Locus 78

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Ambiente da inovação brasileira Ano XX | no 78 | Março 2015

GeRação vencedoRa Os vencedores das seis categorias do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador relatam as dificuldades, os acertos e a persistência que marcaram suas trajetórias

::

Como a governança corporativa pode ajudar a profissionalizar a gestão de parques

::

Estratégias para desenvolver competências dos empreendedores

::

Oportunidades que a terceira onda de TI traz para empresas inovadoras

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CARTA AO LEITOR|

LOCUS Ambiente da inovação brasileira Ano XIX ∙ Março 2015 ∙ no 78 ∙ ISSN 1980-3842

A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Luís Afonso Bermúdez (presidente) Josealdo Tonholo Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação Débora Horn Edição Andréia Seganfredo, Bruna de Paula e Débora Horn Reportagem Andréia Seganfredo, Cora Dias e Daniel Cardoso Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP Direção e edição de arte Bruna de Paula Revisão Sérgio Ribeiro Foto da capa Wenderson Araújo

Produção Impressão Athalaia Gráfica e Editora Tiragem 2.500 exemplares

Presidente Francilene Procópio Garcia Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy Diretoria Francisco Saboya, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini Superintendência Sheila Oliveira Pires Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902 Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555

E

sta edição da Revista Locus apresenta um panorama interessante sobre o empreendedorismo inovador em 2015. O ano começou com a promulgação da Emenda Constitucional nº 85, que promete impulsionar as atividades de pesquisa e inovação, mas segue em meio a incertezas no cenário político e econômico. Além de diversas trocas nos ministérios e órgãos públicos de maior interface com os atores de CT&I, estão previstos cortes no orçamento, comprometendo a continuidade de programas e recursos voltados ao setor. Para contrapor o pessimismo, as páginas desta edição estão repletas de bons exemplos de ambientes de inovação e empreendedores que fazem a diferença, superando obstáculos e contribuindo de maneira efetiva para o desenvolvimento sustentável do país. Exemplo disso são os vencedores do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, que, na matéria especial de capa, compartilham trajetórias, experiências e resultados, alcançandos com muita dedicação e persistência. Histórias como essas inspiram todos os atores do movimento a se engajar na melhoria contínua, como é o caso de parques tecnológicos, que têm buscado adotar políticas de governança corporativa para descentralizar e profissionalizar suas operações. Outro exemplo é a aposta das incubadoras de empresas no desenvolvimento e aperfeiçoamento de habilidades dos empreendedores com a oferta crescente de cursos e programas de coaching e mentoring. Graças a estratégias como essas, oportunidades têm surgido para que empresários e profissionais dos ambientes de inovação alcancem resultados ainda mais expressivos. Em caráter inédito, a Capes lançou um programa de estágio pós-doutoral para gestores de parques tecnológicos, que devem aprimorar sua formação no exterior a partir de setembro deste ano. Já na área de negócios, novas possibilidades se abrem para empresas de TI, com soluções em novos conceitos da chamada “Terceira Onda”. Esses e outros temas completam esta edição da Locus, apontando caminhos para a retomada do crescimento do país. Boa leitura! Conselho Editorial

Apoio

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Wenderson Araújo

|ÍNDICE

24 |

ESPECIAL

Conheça a trajetória dos seis vencedores do 18° Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, promovido por Anprotec e Sebrae. Empresas, incubadoras e parque tecnológico destacam práticas e fatores fundamentais ao sucesso.

6 | ENTREVISTA |

10 | EM MOVIMENTO |

O presidente interino da NBIA, Karl LaPan, fala sobre o papel das incubadoras de empresas na criação de oportunidades e valorização de vocações para o desenvolvimento local

Fique por dentro do que aconteceu no Seminário Nacional e na programação de fim de ano da Anprotec, além das novidades dos ambientes de inovação e dos parceiros do movimento

38 | HABITATS | Entenda como a governança corporativa pode auxiliar parques tecnológicos a implantar boas práticas de gestão, trazendo transparência e descentralizando operações e decisões estratégicas

16 | CENÁRIO | Saiba quais são as perspectivas para o movimento de empreendedorismo inovador no Brasil após as mudanças nas instituições relacionadas a CT&I e os reflexos da desaceleração econômica no pais

20 | NEGÓCIOS | Como startups de base tecnológica podem aproveitar as oportunidades geradas pela Terceira Onda de TI, que traz conceitos como nuvem, big data, mobile e redes sociais para o dia a dia dos usuários

41 | GESTÃO |

44 | EDUCAÇÃO |

46 | INTERNACIONAL |

Cursos e programas de coaching e mentoring têm se mostrado eficazes para o desenvolvimento de habilidades dos empreendedores e estão sendo cada vez mais ofertados pelas incubadoras de empresas

Saiba mais sobre o edital lançado pela Capes, que pretende aprimorar a formação de gestores de parques tecnológicos por meio do intercâmbio de conhecimentos com ambientes de inovação do exterior

Fruto da parceria entre o governo brasileiro e a Comissão Europeia, o programa Connect promove a troca de experiências entre empreendedores. Brasil já recebeu diversos empreendedores europeus

5


Divulgação

Karl LaPan

P

residente interino da National Business Incubation Association (NBIA), Karl LaPan é CEO do Northeast Indiana Innovation Park (NIIP), um parque dedicado a acelerar o desenvolvimento de empresas inovadoras.

Fundado em 1999, como uma parceria público-privada entre a Purdue University Fort Wayne, o condado de Allen, a prefeitura e a Câmara de Comércio de Fort Wayne e stakeholders locais, o NIIP já ajudou mais de 100 empresas a crescerem cerca de 80% ao ano. “A principal missão de uma incubadora de empresas não é criar o próximo Google ou Apple, mas empreendimentos escaláveis de alto desempenho que permaneçam e cresçam em sua comunidade local”, aponta. Em entrevista à Locus, LaPan fala sobre o papel das incubadoras de empresas e da NBIA no fomento ao ecossistema de inovação e ao desenvolvimento econômico.

A ndr é i a S ega nf r e d o 6


ENTREVISTA: Karl LaPan LOCUS > Quais circunstâncias levaram à fundação da NBIA?

Karl LaPan > Em vista do crescimento industrial abrupto durante a década de 1980 e da necessidade de troca de informações no setor de incubação de empresas, que crescia rapidamente, os líderes do movimento formaram a National Business Incubation Association (NBIA) em 1985. O objetivo era oferecer treinamento e ferramentas de assistência a startups e empreendimentos em estágios iniciais, além de atuar como centro de intercâmbio de informações relacionadas ao desenvolvimento e à gestão de incubadoras. À medida que stakeholders de todo o mundo passaram a reconhecer o valor de criar e expandir novos empreendimentos operados localmente, mais comunidades foram desenvolvendo programas bem-sucedidos de incubação de empresas. Assim, o principal propósito da NBIA era compartilhar as melhores práticas, criar uma rede global de comunidades por meio do networking e do aprendizado entre pares e alavancar recursos, informações e a transferência de conhecimentos aos profissionais de incubação que trabalhavam lado a lado com os empreendedores.

Como a associação tem

A NBIA conecta pessoas, programas e melhores práticas. Ao longo de quase quatro

ajudado a desenvolver

décadas, reuniu e analisou práticas de incubação e desenvolveu kits de ferramentas,

incubadoras de empresas

avaliações e fóruns para a excelência no avanço do desenvolvimento profissional no

nos EUA?

setor de incubação de empresas. A NBIA é a voz global em incubação e promove o avanço do processo de criação de empresas, a fim de aumentar o sucesso dos empreendimentos e oportunidades individuais, fortalecendo as comunidades numa escala global. Hoje, a associação tem mais de 2,2 mil membros em 60 países, que incluem incubadoras eficazes e de alto desempenho, com excelentes programas que alavancam nossa rede, recursos, treinamento de desenvolvimento profissional e liderança para desenvolver e operar programas de incubação de classe mundial.

À medida que stakeholders de todo o mundo passaram a reconhecer o valor de criar e expandir novos empreendimentos operados localmente, mais comunidades foram desenvolvendo programas bem-sucedidos de incubação de empresas

Qual é a contribuição da

Desde 2005, o ecossistema e o ambiente empreendedores têm evoluído rapidamente.

NBIA para o sistema de ino-

A NBIA direciona suas melhores práticas, sua rede e liderança inovadora para garan-

vação norte-americano?

tir o sucesso de empreendimentos por meio de nossos membros. Os progra­mas de incubação de empresas fornecem infraestrutura para gestão de risco e também pro­ fissionais com ampla experiência, que muitas vezes são os próprios empreendedores. E, dessa forma, podem auxiliar startups e empreendimentos em estágios iniciais de desenvolvimento na comercialização de seu produto ou serviço, na construção de uma equipe administrativa e na escalação do empreendimento por meio de colabora­ ções, capital de crescimento ou expansão de suas principais atividades de negócios. 7


ENTREVISTA: Karl LaPan No Brasil, as incubadoras de

Muitas comunidades reconhecem que a única maneira de gerar empregos e ri-

empresas são um mecanis-

quezas localmente é por meio de um compromisso com a incubação de empre-

mo de desenvolvimento im-

sas, que proporciona igualdade nas condi­ções de concorrência e é muitas vezes

portante que ajuda a reduzir as disparidades regionais. As incubadoras de empresas atuam dessa mesma maneira nos EUA?

empregada como uma estratégia para um de­senvolvimento econômico eficaz em termos de custo e de mercado. O objetivo nesse caso é alavancar e fortalecer ativos singulares do local. Acredito que, em vez de reduzir as disparidades regionais como principal objetivo, os programas de incubação de empresas nos EUA alavancam o conjunto singular de ativos e fomentam esses ativos para criar uma comunidade mais bem sucedida. Tem sido comprovado que a maior parte da rede americana de criação de novos empregos — se não ela inteira — deriva de empresas que têm menos de um ano de operação. Hoje a concorrência é global. A concorrência regional é somente um pequeno aspecto da guerra global que envolve empregos e talentos.

Qual é o papel das incu-

Os programas de incubação de empresas são organizações de apoio a empreen-

badoras de empresas na

dedores, que entregam serviços e programas de valor agregado para satisfazer as

economia e no crescimento

suas demandas. Acredito que alguns dos aspectos importantes de nosso papel na

dos EUA?

economia são que os programas de incubação de empresas apoiam a comercialização de ideias em produtos e a geração e transferên­cia de propriedade intelectual para o mercado. Também ajudam a desen­volver talentos de liderança de próxima geração que desejam permanecer e crescer na comunidade local e a legitimar o empreendedorismo como uma importante opção de carreira. Graças a esses programas, há um estímulo ao desenvolvimento de serviços centrados no empreendedorismo que fazem a diferença no sucesso, crescimento e sobrevivência de empresas em estágios iniciais. Há, também, um retorno à comunidade por meio de sua revitalização, na medida em que são oferecidas oportunidades aos cidadãos locais para criarem opções de carreira empreendedoras.

Missão Técnica 2015 A 29ª Conferência Internacional da NBIA, que será realizada de 26 a 29 de abril em Denver, nos Estados Unidos, será a primeira atividade dos integrantes da Missão Técnica 2015, promovida pela Anprotec em parceria com o Sebrae e o Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti). A missão será realizada de 26 de abril a 1º de maio e também terá como destino a cidade de São Francisco. Em Denver, além da conferência da NBIA, os participantes irão conhecer centros de pesquisa e tecnologia, como o Fitzsimons Life Science District e o National Renewable Energy Laboratory, e a incubadora Innovation Pavilion. Em São Francisco, estão previstas visitas ao Facebook, a incubadoras, como Foundry e Stanford Research International, e a aceleradoras, como RocketSpace, SkyDeck, GSV Labs e US Market Access Center.

