REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #478

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ALGARVE INFORMATIVO

3 de maio, 2025

ÍNDICE

Lourenço Cartaxo e Noa Rodrigues: Três anos a preparar um sonho que se tornou realidade (pág. 14)

Albufeira quer ser Destino Turístico Sustentável (pág. 22)

Monumento à Aleluia em São Brás de Alportel (pág. 28)

Festa do Basquetebol Juvenil em Albufeira (pág. 34)

Festa das Tochas Floridas em São Brás de Alportel (pág. 44)

Entrevista a Filomena Sintra (pág. 64)

Ginástica acrobática em Loulé (pág. 76)

Teatro Lethes recordou Paco de Lucía (pág. 120)

OPINIÃO

Paulo Cunha (pág. 136)

Mirian Tavares (pág. 138)

Ana Isabel Soares (pág. 140)

Fábio Jesuíno (pág. 142)

Sílvia Quinteiro (pág. 144)

Paulo Neves (pág. 146)

Lourenço Cartaxo e Noa Rodrigues: Três anos a preparar um sonho que se tornou realidade

Texto: Daniel Pina| Fotografia: http://Prcohoto.pt

ealizou-se, de 10 a 20 abril, no Luxemburgo, o 32.º

Campeonato da Europa e o 13.º

Campeonato

Europeu por Grupo de Idades de Ginástica Acrobática, tendo estado presentes 22 países e, 15 anos depois, o CEDF – Clube Educativo e Desportivo de Faro representou o Algarve nas seleções nacionais, através do par misto pré-youth (escalão 11/16 anos)

Lourenço Cartaxo e Noa Rodrigues,

acompanhados pelo seu treinador Telmo Dias. E se a participação, ao fim de tanto tempo, já era importante, a dupla algarvia regressou a casa com a medalha de prata, a primeira medalha conquistada a nível individual pelo Algarve nesta modalidade, sagrando-se, deste modo, vice-campeões europeus, atrás do par misto da Bulgária, com o par misto de Israel a completar o pódio, no 3.º lugar. “Foram três anos a preparar este sonho que conseguimos tornar em realidade”, referiu o treinador.

No final da competição, Noa Rodrigues não escondia aquilo que lhe ia no coração: “Foram os momentos mais felizes da minha vida. Estar a representar Portugal num Europeu e ter ficado em 2.º lugar, não tenho palavras. Abrir o Euro foi muito difícil. Se, por um lado, estava muito nervosa por ser a primeira vez a representar Portugal e ainda por cima ser os primeiros de toda a competição, por outro, estava feliz por ser o meu primeiro Europeu”, recordou a volante. “Foi uma experiência inesquecível, vai ficar para sempre na minha memória, tanto a competição como o ambiente e os amigos que fizemos na seleção nacional. Vestir as cores de Portugal foi algo que nunca mais vou esquecer, era algo que só víamos nos vídeos e nas

fotos e agora fazemos parte disso”, acrescentou, feliz e orgulhosa.

Passados os primeiros momentos a competir com o esquema Dinâmico, o nervosismo diminuiu no esquema de Equilíbrio, “mas quando fomos o melhor equilíbrio da Europa, passamos à final e verificamos que a medalha seria possível, que poderia ser uma realidade… aí começou a verdadeira ansiedade”, admitiu Telmo Dias. “Não me esqueço das palavras dos meus colegas treinadores da seleção nacional, do telefonema do selecionador nacional Lourenço França a dar-nos os parabéns pela final, da minha colega Débora Amorim a dizerme ‘calma que amanhã terão uma

medalha, acredita…’”, contou o treinador do CEDF.

Estar entre os melhores a representar o seu país também não deixou Lourenço Cartaxo indiferente, como seria de esperar, mas ficar em segundo lugar foi uma mistura de emoções: “Alegria por alcançar tanto, mas também aquela sensação de ter ficado tão perto do topo, como tínhamos conseguido no dia anterior, em que ficámos em primeiro. Ser vice-campeão da Europa é uma conquista que nunca vou esquecer e que me motiva ainda mais para continuar a lutar pelos meus objetivos”, assegurou o base. “Não me lembro de ter ficado tão nervoso na minha vida durante o esquema da final. No momento em que recebemos a nota e verificámos que somos vice campões da Europa, senti uma alegria tão grande que não contivemos as lágrimas. Agora é continuar o processo, prosseguir com os treinos, preparar o nacional para o próximo mês e iniciar os preparativos para a próxima época, pois vamos para o escalão youth (escalão 12/18 anos) e o objetivo é ir à luta para o Mundial 2026”, adianta Telmo Dias, ele próprio um antigo atleta com um currículo recheado de títulos nacionais e presenças em campeonatos internacionais.

A terminar, tanto Noa como Lourenço reconheceram a importância que foi ter a

família e os amigos presente no Luxemburgo a apoiar, com faixas, bandeiras e muitos gritos. E o treinador Telmo Dias fez ainda questão de agradecer o apoio do Clube Educativo e Desportivo de Faro, “quer pelas condições de treino, quer no apoio financeiro prestado”, assim como a todas as pessoas que contribuíram nas despesas inerentes à participação na prova, à União de Freguesias de Faro, à Junta de Freguesia de Montenegro, a todos os ginastas do CEDF, à Federação de Ginástica de Portugal e a todos os colegas treinadores e coreógrafa.

Albufeira avança com processo de certificação como Destino

Turístico Sustentável

niciou-se com a apresentação pública, no dia 11 de abril, o processo de certificação de Albufeira como Destino

Turístico Sustentável, honrando o compromisso assumido publicamente a 9 de abril do ano passado, aquando da apresentação da Estratégia de Desenvolvimento, Promoção e Captação de Turistas para Albufeira. A ambição do Município terá assessoria do IPDT – Consultoria e Turismo e a certificação será ao abrigo da

Norma EDS (Earthcheck Destination Standard), considerada uma das mais exigentes a nível internacional. Quanto ao processo vai incluir duas fases: a do Benchmarking (da qual se espera a obtenção do selo Bronze) e a Certificação (selo Prata), a qual deverá ser alvo de manutenção contínua para que suba de patamar de cinco em cinco anos, de modo a garantir sucessivamente os selos Ouro, Platina e Master, os quais podem ser usados por parte dos empresários.

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

O primeiro ano é para auditar o destino, a fim de ser lançado o plano de ação para a sustentabilidade, conceito cujo espetro abrange as seguintes áreas: eficiência energética, conservação e gestão, emissão de gases de efeito de estufa, proteção da qualidade do ar, controlo de ruído e poluição luminosa, gestão de recurso de água doce, gestão de águas residuais, drenagem e riachos, conservação e gestão de ecossistemas, planeamento e gestão territorial, transportes, gestão de resíduos sólidos, substâncias ambientalmente prejudiciais, gestão cultural e social e gestão económica. O Plano de Ação para a Sustentabilidade será elaborado nos primeiros 12 meses, uma “ferramenta para um desenvolvimento transversal com resultados positivos e concretos

para a população”, referiu Jorge Costa, presidente do IPDT, apelando também à união de todos em torno desta certificação. João Gomes, diretor executivo da IPDT, reforçou que a certificação vai permitir ir ao encontro de consumidores responsáveis, combater o aumento de greenwashing (uso de rotulagem que não corresponde à realidade) e alinhar o destino com a regulação europeia, reforçando que todos beneficiam e que a intenção de base é “melhorar a condição de vida dos residentes”

A Organização de Marketing do Destino (DMO) será coordenada pela Divisão de Turismo do Município de Albufeira, em interação com o Conselho Consultivo, o Grupo Interno (diversas divisões, serviços

municipais e técnicos) e a chamada «Green Team», que, para além das entidades do grupo interno, agrega associações de classe ligadas ao Turismo, nomeadamente representantes da AHETA, AHRESP e APAL. “O Município de Albufeira desde há vários anos que tem vindo a trabalhar na certificação de diversos serviços e tem havido todo um trabalho de adaptação para a manutenção dessa mesma certificação. As maiores dificuldades têm sido na área das Obras Particulares. Quanto a esta certificação, não é o fim que me move. O desafio que vejo neste processo é o de toda uma reflexão que se levanta e que convoca toda a comunidade a dar o seu contributo, numa abordagem colaborativa”, esclareceu José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira.

Para além do Município e das associações de empresários, a auscultação vai também passar por outras entidades e pelos cidadãos, “pois o que é importante é o contributo de várias pessoas com pontos de vista distintos”, disse ainda o edil durante a apresentação pública. “Depois da certificação terá que haver uma reavaliação, para que não haja a possibilidade de distração e se trabalhe para manter o destino atrativo e sustentável”, concluiu o autarca.

Com várias ações calendarizadas, este processo implica desde registos ao benchmarking quantitativo e qualitativo (ou seja, os dados apurados no processo de procura por melhores práticas de gestão), passando por avaliações e pósauditoria, bem como pela criação de um microwebsite.

São Brás de Alportel inaugurou

3.ª Fase do Monumento da Aleluia

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

poucos dias da realização do evento maior de São Brás de Alportel, a Festa das Tochas Floridas, esta vila do coração da Serra do Caldeirão assistiu, no dia 17 de abril, à inauguração da terceira fase do Monumento da Aleluia, um projeto de arte urbana com execução faseada, da autoria de Manuel Belchior e Teresa Paulino, que teve como objetivo valorizar este tesouro do património cultural do concelho, dotando-o de mais uma referência da sua oferta turística.

Depois do passado e do presente, do avô e do pai, foi desta feita inaugurada a figura do neto, “um menino de olhar vivo e curioso que é símbolo do futuro, que preparamos com respeito pela nossa Memória, na certeza de que a nossa história não termina e que o tesouro da nossa cultura está defendido para todo o sempre”, referiu Marlene Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel em substituição de Vítor Guerreiro, por este fazer parte da lista de candidatos do PS Algarve às Legislativas de 18 de maio. “Este menino é a criança que todos já

fomos, e que todos seremos sempre, guardando em nós as memórias da nossa infância que nos constrói. Este menino habita em nós e sente cada Páscoa como nova. Este menino é a imagem viva do legado que passa de geração em geração, alimentado pela fé, pela união e pela força de uma comunidade que nunca esquece quem é”, acrescentou a edil.

Como se sabe, em São Brás de Alportel, a Procissão de Aleluia não é apenas uma celebração religiosa, é um verdadeiro hino à identidade de um povo e uma celebração de vida e de renovação da natureza. De facto, todos os anos, no Domingo de Páscoa, as ruas enchem-se de cor, vida e fé e os homens da terra, vindos dos quatro cantos do mundo, empunham orgulhosamente as suas tochas floridas e ecoam pelas ruas o hino da nossa fé. “É a tradição que fala mais

alto, é a alma são-brasense que se ergue, firme, orgulhosa e plena. A Festa das Tochas Floridas, programa cultural que foi sendo desenvolvido em torno da nossa Procissão da Aleluia, é hoje um evento âncora, uma referência incontornável na promoção turística da nossa região, valorizando o património imaterial que nos distingue e que nos liga a quem nos visita. Com este Monumento à Aleluia reforçamos essa ligação. Damos corpo e forma à nossa história e à nossa memória. Tornamos visível o invisível: a emoção, o esforço e a dedicação de todos aqueles que, ano após ano, mantêm viva esta tradição secular”, descreveu Marlene Guerreiro. “Este menino que hoje inauguramos é mais do que uma figura. É a certeza de que a nossa história não termina aqui. É a promessa de que a nossa identidade se fortalece a cada passo, a cada voz, a cada Aleluia”, concluiu.

Albufeira voltou a vibrar com

a Festa do Basquetebol Juvenil

Festa do Basquetebol Juvenil 2025 realizou-se entre os 9 e 13 de abril e reuniu em Albufeira centenas de jovens provenientes de vários pontos do país. Durante cinco dias disputaram-se quase 200 partidas, nas categorias sub-14 feminino e masculino, e sub-16 feminino e masculino.

Esta foi já a 11.ª edição realizada em Albufeira, cidade que tem acolhido o evento de forma consecutiva ao longo da última década, e no último dia da Festa ficaram a conhecer-se os vencedores dos torneios de sub-16. Na competição feminina, a vitória acabou por sorrir à Associação de Basquetebol do Porto, que se superiorizou ao conjunto de Santarém e venceu por 58-42, tornando-se assim tricampeã. No torneio masculino, o título

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Município de Albufeira

foi conquistado pela Associação de Basquetebol de Lisboa, num jogo mais equilibrado onde levou de vencida a Associação de Basquetebol do Porto por 56-51, sagrando-se campeã pela segunda vez consecutiva.

No dia anterior, a Associação de Basquetebol de Lisboa já tinha revalidado o primeiro lugar conquistado no torneio de sub-14 feminino. Numa partida marcada pelo equilíbrio constante no marcador, a formação lisboeta acabaria por vencer a Associação de Basquetebol do Porto por 49-41. Na competição masculina, a vitória foi para a Associação de Basquetebol de Aveiro, que suplantou

a Associação de Basquetebol do Algarve por 61-49.

Os vencedores dos vários torneios foram consagrados na cerimónia de encerramento, que se realizou ao final da manhã do dia 13 de abril, no Pavilhão Desportivo de Albufeira. Antes da entrega dos troféus, José Carlos Rolo felicitou “o trabalho realizado por todas as entidades envolvidas na organização”, e assumiu que se viveram “dias de festa magnífica e grandiosa”. Também o presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol congratulou “todos os que tornaram esta Festa num sucesso”. Manuel Fernandes destacou também a componente cívica da Festa do

Basquetebol Juvenil, que nos últimos anos tem apoiado várias associações do concelho. Por isso, para o dirigente, os participantes da Festa “deram uma lição de cidadania, respeito e paixão”

A fechar a sessão houve ainda tempo para a entrega de um donativo no valor de 3 mil e 188 euros ao Agrupamento de Escutas 1009 – Paderne. Dois dias antes, o Agrupamento tinha recebido a visita de uma comitiva composta pelos presidente e vice-presidente da Câmara Municipal de Albufeira, e pelo presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, durante a qual José Carlos Rolo frisou que o “agrupamento tem sido um bom exemplo”, e que o donativo poderá ser utilizado “da forma que a vossa organização entender melhor”.

