

JOÃO PEDRO PAIS ARRASOU EM QUARTEIRA














ÍNDICE
World Press Photo em Portimão (pág. 24)
Festival Internacional do Caracol em Castro Marim (pág. 34)
Escola de Dança Oriental Denise de Carvalho encheu Teatro Lethes (pág. 46)
Salir do Tempo (pág. 52)
XX Lagoa Jazz Fest (pág. 64)
João Pedro Pais em Quarteira (pág. 70)
«Quando eu morrer vou fazer filmes no Inferno» em Lagos (pág. 86)
5.ª CAMADA no Teatro das Figuras (pág. 100)
OPINIÃO
Paulo Cunha (pág. 116)
Sílvia Quinteiro (pág. 118)
Paulo Neves (pág. 120)















Portimão recebeu estreia da World Press Photo em Portugal com a presença da palestiniana Samar Abu Elouf
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
ortimão é mais uma vez a primeira cidade portuguesa a receber a exposição World Press
Photo (WPPh) e a inauguração, no dia 20 de julho, na antiga
Lota, contou com a presença de um dos fotojornalistas premiados, mais concretamente da palestiniana Samar
Abu Elouf. Aquela que é considerada a maior e mais prestigiante exposição de
fotojornalismo do mundo, resultante do concurso que anualmente é promovido pela World Press Photo Foundation, pode ser apreciada, até 10 de agosto, das 18h às 00h, sendo um dos vários eventos de dimensão internacional integrados na agenda cultural «É Verão, é Portimão», da Câmara Municipal de Portimão.
Com curadoria da Associação Cultural Música XXI e apoio do Município de Portimão, a 68.ª World Press Photo




(WPPh) revela as melhores imagens captadas em 2024, num retrato plural dos acontecimentos mais impactantes do ano. Conflitos, crise, identidade de género ou as consequências das alterações climáticas são alguns dos temas centrais desta edição, por terem marcado e continuarem a marcar a atualidade mundial.
No emblemático edifício à beira-rio são apresentadas as 42 fotografias vencedoras, selecionadas de entre um total de 59 mil e 320 imagens a concurso, da autoria de 3 mil e 778 fotógrafos de 141 países. As imagens premiadas convidam os visitantes a olhar para além do tradicional ciclo noticioso e a envolverem-se em histórias de todo o mundo, que se destacam num cenário político e mediático mundial em rápida transformação, como foi o de 2024. São
histórias de luta e desafio, mas também de calor humano e coragem e foram selecionadas por um júri internacional independente pela sua qualidade visual e compromisso com a representação diversificada.
A «Foto do Ano 2025» é da autoria da palestiniana Samar Abu Elouf, de Doha, e foi tirada para o «The New York Times». A sua lente captou Mahmoud Ajjour, uma criança palestiniana com 9 anos de idade, que ficou gravemente ferida enquanto fugia de um ataque israelita em Gaza, tendo perdido os dois braços. Os restantes vencedores captaram momentos significantes que decorreram em locais como Quénia, Myanmar, Haiti, El Salvador e Geórgia. Também se destacam retratos inesperados de figuras políticas nos Estados Unidos da América e na Alemanha, bem como histórias




humanas de resiliência, incluindo a de um adolescente transgénero dos Países Baixos ou a de uma jovem ucraniana traumatizada pela guerra.
A interação entre humanos e animais, com imagens de elefantes na Zâmbia e macacos na Tailândia, além dos efeitos das alterações climáticas em desastres registados no Peru, Brasil e Filipinas ganham também um lugar de honra nesta seleção que torna visível o melhor fotojornalismo do mundo. De entre os distinguidos encontra-se também a portuguesa Maria Abranches, com o projeto autoral «MARIA».

O concurso engloba imagens de África, Ásia, Europa, América do Norte e Central, América do Sul e Sudeste Asiático e Oceânia, registando-se este ano um aumento do número de distinguidos em relação a 2024, passando de 33 para 42 vencedores.













