3 mitos: Deméter e Perséfone, Orfeu e Eurídice, Aracne

3 MITOS:

DEMÉTER E PERSÉFONE ORFEU E EURÍDICE ARACNE Olimpíadas da Cultura Clássica, 2020

Biblioteca Escolar Almeida Garrett, ESJEA Professor Carlos M. Severino

Rupert Bunny (1864-1947) The Rape of Persephone (1913). Óleo sobre tela, 54,4cmx81,1cm. National Gallery of Australia, Canberra.

Deméter e Perséfone (Ceres e Prosérpina)– Principais fontes antigas ■ Hesíodo, Teogonia 453s; 912s ■ Apolodoro, Biblioteca I, 1, 5.

■ Heródoto, Histórias II, 171.

■ O rapto de Perséfone: – Hesíodo, Teogonia, 912-914.

– Homero, Odisseia, V, 125s.

– Ovídio, Fastos, IV, 417s; Metamorfoses, V, 346s.

– Claudiano, O rapto de Prosérpina.

– Higino, Fábulas, 146.

– Pausânias, I, 14, 2; 38, 5; VIII, 37, 9

Deméter e Perséfone, mãe e filha em sofrimento ■ Perséfone é filha de Deméter e de Zeus (Júpiter). A sua mãe é a deusa das terras cultivadas, das colheitas e dos cereais, principalmente do trigo.

■ Muitas vezes mãe e filha são apenas designadas por «as deusas» pela sua ligação, que também se revelava nos mistérios de Elêusis.

■ Perséfone crescia feliz entre as outras filhas de Zeus, Atena e Ártemis (Diana), até o seu tio Hades (Plutão) a raptar, quando colhia flores no prado do Ena, na Sicília. Quando a deusa colhia um narciso (ou um lírio), a terra abriu-se e Hades raptou-a com o apoio de Zeus.

■ A mãe começou imediatamente à procura da filha, vagueando por nove dias e noites sem comer, beber, tomar banho, com um archote aceso na mão.

■ Ao 10.º dia, o Sol, que tudo vê, disse-lhe o que tinha acontecido e Deméter, enfurecida, decidiu ficar na terra e não mais voltar ao céu, abdicando das suas funções divinas até recuperar a filha.

■ O exílio de Deméter tornava a terra estéril e ordem do mundo perturbada, o que fez com que Zeus ordenasse a Hades que devolvesse Perséfone. No entanto, tal não era possível porque a deusa quebrara o jejum e comera um bago de romã quando estivera nos infernos. Por isso, teria de voltar sempre.

Dante Gabriel Rossetti (1828-1882) Proserpina (1874). Óleo sobre tela, 125,1cmx61cm. Tate Britain, Londres.

■ O compromisso fez com que Deméter regressasse ao Olimpo e Perséfone, já rainha dos infernos e esposa de Hades, regressasse todas as primaveras para junto da mãe, fazendo florir os campos, e regressando na alturas das sementeiras, ficando o solo estéril no inverno.

Lord Frederic Leighton (1830-1896) The Return of Persephone (1895). Óleo sobre tela, 203cmx152cm. Leeds Art Gallery.

Deméter e Perséfone, mãe e filha em sofrimento ■ Curiosidades sobre Deméter: – Disfarçou-se de velha e ficou ao serviço na corte de Elêusis, do rei Céleo, onde cuidou de Triptólemo e lhe deu a missão de espalhar pelo mundo a cultura do trigo.

– Em Sícion, atribuía-se a Deméter a invenção do moinho.

– Em toda a Grécia, havia santuários dedicados à deusa, onde lhe teriam dado guarida na sua demanda pela filha.

■ Atributos de Deméter: espigas de trigo, cetro, dormideira, tochas, o grou, a porca; a deusa surge sentada, com archotes ou duas serpentes a conduzir o seu carro.

Deméter e Perséfone – pervivência do mito Proserpina (variante) É na terra que se encontra a matéria do poema, sob estes dedos que afastam pedras e ramos para chegar à raiz das coisas, mesmo que um carreiro de formigas se meta pelo meio, ou ervas mortas saltem de dentro de torrões. Ao fundo, onde as amigas conversam de assuntos da vida, e uma lembrança de cidade rompe o hímen da natureza, o céu fecha a estrofe; e não é preciso procurar um rasto de avião por entre as nuvens para saber que o horizonte não existe, ou que a terra é tão redonda como este fruto que a mulher colhe, com os olhos, ao pensar que o seu corpo se poderia transformar em árvore. Neste inverno, porém, limita-se a examinar os caminhos de deus, que se metem pela terra, como a água da chuva; e desejaria segui-los, até ao mais fundo dos subterrâneos, oferecendo o ventre a uma gestação de primavera. As amigas, porém chamam por ela; e lembram-lhe que o seu lugar não é entre os mortos, mas nesse ângulo que toca a luz nascente, onde ela vê a primeira paisagem do dia, e as modificações que se fazem no mundo quando sacode as mãos, e regressa à vida.

