CCM Dezembro 2023 | Janeiro 2024

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Corte & Conformação de Metais – Dezembro2023/Janeiro2024

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Sumário

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Tudo sobre prensas

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Guia I Máquinas para corte por jato de água

Guia II

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Produtos e sistemas de segurança para máquinas

Seções Notícias................................................ 6 Literatura ........................................... 19 Produtos ............................................ 20

Capa Operação de corte por jato de água. Diaconu94Ana/ Shutterstock Arte final: Vanessa C. Silva

Indice Trumpf ........................................2ªCapa

As opiniões expressas nos artigos assinados não são necessariamente as adotadas por Corte e Conformação de Metais, podendo mesmo ser contrárias a estas.


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Carta ao leitor Mais recursos digitais para auxiliar processos industriais

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busca pela otimização de operações no chão de fábrica está fazendo com que núcleos de desenvolvimento de sistemas e ferramentas

digitais para a indústria metalmecânica apresentem soluções interessantes para o setor de corte e conformação. Graças a alguns deles, pertencentes a conglomerados empresariais ou instituições de pesquisa que atuam de forma independente, já existe tecnologia para, por exemplo, o mapeamento da deformação da superfície de fixação de ferramentas em prensas, bem como para monitoramento da qualidade de peças metálicas submetidas à estampagem profunda. Um outro exemplo diz respeito a uma solução apresentada recentemente pelo Instituto Fraunhofer de Engenharia de Produção e Automação (IPA), de Stuttgart (Alemanha), que criou um sistema capaz de efetuar a análise do potencial de automação de diferentes processos industriais e, inclusive, de soldagem, dobramento e conformação. Trata-se de um serviço que passou a ser oferecido pelo instituto e que atende a empresas do mundo todo. Esses sistemas e ferramentas úteis a profissionais da cadeia produtiva que enfrentam os desafios do processamento de chapas, perfis e tubos metálicos estão entre os temas abordados na seção Notícias desta edição de Corte e Conformação de Metais, que inicia na página 6. Há também nesta seção novidades relacionadas a recursos que tornam possível a integração de diferentes departamentos envolvidos no projeto de produtos feitos a partir de chapas metálicas, assim como a combinação de laser e arco elétrico na soldagem de peças de grande porte, ou ainda, o aumento da eficiência de linhas de pintura eletrostática de veículos elétricos. Também nesta edição, na seção Tudo sobre prensas, que é elaborada em parceria com Natal Pasqualetti Neto, estão informações sobre a fixação da ferramenta no martelo de prensas. Além de propiciar o entendimento do processo, o domínio dessas informações evita a ocorrência de danos à máquina e também ajuda a evitar acidentes. Convidamos a todos a conferirem mais conteúdo em nosso site:

https://www.arandanet.com.br/revista/ccm E também a se inscreverem para receber a newsletter quinzenal com as notícias do setor: Adalberto Rezende Redator adalberto@arandaeditora.com.br

DIRETORES Edgard Laureano da Cunha Jr., José Roberto Gonçalves e José Rubens Alves de Souza (in memoriam) REDAÇÃO Diretora de redação: Hellen Corina de Oliveira e Souza Editor técnico: Antonio Augusto Gorni Redator: Adalberto Rezende (MTb 78.879) Jornalista responsável: Hellen Corina de Oliveira e Souza (MTb 21.799) Secretaria de redação/Pesquisa: Milena Venceslau PUBLICIDADE Gerente comercial: José Roberto Gonçalves São Paulo e Rio de Janeiro Luci Sidaui – Cel. n (11) 98486-6198, luci@arandaeditora.com.br Dora Bandelli - Cel. (11) 95327-6608, dora.bandelli@arandaeditora.com.br Ariane Ribeiro - Cel. (11) 99101-5045, ariane.ribeiro@arandaeditora.com.br Minas Gerais Oswaldo Alipio Dias Christo Rua Wander Rodrigues de Lima, 82, cj. 503 – 30750-160 – Belo Horizonte (MG) Tel. (31) 3412-7031, Cel. (31) 9975-7031, oadc@terra.com.br Paraná e Santa Catarina Romildo Batista Rua Carlos Dietzsch, 541, cj 204E – 80330-000 – Curitiba (PR) Tel. (41) 3501-2489/3209-7500, Cel. (41) 9728-3060, romildoparana@gmail.com Rio Grande do Sul Maria José da Silva Tel. (11) 2157-0291, Cel. (11) 98179-9661 e-mail: maria.jose@arandaeditora.com.br INTERNATIONAL ADVERTISING SALES REPRESENTATIVES China: Mr. Weng Jie – Hangzhou Oversea Adv Ltd 596 Tiyuchang Rd., Hangzhou, Zhejiang 310007, China Tel.: (+86 571) 87063843, jweng@foxmail.com, wj@hz.cn Germany: IMP InterMediaPro e K. – Mr. Sven Anacker Starenstrasse 94 46D – 42389 Wuppertal Tel.: (+49 202) 373294 11, sa@intermediapro.de Italy: QUAINI Pubblicità – Ms. Graziella Quaini Via Meloria 7, 20148 Milan Tel.: (+39 2) 39216180, grquaini@tin.it Japan: Echo Japan Corporation – Mr. Ted Asoshina Grande Maison Room 303, 2-2, Kudan-kita 1-chome, Chiyoda-ku, Tokyo 102-0073, Japan Tel.: (+81 3) 3263-5065, e-mail: aso@echo-japan.co.jp Korea: JES Media International – Mr. Young-Seoh Chinn 2nd fl, Ana Blsdg, 257-1 Myungli-Dong, Kangdong-Gu, Seoul 134-070, Tel.: (+82 2) 481-3411, jesmedia@unitel.co.kr Switzerland: Mr. Rico Dormann, Media Consultant Marketing Moosstrasse 7, CH-8803 Rüschlikon Tel.: (+41 1) 720-8550, beatrice.bernhard@rdormann.ch Taiwan: WORLDWIDE Services Co. Ltd. – Mr. Robert Yu 11F-B, Nº- 540, Sec. 1, Wen Hsin Road, Taichung Tel.: (+886 4) 2325-1784, global@acw.com.tw UK: Robert G Horsfield International Publishers – Mr. Edward J. Kania Daisy Bank, Chinley, Hig Peaks, Derbyshire SK23 6DA Tel.: (+44 1663) 750-242, Cel.: (+44 7974) 168188 – ekania@ btopenworld.com USA: Ms. Fabiana Rezak – 2911 Joyce Lane, Merrick, NY 11566, Tel.: (1 516) 858-4327, arandausa@gmail.com ADMINISTRAÇÃO Diretor: Edgard Laureano da Cunha Jr. Gerente: Rosilene de Paiva Branco Circulação: Clayton Delfino PRODUÇÃO GRÁFICA Projeto: Antonio Marcelo Chaves – marcelo@magicart.com.br Editoração eletrônica: Vanessa C. da Silva Assistente de produção: Talita Silva SERVIÇOS Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Distribuição: ACF – Ribeiro de Lima Corte e Conformação de Metais, revista brasileira que aborda o projeto e a produção de peças a partir de chapas e tubos metálicos, é uma publicação mensal de Aranda Editora Técnica e Cultural Ltda. ISSN 1808-351X Redação, Publicidade, Administração e Correspondência Alameda Olga, 315 – 01155-900 – São Paulo – SP – Brasil Tel. +55 (11) 3824-5300 – +55 (11) 3666-9585 infoccm@arandanet.com.br www.arandanet.com.br CCM é enviada gratuitamente para 12.000 leitores qualificados de empresas diretamente ligadas às atividades de corte e conformação de metais.


