

«A ÚLTIMA DANÇA» DE DAVID CARREIRA















ÍNDICE
Piscinas Municipais de Quarteira inauguram sistema emblemático para a eficiência hídrica (pág. 26)
PGA Tour Champions traz Portugal Invitacional a Vilamoura (pág. 32)
Parque Verde Arq.º Paisagista Fernando Pessoa em Vilamoura (pág. 40)
Apresentação da Feira da Dieta Mediterrânica em Tavira (pág. 48)
Boliqueime Food Festival (pág. 54)
Sarau Somos APAGL (pág. 72)
David Carreira em Almancil (pág. 96)
Festival Baltum em Albufeira (pág. 114)
OPINIÃO
Carlos Manso (pág. 126)
















Piscinas Municipais de Quarteira
inauguram sistema emblemático para a eficiência hídrica
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, presidiu, no dia 29 de julho, à inauguração do Sistema de Reaproveitamento da Água das Piscinas Municipais de Quarteira, mais uma iniciativa promovida pelo Município de Loulé enquadrada na sua política de eficiência hídrica.
Diariamente as perdas de água neste equipamento desportivo são de 50 metros cúbicos, mas, a partir de agora, o sistema permitirá recuperar, em média, 35 metros cúbicos /dia, quantidade que será aproveitada para a rega do campo do Estádio Municipal, rega de jardins e lavagem das ruas da cidade de Quarteira. Para implementar esta ação foram criados dois reservatórios junto às Piscinas que, de uma forma gravítica, para poupar energia, fazem o transvase para o reservatório que já existia do



campo de futebol. Essa água servirá para regar a relva e uma parte – 15 metros cúbicos – ficará armazenada, com um sistema de bombas, para depois os carrinhos da limpeza urbana fazerem o abastecimento para a lavagem das ruas. “É uma pequena obra, mas com um simbolismo importante. Aqui está um excelente exemplo de como com pequenas intervenções, que nem sequer custam muito dinheiro, podemos adaptarmo-nos à mudança do clima”, sublinhou o autarca de Loulé, Vítor Aleixo.
Esta solução, um investimento de perto de 70 mil euros, foi apresentada pela Câmara Municipal de Loulé no âmbito da Rede CApt2 – Circularidade da Água, da qual faz parte. Neste momento já está a ser posta em prática na cidade de Guimarães. E poupança e reutilização são
prioridades para o Governo em termos de eficiência hídrica, relembrou a Ministra do Ambiente e Energia. “Não faz sentido financiar um projeto como a dessalinizadora se depois perdemos ou não reutilizamos água em quantidades iguais que a dessalinizadora vai produzir. Projetos como este que os municípios estão a fazer na redução de perdas são imprescindíveis para que os outros avancem. Este é um projeto emblemático daquilo que é preciso fazer em todo o Algarve”, salientou Maria da Graça Carvalho.
Neste dia a responsável pela pasta do Ambiente teve também a oportunidade de visitar a ETAR de Vilamoura, onde está já a ser implementado um projeto de reutilização de água tratada para fins não potáveis, como a rega de campos de golfe e espaços verdes.




PGA TOUR Champions anunciou
novo evento no The Els Club Vilamoura, desenhado por Ernie Els
PGA TOUR Champions, a Arrow Global Group, o Turismo de Portugal e o Turismo de Algarve anunciaram, no dia 21 de julho, uma parceria de cinco anos para receber um novo torneio de golfe profissional em Portugal, o Portugal Invitational. O
evento acontecerá de 31 de julho a 2 de agosto de 2026, no The Els Club Vilamoura, e contará com 78 jogadores, incluindo membros do World Golf Hall of Fame e do PGA TOUR Champions, assim como membros do Legends Tour. Esta será a primeira competição individual de stroke play organizada pelo PGA TOUR em Portugal, com uma bolsa de prémios de 3 milhões de dólares.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

O evento fará parte de uma sequência de três semanas de golfe em solo europeu: antes do Portugal Invitational acontece o torneio ISPS Handa Senior Open e depois deste seguir-se-á o Staysure Senior PGA Championship do Legends Tour, onde jogarão alguns dos jogadores mais icónicos da modalidade. “Estamos entusiasmados por colaborar com a Arrow Global Group, o Turismo de Portugal, o Turismo de Algarve e o Ernie Els. Este é um anúncio emocionante, trazer uma das etapas do PGA TOUR Champions, único no seu género, para Portugal”, referiu Miller Brady, Presidente do PGA TOUR Champions. “Este Tour é uma referência global que recebe as lendas deste desporto, e sabemos que os fãs de golfe em Portugal e em toda a Europa irão adorar oportunidade de poder vê-los a
competir ao vivo no The Els Club Vilamoura”.
O evento será realizado no The Els Club Vilamoura, desenhado por Ernie Els –sete vezes vencedor do PGA TOUR Champions e membro do World Golf Hall of Fame. Este campo, anteriormente designado como Dom Pedro Victoria, acolheu o Portugal Masters do DP World Tour de 2007 a 2022, onde recebeu estrelas como o campeão do Open Shane Lowry (2012) e o membro do World Golf Hall of Fame e atual estrela do PGA TOUR Champions, Padraig Harrington (2016). Até à data, Portugal organizou anteriormente apenas uma competição organizada pelo PGA TOUR, a World Cup of Golf em 2005, uma antiga competição de equipas. “Sempre que eu e a minha equipa desenhamos um campo de golfe, temos sempre em mente o seu