São vários os exemplos da variante latina do nome da deusa. Este exemplo é do poeta e professor Nuno Júdice (1949-).

John Roddam Spencer Stanhope (1829-1908) Orpheus and Eurydice on the Banks of the Styx (1874). Óleo sobre tela, 100cmx140cm. Coleção particular.

Orfeu e Eurídice – Fontes antigas ■ Píndaro, Píticas, IV, 177; ■ Eurípides, Bacantes, 562s.; Ifigénia em Áulide, 1211s.; Alcmena, 357s; ■ Apolodoro, Biblioteca, I, 3, 2; 9, 16; 25; II, 4, 9; ■ Ovídio, Metamorfoses, X, 8s; XI, 1s; ■ Vergílio, Geórgicas, IV, 453s.

Ary Scheffer (1795-1858) Orpheus Mourning the Death of Eurydice (c. 1814). Óleo sobre tela. Coleção Particular.

Orfeu e Eurídice, um amor duas vezes perdido ■ Orfeu é filho da musa Calíope e detentor do poder de tão belo canto que tudo encantava: deuses, humanos, feras, árvores, plantas. Representa o cantor, o músico e o poeta. Para isso, tocava lira e cítara, que inventou ou a mudou de 7 para 9 as suas cordas).

■ Eurídice era uma dríade (ninfa das árvores), que, enquanto passeava com as suas amigas numa pradaria da Trácia ou fugia de Aristeu, que a Joseph Paelinck (1781-1839) procurava violar, foi picada por Orpheus and Eurydice (c.1815-20). uma serpente, morrendo. Óleo sobre tela, 209,6cmx144,8cm. Coleção particular.

Orfeu e Eurídice, um amor duas vezes perdido ■ O seu marido, Orfeu chorou a morte de Eurídice com tão profunda tristeza que conseguiu comover os monstros e os deuses infernais, acalmando os suplícios eternos de alguns: a roda de Ixíon parou, a pedra de Sísifo imobiliza-se, Tântalo esquece a fome e a sede eternas, as Danaides deixam de tentar encher o tonel roto.

Jean Raoux (1677-1734) Orpheus and Eurydice (c.1718-20). Óleo sobre tela. J. Paul Getty Museum, California

Orfeu e Eurídice, um amor duas vezes perdido ■ Orfeu obtém permissão de Hades e Perséfone para trazer Eurídice de volta ao mundo dos vivos com a condição de não olhar para ela antes de deixar o reino das trevas.

Peter Paul Rubens (1577-1640) Orpheus and Eurydice (1636-38). Óleo sobre tela, 194cmx245cm.

Museu do Prado, Madrid.

Orfeu e Eurídice, um amor duas vezes perdido ■ Todavia, prestes a sair da sombra, Orfeu não conseguiu resistir ao desejo de a voltar a ver, olhou para trás e Eurídice regressou definitivamente aos Infernos.

■ Assim, infinitamente triste, Orfeu deixa de se interessar pelas mulheres e pelas festas e institui os mistérios órficos com o que vira nos Infernos.

Edward Poynter (1836-1919) Orpheus and Eurydice (1862).

Orfeu e Eurídice, um amor duas vezes perdido ■ Há outra versão da sua morte: Afrodite decidiu vingar-se de Calíope, mãe de Orfeu, e inspirou um tal amor nas mulheres trácias que elas acabaram por fazê-los em pedaços.

■ Ainda outra versão, as mulheres da Trácia, bacantes devotas de Dioniso/Baco), não gostaram que Orfeu não assistisse às suas festas e despedaçaram-no.

John William Waterhouse (1849-1917) Nimphs Finding the Head of Orpheus (1900). Óleo sobre tela, 149cmx99cm. Coleção particular.

Orfeu e Eurídice, um amor duas vezes perdido ■ A cabeça e a lira de Orfeu chegaram à ilha de Lesbos e, por isso, essa seria uma ilha tão rica em poesia lírica.

■ A lira foi também transformada em constelação e a alma de Orfeu ascendeu aos Campos Elísios, na sua túnica branca.

Gustave Moreau (1826-1898) Orphée (1865). Óleo sobre tela, 154cmx100cm. Museu de Orsay, Paris.

Orfeu e Eurídice, um amor duas vezes perdido ■ Curiosidades sobre Orfeu: – Orfeu faz parte de um dos mitos mais obscuros do mundo helénico; desenvolveu-se de tal maneira até constituir umam religião: os rituais órficos, muito relacionados com o voltar à vida depois da morte, o que influenciou o cristianismo primitivo.

– Participou na expedição de Jasão e os Argonautas, na qual venceu as Sereias com o seu canto.

– A primeira ópera que sobreviveu até à atualidade chamase Eurídice e foi escrita para as bodas de Henrique IV e Maria de Médicis, em 1600.

■ Atributos: veste-se como um trácio (túnica curta e gorro cónico), lira.

Orfeu e Eurídice– pervivência do mito Desço aos Infernos sem nenhuma esperança.

O que morreu no coração dos deuses nunca mais ressuscita.

Pode animá-lo o fogo da paixão; do outro lado da desilusão o próprio morto já não acredita.

Eurídice não volta a ser na terra o que foi algum dia.

O seu nome, que o sol não alumia, é o cansaço divino a dormitar.

Toda a corte do céu deixou de amar não só os poetas, mas a poesia.

■ Em poetas como Miguel Torga: – Orfeu Rebelde – «Memorando» – «A Orfeu»

Orfeu e Eurídice– pervivência do mito «Encruzilhadas» Parte III Toda a noite acompanhei a tua viagem, Orfeu, de fogo em fogo, de melodia em melodia, até o centro da Construção das Trevas.

Ah! e com que volúpia te vi de novo estrangular a tua Eurídice calada para sempre, morta para sempre — melodia que só oculta no silêncio atravessa as pedras ...

E agora, Orfeu, raiz do avesso, vejo-te regressar lentamente à superfície da Terra, com as mãos desfeitas em flores de orvalho no fogo consumido.

Amanhece.

O planeta é de vidro.

■ Em poetas como José Gomes Ferreira

Orfeu e Eurídice– pervivência do mito ■ Em poetas como Sophia de Mello Breyner Andresen

Orpheu seu canto alto e grave O canto de oiro o êxtase da lira Orpheu A palidez sagrada de seu rosto Que de clarões e sombras se ilumina Ante seus pés se deitam mansas feras Vencidas pela música divina ***

Orpheu e Eurydice Juntos passavam no cair da tarde Jovens luminosos muito antigos

Orfeu e Eurídice– pervivência do mito ■ Em poetas como Sophia de Mello Breyner Andresen Eurídice em Roma Por entre o clamor e vozes oiço atenta a voz da flauta na penumbra fina Ε ao longe sob a copa dos pinheiro Com leves pés que nem as ervas dobram Intensa e absorta — em se virar pra trás — Ε já separada — Eurydice caminha

Orfeu e Eurídice– pervivência do mito Aprende A não esperar por ti pois não te encontrarás No instante de dizer sim ao destino Incerta paraste emudecida Ε os oceanos depois devagar te rodearam A isso chamaste Orpheu Eurydice — Incessante intensa lira vibrava ao lado Do desfilar real dos teus dias Nunca se distingue bem o vivido do não vivido O encontro do fracasso —.

Quem se lembra do fino escorrer da areia na ampulheta Quando se ergue o canto Por isso a memória sequiosa quer vir à tona Em procura da parte que não deste No rouco instante da noite mais calada Ou no secreto jardim à beira rio Em Junho

■ Em poetas como Sophia de Mello Breyner Andresen

Paolo Veronese (1523-1588) Aracne o la Dialettica (1520).

Fresco. Palazzo Ducale, Veneza.

Aracne– Fontes antigas ■ Ovídio, Metamorfoses, V, 5-145.

■ Vergílio, Geórgicas IV, 246s

Diego Velázquez (1599-1660) Las Hilanderas (1644-1648). Óleo sobre tela, 220cmx289cm. Museu do Prado, Madrid

Aracne, a jovem desafiadora ■ Aracne era uma jovem da Lídia (hoje, parte da Turquia), filha do tintureiro Ídmon, muito conhecida pela sua arte de tecer e bordar.

■ Atribuíam-lhe a aprendizagem com Atena, deusa das fiandeiras e das bordadeiras, mas ela defendia que tinha aprendido tudo por si mesma. Assim, desafiou a deusa para saber quem era realmente a melhor.

■ Primeiro, Atena apareceu-lhe disfarçada de velha para que fosse mais modesta e a advertir das consequências. Como Aracne a tratou mal, Atena aceitou o desafio.

■ Palas Atena representou na sua tapeçaria os doze deuses do Olimpo em toda a sua majestade e acrescentou nos cantos quatro episódios em que os deuses haviam castigado os homens.

