4 minute read

Economia Digital

Joana Neves, 5º ano

De entre a miríade de moedas digitais, a Bitcoin é a rainha que veio para ficar, dominando mais de 50% do mercado das criptomoedas. A sua popularidade é cada vez mais evidente, tanto que muitas empresas começaram a investir nesta forma de pagamento, tais como a Tesla de Elon Musk, a Microsoft ou mesmo a Starbucks.

Advertisement

Mas o que é, então, uma criptomoeda? Nada mais do que uma moeda como o nosso euro, com a exceção de ser exclusivamente digital, e, por isso, não ser impressa por nenhuma unidade central - de facto, uma das qualidades atrativas da Bitcoin é não ser regulada por bancos, ao contrário das moedas físicas já existentes; a sua gestão é descentralizada e assemelha-se a um livro-razão, no qual estão registados todas as transações alguma vez feitas: quantas bitcoins foram transferidas, quem as transferiu e recebeu, e há quanto tempo atrás - esta tecnologia chama-se blockchain, uma base de dados praticamente incorruptível.

Como funciona a blockchain?

Pense-se na blockchain da seguinte maneira: num hospital, há centenas de computadores formando uma rede, cada um deles com as mesmas informações: os registos de todos os doentes tratados desde a abertura da unidade de saúde, passíveis de serem acedidos por qualquer profissional de saúde de qualquer especialidade dentro do edifício. Quando um hacker utiliza um computador da rede para alterar os registos pessoais de um único doente, a informação nele presente deixa de estar em concordância com os restantes computadores; é, então, interpretada como falsa, e descartada por não ser de confiança. É precisamente isto que acontece na blockchain. Cada nódulo (ou computador da rede) tem o conjunto de todas as transações efetuadas desde a génese da criptomoeda em causa, tal que, se um desses nódulos deteta um erro, consegue corrigi-lo através do cross-

Mundo de Todos

checking com os restantes componentes da rede. Esta característica garante fidedignidade e transparência nas transações, visto que qualquer utilizador pode consultar qualquer transferência jamais efetuada, e assim perceber como a bitcoin está a ser movimentada - mesmo que um comprador seja hackeado, o destino das bitcoins roubadas consegue ser rastreado e descoberto, devido à impossibilidade de retirar moedas da rede.

É esta a grande vantagem de ter uma blockchain cronológica e em constante atualização e verificação: fazer parte da rede é mais economicamente rentável do que atacála. O processo de verificação dos dados é feito por indivíduos - basta que tenham um computador capaz de processar dados e realizar equações complexas; em troca de tornarem as transações mais seguras, estes utilizadores são recompensados monetariamente.

Como é atribuído o valor da criptomoeda?

Na verdade, o valor deriva exclusivamente da lei da oferta e da procura: quantas menos bitcoins houver disponíveis, maior será o seu preço; se os utilizadores começarem a vendêlas impetuosamente, o valor diminuirá. Devido ao facto de o valor da bitcoin derivar do de outras moedas, a procura por mais bitcoins implica pagar mais euros, dólares ou libras para as obter.

A segunda curiosidade prende-se com o facto de a bitcoin ser um bem finito: o seu criador estipulou que só poderia haver um máximo de 21 milhões de moedas disponíveis. É, de certa maneira, ouro digital; não pode ser criada arbitrariamente, mas sim “extraída”. Atualmente, já 18 milhões de bitcoins foram criadas, mas estima-se que o processo só estará completo depois do ano 2140 - isto porque o ritmo a que a moeda pode ser extraída diminui para metade a cada quatro anos, invariavelmente.

Será arriscado investir em bitcoin?

Resposta curta: sim.

As razões pelas subidas e descidas do preço da bitcoin são artificialmente criadas pela sociedade. Os média são frequentemente responsáveis por quedas drásticas no seu valor - má cobertura mediática faz instalar o pânico

entre os utilizadores, que vendem rapidamente os seus ativos, aumentando assim a oferta e diminuindo o preço. Por outro lado, boa publicidade também faz disparar os números: o valor da Dogecoin, outra criptomoeda, subiu 25% após um tweet escrito por Elon Musk a referi-la.

Em abril deste ano, no curso de uma semana, o preço da bitcoin subiu fantasticamente para 42 mil dólares, para depois cair para 30 mil. Ainda antes do fim dessa semana, o valor voltava aos 40 mil dólares - a volatilidade da bitcoin é o preço a pagar pela sua quantidade finita e regulamentação descentralizada, as qualidades chave que mais lhe dão ribalta. bens. Assim que as carteiras virtuais começam a ganhar peso e mais empresas se viram para os pagamentos com criptoativos, mais frequente será a utilização destes meios para gastos correntes; os governos terão em mãos o dilema de um mercado que não conseguem fiscalizar nem regular, onde as taxas de câmbio serão eliminadas e todos os indivíduos têm iguais capacidades de acesso à moeda.

Talvez a vida diária nos obrigue a trocar o papel pelo digital mais cedo do que pensamos. Até lá, mal não faz mantermo-nos a par das novas tendências.

Apesar de todas as suas complexidades (parcamente compiladas acima), as criptomoedas vieram para ficar. A função da moeda - seja qual ela for - é facilitar as trocas de

This article is from: