REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #490

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ALGARVE INFORMATIVO

ACADEMIA DE DANÇA DO ALGARVE

ÍNDICE

36.ª Feira Concurso Arte Doce em Lagos (pág. 24)

Ambiente é aposta forte do Município de Castro Marim (pág. 36)

Feira da Serra em São Brás de Alportel (pág. 54)

Fanfare Ciocalia em Tavira (pág. 74)

10.º Lota Cool Market em Portimão (pág. 84)

43.ª Concentração Motard de Faro (pág. 92)

18.º aniversário da Academia de Dança do Algarve no Teatro das Figuras (pág. 102)

39.º Festival da Canção Infantil e Juvenil Chaminé D’Ouro em Portimão (pág. 134)

OPINIÃO

Mirian Tavares (pág. 148)

Ana Isabel Soares (pág. 150)

Fábio Jesuíno (pág. 152)

Carlos Manso (pág. 154)

Arte Doce celebrou a doçaria regional num ambiente de festa e partilha

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Carlos Afonso/Município de Lagos

urante cinco dias, de 23 a 27 de julho, a 36.ª Feira Concurso

Arte Doce atraiu milhares de visitantes e acolheu dezenas de expositores, numa celebração da doçaria tradicional algarvia. Com uma programação diversificada que incluiu música ao vivo, showcookings, animação infantil e, claro, muita doçaria, o evento voltou a afirmar-se como um dos grandes destaques do verão no Algarve.

Este ano, o tema «Encontro de Culturas pela Paz» esteve no centro das atenções, não apenas como inspiração para o concurso de doçaria, mas também refletido nos showcookings, na presença de expositores de várias regiões do país (com especial destaque para a Beira Interior, região convidada), e na diversidade cultural dos artistas que subiram aos palcos. No palco principal, nomes como Maninho, Os Quatro e Meia, Bárbara Tinoco, Ivandro e Sara Correia

encheram o recinto noite após noite, criando momentos memoráveis.

Entre tasquinhas, artesanato e produtos regionais, o verdadeiro coração do evento manteve-se na dedicação e mestria dos doceiros e doceiras, que deliciaram os milhares de visitantes com iguarias típicas da doçaria algarvia e de outras regiões. Como habitual, o município distinguiu os melhores nas categorias de «Arte Doce» (tema obrigatório e tema livre), «Qualidade na Tradição» e «Doces de Inovação», reconhecendo o talento e a criatividade dos participantes, ao mesmo tempo que se promove a gastronomia regional e se incentiva a passagem de saberes às novas gerações. “O balanço é muito positivo e reforça mais uma vez o papel de Lagos como destino turístico e cultural de excelência. Um agradecimento especial a

todos os visitantes, participantes, serviços e entidades envolvidos, com um carinho redobrado para os doceiros e doceiras que continuam a manter vivas as nossas tradições”, declaram os responsáveis autárquicos.

Premiados da 36.ª Feira Concurso Arte Doce:

Concurso Arte Doce – Tema Obrigatório «Encontro de Culturas pela Paz»

1.º lugar: Jorge Sequeira – As Passinhas do Algarve

2.º lugar: Lucília Baptista

3.º lugar: Paulo Vieira – Pó de Açúcar

Concurso Arte Doce – Tema Livre

1.º lugar: Lucília Baptista

2.º lugar: Eugénia Militão – Os Docinhos da Gena

3.º lugar: Jorge Sequeira – As Passinhas do Algarve

Concurso Qualidade na Tradição

Melhor Doce Fino: Lucília Baptista

Melhor Dom Rodrigo: Ana Duarte –Pastelaria Doce & Arte

Melhor Doce de Figo: Liberdade Joaquim

Melhor Morgado: Tânia Joaquim e Gracinda Baptista – Atelier dos Sabores

Concurso Doce de Inovação

Ana Duarte – Pastelaria Doce e Arte

Ambiente é uma das grandes

apostas do Município de Castro Marim, por um mundo melhor

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Município de Castro Marim

área do Ambiente é uma das grandes bandeiras e apostas do Município de Castro Marim nos últimos anos, como o demonstram os vários investimentos e ações inovadoras realizadas no concelho, sempre a pensar num futuro melhor para o mundo e para as próximas gerações. Exemplo disso é a quinta edição do programa «Jovens pelo

Ambiente», desenhado para promover uma nova cultura e forma de sensibilização ambiental e cujos participantes são convidados a trabalhar no sentido crítico e a participar ativamente na valorização do espaço público e preservação ambiental. Durante as semanas em que decorre o programa, este novo grupo de jovens vai participar na intervenção e limpeza nos espaços públicos, além de organizar ações de promoção e sensibilização ambiental em vários locais do concelho.

Vários alunos do Agrupamento de Escolas de Castro Marim são também «Vigilantes de Palmo e Meio», programa que arrancou com uma receção pela Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim e da Comissão de Cogestão da Reserva, Filomena Sintra, onde expuseram alguns dos problemas detetados e, simultaneamente, entregaram uma lista de contributos e ações para a sua resolução. Posteriormente, procedeu-se à colocação de uma lona de sensibilização para a recolha de dejetos caninos, junto à Escola Primária de Castro Marim, que reproduz um cartaz elaborado e escolhido por consenso dos alunos da respetiva turma. E, pegando no mote desta ação, o Município de Castro Marim pretende desenvolver um novo projeto, «Autarcas de Palmo e Meio», que consiste em

replicar Reuniões de Câmara com a participação dos mais pequenos, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência de cívica desde a infância.

