REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #435

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ALGARVE INFORMATIVO

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2024
20.º ANIVERSÁRIO DA CASA DA JUVENTUDE DE OLHÃO | «FERNANDO E AS ESTRELAS» NO LETHES TAÇA DO MUNDO DE GINÁSTICA RÍTMICA EM PORTIMÃO | DIA DE LOULÉ | MONUMENTO À ALELUIA
25 de maio,

ÍNDICE

Época balnear já arrancou em Albufeira (pág. 26)

Dia do Município de Loulé (pág. 32)

Casa Municipal da Juventude - Hugo Charrão comemorou 20.º aniversário (pág. 40)

Monumento à Aleluia em São Brás de Alportel (pág. 50)

Taça do Mundo de Ginástica Rítmica em Portimão (pág. 56)

«As Criadas» de Jean Genet na Escola

Secundária Tomás Cabreira (pág. 90)

«Fernando e as estrelas» no Teatro Lethes (pág. 106)

OPINIÃO

Ana Isabel Soares (pág. 122)

Sílvia Quinteiro (pág. 124)

MUSEU DE VILA DO BISPO

– CELEIRO DA HISTÓRIA

Integrado no perímetro urbano de Vila do Bispo, conserva-se um edifício que mereceu, pela sua importância no Passado e potencial no Presente, ser revalorizado enquanto inédito equipamento sociocultural para o Futuro. Os «Celeiros» das extintas

Federação Nacional dos Produtores de Trigo (FNPT) e da Empresa Pública de Abastecimento de Cereais (EPAC) foram originalmente construídos na década de 1950, para armazenamento de cereais pelos produtores locais no âmbito da

Campanha do Trigo, estratégia agrícola nacional iniciada em 1929, época em que Vila do Bispo passou a ser reconhecida como o «Celeiro do Algarve».

Em boa-hora, passados cerca de 70 anos, a Câmara Municipal de Vila do Bispo propôs-se dignificar o antigo edifício dos Celeiros de Vila do Bispo, reabilitando esta emblemática arquitetura de arqueologia industrial num renovado equipamento museológico: o Museu de Vila do Bispo – Celeiro da História.

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CONTEÚDO PATROCINADO

Preservando na íntegra a marcante arquitetura pré-existente, o nosso Museu inclui uma narrativa expositiva / interpretativa acerca da herança coletiva do Concelho de Vila do Bispo e da própria região barlaventina do Algarve, desde a sua fundação geológica, aos paleontológicos icnofósseis de incríveis dinossauros, aos mais remotos vestígios culturais de presença humana identificados pela Arqueologia, passando pela História e pelos seus acontecimentos e personagens, pela Arqueologia Subaquática dos naufrágios e das

batalhas navais, pela riqueza e singularidade da Biodiversidade Local e, claro, pela memória etnográfica das «Gentes do Cabo» e da sua mística finisterra de mar feita.

Abrindo portas no dia 20 de janeiro de 2024, o nosso Celeiro da História abraçou uma inédita missão enquanto sede de investigação, conservação, valorização e divulgação do riquíssimo e particularmente diversificado Património Local, estendendo a sua ação aos envolventes contextos paisagísticos

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através da aplicação BispoGO – Museu da Paisagem.

Repositório da Memória Coletiva do Concelho de Vila do Bispo e das suas gentes, fórum da Comunidade Local e espaço de boas-vindas a quem visita o território, o Museu de Vila do Bispo –Celeiro da História assume-se como um

projeto genuinamente participativo e inclusivo, de todos e para todos... visitenos e embarque numa maravilhosa máquina do tempo !!!

Este equipamento cultural é fruto de um investimento superior a 2 milhões e 900 mil euros e foi financiado em 1 milhão e 981 mil euros pelo Programa CRESC ALGARVE 2020.

