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Cuidados com a mente

Quebra de tabu e busca por ajuda são fundamentais em casos de transtornos mentais; apoio da família e de profissionais, sigilo e não julgamento costumam ser decisivos

por: Ingrid Pires

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Nove em cada dez casos de suicídio podem ser prevenidos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, desde que a pessoa receba o apoio no momento adequado. Ainda segundo a OMS, em países de baixa renda, existem apenas dois profissionais de saúde mental a cada 100 mil habitantes, enquanto nos de alta renda, o índice é de mais de 70 profissionais. Uma das principais dúvidas entre os que passam por sofrimento psíquico é justamente onde e quando buscar ajuda, o que fazer para vencer o medo, a falta de prazer, a desesperança e o tabu que marcam essas doenças.

Para o estudante Kaio Henrique Maloney, de 23 anos, até mesmo reconhecer que precisava de ajuda levou um tempo. Ele não sabia como lidar com as crises de ansiedade e depressão. O sofrimento que parecia interminável durou pelo menos três anos, em silêncio. Há um ano, procurou a psicoterapia. “Além de me sentir mal por me isolar e não conseguir sair com meus amigos, sentia que para melhorar eu precisava de um tempo para mim, mas demorou muito até entender e aceitar que cuidar de si é também cuidar das pessoas que te cercam”, conta.

A psicóloga Nayara Nascimento explica que nem sempre entender o que faz mal é fácil. “O que vem a ser uma doença emocional? Falar assim: ‘ah, eu estou triste. Então estou doente?’ Não. Todos nós nos sentimos tristes, todos nós nos sentimos felizes, todos nós nos sentimos em algum grau ansiosos”. Ela observa que para ser considerado um transtorno mental precisa, de fato, deixar a pessoa transtornada. “Se aquela tristeza em excesso incomoda, se aquela alegria em excesso incomoda, então vale a pena prestar atenção e tentar ver se pode ser algum tipo de transtorno e qual a melhor forma de tratar”. Mas, qualquer tratamento, deve ser feito por um profissional. Em geral, o psiquiatra é quem faz o diagnóstico e, se necessário, receita a medicação.

A psiquiatra Renata Figueiredo afirma que as doenças emocionais não possuem causa orgânica conhecida, então para confirmar um transtorno ou uma

doença psicossomática é necessário que, antes, o especialista faça um diagnóstico de exclusão daquelas que têm origens orgânicas, por meio de diversos exames. Os principais métodos de tratamento para doenças e transtornos psíquicos são a psicoterapia, o acompanhamento psiquiátrico e o apoio de pessoas próximas.

CUIDADOS NECESSÁRIOS

Segundo especialistas, cuidar do corpo físico é essencial para a prevenção e para o tratamento de transtornos mentais. De acordo com a psicóloga Nayara Nascimento, gastar energia com exercício saudável e adequado causa alterações positivas no cérebro, pois libera substâncias que beneficiam direta mente os neurotransmissores responsáveis pela saúde mental. Serotonina, adrenalina, noradrenalina, dopamina e outras substâncias cerebrais liberadas a partir do exercício físico são fundamentais para que os neurotransmissores atuem da melhor forma no cérebro.

A atividade física libera principalmente a endorfina, substância que promove várias mudanças no cérebro, como crescimento neural, menor resposta inflamatória e novos padrões de atividade que promovem sentimentos de calma, bem-estar, melhor qualidade de sono, aumento da autoestima, da sensação de relaxamento e da disposição. Além do exercício físico, também é preciso uma boa alimentação para que os precursores gerem neurotransmissores saudáveis.

A psicoterapia é considerada parte fundamental no tratamento de transtornos psíquicos

A psiquiatra Renata Figueiredo explica que a deficiência nutricional leva ao envelhecimento cerebral e desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, portanto, o papel da nutrição é manter o equilíbrio necessário para a química do cérebro funcionar adequadamente.

Para a estudante Sarah Ariel Rodrigues, 25, o processo foi longo e de forma mais drástica. Sem entender o que sentia, acabou internada em 2015, durante uma crise. O desespero, naquele momento, era tamanho que ela sabia que não conseguiria continuar vivendo. O diagnóstico: transtorno bipolar, ansiedade e depressão. “Já fazia muitos anos que eu sofria com esses transtor nos, mas isso não era muito discutido na sociedade, então eu não tinha conhecimento e nem informação suficiente para correr atrás da cura”, conta.