A Educação Ambiental é outra das grandes apostas do Município de Castro Marim, que em parceria com entidades como o Agrupamento de Escolas e a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, promovem diversas atividades ao longo do ano junto dos jovens e crianças. São proporcionadas experiências educativas ligadas à biodiversidade e aos ecossistemas locais como a observação de aves com binóculos, a identificação de insetos e microrganismos, a medição da salinidade da água, a visualização do filme de animação «A Aventura do Júnior na Reserva Natural do Sapal de Castro

Marim e Vila Real de Santo António» ou a exploração da exposição patente no Centro Interpretativo.

As crianças e jovens do concelho também já participaram noutras atividades como a descoberta e análise da biodiversidade da Ribeira de Odeleite, Dia da Rede Natura, saídas de campo, Dia das Aves Migratórias, Dia Aberto da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. A Escola Básica de Castro Marim venceu no ano passado o Concurso de Eficiência Hídrica na Escola 2024/2025, na categoria «Ação», conquistando o terceiro prémio no valor de cinco mil euros. As praias do concelho também são locais de Educação Ambiental, com a realização de

workshops, com o objetivo de sensibilizar para as questões ambientais de uma forma lúdica e didática, com as crianças como público-alvo, além dos adultos que as acompanham. Já o Mercado Local de Castro Marim acolheu, pelo segundo ano consecutivo, a exposição «A Água e o Mar para mim», desenvolvida pela Águas do Algarve, que tem como objetivo a promoção da reflexão e conscientização para a importância e valorização da água e do mar.

Bandeira Azul, Bandeira Praia Acessível e Qualidade de Ouro

Castro Marim conquistou novamente três galardões de qualidade atribuídos a zonas balneares: Bandeira Azul, Bandeira

Praia Acessível e Qualidade de Ouro. As praias da Alagoa/Altura, Praia Verde e Cabeço voltam, assim, a ser reconhecidas pela qualidade ambiental, pela segurança, pelos serviços e pela acessibilidade que oferecem a todos os visitantes. O hastear das bandeiras, este ano sendo Castro Marim o primeiro concelho do Algarve a fazê-lo, foi também o ponto de partida para mais uma época balnear que se quer segura, inclusiva e informada, com destaque para a disponibilização de cadeiras anfíbias, passadeiras, sanitários adaptados e sinalética acessível, assegurando que todos, sem exceção, possam usufruir das nossas praias.

Ao longo dos últimos anos, o Município de Castro Marim tem investido igualmente na manutenção, requalificação e plantação de árvores e

plantas em todo o concelho. assim, no âmbito da requalificação da Avenida 24 de Junho, em Altura, foram plantadas mais de 60 árvores ao longo do separador central, de três espécies diferentes, que inclui ainda um sistema de rega inteligente de gota a gota que permitirá regular a quantidade de água em tempo real, conseguindo assim realizar poupanças de água.

Ao longo dos últimos anos procedeu-se a várias intervenções no arvoredo público, em situações específicas e de risco, sempre com o maior respeito pela manutenção, valorização e expansão das espécies localizadas em zonas urbanas. Através de um plano e com uma equipa de gestão que analisa e propõe as intervenções que devem e podem ser feitas no arvoredo e no espaço público, o Município de Castro Marim avançou com

a remoção de árvores de grande porte devido ao receio de queda das mesmas e à sua grande dimensão, que pode ameaçar pessoas, animais, bens e edificado próximo.

Além da preocupação com a reflorestação, a Câmara Municipal de Castro Marim investiu nesta estratégia preventiva, através da aplicação de produtos fitofarmacêuticos, por injeção no tronco das árvores, por via de dispositivos de endotratamento. Este procedimento não é agressivo para o meio ambiente, substituindo as pulverizações massivas das copas das árvores.

O Município de Castro Marim arrancou também com obras de reconversão do espaço verde na entrada da urbanização

Quinta da Cerca, devolvendo-o à comunidade com mais e melhores condições e medidas de combate ao problema da seca no território. Prevê-se para aquele local a criação de um circuito pedonal, uma zona de lazer e picnic com mesas e bancos, além de outro mobiliário urbano e equipamentos de fitness.

Para contribuir para a poupança de água, serão plantadas espécies autóctones e instalado um sistema de rega com gestão por telemetria para reduzir os consumos de água. Este novo sistema permite regar de forma totalmente remota e automática, através de uma plataforma de gestão de controladores no terreno, tornando a irrigação mais eficiente e racionalizando o consumo de água, com os menores custos possíveis. Os habitantes da

urbanização da Quinta da Cerca e do concelho de Castro Marim terão ainda acesso neste local a uma ilha de compostagem doméstica, onde poderão colocar os seus biorresíduos, no âmbito de uma aposta e de uma campanha de sensibilização do Município.