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Contactos:

Morada: Sítio das Eiras, 8650-405 Vila do Bispo

Telemóvel: +351 927 193 677 (chamada para a rede móvel nacional)

E-mail: museu.celeirodahistoria@cm-viladobispo.pt

Coordenadas GPS: Lat: 37.085774 Lng: -8.911462

Bilheteira:

- 5,00€ (tarifa normal);

- 2,50€ (tarifa com 50% de desconto*): jovens dos 13 aos 17 anos | visitantes com idade igual ou superior a 65 anos | Cartão de Estudante | Cartão Jovem | portador de deficiência (incapacidade igual ou superior a 60%) + 1 acompanhante | família, desde que constituída, pelo menos, por quatro elementos em linha de parentesco ascendente ou descendente | outras situações abrangidas por protocolo ou acordo celebrado entre o Município de Vila do Bispo e entidades de natureza cultural, educativa, científica ou outra;

- 4,00€ (tarifa com 20% de desconto*): grupos organizados (25 ou mais bilhetes);

- Entrada gratuita*: consultar condições na bilheteira do Museu.

* A concessão de tarifas reduzidas e gratuitidades está sujeita a acreditação na bilheteira, mediante a apresentação do documento oficial correspondente a cada caso, válido e atualizado.

Horário de abertura ao público: Terça-feira a domingo - 10h00 às 18h00

Encerrado à segunda-feira | 1 de janeiro (Ano Novo) |Domingo de Páscoa (data móvel) |1 de maio (Dia do Trabalhador) | 25 de dezembro (Natal)

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Já abriu oficialmente a época balnear em Albufeira

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Cerimónia de Abertura da Época Balnear, que em Albufeira decorre entre 15 de maio e 15 de outubro, juntou, no dia 15 de maio, na Praia dos Pescadores, o Executivo da Câmara Municipal, bem como representantes de várias entidades com responsabilidades na orla marítima, como a Associação de Nadadores Salvadores de Albufeira (ANSA), a Autoridade Marítima, a GNR e os Bombeiros Voluntários de Albufeira.

“Como já é habitual, o Município antecipa a abertura da época balnear operacionalizando todos os meios e recursos humanos necessários à utilização das praias de Albufeira”, indicou José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, que afirmou que, “embora se fale da diversificação do Turismo em Albufeira, como tem vindo a ser feito ao longo do mandato, através das competições e eventos desportivos de grande escala, da candidatura a património da

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UNESCO do Geoparque

Algarvensis ou da exposição de Vhils submergida na Praia de Santa Eulália, o Turismo de «Sol e Praia» é, com toda a certeza, o mote de Albufeira”

No local estavam também presentes três turmas de alunos de escolas albufeirenses, nomeadamente, da E.B. 1, 2, 3 da Guia, da E.B. 2, 3 D. Martim Fernandes e da Escola Secundária de Albufeira, que tiveram a oportunidade de participar nas atividades de educação ambiental e ações de sensibilização sobre segurança e comportamentos a adotar na praia, promovidas pela Unidade Ambiental do Município, assim como, visitar a exposição de veículos utilizados na preservação, limpeza do areal. Seguiuse uma simulação de afogamento/salvamento, com recurso a meios da Autoridade Marítima, ANSA e Bombeiros Voluntários de Albufeira

(BVA), com vista a dar a conhecer o modo de atuação e os equipamentos utilizados neste tipo de ocorrências.

Cristiano Cabrita, vereador responsável pelo pelouro do Ambiente e Assuntos do Mar, afirmou que “as praias, enquanto parte fundamental do desenvolvimento económico local e da promoção da marca «Albufeira», necessitam de cuidados reforçados no que concerne a limpeza, preservação, manutenção e proteção”. O edil apontou ainda que “este é um serviço que tem resultados muito positivos, se existir um trabalho simbiótico entre a comunidade e o Município”, sublinhando as três a quatro toneladas de resíduos recolhidos diariamente, em média, durante a época estival, pelos técnicos municipais .

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Vítor Aleixo fez balanço do trabalho realizado no Dia do Município de Loulé

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

oulé celebrou, a 9 de maio, o Dia do Município e o presidente da Autarquia, Vítor Aleixo, aproveitou para dar conta «do estado de arte do desenvolvimento» concelhio e fazer um balanço dos investimentos em curso. Em quase 12 anos, sempre com o lema «não deixar ninguém para trás», o executivo municipal tem realizado obra para “fazer de Loulé um bom concelho para viver, investir e trabalhar”

Apesar de assumir que este é “um trabalho sempre em aberto e nunca terminado”, o edil considerou que “as opções estratégicas feitas lá atrás, no tempo certo, permitiram-nos um vasto número de realizações em domínios que nos preparam bem para um futuro cheio de incertezas”.