8


ENTREVISTA: Karl LaPan Os Estados Unidos são

Os programas de incubação de empresas apoiam os talentos localmente incenti-

conhecidos por suas

vados e operados nos estágios iniciais de desenvolvimento de uma empresa. Eles

empresas grandes e

aumentam de forma significativa as taxas de sobrevivência dos novos negócios,

altamente inovadoras. Como as incubadoras de empresas têm contribuído para isso?

aceleram seu crescimento (por meio de formação de investimento de capital, receita) e preenchem o pipeline da comunidade com empresas de alto desempenho e em estágios iniciais, que terão potencial para se tornarem maiores empregadores. A orquestração do leque de serviços e da rede de apoio a empreendimentos de crescimento acelerado é uma área-chave de contribuição, por meio de programas eficazes de incubação de empresas. Se alguma dessas coisas fosse fácil, startups seriam criadas no micro-ondas, de forma rápida, em vez de passar por uma incubadora, com método e processo de desenvolvimento. Gerar empreendimentos viáveis e escaláveis exige tempo, dinheiro, recursos, mentores e oportunidades de mercado. A principal missão de uma incubadora de empresas eficaz não é criar o próximo Google ou Apple, mas empreendimentos escaláveis de alto desempenho que permaneçam e cresçam em sua comunidade local.

Gerar empreendimentos viáveis e escaláveis exige tempo, dinheiro, recursos, mentores e oportunidades de mercado. Se alguma dessas coisas fosse fácil, startups seriam criadas no micro-ondas em vez de passar por uma incubadora

Quais são as principais

Acredito que ecossistemas ou redes de inovação são feitos sob medida para a co-

diferenças entre o sistema

munidade local, dentro do contexto regional ou nacional. No entanto, todos os siste­

de inovação brasileiro e o

mas de inovação estão fomentando as mesmas coisas, como a infraestrutura física e

americano?

humana para criar uma atmosfera propícia à inovação, a descoberta da pro­priedade intelectual e sua transferência para o mercado e a promoção de vantagens competitivas sustentáveis que forneçam um diferencial na atração e retenção de talentos e de oportunidades de inovação. Também incentivam a conexão de ativos numa escala local, regional ou nacional, a fim de alinhar a inovação do stakeholder para alavancar ativos e capacidades singulares e oferecer essas capacidades continua­ mente para a rede.

O que devemos esperar da

A 29º International Conference on Business Incubation, que será realizada em Den-

29º International Conference

ver de 26 a 29 de abril, exibirá e engajará o ecossistema de empreendedorismo no

on Business Incubation da

sentido de como entregamos e agregamos valor aos empreendedores. A conferên-

National Business Incubation Association (NBIA)? Quais são as novidades do evento?

cia terá como enfoque os agentes de mudança e as inovações dos programas para que nossos participantes entendam melhor o que os empreendedores desejam atualmente. A conferência criará capacidades de networking interativas para a conexão a recursos, pessoas e programas, a fim de garantir que seu programa de apoio ao empreendedor esteja operando de forma eficiente. L 9


EM MOVIMENTO|

XXIV Seminário Nacional recebeu participantes de todos os estados Led Produções

que tecnológico situado na região amazônica. Com o tema Fronteiras

do

empreendedorismo

inovador:

novas conexões para resultados, o Seminário Nacional contou com atividades que propuseram caminhos para que os ambientes de inovação ampliassem suas conexões com os setores público e privado, a fim de se tornarem mais autônomos e, assim, contribuírem ainda mais para o desenvolvimento sustentável das regiões onde atuam. Durante cinco dias foram realizados diversos minicursos, o Workshop Pela primeira vez, evento reuniu representantes das 27 unidades federativas do país

Anprotec, o Fórum Sebrae de Inovação e eventos com parceiros nacio-

Realizado de 22 a 26 de setem-

cou os bons números do evento de

nais e internacionais, como a Asso-

bro, no Centro de Convenções e

2014. “No ano em que o movimento

ciação Brasileira de Private Equity e

Feiras da Amazônia – Hangar, em

completa 30 anos, promovemos um

Venture Capital (Abvcap) e o projeto

Belém do Pará, o XXIV Seminário

evento extremamente bem sucedido.

B.Bice+. As discussões sobre o tema

Nacional de Parques Tecnológicos

Foi gratificante voltar à Belém e à Re-

do evento foram destacadas em cin-

e Incubadoras de Empresas teve um

gião Norte”.

co sessões plenárias e nas sessões

público recorde de 927 inscritos, de

A última edição teve a organi-

técnicas paralelas, nas quais foram

14 países, e conquistou algo inédito:

zação local da Secretaria de Ciên-

apresentados os textos aprovados na

pela primeira vez estiveram presen-

cia, Tecnologia e Inovação do Pará

Chamada de Trabalhos. Para encer-

tes representantes das 27 unidades

(Secti), da Universidade Federal do

rar, foi realizada a visita técnica ao

federativas do país. A presidente da

Pará (UFPA) e do Parque de Ciência

PCT Guamá e instituições de pesqui-

Anprotec, Francilene Garcia, desta-

e Tecnologia Guamá – primeiro par-

sa sediadas no parque.

Na sessão de encerramento do XXIV Seminário Nacional, realizada na tarde do dia 25 de setembro, o diretor-presidente do PCT Guamá, Antônio Abelém, comemorou o sucesso do evento. “Conseguimos fazer boas atividades de capacitação, com conteúdo de qualidade, e tivemos a intensa participação de empreendedores para rodadas de negócios e para os debates propostos pelas sessões plenárias”, afirmou. Ao fim da cerimônia, Abelém entregou simbolicamente a bandeira da Anprotec para os organizadores da próxima edição, que será realizada em Cuiabá (MT) em 2015.

10

Divulgação/Embratur

Cuiabá será sede do evento em 2015


|EM MOVIMENTO

Avance! contribui para capacitação de empreendedores Led Produções

Durante a cerimônia de abertura, foram anunciados os vencedores do jogo empresarial Avance!, que simula a vivência de situações típicas enfrentadas por gestores de uma pequena ou média empresa. O primeiro lugar ficou com a equipe Union, da Incubadora Municipal de Empresas Sinhá Moreira (Prointec), de Santa Rita do Sapucaí (MG), que recebeu o prêmio de R$ 10 mil. A incubadora também foi prestigiada e recebeu uma placa de homenagem das mãos da presidente da Anprotec, Francilene Garcia. A segunda posição foi conquistada por outra equipe mineira, a Dreamoney, da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (Incit). A equipe DPR, vinculada à Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), de Campinas (SP), ficou em terceiro lugar.

Equipe Union, da Incubadora Municipal de Empresas Sinhá Moreira (Prointec), venceu a competição

Atividades do B.Bice+ reuniram participantes de diversos países Representantes de 13 países euro-

da União Europeia (UE). Durante o

logia; rodadas de negócios; e o Tour

peus participaram das atividades do

Seminário Nacional de 2014 foram

do Brasil – encontro para tornar o

B.Bice+, projeto criado e financiado

promovidas diversas iniciativas no

sistema de CT&I europeu mais visí-

pela Comissão Europeia, com o ob-

âmbito do projeto, como: workshop

vel para parceiros brasileiros e abrir

jetivo de promover a cooperação na

sobre a transferência de tecnologia e

possibilidades de novas cooperações

área de Ciência, Tecnologia e Inova-

gerenciamento de inovação; mesa re-

na área, com o estreitamento das re-

ção entre o Brasil e países membros

donda sobre transferência de tecno-

lações bilaterais.

Fórum Sebrae de Inovação apresentou boas práticas de incubadoras A segunda edição do Fórum Se-

Brasil e falou sobre o papel da entida-

Após a apresentação do gerente do

brae de Inovação trouxe boas práti-

de, que promoveu um senso detalhado

Sebrae, três gestoras de incubadoras

cas de gestão de incubadoras que já

para entender melhor o movimento.

brasileiras apresentaram experiên-

implantaram o modelo do Centro de

“A partir disso e das missões técnicas

cias exitosas a partir da implantação

Referência para Apoio a Novos Empre-

promovidas pela Anprotec, pudemos

do Cerne. A gerente das entidades de

endimentos (Cerne), reunindo profis-

traçar um perfil da incubadora ideal. O

apoio do Instituto Gênesis da PUC-Rio,

sionais do Sebrae, gestores de ambien-

Cerne contempla todas as boas práti-

Paula Araujo; a gestora da Casulo, in-

tes de inovação e empreendedores.

cas retiradas desses anos de pesquisa

cubadora de empresas do UniCEUB,

O gerente nacional de inovação e

e missões técnicas. O primeiro edital,

de Brasília, Érica de Farias Lisboa; e a

tecnologia do Sebrae Nacional, Enio

lançado no ano passado, foi uma edi-

gestora da incubadora do Instituto Fe-

Duarte Pinto, apresentou um histórico

ção piloto e já vemos resultados bas-

deral do Amazonas (Ayty/Ifam), Maria

sobre a evolução das incubadoras no

tante práticos”, explicou.

Goretti Falcão de Araújo. 11


EM MOVIMENTO|

Anprotec e THA promoveram minicurso em parceria Wenderson Araújo/ Trilux Fotografias

(saiba mais na página 24). Já na tarde do dia 03 de dezembro, foi promovido o minicurso “Aprendendo sobre a interação universidade-empresa-governo por meio de jogos: Tríplice Hélice e Trilicious game como ferramentas de apoio à inovação”, ministrado pelo presidente da Triple HelixAssociation (THA), Henry Etzkowitz, e pela vice-presidente da instituição, Mariza Almeida.

Presidente da Triple Helix Association (THA), Henry Etzkowitz, conduziu o minicurso

Ao fim do dia, ocorreu a abertura do

De 02 a 04 de dezembro, a An-

ral Extraordinária.Também houve a

Seminário Final do projeto “Parques e

protec promoveu diversas atividades

apresentação dos finalistas do Prê-

Incubadoras para o desenvolvimento

durante sua programação de fim de

mio Nacional de Empreendedorismo

do Brasil”, financiado pela Embaixada

ano. No primeiro dia, foram realiza-

Inovador 2014 para a comissão jul-

Britânica no Brasil e pelo MCTI. As

das reuniões com as redes regionais

gadora, que revelou os vencedores

atividades do seminário continuaram

de inovação e para planejamento

durante o Café da Manhã Anprotec &

no dia seguinte, encerrando a progra-

de 2015, além da Assembleia Ge-

Parceiros, na manhã do dia seguinte

mação de fim de ano da Anprotec.

