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PALAVRA DO CONSELHO DIRETOR

Após longos e custosos meses na travessia da maior crise sanitária global em mais de um século, é oportuno nos perguntarmos quais as lições aprendidas até aqui. Considerando o papel das instituições formadoras de pessoas para os sistemas de saúde, o que a pandemia do novo coronavírus já nos ensinou sobre o que precisamos ensinar aos médicos e, de forma ampla, aos profissionais de saúde? A resposta não se limita a conteúdos técnicocientíficos ou à assimilação de tecnologias inovadoras, cuja introdução foi acelerada pela crise – temos de incluir a dimensão humanista e o desenvolvimento de competências, como a cooperação e a liderança.

O sistema de saúde é pilar essencial da cidadania e das sociedades democráticas e prósperas, capazes de oferecer oportunidades, segurança e senso de pertencimento. A pandemia colocou à prova os sistemas de saúde em todo o mundo e expôs distorções, como a baixa integração entre os níveis de atenção e a ênfase em cuidados hospitalares. Também acentuou as desigualdades no acesso à saúde, tanto local, quanto globalmente. A ausência de uma resposta coordenada diante da crise, em âmbitos político e técnico, é precisamente a evidência de que temos de fortalecer essas duas competências.

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A cooperação é uma habilidade social exigitiva, que se desenvolve na prática das relações, na abertura ao outro, na experiência da diversidade e na disposição para o diálogo, que implica compreender além da própria perspectiva. Portanto, é indispensável para se trabalhar na solução de problemas comuns e cada vez mais complexos. No campo da saúde, vamos além das necessárias trocas de informação científica e da colaboração multicêntrica. A cooperação habilidosa está na base das equipes multiprofissionais, favorece a integração da jornada de cuidados e nos capacita para uma nova configuração das relações com os pacientes, ou ainda para a adequada definição do lugar-papel das tecnologias digitais no contexto assistencial.

É sob essa visão ampliada e contemporânea dos desafios formativos para a atuação em saúde que inauguramos um novo ciclo na Fundação Unimed, instituição criada pelo Sistema Unimed há 26 anos e sediada em Belo Horizonte. A Fundação é, ainda, a mantenedora da Faculdade Unimed, credenciada pelo Ministério da Educação desde 2016. Ao longo de sua história, mais de 150 mil profissionais de saúde e quadros técnicos de operadoras e serviços assistenciais passaram por diversas modalidades de capacitação, desde treinamentos e cursos de educação continuada até graduação e pós-graduação. A educação constitui uma estratégia essencial também para o avanço do sistema cooperativista. Por isso, temos como propósito consolidar a Fundação e a Faculdade Unimed como braço educacional para o nosso sistema. Mais que isso, buscamos torná-las parceiras relevantes para todo o setor de saúde, como um think tank, um laboratório de inovação – incluindo de práticas educacionais – e um espaço para projetos cooperativos pautados no modelo ESG, que integrem responsabilidade ambiental, desenvolvimento social e governança em prol da sustentabilidade do setor de saúde.

Compartilho essas considerações sobre a Fundação Unimed, porque, dentre nossas propostas de atuação, já trabalhamos para viabilizar um projeto de cooperação com a Feluma – Fundação Educacional Lucas Machado, por tudo o que representa o seu grande complexo educacional, assistencial e de pesquisa. Aos 70 anos, a Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais é uma das mais tradicionais e respeitadas instituições de educação em saúde do país.

São ambas marcas de referência, norteadas por propósitos impactantes, eticamente comprometidas com a qualidade da atenção à saúde, inseridas em sistemas sem finalidade de lucro e pautadas pela sustentabilidade e perenidade. Por todo o cenário que traçamos até aqui, está claro como a soma de diferentes perspectivas institucionais – no caso da Unimed, o cooperativismo de trabalho médico e a dinâmica da saúde suplementar – só terá a enriquecer o espectro de formação das atuais e das futuras gerações de profissionais e líderes para o sistema de saúde.

Neste momento, são várias as forças atuando pela transformação do setor no Brasil, sejam fatores demográficos e socioeconômicos, inovações tecnológicas, a evolução do marco regulatório e de políticas públicas, movimentos concorrenciais e de mercado. Mas a mudança fundamental está na direção do que é valor em saúde. Como gestores, temos o dever do aprimoramento setorial. Como instituições do aparato formador, nossa missão está em preparar os profissionais que devem assumir a condução dessa mudança, empenhando para tal suas melhores habilidades de cooperação e liderança. Em última instância, o compromisso que nos une é o de levar mais saúde às pessoas. É nesse sentido que convidamos a trabalharmos juntos, construindo pontes nos caminhos que nos levarão a um futuro melhor.

Helton Freitas

Membro do Conselho Deliberativo da Feluma. Médico sanitarista e do trabalho, presidente da Seguros Unimed e da Fundação Unimed, diretor-geral da Faculdade Unimed.

PAL AVRA DO CONSELHO DIRETOR

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