Também durante a visita, Manuel Fernandes explicou que cada atleta,

árbitro e dirigente doou 2 euros e que o objetivo da iniciativa passa por “invocar os valores do companheirismo e do respeito, para construirmos um mundo melhor”. Na presença de dezenas de Lobitos, Exploradores e Pioneiros, a chefe do Agrupamento deixou um agradecimento à Câmara Municipal de Albufeira e à Federação Portuguesa de Basquetebol. Joana Amaral assumiu ainda que o “donativo é bastante importante para garantir a segurança das instalações, mas também para fazermos atividades que permitam levar as crianças para o exterior”

A Festa do Basquetebol Juvenil trouxe até Albufeira 72 equipas e a próxima edição do evento realiza-se em 2026, em plena Albufeira – Cidade Europeia do Desporto.

Festa das Tochas Floridas encheu de cor e fé as ruas de São

Brás de Alportel

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes

m pleno Domingo de Páscoa, 20 de abril, São Brás de Alportel voltou a vestir-se de cor, fé e tradição com a realização da Festa das Tochas Floridas, uma das mais singulares manifestações pascais do país, centrada na emblemática Procissão da Aleluia.

Nesta festa rainha da comunidade sãobrasense, as ruas da vila são artisticamente decoradas com cerca de 1 quilómetro de tapetes floridos, preparados pela comunidade com

dedicação e orgulho. Um trabalho coletivo que começa dias antes com a apanha e preparação das flores, desafio lançado a toda comunidade, e que ganha forma na madrugada de domingo, quando centenas de voluntários se dedicam, durante a noite, à criação dos tapetes por onde passará a Procissão da Aleluia.

A manhã de Páscoa começou, logo às 9h30, com a abertura das ruas ao público e com início o do Encontro de Sabores da Páscoa, no Largo de São Sebastião, e da Mostra de Artesanato, no Adro da Igreja Matriz. Às 10h celebrou-se, na Igreja

Matriz, a Eucaristia da Ressurreição, seguida da aguardada Procissão da Aleluia, que percorreu as ruas floridas ao som do tradicional cântico «Ressuscitou como disse! Aleluia! Aleluia! Aleluia!». A festa continuou, da parte da tarde, no Adro da Igreja com um programa cultural que incluiu mostras de doçaria e petiscos, a entrega de prémios dos Jogos Florais e do concurso das tochas floridas, e atuações de música e dança, com os grupos Os Vizinhos, São Brás Bailando e Tanya.

A Festa das Tochas Floridas é uma iniciativa conjunta da Associação Cultural Sambrasense, do Município de São Brás

de Alportel e da Paróquia de São Brás, com o apoio do CNE – Escuteiros 1330, Junta de Freguesia, associações locais e toda a comunidade. Este evento emblemático que atrai milhares de visitantes nacionais e internacionais é também um exemplo de inclusão e, à semelhança do que acontece desde 2019, o Município de São Brás de Alportel, em parceria com a SAN – Saúde Integrativa e a Casa de Repouso e Saúde de São Brás, adaptaram e reservaram um espaço do percurso por onde passa a Procissão de Aleluia para dar melhores condições às pessoas com mobilidade condicionada, numa iniciativa integrada no projeto «São Brás Acessível para todos».

“Temos que ajudar as pessoas a construir um projeto familiar”, defende Filomena Sintra, presidente

da Câmara Municipal de Castro Marim

Município de Castro Marim apresentou, no dia 23 de abril, o novo programa de apoios sociais «Castro Marim Cuida de Si», que constitui, acima de tudo, um reforço aos apoios atribuídos pela autarquia no âmbito da ação social, incluindo as áreas de habitação, saúde, benefícios fiscais, empreendedorismo, educação, natalidade e apoio à família, e abrangendo todos os agregados.

Na saúde, destacam-se as próteses dentárias, aparelhos auditivos, óculos, operações às cataratas, transporte diário gratuito para o hospital ou consultas, tratamentos, medicamentos e dispositivos médicos, além da Unidade Móvel de Saúde, consultas, apoio psicológico ou consultas de nutrição. Outros dos grandes destaques são a campanha de combate ao tabagismo, à obesidade e à toxicodependência.

Na área da habitação, o Município de Castro Marim passa agora a ter medidas de apoio ao arrendamento em função do agregado familiar e a pequenas obras de beneficiação e conservação de casas até 20 mil euros, além da construção de 90 fogos. No empreendedorismo, a Câmara Municipal de Castro Marim pretende apoiar e divulgar a economia local ou outros projetos do seu território, através da sua promoção e divulgação, enquanto na área fiscal o Município terá um IMI único de 0,29%.

Foi também apresentada a nova baby box de Castro Marim, uma caixa-prenda que será entregue a cada criança que nasça e seja registada no concelho, oferecendo um conjunto de produtos essenciais marcados com a identidade do território como sabonetes naturais, babetes, fraldas ou mantas. Inspirada num modelo finlandês, esta baby box é ainda acompanhada por um valor monetário de 500 euros a cada bebé, que sobe para 1.000 euros caso se trate de um agregado familiar carenciado. Esta baby box é decorada com várias personagens,

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

tendo como protagonista a cegonha São, que era uma ave desta espécie que no final do século XX passeava pelas ruas da vila de Castro Marim, agora acompanhada pelos seus amigos flamingos, os Amingos, uma espécie icónica da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.

O «Castro Marim Cuida de Si» nasceu do novo regulamento de ação social, que aumentou a amplitude de apoio e disponibiliza, aliás, um novo cartão social municipal para todas as famílias, que assim são contempladas com auxílios que antes eram dirigidos apenas para os mais idosos. “O anterior regulamento de ação social já dava cobertura a algumas ações importantes para a população, mas que já não eram suficientes. Criámos e enquadrámos novas medidas e reforçamos as existentes”, explica Filomena Sintra, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim. “O programa de combate ao tabagismo, por exemplo, começou a ser desenvolvido no concelho pelo Dr. Francisco Amaral, mas foi ganhando uma escala, dimensão, interesse e amplitude que justificava ter um regulamento que lhe desse cobertura. Passamos também a ter uma nova filosofia de apoio à natalidade. Anteriormente, destinavase apenas a crianças nascidas em agregados desfavorecidos, discutimos o assunto amplamente e decidimos alargá-lo a todas as crianças que nasçam em Castro Marim”, indica a entrevistada. “Mais do que um apoio financeiro, com a baby box queremos criar um cordão umbilical à terra depois da criança nascer”

Um regulamento que tem perfeita noção da realidade de Castro Marim, um concelho periférico, de população envelhecida, com uma economia que começa, agora, a ganhar um novo fulgor, e que pretende atrair novos residentes, apesar de todos os constrangimentos existentes, nomeadamente ao nível da habitação. “A campanha «Castro Marim Cuida de Si» é, de facto, muito abrangente, não é só intervenção social. Contempla, igualmente, um conjunto de benefícios fiscais para as famílias, como é o caso do IMI mais baixo de Portugal, a isenção do IMT até ao segundo escalão ou a redução cumulativa do IMI dependente da composição do agregado familiar. Contudo, mais do que o dinheiro, é importante termos as competências no território para atrair novas famílias”, considera Filomena Sintra.

