REVISTA ALGARVE INFORMATIVO #297

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ALGARVE INFORMATIVO 26 de junho, 2021

«OFF» | «O PODER DA ARTE» | «TELHADOS DE VIDRO» | LUÍS TRIGACHEIRO 1 ALGARVE INFORMATIVO #297 DIA DE CASTRO MARIM E TAVIRA | PLANO TURISMO + SUSTENTÁVEL 20-23


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70 - «OFF» em Portimão 14 - Plano Turismo + Sustentável 20-23

84 - «Telhados de Vidro» em Loulé 36 - Dia de Castro Marim

100 - «O Poder da Arte» em Quarteira 46 - «Móce Mó» em Castro Marim

OPINIÃO 114 - Mirian Tavares 116 - Ana Isabel Soares 118 - Adília César 120 - Nuno Campos Inácio 122- Júlio Ferreira ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #297 #297 ALGARVE

24 - Dia de Tavira 88


46 - Luís Trigacheiro em Castro Marim

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TURISMO DE PORTUGAL APOSTA NUM TURISMO MAIS RESPONSÁVEL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina firmar Portugal como um dos destinos mais competitivos, seguros e sustentáveis do mundo através do desenvolvimento económico, social e ambiental em todo o território, é o objetivo do «Plano Turismo + Sustentável 20-23» que foi apresentado, pelo Turismo de Portugal, no dia 14 de junho, nos Viveiros Monterosa, em Moncarapacho. Decorrente do plano de retoma «Reativar Turismo. Construir Futuro» e alinhado com os objetivos da Estratégia Turismo ALGARVE INFORMATIVO #297

2027 (ET27), o Plano pretende intensificar o objetivo da sustentabilidade na atividade turística, com ações como a reeducação para uma restauração circular e sustentável, o desenvolvimento de práticas para uma economia circular, a neutralidade carbónica nos empreendimentos turísticos, a construção sustentável em empreendimentos turísticos, a eficiência hídrica nos campos de golfe em Portugal e a redução do plástico na hotelaria. Lançado em outubro de 2020, este plano de ação esteve em consulta 14


pública, tendo recebido mais de 100 contributos que o tornaram mais diversificado e completo. Na sua versão final, o projeto tem presente a importância de Portugal reforçar o seu posicionamento e competitividade enquanto destino turístico sustentável e seguro, acomodando também as exigências de novas diretrizes e orientações nacionais e comunitárias, para o curto e médio prazo, no âmbito da economia circular e da sustentabilidade ambiental. Nesse sentido, o Plano abrange quatro eixos estratégicos: estruturar uma oferta cada vez mais sustentável; qualificar os agentes do setor; promover Portugal como um destino sustentável; e monitorizar o desempenho do setor para a sustentabilidade. O objetivo é que, até

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2023, 75 por cento dos empreendimentos turísticos tenham sistemas de eficiência energética, hídrica e gestão de resíduos e não utilizem Plásticos de Uso Único; ter 25 mil aderentes ao Selo «Clean & Safe» e 30 mil profissionais formados; e ter 50 mil profissionais com formação nas áreas da sustentabilidade. No final, pretende-se incrementar as competências dos profissionais do setor do turismo, alavancar iniciativas e dinâmicas já existentes, dar visibilidade a boas práticas e inspirar todos a fazer melhor, para alcançar melhores resultados em termos de receitas, da satisfação dos turistas e da preservação do planeta, para que o turismo continue a crescer em valor e

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consiga gerar 27 mil milhões de euros em receitas turísticas até 2027. De acordo com as orientações globais da Organização Mundial do Turismo, a recuperação responsável do setor, após a pandemia de COVID-19, permitirá que este retome a atividade ainda mais forte e mais sustentável. “A recuperação do

setor assente na sustentabilidade permitirá, não só a resiliência perante futuras crises, como o retomar da atividade turística sob o compromisso de fazer melhor e com maior segurança, do ponto de vista económico, social e ambiental”, acredita o Turismo de Portugal. Neste âmbito, Portugal tem como propósitos aumentar a procura turística no país e nas várias regiões; crescer a um ritmo mais acelerado nas receitas do que nas dormidas; alargar a ALGARVE INFORMATIVO #297

atividade turística a todo o ano; aumentar as habilitações da população empregada no turismo; assegurar que a atividade turística gera um impacto positivo nas populações residentes; incrementar os níveis de eficiência energética nas empresas do turismo; impulsionar uma gestão racional do recurso água no turismo; e promover uma gestão eficiente dos resíduos na atividade turística nacional. Também a adesão do Turismo de Portugal ao Global Sustainable Tourism Council (GSTC) e ao Pacto Português para os Plásticos, para além da participação ativa no World Travel & Tourism Council (WTTC) e na European Travel Commission (ETC), refletem o compromisso nacional de intervir e apoiar iniciativas que reforcem o papel do turismo na construção de um mundo melhor para todos. “Este 16


desafio exige o compromisso de uma estreita articulação entre toda a comunidade relacionada com o turismo, integrando, nos trabalhos a concretizar, as estruturas regionais de turismo do continente e regiões autónomas, a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), todas as associações empresariais do setor, em colaboração, ainda, com as restantes tutelas, entidades públicas regionais e locais cuja atuação também se relacione, direta ou indiretamente, com a atividade turística”, defende o Turismo de Portugal.

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POR UM TURISMO MAIS AMIGO DO AMBIENTE Mundialmente, o Turismo representa 10 por cento do PIB e do emprego e tem demonstrado reunir o potencial para contribuir direta e indiretamente para todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas, sendo diretamente referenciado nas metas dos objetivos crescimento económico sustentável, consumo e produção sustentáveis, bem como no uso sustentável dos oceanos e recursos marinhos. “O Turismo é hoje uma

atividade comprometida com o desenvolvimento sustentável à escala global e os seus

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stakeholders são os principais interessados neste mesmo desenvolvimento. Mas o Turismo é também, desde março de 2020, um dos setores mais afetados pela pandemia COVID-19. Com impactes negativos em toda a cadeia de valor, a pandemia provocou o abrandamento do progresso verificado nos ODS, particularmente os que respeitam à erradicação da pobreza, à saúde e bem-estar e à redução das desigualdades. A crise vivida oferece, contudo, uma oportunidade para repensar o posicionamento do setor do Turismo, sobretudo no que toca à ALGARVE INFORMATIVO #297

sua relação com o território e as comunidades, com um contributo acrescido para os ODS e para com os objetivos do Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas”, refere o Turismo de Portugal. Visando transformar os desafios climáticos e ambientais em oportunidades, o plano de ação do Pacto Ecológico Europeu salienta a importância do comprometimento e envolvimento de todos os setores de atividade, entre os quais o do Turismo, pela sua importância estratégica, alcance global e dimensão local. Também no âmbito da preservação da biodiversidade, são de realçar os compromissos assumidos por Portugal no âmbito da Agenda 2030, bem como 18


no âmbito da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade para 2030, na qual o Turismo de Portugal é uma das entidades participantes no fórum intersectorial. “A

importância de estancar a perda de biodiversidade encontra-se, ainda, claramente expressa no Programa do XXI Governo Constitucional que elegeu o combate às alterações climáticas como um dos desafios estratégicos da governação, tendo ainda, mais recentemente, definido a Transição Climática como um dos pilares do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para Portugal. Estando o Turismo a montante e jusante das consequências decorrentes das alterações climáticas, urge adotar medidas que

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minimizem esse impacto e promovam uma crescente consciencialização de toda a comunidade turística sobre a necessidade de alterar comportamentos, nomeadamente na promoção da eficiência ambiental e na redução da pegada carbónica”, reforça o Turismo de Portugal. “Face a estes desafios, é importante que os stakeholders do Turismo assegurem que os turistas conhecem, compreendem e estão interessados em assumir, também eles, o compromisso de alcançar um desenvolvimento sustentável dos territórios e dos destinos turísticos”.