Voluntariado é mais-valia fundamental

A limpeza do concelho é também feita por voluntários e sócios de associações de caça, que todos os anos arregaçam as mangas e participam em ações que recolhem toneladas de lixo. Os caçadores são, ao longo de todo o ano, guardiões do ambiente, desenvolvendo campanhas de sementeiras e controlo de espécies no

território. Associam-se também com o Município de Castro Marim na gestão e limpeza de faixas de combustíveis, além de serem parceiros no Plano Municipal de Proteção Civil, enquanto comunidade que melhor conhece os caminhos e acessos da serra e barrocal. A iniciativa «Castro Marim + Limpo» também regressou às ruas, com o empenho e dedicação dos voluntários, de uma equipa de trabalhadores do Município e das Juntas de Freguesia, que recolheram todo o lixo que encontraram na frente-mar de Altura e na aldeia da Junqueira.

A Câmara Municipal de Castro Marim dá uma nova vida às cápsulas de café com uma iniciativa de recolha e reciclagem pioneira no Algarve, tornando-se assim

no primeiro concelho algarvio a avançar com este tipo de projeto. Mediante um protocolo de colaboração assinado com a Recaps, a autarquia implementou um sistema comum para a recolha de cápsulas de café, disponibilizando contentores específicos nas Juntas de Freguesia, clubes, no Mercado Local de Castro Marim e nos edifícios municipais, onde os cidadãos poderão entregar as cápsulas usadas.

Qualquer pessoa poderá depositar as cápsulas usadas, independentemente das marcas ou dos materiais que sejam feitas, para que sejam posteriormente totalmente recicladas. Os invólucros de plástico ou de alumínio irão transformarse em outros objetos do quotidiano, enquanto a borra de café será utilizada para composto natural, ou seja, será

fertilizante para enriquecer as terras agrícolas.

A autarquia continua igualmente a apostar na reciclagem e na recolha de todo o tipo de resíduos, tendo instalado recentemente 15 novos oleões inteligentes em vários locais estratégicos do concelho e com tecnologia inovadora.

A tecnologia está de mãos dadas com estes novos oleões, que possuem também um sensor de enchimento e movimento ultrassónico e de última geração, com um sistema de comunicações, que proporciona uma solução eficiente e fiável.

Graças a esta tecnologia, o Município de Castro Marim tem acesso à visualização em tempo real do estado de enchimento do oleão, à contabilização dos depósitos efetuados e ao acesso aos dados

recolhidos numa plataforma de controlo de gestão. Outra das grandes novidades desta iniciativa é uma aplicação para smartphone, que qualquer cidadão pode ter no seu telemóvel, e que vai permitir o uso do oleão, consultar os locais onde os mesmos estão instalados, registar a sua chegada e ainda receber pontos ecológicos que podem ser posteriormente transformados em ofertas.

Frota automóvel com aposta nos veículos elétricos

De forma a oferecer uma opção de transporte mais sustentável e amiga do ambiente, o Município de Castro Marim tem vindo a adquirir, ao longo dos anos, viaturas 100 por cento elétricas. Para breve está prevista a chegada de dois autocarros 100 por cento elétricos, após o

Governo ter garantido o financiamento de cerca de um milhão de euros. Estes dois autocarros serão adaptados para pessoas com mobilidade reduzida e utilizados para o transporte escolar e urbano, entre as várias localidades, montes e nos principais fluxos pendulares do concelho de Castro Marim.

A recolha de resíduos sólidos urbanos no Município de Castro Marim foi também reforçada em todo o concelho com a aquisição de novas viaturas e outros equipamentos. Foram igualmente realizados investimentos em serviços de limpeza, lavagem e higienização dos contentores de deposição de resíduos urbanos indiferenciados e respetivas envolventes, com uma equipa integrada e reforçada. O Município de Castro Marim avançou, entretanto, com a organização de equipas, reforçadas com a contratação

externa de serviços, por forma a fazer uma intervenção musculada desde a limpeza das envolventes, à higienização e lavagem dos contentores, à georreferenciação e avaliação dos tempos de execução de cada tarefa.

Triângulo Verde

Outra aposta de Castro Marim no passado recente prende-se com o uso de meios de transporte amigos do ambiente, tendo para isso a autarquia avançado com obras como o Triângulo Verde, composto atualmente por duas ciclovias. A Ciclovia da Lezíria liga Castro Marim a Vila Real de Santo António, enquanto este ano foi inaugurada a Ciclovia da Esteveira, que liga a sede de concelho à Praia Verde, com uma extensão de cinco quilómetros.

Entre julho e setembro de 2024, a Ciclovia da Lezíria recebeu a visita de, em média, 182 pessoas por dia, segundo os dados registados através de contadores previamente instalados, totalizando mais de 16 mil pessoas. Para o futuro está prevista a construção de duas novas ciclovias, uma delas que ligará Castro Marim ao Monte Francisco e outra que irá unir a Praia Verde a Altura.

No que toca à eficiência energética e sustentabilidade ambiental, o Município de Castro Marim substituiu as luminárias nas Urbanizações da Quinta da Cerca, em Castro Marim, e da Rota do Sol, em Altura. O investimento está avaliado em mais de 150 mil euros e representa uma redução de consumo na ordem dos 72 por cento, uma vez que foram substituídas colunas e luminárias com lâmpadas de

vapor de sódio, de 100W, por luminárias em LED, com 28W ou 54W.