Inclui-se, nesse espetro, um Programa de Férias Ativas bastante diversificado para ocupar as crianças durante as férias escolares do Verão e Páscoa, com experiências que vão da vela e canoagem à carpintaria e agricultura. “E este ano fomos um dos municípios do país selecionados para acolher um programa do IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude para campos de férias tecnológicos para as crianças do 1.º ciclo, num total de 180 crianças”, revela a edil. “Temos igualmente atividades de acompanhamento à família com prolongamento de horário, desde as 8h30 às 18h30, porque não existem ATL nestes territórios, a par de uma grande rede de transportes que assegura a deslocação diária das

crianças para a escola. Durante o Verão, o pré-escolar público, que normalmente encerra em agosto, em Castro Marim mantém-se em funcionamento. Há, por isso, um conjunto de medidas direcionadas às famílias, principalmente àquelas que não têm cá a sua base de suporte”, evidencia Filomena Sintra, acrescentando que estas solicitações aumentaram no passado recente devido ao aparecimento de duas grandes empresas que vieram criar muitos postos de trabalho: o empreendimento turístico Verde Lago, que já tem cerca de 200 funcionários, a que se juntarão mais 340 quando abrir o hotel; e a Cannprisma, de produtos médicos com base na canábis, e que já tem 200 funcionários. “Por isso reforçamos também os apoios às coletividades para que haja atividades desportivas, culturais e recreativas que

valorizem a formação, a infância e a juventude”, sublinha.

«Castro Marim Cuida de Si» desenhado a pensar nas reais necessidades dos castromarinenses

Mais mão-de-obra residente implica maior necessidade de habitação, mas também de vagas para os filhos, daí que haja a intenção firme de se ampliar a Escola Básica de Castro Marim, num investimento de 9 milhões de euros, de se construir uma nova escola primária também na sede de concelho e de se requalificar um espaço para albergar cursos de formação profissional, em parceria com a Universidade do Algarve. Intenções que nem sempre são fáceis de

concretizar em municípios de menor dimensão e que, por isso, possuem orçamentos limitados para atuar nas suas múltiplas facetas. “O programa «Castro Marim Cuida de Si» vai-se desenvolver, numa fase inicial, à medida da procura e depois vamos calibrando a dotação financeira em função das necessidades. Também vamos apoiar intervenções cirúrgicas em tudo o que o Sistema Nacional de Saúde não consiga responder em tempo. No caso de uma mulher de 50 anos, que tem uma hérnia e está incapacitada, se o município suportar uma parte dessa despesa, isso vai permitir que aquela família tenha um rendimento e uma maior qualidade de vida. Com isto ganhamos todos, a família, Castro Marim e Portugal”, entende Filomena Sintra. “No caso das operações às cataratas, o Francisco Amaral foi pioneiro a nível nacional, enquanto estava em Alcoutim, a ponto de ter sido pedida a sua perda de mandato por se estar a substituir ao Estado nessa matéria. O Eng. Luís Gomes replicou esse trabalho depois em Vila Real de Santo António e o resultado foi que o próprio país remodelou esse modelo. Hoje, há uma rede de parcerias com os privados que funciona perfeitamente”, analisa a autarca.

Francisco Amaral que tem sido muito ativo no combate ao tabagismo, com um programa que assenta bastante na motivação psicológica, no acompanhamento pessoal, na abordagem personalizada. “Ele não prescreve a medicação só por prescrever, há muitas conversas pessoais ao longo do processo, de tal

forma que há quem venha de Lisboa de propósito para esse efeito”, destaca Filomena Sintra, aproveitando para revelar que o seu antecessor enquanto presidente da Câmara Municipal de Castro Marim vai continuar ligado à autarquia, mas no âmbito do programa de voluntariado social que também foi criado recentemente. “Vai fazer essa ponte entre as famílias e a medicina, acompanhando as pessoas no hospital e em Castro Marim”, enaltece.

Castro Marim avança, já se percebeu, com um programa desenhado ao pormenor para ir de encontro às reais necessidades desta população. E, no caso da habitação, por exemplo, há várias linhas de atuação, como apoios ao arrendamento para as famílias que não tem mesmo possibilidade de suportar essa despesa, até um ano e renováveis, em função do agregado familiar; apoio à reabilitação de habitações próprias; renda acessível; e venda a custos controlados. “O Município investiu cerca de um milhão e meio de euros em

projetos técnicos para fazer 90 novos fogos em Altura, Castro Marim, Odeleite e Azinhal. Em Odeleite vamos reabilitar as antigas instalações do Centro de Saúde que foi fechado pelo Estado para habitação e vamos também reabilitar património existente na vila de Castro Marim. Na venda a custos controlados, a autarquia abdica do valor dos solos, porque é minha convicção que temos que ajudar as pessoas a criar um projeto familiar”, defende Filomena Sintra. “O arrendamento acessível serve para

ajudar as pessoas numa fase transitória ou em situações de extrema carência. Nos restantes casos, temos que incentivá-las a construir o seu projeto familiar, que começa por ter a sua própria habitação, mas isto, claro, com regras próprias. No dia em que a família pretender vender essa casa, ela reverte para a câmara municipal ao preço de aquisição e a família terá que ressarcir a autarquia e o estado de todos os impostos que não pagou durante esse período”

Filomena Sintra acredita que os poderes públicos devem intervir na calibração do mercado na medida das suas competências, mas que não devem ser as próprias câmaras municipais a construir habitação, “porque os projetos são muito mais caros e os processos bastante mais morosos”. “Nós, se calhar, demoramos cinco anos a ter um processo transparente para fazer casas, enquanto um privado, se as regras forem bem definidas, em dois anos consegue ter uma solução habitacional a custos acessíveis. Às vezes, falta-nos capacidade de delegar responsabilidade para o mercado”, refere.

Pequenas

ajudas que fazem toda a diferença

Diga-se que a criação do novo regulamento foi demorada, houve uma proposta de alteração há seis ou sete anos que não teve sequência, o processo não caiu, foi, sim, amadurecendo, e o resultado é um programa melhor do que o anterior, em que nenhuma medida foi retirada, antes sim aperfeiçoada.

“Suportávamos uma matriz de medicamentos a quem tinha o Cartão do Idoso, mas este governo, entretanto, decretou que quem recebe o Complemento Solidário para Idoso, tem os medicamentos gratuitos. O regulamento adaptou-se e alargou-se esse benefício a todos os que possuem Cartão Social, inclusive um jovem de 30 anos, se estiver dentro dos critérios. Também tentamos aligeirar o processo

e tudo é gerido através de uma plataforma online, para ser mais rápido e transparente”, esclarece Filomena Sintra, reconhecendo a necessidade de se reforçar a estrutura técnica de Ação Social do Município. “De resto, os parceiros, as IPSS, as Juntas de Freguesia, vão ter um papel importantíssimo e acredito que o programa vai funcionar. A medida, curiosamente, mais discutida é a que

tem menor expressão orçamental, o apoio à natalidade, que não passa simplesmente pela entrega de um cheque, mas por todas as medidas fiscais, de acompanhamento às famílias, da escola, dos transportes”, assume a entrevistada.