Divulgação

Café da Manhã reúne associados e parceiros Campagnolo, anunciou o lançamen-

eles estavam o diretor

to da versão completa do Estudo de

geral do Serviço Nacional

Projetos de Alta Complexidade – In-

de Aprendizagem Indus-

dicadores de Parques Tecnológicos.

trial (Senai) e diretor de

Na ocasião, a presidente da As-

educação e tecnologia da

sociação apresentou brevemente

Confederação

Nacional

os principais programas e ações

da Indústria (CNI), Ra-

da Anprotec ao longo do ano, que

fael Lucchesi, que tam-

contaram com o apoio de parcei-

bém preside o conselho

ros importantes como o Sebrae e

consultivo da Anprotec;

o MCTI, e lembrou da trajetória do

o presidente do Sebrae,

movimento, que completou 30 anos

Líderes governamentais e repre-

Luiz Barreto; e o secre-

em 2014.

sentantes de entidades e associa-

tário-executivo do Ministério de Ci-

Em comemoração à data, a An-

ções ligados ao empreendedorismo

ência, Tecnologia e Inovação (MCTI),

protec lançou a publicação “30+10:

inovador compareceram ao Café da

Alvaro Prata. Também presente,

o empreendedorismo inovador em

Manhã Anprotec & Parceiros, reali-

o coordenador-geral de Serviços

movimento”, disponível no site da

zado no dia 03 de dezembro, no Bra-

Tecnológicos do MCT, Jorge Mario

Associação.

Publicação foi lançada em comemoração aos 30 anos do movimento de empreendedorismo inovador no Brasil

12

sília Palace Hotel. Dentre


|EM MOVIMENTO

PCT Guamá está com edital aberto para concessão de novos lotes

Novos associados no Amazonas

O Parque de Ciência e Tecno-

sil e no exterior e fortalecendo

Em 2015, a Anprotec passa a con-

logia Guamá (PCT Guamá) lançou

o relacionamento com o setor

tar com duas novas instituições em

em novembro o novo edital para

industrial”, afirmou o diretor-pre-

seu quadro de associados, ligados

a Concessão Onerosa de Uso de

sidente do PCT Guamá, Antônio

ao Ministério de Ciência, Tecnologia

quatro lotes, para a instalação de

Abelém.

e Inovação (MCTI) e localizados em

empresas e instituições dedicadas

As organizações instaladas no

bases flutuantes no estado do Ama-

à realização de atividades científi-

parque têm direito a uma série

zonas: o Instituto Nacional de Pes-

co-tecnológicas, pesquisa, desen-

de benefícios e incentivos ficais,

quisas da Amazônia, em Manaus, e

volvimento e inovação, alinhadas

como diferimento na aquisição

o Instituto de Desenvolvimento Sus-

às áreas prioritárias de atuação

de matéria-prima, máquinas e

tentável de Mamirauá, em Tefé. O

do parque: biotecnologia, energia,

equipamentos importados sem

acesso ao instituto localizado no in-

tecnologia da informação e comu-

similar nacional, crédito presumi-

terior do estado, que inaugurou uma

nicação, tecnologia ambiental e

do nas vendas interestaduais dos

incubadora em abril de 2014, só é

tecnologia mineral.

produtos a serem comercializados

possível por via fluvial e aérea. “Essa

“O lançamento deste novo edi-

e redução da base de cálculo nas

é uma demonstração da importância

tal ocorre no momento em que

vendas no estado. Os interessados

de mecanismos, como parques e in-

o PCT Guamá está ampliando o

devem apresentar propostas no

cubadoras para o desenvolvimento

relacionamento com ambientes

dia 30 de abril de 2015, às 9h, na

regional”, afirma a presidente da As-

de inovação tecnológica no Bra-

sede do PCT Guamá.

sociação, Francilene Procópio Garcia.

Boeing e Embraer inauguram centro de pesquisa

Supera inicia 2015 com sete novas empresas

Charles de Moura

gico São José dos Campos. O Centro foi criado com

A Supera Incubadora de Empresas

o objetivo de contribuir

de Base Tecnológica inicia 2015 com

para o desenvolvimento e

mais sete empresas, totalizando 32

amadurecimento do conhe-

empreendimentos, entre pré-incuba-

cimento e das tecnologias

dos, incubados e associados. “As em-

que possibilitem o esta-

presas que passaram pelo processo

belecimento da cadeia de

seletivo receberam capacitação em

biocombustíveis de aviação

modelo de negócios e tiveram seus

no país. O acordo entre as

projetos avaliados por uma banca

duas companhias foi firma-

examinadora e pelo conselho da Su-

do em maio de 2014 e pre-

pera”, explica o gerente da Incubado-

As empresas do setor aeronáu-

vê intercâmbio de conheci-

ra, Saulo Rodrigues.

tico Boeing e a Embraer inaugura-

mentos e tecnologias inovadoras

Das sete empresas selecionadas,

ram, no dia 14 de janeiro, o Centro

no campo da aplicação de com-

cinco entrarão no programa de pré-

Conjunto de Pesquisa em Biocom-

bustíveis novos, sem necessida-

-incubação. Todas terão acesso a infra-

bustíveis Sustentáveis para a Avia-

de de transformações na parte

estrutura física, serviços básicos, como

ção, instalado no Parque Tecnoló-

mecânica das aeronaves.

água e luz, além de assessoria técnica.

Empresas do setor aeronáutico inauguraram o Centro Conjunto de Pesquisa em Biocombustíveis Sustentáveis para a Aviação

13


EM MOVIMENTO|

Em 2014, a Fundação Certi co-

(Embrapii) e passará a

memorou 30 anos em um evento

executar, de forma subven-

para colaboradores e convidados,

cionada, projetos de de-

com o lançamento do novo site da

senvolvimento de pesquisa

instituição. Com foco no tripé “ciên­

tecnológica em coopera-

cia, tecnologia e inovação”, a Funda­

ção com empresas. O foco

ção tornou-se referência em desen­

de atuação da entidade

volvimento de soluções, produtos e

catarinense será o desen-

processos inovadores para o merca­

volvimento

do, como a plataforma de recepção

eletrônicos de consumo

e o software do Sistema Brasileiro

e eletromédicos que uti-

de TV Digital e uma luminária com

lizam Sistemas Inteligen-

tecnologia OLED, desenvolvida em

tes – solução tecnológica

parceria com a Philips.

microprocessada, com co-

de

Divulgação

Fundação Certi completa 30 anos

produtos Instituição de ciência e tecnologia de Florianópolis (SC) comemorou aniversário com novo site e credenciamento junto à Embrapii

Em 2014, obteve o credencia-

nectividade e capacidade de coletar

mento junto à Empresa Brasileira

e analisar dados e se comunicar com

de Pesquisa e Inovação Industrial

usuários e outros sistemas.

Seis empresas da IEITEC aprovadas no Inova RS Seis empresas incubadas e apoia-

sentaram projetos nas áreas de metal

massa Chinês (recuperação e recicla-

das pelo Instituto Empresarial de In-

mecânica, meio ambiente e energias

gem de areia de rampa de lavagem

cubação e Inovação Tecnológica (IEI-

alternativas foram: Aston Automação

de veículos para uso na construção

TEC), de Canoas (RS), tiveram projetos

Industrial (protótipo de centrífuga

civil); Sylittex Indústria e Comércio

aprovados na chamada pública Inova

multifuncional);

Zetur

de Insumos Industriais (pesquisa de

Pequena Empresa RS 2014. Elas obti-

(protótipo de varredeira frontal para

tecnologia para redução da toxicidade

veram aprovação tanto no âmbito de

limpeza urbana); Omnitec Automação

em efluentes industriais); e Vmax Co-

mérito quanto na banca presencial.

(sistema robotizado para limpeza de

mercial Elétrica (gerador eólico modu-

fachadas de prédios de vidro); Arga-

lar portátil).

As empresas aprovadas que apre-

Metalurgica

Aplicativos do Porto Digital recebem prêmio da ONU Dois aplicativos criados por empresas embarcadas no Porto Digital

14

no início e fevereiro, em Abu Dhabi,

nadas a emoções, atividades e opções

nos Emirados Árabes Unidos.

de respostas às perguntas do dia a dia.

foram premiados na competição

Desenvolvido pelo analista de sis-

Já o Colab.re ficou entre os cinco

World Summit Award Mobile, pre-

temas Carlos Pereira, o Livox, da em-

primeiros colocados no prêmio de

miação entre mais de 160 países que

presa Agora Eu Consigo, conquistou

“Melhor Plataforma de Governo e

elege as melhores ferramentas que

o primeiro lugar na categoria “Melhor

Participação do Mundo”. A rede social

podem ser utilizadas em escala glo-

Aplicativo de Inclusão Social do Mun-

incentiva a colaboração online entre

bal para “fazer a diferença no mun-

do”. Com download gratuito, o app

cidadãos e administradores públicos,

do”. A cerimônia de entrega ocorreu

possui mais de 2 mil figuras relacio-

buscando melhorar a vida nas cidades.


|EM MOVIMENTO

Sebrae reforça ações para inovação No fim de 2014, o Conselho Deliberativo do Sebrae Nacional elegeu o atual presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, para a presidência do órgão e também escolheu os representantes para a Diretoria Executiva da instituição, que cumprem o mandato de janeiro de 2015 até dezembro de 2018. Para a Diretoria Executiva, foram reeleitos o presidente Luiz Barretto e o diretor de Administração e Finanças, José Claudio dos Santos. Já para a Diretoria Técnica da instituição foi eleita a secretária de Desenvolvmento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Heloísa Menezes, que substituiu Carlos Alberto dos Santos. Na entrevista abaixo, Heloísa fala sobre os desafios do empreendedorismo inovador.

LOCUS > Atualmente, quais são os principais desafios que os pequenos negócios enfrentam para inovar? Heloísa Menezes > Há um desafio comum, independente do porte, que é o entendimento do empresário sobre a importância da inovação no seu negócio. Entendida a importância estratégica, há o desafio de ter os instrumentos adequados, públicos eda empresa, que nesse caso são as ferramentas internas necessárias para iniciar o processo de inovação e desempenhar bem o seu papel. Nem sempre as empresas conhecem as ferramentas, os instrumentos ou estão dispostas a priorizá-los. Há um processo de aprendizagem, de conhecimento e de decisão estratégica, mas que exige recursos disponíveis. Acredito que um dos principais desafios é o da etapa de conhecimento e informação a respeito do que está disponível para usar da maneira mais adequada.

Qual a expectativa desse cenário no futuro? Quais serão os novos desafios? É necessáriohaver uma atitude mais sistêmica e coordenada dos órgãos públicos e das agências de fomento para que tenham instrumentos complementares, que apoiem uns aos outros e possam ser acessados por todos os portes de empresas.

Quais os projetos do Sebrae para impulsionar negócios inovadores? Existem novos programas para serem implantados Temos uma estratégia de dar mais volume e força para os programas em vigor, em especial o Sebraetec, e reforçar os números dos agentes locais de inovação. Ao mesmo tempo, estamos experimentando ações para testar novos programas e projetos em algumas unidades de atendimento.Para 2015, pretendemos investigar um pouco mais as oportunidades de economia cria-

Charles Damasceno

nesse segmento?

tiva aliadas a estratégias inovadoras.

Entre os maiores resultados da parceria Sebrae-Anprotec, que completa 15 anos em 2015, está a elaboração e implantação do modelo Cerne. Por que a qualificação das incubadoras é tão importante? Entendemos que a parceria entre o Sebrae e a Anprotec é fundamental para ter as incubadoras no Brasil num nível elevado de qualificação, para que prestem bons serviços para as empresas instaladas. Então uma incubadora, de uma certa forma, é uma empresa que tem que estar também preparada para lidar com seus clientes, que são as empresas incubadas. Nesse sentido, a busca da certificação é um processo de preparação de graduação dessas incubadoras para prestar bons serviços na sequência. Hoje, temos incubadoras que são benchmark no mundo e esperamos uma elevação contínua do grau de capacidade dessas incubadoras em prestarem bons serviços. 15


Shutterstock

Futuro incerto

Diante de um panorama econômico pouco promissor e de mudanças nas instituições que executam as políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no Brasil, o cenário do empreendedorismo inovador é de transição e expectativa. O período pós-eleitoral traz à tona velhos temores: o contingenciamento orçamentário e a descontinuidade de programas bem-sucedidos.