potencial para receber torneios profissionais. Esse foi um dos pontos essenciais quando idealizámos o The Els Club Vilamoura. É maravilhoso ver que esses mesmos planos foram agora concretizados e estamos gratos ao Presidente do PGA TOUR Champions, Miller Brady, à equipa da Arrow Global Group e ao Turismo de Portugal e Turismo de Algarve, por apoiarem a nossa visão e trazerem este emocionante novo torneio até aqui”, declarou Ernie Els. “Trabalhar com a Arrow Global e todos em Vilamoura tem sido um absoluto prazer nos últimos meses. A equipa tinha uma visão e missão claras desde o início, o que nos permitiu focar os nossos
esforços em criar um campo de golfe único. Estamos muito orgulhosos deste campo, está incrível. Há muitos buracos memoráveis e, no geral, é um teste realmente equilibrado de golfe. Para complementar o campo, as instalações de prática são também da melhor qualidade. Tudo no The Els Club Vilamoura faz dele o local ideal para o torneio. Os jogadores vão adorar, não só o campo de golfe, mas tudo o que encontram neste destino. É uma parte realmente bonita do mundo”, acrescentou o golfista.
Vilamoura é, sem dúvida, um dos pontos mais elegantes do Algarve, com praias de areia dourada, a melhor


gastronomia, uma marina premiada e muito mais. Os visitantes interessados em conhecer a região podem explorar as ilhas da Ria Formosa e encontrar ecossistemas únicos enquanto os pescadores colhem ostras, amêijoas e outras iguarias locais. Loulé, o concelho onde se situa Vilamoura, é uma região com ruínas antigas e um mercado local encantador que merece a atenção de quem visitar o Algarve. “Este anúncio é a simbiose perfeita de diversos fatores e intervenientes do mundo de golfe: Vilamoura e o próprio Algarve, que é um destino renomado de golfe que oferece instalações únicas para praticar a modalidade, o poder do design de Ernie Els, e os lendários golfistas que irão competir neste campo. Para a Arrow Global, isto é um passo importante na concretização da nossa visão para Portugal como um dos
melhores destinos de golfe e estilo de vida do mundo, e acreditamos que este torneio irá demonstrar a qualidade de classe mundial do campo e a força do nosso compromisso a longo prazo com a região”, afirmou John Calvão, CEO do Fundo Arrow Global Group. “Temos vindo a investir significativamente no destino, elevando-o com a chegada de marcas hoteleiras internacionais, uma marina totalmente renovada, campos de golfe requalificados e um centro equestre de excelência que, em breve, acolherá eventos internacionais. Apostamos também em projetos imobiliários de alta qualidade que refletem o estilo de vida procurado por visitantes e residentes. Em breve, o nosso portefólio contará ainda com um country club e um beach club, consolidando este como um destino

completo, pensado para famílias e para todas as gerações”, revelou.
Por tudo isto, e muito mais, Portugal é cada vez mais um destino de classe mundial para grandes eventos desportivos internacionais “e acolher o PGA TOUR Champions é o próximo passo natural nessa jornada”, disse Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal. “Este torneio não só irá mostrar a excelência dos nossos campos de golfe, mas também a beleza, a cultura e a hospitalidade que tornam Portugal um destino único durante todo o ano. Temos orgulho de fazer parte desta iniciativa e aguardamos ansiosamente a receção de jogadores e fãs de todo o mundo no
Algarve”, assumiu. “A realização do Portugal Invitational em Vilamoura é um marco histórico para o Algarve e para Portugal. Esta parceria com a PGA TOUR Champions projeta ainda mais o nosso destino no plano internacional e confirma o Algarve como referência incontornável no golfe europeu. O The Els Club Vilamoura, agora palco de um evento desta magnitude, traduz o nosso compromisso em aliar qualidade, sustentabilidade e notoriedade a uma oferta turística diferenciadora, capaz de atrair competições de elite”.
Recorde-se que o Algarve é, há décadas, o principal destino de golfe em Portugal, com cerca de 1,5 milhões de voltas anuais, e continua a investir numa oferta

diversificada, contemporânea e ambientalmente responsável. “Este torneio eleva a fasquia e reflete a ambição regional de afirmar o Algarve como destino turístico durante todo o ano, com impacto direto na economia, no emprego e na promoção do território. Estamos prontos para acolher os grandes nomes da história do golfe e mostrar ao mundo tudo o que o Algarve tem para oferecer — dentro e fora dos campos”, garantiu, por sua vez, André Gomes, Presidente da Região de Turismo do Algarve.
As três voltas do Portugal Invitational serão transmitidas no GOLF Channel, o parceiro exclusivo de televisão a cabo do
PGA TOUR Champions. Internacionalmente, a cobertura do PGA TOUR Champions está disponível em mais de 170 países e territórios através de 22 parceiros de media. O Portugal Invitational também incluirá membros do Legends Tour através da Aliança Estratégica entre o PGA TOUR e o European Tour Group (DP World Tour, Hotelplanner Tour, Legends Tour e Ryder Cup Europe). Todd Rhinehart, o executivo de longa data do PGA TOUR, que dirigiu vários dos maiores eventos do TOUR e recentemente supervisionou o PGA TOUR Latino-America como VicePresidente e Diretor Executivo, foi anunciado como Diretor do Torneio do Portugal Invitational.