Filomena Sintra frisa que foi feita uma análise muito profunda com um conjunto de atores, com as forças vivas do

concelho, até com mulheres empresárias que prontamente disseram que não se importavam de pagar impostos, precisavam era de uma creche para colocar os filhos ou netos. “Fizemos uma candidatura em conjunto com a Associação Bem Estar Social da Freguesia do Azinhal (ABESFA) para reabrir uma creche no Azinhal, grande parte do investimento vai ser da Câmara Municipal, mas é um passo fundamental, porque apoiamos a constituição e dinamização de uma Unidade de Cuidados Continuados no Azinhal, que tem cerca de 70 funcionários jovens, grande parte deles com filhos, e que precisam deixá-los em sítios distantes do local de trabalho”, declara a autarca, lembrando que também está a aparecer o empreendimento Almada d’Ouro, “pelo que se perspetiva que o Azinhal se venha a posicionar como uma aldeia muito dinâmica”.

O regulamento «Castro Marim Cuida de Si», já se percebeu, é dinâmico, adaptável em tempo real consoante as necessidades, com Filomena Sintra a dar o exemplo das bolsas de estudo para o ensino superior. “Gostaria de criar um complemento para o financiamento do alojamento para jovens que estejam deslocados, porque há muitos pais que não conseguem arrendar um espaço por menos de 400 ou 500 euros. Um jovem que não tenha condições mínimas de habitabilidade, não poderá ter o mesmo sucesso no ensino superior, e há que refletir sobre os motivos de termos a maior taxa de depressões e problemas psicológicos nos estudantes universitários”, desabafa a entrevistada,

mais como mãe do que como autarca. “Quando estamos de fora e não somos expostos aos problemas, temos uma opinião muito diferente. Quando ouvimos alguém a chorar por não ter onde deitar os filhos ou meios para pagar a renda, só se formos insensíveis é que não repensamos as nossas prioridades políticas. Não devemos viver sempre na política assistencialista, devemos criar desenvolvimento e nova

riqueza que nos vai ajudar a auxiliar quem tem mais dificuldades. Hoje percebo, com a minha vivência, que, se não houver um estímulo competitivo, nunca a sociedade sairá da base, mas, dentro do nosso território, temos que ajudar todas as pessoas que às vezes precisam apenas de sobreviver àquele problema temporário. Ajudamos essas pessoas a não naufragar, atiramos-lhe uma boia de salvação, e depois damos-

lhes os instrumentos para continuarem a lutar, a prosseguir com as suas vidas”, salienta Filomena Sintra. “Construir um grande edifício ou uma estrada toda bonita, e depois as famílias com quem nos cruzamos todos os dias estarem a passar fome, acho que ninguém consegue viver com essa situação”, finaliza a presidente da Câmara Municipal de Castro Marim.

Pavilhão Municipal Professor

Joaquim Vairinhos assistiu ao talento e dedicação dos jovens ginastas algarvios

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Pavilhão Municipal Professor Joaquim Vairinhos, em Loulé, foi palco, nos dias 5 e 6 de abril, de mais fim-de-semana intenso de ginástica acrobática inserido no calendário de provas de 2025 da

Associação de Ginástica do Algarve, desta feita com a realização, em parceria com o Louletano Desportos Clube, do Campeonato Territorial de 1.ª e 2.ª Divisão, do Torneio de Preparação Base, do 2.º Encontro de Infantis e do 2.º Torneio de Níveis. Com o apoio do Município de Loulé e da Federação de Ginástica de Portugal, a prova demonstrou, mais uma vez, o excelente

GUITARRA E FLAMENCO LETHES EM HOMENAGEM

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

ESGOTARAM TEATRO

A PACO DE LUCÍA

«Barcelona

Guitar Trio & Dance Flamenco» esgotou por completo o Teatro Lethes, em Faro, nos dias 11 e 12 de abril, num concerto único em tributo a Paco de Lucía. Em palco, três músicos de talento extraordinário –Xavier Coll, Luis Robisco e Alí Arango –uniram as suas guitarras à mestria de um dos mais brilhantes pares de Flamenco de

Espanha, Carolina Morgado e José Manuel Álvarez. A este encontro juntouse ainda as vibrações poderosas de Lucas Balbo, um dos mais exepcionais percussionistas espanhóis.

O resultado foi um espetáculo vibrante e emocionante, que combina técnica, paixão e criatividade, interpretando obras icónicas de génios como Manuel de Falla, Federico García Lorca, Chick Corea e, naturalmente, do incomparável Paco de Lucía. Simplesmente fantástico.

Preparados para a demência?

esculpem-me a crueza do título deste artigo, mas com o aumento da esperança de vida, todo nós, duma forma ou de outra, temos vindo a conviver com familiares e amigos que nos seus comportamentos comuns já denotam um conjunto de sintomas associados ao declínio da memória e de outras aptidões cognitivas. Muito embora a demência seja mais comum entre os idosos, não é necessariamente uma parte normal e integrante do envelhecimento.

As várias formas de demência revelamse uma situação complexa, preocupante e desafiadora para milhões de pessoas em todo o mundo: os pacientes e os seus cuidadores. Embora não haja, ainda, cura para estas doenças neurodegenerativas, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados e a dos seus cuidadores.

Os sintomas da demência podem variar dependendo da causa subjacente, mas geralmente incluem: perda de memória, especialmente para eventos recentes; dificuldade em realizar tarefas familiares; problemas de linguagem; desorientação no tempo e no espaço; alterações de humor e comportamento; perda de iniciativa. Os tratamentos realizados com

a administração de medicamentos para melhorar a função cognitiva ou controlar os sintomas comportamentais, bem como terapias não farmacológicas, como terapia ocupacional e suporte psicológico podem ajudar a gerir os sintomas.

Tendo vários amigos da minha idade que têm como denominador comum a provecta idade dos seus progenitores, muitos deles relatam-me o progressivo e irreversível agudizar das consequências desta maleita no seu universo familiar. Não estando minimamente preparados para assistir e conviver com a degradação intelectual e consequente perda de competências dos nossos familiares mais velhos, todos nós, ainda na posse das plenas faculdades, temos de refletir e interiorizar o convívio com a demência como um desafio. É imperioso adotar uma forma de estar relacional onde a paciência, a empatia e o uso de técnicas adequadas possa gerar um ambiente mais confortável e favorável para todos os intervenientes.

Cuidar de alguém com demência pode ser emocional e fisicamente desgastante. É essencial que os cuidadores procurem apoio em grupos de ajuda ou com profissionais especializados, reservem tempo para o seu cuidado e lazer e, sobretudo, aprendam como lidar com o inesperado desafio de ter de, literalmente, acompanhar e cuidar de quem nos deu vida e nos ensinou a viver.

