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Alimentação à base de plantas: A
Alimentação à base de plantas
A trend que parece ter vindo para ficar
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Sara Gama, 3º ano
“Vegetariano”, “plant-based”, “vegan” são palavras às quais já nos habituamos ou, pelo menos, temos uma vaga ideia do seu significado. Quer seja na televisão, num documentário na Netflix ou até num post do influencer do momento, a verdade é que estão presentes um pouco por todo o lado no nosso dia a dia.
Não é de admirar, já que, segundo um estudo realizado pelo Centro Vegetariano – Associação Ambiental para a Promoção do Vegetarianismo, o número de vegetarianos em Portugal quadruplicou entre 2007 e 2017. Para além disso, a tendência parece ser a de um consumo de peixe e de carne cada vez mais ocasional entre aqueles que não seguem uma dieta vegetariana.
Mas de que se trata, afinal, o vegetarianismo? Segundo a Associação Vegetariana Portuguesa, “o vegetarianismo é um estilo de alimentação de base vegetal, que exclui carne e peixe”, baseando-se em fruta, hortícolas, cereais, leguminosas, frutos gordos e sementes, de preferência locais e da época, minimamente processados. Existem ainda variações que podem incluir derivados de origem animal como os ovos e os lacticínios, que se designam por ovovegetariano, lactovegetariano ou ovolactovegetariano, consoante o tipo de derivado consumido. Já os veganos procuram que a sua abordagem vá além da alimentação, seguindo uma filosofia de vida que evita o sofrimento animal na totalidade. A título de exemplo, são recusadas peças de roupa de couro ou camurça, acessórios que incluam penas ou marfim e produtos de beleza e de higiene que sejam testados em animais. Os espetáculos realizados à custa de exploração animal, como circos, touradas ou jardins zoológicos, são também condenados pelos veganos.
A principal razão que leva alguém a adotar uma alimentação vegetariana parece ser a preocupação com o bem-estar e os direitos dos animais. O facto de ser uma dieta que apresenta benefícios para a saúde também parece atrair várias pessoas a fazer esta mudança. Outro dos motivos invocados é o impacto que a indústria pecuária tem sobre o planeta, como a sua contribuição para a escassez de água doce, a desflorestação e diminuição da qualidade do ar. Um exemplo gritante deste impacto é a quantidade de gases
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com efeito de estufa emitidos para que se produza 1kg de bife de vaca num regime semi-intensivo em Portugal, que equivale a uma viagem de carro de 146 quilómetros.
Uma questão fulcral impõe-se agora: será este tipo de alimentação saudável e sustentável ou tratar-se-á apenas de uma moda sem suporte de evidência científica? Respondendo de forma bastante curta e simples: as dietas vegetarianas são saudáveis em qualquer fase da vida, desde a infância até à velhice, passando por grávidas e atletas de alta competição, se bem planeadas.
Nos últimos anos, muita pesquisa tem sido dedicada a dietas vegetarianas. Vários estudos reportaram inúmeros benefícios tanto do menor consumo de produtos animais, como do maior consumo de produtos de origem vegetal. Entre eles estão a redução da prevalência de determinadas doenças, como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes, assim como um aparente aumento da longevidade: não será por acaso que as “Blue Zones” (regiões do planeta conhecidas pela maior esperança média de vida da sua população, com um grande número de centenários) baseiem uma enorme fatia da sua alimentação em alimentos de origem vegetal.
Com isto não se pretende afirmar que passar a seguir uma dieta vegetariana é garantidamente saudável e que representa uma espécie de “tábua de salvação”. Antes pelo contrário, uma dieta vegetariana pode ser prejudicial, tal como qualquer outro tipo de dieta, se mal estruturada. É perfeitamente possível seguir uma alimentação plant-based que nada tem de saudável, se esta se basear fundamentalmente em produtos altamente processados, com excesso de gorduras e sal. Outra preocupação é a de evitar carências nutricionais e vitamínicas que podem advir precisamente de um mau planeamento. Outro problema relativamente frequente é a falta de conhecimento e desinformação referente a este tipo de dieta.
É essencial que quem esteja interessado em adotar este regime alimentar procure informar-se o melhor possível, uma vez que não faltam recursos para o fazer e a ajuda de nutricionistas e de médicos revela-se igualmente preciosa. No entanto, ainda são muitos os profissionais de saúde incapazes de auxiliar e orientar utentes que seguem uma alimentação plantbased. Numa tentativa de colmatar a falta de conhecimento sobre o tema mesmo dentro da área da saúde, a Direção Geral da Saúde lançou, em 2015, um manual intitulado “Linhas de Orientação para uma Alimentação Vegetariana Saudável”. Desta forma, tanto profissionais de saúde como a população em geral têm ao seu dispor uma fonte de informação fidedigna e de relativa fácil compreensão sobre dietas vegetarianas.
Links úteis: • https://nutrimento.pt/activeapp/ wp-content/uploads/2015/07/
Linhas-de-Orienta%c3%a7%c3%a3o-para-uma-Alimenta%c3%a7%c3%a3o-Vegetariana-Saud%c3%a1vel.pdf • https://www.avp.org.pt/ • https://www.veggiekit.pt/