Vilamoura plantou a primeira árvore do Parque Verde
Arq.º Paisagista
Fernando Pessoa
oi plantada, no dia 31 de julho, a primeira árvore do Parque Verde Arq. Paisagista Fernando Pessoa, que simboliza o arranque do Plano de Recuperação da Infraestrutura Verde e Ecossistemas de Vilamoura, o PRIVEV. Coube a Miguel Freitas a apresentação desta intervenção, alinhada com a política ambiental do Município de Loulé e que homenageia uma referência ao nível da arquitetura paisagística da região algarvia.
Localizado próximo da Rua da Lusotur, o Parque irá ocupar 4,5 dos 50 hectares de espaço público geridos pela empresa municipal Inframoura, constituindo apenas a primeira fase de uma operação alargada de reconfiguração daquilo que é a infraestrutura verde de Vilamoura. O processo de implementação passará por uma auditoria ecológica e funcional à infraestrutura verde de Vilamoura e, a partir desse mapeamento dos habitats existentes, será dado seguimento aos projetos, através de um olhar para as
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina




áreas públicas deste território, considerando algumas dimensões. Desde logo a questão da zona húmida, ou seja, a linha de água existente em Vilamoura – a Ribeira de Quarteira e os seus afluentes. “É com base nesse elemento essencial que estrutura este território que devemos olhar para o resto. Estamos perante um território que tem riscos de inundação muito grandes”, explicou Miguel Freitas.
Por outro lado, pretende-se olhar para a infraestrutura verde, “criando, a partir dos espaços públicos, abrigos
climáticos”, disse ainda o consultor. Esse foco na infraestrutura verde tem em vista, não apenas a perspetiva da requalificação, mas também a adaptação às alterações climáticas, pelo que se irá realizar a reconversão para espécies autóctones que, para além de contribuírem para esse “abrigo climático”, exigirão menos água. Finalmente, o trabalho que se pretende fazer passará também por criar um “parque ecobotânico, que permita que aqueles que vivem e visitam este território possam ter contacto com

aquilo que é a diversidade nesta zona”, explicou ainda Miguel Freitas.
Em suma, o PRVEV tem como objetivos a reconversão e intensificação da componente arbórea e arbustiva, além da realização de trabalhos de desobstrução e de aumento da bacia de retenção da Ribeira de Quarteira. Durante os primeiros cinco anos a rega será feita através de furos e posteriormente através das águas residuais. Este projeto conta com uma candidatura ao PRR que, como adiantou Lurdes Carvalho da CCDR Algarve, “está em análise”. “É um projeto muito bem pensado e desenhado, que vem complementar aquilo que nós construímos para a região, o Plano de Ação para a Biodiversidade e Infraestruturas Verdes”, disse.
Fernando Pessoa agradeceu a homenagem que lhe é prestada com a realização e afirmou: “Fiz sempre o que melhor que podia e sabia, mas nada mais do que isso”. Sobre este parque, relevou a sua importância, não só porque irá possibilitar o lazer ao ar livre, mas também irá proporcionar a recuperação das linhas de água tendo em conta os riscos de cheias.
Quanto ao autarca Vítor Aleixo, destacou a figura e a obra de Fernando Pessoa no Algarve, “uma personalidade respeitada, cujo prestígio e conhecimento fizeram escola na administração pública regional”. Recorde-se que foi ele o mentor do Jardim Botânico Mediterrânico em Querença. Já este projeto para Vilamoura constitui “apenas um grão num imenso edifício” que é o trabalho realizado pela

Câmara Municipal de Loulé ao longo dos últimos anos tendo em vista a adaptação à mudança do clima.
Da parte da administração da Inframoura, Jorge Aleixo lembrou aquele que tem sido o planeamento urbano de Vilamoura desde a década de 60, assente numa “simbiose perfeita” entre espaços habitacionais, para comércio e serviços e redes viárias, e as parcelas para espaços verdes e equipamentos. “Tudo isto proporciona uma qualidade de vida única para quem reside em Vilamoura, seja de forma temporária ou permanente”, notou o presidente da empresa municipal.
Para que resulte mais compreensível que urbanização, adaptação à mudança do clima e salvaguarda da biodiversidade não só é possível como necessário, e sendo Vilamoura um território que gosta de estar na vanguarda das boas práticas, o autarca Vítor Aleixo disse que seria importante no futuro, quando houver uma reformulação do plano de urbanização de Vilamoura, que este possa adotar a designação de «Plano de Urbanização Bioclimático», que permita “interpenetrar o mais possível a realidade urbana com a rural” “É preciso trazer a natureza para dentro das cidades”, defendeu o presidente da Câmara Municipal de Loulé.