A ndr é i A S egA nf r e d o Cor A di A S 16


|CENÁRIO

E

Marcos Oliveira/Agência Senado

m meio às mudanças de governo no período pós-eleitoral e de prováveis cortes orçamentários num horizon-

te próximo, uma boa notícia paira sobre o cenário da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no Brasil: a promulgação da Emenda Constitucional (EC) no 85, em fevereiro

deste ano, com o objetivo de impulsionar a pesquisa nacional e a criação de soluções tecnológicas que aperfeiçoem a atuação do setor produtivo. Resultado de uma articulação entre comunidade científica, entidades, associações e órgãos públicos ligados à inovação, a emenda altera dispositivos constitucionais para melhorar a relação entre o

a celeridade que os conhecimentos técnico

Estado e as instituições de pesquisa, e pro-

e científico exigem para se transformarem

mete dar novo gás para o país inovar.

efetivamente em inovação, que chega ao

Aprovada no ano passado na Câma-

mercado e beneficia toda a sociedade.

ra e no Senado, a medida é resultado das

A emenda também atribui novas fun-

discussões em torno do Projeto de Lei no

ções ao Estado, como o estímulo à articu-

2177/2011, que ficou conhecido como Có-

lação entre entes públicos e privados na

digo Nacional de CT&I. “Na verdade, é um

execução das atividades de pesquisa, de

pacote de leis abrangente que contempla

capacitação científica e tecnológica e de

o setor. Desmembramos os cinco capítulos

inovação, e a promoção dessas instituições

que compunham o texto original do Código

no exterior. Permite, ainda, a cooperação

para dar mais agilidade à tramitação”, expli-

entre esferas governamentais – federal, es-

ca o relator do projeto na Câmara, deputado

tadual e municipal – com órgãos e entida-

Sibá Machado (PT-AC). Com as alterações

des públicas e privadas.

Representantes da Anprotec acompanharam a promulgação da Emenda Constitucional no 85 no Senado

trazidas pela EC 85 na Constituição Federal, agora restam outras normas que devem ser

Ambientes de inovação

discutidas, como o próprio PL 2177, que

Embora o início de 2015 tenha sido ani-

atualiza a Lei de Inovação; o PL 8252/2014,

mador com a promulgação da EC 85, o cená-

que altera a Lei de Licitações; e o PL 7735,

rio para o empreendedorismo inovador é de

que trata do acesso à biodiversidade.

transição, diante de diversas mudanças em

Entre as principais modificações, a EC

instituições estratégicas ao movimento e da

85 amplia o escopo das entidades que po-

possibilidade de contingenciamento de recur-

dem receber apoio do setor público para

sos federais. “Esse é um momento importante

pesquisas, antes restrito às atividades uni-

para a avaliação de desafios e oportunidades,

versitárias de pesquisa e extensão. Com

já que nos últimos anos comemoramos gran-

a nova medida, instituições de educação

des conquistas, como os 10 anos da Lei de

profissional e tecnológica poderão receber

Inovação e os 30 anos de políticas públicas

recursos, passíveis de ser remanejados ou

para esse segmento. Mas, ao mesmo tempo,

transferidos para outras categorias de des-

houve a redução da capacidade de investi-

pesas, sem necessidade de autorização le-

mento do FNDCT [Fundo Nacional de Desen-

gislativa prévia. Apesar de a medida gerar

volvimento Científico e Tecnológico]”, analisa

controvérsias, a expectativa é de que traga

a presidente da Anprotec, Francilene Garcia. 17


Giba /Ascom MCTI

CENÁRIO|

Em reunião com o recém-empossado ministro de CT&I, Aldo Rebelo, a presidente da Anprotec apresentou um panorama do movimento

Ascom MCTI

O bioquímico Hernan Chaimovich assumiu o CNPq com a missão de difundir o conceito de inovação

18

No início do ano, a pas-

em visita às obras do Parque Tecnológico

ta de Ciência, Tecnologia e

Deputado Orlando Bolçone, em São José do

Inovação foi ocupada por

Rio Preto (SP), o ministro havia ressaltado a

Aldo Rebelo (PCdoB-AL),

contribuição dos parques tecnológicos para

que reforçou a importância

o desenvolvimento do país. “Não são apenas

estratégica da CT&I para

uma forma de incentivar as empresas de alta

a economia e a soberania

tecnologia, mas uma maneira de ajudar o

nacional. “A melhor forma

Brasil a se engajar na vanguarda do desen-

de proteger o país é forta-

volvimento da economia mundial”, destacou.

lecendo e desenvolvendo cientificamente e tecnologicamente, e ampliando as possibili-

Mudanças

dades de inovação. Não podemos ser uma

Nas agências e secretarias do MCTI,

colônia científica e tecnológica”, afirmou no

novos nomes também foram escalados. O

dia da posse. Em fevereiro, na condição de

químico Jailson Bittencourt de Andrade as-

presidente interina do Conselho Nacional

sumiu a Secretaria de Políticas e Programas

de Secretários Estaduais para Assuntos de

de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped) no

CT&I (Consecti) e também representando

lugar do climatologista Carlos Nobre, que

a Anprotec, Francilene participou de uma

tomou a frente da direção do Centro Nacio-

reunião com o recém-empossado ministro.

nal de Monitoramento e Alertas de Desas-

A presidente apresentou um panorama

tres Naturais (Cemaden/MCTI). No Conse-

do movimento e os principais gargalos

lho Nacional de Desenvolvimento Científico

enfrentados, destacando a importância da

e Tecnológico (CNPq), assumiu a presidên-

continuidade de medidas bem sucedidas

cia o bioquímico Hernan Chaimovich, que

– como é o caso do Programa Nacional

ocupava a vice-presidência da Academia

de Apoio às Incubadoras de Empresas e

Brasileira de Ciências (ABC).

aos Parques Tecnológicos (PNI) – e do re-

Em sua posse, Chaimovich falou sobre a

passe de recursos destinados a ambientes

importância estratégica da ciência para o de-

de inovação – que, apesar de já aprovados

senvolvimento nacional e da necessidade de

em editais anteriores do MCTI, ainda não

aplicar o conceito de inovação em todos os ní-

foram liberados e podem provocar a des-

veis da sociedade. “No século XXI é inconce-

continuidade de projetos. “Esperamos que o

bível pensar na criação do trabalho decente,

ministro considere como crítica e urgente a

no combate à pobreza e no fortalecimento da

retomada nos avanços de políticas públicas

governabilidade democrática sem criar e usar

e fontes de investimentos para consolida-

ciência de forma intensiva e abrangente”, dis-

ção desta base produtiva inovadora, tendo

se. Ele ressaltou que, em sua gestão, o CNPq

os parques e as incubadoras como parcei-

deverá colaborar na formulação de projetos

ros nas transformações atuais e futuras do

estratégicos para que a pesquisa e a inovação

país”, afirmou Francilene. No encontro, Aldo Re-

contribuam para o desenvolvimento sustentável e socialmente justo do país.

belo se mostrou disposto

Outros ministérios e agências com

a promover uma reunião

ações voltadas ao empreendedorismo ino-

com diversos atores do

vador também receberam novos titulares

segmento, das esferas pú-

no começo do ano. O senador Armando

blica e privada, para sis-

Monteiro Neto (PTB-PE) assumiu o Mi-

tematizar as atividades na

nistério do Desenvolvimento, Indústria e

área de CT&I. Dias antes,

Comércio Exterior (MDIC), com a missão


prometeu uma gestão guiada por estabili-

brasileira, mantendo políticas públicas e

dade regulatória, incentivo à concorrência

estímulos frente à redução dos gastos pú-

e diálogo com os agentes econômicos, e

blicos, que deve ser anunciada em breve

não descartou a possibilidade de ajustes

pela nova equipe econômica do governo

em tributos a fim de aumentar a poupança

da presidente Dilma Rousseff. “O necessá-

doméstica. “Qualquer iniciativa tributária

rio ajuste macroeconômico não pode ter

terá que ser coerente com a trajetória do

efeito paralisante na agenda de promoção

gasto público”, declarou.

da competitividade. É preciso encontrar

Enquanto a aprovação do orçamento da

espaço para, em meio a essas restrições,

União está em negociação, a redução dos

impulsionar e dar absoluto sentido à

gastos públicos já começou. Em janeiro,

agenda”, destacou.

foi anunciado um corte provisório de 33%

Para a secretaria de inovação do MDIC foi

no valor da Lei de Diretrizes Orçamentárias

nomeado um funcionário de carreira, o ana-

de 2015 e, em fevereiro, foi publicado o de-

lista de comércio exterior Marcos Vinícius

creto de programação orçamentária dos ór-

de Souza, que ocupava o posto de diretor

gãos, fundos e entidades do executivo, que

de Fomento à Inovação no órgão. Na Agên-

deve sofrer ainda revisões com a aprovação

cia Brasileira de Promoção de Exportações e

do Orçamento. Por isso, há o temor de que

Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao minis-

programas e ações de governo possam ter

tério, o experiente executivo David Barioni

seu desempenho prejudicado.

Neto assumiu a presidência, apostando na

Ao assumir a presidência da Finep, o

aproximação entre os setores público e pri-

cientista político Luis Fernandes destacou

vado. “O setor privado é muito rápido, o que

alguns desafios, como concluir o processo

gera um descompasso frente à característica

de reconhecimento da agência como insti-

mais normativa do setor público. Só conse-

tuição financeira pelo Banco Central e re-

guiremos aumentar as exportações se traba-

compor a capacidade de investimento do

lharmos em conjunto”, afirmou.

FNDCT. “É fundamental preservarmos o

O economista Alessandro Teixeira foi es-

amplo perfil de atuação da Finep, de operar

colhido para assumir a presidência da Agên-

programas e instrumentos em toda a cadeia

cia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

de geração de conhecimentos e em toda a

(ABDI), também ligada ao MDIC, pelos pró-

cadeia da inovação, com foco em ações es-

ximos quatro anos. Teixeira participou da

tratégicas, estruturantes e de impacto para

criação e tornou-se o primeiro presidente

o desenvolvimento do Brasil”, afirmou.

da Agência, entre 2005 e 2007. Com ex-

Ciente do desafio de propor cortes sem

periência em política industrial e comércio

prejudicar o desenvolvimento econômico

exterior, foi secretário-executivo do MDIC e

do país, o ministro de Planejamento, Orça-

também do Conselho Nacional de Desenvol-

mento e Gestão, Nelson Barbosa, afirmou

vimento Industrial (CNDI).

em sua posse que os ajustes devem ser fei-

Novo titular do MDIC, Monteiro apontou a necessidade de aumentar a competitividade da indústria, mesmo com a contenção dos gastos

Luis Fernandes retorna a Finep com o desafio de recompor a capacidade do FNDCT Divulgação

de aumentar a produtividade da indústria

RafaB

|CENÁRIO

tos. “Ajustes, que, apesar de seus eventuais Contenção de gastos

impactos restritivos no curto prazo, são

Assim que tomou posse como ministro

necessários para recuperar o crescimento

da Fazenda, Joaquim Levy anunciou a ne-

nos próximos quatro anos”, disse. Por isso,

cessidade de reequilíbrio fiscal e cumpri-

a aprovação do orçamento da União será

mento das metas como forma de estimu-

uma prova de ferro para políticos e gesto-

lar um novo ciclo de crescimento do país.

res, que deverão driblar a falta de recursos e, ainda assim, cumprir metas. L

Além da solidez das contas públicas, Levy

19


Shutterstock

a nova onda de ti

Conceitos como nuvem, big data, mobile e redes sociais provocaram mudanças significativas no comportamento de usuários e clientes, alterando os rumos do desenvolvimento tecnológico e abrindo novas possibilidades para startups que querem se destacar no disputado mercado da Tecnologia da Informação.

dA nie L C A r d oS o 20


|NEGÓCIOS

Facilidades

sacudindo o mundo nas últimas dé-

Uma das vantagens ofe-

cadas. Desde o surgimento dos pri-

recidas é a facilidade técni-

meiros computadores pessoais – populari-

ca em “pivotar” um produto

zados graças às gigantes Apple e Microsoft,

em desenvolvimento – termo

passando pelo Google –, o setor mudou o

usado para expressar quando

comportamento de pessoas, moldou estra-

uma empresa, ao se lançar no

tégias de empresas e criou novas perspec-

mercado, percebe demandas

tivas de negócios. Nos últimos anos, con-

diferentes das previstas em

ceitos como cloud computing, mobilidade

seu plano de negócio e muda

e soluções analíticas de dados integram o

o produto que estava elabo-

que ficou conhecido como a “Terceira onda

rando. Dessa forma, a empre-

de tecnologia”. São soluções disruptivas

sa consegue se moldar melhor

que modificam profundamente as regras

aos desejos dos clientes e ace-

de como a TI será desenvolvida no futuro.

lera o crescimento. É o caso da

Um futuro que já chegou.