Música, animação e gastronomia encheram Revelim de Santo
António em mais um Festival Internacional do Caracol
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Município de Castro Marim
Revelim de Santo
António, em Castro Marim, assistiu, de 18 a 20 de julho, a mais uma excelente edição do Festival Internacional do Caracol, em três dias recheados de música, animação e gastronomia.
Na sexta-feira, após a abertura do festival, os Charanga Los del Ruedo animaram os presentes com o seu talento por todo o recinto e, à noite, o palco do anfiteatro acolheu um concerto de Domingos e Amigos, seguido da fadista Fábia Rebordão. No sábado foi a vez dos Pardais à Solta animarem o Festival Internacional do Caracol, antecedendo

um concerto dos espanhóis Los Gurumelos e a atuação do algarvio Luís Gomes com os seus temas latinos. Finalmente, no domingo, a animação de rua ficou a cargo dos Olho’s 4, prosseguindo a festa com um concerto de Jorge & os «Queridos» e, para terminar mais uma edição do Festival Internacional do Caracol, o anfiteatro do Revelim de Santo António vibrou com o espetáculo «Eis o Algarve», assinado pelo acordeonista Nelson Conceição.
O recinto foi composto pelas habituais tasquinhas exploradas por várias associações e clubes, que apresentaram as melhores receitas de caracóis e de
outras iguarias. O Festival Internacional do Caracol teve também disponíveis diversas mostras de sabores vindos do outro lado do Rio Guadiana, com a assinatura de nuestros hermanos.
O evento pretende afirmar a vila de Castro Marim como destino dos melhores caracóis do Algarve, além de potenciar os produtos tradicionais, a cozinha e a cultura do Mediterrâneo e de ser um estímulo para o comércio local. O Festival Internacional do Caracol é uma organização do Município de Castro Marim, contando com a colaboração das muitas associações e clubes do concelho.

























Escola de Dança Oriental Denise de Carvalho encheu Teatro Lethes
Teatro Lethes, em Faro, foi palco, no dia 12 de julho, do habitual espetáculo anual da Escola de Dança Oriental Denise de Carvalho, que contou, como é costume, com a presença de vários convidados e de uma plateia numerosa e bastante entusiasta.
O Raqs Sharqi, a Dança Oriental, tem origens que se perdem nos inícios dos
tempos. Sendo comum a vários países, foi no Egipto que se desenvolveu com todo o seu esplendor... e foi também ali que aconteceu a sua Idade de Ouro: os melhores músicos, os melhores cantores, as melhores bailarinas. “Este espetáculo pretende retratar toda a magia desta dança até à atualidade, dando ênfase ao olhar e influência do Ocidente nesta dança nos dias de hoje. Um espetáculo de cor e de emoção, num ambiente mágico”, descreve Denise de Carvalho.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Michel Januário












Salir do Tempo recriou
vivências da Idade Média
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes
os dias 18, 19 e 20 de julho, Salir fez uma viagem ao passado em mais uma edição do Salir no Tempo, uma das recriações históricas mais emblemáticas do sul do país, onde visitantes e residentes são convidados a mergulhar nas profundas raízes desta vila do concelho de Loulé.
Na Idade Média, Salir foi um reduto da Reconquista dos cristãos aos mouros. Nesse sentido, este evento tem um toque de autenticidade, com cavaleiros e escudeiros, artesãos e mercadores, trovadores e encantadores de serpentes e dançarinos, nas ruas estreitas e empedradas da vila.
Ponto estratégico durante o período da Reconquista, quando a transição do domínio muçulmano para o cristão deu


origem às mais variadas demonstrações de força, Salir viveu também momentos intercalados pelas permanentes tentativas de normalização do quotidiano, em que as Artes tinham um papel importante na sociedade de então. É este o ambiente que o visitante ali encontra nestes dias. Nesta experiência de regresso ao passado, a música, a dança e a gastronomia aliam-se a cuspidores de fogo, falcoaria, torneios medievais e à representação de diversos personagens, proporcionando momentos de interação com os espectadores e criando um ambiente mágico. O visitante teve também a oportunidade de ser um
protagonista da própria história, vestindo-se a rigor com um dos trajes que podia ser alugado na loja do Salir no Tempo.
Promover o conhecimento da importância histórica do território e contribuir para o desenvolvimento turístico e cultural do concelho de Loulé, pela valorização do seu património material e imaterial e pela sua função pedagógica, constituem objetivos desta iniciativa. O Salir no Tempo é uma organização do Município de Loulé, com a colaboração da Junta de Freguesia de Salir.





























