Travessia Nº 36 - Abril 2020 - Notícias do São Francisco

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travessia Notícias do São Francisco

JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO / ABRIL 2020 | Nº 36

A todos os trabalhadores dos serviços essenciais, obrigado!

Associação Aroeira promove geração de renda e preservação do meio ambiente

Em entrevista, gerente da Cemig descarta risco de falta de água na BHSF por conta da COVID-19

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Editorial O MUNDO SERÁ OUTRO... Quando a presente edição do “Travessia” alcançar a luz do dia, todos e todas estaremos empenhados na continuidade da dura batalha individual e coletiva para preservar as nossas e as vidas dos demais diante do contágio rápido e avassalador do Coronavírus. Travar essa batalha seguindo à risca as recomendações da Organização Mundial da Saúde e das autoridades médicas e sanitárias é a primeira e mais efetiva das muitas medidas que teremos de incorporar ao nosso cotidiano daqui para diante. Mas não serão apenas novos hábitos de higiene que iremos transformar em cultura e novos padrões de comportamento. Diferentemente de outros fenômenos e eventos globais e regionais que em tempos recentes já vinham chamando nossa atenção pelo seu grau de maior ou menor ameaça à saúde e bem-estar da humanidade - sem no entanto nos assustar e provocar grandes reflexões coletivas - a Pandemia do Coronavírus está remetendo essa questão dos perigos que rondam a humanidade para um outro patamar. Esses perigos foram sendo caracterizados por cientistas, ambientalistas, técnicos, agentes governamentais e lideranças das mais diversas naturezas, como expressões de

CIÊN CIA

uma crise ambiental planetária e cumulativa causada pela forma não sustentável através da qual os seres humanos estão produzindo e reproduzindo suas condições de existência em crescente colisão com os fundamentos da biosfera e do ecossistema terrestre. As observações e advertências dos estudiosos relativas aos impactos destrutivos que a exploração predatória e abusiva dos recursos naturais vem causando, estão encontrando claramente materialidade factual no fenômeno do aquecimento global, no advento da nova era de extremos climáticos, na perigosa poluição dos mares, oceanos, rios e aquíferos, na decrescente qualidade do ar, na acelerada diminuição e degradação das terras férteis e, sobretudo, na alucinante perda da biodiversidade planetária, algo que seguramente deve estar, em última instância, na raiz dos desequilíbrios que estão colocando a humanidade cada vez mais em estreito contato com vírus e outros microrganismos capazes de comprometer de maneira impensada a integridade da sociedade atual. Aliada à temática da crise ambiental planetária e da crítica ao modo crescentemente irracional através do qual estamos produzindo e consumindo, a chaga da desigualdade social crescente que condena

FUTU RO

bilhões de seres humanos a uma vida insalubre, sem saneamento básico e segurança alimentar, irá também expor as fragilidades da sociedade mundial frente a mega desafios como é o caso da presente Pandemia do Coronavírus. Algo que nos lembrará a todos os que estão no topo da pirâmide social que o planeta é um só e que precisamos corrigir essas assimetrias visto que, em última instância, quando se trata da biosfera estamos todos no mesmo barco e que, portanto, “pau que dá em Chico, dá em Francisco.” Como a esperança se alimenta muito das situações dramáticas, talvez seja um consolo imaginar que, ao término desse puxão de orelha que a Natureza nos está dando, possamos entrar em um novo mundo onde as políticas de meio ambiente, bem-estar social, gestão democrática e participativa, produção e consumo sustentáveis e desenvolvimento científico e tecnológico pacífico e inclusivo entrem finalmente em uma nova dimensão de absoluta prioridade. E isso para o nosso próprio bem se quisermos ter futuro enquanto espécie viva.

