Café e Outras Palavras n. 5 - EDIÇÃO DE NATAL

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EDIÇÃO DE NATAL

Café&OutrasPalavras uma revista pra falar de café e literatura ano I | edição 5 dezembro 2018

dezembro2018

café universo

Os tipos de café que tomamos por aí

É NATAL

As crônicas de nossos autores sobre essa época do ano

Amante Passional Nossa HQ minimalista


www.wiplay.com.br



TOMARAM CAFÉ CONOSCO NESTA EDIÇÃO: Rose Tayra (Nenê) Roberto Prado Alexandre Costa Alice Bispo Roberto Feliciano Silvio Castro Samir Dib Mereb

capa e projeto gráfico Alexandre Costa diretor de conteúdo Roberto Prado


OS AUTORES 10/11 alexandre costa | o bar 18/19 roberto feliciano | sobre o desapego 22/23 silvio castro | o infante 24/25 roberto prado | a velha e a obra 30/31 samir dib | linguíças da vida 34/35 alice bispo | o começo 38/39 rose tayra | tratado sobre a beleza

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AVISO IMPORTANTE: nenhuma árvore foi cortada para a edição deste número


café

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livros&sites dicas de livros, sites, blogs, programas e tudo mais

LIVRO

Histórias extraordinárias, de Edgar Allan Poe Aqui estão diversos contos do lendário autor Edgar Allan Poe, que imaginou algumas das mais conhecidas histórias de terror e suspense da literatura. É o caso de O gato preto, uma história de assassinato, ou de O poço e o pêndulo, que apresenta uma visão macabra da ansiedade da morte. Poe é conhecido por dar a seus personagens uma grande profundidade psicológica, fazendo o leitor imergir mais fundo em cada um de seus contos.fonte: blog.estantevirtual.com.br/2017/09/28 /10-livros-para-despertar-o-prazerda-leitura/

SITE O MELHOR DO CAFÉ http://www.mexidodeideias.com.br


alexandre costa Designer Gráfico, formado em Comunicação e Tecnologia. Contista e racionalista convicto. Fã incondicional de Clarice e Rubião

O BAR "Tigres não emitem opiniões". Um copo de leite para o tigre na mesa seis. Saindo um copo de leite para o tigre na mesa seis. Por que você tem sempre que repetir na íntegra todas as coisas que eu te peço no balcão? Foram as cabeças na parede chefe, não fui eu. Essas cabeças, elas me tiram do sério, se pudesse não as teria aqui. Pior são as das mesas chefe, elas ficam xingando todos que passam no corredor. Eu já pedi pra você colocar um cordão de isolamento lá, não quero misturar nossa freguesia com essas...essas coisas! Tó o copo de leite chefe. Manda o Zé entregar, eu não tô a fim de papo com aquele tigre, fala demais, só para com um tiro. Ô Zé...Zé...vem aqui, leva esse copo de leite para o tigre na mesa seis. Ok, mas uma daquelas cabeças na mesa pediu a conta. Qual mesa? A dezessete. Tá, eu já vou levar lá. ... Chefe, a cabeça na mesa dezessete mandou avisar que a carne de onça que o senhor mandou tava sem sal. E quem ele pensa que é, um chef? Se tá achando ruim vai comer no bar do 'sem braço', quero ver ele ser atendido lá, kkkkkkkkkkkkk. Manda o Veloso colocar mais sal da próxima vez. Que foi Zé? Chefe, uma das cabeças que fica na entrada do bar quer falar com o senhor. Humf! Tá, avisa ela que eu vou lá assim que eu terminar aqui. ... Fala cabeça, o que você quer? Eu to cheio de ficar aqui nessa parede, chove muito e me molha toda, e tem o vento e a poeira da rua, olha pra minha cara, como você quer que as pessoas entrem aqui me vendo desse jeito? Tá, depois resolvo isso. Depois? Você sabe que se a fiscalização me ver assim, você tá ferrado. Eu tenho dois tigres, você acha que a fiscalização vai entrar aqui quando ver eles? Já disse, depois resolvo seu problema.