Parque Municipal do Sítio das Fontes vibrou
com as sonoridades do Jazz
idílico Parque Municipal do Sítio das Fontes, em Estômbar, vibrou, de 18 a 20 de julho, com concertos de eleição e momentos únicos inseridos no XX Lagoa Jazz Fest'25. O programa incluiu projetos de enorme qualidade, abrangendo as mais variadas estéticas e instrumentações do jazz, desde as mais convencionais às mais inovadoras, e provenientes da Argentina, Brasil, Portugal, Polónia e Cuba.
Desde 2003 que o Lagoa Jazz Fest tem acolhido grandes talentos e nele já
participaram mais de 250 músicos oriundos de países como Portugal, Espanha, França, Itália, Áustria, Brasil, Argentina, Japão, Colômbia, Índia, U.S.A, entre outros. No dia 19, o palco principal assistiu à estreia do projeto «Quintessência» do conceituado percussionista português Alexandre Frazão, que se fez acompanhar por Rodrigo Correia, Tomás Marques, Luís Cunha e Manuel Oliveira.
A organização foi mais uma vez do Município de Lagoa, com a produção e cartaz artístico de Joaquim Andrés e António Palma (curadoria e direção artística).

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina










JOÃO PEDRO PAIS ARRASOU EM

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
PAIS QUARTEIRA


calor do verão teve novamente no Passeio das Dunas, em Quarteira, o local perfeito para um dos eventos mais quentes da temporada algarvia, o Dunas Sunset, uma celebração de música, mar e boas vibrações aos pés do Oceano Atlântico. Promovido pela Câmara Municipal de Loulé, em parceria com a Junta de Freguesia de Quarteira, esta marca registada do verão em Quarteira voltou a acontecer, de 22 a 24 de julho, e reuniu um público variado, desde os mais
jovens até famílias inteiras, fruto de um cartaz eclético que juntou nomes como João Pedro Pais, Jimmy P ou Slow J. A estes juntaram-se os djs Pedro Simões, Miss Sheila e Rich & Mendes para terminar as noites em beleza.
Com entrada completamente gratuita, o Dunas Sunset fez a orla de Quarteira sentir-se como um palco ao ar livre, onde som e luz se misturaram com a natureza envolvente sem limitações, muito em linha com o verão no Algarve. E o pontapé-de-saída não podia ter sido melhor, com mais um fantástico concerto do eterno João Pedro Pais, sem dúvida




um dos artistas mais acarinhados pelo público português, e que trouxe consigo um cheirinho do seu mais recente disco, «Amigo Improvável». O álbum reafirma a identidade única do artista, combinando autenticidade, emoção e uma forte ligação ao público, e inclui o single «A Nossa Hora», uma canção que celebra a entrega, a amizade e a confiança no futuro, refletindo a maturidade artística de João Pedro Pais.
«Amigo Improvável» tem arranjos e produção de João Pedro Pais e Sérgio Mendes, num trabalho que conta com participações de Diogo Sousa na bateria e percussão, Salvador Pais nas guitarras e coros, e Sérgio Mendes na guitarra elétrica, baixo e produção musical. E, para além das novidades, não faltaram os êxitos intemporais do carismático artista, cantados a uma só voz por um público entusiasta que encheu o Passeio das Dunas na primeira noite do Dunas Sunset.






























MÁRIO COELHO APRESENTOU
EU MORRER VOU FAZER
NO CENTRO CULTURAL DE

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
APRESENTOU «QUANDO
FILMES NO INFERNO»
DE LAGOS


Auditório Duval Pestana do Centro Cultural de Lagos foi palco, no dia 19 de julho, da peça de teatro «Quando eu morrer vou fazer filmes no inferno», de Mário Coelho.
A história passa-se num apartamento, como qualquer outro, habitado por uma jovem rapariga. Numa noite igual a tantas outras, uma porta abre-se e dez corpos entram repentinamente na sala. Começam a dançar. Habitam aquele espaço como se fosse seu. A jovem rapariga dirige-se à sala, chocada e em pânico. Não percebe o que fazem aqueles estranhos na sua casa. Como entraram?
O que querem? Tenta expulsá-los, mas é ignorada. Inicia-se então um pesadelo que perdurará, uma tragédia hereditária.
Com texto e encenação de Mário Coelho, a interpretação é de Ana Valentim, Anabela Ribeiro, Anna Leppänen, Cleo Diára, Júlia Valente, Leonardo Garibaldi, Lúcia Moniz, Mariana Gomes, Matilde Jalles, Nádia Yracema, Pedro Baptista e Rita Rocha Silva. A peça é uma coprodução do Centro Cultural de Lagos, Culturgest — Fundação Caixa Geral de Depósitos, O Espaço do Tempo, Teatro-Cine de Torres Vedras, Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery e Theatro Circo Braga, contando com o apoio da República Portuguesa –Cultura | Direção Geral das Artes.




