Anivaldo de Miranda Pinto Presidente do CBHSF

AMBI ENTE

III SBHSF será realizado em novembro de 2020 Inscrições gratuitas para quem submeter trabalhos. Confira também os novos valores para inscrições no evento O III Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco já tem novo cronograma definido. O evento será realizado entre os dias 22 e 25 de novembro deste ano, em Belo Horizonte. Os prazos para inscrições e submissão de trabalhos também foram prorrogados. Os trabalhos poderão ser submetidos até o dia 01 de agosto, e as inscrições online se encerram no dia 16 de novembro. A coordenação do Simpósio, levando em consideração a recessão iminente por causa da pandemia do COVID-19, decidiu conceder gratuidade nas inscrições de quem irá submeter seu trabalho, além de baixar os valores das inscrições. A partir de agora, serão cobrados R$30,00 para estu2

dantes de cursos técnicos e de graduação, R$60,00 para estudantes de cursos de pós-graduação e R$100,00 para profissionais. O Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino Superior da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco consideram de extrema importância o investimento em pesquisa e inovação para fortalecer o desenvolvimento científico e tecnológico em prol da Bacia do Rio São Francisco. Portanto, não perca tempo! Inscreva-se e submeta seu trabalho! Todas as informações podem ser encontradas em www.sbhsf.com.br.


Municípios do Submédio São Francisco recebem visitas iniciais para elaboração do PMSB Texto: Juciana Cavalcante / Foto: Imagens cedidas pela COBRAPE Representantes da empresa COBRAPE – Cia. Brasileira de Projetos e Empreendimentos - estiveram nas cidades de Floresta e Tacaratu (PE), e de Rodelas e Glória na Bahia, para iniciar o processo de elaboração do Plano de Saneamento Básico dos municípios. Os planos são financiados integralmente pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e tem o objetivo de estabelecer o planejamento para os serviços de saneamento nos municípios para um horizonte de 20 anos (2021-2040). As quatro cidades foram contempladas no Ato Convocatório 015/2019, junto com outros quatro municípios (Lagoa Grande - PE, e três cidades baianas – Abaré, Chorrochó e Macururé) que já tiveram seus planos concluídos e entregues. Devido ao não cumprimento por parte da empresa anterior vencedora da licitação, o contrato foi rescindido e agora, após seleção, nova empresa assume o trabalho que, segundo a coordenadora executiva Raissa Vitareli, será reiniciado. “Vamos executar todas as etapas previstas, considerando um novo contrato, de forma a construir, junto com a população, um plano que de fato atenda às necessidades reais do município e à legislação da Política Nacional do Saneamento”, informou. As visitas iniciais aconteceram entre os dias 12 e 14 de março e, de acordo com

a coordenadora executiva, a receptividade da população, que aguarda com ansiedade o PMSB, foi satisfatória. “Visitamos os gestores dos municípios e também os prestadores de serviço como, por exemplo, abastecimento de água e esgotamento sanitário. Esse primeiro contato teve como objetivo apresentar a empresa e as etapas previstas e, a partir de agora, será iniciado o processo de coleta de informações que acontecerá primeiramente com base em documentos e, posteriormente, através de visitas de campo”, informou acrescentando que a partir de agora o diálogo com as cidades será permanente. A empresa tem o prazo de 12 meses para conclusão do PMSB, sendo 10 meses para a execução dos serviços. O contrato tem o valor de R$428.940,00. Ao final, o produto a ser entregue aos municípios deve conter soluções a serem adotadas pelos gestores de curto a longo prazo. Atualmente, cerca de 38% das 5.570 cidades brasileiras têm o Plano de Saneamento Básico, documento que possibilitará aos prefeitos requerer junto aos governos Federal e Estaduais, recursos para investimentos em obras de infraestrutura. “Nossa expectativa é que possamos concluir o plano no menor prazo possível, e que a empresa consiga captar a real necessidade do município de acordo com a sua especificidade. Além disso, iremos formar uma comissão

de acompanhamento do processo. A gente acredita que o plano vai contribuir muito porque o principal motivador da propagação das baronesas são os esgotamentos sanitários das cidades ribeirinhas, desde a nascente até a foz do rio São Francisco e o plano vai possibilitar ao município buscar recursos junto a outros entes federados, para o saneamento do município”, afirmou o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Glória/BA, Gilvan José Alves Lisboa. O planejamento deve apresentar ainda o diagnóstico do saneamento básico nos municípios e estabelecer ações para o abastecimento de água em quantidade e qualidade; esgotamento sanitário; coleta, tratamento e disposição final adequada dos resíduos; e limpeza urbana e drenagem das águas pluviais. O plano atende a perspectiva dos próximos 20 anos, com revisão a cada 4 anos.

Representantes da Cobrape iniciam processo de elaboração dos PMSBs

Atualmente, apenas 38% dos municípios brasileiros possuem plano de saneamento básico

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Água e sabão são as principais armas contra o coronavírus Texto: Luiza Baggio

Cuidados com o coronavírus ao retornar para casa Alguns cuidados extras são importantes para evitar a contaminação e a transmissão do vírus, sobretudo ao retornar para casa, seja para quem trabalha ou para quem precisou fazer compras. Confira 10 dicas de cuidados essenciais ao retornar para casa: 1. Todas as atenções do mundo estão voltadas para a luta contra o novo coronavírus (Covid-19) e um cuidado de higiene é fundamental para evitar pegar a doença e propagar o vírus: lavar corretamente as mãos com água e sabão. Lavar as mãos é ato reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos principais instrumentos contra epidemias. Dados mostram que o hábito pode reduzir em até 40% a contaminação por vírus e bactérias que causam doenças como gripes, resfriados, conjuntivites e viroses. No entanto, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 40% da população mundial, ou 3 bilhões de pessoas, não tem lavatório com água e sabão em casa e quase três quartos das pessoas nos países menos desenvolvidos não têm instalações básicas para lavar as mãos em suas residências. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Confira as mensagens dos membros do CBHSF bit.ly/MensQuarentena ou escaneie o QR CODE ao lado.

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Velhas), Marcus Vinícius Polignano, é médico e professor da UFMG com mestrado em Epidemiologia e doutorado em Pediatria Social chama atenção para a importância de preservarmos as águas em quantidade e qualidade. “Vivemos um momento de crise na saúde mundial e a higiene das mãos com água e sabão tem se mostrado o principal combate contra o coronavírus. Mais uma vez, é importante conscientizar as pessoas sobre a importância de termos água em quantidade e qualidade na luta contra o vírus e para mantermos nossas vidas”. Desde 2012, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) tem investido os recursos da cobrança pelo uso da água em ações de melhoria da qualidade e do volume da água da bacia. Entre 2012 (ano em que teve início a cobrança pelo uso da água) e 2019 o CBHSF investiu mais de R$ 42 milhões com a contratação de 60 projetos hidroambientais. Outra importante ação que o Comitê desenvolve é a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) que são fundamentais para a saúde ambiental dos municípios brasileiros. Até o presente momento, o CBHSF já contratou a elaboração de 67 PMSB para municípios de sua bacia.

Tire as roupas e calçados no quintal (deixe sempre uma muda de roupa pronta ao sair); 2. Se precisar trazer as roupas para dentro, coloque-as em um saco plástico; 3. Se possível, lave as mãos na área externa da casa; 4. Se não puder lavar as mãos antes de entrar, evite tocar nas coisas antes de lavar as mãos; 5. Não cumprimente crianças, cônjuges ou outras pessoas que morem na casa antes de trocar de roupa e lavar as mãos; 6. Se possível, tome banho assim que chegar; 7. Desinfete celular, chaves e cartões bancários com álcool a 70%; 8. Mochilas e bolsas de uso diário devem ficar em uma caixa, na área externa da casa; 9. Limpe as embalagens que trouxe com solução de água sanitária (20 ml para cada 1 litro de água); 10. Lave alimentos com água e sabão e os deixe 10 minutos imersos em solução de água sanitária (20 ml para cada 1 litro de água).


Paralisação das indústrias e diminuição do número de veículos nas ruas fazem com que a qualidade do ar melhore na China

1 a 20 de janeiro de 2020

10 a 25 de fevereiro de 2020

Quarentena causa melhoria na qualidade do ar na China e Itália A pandemia de coronavírus tem causado efeitos inesperados no meio ambiente. A emissão de poluentes despencou conforme os países fecham fábricas, lojas e escolas e tiram meios de transporte das ruas. Em países paralisados pelo coronavírus, a população respira melhor graças à redução da poluição do ar, mesmo que ainda seja muito cedo para medir os efeitos a longo prazo. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, durante coletiva de imprensa virtual sobre a pandemia de COVID-19, afirmou que a redução das emissões de gases poluentes durante alguns meses não devem ser superestimadas. De acordo com ele, o novo coronavírus deve ser temporário, enquanto as alterações climáticas vão manter-se por décadas, requerendo uma ação constante. “Mas, ao gerenciar essa crise, também temos uma oportunidade única. Feita corretamente, podemos orientar a recuperação em direção a um caminho mais sustentável e inclusivo”, afirma. Na China, a liberação de dióxido de nitrogênio (NO2), um gás poluente, despencou 25% entre janeiro e fevereiro, quando mais de 40 milhões de pessoas cumpriam quarentena. A produção industrial foi pa-

ralisada em muitas regiões do país. No dia 04 de março, a NASA (Agência Espacial dos Estados Unidos) divulgou imagens de um satélite que flagrou como a presença de dióxido de nitrogênio, um gás poluente, praticamente desapareceu sobre a nação. A Itália também registrou mudanças em sua paisagem. As águas turvas dos canais de Veneza geralmente cheios de turistas em gondolas e outros barcos agora estão cristalinas. Segundo a Agência Reuters, é possível ver pequenos peixes prateados nadando no fundo dos canais. Em cidades como Milão, as emissões de NO2 também caíram, diminuindo cerca de 40% em semanas. O membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e especialista em Direito Ambiental, Marcelo Ribeiro, aponta que embora o coronavírus já tenha tirado muitas vidas, o período de isolamento social pode oferecer ao mundo lições sobre como se preparar e evitar os impactos mais destrutivos das mudanças climáticas no planeta. “Precisamos repensar o amanhã! Espera-se que todo o esforço feito para conter a propagação do vírus seja posteriormente revertido para que a humanidade repense a maneira como interage com a natureza. Afinal, somos todos habitantes da mesma casa comum, o planeta Terra”, afirma.

Imagens da NASA mostram a diminuição da poluição

Podcast Travessia 75: Entrevista com Anivaldo Miranda Confira o recado do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, sobre a importância do isolamento social para a diminuição do avanço do novo coronavírus (Covid-19) no território brasileiro. Miranda também fala sobre o atual cenário das atividades do Comitê.

Ouça o podcast com o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda: bit.ly/PodTrav75

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Associação Aroeira desenvolve ações sustentáveis na região da foz do rio São Francisco Texto: Deisy Nascimento / Fotos: cedidas pela Associação Aroeira

Projeto capacita mulheres e promove geração de renda

Fundada em 30 junho de 2011, a Associação Aroeira capacitou beneficiários em toda cadeia produtiva da pimenta-rosa. Atualmente, é presidida por Rita Paula dos

Projetos A Associação Aroeira está implementando projetos que capacitam e qualificam mulheres para o aproveitamento racional da rica biodiversidade encontrada na região da foz. O objetivo é geração de renda e preservação do meio ambiente. “Todos os projetos estão voltados para a inclusão social, a proteção do meio ambiente, a promoção do desenvolvimento sustentável, o fomento ao uso de tecnologias sociais e energias limpas e a geração de renda através do manejo sustentável dos recursos naturais na região da foz do rio São Francisco”, pontuou Jorge Izidro.

Santos Ferreira, que também é secretária da Câmara Técnica dos Povos Tradicionais, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Da parceria firmada com a Prefeitura Municipal de Piaçabuçu (AL), resultou a doação do terreno onde hoje se encontra a Unidade de Beneficiamento Artesanal (UBA) de pimenta-rosa e outros produtos agroflorestais. A Associação Aroeira recebeu também o apoio do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) que, por meio de educação ambiental, possibilitou o ordenamento do extrativismo sustentável da pimenta-rosa.