Twist, instalada na incubadora do Institu-

Para o sócio da área de Consultoria e

to Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação

especialista em TI da Deloitte, Claudio

e Pesquisa de Engenharia da Universidade

Soutto, a terceira onda veio com tudo e o

Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

mundo já está se adaptando rapidamente

A Twist

chegou ao mercado como a

às novas tendências. As soluções em cloud

ideia de um software para integração de

computing e mobilidade receberam a ade-

dados de diferentes sistemas, permitindo

são de grande parte de empresas e de usu-

que usuários da Oracle, por exemplo, pu-

ários individuais, tornando essa tendência

dessem acessar arquivos produzidos pela

praticamente um caminho sem volta. “A

SAP. O produto foi lançado e teve boa acei-

nuvem se mostrou uma solução muito boa,

tação, mas ao longo do tempo, os empre-

até três vezes mais barata do que as solu-

endedores constataram que havia outra

ções tradicionais, obrigando as empresas a

oportunidade de ação dentro do campo

aderir. A mobilidade também avança, seja

de big data. “Desenvolvemos uma solução

B2B [em referência ao modelo business to

para utilizar no monitoramento de fontes

bussiness] ou B2C [business to customer],

de notícias online, que aplica algoritmo e

mesmo sem uma estrutura de telecomuni-

identifica como um determinado assunto

cação madura no país”, avalia.

está sendo tratado nos meios de comuni-

Fotos: Divulgação

A

Tecnologia da Informação (TI) vem

Soutto, da Deloitte: Brasil se adapta rapidamente às novas tendências de TI, mesmo sem ter infraestrutura madura de telecomunicação

Twist percebeu novas oportunidades de desenvolvimento no campo de big data

Aderir à nova onda de tecnologia provê várias vantagens tanto para usuários quanto para grandes empresas. É também uma bela oportunidade para startups encontrarem um lugar ao sol no disputado mercado de TI – que em 2013 movimentou US$ 61,6 bilhões no Brasil, ou 2,74% do PIB, segundo levantamento de Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes). Além do custo muitas vezes mais baixo e acessível, a terceira onda trouxe agilidade e versatilidade no desenvolvimento de produtos para pequenas empresas. 21


NEGÓCIOS|

cação”, explica o fundador da Twist, Luiz

450 pedidos de segunda a sexta-feira e

Évora. O novo produto será lançado no

700 aos sábados e domingos.

mercado em breve e estará na nuvem.

A ideia da Netcook é seguir investindo ainda mais na versão mobile visando não

Mobilidade

apenas os usuários finais, mas também

No campo de mobilidade também não

os restaurantes cadastrados. Por isso, o

faltam iniciativas que dão certo entre

aplicativo terá uma funcionalidade para

startups. Com a febre de smartphones e

analisar automaticamente o trajeto da

tablets invadindo o país nos últimos anos,

entrega, que vai considerar os pontos

são raros os brasileiros que nunca tive-

onde os pratos devem ser levados e tra-

ram contato ou mesmo não se beneficia-

çar a melhor rota para orientar o moto-

ram com a tecnologia de dispositivos mó-

boy. Na prática, isso significará economia

veis. A Netcook, graduada no fim de 2014

de combustível e menor gasto para o es-

na Incubadora de Tecnologia e Negócios

tabelecimento. “Com o boom do mobile,

da Universidade de Uberaba (Unitecne/

temos nos dedicado mais ao aplicativo,

Uniube), mergulhou fundo na questão de

já que a solução começou a ser projetada

mobilidade. A empresa desenvolveu uma

em 2010, mais voltada para site”, escla-

solução mobile e, também para desktop,

rece Oliveira.

com a missão de conectar restaurantes a clientes ávidos em consumir seus pratos no conforto de casa.

Divulgação

Cybergia aposta na gamificação para engajar funcionários em busca de melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho

Conexão Outra tendência da terceira onda de

Com mais de 19 mil downloads do apli-

tecnologia é a maior interação entre os

cativo e 16 mil usuários no site, a empresa

usuários de um sistema, formando redes

já opera em quatro cidades. “Nossa solu-

socais para suprir demandas específicas,

ção está disponível para Android e iPho-

em escala reduzida. Quem está surfando

ne. Em breve, vamos lançar também para

nesta onda é a Cybergia, incubada na

Windows Phone, pois 80% dos pedidos

Habitat, de Belo Horizonte (MG). A star-

vem dos aplicativos”, ressalta o fundador

tup surgiu com uma aposta inovadora ao

da empresa, Daniel Oliveira. Atualmente,

criar um sistema que mistura princípios

o sistema registra uma média diária de

de redes sociais e gamificação (jogos) para melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho. O conceito da Cybergia é fácil de entender. Uma empresa adquire a licença de uso do sistema e disponibiliza para seus funcionários, que acessam o ambiente web e começam a lançar desafios e compartilhar metas relacionadas à saúde. Um funcionário, por exemplo, pode desafiar os colegas a correr três vezes por semana. Quem topa o desafio compartilha a decisão na rede social e posta como está sendo a experiência. O objetivo é estimular uma vida mais saudável, melhorando o clima organizacional e a produtividade do funcionário.

22


|NEGÓCIOS

Por Dentro Da nUVem Cloud computing: aplicações acessadas pela internet, sem necessidade de instalação no computador. Tarefas como desenvolvimento, armazenamento, manutenção, atualização e backup são exclusivas do fornecedor da solução.

Mobile: utilização de aplicações por dispositivos móveis, como smartphones e tablets, permitindo a mobilidade do usuário durante o acesso.

Big data: soluções que oferecem uma abordagem ampla diante de um grande volume de dados, com o objetivo de tornar ferramentas mais eficientes e precisas e até mesmo gerar novos produtos.

Redes sociais: estrutura composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que compartilham valores e objetivos comuns.

“Percebemos que a melhor maneira de en-

Sukarie, lembra que os empresários do

gajar um funcionário é pela diversão. Por

setor terão que driblar problemas crôni-

isso, criamos um ambiente para as pesso-

cos enfrentados pela economia brasileira,

as socializarem, como se fosse um jogo. A

como a insegurança jurídica, o custo da

gente olha para os clientes como se fos-

gestão tributária e a falta de mão de obra

sem comunidades, e não apenas usuários

no setor de TI. “O maior entrave para o de-

individuais”, explica o CEO da empresa,

senvolvimento do big data e de outros te-

André Queiroz de Andrade. Assim, a ini-

mas da terceira onda é o mesmo de outras

ciativa é boa para o empregado e para a

áreas da economia: o custo Brasil”, afirma.

empresa, que pode estimular a participa-

Mesmo assim, é notório que o país esteja

ção com prêmios.

aproveitando esse boom, tanto no mercado

Mesmo com a maré boa, há muitos de-

de hardware, quanto nas aplicações mó-

safios que os empreendedores precisam

veis, cloud e outras tecnologias que chegaram recentemente. L

ficar atentos. O presidente da Abes, Jorge

23


campeões da inovação

Fotos: Wenderson Araújo/ Trilux fotografias

Em sua última edição, o Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, promovido pela Anprotec em parceria com o Sebrae, prestigiou projetos, ambientes de inovação e empreendedores de destaque no cenário


do empreendedorismo inovador. Além de transformar a realidade econômica e social dos locais em que atuam, todos ajudam a difundir e reforçar os resultados do movimento no país.

[

Empreendedores e gestores de ambientes de inovação relatam os obstáculos superados e as escolhas que ajudaram a trilhar o caminho para o sucesso. São histórias que inspiram os entusiastas do empreendedorismo inovador a continuar contribuindo para o desenvolvimento sustentável e que reforçam a importância de reconhecer os esforços de todos. Por Andréia Seganfredo e Cora Dias


ESPECIAL|

Sucesso em cápsulas Nanovetores

da

Melhor Empresa Incuba

Divulgação

ntos • 60 produtos nos segme l ti têx e de cosméticos ses • 200 clientes em 20 paí o anual ent ram fatu • R$ 2,5 mi de ora bad incu • Instalada na de do Centro de Laboração lta), (Ce das nça Tecnologias Ava ) (SC lis de Florianópo

“Ter uma equipe multidisciplinar é muito interessante para ter sinergia, fazer surgir ideias novas e agregar valor aos nossos produtos. gosto de ter pessoas diferentes na equipe em função dessa colaboração” 26

