Banco de Olhos

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Walton Nosé • Adriana dos Santos Forseto

C a p í t u l o  29

Ceratoplastia Lamelar Anterior

O primeiro transplante lamelar, com finalidade de restaurar a visão, foi realizado por Arthur von Hippel no final do século XIX. A ideia inicial da ceratoplastia lamelar era a de trocar apenas a parte da córnea acometida, mantendo as camadas normais do receptor intactas. Até 1980, o único tipo de transplante lamelar que existia era denominado in lay, no qual o estroma do receptor era removido em parte e a córnea doadora era colocada nesse leito preparado previamente para repor a espessura do tecido corneano perdido. Com o advento da epiceratofacia foi introduzido o termo on lay. Nesse caso, o estroma do receptor não é removido e outro tecido corneano é colocado sobre o leito receptor desepitelizado centralmente, após uma ceratectomia circular na sua porção periférica. Essa técnica foi muito utilizada para correção de altas ametropias, ceratocone, ceratoglobo e degenerações periféricas. Atualmente, existem variações técnicas do procedimento in lay. Ressecções profundas do tecido receptor, com maior regularidade da superfície, podem ser obtidas com a injeção de ar, solução fisiológica salina e/ou viscoelástico no estroma. A utilização do microcerátomo ou do excimer laser, tanto no receptor quanto no doador, permite a aquisição de cortes de diferentes espessuras e diâmetros. Recentemente, o femtosecond laser, que trabalha com comprimento de onda superior ao excimer, vem sendo utilizado para ressecção do tecido corneano em transplantes lamelares (com profundidade máxima de 400 micra), por meio de um processo denominado de fotodisrupção. De acordo com a quantidade de tecido removido do receptor, o preparo da córnea doadora pode ser o mesmo das ceratoplastias penetrantes, com sua trepanação total e remoção ou não do endotélio e Descemet. A obtenção de lamelas de tecido doador foi facilitada com o advento das câmaras anteriores artificiais, que permitem que o botão corneoescleral seja preparado da mesma forma que se estivéssemos trabalhando com o globo ocular inteiro. A ceratoplastia lamelar anterior, apesar de considerada tecnicamente mais difícil, apresenta a vantagem de não penetrar na câmara anterior, reduzindo os riscos inerentes aos proce-

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