O Município de Castro Marim, em parceria com as Águas do Algarve e no âmbito do Fundo Ambiental, arrancou com uma intervenção na rede de saneamento para reduzir as afluências indevidas de água salobra, aumentando assim a reutilização de água tratada. Esta intervenção, com a colocação de mangas protetoras na rede de saneamento, decorreu na vila de Castro Marim depois de terem sido realizados os trabalhos de diagnóstico e limpeza de condutas, uma vez que a rede de esgotos da vila já é antiga e está próxima ao rio Guadiana, existindo assim várias afluências de água salobra nos coletores de esgotos. O Município de Castro Marim é, de facto, o concelho do Algarve que mais tem mostrado desempenho de poupança contínua no consumo de água e este trabalho vai continuar num bom ritmo com a instalação de mais Zonas de

Medição de Caudal (ZMC’s) em vários locais espalhados pelo território.

Estas Zonas de Medição de Caudal contribuem para uma intervenção mais rápida em ruturas não visíveis à superfície, evitando o desperdício e apostando na poupança de água. A sua implementação tem também como objetivo a adoção de uma estratégia ativa de redução de perdas nos sistemas de abastecimento, garantindo uma melhor qualidade do serviço, a sustentabilidade ambiental do território e maior resiliência dos sistemas. A operação contribuirá ainda para melhorar a eficiência de utilização da água.

A recolha seletiva de proximidade de biorresíduos arrancou no início do mês de setembro do ano passado em todo o concelho de Castro Marim, realizando-se duas vezes por semana. Esta iniciativa é uma das primeiras a avançar em toda a região algarvia, tendo o Município de

Castro Marim adquirido novas viaturas e equipamentos para o efeito, além da formação dos seus profissionais e da instalação de contentores de proximidade em zonas piloto.

A recolha pretende cumprir o compromisso e a meta de Portugal em encaminhar separadamente estes resíduos, que decorrem nas zonas piloto definidas em função de critérios de gestão, localizadas na Urbanização Quinta da Cerca, na vila de Castro Marim, na Urbanização Quinta do Sobral, Urbanização dos Corvinhos e Urbanização Casas de Alcaria. Foram ainda disponibilizados à população baldes castanhos de sete litros para uso doméstico e contentores de 240 litros em

abrigos na via pública nas zonas definidas.

«Compostar é Dar Vida, é Valorizar!» é o mote do projeto de compostagem doméstica que pretende continuar a entregar compostores à população, tendo alargado a iniciativa aos estabelecimentos de agroturismo e turismos rurais que podem solicitá-los, estando limitados a dois por estabelecimento e ao stock existente. Foram instalados compositores comunitários destinados àqueles que não tenham condições para a colocação do compostor doméstico e que servem para promover a separação deste tipo de resíduos em comunidades mais alargadas.

Feira da Serra de São Brás de

Alportel adoça o verão algarvio com o sabor da tradição e da inovação

e 24 a 27 de julho, a Feira da Serra regressou a São Brás de Alportel para quatro dias repletos de vivências, saberes, sabores e um mundo de experiências para toda a família. O recinto voltou a crescer nesta edição e ultrapassou os 4 hectares, com mais de 300 expositores, 22 espaços temáticos, 9 espaços de restauração, uma dezena de pontos de petiscos e similares, mais de 70 horas de

espetáculos e animação nos seis palcos. “É um evento completamente diferenciador, com propostas para todas as idades e preferências, onde o visitante tem oportunidade de conhecer a cultura, as tradições, as artes e ofícios, a potencialidade do território, das suas gentes e dos seus empreendedores, assim como produtos genuínos de grande qualidade”, descreveu o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro.

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Fábio Freira

Os cabeças de cartaz este ano foram Matias Damásio, Emanuel, Pedro Abrunhosa e Carolina Deslandes no Grande Palco, que a cada noite foi aberto por uma banda com ADN são-brasense. Nesta edição, o mel foi o produto em destaque, com a sua cultura e gastronomia a inspirar os 22 espaços temáticos distribuídos pelo recinto localizado na Escola EB 2,3 Poeta Bernardo de Passos.

Entre as novidades contaram-se a Serra Tech, onde a tecnologia, a inovação e o empreendedorismo andaram lado-alado, assim como o projeto «Sopa da

Serra», que ofereceu opções gastronómicas aos visitantes com diferentes necessidades ou regimes alimentares. A Banda Feira da Serra Jovem deu oportunidade aos jovens sãobrasenses para subirem ao palco pela primeira vez, acompanhados por uma banda coordenada por Ricardo Silva.

A Feira da Serra continuou a valorizar os saberes, os sabores e a cultura da Serra Algarvia e este ano teve a sua «Aldeia Serrana» e o «Encontro de Ofícios» ainda com mais artesãos a trabalhar ao vivo. Pelo Palco Sabores passaram diversas demonstrações gastronómicas e

apresentações de projetos interessantes e inovadores inspirados no mel, que deram a conhecer todo o seu potencial no «Sítio do Mel».

No Sítio dos Curiosos, os mais novos encontraram muitas surpresas e divertidas atividades lúdicas para experimentar e o Sítio dos Animais, dinamizado pelo Centro de Interpretação e Educação Ambiental – Quinta do Peral,

contou com várias espécies autóctones do território algarvio. O Picadeiro abriu diariamente com as sessões de batismo de equitação para crianças, seguidas de espetáculos equestres. O Palco Patudos esteve igualmente de volta com demonstrações de treino de obediência canina da Associação Algharbravo e outras atuações com os melhores amigos do homem.

