Número 1

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sociedade

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A melhor basquetebolista nacional de sempre afoga mágoas, quando as tem, no shopping. "Maria Rapaz" desde menina, contenta-se, para já, ser "tia babada". Vive sozinha num hotel entre a felicidade do jogo e as saudades da família TEXTO MARTA VARANDAS FOTOS PEDRO RAMOS

TICHA PENICHEIRO

"Nunca brinquei com bonecas" à lupa Nome

Patrícia Nunes Penicheiro Data de nascimento

18 de Setembro de 1974 Naturalidade

Figueira da Foz Altura

1,80 metros Peso

66 quilos Número de calçado

Sapatos 41, sapatilhas 43

Prato preferido

Bacalhau à Brás ou massas italianas Filme marcante

"A Vida é Bela", de Roberto Benigni

Um livro

Qualquer um, de Nicholas Sparks Um sonho

"Estou a vivê-lo"

Um mimo

Cozinhados da mãe "Porto de abrigo"

A família

Um pecado

Os doces

Um vício

A pastilha elástica

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Quando era menina, preferia receber uma bola de basquetebol ou um par de sapatilhas em vez de uma boneca. Na Figueira da Foz, todos conheciam Patrícia Nunes Penicheiro por ser "Maria Rapaz" e por passar o tempo que podia a jogar basquetebol, no campo que ficava atrás de casa, conhecido como "As Traseiras". Considerada a melhor basquetebolista portuguesa de todos os tempos, a "nossa" Ticha, que atuou na WNBA pelas Los Angeles Sparks o ano passado, está até Abril em Portugal, para fazer uma época pelo Sport Algés e Dafundo. Uma estrela, tatuada no pulso direito, espreita do fundo da manga do casaco. Não se considera vedeta, a despeito dos muitos êxitos alcançados, mas diz que o basquetebol é realmente a sua vida. E é isso que a faz "feliz". Tão feliz como o sobrinho, que recentemente completou dois anos. Aos 36 anos, é uma "tia babada". E, ao menos para já, o pequeno João Miguel "chega", porque se tiver filhos, "esse dia vai surgir de forma natural, até porque para já sou casada com o basquetebol", garante. Os olhos enchem-se-lhe de luz. Mas da mesma forma como acontece com o drible num jogo, desvia-os, subitamente, para evitar falar mais. Ao contrário do que acontece no campo, fora dele é uma mulher reservada e serena, que não suporta a falsidade e lamenta a escassez de "pessoas puras" nos dias que correm. Volta um sorriso, envergonhado, que a leva a admitir, apesar de tanta dedicação à modalidade, haver tempo para muito mais, "tempo para tudo. Até para namorar, porque para isso basta querer".

Para ir às compras também sobra tempo. Todas as mulheres gostam de o fazer e Ticha não é exceção. Chega a ser uma forma de mimar-se. Principalmente quando perde jogos, conta, porque no dia seguinte fica com vontade "de afogar as mágoas no centro comercial". Não tem uma marca favorita, tem várias. Da alta-costura, mas não só. Contudo, não dispensa os acessórios. Malas, sapatos, relógios, jóias… "Fazem a diferença". Relógios, tem cerca de 40. Já os sapatos, por vezes não é fácil comprar o modelo que pretende, porque "para quem tem um pé 41 tudo se complica. Nos Estados Unidos é mais simples. Ou então recorro à compra pela Internet". uma basquetebolista poliglota Fora de casa desde os 16 anos, a basquetebolista desloca-se para todo o mundo, especialmente quando chegam as temporadas europeias. "Sou nómada e fazer malas não é problema. É como treinar, porque é a prática que faz a perfeição". Os idiomas também não são uma preocupação, porque para já fala quatro deles: português, inglês, espanhol e italiano. Enquanto caminha à beira da piscina do Solplay Hotel, em Linda-a-Velha, onde está a viver sozinha enquanto faz a época pelo Algés, recorda que com a chegada aos EUA inscreveu-se na Old Dominion University, onde estudou, durante quatro anos, Comunicação Social. Gosta da área, mas não a pensa seguir. Mesmo quando terminar a carreira. "Quando chegar esse dia, que não sei quando vai ser, devo prosseguir como agente desportiva", conclui a basquetebolista que um dia partiu da Figueira da Foz à conquista do mundo. E conseguiu.

3 Fevereiro 2011


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