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Carta ao leitor


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Notícias Estampagem profunda. Sistema monitora a qualidade de peças em segundos

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Schuler desenvolveu um recurso de monitoramento de bordas no processo de estampagem profunda que permite avaliar imediatamente a qualidade de peças de geometria difícil de atingir. Utilizando simulação de conformação, a ocorrência de flanges e bordas em locais críticos pode ser determinada antecipadamente e comparada com os valores obtidos na prática, a partir da captação de imagens com câmeras montadas no espaço da prensa. As informações associadas, juntamente com um número de identificação exclusivo de cada peça, são armazenadas em um banco de dados. Com base nesses dados, modificações no processo ou alterações nas forças de lubrificação e de estampagem podem ser feitas mesmo antes que a peça apresente defeitos de qualidade visíveis, tais como rachaduras ou dobras. A estampagem profunda de peças com raios pequenos é um processo de conformação de metais especialmente exigente, no qual o fluxo insuficiente de material pode ocasionar redução abrupta da espessura e, consequentemente, rachaduras na peça. Por outro lado, se houver material fluindo em excesso, o dobramento pode ser uma consequência indesejada, e o material restante após o processo de conformação afeta diretamente a qualidade da peça. Antes do desenvolvimento do sistema de simulação e monitoramento, era necessário usar matrizes especiais com recursos para medição de fluxo de material integrados e as conexões adicionais necessárias para isso. O

novo sistema de monitoramento, apresentado pela Schuler durante a feira Blechexpo, realizada em 2023 em Stuttgart (Alemanha), oferece em segundos dados sobre a qualidade da peça produzida. Uma linha equipada com esses recursos já está em operação na Smart Press Shop, uma joint venture entre a Porsche e a Schuler em Halle (Alemanha).

Combinando recursos de simulação e comparação com dados de processo, a Schuler criou um sistema de monitoramento da estampagem profunda que afere em questão de segundos a qualidade das peças produzidas. Imagem: Schuler

Nova suíte do SigmaNEST 24 conecta CAD/CAM, chão de fábrica e sistemas comerciais

A

SigmaNEST, desenvolvedora de sistemas CAD/CAM, para chão de fábrica e para o ambiente de negócios no setor de fabricação metálica, anunciou a versão 24 do seu pacote de software. A empresa é representada no Brasil pela SigmaTEK (Campinas, SP), e informou que a nova versão oferece aos fabricantes as ferramentas para alcançar maior produtividade em toda a

fábrica, proporcionando maior integração de software, uma interface de usuário mais eficaz e aprimoramentos de CAD/CAM que geram resultados mais previsíveis e de alta qualidade. Para processos de corte a laser, plasma, oxicorte e similares, o SigmaNEST 24 agora pode definir a sequência do perfil da peça sempre que ela for cortada. Essa configuração reduz o esforço de programação, melhora a confiabilidade do processo e produz resultados de corte mais previsíveis. Foram adicionados ainda recursos para reconhecimento automático de ferramentas, otimizando os limites de punções, por exemplo, para criar um arranjo mais preciso e consistente, resultando em melhor estabilidade da chapa, maior rendimento e qualidade das peças, com maior tempo de atividade da máquina.

Compartilhamento de dados de dobra

Uma nova integração do módulo SigmaBEND melhorou a transferência automática de dados de dobramento para a criação de peças, estimativa de tempo e orçamento no ambiente fabril conectado. Os programadores de dobra podem assim ter um fluxo de trabalho mais rápido para importar peças dentro do SigmaNEST, juntamente com dados como número de dobras, materiais e tempo de ciclo para peças únicas ou em lote. Os dados são transferidos para os orçamentistas para uma cotação precisa e para os gerentes de produção para facilitar a supervisão. A automatização


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A sequência de corte pode ser aplicada durante toda a vida útil da peça, em qualquer máquina. Imagem: SigmaNEST

dessa transferência de dados elimina possíveis erros decorrentes da entrada manual. Já o novo SigmaTUBE 24 para Solidworks se integra completamente à plataforma SigmaNEST, com um novo e poderoso mecanismo de acesso ao sistema de trabalhos e inventário, além de recursos aprimorados de orçamento, programação e gerenciamento de carga. A integração é transferida para o chão de fábrica com o aplicativo TUBE Feedback, que permite que os operadores de máquinas sinalizem os tempos de corte reais e reordenem as peças cortadas incorretamente. A integração de materiais tubulares e lineares ao banco de dados permite também que eles façam cotações com base em custos, alocando sucata como estoque disponível. Esses dados podem ainda ser vinculados a sistemas comerciais para orçamento e reconciliação de custos. Outros aprimoramentos do sistema incluem a possibilidade de configurar toda a gama de transações de dados para atualizar sistemas ERP sob demanda e a expansão da caixa de diálogo para proporcionar maior visibilidade dos dados para o programador do comando numérico, de modo que ele possa lidar com vários projetos ao mesmo tempo. Usuários da versão beta do sistema

O SigmaBEND importa automaticamente os dados de dobra para a criação de peças, estimativa de tempo e orçamento no SigmaNEST. Imagem: SigmaNEST

relataram que a nova janela de tarefas reduz a programação a uma pequena fração do tempo necessário para programar cada trabalho individualmente. A versão 24 também oferece aprimoramentos no software do sistema comercial. O SigmaMRP agora permite a configuração de vários endereços para a entrega de um cliente, bem como a aplicação automática da taxa de imposto local para a entrega nos locais prédeterminados.

Nova distribuidora de máquinas de corte a laser

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chinesa JFY iniciou no final de 2023 uma parceria com o grupo Molgroup, por meio de sua subsidiária brasileira Máquinas e Soluções (São Paulo, SP) para que esta se torne responsável pela estrutura da JFY Brasil, atuando na distribuição de equipamentos e dando apoio na prestação de serviços e fornecimento de peças de reposição, especialmente no segmento de máquinas para corte a laser. A Máquinas e Soluções faz parte do Molgroup, fundado na Argentina em 1906, e está presente também no Chile, Peru e Colômbia. Estabeleceu-se no Brasil em 2008, criando uma

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estrutura para o fornecedor com soluções completas para diversos segmentos da indústria. A empresa é responsável pela distribuição de algumas das principais marcas da indústria metalmecânica, tais como Gleason, Haas, Okuma, Zeiss, Soraluce, Geminis, Famar, Mikron, Moltech, Sinapsis e Meltio. A matriz da JFY está sediada em Yangzhou, China, e possui uma das maiores fábricas do Grupo TRUMPF. Desde a sua criação em 1996, a JFY tem estado entre os principais fornecedores de tecnologia para processos de dobramento de chapas, máquinas a laser e puncionamento, com uma forte atuação em pesquisa e desenvolvimento. Desde a sua aquisição pela TRUMPF, em 2013, seu portfólio tem sido continuamente ampliado com tecnologia de ponta, incluindo produtos de automação e soluções de software. A empresa possui atualmente mais de 30 mil equipamentos instalados e comercializa cerca de 2.500 máquinas/ano. A nova parceria visa ampliar a estrutura da JFY no mercado nacional, principalmente no que se refere ao suporte técnico e comercial.

A JFY International nomeou a Máquinas e Soluções como distribuidora no Brasil dos seus equipamentos para o setor metalmecânico. Imagem: JFY


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Notícias Nova Indústria Brasil abre espaço para o crescimento do setor metalmecânico

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anúncio do Nova Indústria Brasil (NIB), programa criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e chancelado pelo Governo Federal no último dia 22 de janeiro, promete aquecer as atividades de muitos segmentos industriais, com destaque para o metalmecânico, presente em todos os pilares da nova política. O NIB, com orçamento de R$ 300 bilhões até 2026, quantia a ser gerida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), traça objetivos para o desenvolvimento da indústria com impacto em seis pilares: cadeias agroindustriais, saúde, cidades, transformação digital da indústria, bioeconomia/transição energética e defesa. A perspectiva de juros e spread bancário mais baixos provocou reações positivas de diversos setores. Em todos eles é possível identificar a necessária contribuição do setor metalmecânico, que poderá se beneficiar da política de fomento às atividades produtivas. De acordo com informações da Agência Brasil, foram estabelecidas para o período de 2024 a 2033 as seguintes missões, que são comentadas para contextualizar a participação do setor metalmecânico:

1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais: – aumentar para 50% a participação da agroindústria no PIB agropecuário;

– alcançar 70% de mecanização na agricultura familiar; – fornecer pelo menos 95% de máquinas e equipamentos nacionais para agricultura familiar. Neste caso, o fomento às atividades industriais associadas ao agronegócio deverá resultar em maior demanda por equipamentos para beneficiamento de alimentos e fabricação de produtos alimentícios industrializados, onde a cadeia do aço inoxidável é protagonista em aplicações em razão da sua contribuição para um ambiente livre de impurezas.

2. Forte complexo econômico e industrial da saúde: – atingir 70% das necessidades nacionais na produção de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde. Nas tecnologias voltadas para a saúde também é possível haver participação no que se refere à fabricação de diversos equipamentos para laboratório baseados nos materiais metálicos.

3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis: – diminuir em 20% o tempo de deslocamento de casa para o trabalho; – aumentar em 25 pontos percentuais o adensamento produtivo (diminuição da dependência de produtos importados) na cadeia de transporte público sustentável. No setor de transporte público é facilmente identificável o impacto em atividades como de estampagem de chapas, indispensáveis à construção de ônibus, trens e demais veículos.

4. Transformação digital da indústria:

– digitalizar 90% das indústrias brasileiras; – triplicar participação da produção nacional no segmento de novas tecnologias. Embora um tanto genérica, a proposta abarca todos os processos produtivos, incluindo os metalmecânicos, para os quais já estão disponíveis muitas tecnologias digitais capazes de aumentar a produtividade e a competitividade das empresas.

5. Bioeconomia, descarbonização, e transição e segurança energéticas:

– cortar em 30% a emissão de gás carbônico por valor adicionado do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria; – elevar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes; – aumentar o uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em 1% ao ano. O segmento de biocombustíveis também é usuário intensivo de chaparia e produtos caldeirados, usados no armazenamento de fluidos, a exemplo do que ocorre na indústria do hidrogênio verde e do biodiesel. Este último, por sinal, é objeto de um planejamento que prevê a antecipação do calendário de aumento de mistura do biodiesel ao diesel, passando dos 12% em abril de 2023 para 14% em março de 2024 e para 15% a partir de 2025.

6. Tecnologias de interesse para a soberania e a defesa nacionais: – autonomia de 50% na produção de tecnologias críticas para a defesa. Este último pilar reserva um grande potencial para a atuação


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da indústria metalmecânica, na construção de equipamentos a serem usados pelas Forças Armadas.

A reação do mercado

Nos dias que se seguiram ao anúncio do NIB, muitas instituições se pronunciaram oficialmente a respeito das medidas. Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) declarou apoiar a aprovação pelo Congresso Nacional dos projetos que fazem parte da nova Política Industrial, dentre eles a Depreciação Acelerada e a criação da LCD – Letra de Crédito do Desenvolvimento, que tendem a favorecer os investimentos. “Também apoiamos a política de financiamentos para o programa ‘Indústria Exportadora’– BNDES Exim Bank, com linhas de financiamento voltadas ao apoio à exportação, incluindo a exportação de serviços”, anunciou a entidade. Já o Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI), destacou entre as metas específicas a proposta de aumentar a participação do setor agroindustrial no PIB agropecuário de 23% para 50%. “Esse crescimento não apenas fortalecerá a economia, mas também contribuirá para a segurança alimentar da população. Da mesma forma, a ampliação da mecanização dos estabelecimentos de agricultura familiar e a garantia de 95% do mercado de máquinas com produção nacional evidenciam o compromisso com a valorização do setor agrícola”, declarou Joseph Couri, presidente da instituição, destacando ainda a importância das demais missões em áreas como saúde, infraestrutura, saneamento, mobilidade e moradia. “Estas medidas representam um impulso significativo para fortalecer a micro e pequena indústria. O Nova Indústria Brasil emerge como uma trajetória promissora. Com

o financiamento de 4% ao ano e spread bancário de no máximo 2% ao ano, espera-se não apenas viabilizar um ritmo semelhante ao do agronegócio, mas também aumentar consideravelmente a competitividade internacional”, comentou Couri. Para João Visetti, CEO da TRUMPF Brasil, fabricante de máquinas para o processamento de chapas metálicas, o programa tem potencial para solucionar um grande entrave para as empresas brasileiras, que é o custo do capital, tendo em vista que fontes de financiamentos mais abundantes e mais baratas tendem a facilitar o acesso a equipamentos mais novos e produtivos. Para ele, a ênfase na industrialização do agronegócio, assim como a meta de mecanização de 70% das atividades da agricultura familiar, são fortes impulsos para o setor de máquinas. “Tudo pode ser feito, a questão é a que custo e com qual tecnologia”, comentou. Outro ponto importante, de acordo com Visetti, é a qualidade dos investimentos que serão feitos. “O sucesso vai depender da consistência na implementação das medidas. Fala-se muito em transformação digital, por exemplo, mas o mais importante é saber transformar as informações a que se tem acesso em ferramentas para a produtividade, o que esbarra no nosso sistema educacional deficiente “, ponderou. O executivo destacou um item crucial constante do detalhamento das medidas, que é a destinação de R$ 3,4 bilhões do orçamento para o Programa de Depreciação Acelerada, que permite o abatimento mais rápido no Imposto de Renda dos investimentos feitos na produção. Normalmente este abatimento ocorre no prazo de 25 anos, mas de acordo com o novo programa, o valor das máquinas adquiridas a partir de 2024 poderá

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ser abatido em apenas dois anos (50% no primeiro e 50% no segundo). João destaca que este mecanismo fiscal é bastante usado em países europeus, fomentando a aquisição de bens industriais.

A indústria metalmecânica está presente nos seis pilares do programa Nova Indústria Brasil, tanto no fornecimento de maquinário quanto de bens intermediários necessários à implementação das medidas anunciadas pelo Governo Federal. Imagem: Shutterstock

Software mapeia a deformação da superfície de fixação de ferramentas em prensas

O

s altos custos envolvidos no projeto, desenvolvimento e confecção de ferramentas de estampagem incluem com frequência um extenso retrabalho manual até que a superfície em que elas serão instaladas apresente a qualidade desejada. Este processo também consome um tempo precioso das rotinas de produção, especialmente quando é preciso considerar a deformação elástica das superfícies de fixação, um dos fenômenos mais difíceis de observar e controlar na conformação metálica. Em busca de processos de estampagem mais produtivos e com mais qualidade, o Instituto Fraunhofer de MáquinasFerramenta e Tecnologia de Conformação (IWU) criou o


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Notícias Pesquisadores desenvolveram um sistema capaz de mapear a deformação elástica das superfícies de fixação de ferramentas em prensas. A versão demo gratuita pode ser baixada e testada. Imagens: Fraunhofer IWU

software PRESSMate, definido como uma espécie de gêmeo digital dos processos de estampagem, que mapeia o comportamento de deformação elástica da superfície de fixação da prensa e pode ser usado para simulações e estudos de variantes do processo de estampagem. O software pode ser usado para analisar o retorno elástico das superfícies de fixação para ferramentas individuais. A base é um modelo matemático especial construído independentemente do projeto individual ou da montagem da mesa da prensa. Este modelo pode ser calibrado a partir da inserção de dados de medição ou simulação das propriedades da prensa, funcionando para qualquer combinação ferramenta/prensa. Atualmente, isso é feito por métodos e valores empíricos com os quais as superfícies efetivas das ferramentas de prensagem são ajustadas geometricamente a partir das propriedades de deflexão, as quais só são conhecidas em casos raros. Usando uma rotina de medição testada e comprovada, os especialistas do Fraunhofer IWU caracterizaram máquinas conformadoras para poder trabalhar com diferentes perfis de maquinário. No caso de realocações de ferramentas, o PRESSMate também ajuda a definir se convém utilizar ferramentas já existentes em outras instalações da empresa. Caso sejam necessárias análises complexas usando o método dos elementos finitos (FEM), o sistema possui também funções de exportação que permitem,

entre outras ações, emitir os modelos de prensa calibrados como um modelo para integração em software de simulação de conformação, ou ainda, fornecer os valores de deflexão determinados para processamento posterior. Uma versão demo gratuita está disponível para download pelas empresas interessadas pelo link: https://www.iwu.fraunhofer. de/de/projekte/PRESSMateanalysetool-zur-bewertung-derpressendurchbiegung.html.

A melhor tocha de soldagem é a que atende à sua demanda

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ual tocha de soldagem devo usar nos processos produtivos da minha empresa? Essa é uma dúvida recorrente no dia a dia de companhias do setor metalmecânico e, inclusive, de empresas que realizam trabalhos sob encomenda, conforme comentou Jeferson Godinho, especialista em segmento da unidade Perfect Welding da Fronius do Brasil, que concedeu entrevista à Corte e Conformação de Metais. Analisar as características técnicas da tocha e o tipo de aplicação é o primeiro passo. Na opinião do entrevistado, quando o assunto

é otimização de processos de soldagem, a recomendação é que no momento da escolha da tocha o usuário atente para qual modelo atenderá melhor às suas necessidades como, por exemplo, se a tocha é refrigerada a água ou a gás, um tipo de característica que faz toda a diferença no chão de fábrica. Ele explicou: “Para trabalhos de soldagem que envolvem alto ciclo é recomendado o uso de tochas refrigeradas a água, já que o uso de tochas refrigeradas a gás, em casos como este, pode levar à ocorrência de danos ao equipamento”. Ainda no que tange ao uso de tochas com diferentes sistemas de refrigeração, Jeferson comentou que um fator que deve ser levado em consideração é que “os sistemas de refrigeração a gás levam à redução da vida útil dos consumíveis”, o que, nas palavras dele, “impacta diretamente nos custos dos processos produtivos”. Sobre este assunto, o especialista comentou que há disponíveis para comercialização diferentes tipos de consumíveis revestidos por películas de cobre, uma característica importante a ser considerada quando a questão é “proteção contra as intempéries típicas do chão de fábrica”, completou.

Atenção ao design e peso da tocha

Outro fator que deve ser levado em conta é o design e o peso da tocha a ser utilizada. A análise dessas características é muito importante, pois, conforme exemplificou o entrevistado, “o profissional de soldagem pode se deparar com trabalhos que requeiram a soldagem em áreas de difícil acesso como, por exemplo, na parte interna de tubos metálicos, ou na parte de baixo de peças suspensas. Ou seja, o soldador terá de se adaptar ao design e ao peso do equipamento para que a operação ocorra da melhor forma”.


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E sobre a adaptação ao design e ao peso da tocha, até o controle da respiração influencia no trabalho, já que, segundo Jeferson, respirar de forma incorreta pode levar à oscilação das mãos. “Eu preciso respirar de maneira correta se eu quiser produzir um bom cordão de solda, principalmente se for o caso de operações críticas como soldagem subaquática, e/ou em locais que limitam a movimentação das mãos”, explicou.

Como conservar o equipamento

Boas práticas de conservação das tochas também foram recomendadas por Jeferson, como manter o equipamento sempre limpo: “Pode ocorrer de no momento da aplicação do produto anti respingo na tocha o operador coloque a pasta protetora, um tipo de produto muito usado na indústria metalmecânica, em excesso. Com o tempo, a pasta acumulada vai causar danos à tocha”. Ele concluiu com alguns exemplos: “Isso pode prejudicar a passagem do arame e a saída do gás na tocha, e ainda, provavelmente, isso vai prejudicar a qualidade do cordão de solda a ser confeccionado que pode apresentar porosidade, o que afeta a sua resistência mecânica”.

Especialista em soldagem comenta sobre as características de tochas e critérios que devem ser levados em conta no momento da aquisição desses equipamentos. O controle da respiração e das mãos também é critério para uma boa soldagem. Imagem: Fronius

Dürr instala linha de pintura para 60 automóveis elétricos/hora

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grupo Dürr (Alemanha), que tem unidade brasileira em São Paulo (SP), desenvolveu uma linha de pintura eletrostática para a fabricante chinesa de veículos elétricos Seres, em Liangjiang (Chongqing), tendo como foco um processo de produção altamente eficiente em termos de consumo de energia e demais recursos. O processo de imersão rotativa mecânica RoDip® M, desenvolvido pela Dürr, é caracterizado por poupar energia durante o pré-tratamento e pintura por eletrodeposição catódica de carrocerias de veículos. Possui movimentação por rotação em 360 graus, girando as carrocerias em torno de seus próprios eixos, o que elimina a necessidade de uma seção de saída inclinada nos tanques de imersão. Esta inovação poupa até seis metros de comprimento por tanque, em comparação com a tecnologia de transportador de pêndulo, reduzindo o uso de água, produtos químicos e de energia. A Dürr desenvolveu e instalou também um sistema de purificação da planta e do ar de exaustão, bem como o software que o controla. A nova linha de pintura na fábrica de Liangjiang tem capacidade para produzir 60 veículos por hora, atendendo aos planos da companhia de se tornar um importante player no mercado europeu de veículos elétricos. “Para atendermos aos requisitos de um processo de produção capaz de poupar recursos e energia, usamos produtos especialmente sustentáveis da engenharia de fábrica e ambiental e instalamos nossa solução de gerenciamento de energia DXQ”, explicou Yu Lin,

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Vice-Presidente do setor de pintura e montagem final na Dürr China.

Separação utilizando papel

No futuro, a Seres utilizará o sistema de separação a seco EcoDry X para a remoção do excesso de tinta, baseado em filtros de papelão descartáveis e facilmente substituíveis que eliminam a necessidade de água e produtos químicos. A separação a seco reduz a necessidade de ar fresco, recirculando quase 90% do ar e proporcionando uma redução substancial no consumo de energia na cabine de pintura. A empresa também está definindo padrões para controle de emissões. Para eliminar os compostos orgânicos voláteis (VOCs) do ar de exaustão, as cabines de pintura são equipadas com um sistema compacto de controle de poluição. O ar de exaustão tem purificação adicional com o uso de um sistema de concentração de VOCs altamente eficiente, em combinação com o sistema de oxidação térmica recuperativa Oxi.X TR TAR, que opera a jusante. A ação desse sistema, de acordo com informações da Dürr, resulta em redução de até 15% no consumo de energia, com a possibilidade de o ar de exaustão das estufas ser purificado através de um sistema integrado pósqueima, com recuperação de calor, que é então utilizado pelo sistema de aquecimento da estufa.

Produção monitorada e desenho modular

O software DXQcontrol, desenvolvido pela Dürr para gerenciar as linhas de pintura, rastreia totalmente o ciclo de vida de cada carroceria, enquanto a ferramenta DXQenergy oferece uma visão geral transparente do consumo de energia e de mídia em toda a fábrica ou para áreas


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Notícias específicas. Dessa forma, a solução de gerenciamento de energia permite identificar rapidamente os principais consumidores no nível da fábrica. Já o módulo DXQequipment.maintenance monitora quando componentes individuais, como bombas, válvulas ou filtros, exigem manutenção. A tecnologia empregada na fábrica da Dürr foi projetada de forma modular, permitindo a conclusão do projeto da Seres em apenas nove meses, desde o recebimento do contrato até o início da produção.

Desenvolvedora de sistemas de pintura, a Dürr instalou uma linha de alta eficiência na montadora chinesa Seres, com capacidade para a produção de 60 veículos elétricos por hora, boa parte destinada ao mercado europeu. Imagens: Dürr

Plataforma integra laser e arco elétrico no trabalho com peças de grande porte O Instituto Fraunhofer de Tecnologia de Produção (IPT) desenvolveu um robô industrial que integra ferramentas para a execução de três processos com a finalidade de unir, reparar ou funcionalizar peças e superfícies metálicas. O equipamento, um modelo disponível comercialmente, executa a estruturação por feixe de laser e também a soldagem por deposição a laser e a arco, de forma precisa, em componentes feitos de metal com dimensões de até 2.500 x 4.000 mm. O cabeçote multitarefa é baseado em um sistema otimizado da Fronius Deutschland GmbH e foi integrado em um robô industrial com o objetivo de desenvolver cadeias de processos adaptáveis e eficientes em projetos de pesquisa e desenvolvimento, juntamente com a indústria, que possam ser integrados de maneira econômica em ambientes de produção existentes. As aplicações incluem a produção, o revestimento e o reparo de componentes metálicos em uma ampla superfície de trabalho e com a alta mobilidade do braço do robô, que permitem acomodar itens como pás de rotores de usinas hidrelétricas. Uma combinação das tecnologias também é possível sem a necessidade de fixar novamente o componente: trocando o cabeçote de processamento é possível combinar um processo aditivo como soldagem por deposição a laser, e um ablativo, como a estruturação.

Para poder competir com os sistemas de alta precisão já existentes, o cabeçote de estruturação do laser foi otimizado para detectar automaticamente desvios de posição e corrigilos de forma independente. Para a soldagem por deposição a arco, o Fraunhofer IPT está atualmente desenvolvendo e testando planejamento de trajetória totalmente digitalizado. Neste caso, um software de planejamento vai detectar e compensar automaticamente as flutuações do processo usando dados obtidos de sensores integrados e processados e usando algoritmos de aprendizagem de máquina.

Projeto do Instituto Fraunhofer de Tecnologia de Produção integra tecnologias a laser e a arco na fabricação de componentes metálicos de grande porte. Imagem: Fraunhofer



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Corte & Conformação de Metais – Dezembro2023/Janeiro2024

Guia I

Máquinas para corte por jato de água

Flow Waterjet (11) 99805-7820 flowlatino@flowcorp.com

Velocidade de deslocamento (m/min)

Finlândia

Repetibilidade (mm)

Finepart (*) www.finepart.com info@finepart.com

Pressão de operação (bar)

Dardi (11) 94137-6563 diretoria@dardi.com.br

Área de trabalho (mm)

Espessura máxima da chapa (mm)

Importada País

CNC

Fabricante Telefone E-mail

Convencional

O corte por jato de água oferece claras vantagens sobre os outros métodos de corte, conforme o tipo de aplicação. Por ser um processo a frio, elimina a deformação por escória e dejetos que surgem na zona afetada pelo calor nos processos de corte térmico. Este guia detalha a oferta de máquinas para corte por jato de água no mercado brasileiro, listando seus fornecedores e os principais dados técnicos dos modelos que eles comercializam.

Precisão (mm)

1.300 x 1.300 a 6.000 x 36.000

1 a 250

6.000

0,15

0 a 25

0,15

500 x 500

0,05 a 40

1.000 a 4.000

± 0,002

1.300 x 1.300 a 13.000 x 2.000

até 300

3.500 a 6.500

± 0,064 a ± 0,020

10 a 18

0,076 a 0,038

± 0,0025

Jet Tek (54) 99121-3072 vendas@jettek.com.br

Jetstream, China

1.250 x 1.250 a 6.000 x 2.500

100

4.000

0,015

10

0,015

Omni CNC (*) www.omni-cnc.com sales@omni-cnc.com

China

1.300 x 2.500 a 2.000 x 12.000

1 a 200

380 a 420

0,05 a 0,02

304 a 381

0,03 a 0,05

3.000 x 2.000 a 600 x 600

250

4.137

0,03

12

0,1

500 x 500 a 4.500 x 12.500

300

4.150 a 6.200

0,05 a 0,02

20 a 40

0,05 a 0,03

1.000 x 1.000 a 2.000 x 12.000

100 a 300

3.000 a 4.200

0,01

0,1 a 6.000

0,03 a 0,1

Technos Prime (11) 96232-0001 waterjet@technosprime.com.br Teenking (*) www.tkwaterjet.com info@teenking.com.cn

China

Vichor (*) www.vichor.com sales@vichor.com

China

(*) A empresa procura por representante para o Brasil. Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 21 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Corte e Conformação de Metais, dezembro de 2023/janeiro de 2024.



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Tudo sobre prensas

Fixação da ferramenta no martelo Conhecer as diferentes características do processo de fixação de ferramenta no martelo da prensa, que se divide em manual, semiautomático e automático, ajuda a evitar danos à máquina e acidentes.

E

m uma prensa mecânica para estampagem são utilizadas várias ferramentas. A parte inferior da ferramenta é fixada na placa da mesa, ao passo que a sua parte superior é fixada na superfície inferior do martelo. A fixação da parte inferior é menos crítica, pois ela fica apoiada na placa da mesa. Além disso, seu próprio peso também ajuda a mantê-la na posição, e os fixadores irão garantir que ela não saia do lugar. A fixação da parte superior da ferramenta é crítica, pois a garra de fixação tem de suportar o peso da ferramenta e a energia cinética gerada pela movimentação do martelo. Já houve vários acidentes em que ocorreu a queda da parte superior da ferramenta. A fixação

Natal Pasqualetti Neto*

é feita através dos rasgos com formato de “T”, padronizados por norma, presentes na superfície inferior do martelo. Os sistemas de fixação podem ser divididos em três tipos: manual, semiautomático e automático.