«QUINTA CAMADA» ESTREOU FIGURAS COM UMA CENTENA
A CELEBRAR A FOTOGRAFIA

Texto: Daniel Pina| Fotografia: Marco Santos
ESTREOU NO TEATRO DAS CENTENA DE BAILARINOS
FOTOGRAFIA EM MOVIMENTO


o dia 5 de julho, o Teatro das Figuras, em Faro, recebeu o espetáculo de dança «QUINTA CAMADA», da responsabilidade da CAMADA Centro Coreográfico, e que marcou o encerramento do ano letivo 2024/2025. “Foi o culminar de meses de
trabalho criativo e técnico desenvolvido por cerca de 100 alunos, entre crianças, jovens e adultos, e um convite para o público descobrir diferentes formas de ver e sentir a fotografia, o tema central desta edição. A fotografia foi o ponto de partida para pensar o corpo, mas é o movimento que lhe dá vida e novos significados”, refere a diretora Carolina Cantinho.

O «QUINTA CAMADA» apresentou um programa bipartido. Na primeira parte, os alunos exploram a história e evolução da Fotografia na sociedade, através de composições coreográficas originais. Na segunda parte, o destaque foi para a estreia de «Click», uma criação do coreógrafo Miguel Santos, desenvolvida no âmbito do projeto CRIATURA –
iniciativa de mediação e intercâmbio artístico entre duas escolas de dança de Faro e Tavira.
«Click» é uma reflexão poética sobre a memória e a sua relação com o tempo, o corpo e a realidade. Num espaço vazio que simboliza um tempo suspenso, as memórias surgem como fotografias, instantes efémeros transformados em

eternidade. Cada imagem é um fragmento vivo do passado que reverbera no presente, despertando sensações que ultrapassam o racional. “O corpo responde ao eco dessas lembranças como se habitasse simultaneamente o passado e o agora. Entre a nostalgia e o desejo de reviver o que foi, abre-se um espaço onde se questiona o domínio da razão e do controle, revelando o valor do efémero, do imprevisível, do sensível. A realidade mostra-se fluida, moldada pelas emoções e reconstruída pelas memórias. Como uma fotografia em movimento, tudo vibra com a presença do que parecia perdido, mas persiste, à espera de ser reencontrado em novos corpos, olhares e contextos”, descreve o criador Miguel Santos. A interpretação esteve a cargo de Adriana Sobral, Carminho Rebelo, Clara Minhalma, David Sares, Eva Gago, Guilherme Martins, Jax Ferguson, Joana
Botelho, Leonor Curado, Madalena Gomes, Margarida Minhalma, Rita Teixeira, Raquel Fernandes, Suzana Torres e Tomás Silva.
No final, o sentimento era de orgulho no que foi construído em conjunto por alunas, alunos, professoras e todos os que fizeram parte de mais um ano da CAMADA. “Obrigado a quem esteve connosco em mais uma criação inesquecível: as professorascoreógrafas Carolina Cantinho, Margarida Cantinho, Maria Dias, Paula Cabral, Ana Alberto e Viviana Costa; alunas e alunos; pais e familiares; Miguel Santos; Michael Stojko; Laura Andrade; Joana Baltazar e os alunos da D’Dance Company; Jorge Pereira; o Teatro das Figuras e a sua incrível equipa técnica e de produção e o Município de Faro”, declarou a direção da CAMADA.