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... Zé, traz o pano aqui, essa cabeça filha da puta da mesa onze vomitou de novo. ... As cabeças das mesas eram as piores cabeças que se podiam tem em bar, elas não tinham educação nem noção de nada, davam muitos problemas pra seus proprietários, xingavam os clientes e, vez ou outra vomitavam nas mesas ou cuspiam nas pessoas que passavam pelo corredor, mas era uma obrigação contratual para quem quisesse ter um bar. Para o equilíbrio de tudo era normal que todos tivessem além de sucesso, um pouco de problemas também. Simplesmente era assim que as coisas funcionavam desde que o novo prefeito foi eleito na cidade e assinou um contrato com uma fundação de proteção aos animais e cabeças sem corpos. As cabeças de paredes tinham um comportamento bem diferente e muita das vezes até ajudavam chamando os passantes para entrar e tomar um copo de leite. As cabeças de parede davam informações importantes e alertavam o donos sobre algo perigoso ou estranho acontecendo dentro ou fora do estabelecimento. Por conta disso, os proprietários sempre tinham de três a quatro cabeças de parede em seu comércio. Leite se não era a única bebida que o bar preferia ter por causa dos tigres que eram muitos, era a mais importante. E o dono que quisesse ter sucesso com esse tipo de estabelecimento preferiria lógico, ter a maior quantidade de leite possível no estoque. O leite vinha de uma fazenda de gazelas, que era o único tipo de animal que se podia comer, além da onça é claro. Os tigres eram essenciais para o negócio, eram grandes, bonitos, brilhantes, tinham um ar de soberano e, alguns até usavam um colar de prata no pescoço indicando para quem entrasse ali que aquele estabelecimento era chique e importante. Quanto mais tigres você tivesse em seu estabelecimento, maior a ideia das pessoas de que você era um comerciante bem estruturado e de sucesso. Além disso, os tigres tinham uma habilidade extraordinária de falar sempre o que as pessoas queriam ouvir, e eles falavam muito. Eram perfeitos para os deprimidos, suicidas, os que passavam por algum problema familiar ou profissional e, tinham prazer em ouvir também. Ouviam, ouviam e ouviam por horas e horas e não importava o assunto, nem a gravidade deles, os tigres não emitiam opiniões.


caféuniverso TUDO SOBRE A BEBIDA MAIS CONSUMIDA NO MUNDO

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OS TIPOS DE CAFÉ QUE TOMAMOR POR AÍ

Café com leite

Trata-se do café filtrado com leite aquecido ou fervido. Também pode apresentar-se como café expresso com leite vaporizado e uma fina camada de espuma de leite.

Mocha

Drink que conta com uma calda de chocolate, leite vaporizado, espuma de leite e uma dose de expresso. A mistura pode ser tri-fásica ou uma mistura de café com a calda de chocolate com a crema do leite por cima. Pode também ser conhecido pelo nome de Mocaccino, termo utilizado e criado por uma rede de cafeterias internacional.

Cappuccino

O verdadeiro cappuccino apresenta 1/3 de expresso, 1/3 de leite vaporizado, 1/3 de espuma de leite na xícara de 150 a 180 ml. A espuma do cappuccino deve ser densa e cremosa, com temperatura de no máximo 60º para se tomar em goles. No Brasil, há o hábito de acrescentar canela ou chocolate.

Pingado

Um copo de leite quente que recebe uma pequena quantidade de café, ou seja, somente um pingo de café. Bebida bastante popular em botecos e padarias do Brasil e é, geralmente, servido no copo americano.

Média

Tradicional nas padarias brasileiras, é conhecida lá fora como Latte ou Café Latte. Café expresso com leite vaporizado e uma fina camada de espuma. Sua textura deve ser um pouco menos cremosa que o cappuccino.

Café Cortado

É como chamam a Média (Café Latte ou Latte) no Rio Grande do Sul.

Macchiato

Geralmente é servido na xícara de expresso e consiste em um expresso “manchado” com a crema do leite. No Brasil, é conhecido também como “café com espuminha”. Muitos preferem tomar essa bebida, pois a crema do leite quebra um pouco o sabor intenso do expresso.

Café com Panna

Muito comum na Itália, este café conta com a Panna (creme de leite fresco batido ou feito na coqueteleira). Considerando que alguns estados brasileiros não permitem a comercialização de leite fresco, apenas pasteurizado, muitas cafeterias substituem a Panna por chantilly.

Café com Chantilly

Muito comum em todo o Brasil, compreende em uma dose de expresso coberto com chantilly.

Café Breve

Muito comum nos Estados Unidos, trata-se de uma dose de expresso com creme half–and–half (composto de metade leite, metade creme de leite). Infelizmente, este café não é comercializado no Brasil, pois este tipo especial de creme não é comercializado. FONTE: http://www.mexidodeideias.com.br/barist a-e-sommelier/tipos-de-cafe-2-dopingado-ao-macchiato/


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roberto prado Encrenqueiro, formado em Comunicação e Tecnologia. Perpetrador de quatro livros. Atualmente dedica-se ao haicai, mais por preguiça que por talento. Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni- ALTO.

Crônicas de Natal

A INDEFECTÍVEL CRÔNICA DE NATAL Logo-logo ele estará ai, chegará com discrição sorrateira, e quando menos esperarmos, ai-ai-ai, é Natal (por favor, que isso não o remeta, caro leitor, àquela música da Simone que tantos anos assombraram as lojas de departamento)... Os magazines com árvores multicores de gosto duvidosos, enfeites brancos, verdes e vermelhos, luzinhas de leds, músicas nos levam a considerar o suicídio ou genocídio, sininhos irritantes tilintando em cada casa de comércio do centro da cidade, velhos barbados fantasiados com aquelas berrantes roupas vermelhas. Isso me leva a lembrar do velho tovarishch Comandante Castro (sempre citado por esse escriba!) que agora anda barbudíssimo e que, diga-se de passagem, recusou-se a permitir uma foto sua, nos trajes encarnados do velho Noel para ilustrar uma crônica em meu blog, esse eterno ingrato! Diz-me que aquela barba é uma homenagem sua ao velho Karl Marx, e não aquele ícone do imperialismo norte-americano decadente... Natal + Dialética, essa é a história da minha vida... Ao fim e ao cabo, sempre me arrependo de tentar me comunicar com as pessoas. O que fiz para merecer isso? Divago, divago demais ultimamente... Já ando a pesquisar o preço do bacalhau, das frutas secas, fazer as listinhas de cartões de natal – que nunca envio essa coisa tão démodée!