Cozinhar com Ecosustentabilidade

Ecocozinhar

Tem o intuito de expandir e aperfeiçoar a linha produtiva da Unidade de Beneficiamento Artesanal de pimenta rosa e outros produtos agroflorestais da Associação, através de capacitação de 50 mulheres, além da construção de uma eco cozinha para o beneficiamento artesanal de frutas e alimentos da região da foz, para produção de pães, doces, geleias, bolos e outros produtos que geram renda e são de alta qualidade para o mercado. O projeto é fruto de parceria entre o Governo do Estado de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), com recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep).

Complementa as ações de custeio do projeto Cozinhar com Ecosustentabilidade. É um modelo de inclusão socioprodutiva, que possibilitou a realização do intercâmbio entre Piaçabuçu e Maragogi, regiões turísticas do estado de Alagoas, para 50 mulheres beneficiadas. Projeto em processo de conclusão, resultante da parceria entre a Subsecretaria de Economia Solidária, Ministério da Cidadania e Governo Federal.

Mulheres: mães que alimentam

A pimenta-rosa é fruto da Aroeira, comum na região da foz do São Francisco

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Segundo Jorge Izidro dos Santos, assessor técnico da Associação Aroeira desde 2015, “estamos firmando novas parcerias e abrindo novos mercados em nível local, estadual, regional e nacional. É importante ressaltar que foi instituído um núcleo técnico para assessoramento, composto por profissionais da área de desenvolvimento sustentável, agroecologia, nutrição, química, engenharia ambiental, filosofia, cooperativismo, administração de empresas e movimento sociais, estimulando a construção de programas e projetos que levem o desenvolvimento sustentável aos seus associados e à comunidade”, explicou.

Promove o empoderamento feminino com geração de renda e produção de alimentos artesanais de qualidade que são doados a famílias de extrema vulnerabilidade social. O público alvo é de 216 mulheres agricultoras e agroextrativistas de forma direta e, indiretamente, 648 famílias. São 5.400 beneficiários do projeto, que é uma parceria entre a Cooperativa Agroindustrial dos Irrigantes do Projeto Bananeira (COOPAIBA), Cooperativa dos Pescadores do Estado de Alagoas (COOPESCA) e a Colônia de Pescadores Z19 de Piaçabuçu (AL).

Bosque Berçário das Águas Uma das grandes expectativas é o projeto Bosque Berçário das Águas, que será implementado pelo CBHSF, juntamente com a Agência Peixe Vivo (APV). O objetivo é promover a educação ambiental e reflorestamento da mata ciliar da foz do rio São Francisco (Piaçabuçu e Penedo), onde irá recuperar o ecossistema nativo. A área de atuação vai ser Alagoas, e Sergipe receberá o benefício com o complemento de todas as ações desenvolvidas pela Associação Aroeira. Para o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, o projeto será de grande importância para a região. “Este trabalho em parceria com a Agência Peixe Vivo trará a recuperação que a foz do rio São Francisco, em Piaçabuçu no estado de Alagoas, necessita. O Comitê pauta seus projetos na melhoria da qualidade das águas, de um reflorestamento responsável e com uma gestão participativa”, finalizou.


Coronavírus muda a agenda do Comitê Sem reuniões presenciais e com a suspensão de grande parte dos eventos, o CBHSF continua trabalhando em prol do Velho Chico Texto: Deisy Nascimento Em videoconferência realizada no dia 27 de março, a Diretoria Colegiada do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), representantes da Agência Peixe Vivo (APV) e da TantoExpresso, empresa que executa a comunicação do CBHSF, trataram dos rumos dos projetos, ações e eventos que estavam programados para este ano. Após a pandemia do Covid-19 (coronavírus), os membros viram a necessidade de mudanças na agenda de 2020 para resguardar todos que fazem parte do Comitê e da APV, bem como para evitar a propagação da doença. É importante destacar que desde o dia 16 de março o CBHSF vem tomando todas as providências em atendimento às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Por meio de Nota Oficial, o presidente do colegiado, Anivaldo Miranda, suspendeu todas as reuniões presenciais das diversas