Feira da Dieta Mediterrânica de Tavira promete uma viagem
pelo património cultural
imaterial da humanidade da UNESCO
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
e 4 a 7 de setembro, a cidade de Tavira vai transformar-se numa grande festa mediterrânica, onde cada rua convida à descoberta, cada praça acolhe um concerto, cada banca partilha um saber e cada prato conta uma história. A Feira da Dieta Mediterrânica
está de volta — e com ela, o convite para celebrar, em família, com amigos ou em comunidade, um estilo de vida que une povos, gerações e culturas.
A Feira da Dieta Mediterrânica é um evento de referência regional, nacional e internacional que comemora o património cultural imaterial da humanidade, reconhecido pela UNESCO.

Resulta de vários meses de preparação coordenada pelo Município de Tavira, em estreita colaboração com uma Comissão Organizadora que integra diversas entidades regionais, públicas e privadas, cuja missão comum é valorizar, promover e salvaguardar a Dieta Mediterrânica como património vivo.
Enquanto comunidade representativa de Portugal na inscrição da Dieta Mediterrânica na lista do património imaterial da UNESCO, Tavira reafirma com este evento o seu compromisso com a preservação, dinamização e transmissão deste modo de vida ancestral, profundamente enraizado nas culturas mediterrânicas. Mais do que um regime alimentar, a Dieta Mediterrânica
representa um estilo de vida equilibrado e sustentável que valoriza a alimentação saudável, a sazonalidade, a convivência social, os modos de produção tradicionais, a transmissão intergeracional de saberes e o respeito pela natureza. É também um modelo inspirador para enfrentar os desafios da atualidade, promovendo saúde, coesão social e sustentabilidade ambiental, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Com uma programação rica e diversificada, o evento reúne países mediterrânicos, instituições regionais e nacionais, assim como dezenas de entidades do território. Estão previstos cerca de 150 stands dedicados ao


artesanato, produtos agroalimentares e gastronomia mediterrânica, bem como cerca de 50 stands institucionais com a presença de associações, museus, escolas, universidades e projetos educativos, ambientais e culturais, numa edição onde a procura por parte dos interessados em participar tem batido todos os recordes.
O evento integra ainda, sob a orientação da Associação In Loco, inúmeras demonstrações gastronómicas com chefs locais e convidados em parceria com as Escolas de Hotelaria do Algarve de Faro e Vila Real de Santo António, animação itinerante, espetáculos de música e dança, visitas ao
património, conferências, oficinas, encontros temáticos e atividades físicas, com destaque para a já tradicional Marcha da Dieta Mediterrânica, em parceria com o IPDJ e associações do concelho. Esta edição inclui também seminários, conferências, exposições temáticas e atividades culturais que exploram, de forma acessível e reflexiva, os grandes eixos da sustentabilidade, da tradição e da inovação, aprofundando o papel da Dieta Mediterrânica no presente e no futuro das comunidades.
A componente musical da Feira estará distribuída por sete palcos localizados em diferentes espaços emblemáticos da cidade de Tavira: Praça da República,
Jardim do Coreto, Antiga Lota (junto ao Mercado da Ribeira), Castelo, Largo de Nossa Senhora da Piedade, Igreja da Misericórdia e Praça da Convivialidade. Esta dispersão geográfica da programação permite, não só uma fruição cultural mais abrangente, como também proporciona ao público a oportunidade de descobrir a riqueza arquitetónica, histórica e paisagística da cidade, cuja identidade mediterrânica se reflete em cada praça, igreja e rua.
Entre os nomes em destaque, contamse Xutos & Pontapés, Virgem Suta, Saad Tiouly (Marrocos), o flamenco de Argentina (Espanha), Cuca Roseta com a Orquestra do Algarve, Expresso Transatlântico, Criatura, A Cantadeira, Arbadetorne (França), Organetto a Cukù (Itália), António Zambujo, Ajde Zora (Itália/Sérvia), Thanos Stavridis & Drom (Grécia) e D.A.M.A., entre muitos outros. Mantém-se igualmente o cuidado com as famílias e o público infantil, com uma programação reforçada que contempla oficinas dinamizadas pelo Museu da Marioneta, atividades de educação ambiental da Associação Rotinas Selvagens, os sempre populares Jogos do Hélder e os Contos de Tradição Oral da Associação Praça dos Livros Livres, um espaço de leitura partilhada e contadores de histórias. Ao longo dos quatro dias, apresentar-se-ão várias companhias de marionetas nacionais de grande qualidade artística: S.A. Marionetas, Era Uma Vez Marionetas, Teatro e Marionetas de Mandrágora, Rui Sousa Marionetas e Partículas Elementares.
A Praça da Convivialidade, instalada no Parque do Palácio da Galeria, será o
coração da experiência gastronómica da Feira. Ali poderão ser degustadas especialidades inspiradas na tradição mediterrânica, com a presença de quatro restaurantes – dois nacionais, um de Itália e um de Marrocos. Também 13 restaurantes de Tavira, ao longo dos dias da Feira, apresentarão menus especiais baseados na alimentação saudável, sazonal e sustentável.
Durante os quatro dias de certame serão apresentadas, igualmente, expressões culturais inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, como o Fado, o Cante Alentejano, os Caretos de Podence, o Museu do Cavaquinho e o Teatro Dom Roberto, num esforço contínuo de valorização e salvaguarda da cultura popular portuguesa. No campo editorial, a Feira da Dieta Mediterrânica inclui também a apresentação de dois livros de especial relevância. O primeiro, «Carlos Paredes – A Guitarra de um Povo», com posterior concerto de homenagem ao mestre da guitarra portuguesa, protagonizado por Luísa Amaro, discípula de Carlos Paredes e sua continuadora artística. O segundo título em destaque é a nova edição do livro «Dieta Mediterrânica: Uma Herança Milenar para a Humanidade», da autoria de Jorge Queiroz, um contributo essencial para a compreensão histórica, cultural e simbólica deste património comum.
Com entrada livre, o convite é simples e irresistível: rumar à cidade do Rio Gilão com tempo, com a família e os amigos, com os sentidos abertos e o espírito curioso. Porque, de 4 a 7 de setembro, Tavira vai respirar cultura mediterrânica.



