada do artista, no trânsito entre os seus ateliês situados num triângulo Lisboa/Madrid/Berlim e,




neste aspeto, todo o processo de criação assentava numa prática, em que o «laptop», o seu estúdio em viagem, foi o epítome do que conhecemos como «nómada digital». As obras inéditas para esta exposição, da série intitulada «Oneoff», determinam uma outra modalidade no seu processo, e reside no ateliê de Lisboa, onde o tempo da reflexão e da manufatura se prolonga e dá corpo a uma experimentação do gesto, da usura, e da utilização de outros materiais, que se reconhecem na prática do desenho a que cada objeto fotográfico é sujeito.
É como um processo alquímico que se desenvolve em transfigurações e apagamentos que revistam a materialidade do negativo fotográfico como objeto artístico e não como matriz
reprodutiva de uma obra nova. Deste modo, nesta nova série, cada fotografia contém em si o seu próprio negativo, isto é, única e irrepetível. Por isso, «One of a kind», enquanto instalação visual na sala de exposição, apresenta-se como um cruzamento de narrativas e de fragmentos de outras histórias, como uma deriva pela poética, e pelas referências que caracterizam a obra de Sendas. Uma coreografia de figuras, cenários e lugares que se projetam entre o cinema de época, o modernismo que a nossa memória resgata, e uma certa ideia de melancolia, presente na transformação manual de cada imagem que nos devolve o gesto que pode ser verbo, sensação, espelho e memória que é simultaneamente o índice de uma outra ficção.




Finalmente, na Sala de Exposições 0, pode ser vista «Ceramic Guardians | Os Guardiões de Cerâmica» de Marta Rézio, até 6 de setembro, igualmente de terçafeira a sábado, das 10h às 18h. “«Os Guardiões de Cerâmica» nascem quando o céu toca a terra. A terra é o barro que se move nas minhas mãos, enquanto o céu é a conexão com o Universo, que acontece durante a cocriação. Estes momentos de pura recetividade e presença transformamse nestas representações personificadas de Anjos da Guarda. Estas presenças lembram-nos de que nunca estamos sozinhos e que somos sempre protegidos e guiados. Eles são os Guardiões da Galáxia e da Natureza”, explica a artista.
Todos fazem parte de uma organização cósmica, que existe além da nossa compreensão. Estes diálogos entre o céu e a terra ocorrem em forma de mensagens, que acompanham cada um dos Guardiões. “Tal como cada um de nós, todas as peças são únicas, feitas à mão com amor. O Universo dos Guardiões de Cerâmica apresenta-se organizado segundo a origem de onde emergem, de duas fontes principais, as quais chamei series: Guardiões do Universo Galáctico, Galáxia, Astro Guardiões, Códigos de Luz, Série Fénix, Guardiões da Natureza Gaia, Natureza, Cristais e Unicórnios”, descreve Marta Rézio.





























FESTIVAL DA SARDINHA PARA VER E OUVIR

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
SARDINHA ENCHEU
OUVIR RUI VELOSO

rrancou da melhor forma, no dia 5 de agosto, o 29.º Festival da Sardinha, com mais de 25 mil visitantes a passarem pelo recinto instalado na zona ribeirinha de Portimão. Uma enchente já esperada, até porque o palco principal ia ser pisado por, nada mais, nada menos, do que o pai do rock&roll português, Rui Veloso.

A comemorar 45 anos de carreira, o virtuoso guitarrista e cantor mostrou-se ao seu melhor nível, sempre bemdisposto e em constante interação com o público, que não se cansou de cantar os principais sucessos do nortenho. Canções que já fazem parte do imaginário lusitano, da história da música moderna portuguesa, do coração de fãs de todas as idades, conforme se constatou numa plateia que não arredou pé até ao final deste magnífico concerto.

























LOULÉ PRESTOU HOMENAGEM COM MAIS DE 30 ARTISTAS
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

HOMENAGEM A NUNO GUERREIRO ARTISTAS EM CONCERTO ÚNICO


o dia 30 de julho, o Monumento ao
Eng.º Duarte Pacheco, em Loulé, foi palco de uma emotiva e muito merecida homenagem a uma das maiores vozes de todos os tempos da música portuguesa, o louletano Nuno Guerreiro, falecido no passado mês de abril. Para celebrar o seu legado e agradecer-lhe por tudo o que nos deu, a Câmara Municipal de Loulé organizou um concerto no qual participaram diversos colegas e artistas que, com Nuno Guerreiro, partilharam sonhos, palcos e afinidades musicais.
O elenco de luxo incluiu Manuel Paulo e João Gil (Ala dos Namorados), Dani Silva, Dino D'Santiago, Hélder Moutinho, Luanda Cozetti, Miguel Moura, Nancy
Vieira, Olavo Bilac (Santos & Pecadores), Os Mau Feitio, Rita Red Shoes, Shout, Tozé Santos (Perfume) e Viviane (Entre Aspas). A acompanhá-los estiveram os músicos Mário Delgado (guitarra), António Viegas (guitarra), Zé Nabo (baixo), Alexandre Frazão (bateria), Rúben da Luz (trombone), Manuel Paulo (piano), Ricardo Parreira (guitarra portuguesa), João Filipe (viola de fado) e Ciro Bertini (baixo), e a homenagem contou ainda com a presença da sua equipa de sempre — técnicos, roadies, músicos, e do seu manager e amigo de longa data, Manuel Moura dos Santos. Foi, sem dúvida, uma celebração emotiva e inesquecível, à altura do homem e do artista que tanto deu à música portuguesa. “Tive o privilégio de acompanhar a carreira artística do Nuno durante muitos anos, testemunhando, não só o seu talento,