instâncias do Comitê. “Quando tomei conhecimento de toda situação tive o cuidado de suspender as reuniões presenciais e logo fiz uma nota oficial explicando das mudanças iniciais. Todos os membros tomaram conhecimento da suspensão das atividades, mas ficamos de estudar junto à Agência Peixe Vivo as novas ações e decisões. Além disso, resolvemos em comum acordo suspender as movimentações para as eleições da nova diretoria do CBHSF. Possivelmente só em agosto é que as reuniões presenciais serão retomadas. Isso irá obviamente depender de como ficarão os próximos meses diante da pandemia que se aproxima do Brasil. Sendo assim, as atividades do Comitê deverão acontecer à distância, de forma remota. Nosso Comitê irá atender rigorosamente às diretrizes da Organização Mundial da Saúde”, disse.

NOVO CRONOGRAMA 20 de janeiro 01 de agosto 01 de setembro 02 a 16 de setembro 09 de outubro 16 de novembro 22 a 25 de novembro

Início das Inscrições On Line e da submissão dos trabalhos técnicos Término período de submissão de trabalhos técnico-científicos Divulgação de resultado preliminar de avaliação da Comissão Técnico Científica Prazo para adequação de trabalhos aceitos Divulgação do resultado final dos trabalhos aceitos Prazo de encerramento das inscrições online Realização do III SBHSF

Miranda acrescentou que é importante o isolamento social para achatar a curva da pandemia e, consequentemente, evitar que o sistema de saúde entre em colapso. “É importante pontuar que continuaremos as atividades, ou seja, continuaremos cuidando da gestão de recursos hídricos do rio São Francisco, junto com a Agência Peixe Vivo”. Segundo a gerente de integração da APV, Rúbia Mansur, a Agência Peixe Vivo está trabalhando no sentido da manutenção das atividades, observando sempre o cumprimento das orientações das autoridades de saúde. “Esta reunião foi de suma importância para ajustes das ações programadas do CBHSF em decorrência da pandemia do Covid-19”. Durante a reunião, decidiu-se pela suspensão de diversos eventos que estavam programados para ocorrer ainda neste primeiro semestre. O que ficou definido em relação a datas foi apenas a mudança do III Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Este, em específico, ficou para o período de 22 a 25 de novembro de 2020. Os demais eventos do Comitê ainda terão as novas datas informadas. A campanha “Eu viro Carranca para defender o Velho Chico” ficou mantida e o processo eleitoral para a gestão 2020-2024 está suspenso temporariamente até que as autoridades de saúde do país declarem o fim da quarentena com o abrandamento dos riscos do Covid-19, e o retorno à normalidade. Em relação aos projetos em andamento, a Agência Peixe Vivo irá avaliar todos os contratos. Alguns deverão ser suspensos e outros poderão seguir. Para o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, todo trabalho que estava programado ficou comprometido devido ao impacto causado pelo Covid-19. “Infelizmente teremos que interromper algumas ações neste momento em decorrência da pandemia. É necessária essa adaptação dos trabalhos para que possamos nos resguardar”, finalizou.

CIÊN FUTU CIA RO AMBI ENTE III SIMPÓSIO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

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Dois

Ivan Sérgio Carneiro

dedos de

prosa

O engenheiro civil Ivan Sérgio Carneiro é gerente de Planejamento Energético da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). No cargo desde fevereiro deste ano, Ivan trabalha na companhia mineira desde 2006, onde desenvolve atividades relacionadas à operação da rede hidrometeorológica, estudos hidrológicos de modelagens e previsão de vazão,

programação de geração, operação de reservatórios, controle de cheias e planos de ação de emergência. Nesta entrevista, ele fala sobre a situação dos reservatórios da Cemig para enfrentar o período de seca e descarta risco de falta de água na região da Bacia do São Francisco por conta da pandemia de coronavírus. Confira:

do armazenamento, que atingiu 99,79% no último dia 29 de março, o que tinha sido alcançado pela última vez há 11 anos atrás.

sentam os múltiplos usos, como o Projeto Jaíba e o Canoa de Tolda, entre outros.

