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CLASSIC RAGE

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DJ PEDRO ALMEIDA

DJ PEDRO ALMEIDA

Foi um dos álbuns que mais marcou a história da música moderna feita nos Açores, dos últimos 30 anos. «Isolation’s Over» pertence a um dos colectivos mais ambiciosos de sempre, desde logo, pela escolha de um produtor norteamericano, para a gravação do seu disco de estreia. O vocalista Sílvio Ferreira recorda connosco o processo que envolveu o trabalho.

Em 2022, fez 25 anos que foi lançado o álbum “Isolation’s Over”. Ainda ouves esse disco?

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Apesar de ter sido um trabalho de grande importância para os Classic Rage, hoje não oiço o disco com regularidade. Por norma, apesar de reconhecer que foi uma marco importante no panorama musical açoriano, que me orgulho de ter feito parte, não tenho por hábito revisitar com nostalgia a história.

Que memórias guardas do processo que antecedeu a gravação do trabalho?

Há 25 anos tudo era uma novidade, uma aventura, uma nova experiência, principalmente quando és um jovem à descoberta, sem qualquer tipo de compromisso. No entanto, tínhamos a plena consciência do trabalho que queríamos fazer, trabalho este pautado pelo melhor compromisso, seriedade e profissionalismo possível à data. Todavia, recordo que foi um processo que surgiu com a actuação no Festival Maré de Agosto, quando tivemos a oportunidade de conhecer o Brian Martin que havia trabalhado com o Sting. Lançamos-lhe o desafio de produzir e gravar o nosso disco e ele aceitou. Após um longo processo em arranjar verbas, com a ajuda de algumas empresas locais, e da família, tornou-se possível alugar um espaço para montar o estúdio e iniciarmos o trabalho. Relembro que a logística associada à vinda do Brian Martin para os Açores foi o aspecto mais complexo, que só foi possível graças a várias entidades públicas e privadas. Todo o processo que se seguiu foi “música”. Posso afirmar que foi um processo que todos trataram com grande entusiasmo.

E no que respeita à gravação em si, foi um processo fácil?

Não há gravações fáceis nem difíceis. O estúdio baseia-se, também, num processo criativo, embora já leves algumas ideias pré-concebidas. Associo o estúdio a um laboratório criativo, onde se testam várias coisas, e onde se efetuam diversas alterações aos temas propostos. Num local onde se debate a melhor forma, a sonoridade mais adequada, a melhor fórmula, etc, não há lugar a dificuldades nem facilidades, mas sim à criatividade. As dificuldades só fazem parte após o lançamento do trabalho, pois consomem recursos que já pouco têm a ver com música, e aí é que não se esperam facilidades. internacional, e mesmo que a viéssemos a ter, iria ser difícil.

Lembras-te do que foi escrito sobre esse disco?

Não tenho um grande arquivo dos artigos dessa altura, apenas pequenas coisas, e como já passaram 25 anos recordo-me de pouco ou quase nada. No entanto, tenho a sensação que a nível nacional o que foi escrito pela imprensa dedicada era positivo.

Ainda na tua opinião, com a ressalva de que todos são diferentes, qual o teu disco preferido de Classic Rage, e porquê?

Na tua opinião e à distância que o tempo nos separa, como vês a carreira da banda, no geral, a nível nacional e internacional?

Há distância que o tempo nos separa, encaro a carreira da banda como uma referência a nível regional, e de certa forma com um feedback muito positivo a nível nacional.A nível internacional, apesar de ter havido oportunidade de carreira e mercado na Alemanha para os Classic Rage, tenho pouco a dizer. Trata-se de um mercado repleto de bandas e projetos, sendo que o público é cada vez mais disperso pelos diversos géneros. É difícil. Não sei o que os restantes elementos da banda pensam, mas não considero que tenhamos uma carreira

Todos são diferentes, de épocas diferentes, de realidades diferentes, e como tal com uma história diferente. Porém, o disco que mais me marcou foi o “All Right’s Reserved”. Em primeiro lugar porque foi produzido pelo Tommy Newton, uma referência como músico e produtor para todos nós. Recorde-se que foi um dos responsáveis pelos maiores sucessos da mítica banda “Helloween”. O facto de termos conhecido e trabalhado com músicos de enorme talento na Alemanha, durante 1 mês, foi efetivamente uma experiência única e enriquecedora. Aí podemos perceber a grandeza do mercado internacional, as dificuldades de aí entrar, da qualidade das bandas que ali abundam, e da "pequenês” que é o mercado Português. Tens que sair do país para os grandes mercados para entender isto. Regressamos conscientes da realidade que muito desconhecem, porém mais maduros e profissionais. Ainda hoje, considero que o álbum tem um som de grande qualidade em que se pode elevar os decibéis sem grande dificuldade. Hoje em dia, tens noção da real importância que a banda teve na altura?

Sem que isto ocupe muito a minha forma de estar e de ser, uma vez que não dou muita importância ao assunto, considero que há 25 anos éramos uma referência. Fomos audazes, corajosos, e comprometidos com a nossa audiência. Contudo, acho engraçado, e humildemente estranho, pessoas que desconheço me abordarem com recordações da banda, e com votos que regressemos um dia em formato “Classic Rage Reunion”. Pelo menos para esta geração, fico feliz por termos feito parte do passado destas “gentes" com a nossa música.

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