– e já começo a sentir as dores dos aborrecimentos, a pressão das expectativas, a certeza das decepções. Todos os natais são iguais para mim, iguais e piores ano a ano. Esse ano será mais triste e incompleto que os últimos 57 anos, pois houve uma perda irreparável no meu, já tão restrito, círculo de amigos. A única atenuante dessa data, durante anos a fio, se foi. Não terei suas mensagens nas primeiras horas do dia 25 de dezembro. Assim como não a terei no dia primeiro de janeiro... Não haverá o almoço com os “restos de ontem”, a velha cambada reunida à volta da mesa. Não terei a opção de ir à sua casa, no réveillon, brigar pelas lichias com a sua irmã, de levar minhas famosas rabanadas, meu sempiterno arrozde-natal, nada do brinde, nada das velhas amizades. Não tive coragem de fazer-lhe um brinde no último natal, por estar anestesiado pela sua perda. Espero estar de bem comigo para fazer-lhe essa homenagem esse ano, na hora que começar o foguetório que ela tanto gostava... Mas se não o fizer, ela compreenderá, ela sempre compreendeu a minha antipatia por essa data. Por isso deixo aqui, desde já, impresso e adiantado meu brinde a você: -Feliz Natal Ana Maria!


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alice bispo Escreve sem motivos e com muitos motivos. Na forma mais clara: escrevo o que vejo e o que sinto. E, como por ironia, me transformo em minhas próprias palavras.

Crônicas de Natal

NATAL Não tem presentes. As pessoas não são da família exatamente. Cada um emprestado de algum canto da vida e, além disso, são feios. Somos todos muito feios, mas a gente não sabe disso. Lá em casa ainda não teve natal. Isso é constante, até porque a gente muda bastante, seja pelo aluguel que começou a ficar mais caro ou pela minha mãe. Ela enjoa muito rapidamente de um lugar e culpa o próprio lugar. Mas se é pra falar de natal, então: Eu nunca entendi essa adoração toda por um simples dia, na verdade nunca entendi pra que tanta comida, tanta cerveja, refrigerante, uva passa... o natal é o natal. Ele existe desde que me conheço, ele é caro, desde que me conheço e completamente desanimado, desde que me conheço. Do tanto que mudei de casa, acabei fixando a ideia de um natal sem tradições, sem raízes e sem laços. Não convivo por muito tempo com as mesmas pessoas. No do ano passado, por exemplo, passei o natal na casa da sogra da minha irmã. Minha mãe tinha se divorciado e a gente ficou sem casa. Ela não tinha dinheiro, emprego, estabilidade emocional e, ainda por cima, precisava me carregar, como um canguru. A sorte é que ela é mãe e mãe sempre ama o filho de uma

maneira insana. No natal do ano passado eu não me arrumei muito. Eu não gosto dessas obrigações de parecer alguma coisa que eu não sou. Calcei meus chinelos, botei creme no cabelo, minha camiseta de série e fui para o sofá. Como todo mundo da casa. Não bebi cerveja, nem vodca (não sei qual é essa dos pais de te oferecerem bebida alcoólica logo após os quinze anos, como um prêmio, enfim)... Fiquei sentada. Comi. Comi. Comi. Como um porco, comi. E deu meia noite. Os abraços. As desejâncias eternas. Os olhos das mães molhados. Mas elas estão bêbadas, então são olhos de bêbado. Os pais, não o meu, abraçando os filhos pequenos, os filhos abraçando a barriga do pai – que está bêbado. A festa continuará com as sobras de carne no dia seguinte. Mais churrasco. Mais cerveja. Mais dívida. Mais nada. Porque depois disso todo mundo se esquece dos desejos e felicitações e abraços. E isso dura até dia 31. Que é minha data favorita do ano. Depois? Depois, nada. Continua a mesma apatia, as mesmas bebidas, o mesmo churrasco, mas os motivos são outros e, como tal, sem o menor sentido.


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rose tayra - nenê Natural de Santos. Atualmente morando no interior. Tem como "ideia fixa" destilar das cenas do cotidiano a sua mais nobre essência, tendo como posto o balcão, seu aliado, onde recebe a outorga de ouvir confissões sem ser ordenada e fazendo análises sem ser diplomada. Formada em Arte e Educação.