Boliqueime Food Festival voltou com muita música, sabores do mundo e artesanato local
sexta edição do BFF – Boliqueime
Food Festival animou o Largo da Feira de Boliqueime nos dias 25, 26 e 27 de julho, com uma programação
diversificada que aliou a street food à música ao vivo, doces tradicionais e artesanato. Durante três dias, visitantes de todas as idades saborearam propostas gastronómicas de várias origens, com diversas opções de comida de rua que
iam desde iguarias típicas portuguesas até sabores internacionais. O recinto contou ainda com bancas de artesanato e doçaria tradicional, ideais para quem procurava produtos feitos à mão ou simplesmente um doce para adoçar a visita.
A animação musical voltou a ser um dos grandes destaques do festival, com concertos e DJs que garantiram festa pela noite dentro. No dia 25 de julho, o palco recebeu Amy Winehouse – Tributo Algarve e Simply the Best – Tributo a Tina
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes



Turner. A noite prosseguiu com os DJs Canhoto e Special K. No dia 26 de julho, a música começou com os Ben & The Pirates e seguiu com uma viagem aos anos 90 com Noventamente. A animação continuou com os DJs TuXx e Vasco
Dantas. A última noite trouxe os Maritenda Allstars e um tributo
imperdível aos The Doors com Five to One. Os DJs Borisoft e G3 encerraram o festival com muita energia.
O BFF foi organizado pela Junta de Freguesia de Boliqueime, com o apoio da Câmara Municipal de Loulé.
















































ÉPOCA DA APAGL TERMINOU FANTÁSTICO SARAU
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

TERMINOU COM UM SARAU EM ALMANCIL



hegou oficialmente ao fim, no dia 26 de julho, a época 2024/2025 da APAGL – Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé, com o habitual Sarau que pela primeira vez aconteceu no Pavilhão Multiusos 25 de Abril, em Almancil.
Uma noite fantástica onde os familiares e amigos dos jovens atletas assistiram ao
trabalho das classes de competição de ginástica acrobática e trampolins e das classes formação de Almancil, Loulé e Quarteira das duas modalidades, mas também a exibições dos mais pequeninos, da classe sénior e das danças populares, a mais recente novidade do categorizado clube do concelho de Loulé. Um sarau que terminou em ambiente de enorme confraternização intergeracional no praticável, uma vez que se assinalava, nesta data, o Dia dos Avós.



























































DAVID CARREIRA «A ÚLTIMA DANÇA»

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
CARREIRA TROUXE
DANÇA» A ALMANCIL





lmancil acolheu, de 31 de julho a 3 de agosto, mais uma edição da Festa de Verão e das Comunidades, uma organização da Junta de Freguesia de Almancil com o apoio do Município de Loulé. Foram quatro noites de grande folia e saudável convívio, com milhares de residentes, emigrantes e turistas a encheram a zona envolvente do Jardim das Comunidades para assistir a diversos espetáculos musicais, desfrutarem da muita oferta gastronómica existente e conhecerem de perto o trabalho do associativismo local.
O principal cabeça-de-cartaz da edição de 2025 foi David Carreira, que trouxe a sua tournée «A última dança» até Almancil, no dia 2 de agosto, para delírio do público que esgotou o recinto. Uma digressão onde o conhecido artista interpreta os maiores sucessos do seu versátil trajeto, com diferentes estilos musicais a levarem à loucura as jovens fãs, antes da anunciada pausa na carreira. Mais uma noite para ficar na memória das gentes de Almancil, uma cidade por quem David Carreira nutre um carinho especial, uma vez que desde pequeno se habituou a passar férias nesta freguesia do concelho de Loulé.
