Já não tendo os meus pais comigo, julgo saber do que aqui convosco partilho. Por isso, cuidadores de pacientes com demência, aqui vos deixo umas palavras de esperança e de alento. Sejam compreensivos e mantenham a calma, pratiquem uma comunicação assertiva e eficaz, interajam de forma amigável e serena, evitem corrigir ou confrontar, usem pistas visuais e gestuais, criem um ambiente seguro e familiar, estabeleçam e mantenham rotinas, incentivem o foco,

reduzindo distrações, criem mecanismos que facilitem a independência, promovam a realização de atividades estimulantes e significativas e, principalmente, valorizem o momento presente.

Porque através do exemplo se aprende, quem sabe se aquilo que pelos mais idosos fizermos pode vir a ser replicado pelos nossos familiares quando chegarmos à idade dos nossos «velhos»?!

Foto: Daniel Santos

Dos descaminhos da escrita

screvo desde que aprendi as letras, a magia de juntá-las, as palavras que surgiam e seus significados e sons, nem sempre fáceis de se reconhecer. Lembro-me da amiga que lia as histórias do Pateta, condensadas num livro de capa dura verde-alface. Quando ela lia, aparecia uma palavra que não estava lá. Eu olhava o texto, procurava a palavra e confirmava - não estava lá. Um dia perguntei-lhe de onde ela tirava aquela palavra e ela disse: do texto. Está aqui: etc. Não sabia que aquelas três letrinhas se transformavam, quando lidas, numa palavra: et cetera Achei bonito. Comecei a caçar sentidos e também palavras que surgiam de siglas, de resquícios do latim, do aprendizado. Resolvi escrever um diário que logo se transformou num panfleto. Eu era revolucionária desde os 4 anos, graças aos irmãos que ouviam canções de protesto e que liam obras de autores de esquerda. O Brasil, e parte da América do Sul, vivia sob ditadura e era preciso resistir. Algumas obras circulavam em

Estou atrás do despojamento mais inteiro da simplicidade mais erma da palavra mais recém-nascida do inteiro mais despojado do ermo mais simples do nascimento a mais da palavra. Ana Cristina Cesar

vinis. Lembro-me da peça Liberdade, liberdade. De ouvir a voz dos atores e, confesso, de não entender muita coisa, mas achava bonito. Assim, o meu diário, que começou de maneira intimista, logo se converteu num libelo panfletário de má qualidade. Pensei que o havia perdido, entre tantas mudanças de cidade e de casas, não me lembrava onde o havia deixado. Rezando, intimamente, para que ninguém o encontrasse ou lesse. Não pelo que dizia de mim, mas pelo texto de uma rebeldia infantil e de muito mau gosto literário. Anos depois, a mãe mo devolveu. Tinha guardado na sua mesa de cabeceira – um livro azul, de capa dura, com uma menina sentada, de cara sorridente, a escrever qualquer coisa. Reencontrei o diário. Reli e, de facto, passados tantos anos, continuava ruim, mas a inocência do texto não se perdera, nem a vontade de mudança que ele continha. Tornei-me uma rebelde discreta. Escrevia poesia, nem toda má, e também me atrevi na dramaturgia. Quase publiquei um livro de poemas aos 16 anos. Ainda bem que o projeto foi engavetado. Perdi os poemas,

datilografados na Remington de capa amarelo-queimado, ou escritos a mão em qualquer papel que encontrasse. Perdi outros poemas, que escrevi mais tarde, quando fui viver muito longe da família e

dos amigos. Perdi, pelo caminho, alguns amigos, poemas e nuca mais escrevi um diário. Mas a escrita não me abandonou.

Foto: Isa Mestre

Um filme: In a Lonely Place, de Nicholas Ray (Matar ou Não Matar, 1950)

Éfrequente encontrar bocadinhos de textos de William Shakespeare nas obras de outros artistas. Tirando a Bíblia, o consenso é que se trata da obra mais citada, direta (quando se fazem citações ipsis verbis, tal e qual se encontram nos manuscritos do começo do século XVII, nenhum deles, consta, redigido pelo punho do autor) ou indiretamente (quando se adapta ou se troca alguma expressão). Shakespeare (chamo-lhe assim, mas penso nesse nome como se me referisse a uma marca, não a uma pessoa) aparece em escritos de épocas mais ou menos próximas da sua, noutras línguas, em países diferentes, ajustado a artes em suportes dos mais diversificados – pintura ou escultura (não existem estátuas de Julieta, personagem de uma das suas mais famosas tragédias?), música, cinema, banda desenhada,... O cinema, surgido nos anos derradeiros do século XIX, quatrocentos anos depois da época em que terá vivido o bardo inglês, alimenta-se desde o começo de histórias shakespeareanas (veja-se The Tempest, uma das primeiras dessas histórias contadas com o artifício cinematográfico, não apenas com a câmara colocada à boca de um palco). Escreve-se uma frase e está a citar-se Shakespeare. Tropeça-se numa pedra, e lá está ele. O que faz o

texto de Shakespeare num mundo que deixou há muito aquele que lhe deu origem? Se continua a ser usado, se continua a fazer sentido (se faz, em 2025, o mesmo que fazia em 2005, ou em 1995, já serão outros quinhentos – ah!, não me admiraria que esta expressão tivesse sido registada num dos famosos manuscritos), mesmo para quem não tenha lido a obra do autor, algum efeito há de ter. Na minha cabeça, quando não percebo à primeira, o efeito é pôr-me à procura: tem uma função didática, de desafio, de acrescento.

No filme In A Lonely Place, que Nicholas Ray deu a protagonizar a Humphrey Bogart e a Gloria Grahame, a personagem de Bogart vive em Hollywood: é um escritor de argumentos para cinema, mas não escreve nada de jeito desde antes da guerra (em que combateu) e convive com outros losers no Paul’s, um restaurante onde todos se conhecem. Um destes tipos encalhados no tempo (por causa da guerra, por causa de tantas mudanças que se foram atropelando na primeira metade do século XX) é um ator mais claramente decadente do que os outros: aparece sempre com os copos, aos tropeções, a falar um inglês rebuscado, a simbolizar um mundo perdido onde ele teria sido talvez uma estrela, antes dos filmes escapistas que os anos do pós-guerra

cultivaram, de consumo rápido e despreocupado. É este ator em declínio (Charlie, interpretado por Robert Warwick) que recita um dos sonetos de Shakespeare, o soneto XXIX. Esse recitar deslocado, caricatural, até cómico, que na sala de cinema arranca gargalhadas, longe de calhar a despropósito, fica a ecoar por todo o filme. Sublinha tópicos que o estruturam (o desconforto de um indivíduo numa sociedade feita sobretudo de aparências, a crueldade e a rapidez com que são descartados aqueles que não se acomodam aos ditames do mercado, o bálsamo e a dor de recordar

amores passados), mas fá-lo de modo a não parecer que sejam esses os temas principais. Charlie, aquela espécie de palhaço inconsequente, olha para as outras personagens, faz pena e riso, mas, desde o chão onde caiu, vai insistindo: riam de mim, não deixem de rir de mim, mas oiçam o que estou a dar-vos: são versos de Shakespeare, não o esqueçam – peguem neles agora, leiam-nos, releiam e reflitam. O “doce amor lembrado” (na tradução de Vasco Graça Moura do penúltimo verso desse soneto) não será uma pista para se saber, a meio do filme, como acabará a história do par?

