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BRUNO BETTENCOURT & RAFAEL CARVALHO

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PROJETO NATÁLIA

PROJETO NATÁLIA

Está visto e comprovado que a distância não impede que a música seja feita e partilhada à distância. Todavia, essa foi a tua primeira experiência tendo como objetivo a gravação de um disco?

Nos tempos actuais a distância não impede que se faça esse tipo de trabalhos. Já tive algumas colaborações musicais em projectos de outras pessoas, ao longo dos anos, em que foi necessário gravar à distância, tendo até videochamada pelo skype com os produtores de um dos discos. Aqui, fomos fazendo esse trabalho de preparação, cada qual na sua Ilha, e depois conseguimos um dia para finalmente concretizar a gravação. Como álbum completo foi a primeira vez que tivemos de trabalhar desta forma, mas conseguiu-se o essencial que era a concretização do disco.

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Qual a melhor forma de descrever este trabalho?

É um álbum de união e partilha: união de Violas e união de amizades de muitos anos, e uma partilha da nossa visão sobre o que pode ser a Viola da Terra, hoje e para o futuro. Transporta a essência dos velhos Mestres, do passado, mas actualiza-a, em despiques entre as Violas, alguns improvisos, e ainda com 2 originais em que cada Viola mostra a sua sonoridade.

Para alguém com a tua experiência na matéria, para além da diferença no número de cordas, que outras existem entre a viola de São Miguel e da Terceira?

As Violas que fazem parte deste disco são as de 12 cordas (São Miguel) e a de 15 cordas (Terceira). Para além dessa diferença no número de cordas temos a diferença na abertura sonora do tampo, sendo a de São Miguel em forma de dois corações e a da Terceira em forma circular (na generalidade). Por último, temos afinações diferentes e técnicas de execução diferentes, o que também se reflecte no próprio timbre dos instrumentos. Essa diferença é notória na audição das várias modas que compõem o CD. Acima de tudo os 2 instrumentos complementam-se na perfeição.

A junção dessas duas Violas surge pela primeira vez em disco. Quais são as vossas expectativas?

São as expectativas de qualquer disco, que seja ouvido! Em primeiro lugar que as pessoas ouçam, que as rádios ajudem a divulgar e que possamos apresentar o mesmo ao vivo. Ao mesmo tempo, há uma componente simbólica muito importante neste álbum, com esta mensagem e apelo à união entre os tocadores de Viola. Isso resulta de um trabalho que alguns de nós temos vindo a fazer nos últimos anos, construindo pontes nesse percurso. Esta junção, inédita, pretende ser exemplo disso e o mote para o futuro, por parte de quem partilhe esses mesmos ideais.

Dois dos dez temas são originais. Um próximo trabalho poderá ser apenas de originais ou pretendem continuar a dar destaque à música tradicional das ilhas?

Neste momento, o objectivo era concretizar este álbum, como ideia nascida do “X Festival Violas do Atlântico”. Foi um percurso de dois anos que agora se conseguiu finalizar. Não está na nossa ideia, para já, a concretização de novo trabalho nos mesmos moldes. No entanto, a pergunta é pertinente e pode ser a semente para começarmos a idealizar algo, mais à frente (risos). Mas, a acontecer, acredito que seria sempre com base na música tradicional das Ilhas, e, claro, com algum original que possa aparecer.

Voltaste a contratar os serviços do produtor Luís Xavier. Continua a ser o eleito para os teus discos?

Acompanho o trabalho do Luís Xavier há muitos anos e colaborámos nos meus dois últimos álbuns. Quando decidimos fazer a gravação presencial foi unânime a nossa opinião, minha e do Bruno, em trabalhar com o Luís, tendo em conta o trabalho que ele tem desenvolvido e a naturalidade sonora que ele consegue em todas suas mixagens. Era esse o som que este álbum necessitava.

A viola da terra continua a ser a vossa inspiração. Continua a haver argumentos para tal?

Sim, todos os dias. Quer pelo trabalho que desenvolvemos, cada um nos nossos projectos musicais, quer pelo trabalho que outros tocadores vão desenvolvendo, cada vez mais com ideias novas e com abordagens diversas. A limitação está dentro de cada um, apenas. “Duas Violas, Uma Tradição” é exactamente a prova de que podemos continuar a criar, a inovar, a diversificar, e ser na mesma um trabalho muito nosso, e que diz muito a quem ouve, conhece e toca a nossa Viola da Terra e não só.

Estão previstos concertos para promover o disco, quer em São Miguel, quer na Terceira?

Sim. Estamos a procurar agendar um momento de apresentação nas duas Ilhas, no Verão. Anunciaremos quando tivermos as datas e locais definidos. Entretanto, para os interessados, o disco está disponível através dos seguintes e-mails: aivioladaterra@gmail.come sonsdoterreiro@gmail.com

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