Páginas Volantes - 9 Michio Kaku

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Michio Kaku, A Física do Futuro

Michio Kaku (San José, Califórnia, 1947-) é um físico teórico norte-americano, professor e cocriador da Teoria dos Campos de Corda, um ramo da Teoria das Cordas, que viria a ajudar na explicação da chamada Teoria de Tudo. Michio é popular por transformar temas técnicos de forma que possam ser compreendidos mais facilmente junto de um público alargado.

Exímio comunicador na área da ciência, tem participações em canais como Discovery, Science Channel, BBC, ABC e Canal História.

A Física de Tudo apresenta uma esmagadora, apaixonante e provocadora visão do século que aí vem, com base nas entrevistas feitas a mais de trezentos cientistas que, neste momento, já estão a inventar o futuro nos seus laboratórios.

O resultado é uma descrição com rigor científico sobre os desenvolvimentos que poderemos esperar na medicina, na informática, na inteligência artificial, na nanotecnologia, na produção de energia, etc.

Adaptado de: Official Website of Dr. Michio Kaku (mkaku.org) e String theorist Michio Kaku: 'Reaching out to aliens is a terrible idea' | Physics | The Guardian (acedido a 08/03/2022)

Palavras-chave: Física, Progressos, Futuro.

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Prever os próximos cem anos

Os impérios do futuro serão impérios da mente.

- WINSTON CHURCHILL

Em criança, tive duas experiências que ajudaram a moldar a pessoa em que me tornei, engendrando paixões que definiram toda a minha vida.

A primeira ocorreu aos oito anos. Lembro-me de que os professores não paravam de falar de um grande cientista que tinha acabado de morrer. Nessa noite, os jornais divulgaram uma fotografia do seu gabinete, com um manuscrito inacabado na secretária. A legenda dizia que o maior cientista do nosso tempo não tinha podido terminar a sua obra-prima. Interroguei-me onde estaria a dificuldade que tinha impedido um cientista tão notável de a acabar? O que seria assim tão complexo e importante? Esta pergunta acabou por se tornar mais fascinante do que qualquer enredo policial, mais intrigante do que qualquer história de aventuras. Tinha de saber o que continha esse manuscrito inacabado.

Soube mais tarde que o tal cientista se chamava Albert Einstein e que o referido manuscrito devia ser o seu feito supremo, a tentativa de criar uma «teoria de tudo», uma equação, porventura com pouco mais de um centímetro de comprimento, que desvendaria os segredos do Universo e talvez lhe permitisse «ler a mente de Deus».

A outra experiência fulcral da minha infância ocorria aos sábados de manhã, quando via televisão, sobretudo a série do Flash Gordon com Buster Crabbe. Ficava de nariz colado ao ecrã todas as semanas. Era transportado como que por magia para um mundo misterioso de extraterrestres, de naves espaciais, de batalhas com pistolas de raios, de cidades submarinas e de monstros. Deixei-me fascinar. Foi a minha primeira exposição ao mundo do futuro e nunca mais deixei de sentir esse espanto infantil sempre que reflicto sobre ele.

No entanto, à medida que ia observando os episódios da série, fui-me dando conta de que, embora o Flash fosse o mais aplaudido, era o Dr. Zarkov, o cientista, o responsável pelos êxitos da série. Foi ele que inventou a nave-foguetão, o escudo de invisibilidade, a fonte de energia para a cidade celeste, etc. sem o cientista, não há futuro. Os belos e elegantes podem conquistar a admiração da sociedade, mas as invenções do futuro são todas obras de cientistas anónimos e desconhecidos.

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Mas tarde, no ensino secundário, resolvi seguir as passadas desses grandes cientistas e pôr à prova alguns dos meus conhecimentos. Queria participar nessa grande revolução que iria transformar o mundo. Decidi fabricar um ciclotrão e pedi autorização à minha mãe para construir um acelerador de partículas de 2 a 3 milhões de eletrões-volt na garagem. Ela ficou um pouco atónita mas autorizou. A seguir, fui à Westinghouse e à Varian Associates, arranjei cerca de 200 quilos de aço magnético e aproximadamente 35 quilómetros de fio de cobre, e montei um betatrão na garagem da minha mãe.

Antes tinha construído uma câmara de neblina com um campo magnético poderoso e tinha fotografado rastos de antimatéria. Mas fotografar antimatéria não bastava. O que eu queria era produzir um feixe de antimatéria. As bobinas magnéticas do acelerador produziam um enorme campo magnético de 10 000 gauss (cerca de 20 000 vezes superior ao campo magnético da Terra, que, em princípio, conseguiria arrancar um martelo da nossa mão). A máquina sorvia 6 quilowatts de potência, esgotando toda a energia elétrica que a minha casa conseguia fornecer. Quando a ligava, era frequente rebentar com a instalação elétrica de casa. (A pobre da minha mãe deve ter pensado porque não jogava antes futebol o seu filho).

