BEAG - Ex Libris 01 - Ferreira Deusdado, "Elogio Historico do Dr. José Augusto Nugueira S. Paio"

Biblioteca Escolar Almeida Garrett

EX LIBRIS 01

Autor: Manuel António Ferreira-Deusdado Título: Elogio Historico do Dr. José Augusto Nugueira S. Paio Ano de publicação: 1902 Local de publicação: Angra do Heroísmo Editora: Imprensa Municipal Registo N.º 9941 Observações: Contém dedicatória do autor à “Bibliotheca do Seminario Episcopal de Angra do Heroismo”.

O elogio que Manuel António Ferreira Deusdado (18581918) fez do médico José Augusto Nogueira Sampaio (18261900) encaixa na tradição do elogio fúnebre, já que “vive na memoria de todos, todos d’elle tem saudades” (p. 5).

José Augusto Nogueira Sampaio nasceu a 11 de dezembro de 1826 e faleceu a 26 de julho de 1900. Foi discípulo do Pe. Jerónimo Emiliano de Andrade, no Liceu de Angra, onde veio a dar aulas enquanto professor de Física e Química entre 1857 e 1896 e do qual foi reitor de 1884 a 1895. Estudou medicina José Augusto Nogueira Sampaio in “O Occidente” em Coimbra e, posteriormente, devido à Nº782 de 20 de setembro de 1900. instabilidade política em meados do séc.

XIX, em Lovaina, na Bélgica. Regressou à Terceira em 1850 e foi cirurgião do Hospital de Santo Espírito de 1852 a 1888.

Em 1857, funda o posto meteorológico de Angra, um dos primeiros do país, na parte de trás do “A vida é um enigma atual museu de Angra do Heroísmo. que a morte vem decifrar.”

Mais tarde, passou para uma das Nogueira Sampaio (p. 23) torres da igreja do Colégio. De 1860 a 1897, dirigiu o Posto Meteorológico de Angra do Heroísmo.

Ferreira Deusdado profere o elogio em 1902 e começa por explicar a sua opção pela grafia “O trabalho é a lei da dos apelidos “Nugueira S. Paio”, com vida social, como o base nos seus conhecimentos de movimento é a lei da natureza.” latim. De seguida, a fim de “glorificar Ferreira Deusdado (p. 11) uma vida” (p.5) dedicada ao trabalho sem desinteresse e à “sciencia”, caracterizada por uma grande generosidade, elogia o “clínico exímio” (p. 7) pela intenção de “ser útil”, que sempre pautou a vida de 2

Nogueira Sampaio. A polidez, a dedicação e a fé são outros dos factores que Ferreira Deusdado enaltece no cirurgião terceirense.

Exalta, ainda, a preocupação com o ser humano, revelada na piedade pela dor dos “Saber e acreditar que se outros, que sempre manifestou não sabe é a culminação do mérito. enquanto médico, pois “Fazer bom Não saber e acreditar uso ao talento é felicidade muito que se sabe é a doença do espirito humano.” maior, do que possui-lo” (p. 12), Ferreira Deusdado (p. 13) como anota Ferreira Deusdado.

No conhecimento científico, é elogiado o interesse de Nogueira Sampaio pela teoria evolucionista de Darwin.

Ferreira Deusdado cita diferentes “O homem é o lobo do personalidades com o intuito de homem. Os individuos como as nações louvar o médico, tais como Tomás servem-se do mesmo Ribeiro (1831-1901), por quem processo da natureza – Deusdado manifesta muito interesse o do extermínio do mais fraco pelo mais forte.” por causa do recente “passamento”; Ferreira Deusdado (p. 21) Latino Coelho (1825-1891), escritor, militar, jornalista e político português; Baron Louis Jacques Thénard (1777-1857), químico francês “O que aprendemos na que descobriu a água oxigenada; escola e no lar fixa-se em nossa tenra alma, Urbain Le Verrier (1811-1877), como um lichen se matemático e astrónomo francês enraiza no rochedo, onde nasceu.” que contribuiu para a descoberta Ferreira Deusdado (p. 13) do planeta Neptuno, entre outros.

Em conclusão, este elogio pretende recuperar a figura de Nogueira Sampaio, para que seja o que Deusdado escreveu: “Não dorme sob a relva do esquecimento a sua memoria, vive em nossa alma” (p. 6).

Prof. Carlos Severino, 2018

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Manuel António Ferreira Deusdado (Bragança, 07.abril.1858 – Lisboa, 21.dezembro.1918) Na capa do documento, pode-se ler um breve apontamento profissional sobre o autor: Professor do mesmo Lyceu, doutor em Philosophia e letras pela Universidade de Lovaina, ex-lente auxiliar do Curso Superior de Letras de Lisboa, socio da Academia Real da Sciencias de Lisboa, da Real academia de Historia de Madrid, etc.

A contracapa do opúsculo apresenta uma lista das obras de Ferreira Deusdado publicadas em Angra até então.

Notável pedagogo, filósofo, escritor, Manuel António Ferreira Deusdado, enquanto lente, foi colega de Teófilo Braga e Adolfo Coelho, na Universidade de Lisboa. Foi professor de Filosofia e Geografia no Liceu de Lisboa (atual escola secundária de Camões), de 1890 a 1900, e no Liceu de Angra do Heroísmo (atual escola secundário Jerónimo Emiliano de Andrade), de 1900 a 1917. Enquanto esteve na Terceira, colaborou com vários jornais insulares e recolheu lendas, como “A devota de S. Brandão” ou “O rapto de Hedvige”.

Interessou-se por antropologia criminal, designadamente pelas metodologias de recuperação dos reclusos e delinquentes. Também o ensino da Geografia e a filosofia de São Tomás de Aquino foram alvo do seu estudo.

Bibliografia e Webgrafia Santos, A., Santos, L. (2011). As lendas no imaginário açoriano. Terceira: Blu Edições.

Braz Teixeira, A. (1989) “Deusdado (Manuel A. Ferreira)” in Roque Cabral (dir.), Logos, Enciclopédia Luso-brasileira de Filosofia, vol. I. Lisboa: Editorial Verbo. Col. 1372-76. https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Ant%C3%B3nio_Ferreira_Deusdado (acedido a 03.12.2018). https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Augusto_Nogueira_Sampaio (acedido a 03.12.2018). http://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/Default.aspx?id=9906 (acedido a 03.12.2018).

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