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Como se sabe, a pandemia epidemiológica do novo Coronavírus veio alterar as dinâmicas das sociedades, destacando-se o impacto negativo na economia em geral e no setor do Turismo em particular, enquanto se constata os seus efeitos em termos do alívio na pressão ambiental sobre o planeta Terra.

“Em Portugal, a situação pandémica tem levado a que, depois de se ALGARVE INFORMATIVO #297

alcançarem números de crescimento nunca atingidos, a economia do Turismo viva momentos bastante difíceis, inclusive no limiar da sobrevivência, com muitas empresas em grandes dificuldades. A generalidade da investigação sobre esta matéria 20


momento de paragem que a pandemia COVID-19 impôs deve ser encarado como uma oportunidade para programar o futuro, acelerando a implementação de práticas e princípios de sustentabilidade no desenvolvimento dos negócios e atenuando as assimetrias”, entendem os responsáveis pelo Turismo de Portugal.

aponta para que, ao contrário de outras crises económicas recentes, a recuperação da economia não irá afastar para um segundo plano a componente ambiental e social, impondo à generalidade das atividades económicas uma transição rápida para modelos de desenvolvimento sustentáveis. O 21

Ora, para que tudo isto seja possível, o Plano contempla 119 ações distribuídas pelos quatro eixos de atuação, e que resultam da proposta apresentada, a 26 de outubro de 2020, pelo Turismo de Portugal e dos contributos recebidos em sede de consulta pública, que terminou a 26 de janeiro do corrente ano. E são inúmeras as entidades já envolvidas ou a envolver na sua concretização, desde as mais diretamente associadas ao setor e à atividade turística, nomeadamente as empresas, associações e organismos públicos, às que, pelas suas competências e âmbito de atuação, de alguma forma têm impacte no turismo, à escala local, regional e nacional. Do mesmo modo intervêm as entidades da sociedade social e associações nãogovernamentais cujo âmbito de atuação está ligado à sustentabilidade e possuem um papel de destaque neste processo de transição do setor para um desenvolvimento sustentável e responsável. Todos unidos em prol de um Turismo mais sustentável.

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MESMO SEM O SÃO JOÃO, TAVIRA FESTEJOU O SEU DIA DA CIDADE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina o dia 24 de junho, o Município de Tavira assinalou mais um Dia da Cidade, com a atribuição de medalhas de bons serviços e dedicação aos funcionários com 20 e 30 anos de serviço e de mérito municipal, e o concerto do projeto «Homens do Sul», de Vitorino Salomé e Zé Francisco, no Parque do Palácio da Galeria. As comemorações começaram, pelas 10h30, com o hastear das bandeiras, nos Paços do Concelho, seguida da sessão ALGARVE INFORMATIVO #297

solene no Mercado da Ribeira. A cerimónia contemplou a distinção de três trabalhadores com medalhas de bons serviços e dedicação grau prata (30 anos de serviço) e quatro funcionários com medalhas de bons serviços e dedicação grau cobre (20 anos de serviço). O Município de Tavira prestou também homenagem, com medalha municipal de mérito grau ouro, prata e cobre, a alguns ilustres cidadãos e entidades que se destacaram pelo trabalho meritório desenvolvido em prol do concelho. Entre estes, realce para Jorge Botelho, ex-presidente da Câmara Municipal de 24


Ana Paula Martins, presidente da Câmara Municipal de Tavira

Tavira e da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, e atual Secretário de Estado da Descentralização e Administração Local. As comemorações encerraram, no Parque do Palácio da Galeria com o concerto de «Homens do Sul», projeto de Vitorino Salomé & Zé Francisco, considerado, simultaneamente, um concerto, uma tertúlia, um convite e um disco e que contou com o apoio da autarquia tavirense. Um programa festivo mais singelo do que em anos transatos devido ao coronavírus que continua a assolar o país, reconheceu Ana Paula Martins, presidente da Câmara Municipal 25

de Tavira. “A pandemia que

vivemos não nos permite os festejos e o tão desejado convívio social. É tempo de prevenir, em vez de remediar. Cada um de nós deve ser um agente de saúde pública, cumprindo as medidas de segurança impostas pela DGS. Agradeço, no entanto, à Associação dos Amigos de S. João pelos enfeites de papel que se encontram no Mercado da Ribeira e no Coreto, para não deixar cair esta tradição”, referiu a edil. ALGARVE INFORMATIVO #297


Ana Paula Martins agradeceu igualmente aos homenageados por terem contribuído, e continuarem a contribuir, através das suas atividades profissionais e dos seus tempos livres, para o desenvolvimento do concelho de Tavira, assim como aos funcionários da autarquia, por ajudarem a cumprir a missão municipal e a servir a sua comunidade. Seguiu-se, depois, uma breve reflexão sobre a atividade municipal nestes quatro anos, até porque as eleições autárquicas estão à distância de escassos meses. “Desde o dia 11 de

março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde declarou estarmos numa situação de pandemia mundial, que as nossas vidas mudaram completamente. A nossa capacidade de resiliência e

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adaptação tem sido colocada à prova e, apesar de se tratar de uma crise sanitária, as autarquias assumiram imediatamente um papel interventivo na defesa das suas populações, tomando várias medidas para mitigar o risco de contágio e os impactos sociais e económicos provocados por esta crise”, recordou a presidente da Câmara Municipal de Tavira. Como se sabe, as restrições e medidas que começaram com o confinamento geral foram avançando e recuando conforme a evolução da situação epidemiológica, com elevados custos para a economia e para as famílias portuguesas. “O executivo

municipal implementou um

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Jorge Botelho e Ana Paula Martins

conjunto de medidas a nível local para apoiar as pessoas mais carenciadas e as empresas e vamos agora lançar – espero que seja aprovado na próxima Assembleia Municipal – o Fundo de Apoio à Economia Local de Tavira, um regulamento municipal que permitirá reforçar a ajuda aos empresários e empresas em cerca de 300 mil euros. Todas estas medidas tiveram um impacto, nas contas do Município, em 2020, superior a dois milhões de euros, entre despesas adicionais realizadas e perda de receitas”, revelou Ana Paula Martins, acrescentando que, em 2021, só o auxílio ao tecido empresarial deve atingir os 750 mil euros. 27