AS MENSAGEIRAS DO NATAL

Crônicas de Natal

crônicas do cotidiano Já é início de dezembro e os enfeites encaixotados... Particularmente, para enfeitar a loja, preciso estar imbuída com um pouco sequer, do sentimento que envolve o Natal... Nesse começo de tarde, duas moças, provavelmente em seu horário de descanso sentaram para tomar um suco. Chamou-me a atenção o uniforme: uma camiseta preta, com mensagens de fim de ano, escritas com letras douradas. E este foi o fio que desenrolou toda conversa. Mostravam-se orgulhosas de fazer parte de uma empresa, na qual tinha em sua propaganda, a proposta de resgatar um pouco do espírito de Natal . Uma delas disse convictamente: -Eles fazem uma propaganda que toca o coração da gente!!! E a conversa se desenrolava... A outra moça parecia-me bem mais simples; e por trás de sua maquiagem um pouco mais carregada, pude perceber a emoção em seus olhos. Disse que a imagem da

propaganda lhe trazia lembranças do Natal de antigamente (embora fosse ainda uma jovem),lembrava da reunião de sua família e até ficara com certo constrangimento ao falar que era a ocasião em que se tomava refrigerante em sua casa. Emergida em suas lembranças, contou-nos de um Natal em especial... Em sua vila foram distribuídas bolas, e justamente quando chegou a vez de seu vizinho ganhar ,havia acabado; ela e sua irmã foram as últimas a receber. Elas decidiram então que dividiriam o presente; e foram levar a bola para o seu vizinho. -Imaginem a alegria dele quando recebeu, disse ela. Já não conseguia conter as lágrimas que enchiam seus olhos e que para ela, foi inesquecível aquele Natal!! Hoje os enfeites serão desencaixotados!!




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roberto feliciano Livreiro, formado em jornalismo e escreve no site 'estante caótica'. Não sabemos se ele aborrece com cores de capas de livros.

SOBRE O DESAPEGO Encaro a caixa aberta, ainda vazia. Decidi que ela só vai sair de onde está, do lado da minha mesa, quando estiver cheia. Carregada de coisas das quais quero (está mais para preciso) me desfazer. Desde quando eu me lembro, sempre fui acumulador. Na infância, juntava santinhos de políticos durante as eleições. Dois dias depois do pleito, minha mãe jogava tudo fora. E sempre odiei me livrar dos brinquedos quebrados tinha um cesto cheio deles. Veio a adolescência e, com ela, os gibis, fitas K-7, CDs e revistas que eu nem poderia comprar com a idade que tinha. Aí a MTV chegou na minha cidade e passei a colecionar pilhas e mais pilhas de fitas VHS com clipes, shows e até filmes gravados (em EP, lógico, para render 6 horas). Também tenho memorabília dos tempos de faculdade, quando a versão que tínhamos do WhatsApp era a última folha do caderno, que ia e voltava da mesa da colega sentada ao lado. Guardo também todas as cartas, bilhetes e cartões de exnamoradas. Um dos mais antigos, para o qual olho agora, diz: “Feliz dia dos namorados para a pessoa mais carinhosa que o mundo já conheceu” Aí você abre e lê: “Ei… Espere um pouco! Como o mundo sabe que você é uma pessoa carinhosa?” Isso já tem mais de 20 anos. Enfim, eu acho que isso dá o tom do quão grave é meu quadro. Isso e as dezenas de edições da Rolling Stone que eu comprei mês a mês até o ano passado, mesmo tendo parado de ler a revista em 2011. Mas como eu ia dizendo… a caixa! Ela está aqui para que eu comece. Olho para o porta CDs. Será que preciso mesmo daquela coletânea de revista do B.B King ou daquele do Nando Reis que


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achei chato pra cacete? Meu Deus, eu comprei o disco do Cogumelo Plutão! Pode ser por aí a “escada da minha subida” rumo ao céu do destralhe. Desvio o olhar rapidamente e vejo a caixa com jornais velhos. A morte de George Harrison, a primeira matéria da Folha sobre os Strokes, as mortes de Joey, Johnny e Dee Dee Ramone. Nossa, espreme que sai sangue. Posso começar a me livrar dessas memórias tristes. Próximo item desse leilão solitário: as graphic novels (ei, o que aquela garrafa de vinho está fazendo ali?). Allan Moore, Eisner, Crumb, Mutarelli. Não. Aqui doeria demais. “Leave my gibis alone”. Chego aos livros e começo a tremer só de pensar. Mas é aí que me lembro de um trunfo: há menos de seis meses, na última arrumação da estante, me livrei de 40 livros. QUARENTA! 10% do que tinha foi-se embora. Não, não está na hora de mexer nessa ferida novamente (mesmo sabendo que 30 deles ainda estão aqui, em uma caixa, esperando que eu decida para onde vão agora). Mas o desapego é importante. Está lá, na minha lista imaginária de coisas que quero (está mais para preciso) fazer em 2017. Muitas revistas também já foram e tantas outras estão na mira. Juro que algumas delas até me olham com tristeza. Lady Gaga, na edição de julho de 2011 da RS, está particularmente triste. Deve estar pensando: “eu seria a próxima”. Talvez eu comece pela caixa das recordações. A lata do refrigerante chileno de papaya, as dezenas de credenciais de congressos estudantis, um colar havaiano do qual não consigo puxar recordação nenhuma (o que talvez seja bom). Olha, meu RG antigo. Ah, essa versão magra de mim! Desisto. Por ora, acho que vou desapegar mesmo é desse texto. Deixar para lá, “let it go” e afins… Eu sou mesmo a pessoa mais acumuladora que o mundo já conheceu. Ei… Espere um pouco! Como o mundo sabe que eu sou uma pessoa acumuladora? Puts… e ainda me esqueci dos DVDs!