Sistema manual A fixação manual é feita usando fixador roscado e porca. Este processo de fixação é demorado e ocasiona muito tempo “morto” de troca de ferramenta. Observem que a superfície do rasgo “T”, onde é apoiada a cabeça do fixador, é pequena. Como a força de fixação para suportar a ferramenta é grande,

temos uma tensão muito alta. σc = F / A σc = Tensão de compressão F = Força A = Área de contato Em função do exposto, não é permitido usar parafuso comum no lugar do fixador, pois a área de contato de um parafuso normal


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é muito pequena e teremos a chamada pressão de Hertz; o metal encrua e começa a soltar pedaços do rasgo “T”. É o mesmo que acontece, por exemplo, com a pista de um rolamento de esferas submetido a uma carga muito alta.

Sistema semiautomático O sistema de fixação semiautomático requer investimento, mas reduz o tempo morto de troca de ferramenta. Esta é uma boa opção para uma estamparia com recursos limitados. O primeiro passo é a instalação do sistema, sendo um dos mais comuns as garras hidráulicas. A unidade hidráulica é pequena e pode ser instalada diretamente no martelo. Estas garras são de precisão, e é necessário que as abas das ferramentas tenham a dimensão adequada para o seu uso. No caso de ferramentas já existentes, pode ser fabricada uma placa de adaptação que apresente dimensões adequadas à garra.

Neste caso, a ferramenta será fixada manualmente na placa de adaptação, e a fixação no martelo será feita através da placa. A garra fica em um suporte no martelo, e é necessário que o preparador a encaixe no rasgo “T” e mova-a até o ponto de fixação na ferramenta ou na placa de adaptação.

Sistema automático O sistema automático é o mais rápido para a fixação da ferramenta no martelo, porém tem um custo alto. As garras também são de precisão e é necessário que as abas das ferramentas tenham a dimensão adequada para o seu uso. A viabilidade deste investimento depende do fato de todo o sistema de troca de ferramenta da prensa ser automático. Neste caso, em uma prensa grande, teremos uma troca de ferramenta que vai durar cerca de 10 minutos. Geralmente, este é o sistema utilizado na estamparia das montadoras de veículos. No exemplo mostrado abaixo,

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imagem à direita, temos a garra instalada no rasgo “T”, mas com um sistema motorizado para movimentá-la até a ferramenta. O operador da prensa, ao apertar o botão “fixar garras”, faz com que o sistema de translação leve as garras até a ferramenta. Um sensor frontal detecta quando as garras chegam à ferramenta. Assim, o sistema para e faz a fixação. Na soltura da ferramenta, o operador, ao apertar o botão “soltar garras”, faz com que o sistema solte as garras, e então elas retornam à sua posição de repouso.

*Natal Pasqualetti Neto é engenheiro mecânico pós-graduado em Automação Industrial pelo Centro Universitário FEI (São Bernardo do Campo, SP). Sócio Proprietário da NATAL Treinamento e Consultoria – www.natal.eng.br.

Saiba mais sobre prensas na coluna “Tudo sobre prensas”, no site da Corte e Conformação de Metais: https://www.arandanet.com.br/ revista/ccm/noticias/58


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Guia II

Produtos e sistemas de segurança para máquinas

Autonics (11) 95777-9385 marketing@autonics.com.br

• •

• •

Sersim (54) 98128-3612 vendas@sersim.com.br

Siembra (19) 3826-2599 siembra@siembra.com.br

Stampco (11) 96505-0007 vendas@stampco.com.br

• •

• •

Obs.: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 100 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Corte e Conformação de Metais, dezembro de 2023/janeiro de 2024.

Válvulas de segurança pneumáticas

Válvulas de segurança hidráulicas

Tapetes e batentes de segurança

Sistemas de freio-embreagem

Sensores indutivos

Sensores fotoelétricos

Sensores capacitivos

Relés de segurança

Portas rápidas

Pedal de segurança

Poaflex (11) 97337-0621 vendas@poaflex.com.br

WEG (47) 3276-4000 automacao@weg.net

Monitores de área a laser (scanners)

Belgo Arames 0800 727 2000 belgo.protec@belgo.com.br Maksen (19) 99646-5220 vendas1@maksen.com.br

Enclausuramento (cercas, grades de proteção, telas, guarda-corpo)

Cortinas de luz

Controle de escorregamento para prensas

Contatores de segurança

Comando bimanual

Atos spa, Itália

CLP de segurança

Atos (11) 98691-3206 levalente@atos.com

Chaves de segurança

Fabricante País

Calços de segurança

Empresa Telefone E-mail

Botões de parada de emergência

Este guia traz informações sobre os equipamentos e sistemas de segurança para instalação em máquinas no segmento metalmecânico. Eles podem ser usados na proteção das máquinas de corte e conformação, evitando acidentes que podem significar tanto riscos para os operadores quanto paradas na produção.


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Serviços Literatura Trefilação de metais em novo manual

A Editora Blucher publicou o “Manual de trefilação – Abordagem prática”, de autoria de Aluizio Carlos Ferreira da Silva, que atua na gestão da área de trefilação da Siderúrgica Sinobras, no município paraense de Marabá, empresa que integra o Grupo Aço Cearense. O conteúdo do novo manual, que passou a fazer parte da coleção de livros da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), é distribuído em cinco capítulos nos quais são abordados temas como a obtenção da matéria-prima, características técnicas de máquinas e equipamentos para trefilação de metais, os cálculos envolvidos na trefilação e processos produtivos, entre outros. Nesse sentido, o autor oferece conhecimentos práticos sobre operações e características de materiais, além de recomendações sobre boas práticas de segurança em processos produtivos, cuidados que devem ser tomados no momento da escolha de, por exemplo, barras e arames que serão submetidos à trefilação, e ainda, sugestões a respeito do manuseio correto dos produtos. Sobre este último assunto,