mas também a sua sensibilidade e humanidade, enquanto artista e pessoa. Esta homenagem é um tributo à sua coragem, ao seu talento e à sua constante busca pela beleza e autenticidade. Que a sua música continue a inspirar gerações e a ecoar como testemunho de um dom raro: o de emocionar as pessoas através da voz. Obrigado, Nuno, por teres existido”, declarou Manuel Moura dos Santos. “Para sempre guardarei na memória a imagem de um artista encantador, apaixonado por Loulé e as suas gentes. Senhor de uma voz única, imortalizada em canções que ficarão para sempre no ouvido de todos nós. Temos muitas saudades de ti e este tributo é um pequeníssimo
agradecimento por tudo o que significas para nós”, referiu, por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo.
Nuno Guerreiro, uma das vozes mais marcantes da música portuguesa das últimas três décadas, partiu no dia 17 de abril, aos 52 anos. A sua voz inconfundível, imortalizada através da Ala dos Namorados, deu vida a canções, grande parte delas escritas por João Monge com Manuel Paulo e João Gil, que marcaram gerações, como «Loucos de Lisboa», «Solta-se o Beijo», «A História do Zé Passarinho», «Caçador de Sóis», «Fim do Mundo» e «Siga a Marinha», que integram o património emocional e musical de Portugal.
















FEIRA DA SERRA CHEGOU
AO SOM DE CAROLINA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Fábio Freira
CHEGOU AO FIM CAROLINA DESLANDES


e 24 a 27 de julho, São Brás de Alportel voltou a ser o centro das atenções do coração do Algarve, em plena Serra do Caldeirão, com mais uma Feira da Serra, com um recinto de mais de 4 hectares, mais de 300 expositores, 22 espaços temáticos, mais
de 70 horas de espetáculo e para cima de 35 mil visitantes de todas as idades. Para este êxito muito contribuíram os concertos do Grande Palco, designadamente com Matias Damásio, Emanuel, Pedro Abrunhosa e, na derradeira noite, Carolina Deslandes, que reuniram um público entusiasta e que vibrou intensamente com o som das suas músicas.










Da preguiça Mirian Tavares, professora
A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda. Mário Quintana
stou de férias desde o dia 8 de agosto. Houve um tempo, quando andava workaholic, em que me tinha esquecido do que isso significava. Com a idade, chega alguma sabedoria – e deixo, sem culpas, a preguiça instalar-se. Como escreveu, sabiamente, Jacques Prévert,
(...) Pois é camarada Sol você não acha que é tolice dar um dia destes para um patrão?
Sim, porque todos temos hoje um patrão comum: a pressão da sociedade tecno-neoliberal contemporânea. Mesmo quando estamos longe, querem-nos perto. Ou melhor, exigem-no, através de mensagens nos mais diversos dispositivos. Os dispositivos que nos dispõem, e nos expõem, a uma sempiterna presença, pois dificilmente ficamos offline. Quando perguntamos a alguém “como vai”? A resposta é, muitas vezes, “cheio de trabalho” ou “muito cansado”, como se fosse pecado capital deixar-se ficar na preguiça, permitir-se não fazer nada ou mandar as demandas de trabalho para um lugar que cá
conheço, mas que não ouso reproduzir numa crónica possivelmente lida por pessoas de boas famílias. Eu, de momento, não sinto culpa nenhuma: estou de férias, quero rede e descanso; sol, caminhadas na praia, palavrascruzadas, livros policiais e cafés com os amigos e com a família.
Tenho, temos todos, a necessidade de um tempo longe, de um tempo para não fazer nada. Precisamos de pedir tempo ao tempo. O suficiente para desligar um bocado e não lembrar que há relógios, dias, horas marcadas. Devemos pedir dias que durem infinitos minutos de gozo e descanso. Horas que se arrastem preguiçosas. O descanso é, neste momento em que vivemos, um ato de resistência e um ato de coragem. Querem-nos exaustos para que as nossas respostas sejam mecânicas, para que o nosso desejo – a nossa libido – seja convertida em energia produtiva. Como dizem os outros, que nunca sabemos exatamente quem são, eu quero é sopas e descanso. No meu caso, dispenso é as sopas.