E foi assim que me deixei dominar para sempre por duas paixões: o desejo de compreender todas as leis físicas do Universo numa única teoria coerente e o desejo de prever o futuro. Acabei por me dar conta de que essas duas paixões se complementavam. A chave para compreender o futuro é dominar as leis fundamentais da Natureza e aplicá-las às invenções, máquinas e terapias que redefinirão a nossa civilização a longo prazo.

Tem havido inúmeras tentativas de prever o futuro, muitas delas úteis e perspicazes. Porém, foram concebidas sobretudo por historiadores, sociólogos, escritores de ficção científica e «futurólogos», isto é, por gente de fora que prevê o mundo da ciência sem o conhecer em primeira mão. Os cientistas, os iniciados que de facto criam o futuro nos seus laboratórios, estão demasiado ocupados para ter tempo de escrever livros sobre o futuro destinados ao grande público. É por isso que este livro é diferente. Espero que forneça quer uma perspetiva de iniciado sobre as descobertas milagrosas que nos esperam quer um olhar mais autêntico e abalizado sobre como será o mundo em 2100.

Obviamente que é impossível prever o mundo com toda a exatidão. Em meu entender, o melhor que podemos fazer é recorrer às mentes dos cientistas na vanguarda da investigação, que levam a cabo a inestimável tarefa de inventar o futuro. São eles que estão a criar os dispositivos, as invenções e as terapias que revolucionarão a civilização. E este livro conta a sua história. Tenho tido a oportunidade de me sentar na fila da frente desta grande revolução, entrevistando para a Página 3 de 8

televisão e para a rádio mais de 300 dos maiores cientistas, pensadores e sonhadores a nível mundial. Também tenho levado equipas de televisão aos seus laboratórios para que filmem os protótipos dos espantosos dispositivos que transformarão o nosso futuro. Tem sido uma honra apresentar tantos programas especiais sobre a ciência para a BBC-TV, o canal Discovery e o canal Ciência, que esboçam as notáveis invenções e descobertas dos visionários que se atrevem a criar o futuro. Livre de prosseguir o meu trabalho sobre a teoria das cordas e de escutar o que se passa na vanguarda das investigações que revolucionarão este século, sinto que ocupo um dos lugares mais cobiçados na ciência. Trata-se da concretização do meu sonho de infância.

No entanto, este livro difere dos anteriores que escrevi. Em obras como Para Além de Einstein: A Investigação Cósmica para uma Teoria do Universo, Hyperspace e Mundos Paralelos, discuti os ventos recentes e revolucionários que varrem o meu campo, o da física teórica, e que apontam novas maneiras de compreender o Universo. Em A Física do Impossível: uma Exploração Científica do Mundo dos Fasers, Campos de Forças, Teletransportes e Viagens no Tempo, discuto como as mais recentes descobertas em física poderão vir a tornar possíveis os enredos mais imaginativos da ficção científica.

Este livro assemelha-se mais a Visões: Como a Ciência Irá Revolucionar o Século XXI, em que discuti como evoluiria a ciência nas décadas seguintes. Satisfaz-me que muitas previsões apresentadas nesse livro se estejam a realizar dentro dos prazos. Essa exatidão dependeu, em larga medida, da sabedoria e presciência dos muitos cientistas que entrevistei para escrever a obra.

Este livro, porém, aponta para uma perspetiva mais ampla do futuro, discutindo as tecnologias que poderão amadurecer no espaço de cem anos e que acabarão por determinar o destino da humanidade. O modo como negociarmos os desafios e as oportunidades no próximo século definirá a trajetória definitiva da humanidade.

PREVER O PRÓXIMO SÉCULO Prever a próxima meia dúzia de anos, já para não falar do próximo século, é uma tarefa intimidante. Contudo, estimula-nos a sonhar sobre tecnologias que acreditamos virão a alterar o destino da humanidade.

Em 1863, o grande romancista Júlio Verne encetou o que porventura seria o seu projeto mais ambicioso. Escreveu um romance profético, chamado Paris no Século XX, em que aproveitava os seus enormes talentos na previsão do século seguinte. Infelizmente, o manuscrito perdeu-se nas brumas do tempo, até o seu bisneto o achar, por acaso, num cofre, onde se mantivera

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cuidadosamente fechado a sete chaves durante quase 130 anos. Dando-se conta do tesouro que encontrara, mandou-o publicar em 1994, e a obra foi um grande êxito de vendas.

Em 1863, ainda havia reis e imperadores a governarem velhos impérios, e camponeses pobres e labutarem arduamente nos campos. Os Estados Unidos consumiam-se numa guerra civil ruinosa que por pouco destruía o país, e a máquina a vapor começava a revolucionar o mundo.

Mas Verne previu que, em 1960, Paris teria arranha-céus em vidro, ar condicionado, televisão, elevadores, comboios de alta velocidade, automóveis movidos a gasolina, faxes e até algo parecido com a internet. Com uma exatidão inquietante, Verne retratou a vida na Paris moderna.

Não foi por acaso, pois poucos anos mais tarde fez outra previsão espetacular. Em 1865, escreveu Da Terra à Lua, em que antevia os pormenores da missão que enviaria os nossos astronautas à Lua em 1969, mais de cem anos depois. Previu com exatidão as dimensões da cápsula espacial, a localização do sítio de lançamento na Florida, perto do cabo Canaveral, o número de indivíduos que participariam na missão, a duração da viagem, a ausência de gravidade que os astronautas sentiriam e o mergulho final no oceano. (O seu único erro importante foi a utilização de pólvora, e não de combustível para os foguetões, para colocar os astronautas na Lua. Mas passar-se-iam mais de setenta anos até se inventarem foguetes com combustíveis líquidos.)

Como conseguiu Júlio Verne antever o que se iria passar num espaço de cem anos com uma precisão de cortar a respiração? Segundo os seus biógrafos, Verne, apesar de não ser cientista, andava sempre atrás dos cientistas, atormentando-os com perguntas sobre o modo como viam o futuro. Juntou um enorme arquivo que resumia as grandes descobertas científicas do seu tempo.

Verne compreendeu que a ciência era o motor que abalava os alicerces da civilização, impelindoa para um novo século com maravilhas e milagres inesperados. O que explica a sua visão e intuição profunda é a compreensão do poder que a ciência tem de revolucionar a sociedade.

Outro grande profeta da tecnologia foi Leonardo da Vinci, pintor, pensador e visionário.

Em finais de 1400, desenhou diagramas belíssimos e precisos de máquinas que viriam a encher os céus: esboços de para-quedas, helicópteros, planadores e até aviões. Muitas das suas invenções teriam voado. (contudo, as suas máquinas voadoras necessitavam de outro ingrediente: de um motor de pelo menos 1 cavalo-vapor, que só viria a estar disponível 400 anos mais tarde.)

Igualmente espantoso é o facto de Leonardo ter esboçado o plano de uma máquina de somar mecânica, provavelmente com 150 anos de antecedência. Um manuscrito mal arquivado voltou a ser analisado em 1967, revelando a sua ideia de uma máquina de somar com treze rodas digitais.

Rodando-se uma manivela, as engrenagens no interior da máquina rodavam em sequência, realizando cálculos aritméticos. (A máquina foi construída em 1968 e funcionou.)

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Além disso, na década de 1950 descobriu-se noutro manuscrito um esboço de um autómato bélico, com uma armadura germano-italiana, que podia sentar-se e mexer os braços, o pescoço e os maxilares. Também foi construído e também funcionou. À semelhança de Júlio Verne, Leonardo teve intuições profundas sobre o futuro porque consultou um punhado de contemporâneos intelectualmente avançados. Fazia parte de um pequeno círculo de pessoas na vanguarda da inovação. Acresce que estava sempre a testar, a construir e a esboçar modelos, um atributo crucial de alguém que quer traduzir o pensamento em realidade.

Partindo das intuições poderosas e proféticas de Verne e de Leonardo da Vinci, perguntamo-nos se será possível prever o mundo em 2100. Na linha de ambos, examinaremos atentamente o trabalho de cientistas de primeiro plano empenhados na construção dos protótipos das tecnologias que transformarão o nosso futuro. Este livro não é uma obra de ficção, um produto da imaginação inflamada de um argumentista de Hollywood, baseando-se, ao invés, na ciência sólida que está a ser praticada nos principais laboratórios de todo o mundo.

Já existem protótipos de todas essas tecnologias. Como disse uma vez William Gibson, autor de Neuromante e criador da palavra ciberespaço, «O futuro já cá está. Distribui-se é de uma forma desigual.»

Prever o mundo em 2100 é uma tarefa assustadora porque vivemos uma era de grandes convulsões científicas, em que o ritmo das descobertas não para de acelerar. Acumulou-se mais conhecimento científico nas últimas décadas do que em toda a história da Humanidade e, em 2100, esse conhecimento científico terá voltado a duplicar várias vezes.

Porém, a melhor maneira de captar a enormidade da tarefa de prever 100 anos talvez seja evocar o mundo em 1900 e recordar a vida dos nossos avós.