Apesar de serem anos atípicos, o Município de Tavira manteve e até aumentou a generalidade dos apoios sociais às famílias, aos estudantes do concelho e às associações sociais, culturais e desportivas. E, no plano cultural e desportivo, avançou-se para uma programação online para não se cuidar da saúde mental e física dos tavirenses. “No que toca aos

investimentos de capital, vulgo obras realizadas, verificaram-se atrasos em algumas empreitadas, devido à demora de entrega de materiais e à necessidade de se cumprirem os planos de contingência dos empreiteiros. Mesmo assim, algumas já se encontram concluídas, como a ALGARVE INFORMATIVO #297


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pavimentação de caminhos municipais nas freguesias de Conceição e Cabanas; a requalificação da Fonte Férrea e Cachopo; a ponte pedonal e ciclável sobre a Ribeira do Almargem; a intervenção em fogos de habitação social; a beneficiação dos espaços exteriores das escolas do concelho; o reforço do pavimento do Polidesportivo da Conceição; as obras de conservação na Igreja São Pedro Gonçalves Telmo e nas Piscinas Municipais; a reabilitação do Cineteatro; a requalificação da 29

Escola EB1 e pré-escolar de Santo Estêvão; e a ponte sobre o Rio Gilão. A Casa da Aldeia e Jardim Público de Cachopo estão praticamente finalizados e, em julho, arranca a conservação e restauro do património integrado da Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo e no Mercado da Ribeira”, descreveu Ana Paula Martins. Esta dinâmica mantém-se em 2021 e encontram-se em procedimento mais empreitadas, anunciou a edil tavirense, casos da requalificação da Rua Capitão ALGARVE INFORMATIVO #297


Jorge Ribeiro, da beneficiação da Ecovia do Litoral, da substituição de coberturas em fibrocimento nas escolas do concelho, da valorização dos espaços exteriores da Atalaia, das obras de conservação na EN 397 e no Monte dos Currais, das obras de conservação e beneficiação na rede viária em Santa Catarina e Tavira, da requalificação dos edifícios de habitação social de Tavira (uma empreitada de quase dois milhões de euros) e da Praceta Diogo Mendonça Corte-Real, do Miradouro de Alcaria do Fumo, entre outras. “Apesar da batalha que

travamos todos os dias contra este inimigo invisível, o executivo que lidero continua a trabalhar para proteger a nossa população, sem ALGARVE INFORMATIVO #297

nunca perder de vista o desenvolvimento do nosso concelho e o bem-estar das pessoas e famílias. Por isso, tenho que agradecer à minha equipa de vereadores por todo o esforço e dedicação para trilhar este caminho comigo, mas também aos vereadores da oposição, por toda a colaboração e disponibilidade para encontrar soluções que vão ao encontro das necessidades dos tavirenses. Agradeço aos presidentes de Juntas de Freguesia por todo o trabalho realizado e por todo o 30


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empenho e envolvimento em prol do bem-estar dos seus fregueses; e igualmente ao presidente da Assembleia Municipal, pela forma como sempre liderou os trabalhos, proporcionando o debate democrático necessário, e aos deputados municipais, pela forma respeitosa e ordeira como sempre aconteceu este debate, apesar das divergências de opiniões e convicções”, sublinhou Ana Paula Martins. “O tempo é de dificuldades, mas é nestas ocasiões que se vê a ALGARVE INFORMATIVO #297

boa gestão e liderança, que se tomam decisões difíceis, que se vai à luta em nome deste grande concelho e terra, que é preciso ter coragem para fazer o que é certo e necessário. E coragem, ambição, motivação e determinação não nos faltam, para todos juntos olharmos para o futuro de Tavira e trabalharmos para a recuperação do concelho”, finalizou a presidente da Câmara Municipal de Tavira .

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Victor Rosa, Filomena Sintra, Francisco Amaral, Célia Brito e Vera Martins

CASTRO MARIM INAUGUROU PASSADIÇO DE ALTURA E GALERIA DOS PRESIDENTES DA DEMOCRACIA NO DIA DO MUNICÍPIO Texto: Daniel Pina|Fotografia: Daniel Pina astro Marim celebrou o Dia do Município a 24 de junho, com as comemorações a arrancaram com o hastear da bandeira, logo às 9h, seguindose uma visita à novíssima Galeria dos Presidentes da Democracia, localizada no edifício sede da autarquia. Após a habitual missa teve lugar a também tradicional Sessão Solene, na Biblioteca ALGARVE INFORMATIVO #297

Municipal de Castro Marim, na qual foram homenageados os funcionários com mais de 25 anos de serviço público. Foi igualmente apresentado um vídeo promocional sobre a água, realizado no âmbito da obra de abastecimento de água a 32 povoações do interior do concelho, investimento integrado no PO SEUR, apoiado por Portugal e União Europeia, cofinanciado a 82,04 por cento pelo Fundo de Coesão. 36


Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim

No seu discurso, Francisco Amaral considerou que “a inauguração da

galeria onde homenageamos os presidentes de Câmara Municipal e de Assembleia Municipal eleitos após o 25 de Abril de 1974 revela o espírito e o caráter democrático intrínseco a Castro Marim e que se traduz no respeito e no convívio social e democrata dos representantes eleitos pelo povo”. “Quase meio século após o 25 de Abril de 74, naturalmente todos evoluímos e todos sabemos dar valor ao que é realmente importante, como os interesses, a qualidade de vida e o bem-estar dos nossos munícipes, e secundarizar, 37

por exemplo, a guerrilha partidária. Durante vários anos fui membro do Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios, o que, para mim, serviu como uma verdadeira escola da democracia. De 15 em 15 dias reuniam-se uma vintena de autarcas eleitos ligados a vários partidos políticos e discutindo abertamente, sem tabus ou sem preconceitos ideológicos, os muitos problemas das autarquias. Chegávamos sempre a entendimento consensual e falávamos a uma só voz, reivindicando junto dos governos. Sempre com o emblema do partido à porta do conselho ALGARVE INFORMATIVO #297


diretivo da associação”, contou o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, recordando presidentes da Associação Nacional de Municípios como Mário de Almeida, Fernando Ruas e Manuel Machado. “Presidentes

consensuais, aglutinadores e dinamizadores da vida autárquica”, frisou. Francisco Amaral reconheceu que ser autarca, nos dias que correm, requer um forte espírito de missão, “pois os

entraves, as dificuldades, a burocracia, o suposto ordenamento do território e até um espírito persecutório em relação aos autarcas, é sentido em alguns setores da sociedade”. “Daí não me cansar de enaltecer a disponibilidade daqueles que, com ALGARVE INFORMATIVO #297

algum sacrifício da sua vida pessoal, profissional e até familiar, se disponibilizam a representar e a defender os interesses da comunidade. E aqui homenageio, não só aqueles que estão retratados no Salão Nobre Municipal, mas muitos que estão nas freguesias, dando o melhor de si aos outros”, reforçou o edil castro-marinense. Castro Marim que nos últimos anos passou por momentos complicados, admitiu Francisco Amaral, “mas com

grande resiliência e tenacidade conseguimos ultrapassar todas as dificuldades”. O autarca não esqueceu, no seu discurso, os quatro anos de troika instalada em Portugal, que obrigou a uma nova Lei das 38