O «espírito de corpo»
Paulo Cunha, professor
”
tudo começou com a pintura de um campo de basquetebol, uma chouriça assada e umas «minis». Seguiram-se os lanches, a canoagem, os almoços, as caminhadas, os dias temáticos e os passeios de barco. Muitos e bons momentos que não esqueceremos! Aquilo que aconteceu hoje é algo muito bonito e que se deve a esse trabalho contínuo diário entre pares (docentes e funcionários). É esta a escola que queremos. Profissionalismo, amizade, alegria, companheirismo e felicidade. O «pessoal não docente» é mais um elemento deste puzzle. E é por eles, todos, que estivemos juntos reconhecendo a sua importância neste processo. Todos os docentes estão gratos pelo importante papel que desempenharam. Somos todos uma só escola. Uma escola onde, juntos, podemos ser felizes. Grato a todos por aquilo que me proporcionaram” - Foram estas as palavras que o meu colega Hugo Barradas (adjunto da direção do Agrupamento de Escolas João de Deus para o 2.º e 3.º ciclos de escolaridade) escreveu num grupo social que integro, após um convívio de professores e funcionários da Escola E. B. 2, 3 Santo António – Faro, onde a plena e franca comunhão e a boa disposição foram os denominadores comuns.
Foi este evento e as palavras do meu colega, que tão bem o caracterizaram, que me fizeram regressar ao século passado, num período da minha vida em que, de uma forma menos agradável, aprendi o real significado da expressão «espírito de corpo». Tendo cumprido a recruta do Serviço Militar Obrigatório num verão quente em Vendas Novas, senti na carne e no espírito a razão por que os militares se tratam por camaradas. Rastejando por baixo de arame farpado, andando por cima de um fino pórtico com cinco metros de altura, saltando altas paliçadas, mergulhando, à noite, o corpo inteiro no lodo, caminhando grandes distâncias por campos ingremes com o M64 (equipamento de transporte pessoal) às costas, enquanto o «frita miolos» (capacete) nos cozia (literalmente) os pensamentos, nas semanas de campo, dormindo ao relento aninhados uns aos outros, tal era o frio…, enfim, descobrimos que a superação se atinge com a ajuda de todos!
«Esprit de corps» é uma expressão francesa que se refere a um forte sentimento de união, orgulho e lealdade partilhado pelos membros de um grupo. É o sentido de camaradagem e propósito comum que leva os membros a trabalharem juntos, tentando assim alcançar os objetivos do grupo. É o «espírito de equipa» ou o «espírito de corpo» que une as pessoas num grupo, promovendo a motivação e consequente

colaboração mútua. Esta forma de estar pode ser encontrada em diversos tipos de grupos, como famílias, equipas desportivas, forças militarizadas, empresas, instituições e comunidades. Há quem a caracterize como uma força invisível que mantém os membros unidos, comprometidos com um propósito comum e dispostos a sacrificar interesses individuais em prol do grupo. A identidade partilhada, a lealdade e a confiança, a comunicação eficaz, aberta e transparente, o respeito mútuo e o orgulho coletivo, são as premissas básicas para potenciar o desempenho, a resiliência e a sustentabilidade destes grupos.
No meio institucional, o «espírito de corpo» traduz-se na cultura
organizacional que incentiva a colaboração, o trabalho em equipa e o comprometimento com os objetivos estratégicos. Instituições com um forte «espírito de corpo» tendem a apresentar menor rotatividade de funcionários, maior satisfação interna e melhores resultados em inovação e produtividade. Cultivar o «espírito de corpo» é um processo contínuo, que exige investimento em práticas de integração, comunicação clara e valorização da diversidade interna. Convém não confundir «espírito de grupo» com «pensamento de grupo», pois tal dificultará a inovação e a autocrítica. É fundamental o equilíbrio entre a coesão e a abertura ao diálogo e à diversidade de opiniões.
Num mundo cada vez mais orientado para o sucesso individual, o «espírito de corpo» surge como o contraponto necessário. A convergência de talentos, a capacidade de sacrificar interesses pessoais e o reconhecimento de que os resultados coletivos são mais duradouros e significativos, felizmente, desafiam a lógica da competição constante. O «espírito de corpo» não rejeita a individualidade, mas valoriza a complementaridade e o contributo singular de cada um para o bem comum. Mais do que um simples sentimento de pertença, representa a energia vital que impulsiona os diversos grupos a superar desafios, a inovar e a preservar a sua identidade ao longo do tempo. Saibam e consigam os órgãos diretivos e de chefia das diversas instituições implementar esta forma de pensar, de estar e de agir. Ganharemos todos!
Foto: Daniel Santos
Leve-leve Sílvia Quinteiro, professora
umo ao país do leveleve. Avisada de que lá não poderei comprar nada, coloco nas malas muito mais roupa do que normalmente levaria. Preciso de indumentária formal para reuniões e palestras, mas também de opções para saídas e praia. Sei que a biblioteca da universidade dispõe de poucos títulos, por isso aproveito para preencher o espaço que me resta com edições recentes para oferecer. À cautela, boa parte do vestuário e dos produtos de higiene segue na mala de mão.
Não gosto de surpresas e o adiamento do voo por 24 horas deixa-me nervosa. Os bilhetes de Faro para Lisboa estão perdidos; há que comprar novos. Um dia de viagem a menos. Ainda assim, decido não deixar que a contrariedade me afete o entusiasmo.
Chega, finalmente, a hora de embarcar. No momento de entregar as malas, a companhia aérea tira mais uma da cartola: ignora o peso contratado para a bagagem de cabine. Tenho de aliviar a carga. Transfiro à pressa o que consigo para a mala de porão. Fico com o computador, o telemóvel, os medicamentos e uma muda de roupa.
Sabendo que o avião habitual está avariado, pergunto à funcionária a que
companhia pertence o aparelho em que irei viajar.
— Não sei. — responde.
E havia de saber porquê?, penso. Um pormenor, apenas.
Preparo-me para avançar, mas reparo, no meio da atrapalhação, nas letras minúsculas que, sob «São Tomé», indicam: «via Tamanrasset». Num passe de magia, o meu voo direto transformouse numa viagem com escala. Volto atrás:
— Desculpe, onde fica Tamanrasset?
— Não sei. — afirma a funcionária.
— Certo… mas seja onde for, quanto tempo ficamos lá? Mudamos de avião? Para onde foram despachadas as minhas malas? – pergunto.
— Não lhe posso dar essa informação. — responde, já farta da passageira insistente.
— E quem pode? — questiono.
— Não sei. — O sorriso é triunfante.
Claro. Que disparate o meu. Porque haveria alguém de saber para onde vou, se a paragem é longa ou curta, ou o destino da minha bagagem?

Consulto o telemóvel. Descubro que Tamanrasset fica na Argélia. Na Argélia! Na Argélia!
Se o arrependimento me trouxesse a bagagem de volta, esta viagem nunca teria acontecido.
À entrada para o avião, nova surpresa: o aparelho é mais pequeno do que o habitual. As malas de mão não cabem e seguem também para o porão. Restamme o portátil, o telemóvel e os medicamentos.
Enquanto procuro compreender o que se passa, um cavalheiro suado e de mau humor grita que parte da bagagem ficará em terra. Só me resta torcer para que a minha não seja uma delas. Era azar a mais.
Apesar de tudo, e quando até disso já duvidava, o avião levanta voo. Em Tamanrasset, e só aí, descobrimos que a paragem será breve. Apenas o tempo suficiente para abastecer. Cerca de 40 minutos depois, seguimos viagem. Um voo surpreendentemente tranquilo, apesar dos clarões dos relâmpagos que iluminam o interior das nuvens cinzentas
sobre o Golfo da Guiné. Aterramos ao amanhecer.
No Aeroporto Nuno Xavier, a entrega de bagagem faz-se numa tenda com vista para o exterior. Aguardo ansiosamente. Nem sinal da minha mala. Ficaram muitas em Lisboa, sussurra-se. Os passageiros protestam. Estão descontentes, mas não surpreendidos. É normal, fico a saber. E também o é esperar horas para reclamar. Um único funcionário, num gabinete minúsculo, sentado numa cadeira rota e desengonçada, anota lentamente as reclamações. Lá se vai mais meio-dia de viagem.
No hotel, pergunto onde posso comprar o essencial.
— É domingo — diz o rececionista. — Amanhã há supermercado.
Depois de tantas horas de viagem, só quero um banho e roupa limpa. Contentome com o banho. Da agência de viagens chega a indicação de que devo adquirir o necessário e apresentar a fatura ao seguro. Uma ideia que seria excelente… num país onde houvesse o que comprar.
Rendo-me. Lavo a roupa à noite para usar de dia. Descubro que o gel de duche é um ótimo detergente, que o secador de cabelo será o meu melhor aliado nos dias que se seguem, e que luxo mesmo era ter onde ir comprar escova e pasta de dentes.
É nesse instante que começo a compreender o espírito da terra. Se não há como resolver… mais vale relaxar, sorrir e ir por onde, como e quando a vida nos deixar: leve-leve.
Paulo Neves, «ilhéu», mas nenhum homem é uma ilha
or força das minhas novas funções profissionais, passo dias da semana no que tem sido «o olho do furacão» do turismo do Algarve. Aliás, um dia por semana, pelo menos, sou mesmo vizinho na rua (da Oura) de Albufeira que tem estado nas notícias.
Já desde 1992, com a construção da mais de centena de casas para jovens, que ganharam o prémio nacional de promoção cooperativa e depois com a inscrição no Orçamento de Estado, que promovi na Assembleia da República, da Marina de Albufeira e ainda depois com a inauguração do Hospital do Lusíadas, ligam-me a Albufeira laços da maior afetividade (como a Portimão, a Lagos e Loulé) só superados pela minha cidade de Faro.
Sobre o turismo de Albufeira, e porque interessa para este artigo, importa destacar o trabalho com a Eng.ª Valentina Calixto, o Dr. Luís Patrão, por iniciativa do Dr. Sérgio Palma Brito e meus colegas na RTA, o Dr. Luis Pinto, Fátima Catarina e Hugo Nascimento, com o presidente da Câmara Municipal de Albufeira Arsénio Catuna, de propor (aprovado) o programa Polis para Albufeira na sequência das ações para a regeneração urbana, que visitamos, em Calvia-Baleares (agenda XXI).
Portanto, depois desta declaração de interesses, assumo as dificuldades e o impacto negativo da imagem (e barulho) etc. nos investimentos hoteleiros que são circundados pelos bares. Não preciso esclarecer mais.
Mas também não sou distraído, sobre o momento, a repetição dos casos e mesmo o «renascimento» da memória dos mesmos que abrem as notícias e agora são usados nas campanhas eleitorais, associados, de quando em vez, aos momentos que interessam aos destinos concorrentes e/ou agentes que fixam preços na oferta, também não são meras coincidências.
Mas lá que os casos e o «caos» existem, existem. Vão existindo apesar dos novos Regulamentos Municipais e esforço policial e de alguns agentes económicos.
Além de se tomar uma rua «pelo todo», esquecendo que Albufeira tem locais (simplesmente) de nota máxima na qualidade internacional e outros locais que se estão agora a (re)afirmar como surpreendentes ao nível da captação de novas marcas de nível superlativo, fazemnos pensar como resolver e ultrapassar este(s) caso(s) bem delimitados.
Tem sido este o meu último desafio íntimo. Nem vou perder tempo a relatar causas, nem culpados, ainda menos

repetir sobre os riscos e impactos negativos no destino Albufeira-Algarve.
Assim, de frente – aquela rua proporciona receitas disparatadas aos exploradores da mesma. Falo de todos e de todo o género (inversa às dos hoteleiros que não queiram desistir do seu modelo de negócio…, evidentemente).
Não acredito que os empresários vão desistir do seu negócio fantástico que atrai milhares e milhares de consumidores ávidos de «animação» até altas horas.
Também não é possível manter aquele estado de coisas por mais tempo. Mas desistir de uma solução? Nem pensar.
Além das conversas e apelo ao diálogo do costume, penso que todos temos que assumir as nossas responsabilidades. Um espaço público que já foi de grande notabilidade urbanística, há 15 anos atrás, pode ter uma nova vida.
E conhecemos, sem prejuízo e com muito menos problemas para os empresários, assim com maior benefício para o destino e envolvente localregional, outros modelos de exploração dos espaços privados e de conciliação com o interesse dos demais e assim como das cidades, sem tanto ruído, insegurança, lixo e desconsideração pelo urbanismo.
Com menos gente e muito mais gastos.
Vamos voltar às Baleares (e outros destinos) que viveram as mesmas dificuldades e «renasceram» pela positiva?
Temos que assumir.
De há anos que o estado de coisas vem piorando. A autarquia tem de continuar os esforços, com maior ritmo, envolvimento e autoridade, lançando opções e normas que motivem à mudança, a bem.
Com os próprios envolvidos, ou de outra forma com quem não cumpra a lei e o respeito pelos direitos dos demais que somos todos no Algarve.
Não vou aqui «passar receitas», mas ofereço-me (pro bono) para ser parte, com outros, na procura e desenho das soluções.
Foto: João Neves dos Santos


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Daniel Pina
FOTO DE CAPA:
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