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1.

Mas e se fosse azul?

2.

Tem, mas acabou. Você desce ou faz gol contra?

3.

Tenho um amigo que engaiola nuvens... E você? Abre

com cuidado um presente ou vai dar milho aos pombos? 4.

Eu sei que não sei de nada. Mas noites quentes com

grilos é...? 5. Eu sei onde você estava ontem. Qual a cor do picolé? 6. Você seria capaz? 7. Se sim, você seria capaz, onde guardou as meias? 8. O parafuso é um órgão delicado do sistema linfático do cuco digital de parede. Se você concorda diga sim, se discorda diga não, mas não diga nem sim nem não. Então qual você prefere para o jantar? 9. Como você chegou até aqui?

responda em: cafeeoutraspalavras@gmail.com



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silvio castro Bacharel em administração, funcionário público e palmeirense.

O INFANTE "POR MARES DANTES NAVEGADOS" O centro do Mundo no início da Globalização se dava entre Sumatra, passando pelo Mar da China, e Zanzibar, nas costas da hoje Tanzânia. Veleiros chineses com financiamento estatal dos mandarins comandavam o negócio dependente da navegação com vento de popa, dividido no ano na região praticamente metade na direção oeste, metade na direção leste. Povos se miscigenavam pela necessidade dos navegadores esperarem a mudança em algum porto. Europeus conseguiam atravessar o Mediterrâneo ou navegar no verão pelo Don e Volga até chegar no que chamavam Índias por terra durante um breve período de vinte anos enquanto Gêngis Khan governou terras ao norte chinês devido um estável controle de fronteiras por guaritas que impediam o ataque de salteadores. Morto Gêngis Khan, os banqueiros florentinos deixaram de financiar comandantes de Gênova e Veneza nesta longa viagem, bem como os escandinavos também não mais se arriscavam pelos rios russos. Eis que aparece num remoto vilarejo português, Tomar, um príncipe, irmão do rei local, com investimento do Erário, para, secretamente, tentar viabilizar um modo de propulsão que libertasse os comandantes da navegação de cabotagem, possibilitando-os atingir o alto-mar e confirmar suspeitas já por eles levantadas quando se afastavam da costa de que a terra não era plana como contava a Igreja e chegar nas Índias rumando à Oeste. Reuniu engenheiros e navegadores de diversas partes da Europa, templários, cristãos porém questionadores dos dogmas papais. Após algum tempo eles conseguiram alcançar o objetivo proposto, navegar com vento de proa. A invenção que isto lhes permitiu foi a bujarrona, a vela triangular de proa, que permitia a passagem do vento neste sentido e, ao bater nas velas quadradas retornasse e impulsionasse o veleiro à frente pela bujarrona. Para tal a navegação teria de ser ligeiramente elíptica, a bujarrona pende para um dos lados para fazer navegar o veleiro. Todo mundo lembra do Infante D. Henrique, mas poucos sabem o motivo.

DEPOIS DE NAVEGAR, UM CAFÉ



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roberto prado Encrenqueiro, formado em Comunicação e Tecnologia. Perpetrador de quatro livros. Atualmente dedica-se ao haicai, mais por preguiça que por talento. Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni- ALTO.

A VELHA E A OBRA Safada. Safada mesmo. Dona Elvira é safada em último grau, irremediavelmente safada, safada de fazer estivador ficar corado, com as besteiras que faz e diz. Cabelo branco pintado de azul, colar de pérolas falsas, boca e unhas constantemente pintadas de vermelho, quadril enorme de matrona sobre duas pernas cambaia. Na cara sobre os olhos míopes uns óculos enormes com armação dos anos sessenta, lembrança última de seus anos dourados... Todos imaginaram que melhoraria com a menopausa, mas piorou, todos dizem, quase em uníssono: - Um caso para a ciência resolver. Agora ela não pode ver os pedreiros da obra em frente. Toda hora leva um copinho d'água gelada, embora, a princípio, lhe tivessem sugerido levar logo a água numa jarra: - Dá menos trabalho dona Elvira! Ela até pensou em explicar que levando de copo em copo iria lá mais vezes, mas resolveu não falar nada. E lá vai ela para a rua, mas antes de sair passa um pente nos cabelos crespos e batom vermelho nos lábios murchos. Ao meio-dia, hora do almoço, leva sanduíches, mas antes saca da bolsa o espelhinho redondo e o batom vermelho que espalha pela cara como se quisesse ser vista da lua. A velha anda quilômetros por dia, indo e vindo da construção, a família entre preocupada e pilheriando, se pergunta onde ela arranja tanta energia nessa idade. - E com aquele esporão no pé direito... - comenta uma vizinha. Sessenta e oito anos num cio de cachorra no verão. Vaidosa, agora toma banho e troca de roupa três, quatro vezes por dia. Mas a mancha do batom parece que não sai mais da cara. Os netos riem à suas costas, o genro pergunta para a mulher