E como está a situação em outros reservatórios da bacia do São Francisco? Outros importantes reservatórios da região também registram bons armazenamentos, como é o caso da pequena central hidrelétrica Cajuru, localizada no rio Pará, que acumula 74,4% de volume útil, e a UHE Queimado, no município de Unaí, no rio Preto, que registra 95% de acumulação.

Entrevista: Alessandro Mendes Como estão hoje os reservatórios da Cemig para enfrentar o período seco, que chega agora, sobretudo os da região da Bacia do São Francisco? Neste último período chuvoso no sudeste brasileiro choveu cerca de 20% a menos do que a média histórica. Na bacia do Rio São Francisco a chuva acumulada em 2019 e 2020 superou a média climatológica em 40% na parte baixa. No alto São Francisco, a precipitação ficou acima da média em 20%. Mas, nas demais áreas da bacia, a chuva não atingiu o esperado neste período, ficando 20% abaixo da média. Mesmo com as chuvas mais intensas no Alto São Francisco, as vazões afluentes à Três Marias, que são aquelas que chegam ao reservatório, fecharam o período chuvoso 20% abaixo da média histórica. Mas as vazões elevadas verificadas especialmente nos meses de janeiro a março deste ano contribuíram para a retomada significativa

Com a pandemia, há riscos de falta de água na região da Bacia do São Francisco, tanto para consumo quanto para irrigação? Independente da pandemia, considerando a condição de armazenamento satisfatória dos reservatórios da bacia e também a gestão integrada pelo uso múltiplo da água entre os usuários, pode-se afirmar que o risco é bem baixo. É importante lembrar que a ANA, a Agência Nacional de Águas, coordena um fórum integrado desde a crise hídrica de 2014, que possui a atribuição de deliberar pela melhor forma de utilização do recurso hídrico da bacia do rio São Francisco. Este comitê conta com a participação das secretarias dos estados banhados pelo rio, além do Ministério Público Federal, do Ministério de Minas e Energia, da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, do Operador Nacional do Sistema Elétrico, o ONS, da própria Cemig, da Chesf, Cemig, do CBHSF, além de diversos atores que repre-

travessia Notícias do São Francisco

Presidente: Anivaldo de Miranda Pinto Vice-presidente: José Maciel Nunes Oliveira Secretário: Lessandro Gabriel da Costa

Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br Atendimento aos usuários de recursos hídricos na Bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607

Comunicação

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Apoio Técnico

E em relação à geração de energia? É possível que haja redução na oferta por conta do coronavírus? Desde que as medidas de confinamento foram decretadas pelos governos federal e estadual, houve uma queda no consumo de energia pela desaceleração da atividade econômica, principalmente pela retração das atividades industrial e do comércio em geral. Essa redução da carga representa uma menor demanda por geração, o que acaba por favorecer o armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas. Durante a quarentena do coronavírus, a Cemig dará algum tipo de tratamento diferenciado para consumidores de baixa renda e outros públicos específicos, como os estabelecimentos comerciais que terão de fechar as portas provisoriamente? O governo de Minas Gerais assinou decretos com o objetivo de proteger os clientes mais vulneráveis, tanto residenciais quanto rurais, e também os hospitais públicos e filantrópicos, os prestadores de serviços classificados como essenciais e as empresas que sofreram a determinação, em âmbito estadual, de suspender suas atividades produtivas, visando contenção da proliferação do vírus, a exemplo de restaurantes e bares, casas de espetáculos, teatros e cinemas. A Cemig participou dos estudos que embasaram esses decretos.

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF – Tanto Expresso comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis Edição e Assessoria de Comunicão: Mariana Martins Textos: Alessandro Mendes, Deisy Nascimento, Juciana Cavalcante e Luiza Baggio Diagramação: Sérgio Freitas Fotos: Michelle Parron, Shutterstock, Associação Aroeira e Cobrape Impressão: ARW Gráfica e Editora Tiragem: 5.000 exemplares Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Realização


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