Foto: Isa Mestre
Tarde de agosto Ana Isabel Soares, professora
o interior do Alentejo, a estiagem proíbe que se ande na rua a maior parte do dia. Tirando algum afazer inadiável, respeito a inibição e encerro-me entre as paredes grossas do monte onde viveram sãmente algumas gerações da família. Fora, a latada tem pesados os ramos da videira, prenhe de cachos que a canícula vai fazendo escurecer e adoçar. As canas balançam, moles, a aguardar a maré e as figueiras preguiçam as folhas largas para esconder os figos que havemos de disputar com pássaros e insetos. “Não se pode andar na rua ainda”, ouço, já passadas as sete da tarde. O ser humano é fracote – é-o, comparado com os seres vegetais que habitam sem outra sombra senão a que vem do céu. (Melhor dizendo, aceita com dificuldade a condição mortal: de ontem para hoje, uma planta jovem, de viço nas folhas a trepar pelo tronco de um limoeiro, promessa de chuchus para a Primavera, sucumbiu à quentura soprada pelo vento de Sueste. Cozeu, feneceu, não viceja mais).
Apetece gelo sobre a pele, fruta fresca, roupa nenhuma, mas o que há é o peso xaroposo do suor, o escuro das casas, as portadas com fina moldura de fogo a ameaçar da rua. (Se, no Inverno, lhes incham a madeira e dão trabalhos a abrir
e a fechar, as quatro folhas das portas em cada extremo do corredor são agora nada mais do que película, encimadas pelos recortes de amarelo iluminado por uma inclemência que exige entrar). Sofre-se estar, sofre-se pensar, sofre-se o zunido das melgas, ansiosas, quando a temperatura transforma a gravidade dos sons e das horas.
O silêncio da casa é intermitente: cruzam-no os ressonares dos dormentes, estalidos da madeira por baixo das telhas, as lagartixas a sair dos esconderijos –apurando a atenção, talvez se conseguisse perceber em que direção fia a aranha a sua baba, ou que traço completa na rede onde habita.
A estiagem, no interior antigo do Alentejo, não se mede em graus – Celsius ou outros. A sua incomensurabilidade imprime em mim a medida que tenho neste mundo, a pequenez que sou, em liquefação.

Foto: Vasco Célio
Atividade na Europa? O seu site deve estar em servidores europeus
Fábio Jesuíno, empresário
um mundo cada vez mais digital, a presença online é um ativo essencial para o sucesso de qualquer empresa ou organização. Mas não basta estar na internet, é fundamental refletir sobre onde os dados e o site da sua empresa ou organização estão alojados, especialmente quando o mercado-alvo está na Europa.
A localização dos servidores deixa de ser apenas uma questão técnica para se transformar numa decisão estratégica que impacta diretamente a competitividade, a conformidade legal e a confiança do consumidor.
Operar na Europa implica lidar com uma legislação rigorosa como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), que estabelece regras claras para a proteção da privacidade e a transferência de dados pessoais. Ao alojar o seu site em servidores localizados no território europeu, a sua empresa ou organização beneficia da proteção e da soberania garantidas por este regime.
Além da proteção jurídica, a proximidade geográfica dos servidores europeus traduz-se numa experiência melhor para os utilizadores dentro deste
mercado. Reduzindo a latência, que provoca que um carregamento das páginas de um web site seja mais rápido, algo decisivo para captar e manter a atenção do visitante e aumentar o tempo de navegação.
Para além das vantagens técnicas e legais, a União Europeia tem desenvolvido iniciativas para promover a tecnologia e a transformação digital sediadas no continente europeu, com destaque para o Programa Europa Digital. Este programa estratégico dispõe de um orçamento considerável, cerca de 7,6 mil milhões de euros para o período 2021-2027, e foca-se em capacitar empresas, administrações públicas e cidadãos através do investimento em áreas-chave como inteligência artificial, cibersegurança e competências digitais avançadas.
No âmbito do financiamento, os fundos europeus tendem a privilegiar projetos digitais e websites que estejam sediados em Europa, sendo por vezes um dos fatores decisivos, alinhando-se com a estratégia de soberania digital do bloco, que valoriza a proteção de dados, a segurança e a inovação local. Os Polos Europeus de Inovação Digital (EDIH), apoiados pelo Programa Europa Digital, são exemplos de infraestruturas que facilitam a experimentação e adoção de

tecnologias digitais em empresas europeias, especialmente pequenas e médias.
Todas as empresas ou organizações sediadas ou com atividade na Europa devem privilegiar o alojamento web local. Num mundo onde a transformação digital define ritmos e rumos, a União Europeia não está apenas a desenhar políticas para o presente, mas a construir uma base forte para o futuro económico e tecnológico do continente. Optar por alojar e desenvolver projetos digitais em
servidores europeus deixa de ser um mero requisito legal. Passa a ser um ato estratégico, uma demonstração clara de compromisso com a qualidade, a segurança e a confiança que os consumidores e parceiros esperam.


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