O jornalista Mark Sullivan sugere-nos que imaginemos alguém a ler um jornal em 1900: Nos seus jornais do dia 1 de janeiro de 1900, os americanos não encontravam a palavra «rádio» pois ainda faltavam vinte anos para ela surgir, nem «cinema», porque também isso pertencia ao futuro, nem motorista pois o automóvel estava a despontar e ainda chamado «carruagem sem cavalos» […] A palavra aviador não existia […] Os agricultores não tinham ouvido falar em tratores, nem os banqueiros em Reserva Federal. Os comerciantes não tinham ouvido falar em cadeias de lojas nem em self-service; nem os marinheiros em motores a gasóleo […] Ainda se viam parelhas de bois nos campos […] Os cavalos e as mulas para puxar carroças eram praticamente universais […] O ferreiro a trabalhar por baixo do carvalho era uma realidade.

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Para percebermos a dificuldade de prever os próximos 100 anos, temos de avaliar a dificuldade que as pessoas teriam em 1900 de prever o mundo em 2000. Em 1893, durante a World’s Columbian Exposition, em Chicago, pediu-se a setenta e quatro individualidades famosas que previssem como seria a vida nos próximos 100 anos. O problema residiu na subestimação sistemática da velocidade a que a ciência progrediria. Por exemplo, muitos previram corretamente que viríamos a ter transportes aéreos comerciais transatlânticos, mas achavam que seriam balões.

O Senhor John J. Ingalls disse: «Os cidadãos chamarão os seus dirigíveis como hoje pedem a sua carruagem ou as suas botas» Também omitiram sistematicamente o advento do automóvel. O general John Wanamaker, chefe dos correios, afirmou que o correio continuaria a ser distribuído nos Estados Unidos em diligência e cavalos durante mais 100 anos.

Esta subestimação da ciência e da inovação chegou a abranger o registo de patentes. Em 1899, Charles H. Duell, comissário do Gabinete de Patentes americano, disse: «Tudo o que podia ser inventado já o foi.»

Especialistas num domínio chegaram a menosprezar o que estava a acontecer à frente dos seus olhos. Em 1927, Harry M. Warner, um dos fundadores da Warner Brothers, comentou durante a era dos filmes mudos: «Mas quem quer ouvir atores a falarem?»

E Thomas Watson, presidente da IBM, disse em 1943: «Acho que, no mundo, talvez haja mercado para uns cinco computadores.»

Esta subestimação do poder da descoberta científica chegou a atingir o venerável New York Times. Em 1903, o Times declarou que as máquinas voadoras eram um desperdício de tempo, precisamente uma semana antes de os irmãos Wright terem conseguido levantar voo no seu avião perto de Kitty Hawk, na Carolina do Norte. Em 1920, o Times criticou o cientista de foguetões Robert Goddard, considerando absurdo o seu trabalho, dada a impossibilidade de os foguetões se moverem no vácuo. Quarenta e nove anos mais tarde, quando os astronautas da Apollo II alunaram, o Times teve o mérito de se retratar. «Fica definitivamente estabelecido que um foguetão se pode mover no vácuo. O Times reconhece o seu erro.»

A lição a retirar daqui é que é perigosíssimo apostar contra o futuro.

Com poucas exceções, as previsões nesta matéria têm subestimado sempre o ritmo do progresso tecnológico. Tem-se dito vezes sem conta que a História é escrita por optimistas e não por pessimistas. Como afirmou um dia o presidente Dwight Eisenhower, «O pessimismo nunca ganhou qualquer guerra.»

Até podemos ver como os próprios escritores de ficção científica subestimaram o ritmo da descoberta científica. Quando assistimos a reposições da velha série televisiva da década de 1960 Página 7 de 8

Star Trek (Caminho das Estrelas), reparamos que grande parte da sua «tecnologia do século XXIII» já existe. Nessa época, os telespectadores ficavam atónitos ao ver telemóveis, computadores portáteis, máquinas que falavam e máquinas de escrever para as quais se podia ditar. Mas todas essas tecnologias já existem. Não tarda muito, teremos também versões do tradutor universal, capazes de traduzir rapidamente enquanto falamos, e também tricorders, capazes de diagnosticar doenças à distância. (À exceção dos motores de impulso de deformação (warp drive) e dos transportadores, grande parte dessa ciência do século XXIII já existe).

Perante os flagrantes erros de subestimação do futuro que se têm cometido, como poderemos começar a proporcionar uma base científica mais sólida às nossas previsões?

Imagem retirada de: https://futuragora.pt/2016/10/michio-kaku-a-fisica-do-futuro/ (acedido a 02/03/2022)

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