Instalada na incubadora do Centro de Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), de Florianópolis (SC), a Nanovetores não é novata no Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador. “Participamos em 2012 e ficamos em segundo lugar, mas não desistimos de concorrer”, conta a sócia-fundadora Betina Giehl Zanetti Ramos. Dias antes de ser anunciada como a vencedora de 2014 na categoria “Melhor Empresa Incubada”, a Nanovetores também conquistou o primeiro lugar no II Prêmio Brasil Alemanha de Inovação, mais um marco no caminho de sucesso da empresa. Especializada em ativos micro e nano encapsulados de alta tecnologia, a Nanovetores desenvolveu mais de 60 produtos voltados aos setores cosmético e têxtil, fornecidos hoje a uma carteira de quase 200 clientes do Brasil e do exterior. Em 2014, o faturamento da empresa foi de aproximadamente R$ 2,5 milhões. “Hoje exportamos para 19 países e temos cinco distribuidores no mundo. Para 2015, estamos avaliando a possibilidade de internacionalização nos Estados Unidos, França ou Suíça”, comemora a empreendedora. Parceria Foi graças ao incentivo do marido, o administrador de empresas Ricardo Ramos, que Betina decidiu empreender. Farmacêutica formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), retornou ao Brasil em 2006, depois de concluir o doutorado em Química na Universidade de Bordeaux, na França. Na bagagem, dúvidas se deveria prestar concursos ou abraçar a vida acadêmica. “Meu marido me acompanhou e acabou se envolvendo com meu tema de pesquisa. Percebemos então que o know-how que eu havia adquirido poderia ser transformado em produto porque a tecnologia de ativos encapsulados ainda era muito incipiente no Brasil”, conta. Betina concluiu um pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina e,

junto com o marido, fundou a Nanovetores no final de 2008. Enquanto Ricardo passou a coordenar a gestão e administração da empresa, ela ficou a cargo dos processos de P&D, do lançamento de novos produtos e dos processos produtivos. “Na minha rotina, isso é muito gratificante porque o desejo de realizar pesquisa, que cultivei na minha pós-graduação, é concretizado na empresa de maneira bastante dinâmica”, avalia. Com cerca de 25 funcionários, além de representações comerciais no Rio de Janeiro e em São Paulo, a Nanovetores reúne profissionais pós-graduados em diversas áreas, como Farmácia, Química e Engenharia de Alimentos. Conquistas Propor soluções aplicáveis em produtos para uso pessoal, como é o caso de insumos nanoencapsulados em cosméticos e roupas, com uma tecnologia inovadora e pouco conhecida no Brasil exigiu um tempo maior para a consolidação da empresa. Isso porque os ativos produzidos pela Nanovetores precisavam passar por testes de segurança e eficácia antes de serem lançados no mercado. “Isso só foi possível graças a editais de subvenção que vencemos. Estudos clínicos são caros e um verdadeiro desafio para uma empresa nascente e inovadora”, recorda Betina. Em 2012, um novo empurrão ajudou a empresa a deslanchar na área comercial: a Nanovetores recebeu investimentos do Criatec, fundo de capital semente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), destinado à aplicação em empresas emergentes inovadoras. “Nos tornamos uma empresa com gestão e governança bem definidas e melhoramos muito nossa área comercial, de prospecção e divulgação, intensificando nossa participação em eventos no Brasil e no exterior”, conta. Dessa forma, o aporte do Cietec marcou o início de um novo ciclo de expansão. Com as soluções validadas e a área comercial consolidada, o caminho para


ENTENDA A TECNOLOGIA A Nanovetores desenvolve insumos encapsulados em nano e micro partículas,ou seja, protege substâncias

[

específicas para que elas tenham resultados mais eficazes e rápidos. Isso porque os ativos encapsulados não

ficam em constante interação com o meio e conservam melhor suas propriedades, que passam a ser ativadas por “gatilhos”, como temperatura, água ou fricção.

Com foco no segmento cosmético e têxtil, a empresa oferece insumos com propriedades diversas que podem ser aplicados em produtos para o cabelo, rosto e corpo – como é o caso de encapsulados com hidratantes, antienvelhecimento e firmeza da pele – ou em roupas, por meio de partículas com produtos anticelulite, hidratantes e perfumes.

convencer os clientes sobre os efeitos e benefícios dos ativos nanoencapsulados ficou mais fácil. “Conseguimos provar que nossa tecnologia garantia resultados mais eficazes e rápidos, com efeitos visíveis de produtos cosméticos em apenas uma semana, graças à encapsulação, que protege melhor os ativos”, explica Betina. Assim, a Nanovetores passou a oferecer insumos de alta eficácia com diversas propriedades, como combate à celulite, hidratação, firmeza de rosto e redução de linhas de expressão. Além disso, a empresa pode encapsular ou desenvolver um ativo exclusivo e sob demanda, pedido mais comum entre os clientes de maior porte. No setor têxtil, a empresa desenvolve ativos que podem conferir diversas propriedades aos tecidos, como hidratação, analgesia e perfume. “Nosso foco é gerar inovação, que geralmente é vista no produto dos nossos clientes”, conta. Em 2013, por exemplo, a têxtil catarinense Malwee lançou uma linha de roupas do segmento fitness com tecidos hidratantes, a partir dos ativos fornecidos pela Nanovetores. Acertos Hoje, a Nanovetores mantém apurado know-how da encapsulação, o que permite atender rapidamente a demandas de diversos clientes, de diferentes países. “Um dos nossos acertos foi apostar em matéria prima de fonte natural, processo limpo e sem solventes orgânicos. Fomos visionários ao pensar na sustentabilidade ainda no começo da empresa”, comenta Betina. Foi assim que os insumos da Nanovetores passaram a ser amplamente aceitos em países europeus, extremamente rigorosos com segurança de materiais. Além disso, desde as primeiras inovações, houve a preocupação com o registro de propriedade intelectual. Hoje, a empresa detém cerca de 10 patentes. Para Betina, o ingresso na incubadora em 2009, nos primeiros anos da empresa, também foi fundamental para o sucesso do negócio. “O fato de estar incubado quer dizer que houve um processo seletivo e você está instalado numa instituição de referência, como é nosso caso aqui no Celta. Ajuda muito a obter respaldo com os clientes, oferecendo uma infraestrutura que inspira maior credibilidade”, conclui. É essa confiança, tanto de empreendedores como de gestores de ambientes de inovação, que inspira novos rumos e novas histórias de sucesso.

Divulgação

[

|ESPECIAL

A empresa está instalada desde 2009 no Celta e produz ativos encapsulados para diversos países

a nanoveTores usa MaTériapriMa de fonTe naTural e seM solvenTes orgÂnicos – uM passaporTe para a enTrada eM paÍses europeus, conhecidos pelo rigor coM a segurança dos MaTeriais 27


ESPECIAL|

Divulgação

Portador do futuro

“como temos um planejamento estratégico de longo prazo, optamos por trabalhar com tecnologias portadoras de futuro e não com áreas tradicionais e já consolidadas”

Tecnosinos

Melhor Parque co Científico e Tecnológi

• 75 empresas instaladas s • 6 mil empregos gerado exa par • R$ 120 milhões nos pansão de infraestrutura s próximos três ano

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Criado num contexto de baixo crescimento da região do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, o Parque Tecnológico São Leopoldo (Tecnosinos) é um ótimo exemplo de como um ambiente de inovação pode alterar a matriz econômica local e atrair negócios globais, unindo esforços dos três componentes da tríplice hélice: universidade, poder público e iniciativa privada. “Acredito que fomos reconhecidos pelos resultados consolidados e pelo fato de não nos debruçarmos em nossas conquistas, indo sempre atrás de novidades”, afirma a diretora executiva do vencedor na categoria Parque Científico e Tecnológico do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, Susana Kakuta. Além de uma governança bem estabelecida, o Tecnosinos tem atuação e infraestrutura bastante consolidadas. Desenvolve programas diversos para atrair novos negócios e potencializar o crescimento de empresas instaladas, muitas delas de grande relevância econômica no município. Dos 10 maiores contribuintes de São Leopoldo, cinco estão instalados no Tecnosinos. “É um parque com resultados concretos, na questão de empregos gerados, no relacionamento com a sociedade e na inserção de setores econômicos diferenciados. Estamos num grau de maturidade muito interessante”, afirma Susana. Atuação em perspectiva Fundado em 1999, o parque aproveitou a tradição da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) no ensino de Tecnologia da Informação (TI) para estimular o empreendedorismo e atrair empresas do setor. Desde então, passou a atuar em outras quatro áreas: semicondutores, automação e engenharia; comunicação e convergência digital; tecnologias para saúde; e novas energias. “Como temos um planejamento estratégico de longo prazo, optamos por trabalhar com tecnologias portadoras de futuro e não com áreas tradicionais e já consolidadas”, explica Susana. Para isso,

existe um alinhamento com a oferta de conhecimento da universidade, importante fornecedora de mão de obra qualificada para o parque. Parte dessa estratégia resulta de um plano de governança bem definido, que também envolve a prefeitura e associações comerciais e industriais de São Leopoldo. “Evoluímos nesse relacionamento e resolvemos de comum acordo criar e incentivar áreas hibridas”, destaca Susana. Assim, começaram a ser criados institutos de tecnologia em conjunto com a Unisinos, voltados às áreas de atuação do parque, que fornecem inovação tecnológica, ensaios e testes com a agilidade que as empresas instaladas demandam. Dois deles, de automação e nutracêutica, já estão funcionando, enquanto as unidades de semicondutores e tecnologias de saúde estão em fase de implantação e planejamento. Atração de empresas Para os próximos três anos, o parque possui um projeto de expansão orçado em R$ 120 milhões, com mais de 90% dos recursos provenientes de investidores privados, além da Unisinos e dos governos estadual e federal. Ao todo, serão cinco novos prédios, incluindo novos espaços para empresas se instalarem no parque e na incubadora. Com isso, a administração do Tecnosinos pretende atrair 225 empresas e gerar no mínimo 10 mil empregos até 2019. Atualmente, o Tecnosinos abriga 75 empresas, com faturamento anual de cerca de R$ 1 bilhão e geração de 6 mil empregos. Há pouco mais de dois anos, uma das empresas instaladas no Tecnosinos, a Altus, que fornece soluções para os setores da Energia Elétrica, Óleo & Gás e Transportes, formou uma join-venture com a coreana Hana Micron. A parceria resultou na HT Micron, maior fábrica de encapsulamento e teste de semicondutores da América Latina. “O fato de termos atraído esse investimento para o parque demonstra que as empresas de tecnolo-


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Desenvolvimento A conquista de empresas globais ocorreu num curto espaço de tempo, se considerada a história do Tecnosinos, que nasceu orientado para a necessidade de reconversão produtiva da região do Vale dos Sinos. Altamente dependente do setor coureiro-calçadista e de metal mecânica básica, a região assistiu à criação do parque em plena crise no fim da década de 1990. Por quase 10 anos o Tecnosinos teve um crescimento lento e orgânico, até receber a empresa alemã SAP, líder global de mercado em soluções de negócios colaborativas e multiempresas, e a mexicana Softtek, fornecedora global de soluções orientadas a processos de TI. “Além de atuarem como empresas âncoras, elas posicionaram o Tecnosinos no mundo”, relembra Susana. A partir daí, a instituição estabeleceu uma estratégia para tornar-se um parque global de produção tecnológica e inovação, com um plano de internacionalização que trouxe também a indiana HCL Technologies, uma das maiores do mundo em engenharia de software, e culminou com a entrada de empresas e startups de 10 países. “A cidade cresceu no nosso entorno. Para cada emprego gerado no parque, outros três são criados lá fora”, assinala Susana. Enquanto cerca de 30% da mão de obra empregada no parque é do município de São Leopoldo, o restante vem de outras cidades num raio de 50 quilômetros. Empreendedorismo Para atrair mão de obra e novos empreendimentos, o Tecnosinos lança mão de diversos programas e estratégias. O parque atua como âncora de cluster de alta tecnologia para a região, atraindo investimentos até mesmo para outros municípios, e aposta na participação de eventos internacionais e canais de comunicação em outros idiomas para atrair empresas estrangeiras. Também desenvolve o programa “Empreendedorismo de Inovação”, que fomenta o surgimento de startups por meio da busca de projetos inovadores na universidade e de ideias da sociedade em geral. Outra iniciativa de destaque é o Programa Talentos, que recebe alunos do ensino médio em visitas guiadas pelo parque. Em 2014, mais de 2,5 mil estudantes conheceram as empresas e as possibilidades de carreira oferecidas. Temos que prover recursos humanos diante do crescimento de nossas empresas e da educação no país, explica Susana. A depender dos bons resultados do Tecnosinos, essa tarefa será um caminho de novas vitórias e sucesso.

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gia não buscam apenas infraestrutura, mas os talentos oferecidos aqui”, afirma Susana.