A Habitação é um dos domínios a que o Município mais se tem dedicado nos últimos anos, sendo que, em 2019, foi

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lançada uma estratégia “muito ambiciosa” para responder às necessidades existentes numa área que é transversal a todo o País. E Vítor Aleixo tornou pública a ambição de aumentar significativamente a oferta pública de habitação em todo o território deste concelho. Para tal, em junho, serão abertas as candidaturas para a atribuição de 160 fogos em todo o concelho. De referir que, em 2023, foram entregues 27 fogos, entre os quais 5 deles construídos de raiz em Salir. Por outro lado, estão em fase de projeto ou em execução 200 fogos, “os quais serão objeto, também, do lançamento de candidaturas para a sua atribuição, nos anos de 2025, 2026 e 2027” Entre 2022 e 2027, o Município passará das 234 para as 620 habitações de oferta pública, o que torna Loulé no concelho

algarvio com maior investimento nesta área em todo o Algarve, cerca de 17 milhões de euros, representando cerca de 40 por cento do investimento total na região.

As questões do Ambiente e combate às Alterações Climáticas também mereceram algumas palavras por parte de Vítor Aleixo, até porque este tem sido um trabalho pioneiro no País, que tem tido um importante parceiro no mundo académico. A implementação do CLA –Conselho Local de Acompanhamento, do qual fazem parte mais de 80 entidades externas, e o Plano Municipal de Ação Climática têm estruturado “as grandes mudanças que terão de acontecer no futuro próximo para nos adaptarmos, com justiça e sem exclusão social, aos eventos

extremos de um clima em descontrolo acelerado”.

Ao nível da Cultura e recuperação e valorização do Património, elementos determinantes para a “afirmação do concelho de Loulé” e atração de turistas, o autarca recordou a intervenção na Igreja Matriz de Loulé, a musealização dos Banhos Islâmicos e o projeto do Loulé

Criativo. Também o Pavilhão Multiusos 25 de Abril, em Almancil, que será inaugurado em breve, contará com uma componente cultural, já que irá albergar um polo da Biblioteca Municipal.

Em relação à Proteção Civil, o edil relevou a importância que a segurança tem para a comunidade e para uma atividade turística de excelência. Os investimentos em equipamentos de

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vocação regional têm criado na zona Sul da cidade de Loulé uma «Cidadela de Segurança e Proteção Civil», onde ficará localizado o futuro Quartel Regional da GNR, em fase de projeto, ou a nova sede regional do INEM com os serviços do CODU, inaugurada a 10 de maio.

Os passos decisivos dados para o desenvolvimento e revitalização do interior têm passado, por exemplo, pela

cobertura digital e comunicações telefónicas, a candidatura a Geoparque da UNESCO ou a reflorestação, mapeamento e valorização dos serviços prestados pelos ecossistemas daquele território. “Pela primeira vez há a esperança sólida de que um período de declínio demográfico e económico de décadas está a chegar ao fim, para dar lugar a um novo ciclo de desenvolvimento da maior área do território do concelho, agora sob a chancela dos valores da proteção e salvaguarda da natureza”, afirmou Vítor Aleixo.

Por último, o presidente da Câmara Municipal de Loulé falou dos projetos de investigação científica na área das Ciências Biomédicas do Envelhecimento Ativo e Saudável. Em Vilamoura, num lote cedido pelo Município, irá nascer o Centro Active Life para a proteção de cuidados de saúde e bem-estar no âmbito da reabilitação osteoarticular, cardiovascular e respiratória. Em Loulé está prevista a construção de um Centro de Formação Profissional onde funcionará também a sede nacional das políticas do Plano Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável.

Em breve será inaugurado o primeiro Centro de Saúde Universitário de Portugal, no edifício junto ao Centro de Saúde e, no Verão, o ABC – Algarve Biomedical Center abre o primeiro Laboratório de Genética Médica na região, que irá servir todo o Sul do País. “A ideia é criar no concelho um

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verdadeiro ecossistema na área da inovação médica que irá revolucionar a base económica de todo o Algarve, assim como atrair e fixar mais médicos, cientistas e outros profissionais diferenciados”, concluiu Vítor Aleixo.