José Luís Afonso Domingos e Francisco Amaral

Finanças Locais, “um tanto ou quanto

castradora dos municípios e, durante quatro anos, as autarquias portuguesas estiveram impossibilitadas de contratar novos funcionários”. “Seguiram-se dois anos de uma oposição maioritária que boicotava constantemente o trabalho da autarquia. Pelo meio, tive graves problemas de saúde provocados pelo stress autárquico. Para o bem de Castro Marim, renunciámos ao cargo, uma raridade no país. Não era possível governar naquelas circunstâncias e nada de produtivo resultaria de uma governança em permanente conflito. Houve eleições intercalares e o resultado foi esclarecedor, não deixando margem 39

para qualquer dúvida da vontade do povo”, apontou Francisco Amaral. Entretanto, a pandemia instalada em março de 2020 veio complicar ainda mais a vida da Autarquia de Castro Marim, das famílias e do investimento privado e “tivemos e temos de

acudir a situações de emergência social”. “No meio disto tudo aconteceu a extinção da empresa municipal, após um relatório demolidor do Tribunal de Contas. Tivemos o cuidado de garantir a passagem dos seus mais de 40 funcionários, que o quiserem, para o quadro do Município. Enfim, foram momentos difíceis, alguns, diria, terríveis, mas que, com grande resiliência da minha ALGARVE INFORMATIVO #297


equipa, foram vencidos e ultrapassados e agora estamos em velocidade cruzeiro, realizando obras que já deviam estar concretizadas, não fora o boicote propositado, como a requalificação do centro da vila de Castro Marim, envolvendo a Casa do Sal, Centro de Atividades Náuticas da Barragem de Odeleite e o Passadiço de Altura”, salientou o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim. Apesar das dificuldades enumeradas, Francisco Amaral indicou que se levou água potável a mais de 30 povoações na serra, numa empreitada superior a quatro milhões de euros; e que se facilitou o investimento privado, dando o exemplo evidente do Empreendimento Verdelago.

“É o maior investimento realizado

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nas últimas décadas em Castro Marim, gerador de riqueza e de emprego de qualidade e com contrapartidas substanciais para o Município, que serão aplicadas na requalificação e em novas infraestruturas para Altura. Também privados avançam agora, estimulados pelo Município, com parques empresariais e parque de autocaravanas. Para o futuro, a habitação a custos controlados, a renovação da rede de água e saneamento da sede de concelho e em Altura, levar água a todas as povoações do concelho, cobrir todo o concelho com rede de telemóveis e internet, tornar a recolha de resíduos sólidos e a

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limpeza de ruas mais eficiente, são prioridades de que não abrirei a mão”, garantiu, adiantando ainda que vai ser uma realidade a criação de um Parque Empresarial Municipal e de um Parque de Autocaravanismo em Altura. O apoio social às famílias mais carenciadas, resultado dos efeitos nefastos da pandemia, como o apoio ao arrendamento, a atribuição de vales de compras e o apoio na aquisição de medicamentos, vai também prosseguir, segundo palavras de Francisco Amaral, que assumiu igualmente a vontade de continuar atento e a tomar medidas na área da saúde, para ir ao encontro das necessidades dos mais idosos e dos mais doentes. “A educação, uma área

onde os Municípios estão a ter cada vez mais competências, vai continuar a ter apoio ativo e permanente da Câmara Municipal, 41

explorando cada vez mais o ensino profissionalizado. Na Cultura, tirando partido do rico património histórico e arqueológico, há que requalificar o Castelo e o Forte, tornando-os uma visita turística obrigatória para os milhares de turistas instalados no litoral algarvio. Os Dias Medievais de Castro Marim, em 2022, são retomados com o mesmo fulgor, senão maior, de anos passados. A colaboração e a descentralização de competências nas juntas de freguesia irá ser aprofundada, no sentido de atribuir mais meios e mais condições a quem mais perto está das populações”, anunciou igualmente Francisco Amaral, deixando ainda um reconhecimento “à grande

mais-valia que são os funcionários ALGARVE INFORMATIVO #297


desta casa, que muitas vezes, com grande amor à causa, «fazem das tripas coração»”. “O meu agradecimento à equipa fantástica que me rodeia mais de perto, na qual saliento a minha vicepresidente Filomena Sintra, uma autêntica «moira de trabalho». Depois da tempestade vem a bonança e a velocidade de cruzeiro e já estão a ser estes os novos tempos de Castro Marim”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim. O ponto alto das comemorações foi a abertura oficial da Estrutura de Salvaguarda do Cordão Dunar da Praia de Altura, ou Passadiço de Altura, uma importante intervenção no âmbito da proteção e preservação ambiental, mas também do ponto de vista da atratividade turística. A estrutura consiste na elevação de um passadiço entre a Praia da ALGARVE INFORMATIVO #297

Verdelago (Altura) e a Praia da Lota (Manta Rota), com passagem na ribeira do Álamo por uma ponte. É um passadiço com cerca de 1.500 metros, com largura de três metros, que serpenteia o sistema dunar, abraçando os apoios de praia a enquadrar na frente-mar e com zonas de descanso, iluminação e música. A intervenção envolve ainda a requalificação de cinco acessos à praia, já existentes, estimando-se o total do investimento em 752 mil e 904,12 euros, enquadrados no âmbito do PO SEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), Portugal 2020, cofinanciada a 75 por cento pelo fundo de coesão. Quer a contrapartida nacional, quer a despesa não elegível, são comparticipadas no âmbito da linha BEI PT 2020 – Autarquias, Empréstimo Quadro assinado entre o BEI, Banco Europeu de Investimento, e Portugal . 42


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«MÓCE MÓ» E LUÍS TRIGACHEIRO ANIMARAM REVELIM DE SANTO ANTÓNIO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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astro Marim festejou o Dia do Município a 24 de junho e, a par das cerimónias oficiais e da abertura da Estrutura de Salvaguarda do Cordão Dunar da Praia de Altura, também ALGARVE INFORMATIVO #297

conhecida como Passadiço de Altura, as celebrações passaram igualmente pelo Revelim de Santo António, este ano já abertas à comunidade, sempre respeitando as limitações inerentes ao controlo da pandemia Covid-19. A abrir o serão, o Revelim de Santo 48