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por que ela não herdou aquele fogo todo, a filha morre de vergonha e faz de tudo para mantê-la em casa. Telefonou para as irmãs, mas não aceitou o conselho de mandá-la para um asilo, sob ameaça de: - Ser visitada só no Natal e assim mesmo se a data cair num domingo com sol! Sem resultado. Os peões que a princípio achavam engraçado, agora fogem dela com medo que um infarto fulminante a mate na obra. Enquanto uns fazem massa e outros assentam tijolos, um sempre fica de vigia para ver quando a velha aparece. Um assovio e todos se escondem no almoxarifado. Dá pena ver a velhinha com a bandeja na mão olhando para a obra vazia, mas ante a possibilidade de ter que explicar para a polícia e a família como ela foi morrer lá, é melhor atrasar um pouco mais a obra. - Velha assanhada... - Vixe!!!!!

roberto prado

E os peões voltam a trabalhar, dobrado agora, para compensar o tempo perdido por causa dela...


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Amante Passional por: alexandre costa


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grãos de poesia

ANTES DO NATAL

flanelinhas de gorro vermelho cercam os carros a canícula derretendo o cérebro (deliro sob esse sol) os pedintes pedindo e pedindo e pedindo e pedindo e eu no meu horário de almoço procuro por paz o pastor na praça que a todos ameaça com o megafone na mão insistindo no fim do mundo não há como correr sagrado trotar como fugir o ar a salgar as ruas lotadas o vapor de teu suor o sinal fechado imola a carne, tua filha, os passantes empacotados oh venus as crianças chorando e querendo (sempre mais) alguma coisa marcelo lemos o calor o trânsito “os tudo” a nos aborrecer o café cheio de turistas (esses navios...) e eu sem minha mesa o horário de almoço que corre tão rápido na folhinha sabiás e bem-te-vis os dias que passam em louca alegria (tão rápido) e enchem a lixeira após a chuva matinal os dias que se acabam o ano que se finda gatos no cio os anos que passam galos madrugadores (por mim e me deixam tonto) - já acordei! vertigem! tudo segue igual roberto prado sempre igual e enquanto elucubro essas bobagens (devaneio para fugir dessa realidade à minha volta) um cretino quase bate minha carteira ser sensível? bah! se ao menos a chuva caísse logo... tenho que voltar ao trabalho e não tomei meu café. mundo cão!

OH! VÊNUS

SABIÁS E BEM

roberto prado

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samir dib Formado em Letras. Gosta de escrever, fotografar, cozinhar.... Sendo sempre intenso e atento às novas fusões de sabores da vida. E o não tão menos importante: curte demais a série STARS WARS!! “Salvo pela Graça” Ef 2.5

LINGUÍÇAS DA VIDA Noite passada, sonhei com algo um bocado preocupante. Deixaria Cesar Baruk orgulhoso pelo tom, e Lovecraft fascinado pelo “mood”, mas meu “Ide” não estava preparado para essa experiência pitoresca. No devaneio, eu estava feliz com a última remessa de linguiça feita com caça e parmetiano (receita emprestada de meu pai ainda no mesmo sonho, que, na ocasião, cheirava a fumo, graxa e codorna... o aroma ajudou a compor a iguaria). Também estava um pouco incomodado com o tempo fechado, seco e sufocante; olha aí o mestre H.P. ficando orgulhoso e me devolvendo a carteirinha do clube “Allan Poe”, que eu, por GRAÇA, perdi... Subi rapidamente, e a pé, as poucas quadras que separavam minha casa da padaria, levando, com dificuldade, os quase 500g (?!) de linguiça fresca. O ar parecia ter desistido de habitar em meus pulmões afinal... O Doutor Dukan se riria de mim em seu sepulcro nefasto (mas ele morreu afinal?). Por fim, cheguei. Era uma visão que se esperaria piegas: um oásis no vale de Edom, ou algo assim, após toda aquela caminhada, mas não foi bem assim... A padaria estava fechada! Antes que eu me irasse, uns 50 cm de oxigênio sistematicamente conseguiram adentrar meu cérebro e eu percebi o óbvio: a padaria NÃO fecha durante o dia. Algo errado aqui. Muito errado. Me aproximei devagar, atravessei da praça espectral, enevoada com fumaça tóxica dos moleques que comemoravam a derrota do Brasil na Copa, até a padaria. O trajeto todo foi mais lento que todo o