Na abertura desta sessão comemorativa, o presidente da Assembleia Municipal, Carlos Silva Gomes, deixou uma mensagem de homenagem a “todos os autarcas e todos os funcionários do Município

que, ao longo de 50 anos de Democracia, dedicaram muito das suas vidas para que o concelho de Loulé seja aquilo que é hoje”. Este responsável falou ainda do papel da Assembleia enquanto local de debate e decisão e nos “consensos centrados nos interesses das populações e do Municípios”. Foi com este espírito que este órgão participou, de forma ativa, na revisão do PDM (Plano Diretor Municipal), o “processo mais participativo e envolvente da história do Município de Loulé” .

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Casa Municipal da Juventude – Hugo Charrão comemorou

20.º aniversário

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Casa Municipal da Juventude – Hugo Charrão celebrou, no dia 20 de maio, o seu 20.º aniversário, numa cerimónia informal que juntou muitos jovens, e menos jovens, olhanenses num espaço vocacionado para alargar os horizontes das novas gerações.

A inauguração de uma exposição coletiva, a apresentação de um mural comemorativo desta efeméride da responsabilidade do Estúdio Onze e a partilha de diversos testemunhos de experiências de vida em torno da Casa da Juventude de Olhão antecederam o soprar das velas do bolo de aniversário. “Em boa hora se fez esta casa, que arrancou logo com uma grande dinâmica. Houve uma altura em

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que se direcionou mais para as escolas, para o público infantil, mas depois conseguimos ir buscar utentes mais «velhos», graças à proximidade que temos com a Escola Secundária”, recordou João Evaristo, vereador da Câmara Municipal de Olhão com o pelouro da Juventude. “Ao fim de 20 anos, verificamos que faz todo o sentido a existência de uma Casa da Juventude em Olhão, porque a relação com as associações está bastante saudável. E é de enaltecer a quantidade de jovens que fizeram

desta a sua «casa» e que continuam a passar por aqui, por ela ter tido uma forte influência nas suas vidas”, reforçou o autarca.

Casa Municipal da Juventude que, em 2022, ganhou como patrono Hugo Charrão, uma pessoa que marcou o início deste espaço e que faleceu em 2020, tendo os pais participado igualmente na cerimónia do 20.º aniversário da Cajo. O evento terminou com diversos momentos musicais protagonizados, claro está, por vários jovens talentos da cidade cubista.

Segunda fase do Monumento à Aleluia revelada em São Brás

de Alportel

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

Município de São Brás de Alportel deu a conhecer, no dia 17 de maio, o segundo elemento que compõe o Monumento à Aleluia que está a ser instalado em três fases no início do troço sul da Avenida da Liberdade. A inauguração contou com a presença de diversas entidades, associações locais e são-brasenses.

Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, sublinhou que a Procissão da Aleluia é muito mais do que a sua faceta de atratividade turística, porque está no ADN dos são-brasenses, o que é facilmente comprovado pela forma intensa como esta tradição é vivida por toda a comunidade. “Este novo passo de revelação do monumento é,

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acima de tudo, uma homenagem à gente são-brasense”, declarou.

O Diretor da Unidade de Cultura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, Frederico Tatá Regala, considerou absolutamente notável a forma como a tradição da Festa da Aleluia passa de geração em geração. “Uma festa que merece um reconhecimento muito mais amplo a nível nacional, pela forma como se diferencia das demais procissões”, defendeu, congratulando o Município de São Brás de Alportel por assumir e cumprir a sua missão de defesa e valorização do património através do empenho na garantia de que esta festa e esta tradição têm futuro.

Desde a inauguração do primeiro elemento do monumento, a 21 de janeiro deste ano, que este é um novo ponto de atratividade turística do concelho que procura valorizar a cultura e o património imaterial local, ao mesmo tempo que se assume uma homenagem à Procissão da Aleluia, momento maior da comunidade são-brasense que é celebrado anualmente no Domingo de Páscoa e que junta todos os seus filhos que estão dispersos pelo mundo e atrai milhares de visitantes. Os dois elementos artísticos já expostos foram produzidos em bronze e ilustram em tamanho real a figura de dois homens são-brasenses (pai e filho) a participar na Procissão da Aleluia. O terceiro elemento, que será dado a conhecer na Páscoa de 2025, representa o neto do primeiro elemento do monumento.