António acolheu o espetáculo de teatro «Móce Mó», pelo Grupo de Teatro «A Gorda», com João Evaristo e Joaquim Parra, e as gargalhadas constantes foram um excelente remédio para desanuviar a mente das preocupações que ocupam o nosso dia-a-dia desde que a pandemia se instalou no nosso país. Seguiu-se o 49

concerto de Luís Trigacheiro, vencedor do «The Voice Portugal», com o cantor natural de Beja a aproveitar para dar a conhecer o seu novo tema, «Meu nome é saudade», num excelente augúrio para uma carreira que se prevê de grande sucesso . ALGARVE INFORMATIVO #297


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OrBlua - Um Folhetim Semanal que Celebra a sua Vida e o seu Final Episódio 3 Texto: António Pires á um antes e um depois na História dos OrBlua. E há neste nome um mistério, uma charada, um segredo bem guardado desde o início. O que significa, afinal, OrBlua (para além de ser, obviamente, uma palavra sonante, poética, imediatamente musical)? OrBlua, sabe-se agora, é a junção do prefixo «ora» - que em latim quer dizer «fronteira» (ou «quem habita para cá dessa fronteira»), «povo», «tribo», «clã» com a palavra «blua» - que em esperanto (aquela língua que se desejava universal e que só velhos anarquistas ainda adornados com cachimbo cambado e lunetas riscadas, meias vermelhas e livros de Rosa Luxemburgo mil vezes reencadernados, falam e escrevem) - quer dizer, pois claro, «azul». E se nos lembrarmos agora que a génese desta banda está num desvio do Destino que teve como baptismo «Sul Azul», que celebrava a música, a cultura e as gentes do Algarve, fácil é compreender o que OrBlua revela, ilumina e, ao mesmo tempo, esconde e festeja, e de muitas formas protege. ALGARVE INFORMATIVO #297

Para cá do Marão mandam os que cá estão. Para cá do Himalaia desça devagar e não caia. Para cá da Serra de Monchique? Dê de frosques e não fique! O povo do Algarve, como todos os outros povos que as montanhas escondem e abrigam, é orgulhoso, valente, aventureiro (há um mar imenso sempre ali tão perto), cioso das suas lavouras e das suas colheitas, do seu Sol abrasador, da sua lua que é um espelho e daquele oceano de incontáveis estrelas que se projectam em longas noites de Verão nos céus do Barlavento e do Sotavento, sem olhar a bússolas, a astrolábios (pois!) ou a GPSs. Mas a tolerância dos algarvios, se assim ela se pode chamar, acaba aqui. Os turistas, os visitantes eventuais, os sociólogos e antropólogos que por lá se aventuram, os turistas (os turistas!!!!!) são sempre, por eles, postos à prova para assim se aferir o seu grau de adaptação, aculturação, imersão nesta cultura, nesta linguagem, nesta maneira de viver tão específica. Se são portugueses como eles, atiram-lhes com perguntas enigmáticas e frases estranhas como: «Oh estrangeiráde, alguma vêz bebeste 62


Foto: Tiago Pereira

vinhe de Alminhaca?», «Vai de alcagoitas para fazer a cama à tua sarvejinha?» ou «Oh feniscadinhe, vamuláver se desta vez a besaranha nã t’apanha com as ciroulas na mão». Se são mesmo estrangeiros – principalmente se são angulêses, ascucêses, britâniques em geral – são 63

corridos frequentemente com mimos como «Bâmo lá bêr se te acáb’o bálhu, oh camóne dum cacete!» ou «Eh lá bife!!! Ist’aqui ainda nã é Marróques du Norte». E, é mesmo assim, ai isso é que é… . ALGARVE INFORMATIVO #297


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Foto: Eduardo Pinto

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Foto: Jorge Jubilot

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«OFF» CHEGOU AO TEATRO MUNICIPAL DE PORTIMÃO PARA FALAR DO FIM Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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presentado no âmbito da Rede Eunice AGEAS, projeto de difusão de espetáculos produzidos e coproduzidos pelo Teatro Nacional D. Maria II, «OFF» foi a cena, no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, no dia 19 de junho, com o fim em cima da mesa. O espetáculo, criado pela companhia Mala Voadora em 2017 para subir ao palco em 2020, fala sobre o fim de um ciclo, o fim das nossas vidas, o fim do planeta, o fim de novas ideias, enfim… o fim de tudo. “Uma ideia que nada tinha de original, porque todos sabemos que o fim é inevitável, mas na altura era imaginado mais distante do que agora. Pensava-se que haveria tempo para inventá-lo. O presente roubou esse ALGARVE INFORMATIVO #297

tempo. Assim, «OFF» será, sem grande imaginação, um espetáculo sobre o fim. Um espetáculo que se sabe como acaba. E, como nada há para inventar, há todo o tempo para festejar”, descreve a direção da Mala Voadora. Dirigido por Jorge Andrade, com assistência de Maria Jorge, «OFF» surge a partir de «Dying» de Chris Thorpe, com tradução de Manuel Poças e interpretação de Andreia Bento, Maria Jorge e David Pereira Bastos. A peça é uma coprodução do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro Nacional São João. A Mala Voadora é uma estrutura financiada pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes e associada d'O Espaço do Tempo, contando com o apoio da Fundação «la Caixa» e do BPI . 72


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OS «TELHADOS DE V DOS FINALISTAS DE DA UNIVERSIDADE D Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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VIDRO» ARTES VISUAIS DO ALGARVE

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stá patente, até 3 de julho, no Convento de Santo António, em Loulé, «Telhados de Vidro», a exposição de alunos finalistas da Licenciatura em Artes Visuais da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve. Pelo ALGARVE INFORMATIVO #297

segundo ano consecutivo, a situação pandémica que atravessamos obrigou à alteração de toda a habitual vivência do ensino universitário. “Forçados a

permanecer nos seus locais de residência durante longos períodos, e aí desenvolver o seu trabalho da forma possível, estes 86


ano de trabalho estão expostas no belo edifício do Convento de Santo António, adaptando-se à arquitetura do antigo espaço litúrgico, num convívio sempre estimulante entre a história deste local e a contemporaneidade das propostas que o ocupam. Chegados ao fim do seu ciclo de estudos, estes jovens artistas partilham com a comunidade em que a universidade se insere as suas criações, inquietações e sonhos, numa partilha que é a razão de ser do seu trabalho”, explica a organização.

estudantes sentiram de forma aguda a contradição entre a casa como um local de proteção, e que, simultaneamente, se tornou na manifestação da insegurança e ansiedade em que todos passámos a viver. As obras que resultaram deste 87

A exposição pode ser visitada de segunda a sábado, das 10h às 16h30, e contempla trabalhos de Ana Afonso, Ana Marta, Beatriz Ferreira, Byanca Oliveira, Cátia Jesus, Cláudia Filipa, Golden Otsana, Inês Cruz, Jumoon Berthoux, Leandro Monteiro, Line Wrisez, Margarida Carrusca, Mariana Mártires, Mário Brito, Rita Cosma, Rudi Miguel e Rute Marques. A curadoria é dos professores da Licenciatura em Artes Visuais, designadamente, António Costa Valente, Bertílio Martins, Mirian Tavares, Pedro Cabral Santo, Rui Sanches, Susana de Medeiros, Tiago Batista e Xana .