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resto, principalmente quando avistei um cartaz rebuscado preso na porta de vidro. Finalmente, cheguei. Deixei a linguiça cair no chão (acho que nem percebi meus dedos se abrindo) e chorei amargamente porque não queria nomear praças, não queira fazer ou assistir à vídeos com fotos antigas, não queria cozinhar, nem beber em homenagem póstuma. Não. Queria entregar linguiças em vida. Graças a Deus, acordei e dei um pulo da cama! (Agora sim, Dukan! Obrigado pela agilidade recuperada.) De manhã, fui à padaria e peguei alguns ingredientes para a linguiça só para ver que o maldito do portuga não estava bem mesmo, mas eu faria linguiça aquele dia. Ah, se faria! E fiz. Quase quebrei minhas costas naquele dia lindo e quente. Liguei para o portuga (porque eu não iria perder meu fôlego de novo só para dar o gostinho para o bom doutor outra vez) e ele veio buscar a linguiça.

samir dib

PS: em VIDA (João 10:10)


Nossos colaboradores agradecem cada minuto precioso do seu tempo, ganho, em ler nossa revista!



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alice bispo Escreve sem motivos e com muitos motivos. Na forma mais clara: escrevo o que vejo e o que sinto. E, como por ironia, me transformo em minhas próprias palavras.

O COMEÇO Eu não preciso sair daqui. É um bom ambiente. Eu tenho minha mesa, tenho uma máquina de café disponível a qualquer momento. Tenho uma cadeira macia. Uma carga horária infame. Tenho meus amigos. Amigos? É demais, eu sei. Mas tenho colegas. Com suas vidas entediantes, repetidas, copiadas, sem senso de humor... A gente era a turma da frente na escola. Eu não sinto a menor falta da escola. Enfim. Eu ganho bem. Muito bem. E eu deveria me sentir alguma coisa. Não, não é isso. Eu me sinto alguma coisa. Mas eu não sinto alguma coisa. Eu pareço um grande personagem em minha própria vida. Eu segui o roteiro, eu falei minhas falas, obedeci às ordens e agora: sucesso. O brando suor do sucesso. Mas eu não suei. Eu não tenho dores nas articulações porque eu tomo remédios para os ossos. Tenho uma idade mediana se você quiser saber dessa forma. Não sou velho e nem novo. Mas eu estou tão cansado. Como me senti em toda a vida. Sozinho e cansado. Remoendo as mesmas infantilidades, consumindo o inconsumível, pondo nós nos dedos, admitindo as vaidades. Que idiotice. Que merda. É, merda. Vida de merda. Roupa de merda. Conversa de merda. Máquina de café de merda. Eu nunca gostei de café. Chefe de merda. Você se acha realmente interessante, não é? Você é um escroto. A droga do comprimido enorme passando na minha garganta a custo, enquanto me espremo para engolir e digerir essa merda. Você é essa merda. Você me reflete. Você me denuncia para mim mesmo. Eu não gosto de falar que as coisas são predestinadas. A minha vida é uma merda por minha culpa. Eu não quero mesquinhar à divindade um posto de escrivã com Parkinson. Eu não quero. Mas foi a primeira vez que eu falei merda na minha vida. E foi pra mim mesmo. Intimamente. Eu cansei. Depois de tanto tempo, depois de todas as falsas tentativas de sobrevivência, depois de tudo perdido, negado, submerso, eu vi. Que droga! Eu vi o absurdo.


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alice bispo

sobre a glória Semana que vem eu sairei de férias. Mas sem volta. As mais longas da minha vida. É quase uma morte. Um longo sono. Eu me criei foi para ser alguma coisa. E essa alguma coisa ser uma resposta expansiva de mim mesmo. Um reflexo. Se o reflexo for a beleza externa, eu admiro. Porque é o que eu sou. Líquido, inválido, amargo e social. Uma criatura social. A classe superior. Submersa. A gente não vive na realidade porque a nossa realidade é criada. Cada qual cria a sua. Conhecemos uns aos outros dessa forma. A gente analisa as realidades, damos pontos e broches, algumas medalhas, e quando de súbito a verdade se realça, a gente ignora. A verdade é a tristeza. Eu não quero ser triste e, mesmo que para a felicidade se atinja a submersão e a alucinação, eu prefiro. Não existe diplomacia mais linda que a falta de diplomacia. Eu amo a minha felicidade, mesmo que seja embasada na tristeza alheia. Eu não sei deles. Não vivo com eles, não como com eles e, mesmo se fizesse uma dessas coisas abomináveis, ainda seria eu mesmo. Maior. É o que eu sou. Superior. A civilidade. Compre. Compre. Consuma. O ciclo da felicidade. Está triste? Não existe tristeza quando você não exprime sentimentos. Quando você é honesto os sentimentos voltam, te usam e o fim é o nada. Alguns dias bons. Outros melhores. E a rotina sempre a mesma. Eu não me vejo muito distante de você. Eu não faço peculiaridades. Eu ajudo as criancinhas com leucemia. O olhar das criancinhas que sentem o ar saindo das narinas, escapando dos pulmões e chegando ao lixo. Ao lixo de uma existência desperdiçada. E o sorriso cínico. O meu. Enquanto elas morrem sendo assistidas pelos parentes que as odeiam, odeiam a perda, a dor, a lembrança, a memória fresca que apodrece depois de anos. Mas a dor é a mesma. O buraco que você cava diariamente tentando lidar com a saída. A porta de saída mais extensa e íngreme. A morte. Então a minha vida é a espera da porta de saída. Eu vivo pela morte. Eu trabalho pela morte. Pelo medo. Como uma pele morta que não sai de mim, que aponta o limite entre a loucura e a aceitação e o sucesso. A minha vez de sentir o peso da glória. E eu vou sentir. Mesmo que para isso eu não seja humano.