Parque alterou a matriz econômica da região do Vale dos Sinos, atraindo empresas globais

o tecnosinos tem um projeto de expansão orçado em R$ 120 milhões Para os próximos três anos. a expectativa é atrair mais 225 empresas e gerar 10 mil empregos até 2019 29


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acompanhamento intensivo

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O MIDI Tecnológico, de Florianópolis (SC), venceu a categoria Melhor Projeto de Promoção da Cultura do Empreendedorismo (CEI) do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, com o projeto MIDI&Mercado. O programa nasceu há cerca de dois anos, depois da reformulação e adoção de novas práticas e propostas para melhorar a seleção, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento de empresas incubadas – iniciativa que ficou conhecida como MIDI 2.0. “O MIDI&Mercado nasceu nesse novo posicionamento da incubadora e possui diversas ações em dois pilares: desenvolvimento empresarial e conquista de mercado”, explica a coordenadora técnica do MIDI Tecnológico, Kamila Bittarello.

“com cerca de 500 empresas associadas, a acate nos proporciona um grupo muito experiente para aconselhar os incubados”

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Desenvolvimento Na parte de desenvolvimento empresarial são oferecidos serviços e infraestrutura de apoio ao amadurecimento da empresa, que incluem consultorias gratuitas em áreas como administração e finanças, recursos humanos, contabilidade, jurídico e marketing. “Ao todo, mais de 650 horas de consultoria foram oferecidas, além de cursos específicos para as empresas”, explica Kamila. Os incubados também recebem consultorias em programas de gestão estratégica e de desenvolvimento do empreendedor. Estruturado em 2014, o programa de Desenvolvimento do Empreendedor tem foco em competências consideradas essenciais. Cada empreendedor passa por um processo de avaliação, em que são identificadas as competências já desenvolvidas e as habilidades que é preciso desenvolver. Nesse mesmo eixo, o MIDI Tecnológico promove ainda cursos de capacitação. Em 2014, a incubadora aplicou mais de R$ 400 mil em projetos do Sebraetec. “Foram mais de 20 projetos de subvenção, em que aplicamos mais de 90% dos recursos destinados”, afirma a coordenadora técnica. Já na parte de gerenciamento estratégi-

co, as empresas recebem consultoria especializada para elaborarem um plano anual, com objetivos, diretrizes, visão, mapa estratégico e metas. Depois, os empreendedores alimentam um sistema de indicadores, no qual é possível checar mensalmente o avanço nas prioridades definidas. Outra iniciativa é o Apadrinhamento, um programa de mentoria de empresas incubadas, que conta com a participação de empreendedores ligados à Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) – gestora da incubadora. “Com cerca de 500 empresas associadas, a Acate nos proporciona um grupo muito experiente para aconselhar os incubados”, afirma Kamila. Foco no mercado A aproximação com as empresas associadas à Acate também rende frutos nas ações ligadas à abertura do mercado, que buscam a comercialização dos produtos e soluções das incubadas por meio de contatos com potenciais clientes e parceiros. Um dos exemplos é o VerticAlmoço, que reúne associadas da Acate e incubadas do MIDI para discussão de temas e promoção de networking. Nesses eventos, são debatidos tendências e gargalos das 12 verticais da associação – grupos de empresas que atuam no mesmo segmento, como educação, saúde e energia. “Os empreendedores incubados participam para promover parcerias com outras empresas, muitas vezes líderes do setor. Já houve casos em que receberam investimentos ou que foram criadas join-ventures”, conta Kamila. Mensalmente, o MIDI Tecnológico promove um happy hour com a incubadora Celta, também localizada em Florianópolis (SC), em que participam empreendedores incubados e graduados, acadêmicos e interessados no processo de incubação. Outra ação da incubadora, voltada à conquista do mercado pelas incubadas, é o oferecimento de cursos de capacitação para elaboração de projetos de captação de recursos. Em 2014, por exemplo, quatro empresas


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MIDI&Mercado

Melhor Projeto de do Promoção da Cultura o rism edo end Empre

sa• desenvolvimento empre do rca me de sta qui rial e con con• mais de 650 horas de s ida rec ofe s sultoria

o MIDI&Mercado surgiu após a adoção de novas práticas e propostas para melhorar a seleção, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento de empresas incubadas

do MIDI tiveram propostas aprovadas no TecInova. “É um ganho extraordinário, porque ajuda muito na consolidação da empresa”, afirma Kamila. Nova sede da Acate, gestora do Midi Tecnológico, traz espaços de convivência para incentivar o trabalho colaborativo Fotos: Divulgação

Perspectivas Ampliar as formas de obtenção de recursos pelas incubadas é uma das apostas do MIDI Tecnológico para 2015. Segundo Kamila, a incubadora irá ampliar a rede de investidores-anjo, que começou com a Acate em 2013 e já conta com mais de 50 cadastrados. Também está previsto um novo programa de alavancagem comercial. “Para empresas pequenas e empreendedores de perfil muito técnico, saber vender um produto é uma tarefa difícil. Entretanto, é o que garante a sobrevivência do negócio”, esclarece. Por isso, as empresas deverão passar por consultorias e cursos a fim de elaborar um plano comercial bem estruturado, que contemple inclusive o momento da graduação. A incubadora também se beneficiará com as novas instalações da Acate. Com áreas de convivência diferenciadas e serviços pay per use, o novo ambiente foi criado para favorecer o trabalho colaborativo. À disposição dos empreendedores incubados, há 18 salas de reuniões para até 12 pessoas, quatro áreas de reuniões informais, sala de treinamento para 36 pessoas e auditório para 88 pessoas, além de uma infraestrutura de TI. “Todas essas ações estão sendo amplamente discutidas e devem trazer bons resultados, assim como foi com o MIDI&Mercado. Há sempre o desafio de implantar algo novo, mas é muito gratificante ter bons números e o feedback de nossas empresas para demonstrar todo o nosso esforço”, afirma Kamila. A depender dos bons frutos de 2014, este ano trará excelentes notícias para o MIDI Tecnológico.

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incubação em rede Incubadora Raiar

Melhor Incubadora de para a Empresas Orientada o de Geração e Uso Intens Tecnologias

Bruno Todeschini/ Divulgação PUCRS

• 26 incubadas • 60 graduadas mão • duas unidades, em Via e Porto Alegre (RS) as • mais de 50% das incubad são do setor de TIC

“enquanto uma ideia pode deixar de ser inovadora, o empreendedor continua tentando um modelo de negócio viável e aprende nesse processo. nossa função é identificar um potencial empreendedor e capacitá-lo para isso.” 32

Sinergia é a palavra que melhor define o trabalho da Incubadora Raiar, ligada à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e vencedora da categoria Melhor Incubadora de Empresas Orientada para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias (PIT). “A conquista do prêmio reflete o trabalho feito por todos os gestores e colaboradores da Raiar, que é apoiada por todo o ecossistema de inovação da universidade, um ambiente reconhecido e qualificado de inovação”, afirma a gestora da Incubadora, Flávia Cauduro. Criada em 2003, a Raiar ajudou a consolidar a InovaPUCRS, rede de inovação da universidade, composta por unidades acadêmicas e periféricas, como institutos de pesquisa, agências de gestão tecnológica e de empreendimentos. Nessa extensa rede, a Raiar integra o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc). “Estar no parque propicia a troca e o aprendizado entre as empresas e propicia o surgimento de parcerias, spin-offs e networking”, aponta Flávia. Ecossistema Para vencer na categoria PIT do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, Flávia acredita ter sido fundamental a inserção da Raiar no ecossistema de inovação da PUC. “Estar nessa rede e contar com parcerias internas e externas é muito importante para ajudar a fortalecer nossas empresas e estimular a inovação. É como um ímã, atraindo ideias, empreendedores, novas empresas e negócios”, explica. Além do Tecnopuc, a incubadora interage com outras estruturas da InovaPUCRS, como o Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT) e as agências de Gestão de Empreendimentos (AGE) e de Gestão de Tecnologia (AGT). A rede também propicia facilidades em infraestrutura que podem ser aproveitadas pelas incubadas, como os Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica (Labelo) e o Centro de Inovação

(CI). Criado em parceria com a Microsoft, o CI busca promover a qualificação de profissionais e estudantes por meio de mecanismos inovadores em Tecnologia de Informação. “Temos três incubadas no CI, que estão utilizando ferramentas da Microsoft para projetos em desenvolvimento e armazenagem de dados”, diz Flávia. Aposta no empreendedor Além da infraestrutura oferecida, a gestora da Raiar acredita que o foco no desenvolvimento do empreendedor seja um dos diferenciais da incubadora. “Enquanto uma ideia pode deixar de ser inovadora, o empreendedor continua tentando um modelo de negócio viável e aprende nesse processo. Nossa função é identificar um potencial empreendedor e capacitá-lo para isso”, conta Flávia. Periodicamente, a incubadora oferece cursos em parceria com unidades da PUC ou parceiros externos, como o Sebrae, e busca cursos via projetos de captação de recursos para a contratação de qualificações específicas. Outras unidades da InovaPUCRS também colaboram para o desenvolvimento dos empreendedores e das empresas. É o caso do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação (Nagi), que promove cursos, seminários e workshops voltados à disseminação da inovação, e o Núcleo Empreendedor, que realiza diversas ações para estimular o empreendedorismo entre os universitários, como o Torneio Empreendedor, uma disputa de projetos de negócios. Jovens talentos A prospecção de potenciais empreendedores, além de uma prática da Raiar, é uma das propostas do Torneio Empreendedor. A competição foi criada em 2007, quando Flávia estava à frente do Núcleo Empreendedor. “Foi muito importante ter contato com a sensibilização inicial do acadêmico, do aluno que nem imaginava o empreendedorismo como opção de carreira”, afirma.


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Encontros para inovar Em 2013, a Raiar comemorou 10 anos com a conquista de estrutura própria na unidade do Tecnopuc localizada em Porto Alegre. No último ano, o espaço foi reformulado, com a criação de pontos de convivência – espaços de uso comum para os incubados discutirem ideias e experiências. Ali, também é realizado o Café do pé direito, evento que ocorre todo início do mês, com palestrantes e empresários reconhecidos. “É uma forma descontraída e informal de começarmos o mês com o pé direito, vislumbrando novas oportunidades. Alguns negócios e parcerias já foram fechados durante o evento”, afirma Flávia. Hoje, a incubadora possui mais de mais de 60 empresas graduadas e 26 incubadas, nas duas unidades do parque, localizadas na capital e na cidade de Viamão – cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Mais de 50% das empresas incubadas são do setor de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), e o restante atua em áreas como educação, direito, engenharia de produção, meio ambiente, energia renovável e saúde. Essa diversidade é também um ponto positivo para a interação dos incubados, que podem contar com o suporte e apoio de todo o ecossistema de inovação da universidade. “A PUC fomenta e incentiva muito o empreendedorismo, com diversas unidades e ações. Isso acaba retornando para as empresas incubadas e para futuros empreendedores, num ciclo contínuo”, conclui Flávia.

Bruno Todeschini/ Divulgação PUCRS

No último ano, a Raiar passou a promover o Startup Garagem, programa de pré-incubação, gratuito. Dos 20 projetos selecionados, três foram escolhidos para um programa de coworking, com o acompanhamento de especialistas e profissionais de mercado a fim de fortalecer e estruturar modelos de negócios, por um período de três meses. “Ajudamos na consolidação da ideia, antes mesmo do plano de negócios. Depois, os melhores passam pelo nosso processo seletivo, ou seja, só é incubado quem está bem preparado”, explica Flávia. A ideia é que o programa continue em 2015, engajando mais jovens a empreender.