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Ana Marta

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Ana Afonso

Beatriz Ferreira

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Rute Marques

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Rudi Miguel

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Cátia Jesus

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Byanca Oliveira

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Line Wrisez

Rita Cosma ALGARVE INFORMATIVO #297

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Golden Otsana 95

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Jumoon Berthoux

Inês Cruz ALGARVE INFORMATIVO #297

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ALUNOS DE ARTES VISUAIS DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DRA. LAURA AYRES MOSTRAM O SEU TALENTO EM QUARTEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina 101

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« ALGARVE INFORMATIVO #297

Poder da Arte», assim se chama a exposição dos alunos de Artes Visuais do Agrupamento de Escolas Dra. Laura

Ayres que está patente, até 24 de julho, na Galeria de Arte da Praça do Mar, em Quarteira. A mostra dá a conhecer o percurso pela arte e valoriza as aprendizagens e capacidades destes jovens alunos do Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres, bem como 102


transmite à comunidade os saberes e os sentimentos que elevam a alma e o bemestar dos alunos. “As obras expostas

são o exemplo da perseverança e talento dos jovens da nossa comunidade”, refere a organização. 103

A visita à exposição é condicionada a seis pessoas de cada vez no interior da Galeria e ao uso obrigatório de máscara. Pode ser visitada, até 24 de julho, de terça-feira a sábado, das 9h30 às 13h30 e das 15h às 18h . ALGARVE INFORMATIVO #297


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OPINIÃO Assim caminham as Humanidades Mirian Tavares (Professora Universitária) “Começava a ter medo dos outros. Aprendia que a nossa solidão nasce da convivência humana”. Nelson Rodrigues sta semana fiquei chocada com uma história contada por uma amiga, também professora universitária, do Brasil. Fiquei chocada pela história em si, que já vos contarei, e também pelo facto de reconhecer que não é um caso isolado. Seja lá ou cá, estamos cada dia mais reféns de métricas e de regras que defendem, ou permitem, que a canalhice grasse livremente, ou impunemente, o que, neste caso, é uma questão de sinonímia. Um professor, muito bem cotado, com projetos internacionais e publicações indexadas, foi acusado por duas alunas de assédio moral. O grande intelectual, que insistiu em que ambas seguissem para o doutoramento, mesmo contra o parecer de outros colegas, chegou à conclusão de que, afinal, estava enganado. As duas senhoras, de acordo com ele, não tinham condições de seguir em frente e deveriam desistir do doutoramento. Coisa que ele lhes disse, de forma insistente, deixando claras as (in)capacidades delas como investigadoras. A minha amiga, mulher com pelo na venta, confrontou-o numa reunião colegial e o tipo nem se descoseu. Afirmou que não as orientava mais e descalçou assim, alegremente, a bota – ALGARVE INFORMATIVO #297

que, no caso, eram duas pessoas que investiram tempo e trabalho num projeto e que, de repente, viram seus planos desfeitos. Os restantes colegas, meio que resmungaram, mas aprovaram a mudança de orientador para as litigantes e seguiram todos como se nada fosse. Afinal, o grande intelectual tem um índice h de 34, ou coisa que o valha. Para quem não sabe, o h-index serve para medir a produtividade dos cientistas, através da medição dos seus artigos mais citados. Diga-se de passagem, foi criado para ser aplicado numa área específica do conhecimento, a Física Teórica, mas tornou-se, atualmente, o medidor mais usado pelas universidades para aferir a «qualidade» dos seus professores/investigadores. Dá para imaginar uma reunião em que discutimos: o meu índice h é maior que o teu! Claro que é um método, como outro qualquer, com qualidades e defeitos. Nada contra o índice em si (se bem que esta história de índices nunca acabou bem, que o digam os que foram queimados pela Inquisição). O perverso deste sistema é o facto de ser aparentemente científico, e como tal, para muitos, infalível, e também o facto de as universidades adotarem o índice h como a grande medida de qualidade daquilo que se produz intramuros. No caso das Artes e das Humanidades, isso ainda é mais 114


Foto: Victor Azevedo

perverso, pois subverte o modo de funcionamento reflexivo, literário e mesmo lírico, que muitos textos possuem, para transformar tudo numa fórmula que contempla introdução, problematização, metodologia, dados e conclusões finais. Com muitas citações e referências, normalmente de textos da própria revista que publica o trabalho, o que faz com que o índice de citações da revista aumente. Quando penso no índice h, lembro-me de livros como a Aula ou Fragmentos do Discurso Amoroso, de Roland Barthes. Ou mesmo na obra de Deleuze e de Foucault. Ou dos textos geniais de Susan Sontag e 115

de Rosalind Krauss. Que são muito citados, já agora, mas que jamais seriam publicados nestas revistas de primeira linha porque simplesmente não se encaixam no modelo. E as Humanidades, acho eu, deveriam resistir e continuar a não se encaixar. Mas cedemos aos preceitos da Nova Inquisição. E, mesmo sendo canalha, sem empatia ou humanidade, se seu índice h é favorável, pode ficar tranquilo, que os seus colegas, e a sua Instituição, vão continuar a passar a mão na sua cabeça. E você pode continuar, tranquilamente, a sua carreira de sociopata . ALGARVE INFORMATIVO #297


OPINIÃO Vigésima quinta tabuinha - Panos (1) Ana Isabel Soares (Professora Universitária) o dia em que foi a enterrar no Cemitério dos Prazeres a minha Tia Patrocínia (tiaavó, irmã de Mariana Pardal, a minha avó materna), fizeram-se as partilhas dos seus bens: não porque os tivesse em abundância, mas porque teve de ser desocupado o pequeno apartamento que habitou no centro de Lisboa. As sobrinhas foram desmontar a casa e deram-me a escolher alguma coisa para me lembrar dela (como se parecesse possível vir algum dia a esquecê-la). Fui direita para a cozinha, o lugar onde tínhamos passado o mais do tempo, eu sentada à mesa a fazer-lhe perguntas sobre a família e ela, na cadeira baixa junto do fogão (ou no vão da porta aberta para os quintais dos prédios em dias de calor, ao ventinho), a recontar histórias e a emendar memórias. Nessa tarde pisei de propósito, muitas vezes – era para me despedir daquele chão –, o ladrilho quebrado por onde a porta de ferro raspava quando se fechava ou abria. Olhei para o fogão e para a cadeirinha onde ela se empoleirava para mexer o que tivesse ao lume; para a torneira brilhante e os canos que algum pedreiro, agradecendo a cerveja que a “à da Dona ALGARVE INFORMATIVO #297