NOVO FESTIVAL BALTUM PATRIMÓNIO E IDENTIDADE
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Nuno Machado/Notícias de Albufeira

BALTUM CELEBROU IDENTIDADE DE ALBUFEIRA


Festival Baltum é a nova aposta do Município de Albufeira, com a primeira edição a realizar-se, entre 24 e 27 de julho, tendo como mote «Celebrar e (Re)Descobrir Albufeira».
O Festival recupera a designação de Albufeira durante o período romano, e tem como objetivo surpreender os visitantes em cada rua e recanto da cidade. Para tal, contou com um programa extenso e diverso que levou a 19 pontos espalhados pela cidade vários concertos de música, bem como performances e instalações artísticas, tudo com entrada gratuita.
Pelo palco principal instalado na Praça dos Pescadores passaram nomes como Gisela João, a Orquestra Ligeira do Exército com Katia Guerreiro, Tito Paris e os franceses Les Fo’Plafonds, que atuaram pela primeira vez em solo nacional. Destaque ainda para a Igreja de S. Sebastião, que acolheu a dupla galega Caamaño&Ameixeiras, a artista ucraniana Ganna, os DJs portugueses Beatbombers e Emmy Curl. “A ideia é celebrar a identidade local e dar a conhecer o património histórico e cultural de Albufeira”, explicou o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, adiantando que o evento “é mais uma prova de que Albufeira tem hoje um cartaz cultural de referência”
























Fake News sempre existiram – Agora são apenas mais baratas, rápidas e democratizadas
Carlos Manso,
ivemos hoje numa era marcada por uma falsa novidade e que a todos causa indignação, as fake news ou em bom português, notícias falsas. Com a massificação das fake news nas redes sociais, parece que a desinformação ganhou uma nova dimensão. No entanto, a mentira, ou melhor, a manipulação da verdade com objetivos políticos, económicos ou ideológicos, tem uma longa história. A diferença entre o passado e o presente não está tanto na intenção, mas no meio, na velocidade e na descentralização e massificação da sua difusão.
Durante décadas, as fake news foram monopólio das elites com acesso privilegiado aos meios de comunicação, nomeadamente nos jornais, rádios e, mais tarde, nas televisões que funcionavam como vetores controlados por partidos políticos, governos ou grupos económicos. O noticiário das 20h, por exemplo, serviu durante muito tempo não apenas para informar, mas para orientar a opinião pública, num exercício de pedagogia política nem sempre transparente, servindo inclusive para promover figuras políticas sem nunca se
informar que aquela opinião tinha uma agenda política. Os comentaristas, muitas vezes apresentados como «especialistas independentes», não raras vezes tinham e ainda têm filiações partidárias bem conhecidas nos bastidores, ou eram e ainda são colocados ali estrategicamente para sustentar narrativas alinhadas com o poder ou com a oposição.
Neste contexto, o cidadão comum consumia e ainda consome a versão da realidade filtrada, manipulada e embrulhada em linguagem de autoridade e independência. A mentira era e é mais sofisticada, mais difícil de desmontar e, sobretudo, menos visível enquanto mentira, precisamente porque vinha e ainda vem com o selo de credibilidade dos media tradicionais.
O que incomoda é que, com o crescimento e massificação da internet e das redes sociais, a paisagem alterou-se radicalmente. A autoridade tradicional dos media foi corroída e hoje, qualquer utilizador com um telemóvel pode produzir e difundir conteúdos, verdadeiros ou falsos, que alcançam milhões em poucos minutos, tornando as fake news virais, emocionais, simplistas e, com frequência, altamente eficazes.