Aluizio comentou a respeito de alguns dos erros mais recorrentes no chão de fábrica no que tange ao processamento de rolos de fio-máquina: “Um dos erros que acontecem muito nas linhas de trefilação é a alimentação de máquina feita de forma muito rápida, o que pode causar problemas na hora de trefilar o material como, por exemplo, ocorrência de quebra do fio”. Ele também comentou sobre algumas das características de equipamentos para trefilação, especificamente sobre fieiras e cassetes, e explicou como esse tipo de maquinário opera, assim como fez sugestões de como cada tipo de máquina pode ser utilizada no dia a dia da indústria metalmecânica levando em consideração a otimização de processos. A primeira edição do manual é comercializada em versão física. Tem 118 páginas e acabamento em brochura. É comercializada pelo preço sugerido de R$ 55,00 pelo site da editora Blucher (www.blucher.com.br). Relações humanas e otimização na indústria

A Editora Poligrafia publicou o livro “Quebra zero, motivação dez – a importância da cultura na conexão homem-máquina”,

de autoria de Carlos Alberto Simão, que é engenheiro mecânico e fornecedor de consultoria para empresas do ramo de manufatura e outros. A obra tem 208 páginas, nas quais são abordados temas como a importância das relações humanas no chão de fábrica e como isso pode contribuir para a otimização de, por exemplo, processos produtivos, diminuição da ocorrência de acidentes de trabalho, planejamento da manutenção de máquinas e equipamentos, entre outros. Mudança cultural e liderança também são assuntos tratados no livro, incluindo a motivação de equipes como ferramenta fundamental para a consolidação da alta produtividade, mitigação ou eliminação de desperdícios, assim como para evitar a ocorrência de anomalias e paradas desnecessárias do maquinário. Também no que tange aos times que atuam em parques fabris, o autor aborda tópicos referentes à retenção de talentos a ao aproveitamento máximo das atividades realizadas, bem como sobre ética nos negócios, constatação de variados níveis de estresse, mudanças de funções e alterações nas equipes (turnover). Este livro, que é comercializado em versões física e digital, com preço sugerido de R$ 74,99 e R$ 21,99, respectivamente, é recomendado para homens e mulheres que atuam na gestão de colaboradores, manutenção de máquinas e equipamentos industriais, na operação de maquinário, na contratação de profissionais, além de outras áreas. Mais informações podem ser obtidas no site da Editora Poligrafia (www.poligrafiaeditora.com.br).


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Produtos Tochas de soldagem MIG/MAG A Abicor Binzel (Alemanha), com filial em Petrópolis (RJ), fornece equipamentos para soldagem MIG/MAG. Um exemplo é a linha de tochas xFUME PRO, que é composta por modelos que contam com sistema integrado para extração de fumos provenientes desse processo. Esta série de tochas de soldagem está entre os recentes lançamentos da empresa e traz os modelos xFUME PRO 24 e 36, que operam com 250 a 270 A e 300 a 330 A, respectivamente, em ciclos de trabalho a 60%. Esses equipamentos possuem sistema de refrigeração a ar. Também integra a linha a tocha de soldagem xFUME PRO 501, que opera com 450 a 500 A a 100%. Ainda sobre os equipamentos desta linha, o projeto deles inclui extremidade frontal fina e proteção otimizada da cobertura de gás, entre outros. Tel. (24) 2222-9750.

Robô industrial A Human Robotics (Curitiba, PR) desenvolveu o robô industrial Robios Cargo, que pode transportar cargas com peso de até 50 kg e atuar de forma autônoma no chão de fábrica.

Ele conta com bandejas ajustáveis e é indicado para trabalhos que envolvam a movimentação de peças metálicas fabricadas a partir de chapas e perfis, por exemplo. Pode receber comandos por voz e ser controlado por dispositivos eletrônicos como joystick, o que dependerá do tipo de programação estabelecida e do trabalho a ser realizado. Além disso, o autômato apresenta interface amigável que, além de contar com tela sensível ao toque (touch screen), consiste em um monitor onde são reproduzidos os traços estilizados de um rosto humano. O robô pode operar em ambientes com temperatura de -5 a 50 ºC e tem bateria com autonomia de 12 horas. Uma estação de recarga para onde o Robios vai sozinho assim que detecta a proximidade do fim da carga de sua bateria também é fornecida pela companhia. Para que o retorno do modelo à sua estação de recarga aconteça se faz necessário o estabelecimento de um tipo de programação específica. Tel. (41) 99181-2033.

Aços A Gerdau iniciou as atividades de sua nova unidade comercial de aços situada na região metropolitana de Campinas (SP). Trata-se do ponto de venda denominado “Comercial Gerdau”, que passou a integrar a rede de distribuição de produtos da companhia na Região Sudeste. Um dos motivos que levaram à implantação da unidade no município de Campinas, de acordo com informações fornecidas à imprensa, é a crescente demanda por aços em diferentes setores da região como, por exemplo, construção civil, agronegócio e indústria de manufatura. Tel. 0800-722-3322. Equipamentos industriais O Grupo Soma Solution está implantando em Curitiba (PR) um laboratório industrial que servirá como espaço para trabalhos que envolvem ensaios com equipamentos que integram seu portfólio. Os produtos se dividem em máquinas para marcação e sistemas de inspeção, entre outros, que podem ser usados em parques fabris do setor metalmecânico, por exemplo. A realização de testes e aferição será uma das atividades a serem gerenciadas na futura unidade. O laboratório contará com espaço do tipo showroom, somando uma área de 600 metros quadrados. Tel. (41) 3023-0656.

Dispositivo de segurança A Trackfy (Salvador, BA) passou a comercializar um dispositivo que fornece dados em tempo real sobre a localização de colaboradores em parques fabris, que é indicado para companhias do setor metalmecânico. Pensado para emitir alertas em caso de ocorrência de situações perigosas, o dispositivo pode ser acoplado a crachás ou a equipamentos de proteção individual como capacetes. Ele opera com algoritmos e conta com recursos para análise de dados, que são enviados para um ambiente virtual. Além disso, pode operar integrado a sistemas conectados a redes digitais como Internet das coisas (IoT). Também há um software entre os recursos que contribuem para a gestão de dados provenientes do monitoramento de colaboradores. Tel. (11) 98816-9166.



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