Aracne, a jovem desafiadora ■ Por sua vez, Aracne desenhou no seu trabalho os amores desonrosos dos deuses, como o rapto de Europa por Zeus ou a violação de Dánae, etc.

Jacopo ‘Tintoretto’ (1518-1594) Atena e Aracne (c. 1575-1585).

Aracne, a jovem desafiadora ■ Atena, furiosa com a afronta, rasgou a tapeçaria de Aracne e feriu-a com a naveta. Aracne, ultrajada, enforcou-se, mas a deusa não a deixou morrer, metamorfoseando-a em aranha e castigando-a a fiar e tecer para o resto da sua existência.

René-Antoine Houasse (1645-1710) Minerva and Arachne (1706). Óleo sobre tela, 105cmx153cm. Palácio de Versalhes.

Aracne – pervivência do mito António Franco Alexandre, poeta e professor de Filosofia, publicou em 2004 Aracne, livro de poesia com várias referências a “teia”, “aranha”, “fio”, etc.

Olhar dentro do espelho deu-me ideias do que seria um animal perfeito; já penso transformar-me, ter maneiras, asas talvez, ou tromba vigorosa; dizer adeus aos fios, e adquirir o encanto popular de um percevejo ou o hieratismo de uma louva-a-deus.

p.124

Aracne – pervivência do mito Mia Couto, no seu livro O fio das missangas (2013), editou o conto «A infinita fiandeira», que evoca momentos do mito.

(A aranha ateia diz ao aranho na teia: o nosso amor está por um fio!)

A aranha, aquela aranha, era tão única: não parava de fazer teias! Fazia-as de todos os tamanhos e formas. Havia, contudo, um senão: ela fazia-as, mas não lhes dava utilidade. O bicho repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas obras. Ao fio e ao cabo, ela já amealhava uma porção de teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs.

E dia e noite: dos seus palpos primavam obras, com belezas de cacimbo gotejando, rendas e rendilhados. Tudo sem fim nem finalidade. Todo o bom aracnídeo sabe que a teia cumpre as fatais funções: lençol de núpcias, armadilha de caçador. Todos sabem, menos a nossa aranhinha, em suas distraiçoeiras funções. […]

«O MITO É O NADA QUE É TUDO.»

Fernando pessoa

Bibliografia ■ Grimal, Pierre (1992). Dicionário de Mitologia Grega e Romana (trad.

Victor Jabouille). Lisboa: Difel.

■ Ferreira, José Ribeiro (1998). “O tema de Orfeu em Musa de Sophia de Mello Breyner Andresen”, in Humanitas, n.º 50, pp.1019-1024.

Disponível em https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas50/ 55.2_Ribeiro_Ferreira.pdf ■ Pereira, Maria Helena da Rocha Pereira (1982). “Motivos clássicos na poesia portuguesa contemporânea: O mito de Orfeu e Eurídice”, in Humanitas, n.º 33-34, pp.128-145. Disponível em https://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas3334/06_Rocha_Pereira.pdf

Webgrafia – escritores ■ António Franco Alexandre: https://www.assirio.pt/produtos/ficha/aracne/11236731; – Para saber mais sobre o autor: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=16 ■ Júdice: https://www.escritas.org/pt/t/51548/proserpina-variante; – Para saber mais sobre o autor: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=681 ■ Torga: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=260 ■ José G. Ferreira: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=246 ■ Sophia: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=296 ■ Mia Couto: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=392

Webgrafia – imagens –

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frederic_Leighton__The_Return_of_Persephone_(1891).jpg;

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Proserpina_(Rossetti,_Tate);

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Velazquez-las_hilanderas.jpg;

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https://www.luigi-bevilacqua.com/en/athena-arachne-myth/;

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Veronese,_Paolo_-_Arachne_or_Dialectics_-_1520.jpg

–

https://www.luigi-bevilacqua.com/en/athena-arachne-myth/

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rupert_Bunny_-_The_Rape_of_Persephone,_1913.jpg

–

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nymphs_finding_the_Head_of_Orpheus.jpg

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Head_of_Orpheus.jpg

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Orpheus_and_Eurydice_by_Peter_Paul_Rubens.jpg

–

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_Raoux_%E2%80%93_Orpheus_and_Eurydice.jp g

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ary_Scheffer__Orpheus_Mourning_the_Death_of_Eurydice,_1814.jpg

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Paelinck_Orph%C3%A9e_et_Eurydice.jpg

–

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Edward_Poynter_-_Orpheus_and_Eurydice.jpg

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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:John_Roddam_Spencer_Stanhope__Orpheus_and_Eurydice_on_the_Banks_of_the_Styx,_1878.jpg