Tavira vibrou com a Fanfare Ciocalia

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

programa «Verão em Tavira», dinamizado pelo Município de Tavira, continua a proporcionar momentos

inesquecíveis na Praça da República, com milhares de residentes e turistas a deliciarem-se com espetáculos

diferenciados e de qualidade superior. Disso foi exemplo o fantástico concerto dado, no dia 26 de julho, pela Fanfare Ciocalia, uma brass band proveniente da Roménia e conhecida pela música de alta energia e ritmos complexos. Mais um excelente serão, junto ao Rio Gilão e sob o céu estrelado, a demonstrar o porquê de Tavira ser uma das cidades mais in voga do verão algarvio.

Lota Cool Market

festejou 10.º aniversário

uma edição especial em que assinalou 10 anos de existência, o Lota Cool Market regressou à Zona Ribeirinha de Portimão, entre 16 e 20 de julho, para mostrar mais uma vez o melhor do artesanato, design e gastronomia nacional.

Sempre com enfoque na criatividade e nos talentos locais ou regionais, uma década após a estreia em 2014, esta iniciativa da Associação Teia D’Impulsos

consolidou-se como «o mercado de verão do Algarve», contribuindo para colocar Portimão num patamar de referência da criatividade, mas também dos sabores únicos, da inovação e da sustentabilidade. Apoiado pelo Município de Portimão, por este mercado já passaram dezenas de criadores de pequenas marcas, artesãos, designers e produtores, transformando a cidade numa verdadeira montra de objetos tão alternativos quanto peças de madeira reciclada, têxteis sustentáveis, joalharia ou cerâmica.

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Teia D’Impulsos

O mercado «pop up» à beira-rio, junto à Antiga Lota, voltou a ser um ponto de encontro para residentes e turistas, famílias, crianças e jovens, que desfrutaram de muita animação musical e de um ambiente inclusivo, bem como de várias novidades. Oficinas de malabarismo, jogos ou a possibilidade de experimentar diferentes instrumentos musicais foram algumas das sugestões da Teia D’Impulsos para esta edição comemorativa. Em paralelo, como é habitual, o Lota Cool Market continuou a valorizar as marcas e os produtores portugueses, dando visibilidade e gerando novas possibilidades de negócio. Houve assim espaço também para os habituais «food trucks», com propostas diferenciadas na gastronomia, que iam desde os pratos internacionais aos tradicionais petiscos portugueses.

Dando espaço à parceria com a Rádio Alvor, o Lota Cool Market reservou o Palco Choque Frontal para as atuações diárias de artistas do panorama regional, como Fernando Leal, DJ Bruno Lopes, School of Rock Portimão, Um Dia Destes, José Francisco, DJ AN_DRE, Recante, Gaiatos Capote, The Black Teddys, VIRID!S, 5ex Banda e DJ Nuno Silva. Por ser um evento eclético, a Associação Teia D’Impulsos deu também nova roupagem ao espaço familiar no Jardim Visconde Bivar com algumas novidades.

Com o apoio da Câmara Municipal de Portimão e da Região de Turismo do Algarve, o evento organizado pela Teia D’Impulsos contou com as parcerias da Algar, EMARP, Prime Digital, Super Bock e do programa Choque Frontal.

Faro foi capital mundial do espírito motard

oram milhares os motards que rumaram à capital algarvia, de 17 a 20 de julho, por ocasião da 43.ª Concentração Motard de Faro, que voltou a encher o Vale das Almas do inigualável espírito motard. O evento organizado pelo Moto Clube de Faro é considerado um dos maiores encontros de motociclistas da Europa e contou com concertos com

bandas nacionais e internacionais, com destaque para os eternos The Waterboys, Sara Correia e Hybrid Theory, exposições de motos, animação de rua e muitas outras atividades e animação especialmente preparadas para os amantes das duas rodas. Não admira, por isso, que tenha atraído milhares de visitantes de todo o mundo, promovendo como sempre o convívio e a camaradagem entre os entusiastas de motos.

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Fábio Freira

ACADEMIA DE DANÇA DO ALGARVE

18.º ANIVERSÁRIO NO TEATRO

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

ALGARVE COMEMOROU TEATRO DAS FIGURAS

ADA – Academia de Dança do Algarve voltou a subir ao palco do Teatro das Figuras, em Faro, no dia 9 de julho, com toda a magia, energia e talento dos seus bailarinos, no espetáculo de fim de época «Magical Stories» que marcou também o 18.º aniversário da sua existência. O espetáculo foi, por isso, muito mais do que uma mostra de coreografias, mas sim a celebração do esforço, dedicação e crescimento destes alunos ao longo da época 2024/2025.

Com duas sessões, às 18h30 e 21h30, respetivamente com os alunos mais jovens e os mais crescidos, o «Magical Stories» permitiu a pais, familiares, amigos e encarregados de educação juntarem-se para aplaudir de pé o percurso de quem dança com o corpo e com o coração. “Com performances pensadas ao detalhe e preparadas com muito carinho, foram dois showcases cheios de brilho, talento e histórias mágicas que emocionaram e fizeram vibrar todos os que ajudaram a tornar esta época tão especial”, referiu a direção da ADA, num espetáculo que contou com o apoio da Câmara Municipal de Faro e com a colaboração da equipa do Teatro das Figuras.