Foto: Vasco Célio

E se acontecer o apagão da internet? Fábio Jesuíno, empresário

ivemos altamente ligados ao mundo digital, que nem nos apercebemos a real importância da internet na nossa rotina diária.

Interações profissionais e pessoais, acesso à informação e ao lazer, quase tudo depende da nossa presença online.

Um recente apagão elétrico em Portugal e Espanha, com duração de aproximadamente 10 horas, provocou um impacto sem precedentes no quotidiano de milhões de pessoas. Apesar da falha de energia, a Internet manteve-se funcional para alguns utilizadores equipados com sistemas de baterias ou geradores, principalmente através de ligações via satélite, embora com registo de interrupções nas redes de fibra ótica e móvel. Esta experiência permite analisar a resiliência das comunicações e ponderar o cenário de um eventual apagão total da Internet.

A possibilidade de um apagão da internet é real, é cada vez mais discutida por especialistas devido à crescente dependência global das redes digitais. Existem muitos fatores que podem provocar uma interrupção de grande escala, desde falhas técnicas em infraestruturas críticas, como cortes em cabos submarinos, problemas em servidores DNS e até ataques

cibernéticos coordenados e eventos extremos, como tempestades solares capazes de afetar satélites, redes elétricas e cabos de fibra ótica.

Existem outros fatores relevantes, como decisões governamentais e conflitos geopolíticos, que nos últimos anos provocaram muitos bloqueios intencionais ao acesso à internet em vários países, demonstrando que a vulnerabilidade não é apenas técnica, mas também política.

O impacto de um apagão global da internet seria forte, com prejuízos económicos avultados, bloqueando serviços essenciais e perturbações generalizadas, afetando praticamente todos os setores da sociedade atual. Empresas e mercados financeiros sofreriam perdas imediatas, com interrupções nas bolsas de valores, sistemas bancários e transações eletrónicas.

Serviços de saúde, transportes e comunicações ficariam gravemente comprometidos, dificultando o acesso a cuidados médicos, a coordenação de emergências e a mobilidade urbana.

O isolamento digital tornaria impossível a comunicação rápida e eficaz, não só entre pessoas, mas também entre instituições que dependem de dados em tempo real para funcionar.

Supermercados, postos de combustível e estabelecimentos comerciais veriam os seus sistemas de pagamento eletrónico inoperacionais, agravando ainda mais o caos e a sensação de insegurança. Este cenário evidencia a vulnerabilidade da sociedade atual, que depende da internet não apenas para o conforto e conveniência, mas para o funcionamento básico dos serviços que sustentam a vida em comunidade.

O meu umbigo

ai alta a manhã de sábado. O sol, refulgente, convida a uma caminhada na praia, mas o corpo resiste. Tomo um longo café, trocando o mergulho na água fria do Atlântico por outro, bem mais confortável, no telemóvel. Desculpo a minha atitude com a necessidade premente de estar a par das notícias mais recentes. Sem surpresa, faz-se o balanço das comemorações do 25 de Abril — ainda os cravos, os versos de Sophia e de Manuel Alegre, o descer da avenida — enquanto surgem as primeiras imagens dos preparativos para o funeral do Papa, que terá início dentro de minutos.

Deslizo preguiçosamente pelas últimas publicações. São os temas do dia, não há dúvida. E podia terminar aqui a minha incursão pelas redes, prende-me, porém, a confirmação de algo de que há muito desconfiava: é provável que esta era fique para a História como a Era do Umbigo. É certo que as redes sociais não são responsáveis pela umbiguite que nos assola, mas deram-lhe palco, holofotes e aplausos garantidos. Facilitaram a propagação da pandemia. Sempre houve quem achasse que, para o bem ou para o mal, o mundo girava à sua volta. E sempre houve quem o expressasse no seu círculo pessoal ou profissional. Acontece que a facilidade com que cada um de nós conta hoje a sua versão da História, introduzindo-se a si próprio nos eventos, ou, se a cronologia o impuser, aos seus antepassados, elevou este fenómeno a um outro patamar.

Dá-se um tsunami no Sudeste Asiático? Pobres vítimas, sim, claro. Aproveito para contar que ali estive em lua de mel e ilustro a notícia com uma foto na praia. Um biquíni brasileiro, o corpo bem tonificado, menos 20 quilos e menos 20 anos. É só aguardar os elogios.

Alguém ganha o ouro nos Jogos Olímpicos? Batemos palmas, com entusiasmo… e aproveitamos para lembrar que andámos na escola do primo afastado do treinador. Até temos a fotografia daquele dia em que se sentou perto da nossa mesa na cantina. É ele, lá ao fundo. Muito ao fundo. De perfil. Aquele nariz é inconfundível.

No dia das exéquias do líder da Igreja Católica, era, portanto, inevitável sucederem-se as fotografias tiradas na capital italiana. Toda a gente foi a Roma e tem uma fotografia no Vaticano. Podiam perfeitamente ter conhecido o Papa. Não aconteceu por um triz — pois se há 40 anos pisaram o local exato onde agora se encontra a urna. Um senhor explica que nunca foi a Roma, mas passou uma semana em Nápoles. Além disso, esteve na Argentina, segundo conta, na rua onde Francisco viveu. E cá vai a fotografia com a camisola da seleção argentina e um “Adeus Francisco!”.

É espantoso o modo como as pessoas transformaram a morte do Sumo Pontífice em algo que é sobre si próprias, sobrepondose ao falecido. Todavia, o cidadão comum, por muito que se esforce por ser interessante, é rapidamente ultrapassado por uma enxurrada de imagens de Trump, no

modo triste figura que o caracteriza, sentado frente a Zelensky, no meio da catedral. Duas cadeiras frente a frente, dois homens inclinados um para o outro, como se de uma conversa de taberna se tratasse. Ao fundo, um bispo, de costas, ignora-os. As câmaras fotográficas — e as televisivas, percebo depois — esqueceram o defunto. A abjeta figura de azul conseguiu mais uma vez ser o centro das atenções. Na praça, o caixão de Francisco só volta a ser avistado quando as câmaras acompanham o presidente americano que se dirige ao exterior.

As palavras são de eucaristia; as imagens de uma boçalidade ímpar. O fato azul; o ar de quem se perdeu a caminho do bingo e apareceu num funeral por engano; a pastilha elástica; o passar pelas brasas de boca aberta… tudo contribui para que o momento deixe de ser sobre o Papa e passe a ser sobre o bárbaro.