Acreditar que a dor chegou a um estado insuportável e que é preciso acabar com ela pode expressar um quadro de ideação suicida. Quando a pessoa começa a manifestar preocupação com a própria morte, falar da falta de esperança, dizer que quer desaparecer ou que queria poder dormir e nunca mais acordar está indicando a necessidade de ajuda. Desemprego, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões, conflitos familiares ou perda de algum ente querido são agravantes nestes casos. Barreira para prevenção Fato é que a desinformação é uma das barreiras para a prevenção e, principalmente, para o tratamento. Muitas vezes a pessoa se culpa por não assumir determinados comportamentos, sem saber que precisa de ajuda. Chega a negar o sofrimento. “Saber que o sofrimento é real e a gente pode sofrer é o passo mais importante para conseguir lidar com tudo. Porque se a gente nega o tempo todo, tudo se torna muito mais complexo e complicado”, comenta a psicóloga.

Mas é importante que o diagnóstico não limite a pessoa à doença, com um rótulo. “Se uma pessoa tem ansiedade, ela se torna a ansiedade. Então tudo que ela faz é por causa desse transtorno, isso às vezes limita um pouco a capacidade de o próprio sujeito ser autônomo e ter consciência das próprias ações”, avalia. O processo de se autoconhecer é, então, facilitado pela psicoterapia.

A autonomia é uma questão importante para quem passa por algum transtorno mental. Andar com os próprios pés, fazer as próprias escolhas e ter consciência das ações faz parte do ser humano. Nayara comenta que casos de depressão, ansiedade, síndrome do pânico, transtorno bipolar e borderline são exemplos de doenças que precisam de cuidado. “Temos também as psicoses, alucinações, delírios, histeria... Apesar de as doenças e transtornos psicológicos terem origem no cérebro, os sintomas são físicos e podem ser percebidos tanto pela própria pessoa, quanto por familiares e amigos”.

A origem dos transtornos está diretamente relacionada com a forma como as pessoas lidam com as questões que a cercam. “Existem coisas que permeiam o nosso psiquismo, como sentimentos, pensamentos, emoções, sensações, lembranças, coisas inconscientes que vão se aglomerando ali e dependendo de cada pessoa, e da forma

“O pensamento de que psicólogo é coisa de gente doida e que remédio vicia não condiz com a realidade” Sarah Ariel, estudante

como cada um lida com as suas questões, isso pode refletir no corpo. Os transtornos e doenças psíquicas são um sofrimento que passa para o corpo”, explica a psicóloga.

Essas questões influenciam fortemente a produção de hormônios e neurotransmissores que, por sua vez, afetam o equilíbrio mental. É neste momento que muitas vezes começam a ser emitidos sinais que as pessoas mais próximas podem perceber e, neste caso, devem incentivar para que se busque amparo. Ela lembra, porém, que não existe uma forma eficaz de convencer alguém a procurar ajuda profissional. “O crucial é que o tratamento seja feito de corpo e alma, ou seja, a própria pessoa precisa querer se tratar”.

O primeiro passo é decisivo. A partir daí, as orientações dos profissio nais envolvidos costumam por si ajudar na manutenção do tratamento, assim como a certeza da segu rança e do sigilo. “Então, é saber que não tem como convencer a pessoa a ir, mas no momento que ela vai, as coisas já seguem o seu fluxo”, afirma. Nos casos em que a ajuda profissional é insubstituível, Renata lembra que a rede pública, em especial os Caps, oferece tratamento.

Mesmo com a ajuda da família, é comum a resistên cia em seguir com algum tipo

de tratamento. A vergonha é um dos sentimentos que costuma atuar neste processo. Acreditar que vai ser julgada, vista como fraca ou incapaz leva a pessoa a se isolar ainda mais. “Apesar de um quarto da população mundial em algum momento da vida ser afetada por um transtorno mental, essas doenças ainda são alvo de preconceito e com isso há uma demora para buscar tratamento, o que pode gerar um desfecho desfavorá vel”, comenta a psiquiatra.

Alguns não compreendem ou mesmo aceitam que a doença mental é como qualquer outra. O preconceito, segundo a psicóloga, é comum, sobretudo entre os mais velhos, pois a saúde mental era pouco discutida. “Pessoas com transtornos eram consideradas loucas e internadas em clínicas e hospitais psiquiátricos, onde raramente recebiam tratamento apropriado”.

Para Sarah, é urgente quebrar qual quer tipo de tabu. “A nossa saúde mental precisa estar acima de qualquer coisa. O pensamento de que psicólogo é coisa de gente doida e que remédio vicia não condiz com a realidade. Assim como o corpo, a mente também adoece e precisamos tratar da mesma forma, sem preconceito ou ignorância”, ressalta.