Mas esta descentralização e massificação trouxe um paradoxo. Se, por um lado, libertou a comunicação do controlo editorial, por outro, abriu espaço para novas formas de manipulação, agora ao serviço de microgrupos, influencers, bots, movimentos extremistas ou até potências estrangeiras, e a ausência de filtros editoriais (bons ou maus) deram lugar a bolhas informativas, algoritmos que premeiam o escândalo e uma cultura de instantaneidade que privilegia o impacto sobre a veracidade.
Apesar das diferenças técnicas e de escala, há um paralelismo claro entre as fake news do passado e as atuais, já que ambas manipulam a perceção da realidade com objetivos de dominação simbólica e política; exploram emoções como o medo, raiva e esperança para catalisar adesão e mobilização; dependem da autoridade do meio (no passado a televisão, hoje a difusão e propagação massificada nas diversas redes sociais) para legitimar-se, produzem consequências reais como influenciar eleições, políticas públicas influenciadas e comunidades divididas.
A diferença fundamental está no grau de consciência que o cidadão tem deste fenómeno e enquanto, no passado, curiosamente poucos questionavam a informação veiculada nos telejornais, hoje, paradoxalmente, a dúvida sistemática alimenta tanto o ceticismo saudável como as teorias da conspiração mais perigosas.
O combate às fake news não se faz apenas com fact-checking, nem com mais regulação das plataformas digitais, exige uma cultura cívica mais exigente, onde a literacia mediática seja uma competência tão valorizada quanto saber ler ou escrever. Também exige responsabilidade editorial nos media tradicionais, que não podem continuar a dar palco, em horário nobre, a comentadores que operam como operacionais de guerra partidária sob disfarce de uma falsa imparcialidade.
Enquanto sociedade, precisamos de voltar a distinguir entre opinião e propaganda, entre jornalismo e entretenimento político, entre liberdade de expressão e manipulação informativa, porque só assim poderemos responder ao desafio que nos é colocado, que é o de viver numa democracia com acesso à verdade ou, pelo menos, com as ferramentas para a procurar ativamente. Pensem nisto.
Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.
O Dedo do Meio
Sílvia Quinteiro, professora
empre sonhei conhecer
São Tomé e Príncipe. Os livros, as fotografias, os filmes, os programas de culinária, as reportagens — tudo contribuiu para uma imagem idealizada da ilha. Um paraíso onde o tempo corre devagar e que imaginei como o lugar ideal para, um dia, me aposentar. Uma casa junto à praia, rodeada de coqueiros. Areia dourada, água morna, um verão infinito. Canoas a ir e vir. Gente feliz no seu viver sem pressa.
Quando surgiu a oportunidade de visitar o país, agarrei-a sem hesitar. Preparei a viagem ao mais ínfimo detalhe. Acreditei estar pronta para tudo. Tal como acreditei que o primeiro impacto seria o da exuberância das cores. Enganei-me. O que sobressai à chegada é a sensação de se ter aterrado num mundo em miniatura. Apenas as pessoas são de tamanho normal. Um pequeníssimo aeroporto, uma zona de chegadas improvisada numa tenda. Um minúsculo e desengonçado tapete a desfilar a bagagem.
Depois as distâncias, que me pareciam significativas nos mapas, revelam-se afinal curtas, tal como o são as estradas. Já o tempo que levamos a percorrê-las... é outra conversa. Duas vias saem da capital e contornam a ilha. Como duas cobras que se procuram. Deslizam
lentamente em direção uma à outra, mas não se encontram. Não há como circundar a ilha por via terrestre. Nunca houve, e a recente queda de uma ponte veio abreviar o já curto e acidentado trajeto da zona norte. A sul, a viagem fazse transpondo buracos: enormes, imensos. Nas ruas de São Tomé, o cenário não difere muito. Aqui, o trânsito obedece a um código peculiar: a prioridade é sempre do mais audaz, e a velocidade é regulada pela dimensão das crateras. As mais eficazes, neste aspeto, são as que se encontram inundadas. Nunca se sabe o que escondem. Eu, pelo menos, receio que, tal como se diz da Boca do Inferno desta ilha, algum destes buracos possa devolver-me a Lisboa.
O grau de degradação da cidade é tal, que se estas ruas por magia se esvaziassem, sentir-nos-íamos de imediato numa cidade abandonada há décadas. Uma mão cheia de edifícios escapa à regra: o Palácio Presidencial, as instalações da ONU, algumas embaixadas, três hotéis, outros tantos restaurantes, meia dúzia de igrejas e pouco mais. A ausência de investimento é gritante. Tapa-se um buraco aqui, outro acolá, renova-se o passeio marítimo... mas nada que sugira um futuro diferente.
A visita às roças confirma o constatado na cidade. As ruínas albergam aqueles que herdaram o trabalho dos seus antepassados e que ali vivem num estado

de suspensão, como se continuassem a aguardar o toque do sino para a contagem. A marca da escravatura ainda não se dissipou. Estão ali. Vão estando. Não com uma perspetiva de porvir, mas com o peso de uma tarefa por acabar. Cacau e café. Vão roçando até que a ferrugem os consuma e pare definitivamente. As pessoas, tal como as máquinas, são a herança do tempo colonial, ali deixada pelos portugueses no século XIX. Roça-se. O depois é apenas uma interrogação.
É-me garantido a todo o momento que, apesar da pobreza, ninguém passa fome. A terra e o mar são generosos. Sobejam as bananeiras, papaieiras, cajamangueiras, árvores-do-pão, jaqueiras… Circula-se evitando atropelar porcos, cabras e galinhas. À beira-mar, mulheres vendem peixe acomodado simetricamente em alguidares coloridos. Abundam o polvo, o choco e o marisco. O mar, vasto e rico, contrasta com a frota de frágeis canoas de madeira, com as velas feitas de retalhos de sacas, e com os corpos sacrificados dos pescadores.
Não interessa aos países desenvolvidos perder as cotas de pesca, nem que os sãotomenses ganhem mais com o café e o cacau do que o valor da matéria-prima, explicam-me. A exploração do recémdescoberto petróleo não se prevê diferente. Cairão algumas migalhas sobre a ilha. Não se sabe em que pratos. A riqueza destes mares encherá, como sempre, bolsos brancos.
A pobreza é visível em cada centímetro do território, mas é nas crianças que se torna incontornável. Perseguem-nos, abordam-nos com olhos doces e sorriso aberto. Pedem “Doce, doce, doce!”. Doce, salgado, é indiferente. “Doce” é sinónimo de “qualquer coisa”. Crianças sem bonecas, sem carrinhos. Com bolas rotas e com catanas, que empunham com naturalidade e agilidade: um cacho de bananas, um coco, um tronco para fazer carvão… Adultos e crianças recolhem o que encontram. A catana é uma necessária extensão das mãos.
Abrando junto a uma ribeira. Dezenas de mulheres lavam roupa e estendem-na sobre pedras negras. Os filhos brincam por ali. Tomam banho. Não muito diferente do Portugal de outros tempos. As cores são vibrantes e convidam a fotografar. Avanço, e é nesse momento que, diante da lente, surge um rapazito. Dez, doze anos, talvez. Sem dizer uma palavra, interpõe-se entre mim e a paisagem, levanta o braço e mostra-me o dedo do meio. Não num gesto de traquinice. O ar é sério. Os olhos transbordam o peso de uma desilusão que não se aprende, herda-se.
Fico sem reação. Retiro-me. Ele não se move um milímetro.
Observo agora a fotografia e percebo que aquele dedo do meio era para mim, sim. Mas era também para todos nós. Para todos os que lá passaram e passam, olham e não fazem nada que lhe permita acreditar no futuro: igrejas, missionários, diplomatas, turistas… Este é o dedo em riste de um povo cansado de promessas, de turistas com câmaras ao peito, de fundos que não chegam, de uma ajuda que é esmola. Um gesto rude, sem dúvida, mas que não pretende ofender. Que é um grito de revolta. Uma denúncia. Um clamor. Um poema, como o escrito por Marcelo da Veiga em 1935:
África não é terra de ninguém, De quem chega, suga e já não vem.
Não é despojo de conquista fria, Nem mapa branco de cobiça e tirania.
África é nossa! É nossa! É nossa!
É impossível não sentir vergonha. Não escutar. Mesmo que doa. Mesmo que o poema venha sob a forma de um assertivo dedo do meio.