O conjunto alude à passagem de testemunho das tradições entre gerações e ao envolvimento das entidades e associações parceiras e de toda a comunidade nesta festa. “Somos uma terra com memória”, destacou a vicepresidente da Câmara Municipal, Marlene Guerreiro, definindo este monumento como um justo tributo à alma sãobrasense. “Um monumento erguido com a convicção de que preservar a cultura é cuidar das nossas raízes e é cuidar do nosso futuro”, acrescentou a vereadora com responsabilidade na área do turismo, que recordou ainda que este monumento tem sido, desde a primeira hora em que começou a ser revelado, mais um elemento de atração turística que

contribui para valorizar São Brás de Alportel.

Os três elementos artísticos são da autoria de Manuel Belchior e Teresa Paulino e resultam de um projeto artístico, de valorização cultural, patrimonial e turística do concelho que perpetua ao longo de todo o ano este momento especial da comunidade sãobrasense. Esta obra de arte urbana está instalada no troço sul da Avenida da Liberdade, alvo de um projeto de reabilitação que integrou também a reabilitação do Largo de São Sebastião e da Rua Gago Coutinho, projeto que incluiu a criação de elementos de calçada artística que evocam a passadeira de flores que é elaborada pela comunidade são-brasense para receber a Procissão da Aleluia .

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PORTIMÃO VIBROU BELEZA DA GINÁSTICA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

VIBROU COM A GINÁSTICA RÍTMICA

isputaram-se, no dia 12 de maio, no Portimão Arena, as finais da Taça do Mundo de Ginástica Rítmica e quem esteve presente pôde assistir de perto a uma competição ao mais alto nível, pautada por muito espetáculo, cor e movimento.

Nas finais individuais, domínio para a ginasta alemã Darja Varfolomeeve, que subiu tês vezes ao lugar mais alto do pódio conquistando o ouro nos exercícios de arco, fitas e maças. Alina Harnasco,

atleta individual neutra, foi a melhor no exercício de bolas. Nas competições de conjuntos, a equipa espanhola foi ouro no exercício de cinco arcos, com os conjuntos do Brasil e França a ocuparem, respetivamente, o 2.º e 3.º lugar. Seguiuse a competição de três fitas e duas bolas, cuja vitória foi para o Brasil, seguindo-se o México e Espanha.

A equipa portuguesa entrou em competição nas duas provas, tendo ficado em 7.º lugar no exercício de cinco arcos e em 6.º na competição de três fitas e duas bolas .

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ALUNAS DA TOMÁS CABREIRA «AS CRIADAS» DE JEAN GENET

CABREIRA INTERPRETARAM

GENET

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

auditório da Escola

Secundária

Tomás Cabreira, em Faro, assistiu, no dia 8 de maio, à apresentação de «As Criadas» de Jean Genet, com encenação de Bruno Martins e interpretação de Ana Gabriel, Cadina Muchanga, Catarina Ferreira, Daniela Veiga, Laura Piskunenko, Matilde Martins, Rafaela Campos e Ullyana Mestre, alunas do 2.º ano do Curso

Profissional de Artes do Espetáculo Interpretação Ator/Atriz.

A construção deste espetáculo teve como base a ideia de fim da possibilidade, de caminho. Duas criadas, irmãs, ensaiam e improvisam todas as noites a morte da sua senhora. Vestem as

suas roupas, copiam e reproduzem os maneirismos hiper-dramáticos da sua senhora. Vestidas de preto e branco, Solange e Clara procuram sair daquela vida de servitude e analisam todas as possibilidades: matam a senhora?; são apanhadas e presas?; conseguem fugir do seu aborrecimento quotidiano?; E aquela senhora? Sabe o que a espera? “O autor escreve que a Senhora é uma idiota, uma parva, sem nunca o saber; no entanto procurámos uma senhora que consegue dançar com as duas criadas sem nunca ser apanhada na sua dança da morte. Afinal... ela sabe ou não...? Tu queres matar-me, com o teu chá, as tuas flores...”, comenta o professor, ator e encenador Bruno Martins .