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Para os olhos menos atentos, isto é café...

...mas para nós é atitude!



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rose tayra - nenê Natural de Santos. Atualmente morando no interior. Tem como "ideia fixa" destilar das cenas do cotidiano a sua mais nobre essência, tendo como posto o balcão, seu aliado, onde recebe a outorga de ouvir confissões sem ser ordenada e fazendo análises sem ser diplomada. Formada em Arte e Educação.

TRATADO SOBRE A BELEZA crônicas do cotidiano Ontem a atendente falou para um cliente: - Nossa você fica tão diferente sem o chapéu! Repetiu seguidamente umas três vezes essa mesma frase. Pareceu-me que havia se decepcionado com a "nova" imagem. Ele brincou... - Você até achou que minha mulher estava com outro, né?! Depois que ele saiu, falei para ela, que quando ele era mais jovem, tinha cabelos e era bem bonito. Hoje, no café da manhã conversando com o Marcelo, sobre o ocorrido, lembramo-nos de algumas frases que clientes nos falam a respeito passagem do tempo; frases como esta: "O tempo é uma fábrica de fazer monstros, cresce o nariz as orelhas." Marcelo, disse não concordar, e que de certa forma o tempo, fazia justiça. - Vingança! - falei antes de ouvir todo o seu raciocínio... E ele continuou, dizendo que para algumas, o tempo até ajudava e citou Caetano Veloso. E discorreu... Muitas pessoas podem ficar refém da beleza, chegando a acreditar nessa plasticidade, e quando o tempo a derrete, são reveladas o que realmente são. Outras também, blindadas por ela, não conseguem ser verdadeiramente vistas. E o tempo traz essa justiça. Contou-me que quando era pequeno, sentia-se feio. Percebeu que quando fazia um bom trabalho, as pessoas o elogiavam dizendo que era inteligente, e isso lhe trazia retorno emocional; e também o incentivava a cada vez mais e mais a ter boas notas.


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Para tomar a dois

DRINK DE ANO NOVO COM CAFÉ Ingredientes: - 1 colher de chá de café solúvel Iguaçu - 100 ml de grenadine ( xarope de romã) - 40 ml de cachaça de boa qualidade - 1 colher de chá de mel - Sementes de romã e gelo - Enfeitar com um ramo de alecrim

Preparo: Dissolva o café solúvel Iguaçu na cachaça. Num copo de drink, coloque a mistura. Adicione o grenadine, mel sementes de romã e gelo. Se preferir o drink menos doce, não acrescente o mel.

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tentar explicar um haicai? salta o sapo!

mostra de verão muitos gostam - outros não mais o que fazer? Frescor da manhã Calango tomando sol Cachorra dorme Frescor da manhã Calango tomando sol Cachorra dorme o sol já se pôs com promessa de voltar cigarra canta chuva lá fora ecoam dentro de mim me vejo grande! ainda brincam os pássaros na cerca querem ficar mais rose tayra - nenê

entre a corrida e o salto, não adianta, é infalível o assalto o click da memória é um haicai no papel verão de biguás, garças formigas e cigarras molhadas – como chove! o céu – negro promessas de chuvas que não vem notícias do interior: cheiro de verde/ folhas de bananeiras roberto prado


Dr. Divago

1° conclusão Cada vez que me vejo no espelho, agradeço a deus pelas rugas não doerem 2° conclusão Às vezes me sinto tão superior que chego a ter vertigens 3° conclusão Quanto mais e vivo menor fica a minha biografia


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HUMMM... O MELHOR HAMBURGUER ARTESANAL DE SANTOS

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COMPARTILHANDO Sempre dou uma olhada nos livros que vocês indicam e também no site. Essas dicas sobre café são incríveis.

Tomé Santos Barros/SP

Show!

Luis Carlos Aati/SP

O bar, que coisa mais louca esse conto. Gostei também das crônicas de natal.

Cesar Vicente/BA


A revista continua muito boa mesmo, desde o número 1. Parabéns aos seus idealizadores

Waldira Passos/SC

Gostei das caveirinhas. Um pouco mais de humor melhora a leitura

Carla Maria Verâncio/TO


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