MAGIA VOLTOU A BRILHAR COM O 39.º FESTIVAL DA

E JUVENIL CHAMINÉ D'OURO

Texto: Vera Lisa| Fotografia: Vera Lisa

BRILHAR EM PORTIMÃO

DA CANÇÃO INFANTIL D'OURO

Junta de Freguesia de Portimão, em colaboração com a Rádio Alvor FM, organizou, no dia 19 de julho, a 39.ª edição do Festival da Canção Infantil e Juvenil Chaminé D'Ouro, um dos eventos culturais mais acarinhados da região. Sem surpresa, a Alameda da Praça da República voltou a encher-se de famílias, amigos e entusiastas da música, cantada por pequenos grandes artistas, num ambiente de festa, talento e emoção.

O certame contou com a participação de 12 concorrentes, entre crianças e jovens dos 5 aos 15 anos, a solo ou em dueto. Foram interpretadas canções originais e versões, numa mostra de talento nacional que reuniu artistas de vários pontos do país. Os vencedores da edição de 2025 foram: Prémio Principal –Afonso Mendes; Melhor Versão –Margarida Faria; Melhor Interpretação –Andreia Valongo Melhor; Canção de Portimão – Carolina Silva.

A apresentação do espetáculo esteve a cargo de Hugo Mendes, conhecido pela sua participação no programa Passadeira Vermelha, da SIC. A noite foi ainda abrilhantada pela presença especial do cantor e compositor Nuno Bracourt, que não só atuou, como também integrou o júri do festival. O tradicional coro infantil do festival, composto pelo Grupo Coral Adágio e outras crianças, esteve sob a direção do Maestro António Alves. A

acompanhar os jovens artistas esteve o Quarteto Jorge Carrilho e juntos interpretaram o hino do festival e acompanharam as atuações ao longo da noite. O evento contou ainda com a atuação especial do jovem talento portimonense Afonso Silva, que apresentou ao público os seus mais recentes trabalhos.

Reconhecido como um dos mais emblemáticos festivais de música infantil da região, o «Chaminé D’Ouro» continua, ano após ano, a afirmar-se como um palco privilegiado para a promoção do talento musical infantil e juvenil em Portugal.

Da Mirian Tavares, professora

á uns anos recebi uma aluna, que vinha da Sorbonne, fazer uma disciplina comigo na Universidade do Algarve. Eu chegara havia pouco tempo e estava a dar aulas num mestrado em Literatura Comparada. A aluna, uma senhora paulistana de nariz empinado, sentou-se no meu gabinete e, quando me ouviu falar, muito admirada, perguntou: “Mas você é nordestina? E como chegou até aqui?”. De avião, claro. Minhas amigas portuguesas achavam que ela estava admirada por eu ter trocado o maravilhoso Nordeste do Brasil, pelo Sul, não menos maravilhoso, de Portugal. Tirei-lhes logo a ilusão: a criatura se perguntava era como, sendo eu nordestina, ocupava um lugar de destaque numa universidade portuguesa. E olha que eu ainda estava longe de ser catedrática. Quando o semestre acabou, ela disse-me: “Agora percebi porque está aqui”. Independentemente de ser ou não

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Gonçalves Dias

nordestina, se eu estava ali, era porque tinha trabalhado muito para lá chegar. Mas, para ela, uma sudestina de gema, era mesmo estranho que uma nordestina estivesse ali. Vivi em muitas cidades do Brasil, antes de trocar de país. Uma colega, dos meus tempos de licenciatura, escreveu que me achava muito inteligente, como costuma acontecer com as pessoas que vêm do Nordeste. É um elogio retorcido – porque parece que eu não sou uma pessoa apenas, mas sim uma nordestina. E sou, com muito gosto. Uma vez, em Macau, numa reunião na Universidade de São José, descobri que o Diretor da Escola de Business é cearense, de Fortaleza. Somos muitos, é verdade: se quiséssemos, poderíamos dominar o mundo. Mas, na verdade, gostamos de ir e de vir.

O rio Tejo é magnífico, mas não é o rio da minha aldeia. O mundo é vasto e maravilhoso, mas hoje, ao entardecer, enquanto caminhava sozinha pela Av. Beira Mar, em Fortaleza, e via pessoas

com cachorros e crianças, a correr, a andar, a passear, a praticar desporto, a beber água de coco... ouvia os vendedores a anunciar tapioca, dindin, café, fruta fresca e acarajé, pensei que era aqui e agora que eu gostaria de estar. É tão bom, e tão raro, estar-se bem onde se está. Sem romantizações, diz-se que ser brasileiro é uma profissão, mas ser nordestino é uma bênção.