Por esta altura, as publicações transbordam indignação diante do comportamento do americano e de um grupo de chefes de Estado que, atrás de si, decidiu ser o momento ideal para, de telemóvel em punho, recolher imagens. O povo reage. De todos os cantos do mundo afloram vozes de

luto, unidas no pesar pela partida do Papa. Sempre a partir do «eu», claro: os sacrifícios que fiz para o ir ver, o calor que passei, as horas em pé — as varizes não mentem, como rezei por ele… À medida que o dia passa, os testemunhos multiplicam-se mais que os pães. As figuras públicas sacam da cartola conversas íntimas com o Santo Padre: a todos garantiu serem um exemplo. Que bem vai o mundo! Percebo que estamos agora em disputa aberta pela aprovação do Papa. Afinal, é um passo seguro em direção ao Céu.

Por não se tratar de uma figura qualquer, e sendo, de facto, um homem bom, os ecos da partida de Jorge Bergoglio ressoam nos dias que se seguem. A competição pelo lugar de escolhido de Sua Santidade também. A imprensa não perdeu tempo — já só lhe interessa o possível sucessor. Os fiéis, esses, acorrem a Roma para ver o túmulo com os seus próprios olhos. E é então que, na página de um desconhecido, me deparo com a fotografia de uma família à porta da Basílica de Santa Maria Maggiore: o casal e o filho fazem pose, seguram a seis mãos a bandeira de um clube de futebol português. Na legenda, lê-se: “Benzida por ti, meu Francisco, é até à vitória!”

Perante a dificuldade em processar a informação, deito as mãos à cabeça e suspiro:

— Nossa Senhora me valha!

Ouve-se um estrondo. A luz vai abaixo. A Península Ibérica mergulha nas trevas. Tenho de partilhar!

O meu umbigo cresce, cresce, cresce. Emancipa-se. Abandona-me e junta-se, orgulhoso, à procissão de umbigos que desfila pela larga alameda das redes sociais. Imponente. Brilhante. Bem maior do que os outros — ou não fosse o meu.

Navegar é preciso

Paulo Neves, «ilhéu», mas nenhum homem é uma ilha

or esta altura, faz 100 anos1, o Eng Duarte Abecassis (pai do farense

Krus Abecassis2, que veio a presidir ao município de Lisboa entre 1980 e 1990) escolheu e justificava ao Conselho Superior de Obras Públicas, o local na ilhas-barreira para onde, ele próprio, elaborou o projeto, que concluiu e entregou em 1927, para a abertura do novo canal de navegação ao porto comum Faro-Olhão e que, oficialmente, já permitia acessos aos navios em 1929… é (foi) obra!

Parte das obras de defesa fixas (molhes) também foram executadas nessa altura. Mas, só dois anos mais tarde é que a segunda fase veio a ser aprovada, mas «ficou na gaveta» até final dessa década, por falta de recursos do Estado, desinteresse dos empreiteiros pelo preço fixado…e, portanto, quando se voltou à obra já teve que se refazer a primeira fase e todos os trabalhos para estabilização de fundos. Enfim, o habitual e contrariando o sucesso e liderança inicial.

Arrisco, de fontes diferentes e já por fotografias, que o ramal de carris feito, até mais à frente da zona ribeirinha ao lado da atual estrada longitudinal perto da Horta da Areia, para circulação de vagonetes de carga dos blocos de pedras (maioritariamente oriundas do Escarpão - Albufeira), para se concluir a segunda fase das obras fixas (molhes), tenham sido instalados para a conclusão dessa fase nos idos de 40, dandose conclusão dos trabalhos também de

desassoreamento de canais para que efetivamente os navios de maior tonelagem pudessem navegar dentro da ria.

O Cais Comercial («cais novo») só veio a entrar em exploração bem mais tarde (acostagem, guindastes, armazenagem e oleodutos de combustíveis) já há 60 anos atrás…

Portanto, tivemos estes anos todos a ver «passar os navios». Agora é assim que estamos, outra vez, mas por razões bem diferentes.

Portanto, uma homenagem é devida a tantos trabalhadores que o pensaram, decidiram e meteram mãos às obras, em condições técnicas tão difíceis e a tantos trabalhadores que faziam trasfega de mercadorias em alto-mar, mesmo vendo a primeira fase do canal já aberto, tantos anos a fio e, depois da segunda fase e ainda já com o cais novo em exploração, aos estivadores portuários (muitos conheci na minha meninice quando os servia ao balcão do estabelecimento de comidas e bebidas, «casa de pasto», do meu pai).

Mas é assim que vamos hoje, no passar das décadas, perdendo investimentos, alimentando expetativas, as anteriores benfeitorias a deteriorarem-se e as oportunidades a passarem com o desacreditar dos cidadãos nos anúncios sucessivamente apregoados. Perdemos todos.

Vejamos, depois de tamanhos esforços de tantos, o canal de acesso continua lá, os molhes de proteção também, a área de todo o «cais novo» (17 hectares) está completamente desafetada da zona protegida da Ria Formosa, ideias não faltam (pelo menos desde 2013, quando vereador da oposição, já conheci, pelo menos, dois projetos concretos publicamente anunciados) e agora acalentava esperança que, com a revisão das verbas do famoso PRR3, ao menos alguma candidatura local estivesse prevista. Nada.

A gestão de portos do Algarve foi centralizada em Sines, pensando que daí houvesse competência técnica, integração de operação e músculo financeiro para renovação ou novo ímpeto na exploração… Nada.

Da autarquia, de Sines, dos Governos, Deputados da região, alguma coisa?

Na campanha autárquica de 2013, num debate público, num espaço cultural farense (já encerrado), arrisquei apresentar uma ideia de sustentabilidade para o investimento da recuperação da antiga zona industrial do Bom João, regeneração ambiental dos lodos contaminados e fui acusado de ter apontado quem poderiam ser os parceiros óbvios, com Estado e autarquia nestas operações.

O povo falou e decidiu, mas eu «Gosto de Faro» e, agora, sobre o «cais novo», a todos peço que ergam os olhos mais além e para esta bacia de entrada do Mediterrâneo, mesmo em frente a nós e se surpreendam, pois, também encontrarão uma solução que, interligada com o Aeroporto Internacional de Faro, tão próximo, é, outra vez, óbvia.

Navegar é preciso e deixar passar oportunidades é só irresponsável quanto

Foto: João Neves dos Santos

temos vindo, até agora, deslustrando quem tanto alcançou, sem meios, apenas com a vontade. Ou ficamo-nos no queixume habitual adaptando: «em terra de marinheiros… sucedem os velhos do Restelo».

1 Foi nesta altura (1925) que o meu avô paterno (Manuel, «o lobisomem») foi chamado para a Ilha da Culatra (núcleo do Farol) e também trabalhou nesta obra ficando como funcionário da então JAPSA – Junta Autónoma de Portos do Sotavento do Algarve e lá ficou).

2 Eng. Diretor Superior e 1.º Diretor de Obras da Barra do Porto Comum Faro-Olhão Comum e que com as estruturas autónomas de Tavira, Vila Real de Santo António daria origem à JAPSA.

3 Este Porto, ao contrário de Aveiro, Viana ou de Portimão, após a adesão de Portugal à CEE (1986), não beneficiou de apoios para uma barra mais moderna e segura, sequer, para correção da força de reverso das correntes.

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