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www.arquidiocesedesaopaulo.org.br | 8 a 14 de outubro de 2014

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Fifa vai limitar o poder dos ‘empresários da bola’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em 2015, função de agente de futebol deixará de existir; participação de terceiros nos direitos econômicos dos atletas será proibida em breve Daniel Gomes

danielgomes.jornalista@gmail.com

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), assim como as demais associações de futebol dos países filiados à Fifa, tem até o dia 30 deste mês para apresentar as maneiras pelas quais irá aplicar a regulamentação para a atuação, a partir de abril de 2015, da figura do negociador intermediário, em lugar dos agentes de futebol. Com a mudança, as compras e vendas de jogadores de futebol devem ser feitas por um intermediário que representará, mediante contrato registrado na CBF (para o caso brasileiro), determinado clube ou atleta em um negócio. “Com isso, a Fifa vai ter um controle melhor. A ideia, na realidade, é fazer com o agente seja remunerado e preste contas para as receitas federais de cada país”, explicou, ao O SÃO PAULO, Jorge Moraes, 59, presidente da Associação Brasileira de Agentes de Futebol (Abaf).

Com a nova determinação, há expectativa de que as negociações de jogadores sejam mais transparentes, pois valores pagos aos intermediários serão conhecidos. A temática tem sido tratada extracampo. Em julho, em reunião com representantes do Bom Senso FC (grupo de jogadores que exigem mudanças na gestão do futebol brasileiro), o Governo Federal anunciou que ainda este ano fará um estudo sobre a atuação dos empresários na venda dos jogadores.

“O governo tem uma preocupação com a atuação dos agentes. Crianças de 14 anos estão sendo aliciadas, entre aspas, por empresários”, afirmou, na oportunidade, Antônio Nascimento, secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, do Ministério do Esporte.

Fim da participação de terceiros nos direitos Em setembro, o Comitê Executivo da Fifa anunciou que irá

proibir a participação de terceiros nos direitos econômicos dos jogadores. As regras técnicas sobre a questão ainda serão definidas. Segundo Jérôme Valcke, secretário geral da Fifa, a mudança será efetuada em até quatro anos. “O que é certo é que vamos banir a presença de terceiros, de investidores. Até março, vamos definir o período de transição”. Segundo a entidade, a meta é “proteger a integridade do futebol e dos atletas”. Em teoria, os

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Agentes de jogadores de futebol • A atividade de agente de futebol foi regulamentada pela Fifa pela primeira vez em 1991, mas, em 2001, a entidade deixou de licenciar agentes, repassando essa tarefa às federações nacionais. • Durante o 59º Congresso da Fifa, em 2009, foram iniciadas discussões para a mudança da atuação de empresários no futebol. Somente em março de 2014, o Comitê Executivo da entidade aprovou a criação dos intermediários de jogadores, que substituirão, a partir de abril de 2015, os agentes de futebol. • Hoje, para se tornar agente de futebol cre-

denciado, o candidato deve apresentar documentações pessoais e participar de uma prova, com 50% de questões elaboradas pela Fifa e outros 50% pela federação de futebol do país. A partir de 2015, as negociações de atletas serão feitas pelos intermediários, contratados por clubes ou atletas. Os intermediários atenderão a critérios mínimos exigidos pela Fifa. • Em setembro deste ano, o Comitê Executivo da Fifa decidiu que irá proibir a participação de terceiros nos direitos econômicos dos jogadores. Haverá um prazo de transição para tal mudança.

clubes serão os donos dos direitos econômicos dos esportistas, acabando com o panorama atual em que empresários e grupos de empresas adquirem percentuais do “passe financeiro” do atleta. “Vai ter um grande impacto, principalmente para agentes ligados a fundo de investimento, pois quem vai ter que ir comprar o jogador é o clube, a não ser que o agente tenha um clube por ele gerido”, analisou Jorge Moraes, não descartando a possibilidade de que alguns empresários montem clubes-empresas ou adquiram agremiações tradicionais somente para viabilizar a negociação de esportistas. Para Jorge, o que mais prejudica o mercado de compra e venda de jogadores “é o assédio aos mais jovens, pois, às vezes, os pais não sabem conduzir isso de uma maneira mais profissional e acabam sendo reféns de algumas pessoas. Por isso que eu acho que a Fifa acertou, porque os clubes formadores ficam muito prejudicados”. Entre jogadores e clubes, há temor em comentar o assunto. A reportagem tentou contato com dois atletas que já tiveram problemas com agentes de futebol, bem como com dois clubes paulistas tradicionais na formação de jogadores, mas não obteve respostas sobre o que esperam com as mudanças anunciadas pela Fifa.

• Atualmente, existem 6.882 agentes de futebol licenciados em todo o mundo, mas estima-se que eles representem apenas 30% de todos os agentes. Há 246 brasileiros licenciados, mas apenas 20 fazem parte da Associação Brasileira de Agentes de Futebol (Abaf), entidade que existe há 16 anos. • Conforme dados da Fifa, em 2013, US$ 400 mil foram pagos aos agentes licenciados no Brasil. Segundo um estudo da empresa KPMG, 80% dos jogadores brasileiros têm seus direitos econômicos “fatiados” entre clubes, empresas e empresários.

Quarta-feira (8) 19h30 - Brasileirão de Futebol São Paulo x Atlético Paranaense (Morumbi) Quinta-feira a domingo (de 9 a 12) Troféu Brasil de Atletismo (Estádio Ícaro de Castro Mello – próximo ao parque do Ibirapuera). Informações em www.cbat.org.br. Sexta-feira (10) 21h30 – Paulista Masculino de Vôlei - semi-final SESI São Paulo x Vôlei Brasil Kirin (Ginásio do SESI – rua Carlos Weber, 835, Vila Leopoldina). Sábado (11) 21h - Brasileirão de Futebol Palmeiras x Grêmio (Pacaembu)


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