Orbita

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302  |  Órbita, Sistema Lacrimal e Oculoplástica - Paralisia Facial Periférica Quadro clínico O quadro clínico da paralisia facial instala-se subitamente, acometendo apenas um dos lados causando assimetria de face. Quando a paralisia é periférica, toda a hemiface está comprometida, quando ela é central, a região frontal é poupada. Na paralisia de Bell, em geral, os pacientes se recuperam em algumas semanas; entretanto, nos casos de tumores, cirurgias ou traumas, a recuperação é mais lenta ou a lesão pode ser permanente. Ocorre um apagamento das rugas da região frontal e do sulco nasogeniano, queda do supercílio, da pálpebra inferior e da região geniana, retração da pálpebra superior e desvio da comissura labial para o lado são. O paciente não consegue assobiar, nem soprar e pode ter dificuldade ao falar. Em alguns casos, ocorrem alterações no paladar e na audição. Os graus de acometimento são variáveis, porém, as alterações acentuam-se quando os músculos do lado contralateral sadio entram em ação. Deve-se sempre lembrar que esses pacientes apresentam desconforto físico e emocional, pois as alterações cosméticas são muito evidentes. As alterações oftalmológicas resultam da paralisia do músculo orbicular, sendo a principal o lagoftalmo e serão discutidas a seguir: Supercílio: há ptose, com prejuízo somente estético e não funcional. Pálpebra superior: apresenta retração, com impossibilidade de fechamento palpebral (lagoftalmo) pois o músculo orbicular está parético e há supremacia de seu antagonista, o músculo levantador da pálpebra superior. Pálpebra inferior: há frouxidão e atonia, que piora o lagoftalmo com a impossibilidade de elevação da pálpebra. Observa-se exposição escleral inferior que também causa prejuízo cosmético. Nos pacientes com flacidez palpebral prévia, instala-se o ectrópio paralítico em graus variáveis. Vias lacrimais: o lacrimejamento é uma queixa frequente e pode acontecer por dois mecanismos: insuficiência de drenagem ou excesso de produção. O primeiro ocorre em pacientes com ectrópio de ponto lacrimal ou devido à hipotonia do músculo orbicular, que impede o adequado funcionamento da “bomba lacrimal”. O segundo ocorre pela presença de lesões corneais que levam à exposição das terminações nervosas localizadas abaixo do epitélio, estimulando o lacrimejamento reflexo. Córnea: há exposição corneana que é a consequência mais grave do lagoftalmo. Observam-se desde leve ceratite nos casos mais brandos, com fenômeno de Bell presente, até grandes úlceras de córnea, principalmente quando há comprometimento do V par craniano, uma vez que há diminuição da produção de lágrimas. Concomitantemente, estas úlceras quando não tratadas aprofundam, podendo infectar, perfurar e causar endoftalmite com perda irreparável da visão e do bulbo ocular.

Diagnóstico O diagnóstico da PFP é feito mediante análise do quadro clínico, que é bem característico. É importante, durante o exame oftalmológico, avaliar a acuidade visual, intensidade do lagoftalmo, fenômeno de Bell, sensibilidade corneana, filme lacrimal e integridade da córnea.


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