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«FERNANDO E AS ESTRELAS» INSPIRA-SE NA «MENSAGEM»

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

FERNANDO PESSOA

ESTRELAS» DE FILIPA RODRIGUES «MENSAGEM» DE

o dia 10 de maio, o Teatro Lethes, em Faro, recebeu «Fernando e as estrelas», uma criação de Filipa Rodrigues

interpretada pelas alunas da Incorpora Beatriz Marques, Constança Pinto, Inês Rodrigues e Maria Fernandes, e pelo próprio filho, Xavier Rodrigues. A peça narra a história de um menino que falou com as estrelas e acredita que o destino de Portugal pode e deve ser diferente. Assim, entramos no mundo da imaginação e na mente de Fernando Pessoa durante o processo de criação da sua grande obra «Mensagem», com foco na exploração da primeira parte, intitulada «Brasão».

No estudo da obra, para além do olhar poético e histórico, a professora e

coreógrafa Filipa Rodrigues também explora o lado astrológico de Fernando Pessoa. “Ao conhecer essa faceta melhor compreenderemos a mente do autor e, consequentemente, entenderemos a obra em si”, considera Filipa Rodrigues. “Foi um estudo aprofundado da obra «Mensagem», duas residências e muita compreensão do que Fernando Pessoa queria dizer com tudo isto. Também descobri que um dos meus objetivos neste planeta é acordar almas aprisionadas, pelo que juntei mais uma vez a dança ao teatro, e agora com conhecimentos astrológicos”, descreve a coreógrafa .

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Nonagésima oitava tabuinha: Ver ao longe

Ana Isabel Soares (Professora)

problema é o nervo preguiçoso”, disse-me a oftalmologista. Que os meus olhos não sofriam de nenhum problema estrutural, que a coisa iria ao lugar se me habituasse a treinar o olhar, projetando-o para o longe uma hora por dia. “Ponha-se à janela”, insistia. Eu, muito séria, era só gargalhadas por dentro: onde desencantar uma hora por dia para ficar a olhar para o nada do longe, o longe do nada (e passou-se o episódio antes da era da Internet, o gigantesco papão da atenção) é que eu não sabia. “É melhor fazer a correção nas lentes dos óculos, se não se importa”, respondi. Ficámos assim: graduação nova e a gestão dos minutos de longe-nada-longe completamente nas minhas mãos.

Hoje, as horas que passo à janela (sempre de óculos postos) são minutos pequenos, às vezes segundos, mas sabem-me por dias inteiros – dos vasos na varanda, alço os olhos e alcanço as árvores do jardim, a ria, a linha de areia e o mar. É-me importante ver o mar, mas mais ainda ter a vista desafogada, distâncias para onde perscrutar o que mal distingo, lonjuras de imaginar. Doutra janela vejo para dentro da cidade: nada mais do que os edifícios inúmeros, que parecem encavalitados uns nos outros. Não existe linha de água neste horizonte,

só os tracejados de prédios, casas, guindaste, antenas, açoteias, telhados, varandas. Olho para longe, longe do tempo de treinar o olhar, agora viciadíssimo, um junky de lentes antitudo, que me desocultam o nublado do mundo: no horizonte estão os pináculos da Igreja do Carmo. Mas o que é um horizonte? Se em breve deixarei de ver da janela da cozinha estes pináculos, engolidos na paisagem por um prédio em construção, mais um andar-esconderijo, o horizonte não desaparece – o horizonte é a linha de até onde. Se uma grua dispõe à minha frente mais um bloco opaco, esse bloco passará a integrar o meu horizonte; encurta-o perante o meu olhar (pela certa, deixaria de poder usar esta janela para o exercício prescrito pela oftalmologista). Não deixarei, porém, de saber onde estão os pináculos, onde está o topo da igreja. Em certos dias de vento, ouvirei mesmo o som do sino a vir de lá. Mas quem me dera conseguir ver, terminada a construção, habitados os andares com gente, mobiliário de exterior e árvores (pelo que é dado ver nas imagens digitalmente geradas da publicidade aos apartamentos-por-nascer), nem que fossem só os extremos mais altos e pontiagudos das duas torres, nem que, entre a roupa que alguém estendesse a secar nas varandas que ganham forma, pudesse jogar o jogo de “agora vejo-vos, pináculos, agora não”. Se o horizonte não se me deslocasse mais para perto, os meus olhos seriam só saúde .

