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ACADÊMICOS TAMBÉM PODEM DESENVOLVER HABILIDADES ARTÍSTICAS
Disciplina “Neurociências aplicadas às artes cênicas” é inédita entre as universidades de Ciências Médicas brasileiras

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Desenvolvimento de técnicas teatrais aguça percepção do profissional de saúde
AFeluma busca ampliar a visão sobre a importância da formação humanística para os profissionais da saúde e, por isso, investe na promoção de atividades artísticas e culturais como um instrumento para o desenvolvimento de competências fundamentais ao bom atendimento ao paciente.
A criação do Teatro Feluma foi o ponto de partida para uma série de iniciativas de cunho artístico e cultural, como o curso livre de teatro oferecido no início de 2020, temporariamente suspenso em decorrência da pandemia. Em 2021, a Faculdade Ciências Médicas de MG passou a ofertar a disciplina optativa “Neurociências aplicadas às artes cênicas”, incluída na grade dos cursos de graduação e com aulas práticas realizadas no Teatro Feluma.
Segundo o médico neurocirurgião e dramaturgo, curador do Teatro Feluma, Dr. Jair Raso, a disciplina é inédita entre as universidades de Ciências Médicas no Brasil. Ele é responsável por ministrar as atividades e considera que Medicina e Artes são perfeitamente compatíveis. “Quando entrei para a faculdade de Medicina, já fazendo teatro, pude perceber que o contato com a arte me abriu os horizontes da interpretação do comportamento humano. Entendemos que esse ponto de encontro contribui muito para o desenvolvimento de outras habilidades, para além das técnicas e abordagens científicas”, afirma o professor.
No curso, o médico traça um paralelo entre o trabalho do ator e o do profissional da saúde para fazer com que os alunos desenvolvam a capacidade de enxergar a realidade de cada um. “Nas artes cênicas, especificamente, abordamos as emoções e explicamos aos alunos o método que o ator usa para criar seu personagem e interpretar”, afirma. Enquanto a primeira parte do curso é dedicada à Neurociência, abordando a estrutura e o funcionamento do cérebro, na segunda, Dr. Jair Raso emerge na teoria teatral, passando pela formação do ator até as técnicas utilizadas.
As duas primeiras partes do curso foram ministradas a distância, no formato remoto. A última e terceira parte foi dedicada à prática, quando os alunos puderam interpretar textos no palco do Teatro Feluma. “Gostei muito dessa disciplina, me deu mais de segurança para, futuramente, abordar os pacientes. A comunicação interpessoal é um exercício de interpretação, e levamos isso para a prática médica. Foi válido para mostrar que realmente Arte e Medicina conversam muito entre si”, afirma Pedro Henrique Correia, aluno do curso de Medicina.
Para a atriz e gestora cultural do Teatro Feluma, Ana Gusmão, que cursou a disciplina como ouvinte, houve uma interação muito rica entre alunos de diferentes cursos. Segundo ela, a Neuroanatomia e a Neurofisiologia guiaram uma das atividades que a marcaram: o exercício do lado direito do cérebro. “Dr. Jair pediu para aqueles que, sendo destros, executassem tarefas como desenhar com a mão esquerda, a fim de inverter a lógica do cotidiano e, dessa forma, exercitar os dois lados do cérebro igualmente”, conta.
Parte do curso é dedicada à Neurociência, e outra parte, à teoria teatral, passando pela formação do ator até as técnicas utilizadas
“Minuto no Museu” aproxima o público da história da Faculdade Ciências Médicas - MG
Como parte integrante da FCM-MG, o Centro de Memória Ciências Médicas concentra boa parte da história da Medicina e da Faculdade, contribuindo para promover a cultura. Com um acervo com mais de 1.500 itens e cerca de 350 peças em exposição, o espaço foi inaugurado em 2019, mas precisou ser temporariamente fechado à visitação do público em decorrência da pandemia.
Para dar continuidade ao trabalho, o Centro de Memória vem produzindo e divulgando a série de vídeos “Minuto no Museu”. O projeto foi idealizado e é produzido em conjunto pelo Centro de Memória e pelo Teatro Feluma. “O Centro de Memória e o Teatro Feluma concentram a história e a arte que, em confluência com o conhecimento científico, formam a cultura da Ciências Médicas. O projeto ‘Minuto no Museu’ promove a interface entre esses elementos e tem sido muito importante para fomentar a cultura da Instituição junto à comunidade acadêmica”, afirma o curador do Centro de Memória Ciências Médicas, Prof. Geraldo Magela Gomes da Cruz.
Os episódios, de cerca de um minuto cada um, são veiculados a cada 15 dias, sempre às segundas-feiras, no canal do YouTube e no perfil do Teatro Feluma no Instagram, e vêm alcançando uma audiência expressiva, com média é de 200 visualizações no Instagram. Os vídeos são gravados dentro do próprio museu e em outros espaços da FCM-MG, uma vez que todos eles narram um pouco da história da Instituição. Eles retratam o acervo físico tridimensional, destacam personalidades do segmento da saúde e informam sobre a contribuição da Faculdade para o desenvolvimento das Ciências Médicas em mais de sete décadas. O “Minuto no Museu” mostra ainda o processo de concepção e construção do Centro de Memória e o seu papel.
A cada novo episódio, os roteiros temáticos, cuidadosamente elaborados, permitem ao público conhecer um pouco mais a Instituição. Assista em youtube.com/c/TeatroFeluma ou em https://www. instagram.com/teatrofeluma.

A museóloga Paola Cunha apresenta os vídeos