O Algarve é grande e todo o ano!
Paulo Neves, «ilhéu», mas nenhum homem é uma ilha
gosto e já estamos, quase, o triplo do que somos habitualmente.
A média anual da população presente na região é, sempre, o dobro daquela que está recenseada (verificado pelos recenseamentos de tráfego/consumo de água/ eletricidade e produção de resíduos) e isso impacta nos serviços, nas infraestruturas, na nossa capacidade de resposta humana às exigências da procura, criando stresse nos equipamentos e nas pessoas dos diferentes setores.
Problema acrescido que se torna mais visível quando se adotam respostas idênticas para situações e dificuldades diferentes por regiões do país, mormente com a manutenção de orçamentos e condições para uma população que suporta um nível de vida mais alto por causa das especificidades dos setores económicos em que nos especializámos, assim como os meios que as entidades oficiais são providas para as respostas que são responsáveis, seja na saúde, na segurança, nos investimentos das autarquias…
O stresse e a insatisfação de todos são evidentes. O nível de tolerância, mesmo para aqueles como eu que defendem a
distribuição de recursos de forma solidária por todas as outras no contexto nacional.
Portanto, não defendo o retorno dos mais de 5% oficiais que geramos, mas reivindico uma medida inteligente óbvia –se oferecermos melhor atendimento, serviço e infraestruturas continuaremos a contribuir com mais e, já agora, como até aqui, a crescer acima dos próprios níveis médios do país.
Isso é bom para Portugal, porque precisa e o Algarve merece. O contrário continuará também a ser injusto e medida estúpida de curto prazo.
Haverá um tempo que, como noutros destinos, os residentes se vão revoltar contra aqueles que nos visitam e provocam, sem saber que passaram a ser vistos como os responsáveis nas mais dificuldades em manter o nível de vida, a qualidade de viver a região e o custo de ser algarvio, acrescido das situações de «dumping social» que estamos a assistir devido à carência de mão de obra aos valores das remunerações exigíveis.
Nestes dias vivemos, na área da saúde também, as evidências desta carência. Uma greve que acresce ao período de férias que a organização escolar impõe aos profissionais de saúde, ao mesmo tempo que a procura de necessidade de resposta dos serviços aumenta mais.

Noutros setores de abastecimento, que acima referi, os problemas são iguais.
São situações como estas, recorrentes, que motivam a presente posição. Não vejo que a criação de um clima de confrontação, em particular com quem tem de fazer turnos em ambientes extenuantes, se resolva com medidas que atacam os direitos na área da parentalidade, com burocracias que colocam os trabalhadores sem regularização contratual ou dando conta da preferência negocial de uns afastando outros.
Talvez se todos assumirmos que o Algarve é grande, impondo soluções novas, consigamos reunir o apoio ao invés da luta entre nós.
Volto a defender que o Algarve tem especificidades próprias e, portanto, respostas específicas, nas áreas das creches, no alojamento, nos contratos ao abrigo da negociação de Acordo de Empresa, além dos acordos coletivos nacionais.
Muito em breve serão anunciados mais milhões «para as paredes e para novos equipamentos», mas são as pessoas que fazem a diferença no cuidar.
Eu sei por experiência própria o que valemos e o nosso capital humano é capaz. Agora que somos todos Saúde Algarve, com uma ULS, somos maiores, mas somos iguais e úteis para quem atendemos num Centro de Saúde e/ou nos Cuidados Hospitalares, tratando todos sem stresse como se impõe a quem precisa, fazendo valer que o cidadão é mesmo o foco das políticas públicas pela integração de respostas em função das suas necessidades quando vive momentos de dificuldade.
Um dia teremos que ter legitimidade para, sendo eleitos na região, dizer basta de sermos dependentes de quem não sabe ou faz que sabe por causa que valemos mais pelas contribuições do que pelos votos nacionais que representamos.
Sim, falo da regionalização administrativa.
Foto: João Neves dos Santos


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