Foto: Isa Mestre

Uma revista: Limoeiro Real

Ana Isabel Soares, professora

ma revista pode ser muitos livros. A Limoeiro Real, fundada por três amigos em Tavira, “na Primavera de 2022”, é uma biblioteca, uma sala de jogos, um salão de baile, uma galeria de arte, imensos, mas igualmente o casulo onde se pode esconder uma solidão no amor à leitura. Há uns dias foi lançado na tavirense Casa das Artes, o número 7 desta revista literária, que tem hoje à frente Mariano Tomasovic Ribeiro (poeta e tradutor) e Inês Viegas Oliveira (ilustradora e autora). Sete volumes de uma revista de periodicidade mais ou menos regular, que começou como trimestral e, de há três números para cá, se afirmou semestral, acrescentam-se desde há pouco à edição de romances (ou seja, a Limoeiro Real transbordou, a biblioteca fez-se maior, o salão de baile foi amplificado, a galeria de arte ganhou um anexo, o casulo ajustouse ao corpo maior).

Fazem falta revistas literárias. Fazem falta revistas literárias? Se a memória atraiçoa a civilização, melhor será registálo, como há tantos séculos se faz – para deixar de haver o vazio, ou para que o esquecimento seja só fruto da escolha, não da ausência da sua possibilidade. Faz falta poder-se ler revistas como a Limoeiro Real. Desde o primeiro número, do Verão de há três anos, a revista

Limoeiro Real é uma coleção de peças preciosíssimas: nesse momento inaugural, em pouco mais de cem páginas, reúnem-se palavras de Ederval Fernandes e Emily Dickinson, MiguelManso e Max Blecher, Yōko Tawada e Cesare Pavese, as cores e os traços de Bina Tangerina com uma concha autocolantes para Inês Francisco Jacob. O texto de Pavese, aliás, é o último (antes de um jogo visual que se repete nos números seguintes e pode incluir receitas culinárias, sugestões de passeio, de visitas ou de outras leituras) e funciona como um posfácio que é um editorial, um manifesto: os livros, diz Pavese (pela tradução de Fred Spada), “[d]evem ser levados a sério. Mas, justamente por isso, devemos evitar torná-los ídolos, ou seja, instrumentos da nossa preguiça” – em cada publicação desta revista, ressoam os lemas de que os livros (a poesia, o conto, os vislumbres de romances, as traduções,...) não são instrumentos, mas companheiros dessa preguiça («A preguiça ataca», é o nome de uma peça de Aldara Bizarro para jovens, uma das sugestões incluídas no final do número 2); de que a preguiça é o tempo que se permite dar à leitura e que esta devolve em “caridade para com os outros” (ainda Pavese). A Limoeiro Real oferece-se como periódica, mas, como os caprichosos limoeiros de troncos fincados na terra e ramos atirados para cima dos muros de quintais, pesados dos frutos e pacientes ao sol, vem de uma “sensação atemporal”

(diz-se no editorial do número 1), une passado e presente, autores cujo sangue ainda corre e outros que são seiva dispersa pelo mundo, mas sem a fixidez nem a grossura de um cabo de aço – as linhas que juntam Antonia Pozzi a André Tecedeiro, a Charles Darwin, a Joana Bértholo, a Saut Situmorang, Djaimilia Pereira de Almeida ou Virginia Woolf, têm a espessura e a força de fios de

aranha. Tecem-se sem que se dê por isso, enquanto constroem edifícios completos, catedrais diáfanas, lugares das margens da foz do Gilão e cúpulas para o universo inteiro.

A curiosidade sobre a Limoeiro Real pode ser satisfeita aqui: https://limoeiroreal.com/revista/index.p hp

Foto: Vasco Célio

Negócios do futuro: Tendências e oportunidades para 2026

Fábio Jesuíno, empresário

um cenário

mundial marcado

pela inovação acelerada e pela constante

reinvenção de modelos de negócio, antecipar as tendências é essencial para os empreendedores.

Gosto sempre de praticar o exercício de olhar para o futuro, uma tarefa verdadeiramente desafiante e cheia de variáveis, mas essencial para acompanharmos os nossos negócios atuais e futuros. Esta prática torna-se ainda mais importante devido às rápidas e profundas transformações que têm ocorrido nos últimos anos.

Como faço este exercício de olhar para o futuro? Não disponho de uma bola de cristal, mas a minha experiência de mais de 20 anos no empreendedorismo, juntamente com o envolvimento no lançamento e na gestão da comunicação de diversas marcas nacionais e internacionais em vários setores, proporciona-me uma perspetiva privilegiada.

Outro aspeto fundamental neste processo de olhar para o futuro é ter a oportunidade de ser convidado a

participar em eventos de referência nas áreas do empreendedorismo e inovação, como o Web Summit ou o Viva Technology. Estes eventos reúnem líderes, startups e especialistas de todo o mundo, criando ambientes propícios ao networking global, à troca de experiências e ao acesso privilegiado às tendências que estão a moldar o ecossistema do empreendedorismo.

Quando olho para o futuro, observo um cenário global marcado por uma inovação acelerada e pela constante reinvenção dos modelos de negócio. Este é um palco pleno de oportunidades, em que dois grandes eixos transformadores se destacam: a digitalização e a sustentabilidade. Na interseção entre tecnologia de ponta, criatividade e responsabilidade ambiental, emergem soluções inovadoras que irão definir o rumo dos negócios nas próximas décadas.