A psicoterapia e apoio de pessoas próximas foram essenciais para o estudante Igor Vasconcelos, 23. Após passar por um surto, veio o diagnóstico: depressão e ansiedade. Ainda passou por uma

O isolamento é uma das características mais comum da depressão

ONDE PROCURAR AJUDA?

Todas as unidades básicas de saúde podem encaminhar o indivíduo para atendimento psicossocial gratuito. Outras instituições oferecem apoio mediante comprovante de renda.

- CAPS, Centro de atenção psicossocial, serviço gratuito e multiprofissional oferecido na rede pública. Encaminhamento pelo telefone (61) 3567-1967. - CVV, Centro de valorização a vida, sérviço de apoio emocional e prevenção do suicídio pelo telefone 188 - CAEP, Instituto de psicologia da UnB. Telefone: (61) 3107-1680 - COMPP, Centro de Orientação Médico Psicopedagógico (até os 17 anos). Telefones: 3325-4995 ou 3326-3201 - IBAC, Instituto Brasiliense de Análise de Comportamento. Telefones: 3242-5250 ou 3443- 4086 - IGBT, Instituto de Gestalt-terapia de Brasília. Telefones: 3033-7094 ou 9967-7569 - Instituto São Paulo de Análise de Comportamento. Telefones 3425-2717 ou 3327-7338 - Clínica social do IMPI. Telefone: 3364- 2745 - Clínica Social InterPSI/CBP. Telefones: 98118-0548 e 99982-3224 - IBNeuro, Instituto brasileiro de Neuropsicologia. Telefones: 3226-3002 ou 32259185 - Clínica Social de Taguatinga. Telefone: 3967-3060 - SOBRAP, Instituto Brasileiro de Psicanálise, Dinâmica de Grupo e Psicodrama. Telefone: 3323- 5366 - Faculdades particulares que oferecem atendimento psicológico gratuito: Iesb. (61) 3445-4502 Universidade Católica de Brasília. (61) 3356-9000 Uniceub. (61) 3966-1626

amnésia ocasionada por estresse e exaustão. “Foi um dia que ninguém me reconheceu e isso foi em frente de várias pessoas. Eu não lembro o que falei, só o que os amigos contam que eu fiz”. Desde então, faz tratamento.

Os sinais da ansiedade ainda estão lá. Unhas roídas e compulsão por comida são alguns deles. “Eu penso no futuro, me martirizo com o passado e não sei viver o presente. E é uma situação bem ruim”. O apoio, segundo ele, é essencial para seguir com o tratamento, que já dura sete meses. Além dos familiares e amigos, também os professores da faculdade em que estuda fazem parte desta rede de atenção.

Doenças psicossomáticas As doenças psicossomáticas, ou transtorno de somatização, são caracterizadas por múltiplos sintomas físicos que não têm causa apontada em exames, nem são explicadas por doenças ou alterações orgânicas, mas que, ainda assim, causam desordem no corpo. As questões psíquicas refletem de forma negativa em sintomas físicos. Os principais exemplos desses sintomas são dores e queimação no estômago, enjoos, gastrites, falta de ar, palpitações, pressão alta, dificuldade para urinar, coceira ou alergia na pele, diminuição da libido, alterações no ciclo menstrual e problemas no sistema nervoso, como enxaqueca, alterações no equilíbrio e na sensibilidade. O diagnóstico deve ser feito por um psiquiatra, que precisa identificar a existência de no mínimo quatro sintomas diferentes para confirmar o diagnóstico.

Por cinco anos, o estudante João Gabriel Oliveira, 22, sofreu com enxaqueca crônica e teve problemas no sistema nervoso e imunológico causados pela exaustão mental. João buscou ajuda de um clínico geral diversas vezes, depois que os sintomas começaram a atrapalhar o desempenho tanto no trabalho, quanto na faculdade. Após meses e uma série de exames, buscou um psiquiatra, onde recebeu um diagnóstico definitivo que apontava transtorno de somatização.

João Gabriel conta que ficou preocupado com o diagnóstico, pois, no início, não compreendia o motivo dos outros exames não apontarem uma causa orgânica para os sintomas. “Fez sentido quando entendi que o nosso cérebro e nosso corpo não são coisas distintas. Então se nossa psiquê não está bem, nosso corpo começa a sofrer com isso”, conta.

Segundo a clínica geral Eliane Aires, pode ser necessário o uso de medicamentos no tratamento de doenças psicossomáticas para o alívio dos sintomas, mas a psicoterapia é

CAPSi é voltado para atendimento de crianças e adolescentes

APOIO AO ALCANCE DE TODOS

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) fazem parte do SUS e são constituídos por equipes multiprofissionais. No Distrito Federal, há várias unidades no Plano Piloto e nas regiões administrativas. Para ser atendido é necessário comprovante de residência e identidade. Não é necessário agendamento, mas gestantes, idosos e crianças têm preferência. São seis diferentes modalidades de serviços:

CAPS I: atendimento a todas as faixas etárias para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; em cidades e/ou regiões com, pelo menos, 15 mil habitantes. CAPS II: atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; em cidades e/ou regiões com, pelo menos, 70 mil habitantes.