Patrocínia nunca falta”, lhe montara por cima do lava-loiça. E fixei-me nas duas gavetas do armário maior: a que ficava do lado da entrada era como a botica, tinha de tudo: baracinhos, tesouras, caixas de medicamentos, esferográficas, abre-latas, pedacinhos de cerâmica (de alguma chávena que se partira), botões de camisa, a lasca de um prato que a lavagem ferira na pia de lioz: era mais sótão que gaveta, aquela caixa funda de madeira com a frente pintada de branco. Ao lado, igual, estava a dos talheres, que abri e de onde trouxe para ficar comigo o caço – a concha com que servia a sopa que tinha quentinha, acabada de fazer sempre que alguém lhe aparecia de surpresa em casa. Nunca me disse (nunca procurei) quem teria moldado aquela peça, mas era coisa manufaturada, maljeitosa na pega, deformada com o uso, mais pequena do que o padrão de compra, mas em que se veem bem vistas as mãos na torquês a segurar a chapa, a pegar no maço para arredondar a forma, a levantar diante dos olhos, inspecionando o trabalho. Tenho-o ali. Sirvo-me dele quase só quando como sozinha, num festim egoísta de lembrança. Trouxe mais uns talheres: duas colheres de sopa, duas de sobremesa, garfos de peixe, de carne, de sobremesa, e as facas respetivas, tudo em duo, para mim e para a minha 116


Foto: Vasco Célio

Tia. E a saca do pão. Era um taleigo grande, de tecido ao xadrez branco e azul-claro, quase um metro de alto e mais de meio de largo, atado com uma fita de nastro que passava na bainha da abertura. Pensei que jamais o usaria para guardar pão, que não guardo em casa em quantidade, mas que aquela saca, presença permanente da cozinha da Tia Patrocínia, teria de estar no meu dia-adia. Quando voltei para casa, armei-me de alicates, martelo e chaves de parafusos, e desmontei as duas portas de madeira do armário que fica por baixo do lava-loiças da cozinha da casa 117

onde vivo. Tirei-as, descartei-as. Ficou a ver-se a garganta do cano da pia, a botija de gás, as embalagens de detergentes e outras obscenidades – ficou a ver-se uns dias apenas, até que a minha mãe me entregasse a encomenda que lhe fiz quando lhe pus nas mãos o pano azul e branco e um papelinho com medidas de largo e alto, e o meu pai instalasse por baixo da cuba metálica e da bancada de mármore o tubo fininho por onde hoje passa a bainha da antiga saca do pão: é a cortina do armário da pia; saúda-me de cada vez que chego para cozinhar . ALGARVE INFORMATIVO #297


OPINIÃO Notas Contemporâneas [18] Adília César (Escritora) “Durante toda a noite os fogos de artifício, os clamores alegres da cidade, o ruído dos escaleres, as músicas, encheram a baía de vida”. Eça de Queirós (1845-1900), in Notas Contemporâneas (1909, obra póstuma) A RUA, os gatos e os ratos entretêm-se: brincam, correm, guincham. Curiosamente, são os gatos que correm atrás dos ratos. Não sei explicar porquê, uma vez que os perseguidos têm uma aparência bem mais assustadora do que os perseguidores; porque não é o processo revertido, pelo menos uma vez? Adiante. Meti na cabeça que só havia de escrever sobre a vida, mas a morte veio intrometer-se. Enquanto me demoro nesta visão doentia, deixo cair a caneta e não faço qualquer esforço para a apanhar. No chão, ela parece um risco do meu tédio, uma cicatriz à espera de cura. * OS GATOS E OS RATOS continuam no seu ludismo animalesco. Correm, guincham. Ali, não há inocentes. Creio que estão a brincar à sobrevivência do mais forte. Ainda não percebi qual é o mais forte, porque os gatos não conseguem apanhar os ratos e estes ALGARVE INFORMATIVO #297

escondem-se em buracos pequeninos, ficam muito quietos até que os gatos se vão embora. Bem, de vez em quando um é apanhado… Os gatos e os ratos também ainda não perceberam que estão a lutar com os gatos e os ratos do futuro, os quais serão iguais aos do presente, ou seja, aos do passado. Quer dizer, através da acção-jogo de perseguição desenfreada provocam um comportamento de imitação dos mais novos. É uma circularidade na adaptação ao real do gato e do rato, enquanto divergências da fauna mamífera. Isto é genial, porque todos eles estão a viver o passado, o presente e o futuro, ao mesmo tempo. Um paradoxo da existência. * A VIDA pode ser uma falácia tendo em conta o conceito de «futuro». O futuro já chegou, com muitos adjectivos de modo acoplados e uma fina película de suor nocturno que teima em permanecer agarrada ao pêlo, à pele. Os humanos também são animais, mas uns são mais parecidos com os gatos e outros com os 118


ratos. O cheiro a morte instalou-se, não desaparece com facilidade, é uma coisa irremediavelmente caída no silêncio e ecoada na linha do tempo. Não se pode dizer adeus ao futuro, mas pode-se tomar novas decisões: o rato pode decidir ser gato e o gato pode decidir ser rato. * JÁ SABES que pergunta deves fazer: “o homem é um deus em ruínas”, como sugeriu Ralph Waldo Emerson, ou o homem, sendo uma construção, está permanentemente em ruínas? Basta-se a ele próprio ou não? Sabes as perguntas, mas não sabes as respostas. Muito bem, vais no bom caminho. Não tenhas medo, os gatos e os ratos estão lá fora. Há festa na cidade, mas não te diz respeito. Há fogo de artifício para enganar os tolos e música ensurdecedora para que as palavras da mudança não se ouçam.

questão de vaidade, não de sobrevivência. O ego é um bicho perigoso, ainda que esteja enroscado, a ronronar, no ninho do seu inócuo hospedeiro.

* * TU OLHAS a caneta caída no chão e sorris. Pensas que és um homem com a cabeça cheia de sábias convicções. Acreditas que vais escrever um poema para o futuro sem necessitar de profetas da luz ou da escuridão. Tolo. É noite, os ratos afogaram-se nas águas paradas e os gatos voltaram, sorrateiramente, para os colinhos fofos dos seus donos. É demasiado tarde, por hoje já não há nada a fazer. Afinal, uns correm mais depressa do que os outros por uma 119

TU OLHAS e tentas ler as informações relativas ao evento. Sorris. O cartaz é abominável, as cores dos caracteres parece que gritam, as poses dos intervenientes ficaram presas num erro de coreografia publicitária. Tudo é abominável: os acontecimentos e as suas intenções. O que é a vida? As respostas são filosofemas falhados como aqueles gatos que nunca voltam para casa . ALGARVE INFORMATIVO #297