Com especial destaque para os mercados lusófonos, nomeadamente Portugal e Brasil, identifico algumas áreas promissoras para 2026. Soluções focadas em saúde, bem-estar e educação digital refletem as mudanças nos hábitos dos consumidores, que procuram cada vez mais conveniência e personalização. Para quem pretende empreender em

Portugal ou no Brasil, acompanhar as tendências nos setores de tecnologia, sustentabilidade, saúde, educação online e e-commerce pode potenciar significativamente as hipóteses de sucesso nos próximos anos. Áreas ligadas à criatividade, às artes e ao artesanato também se destacam, dado o crescente interesse por produtos e experiências autênticas, personalizadas e sustentáveis.

O horizonte para 2026 revela-se um terreno fértil para empreendedores que souberem navegar na confluência da digitalização e da sustentabilidade. O sucesso não dependerá apenas de antecipar tendências, mas da capacidade de aliar inovação a um propósito claro, criando soluções que respondem tanto às necessidades do mercado como aos anos de uma sociedade que valoriza cada vez mais a personalização, o bem-estar e o impacto positivo.

A Falácia da TINA: Quando a Política Desiste de Pensar

os últimos anos, a política portuguesa tem-se rendido a uma fórmula perigosa: «Não há alternativa». Este slogan — consagrado por Margaret Thatcher com o acrónimo TINA (There Is No Alternative) — foi importado para justificar o imobilismo, a resignação e a falta de reforma estrutural em áreas fundamentais para o futuro do país.

Mas será mesmo verdade? Será que não há alternativas para os problemas crónicos da saúde, da educação e da habitação? A resposta é clara: há sempre alternativas e outros países com realidades semelhantes provam isso mesmo.

Em Portugal, milhares de alunos começam os anos letivos sem professores a todas as disciplinas. A resposta política tem sido: “não há professores”, “ninguém quer dar aulas”, “os salários são o que o país pode pagar”. Ou seja, um discurso TINA típico, que naturaliza o declínio.

Mas vejamos o que outros países fizeram. A Finlândia enfrentou também a escassez de docentes, mas respondeu com valorização salarial, formação contínua e reconhecimento profissional.

Hoje, o professor é uma das profissões mais prestigiadas do país.

Nos Países Baixos criaram incentivos específicos para atrair professores para zonas urbanas críticas, com complementos salariais, habitação subsidiada e programas de mobilidade profissional.

Em Portugal optámos por empurrar o problema com a barriga, através de concursos burocráticos, salários desajustados e desgaste profissional. O resultado? Um sistema em erosão, que afasta os melhores e condena os alunos a menos oportunidades. E aumenta a desigualdade social, avariando o elevador social.

Nos centros de saúde e hospitais portugueses, acumulam-se utentes sem médico de família, apesar de slogans municipais a informar que todos os utentes têm médicos de família, e listas de espera para consultas e cirurgias. A resposta habitual: “não há médicos suficientes”, “não podemos competir com o setor privado”, “temos de fazer mais com menos”.

Mas vejamos, a Noruega apostou em contratos atrativos para fixar médicos em regiões carenciadas, com incentivos

salariais, redução de carga burocrática e apoio à qualidade de vida familiar. Em Espanha, regiões como Navarra e País Basco integraram médicos estrangeiros formados localmente, com processos de reconhecimento céleres e programas de residência bem estruturados.

Em Portugal, por contraste, formamos médicos com excelência, mas os expulsamos para o estrangeiro ou para o setor privado devido à precariedade, sobrecarga e desvalorização no SNS. A fuga de profissionais não é uma inevitabilidade, é uma consequência de decisões políticas.

Em Portugal vivemos uma crise de habitação sem precedentes. Os preços das casas e das rendas subiram muito acima dos salários médios. E o discurso oficial repete-se: “é o mercado”, “não se pode contrariar a procura”, “não há capacidade do Estado para fazer mais”.

Mas isto é falso. Veja-se, em Viena, onde 40 por cento da população vive em habitação pública ou cooperativa de qualidade, com rendas acessíveis e estabilidade habitacional. Isso foi possível com investimento público consistente e regulação inteligente. Os Países

Baixos mantêm um setor robusto de habitação social (cerca de 30 por cento), com rendas limitadas e mecanismos eficazes de mediação do mercado.

Em Portugal, a habitação pública representa menos de 2 por cento do parque total. Os apoios ao arrendamento são precários e intermitentes. E as regras para o alojamento local e a especulação continuam frouxas. Não é por falta de alternativas, é por falta de decisão. Porque decidir é difícil e envolve escolhas.

O que estes três exemplos têm em comum, educação, saúde e habitação, é a forma como foram capturados pela retórica da TINA. Não há professores, nem médicos, nem casas. E não se pode fazer nada.

Mas a verdade é outra: existem sempre alternativas e os países que as procuram com seriedade e visão estratégica, colhem os frutos. A democracia exige debate, opções e responsabilidade. Governar não é aceitar o «possível» como destino, é alargar o campo do possível com coragem e imaginação. Quando os decisores dizem que “não há alternativa”, estão apenas a dizer que não querem ou não sabem fazer diferente.

Portugal precisa de reformas estruturais, mas, acima de tudo, precisa de abandonar a ideia de que está condenado a repetir os erros. O futuro constrói-se com escolhas. E é tempo de voltar a fazê-las. Pensem nisto.

Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.

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