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Foto: Vasco Célio

Vai chatear o Camões!

á dias em que a saturação toma conta de nós. E existem entes que parecem escolher esses dias para sugar a réstia de paciência que nos mantém civilizados. Não admira, portanto, que tivesse hoje dado por mim a mandar uma criatura «ir chatear o Camões». Não foi. Não foi porque não fazia ideia do que eu estava a dizer. Apercebi-me, então, de que a expressão «Vai chatear o Camões!» caiu em desuso. E apercebi-me também de que não conhecia a sua origem. A ir chatear alguém, porquê Camões? Uma pesquisa rápida levou-me a duas teorias. A primeira diz dever-se ao facto de a sua estátua em Lisboa se situar num local por onde passavam muitos boémios.

Embriagados, sem mais ninguém que lhes desse ouvidos, falavam para a escultura. A segunda, bem mais sem graça, propõe tratar-se simplesmente de uma forma de dizer a alguém que nos deixe em paz. Que vá falar com um morto. Em relação a esta última, custame acreditar que o nome de Camões tenha surgido por acaso. Seja como for, sempre é sinal de algum reconhecimento e atenção ao poeta.

Sabemos que a toponímia se banalizou. Que qualquer um pode dar nome a uma rua ou a um largo. Com as amizades certas, um cartãozinho do partido ou do

clube, pode até ter direito a uma avenida. E, se a família pagar o mono, porque não plantar uma bela estátua no centro de uma rotunda? Mas há homenagens que, por enquanto, ainda estão reservadas apenas aos grandes. Um lugar no Panteão Nacional, com direito a túmulo no Mosteiro dos Jerónimos. A inclusão no cânone. O Dia de Camões. O Liceu Camões. O Instituto Camões. A «língua de Camões». Um número tão vasto de honrarias que é capaz de empolar o ego a qualquer morto.

E suponho que seja por isso, e porque a humildade é um valor a preservar não esqueçamos que somos uma gente com valores , que assinalaremos muito discretamente os 500 anos do seu nascimento. Um pequeno grupo de amigos. Uma velinha num pastel de nata no café da esquina. Um brinde com sumo de pacote em copos de papel. Uns parabéns cantados baixinho. Cada um paga o seu. E está feito. Nada de exageros.

Dizem-me que não é ano para grandes festas em torno de Camões. Há dois aniversariantes e é prioritário celebrar os 50 anos da Democracia. Não por esta apesar de ir «fermosa» não ir nada segura. Mas porque um cravo ao peito fica sempre bem. E porque no discurso a abrir com “Esta é a madrugada que eu esperava” basta substituir 49 por 50. Ah, se ao menos o verso fosse de Camões…

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Isso é que era! Dois em um. Não insistamos pois numa grande festa para o autor d’Os Lusíadas. Não sejamos cansativos. Parecemos os cavalheiros que falavam com a estátua. Lá por ter um olho, Camões não é rei. O que por cá não falta são olhos. Sempre à espreita. Baços, é verdade. Mas não podemos querer tudo. Como o poeta bem avisou: “Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las que desejá-las.”

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, escreveu. Nada disso. O tempo passa, mas não muda, e as vontades também não. Se nascesse hoje, Camões voltaria seguramente a andar por terras de África e pelo Oriente. Seria bolseiro de investigação. Lutaria sem capa, sem espada e sem sucesso, por um

contrato digno. Morreria igualmente na miséria... Gastaria os seus parcos recursos a fazer edições de autor. A sua obra? Demasiado sofisticada. Demasiado complexa para os leitores. Pouco rentável para as editoras.

Mas, voltando à festinha dos 500 anos, Camões não se chateia. Quando muito poderia aborrecer-se, que sempre é mais sofisticado. Só que, para tal, era necessário que lá no assento etéreo onde subiu se permitissem memórias das misérias lusitanas. Prefiro acreditar que não. Não ter de imaginar Camões, se ali estão as suas ossadas, a dar voltas no túmulo para onde foi trasladado a bem da exaltação da tão reconhecida pátria .

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A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos.

A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas.

A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos.

ALGARVE INFORMATIVO #435 128

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