CAPS i: atendimento a crianças e adolescentes com transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas; atende cidades e/ou regiões com, pelo menos, 70 mil habitantes. CAPS-ad: Álcool e Drogas: atendimento a todas faixas etárias; especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas; atende cidades e/ou regiões com, pelo menos, 70 mil habitantes. CAPS III: atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; para todas as faixas etárias; atende transtornos mentais graves e persistentes, inclusive os provocados pelo uso de substâncias psicoativas, em cidades e/ou regiões com, pelo menos, 150 mil habitantes. CAPS-ad III – Álcool e Drogas: atendimento com 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funcionamento de 24 horas; para todas faixas etárias; para transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, em cidades e/ou regiões com, pelo menos, 150 mil habitantes.

fundamental para tratar os conflitos internos. “É preciso entender a complexidade do ser-humano, que inclui fatores emocionais, genéticos e hábitos de cada um para, então, tratar a verdadeira causa desses problemas”, explica.

Além da terapia convencional As terapias não-convencionais auxiliam no tratamento de doenças e nos transtornos psíquicos. A proposta é que a pessoa seja vista de forma harmônica, para que tenha uma vida saudável e equilibrada. Entre elas, estão, por exemplo, a yoga, a meditação, a musicoterapia e o thetahealing.

Segundo a musicoterapeuta Isabella Paz, a modalidade melhora a comunicação e o aprendizado, além de empoderar o paciente para que descubra a própria capacidade de lidar com dificuldades cotidianas, além de contribuir para a memória e a interação social.

Existe também o ThetaHealing, técnica de cura energética considerada pelos adeptos como um reencontro com a própria essência. A proposta é usar a intuição natural de forma a alterar o ciclo de ondas cerebrais. O terapeuta se conecta à frequência cerebral “Theta” e visualiza a energia de harmonização no campo energético do cliente de forma consciente, por todo o tempo do tratamento. 

SÍNDROMES, DOENÇAS E TRANSTORNOS

Os transtornos mentais psiquiátricos ou psicológicos são caracterizados pelas alterações de pensamento, emoções e comportamento. Segundo o Manual MSD, é comum que pequenas alterações nesses aspectos da vida aconteçam, mas quando causam muito desconforto ou interferem no cotidiano podem ser consideradas doença ou transtorno mental. Os efeitos de problemas psíquicos podem ser duradouros ou temporários, e incluem interações complexas entre influências físicas, psicológicas, sociais, culturais ou hereditárias. Há diferenças entre síndromes, transtornos e doenças mentais:

SÍNDROME: É caracterizada por um conjunto de sintomas que ocorrem ao mesmo tempo e estão associados a um ou mais problemas na saúde do corpo. Elas podem tem causas biológicas e psicológicas. Os sintomas que compõem uma síndrome podem variar e desaparecer de acordo com o tempo. Transtornos alimentares: Incluem anorexia nervosa – caracterizada por uma busca incessante pelo emagrecimento e restrição do consumo de alimentos, que resultam em peso corporal significativamente baixo, e bulimia que se caracteriza pelo consumo rápido e repetido de grandes quantidades de alimentos (compulsão alimentar) seguido de tentativas de eliminar o excesso de alimentos consumidos pelo corpo por purgação, jejum ou exercícios extremos.

Transtorno bipolar: Inclui dois extremos, ou polos, dos transtornos do humor: depressão e euforia.

Transtorno obsessivo compulsivo (TOC): É caracterizado por ideias, imagens ou obsessões recorrentes, persistentes, indesejados, que provocam ansiedade e são intrusivos.

DOENÇA MENTAL: Também está associada a problemas na saúde física, pois tem origem clínica e apresenta um ou mais sintomas e alterações identificáveis no corpo. As doenças mentais precisam de uma causa física para se desenvolver.

Fonte: Manual MSD

TRANSTORNOS: Alteração na saúde que não está sempre vinculada a uma doença de causa biológica. Geralmente, o transtorno mental está direta mente relacionado à saúde psíquica e não à genética, doenças ou lesões.

PRINCIPAIS TRANSTORNOS ALÉM DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE

Esquizofrenia: É um transtorno mental caracterizado pela perda de contato com a realidade, alucinações, falsas convicções, pensamento e comportamento anômalo.

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