OPINIÃO O mais longo Inverno algarvio Nuno Campos Inácio (Editor e Escritor) Verão chegou esta semana, no calendário. Veio discreto, nebuloso, ainda enroscado em colchas de inverno. Faltou-lhe o fio condutor primaveril, que bronzeia corpos e torna a região algarvia numa Torre de Babel, onde o inglês assume preponderância, chegando-se a elevar à língua lusa. Por esta altura, a população mais do que duplica e a região enche-se de vida, cor e laivos de esperança. É o tempo das formigas amealharem para o Inverno, ameno no clima, mas rigoroso na falta de receitas para quem vive do turismo. Ao contrário dos anos anteriores, o Verão algarvio começou com o país excluído do corredor verde com o Reino Unido, o principal emissor internacional de turistas para esta região, provocando um fluxo turístico muito próximo do dos meses de Inverno, sem perspectivas de melhoras, devido ao agravamento da situação pandémica, que, a serem mantidas as regras actualmente em vigor, determinará uma nova exclusão por mais três semanas, ou seja, até finais de Julho ou início de Agosto. No entanto, o problema para quem vive do turismo algarvio poderá vir a ser ALGARVE INFORMATIVO #297

fortemente agravado com uma redução da ocupação por parte dos cidadãos nacionais, que costumam escolher o Algarve como destino de férias, uma vez que os níveis de transmissão incontrolados e a manutenção das regras em vigor determinarão em plena época alta o confinamento de localidades e a restrição de deslocações, não só no Algarve, como nas localidades emissoras. Mais uma vez o Algarve padece de dois problemas graves, que, como cordas invisíveis, asfixiam a região: a sua localização geográfica periférica e a falta de autonomia de decisão política. O centralismo estabelece regras iguais para todo o país em nome de um «Princípio da Igualdade», esquecendo-se que igualdade não é tratar todos por igual, mas tratar de maneira igual o que é igual e de maneira diferente o que é diferente. Sim, o Algarve é diferente do resto do país e deveria ter um tratamento diferente no estabelecimento das regras de confinamento no período de Verão. O país, entenda-se o centralismo do Terreiro do Paço, tem de definir de uma vez por todas se o Algarve é uma região turística ou meramente residencial. Se a aplicação das regras uniformes no país faziam sentido no Inverno, quando a ocupação turística era reduzida e o 120


grosso da população era residente (cá está o tratamento igual para o que é igual), deixa de fazer sentido quando é declarada a abertura da época balnear e a população duplica, ou triplica, como acontece em finais de Julho e durante o mês de Agosto (mais população requer novas bases de cálculo, ou seja, o tratamento diferente do que é diferente). Faz algum sentido confinar uma região, ou as localidades mais turísticas de uma região, quando é público e sabido que um terço dos novos infectados são cidadãos estrangeiros? Faz algum sentido manter a mesma população residente para o cálculo dos níveis de infecção, quando a população real é muitíssimo superior? Faz algum sentido prejudicar todos os que vivem do turismo e aqueles que escolheram o Algarve como destino de férias, quando os turistas infectados não têm causado novos focos de transmissão na 121

população residente, graças aos cuidados que a região soube implementar? Fez algum sentido a região mais exposta ao exterior ter sido a que apresentou a menor taxa de vacinação nacional, em nome de um critério uniformista de que «primeiro os mais velhos»? Este Verão chegou húmido, talvez de choro por todos aqueles que têm a vida em suspenso há quase dois anos e que não conseguem vislumbrar um chão seguro, por onde possam voltar a caminhar. Não há pior sensação para quem investe do que a ausência de perspectivas de futuro, do que a alteração constante de regras, do que a instabilidade. O Verão será curto e, para muitos, o mais invernoso de sempre. A este Verão, seguir-se-á um longo inverno… . ALGARVE INFORMATIVO #297


OPINIÕES, REFLEXÕES E DEMAIS SENSAÇÕES

Puxar a brasa à minha sardinha Júlio Ferreira (Inconformado Encartado) uito tempo antes do correio eletrónico, dos telemóveis, dos satélites e mais ou menos na altura dos sinais de fumo, houve um tipo, o Morse (Samu para os amigos), que achava que devia de haver uma outra maneira (para além do fumo) de se poder comunicar instantaneamente em grandes distâncias. O fumo tinha realmente muitos inconvenientes e dificuldades para quem vivia em zonas onde não existia… lenha. E o cheiro que ficava em casa depois de uma conversa com aquela tia chata que nunca mais se «cala»? O Samu inventou uma coisa chamada telégrafo, que funcionava com um «software» chamado código Morse: uma coisa realmente básica, mas igualmente eficaz que consistia em pequenos impulsos elétricos transmitidos por fio. Atribuindo pontos e letras a palavras específicas do alfabeto, o Morse lá conseguiu que um tipo num ponto do mundo se pudesse comunicar com outro tipo no lado oposto. Estava criado o percursor dos SMS. Na tropa aprendi o Código, mas ALGARVE INFORMATIVO #297

sempre imaginei, sorrindo, a confusão inicial. Como se distinguia um ponto de um traço – dizem-me que o traço era constituído por duas batidas rápidas e um ponto por uma batida apenas, mas como distinguir os espaços entre palavras? Como é que os gajos sabiam que aquele ponto não pertencia à palavra seguinte? Ou que era apenas um ponto final? E como se punham os acentos nas palavras? Como no acordo ortográfico, devia haver imensa confusão entre fato e facto, entre cágado e o cagado. Anos mais tarde surge a denominada comunicação de massas. O tentar fazer chegar a mensagem às massas desequilibrou claramente a ordem natural das coisas estabelecida até então, mas contribuiu para avanços sociais e económicos, no mínimo, consideráveis. Também contribuiu para que a merda se espalhasse mais depressa e de um modo mais contundente, mas isso é outra história. O sucesso dos jornais, da rádio, da televisão e internet e, dentro desta, o sucesso das redes sociais, deve-se a esta progressão geométrica do fenómeno de comunicação de massas. A tal ponto que o fenómeno está banalizado: os jornais e rádios abriram falência, há em Portugal 122


opiniões políticas do Esparguete. Já se tornou insuportável ler as crónicas do Pevide. Os devaneios hipócritas da Macarronete e as picardias infantis entre o Penne e o linguini já não têm o mínimo interesse (nunca tiveram, aliás). O Fusilli tem a mania que é poeta e só escreve merda. O Macarrão gosta à brava de dar conselhos bacocos que nem ele próprio segue. O Ravioli tem uma cultura musical vergonhosa e além disso cheira mal da boca. O Farfale com os seus problemas existenciais crónicos e maçadores. O Cuscus é um rebarbado que só fala de sexo. E até a massa crítica como o Tagliatelle ou o Fettuccine já não tem nada de novo para dizer. A comunicação de massas é uma verdadeira seca sem interesse nenhum. Um deserto intelectual já que, como alguém dizia, as massas não pensam. cerca de 200 canais de televisão, e qualquer labrego escreve os disparates que lhe apetecer (na maior parte das vezes copia os disparates de outros) numa revista digna de grande qualidade e que pode ser lida online. É necessário então criar um novo paradigma para além da comunicação de massas. Não há pachorra para aturar as 123

Sugiro um novo paradigma: e porque estamos no Algarve, a comunicação da sardinha. Uma forma de comunicar, sem espinhas, vivinha da costa. Fresquinha todos os dias. Cheia de estilo, pequenina e apetitosa. Bonita à brava. E indubitavelmente mais saudável que a comunicação de massas . ALGARVE INFORMATIVO #297


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #297

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