Josp 3018 pag 15

Page 1

www.arquidiocesedesaopaulo.org.br | 10 a 17 de setembro de 2014

| Entrevista | 15

Alexandre Padilha

‘O Estado de São Paulo precisa adotar um novo modelo de desenvolvimento’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Nayá Fernandes

controle social da ordem de acesso. Organizaremos, também, as redes de atenção à Saúde Mental, à pessoa com deficiência e aos idosos, além de reestruturar os órgãos do Estado que atuam nas áreas de vigilância em saúde para combater endemias e epidemias.

nayafernandes@gmail.com

A partir desta edição, O SÃO PAULO publica entrevistas com os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas Datafolha e Ibope ao Governo de São Paulo. O primeiro a ser ouvido é Alexandre Padilha (PT). Nas semanas seguintes, os entrevistados serão Paulo Skaf (PMDB) e Geraldo Alckmin (PSDB). Por conta do limite de texto da página, algumas questões feitas ao candidato Padilha – referentes a segurança pública, combate ao trabalho escravo e ensino religioso - estão apenas publicadas na íntegra da entrevista, que já está disponível no site da Arquidiocese (www.arquidiocesedesaopaulo.org.br).

O SÃO PAULO - Em seu plano de governo, o senhor fala em um novo modelo de desenvolvimento no qual os ganhos e os benefícios do crescimento econômico sejam apropriados por toda a população. Como isso será viabilizado? Alexandre Padilha - Entendemos que o Estado de São Paulo precisa adotar um novo modelo de desenvolvimento, que coloque o Estado no século 21, recupere sua participação no setor industrial, que vem diminuindo ao longo dos anos. No entanto, é muito importante que esse desenvolvimento signifique efetivamente a melhoria da vida das pessoas, que seja usufruído por toda a população, principalmente àqueles que mais precisam. Isso vai ser feito por meio de investimentos em políticas públicas nas áreas de educação, geração de empregos, juventude e desenvolvimento regional, entre outras, sempre com participação ativa da população. Um exemplo são as políticas voltadas à formação profissional dos jovens e qualificação dos trabalhadores. Vamos fazer o Pronatec Paulista, que vai oferecer 2 milhões de vagas de ensino técnico e dar mais qualificação à nossa população, e o CEUs (Centro Educacional Unificado) da Juventude, aumentando as oportunidades aos nossos adolescentes. Outra frente fundamental é estimular o desenvolvimento de todas as regiões do Estado, considerando suas vocações e características. Para isso, vamos valorizar fóruns e instrumentos regionais como as regiões metropolitanas, que em muitas regiões só existem no papel, sem ação efetiva.

O que o Governo do Estado pode fazer para melhorar

Qual a sua opinião sobre a legalização, ampliação ou redução do acesso ao aborto? Minha opinião sempre foi muito clara sobre isso, desde quando fui ministro da saúde, por apenas três anos: sou contra qualquer iniciativa de mudança da legislação atual sobre esse tema. Pessoalmente, e como médico, sempre lutarei pela vida e pelo cuidado humanizado e respeitoso a todas as mulheres que procuram um serviço de saúde. Temos leis e resoluções do STF que devem ser cumpridas. O SUS precisa se reorganizar para garantir o tratamento humanizado que está previsto em lei.

o atendimento e acesso a tratamentos de saúde, sobretudo pelo SUS? Temos como prioridade reduzir o tempo e a distância geográfica para o atendimento, garantir atendimento com qualidade e humanização, aprimorando a gestão do SUS em São Paulo, articulado com Governo Federal e municípios. Para que isso seja possível, algumas ações são fundamentais. Iniciativas como o Programa Mais Médicos, o acesso a medicamentos gratuitos e ampliação de UPAS e UBS, já priorizados pelo governo da presidenta Dilma sem qualquer apoio do Governo do Estado São Paulo, serão reforçados. O Mais Médicos, por exemplo, que criamos no período em que fui ministro da Saúde, já é uma realidade de sucesso em todo País. Antes do programa, 700 municípios brasileiros não tinham sequer um médico. Hoje, todos eles contam com pelo menos um. Em São Paulo, Estado que mais solicitou médicos do programa, 345 municípios contam hoje com profissionais do programa, que atendem cerca de 7,5 milhões de paulistas. Vamos agora fazer o programa “Mais Médicos Especialistas”, que vai reduzir o tempo de espera para a realização de exames, consultas e procedimentos especializados. Criamos também o programa Farmácia Popular, que ampliou o acesso da população aos medicamentos de graça. O programa possui uma rede própria de farmácias populares, mas também conta com parcerias com farmácia e drogarias da rede privada,

onde consta o aviso “Aqui tem Farmácia Popular”. Vamos levar esse mesmo modelo de parceria para o “Mais Médicos Especialistas”, em que a população poderá ser atendida numa clínica privada, através do convênio com o Estado e receber o atendimento do médico especialista de graça. Onde tiver o aviso “Aqui tem Mais Médicos Especialistas”, o paciente será atendido no consultório privado, com pagamento pelo SUS. A parceria que deu certo no programa Farmácia Popular, vai dar certo no Mais Médicos em São Paulo. Nosso governo também vai apoiar os municípios, repassando recursos financeiros para financiamento conjunto das redes de atenção à saúde, possibilitando a ampliação da cobertura da atenção básica da saúde da família, com mais e melhores unidades e equipes preparadas para atender com qualidade. Vamos também implantar uma rede de hospitais-dia, chamada “Rede 3 em 1”, em todas as regiões do Estado, para agilizar a realização de consultas, exames e cirurgias, reduzindo as filas de espera. A rede irá contemplar os AMEs já existentes, contratar e formar novos especialistas. Queremos, ainda, integrar os hospitais filantrópicos neste modelo, abrindo mais uma alternativa de participação deles no SUS. A perda de consultas e exames vai ser reduzida pelo envio de SMS ou ligação telefônica, avisando sobre o agendamento, que deverá ser realizado de forma organizada e com transparência - vamos publicar listas, inclusive na internet, garantindo adequada informação e

Que categorias serão priorizadas no seu governo? Como estará em pauta as questões de direitos humanos? Os direitos humanos serão um fio condutor, de caráter transversal, nas diversas políticas públicas de nosso governo. Conforme já tem sido feito em âmbito federal, nos governos Lula e Dilma, daremos atenção especial à juventude, principalmente da periferia, às crianças e adolescentes – com ênfase no combate ao trabalho infantil e à exploração sexual -, às mulheres e às políticas de promoção da igualdade racial. Também consideramos fundamental a atenção às pessoas com deficiência e aos idosos, garantindo a ambos o acesso a tratamentos especializados, acessibilidade e direitos. Entendemos, ainda, que é prioritário o combate às drogas, particularmente ao crack. Para isso, criaremos o programa “Braços Abertos” estadual, além de garantir o tratamento humanizado aos usuários. Que parcerias com as organizações da Igreja o senhor pretende manter ou promover? A Igreja sempre ocupou um importante espaço em nossa sociedade, em especial na área social. Muitas instituições ligadas ou apoiadas pela Igreja realizam um trabalho social importantíssimo, complementar ao do Estado. Nosso governo saberá valorizar as organizações da Igreja e trabalhar junto, para que a população tenha o melhor atendimento possível.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.