Raiar aposta no fomento a jovens talentos para disseminar o empreendedorismo e criar novos negócios

A raiar integra o ecossistema de inovação da puc, interagindo com outras estruturas da InovaPUCRS, como o tecnopuc, o Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT) e as agências de Gestão de Empreendimentos (AGE) e de Gestão de Tecnologia (AGT) 33


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Vocação para empreender

“nosso sucesso se deve a esse trabalho de fomento ao empreendedorismo nos alunos, com disciplinas na grade curricular e diversas atividades promovidas pelo nemp, que atravessam todos nossos cursos de graduação e tecnologia.”

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Localizada em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, a Incubadora de Empresas e Projetos do Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações) sagrou-se como vencedora na categoria Melhor Incubadora de Empresas Orientada para o Desenvolvimento Local e Setorial (DLS) ao mostrar o impacto de sua atuação no município e o esforço contínuo em fomentar o empreendedorismo na comunidade estudantil. Não por acaso, a incubadora ostenta uma característica peculiar: a maior parte dos empresários incubados é composta por alunos de graduação do Inatel. “Isso ocorre porque promovemos diversas ações para incentivar o empreendedorismo ainda nos primeiros semestres da universidade, abrindo portas para empresários muito jovens”, explica Rogério Abranches da Silva, coordenador geral da incubadora e do Núcleo de Empreendedorismo do Inatel (NEmp). Como resultado, os empresários deixam a incubadora com menos de 30 anos, engrossando os números do polo tecnológico da cidade, que ficou conhecida como Vale da Eletrônica em meados da década de 1980. Potencial Até então, a cidade, que hoje conta com pouco mais de 40 mil habitantes, tinha uma economia com perfil preponderantemente agropecuário, mesmo sendo sede de importantes centros de educação, como a Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa, criada em 1959 e primeira escola da área de nível médio da América Latina, e o próprio Inatel, fundado em 1965 e primeira instituição de ensino do país a oferecer um curso superior de Engenharia. “Aqui eram formados engenheiros de telecomunicações e os principais técnicos em eletrônica do Brasil, que saíam para outros estados e países”, conta Silva. Para reverter esse cenário, o Inatel e a prefeitura municipal organizaram a primeira edição de uma feira, reunindo cerca de

20 empresas de base tecnológica que começavam a surgir na cidade. A partir daí, começaram a apoiar a criação de novas empresas de maneira informal: o Inatel abriu seus laboratórios, e o poder público cedeu espaços para a instalação dos novos negócios. “Dessa época, temos grandes empresas que surgiram e estão no mercado hoje”, afirma Silva. De todas as empresas que compõem o Vale da Eletrônica, 40% são incubadas ou graduadas na Incubadora do Inatel. Formação direcionada Com o potencial inovador identificado, era necessário pensar em mecanismos formais de incubação e incentivar o empreendedorismo. Assim, em 1992, foi criada a Incubadora do Inatel, que nos anos posteriores conquistou recursos, espaço físico e uma equipe com dedicação exclusiva. “Em 1999, passamos por um período de profissionalização na gestão e, nos anos seguintes, evoluímos tanto no processo de incubação quanto na preparação de pessoas para o empreendedorismo”, relembra Silva. A aposta deu certo. A incubadora foi uma das primeiras a obter a certificação ISO 9001 e, em 2005, chegou a vencer em duas categorias do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador: categoria Melhor Incubadora de Empresas Orientada para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias (PIT) e Melhor Projeto de Promoção da Cultura do Empreendedorismo (CEI). No mesmo ano, o Inatel foi vencedor na categoria “Melhor Ensino Empreendedor do País”, no Prêmio Melhores Universidades - Guia do Estudante e Banco Real, com o programa “Despertando e Capacitando Empreendedores”, promovido pelo Núcleo de Empreendedorismo (NEmp). “Nosso sucesso se deve a esse trabalho de fomento ao empreendedorismo nos alunos, com disciplinas na grade curricular e diversas atividades promovidas pelo NEmp, que atravessam todos nossos cur-


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sos de graduação e tecnologia”, destaca Silva. À frente do Núcleo, que coordena todas as iniciativas de empreendedorismo do Inatel, o gestor ressalta a importância de eventos e atividades extraclasse que incentivam os alunos a empreender e disseminam a cultura empreendedora na comunidade. Empreendimentos Preocupada em fomentar ainda mais o desenvolvimento setorial e local, a incubadora começou a promover eventos para atrair capital externo para as empresas. Assim, foram realizadas rodadas de negócios entre investidores de diversas regiões países e empresas selecionadas. “Chamamos empresas de fora da incubadora também, pois nosso objetivo era tornar Santa Rita um ambiente mais apropriado a receber investimentos e consolidar o polo tecnológico. Hoje isso já ocorre naturalmente”, conta Silva. A incubadora do Inatel é voltada ao apoio e desenvolvimento de empresas de base tecnológica, que tenham dentre seus sócios pelo menos um aluno ou ex-aluno do Inatel. Dessa forma, são contemplados projetos de todos as linhas de pesquisa e cursos da universidade, como as engenharias Biomédica, de Controle e Automação, de Computação e de Telecomunicações. “Embora a eletrônica seja a base, há diversas aplicações e possibilidades de negócio”, afirma Silva. Por esse ambiente, já passaram 56 empresas e outras oito estão incubadas, além de três em estágio de pré-incubação. Esses empreendimentos geram 2 mil empregos diretos e indiretos na cidade, com faturamento anual de mais de R$ 150 milhões. Aposta na interação Proporcionando uma ampla infraestrutura e o acesso a mais de 30 laboratórios aos empreendedores, a incubadora pretende ampliar suas instalações, com a inauguração de um novo espaço ainda neste ano. É o Laboratório de Criatividade, Inovação e Experienciação, voltado para incubados, pré-incubados e alunos que desejam empreender e testar novas ideias. No ambiente, onde serão instaladas impressoras 3D e lousas interativas, eles poderão discutir projetos e ideias, além de prototipar novos produtos. A ideia do novo espaço veio após a entrada de Tânia Maria da Costa Rosas, atual gestora da incubadora, que trabalhava anteriormente como consultora de gestão e tecnologia em empresas. “Ela está trazendo diversas inovações, por conta da experiência com o mercado. Isso tem sido fundamental para seguirmos aperfeiçoando nossa gestão”, comenta o coordenador. Para 2015, Silva também tem outro sonho: quer ver a Incubadora do Inatel conquistar a certificação do Cerne 1, coroando o esforço de toda a equipe na implantação do modelo.

Incubadora do Inatel

Melhor Incubadora de Empresas Orientada nto para o Desenvolvime Local e Setorial

• 8 incubadas • 56 graduadas gos • geração de 2 mil empre os iret ind e diretos mais • faturamento anual de s hõe mil de R$ 150

a maior parte das incubadas foi criada por alunos de graduação do Inatel, já que o empreendedorismo é incentivado nos primeiros semestres da universidade 35


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Vendedores inquietos Confiance medical duada

Melhor Empresa Gra

ra• R$ 12,5 milhões de fatu mento anual • 43 funcionários • graduada em 2011, s desenvolve equipamento médicos com foco em videolaparoscopia a • graduada na incubador

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da Coppe/UFRJ, no Rio de Janeiro (RJ).

“este ano, vamos desenvolver soluções que integrem centros cirúrgicos a sistemas de telemedicina e iniciar o desenvolvimento de produtos para o mercado de cirurgia de urologia e ortopedia” 36

A Confiance Medical foi a vencedora do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador na categoria Empresa Graduada. Com uma trajetória diferente dos empreendimentos que passam por incubadoras, a Confiance foi fundada em 2002 e, por quatro anos, prestou serviços de manutenção de equipamentos médicos. A inquietação de um dos três sócios-fundadores, que queria produzir e desenvolver esses equipamentos, foi o que levou a empresa a procurar a Incubadora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). “Fernando gostava muito de pesquisar. Ele sempre nos dizia: eu consigo fabricar esses equipamentos”, conta Cristiano Brega, que fundou a empresa ao lado de Guarany Guimarães e Fernando Magero, o sócio inquieto. Enquanto Guarany e Cristiano eram revendedores de equipamentos médicos, Fernando trabalhava como técnico no mesmo lugar. Juntos eles largaram o antigo emprego para fundar a empresa e também conheceram o quarto sócio: o então estagiário da Confiance, Bruno Braga. O primeiro equipamento a ser fabricado pela Confiance já existia no mercado brasileiro. Era uma fonte alógena para endoscopia, uma área bastante conhecida pelos sócios quando trabalhavam com manutenção. “Posteriormente, surgiu a ideia de desenvolver uma fonte xenon (a mais próxima da luz solar) que não era fabricada nem pelo maior produtor nacional desses equipamentos”, explica Brega. A proximidade com a universidade possibilitou que a Confiance obtivesse o apoio do Laboratório de Ciências Médicas da Coppe para desenvolver o novo aparelho. Brega explica que isso foi essencial para produzir algo inovador e com segurança, característica fundamental do setor médico. Pioneirismo Em 2008, a Confiance foi a primeira empresa brasileira autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a

fabricar e comercializar a fonte xenon e o insuflador de gás carbônico (CO2) microprocessado para vídeo cirurgia da região abdominal, também conhecida como videolaparoscopia. Esses produtos, até então, só eram adquiridos por hospitais e clínicas médicas do Brasil em compras no exterior. Graduada pela Incubadora da Coppe em 2011, a Confiance Medical desenvolve, vende e aluga nove linhas de equipamentos com foco na videolaparoscopia, que prometem tornar as intervenções menos invasivas e com cicatrizes cada vez menores. “Hoje nosso sonho é acabar com a cicatriz da cirurgia aberta”, afirma Brega. Além do desenvolvimento de produtos inovadores, a empresa mantém a tradição de um bom atendimento ao cliente, com foco em um pós venda-ativo. Essa aposta numa relação próxima e customizada com o consumidor é uma estratégia para se diferenciar no mercado dominado pelos concorrentes estrangeiros. “Recentemente, ouvi um profissional de uma multinacional falando que o médico brasileiro usa 40% da capacidade dos equipamentos. Por isso, customizamos o produto para o nosso mercado, oferecendo um equipamento que tem segurança, qualidade e preço mais baixo”, avalia o sócio da empresa. Planejamento Depois de faturar R$ 12,5 milhões em 2014, os sócios da Confiance projetam alcançar R$ 15 milhões em 2015, com planos de expansão que vão além da consolidação no mercado de cirurgias abdominais. “Este ano, vamos desenvolver soluções que integrem centros cirúrgicos a sistemas de telemedicina e iniciar o desenvolvimento de produtos para o mercado de cirurgia de urologia e ortopedia”, afirma Brega. A exportação também é uma das estratégias da empresa para 2015, que pretende planeja receber investimentos via fundos de private equity e aumentar o número de funcionários de 43 para 65 ainda neste ano. De olho em novos mercados, a Confiance


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participou, em 2014, de uma pesquisa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) sobre sete países em potencial para importar produtos médicos brasileiros, como México e África do Sul.

a relação próxiMa e cusToMiZada coM o consuMidor é uMa esTraTégia para se

Reconhecimento “Quando você fala de incubadoras, você só respira inovação. O fato de entrar em um processo de incubação já é uma conquista muito grande. Depois, sair e ser premiado como melhor empresa graduada é um reconhecimento muito importante”. Essa é a percepção de Cristiano Brega em relação à conquista do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador de 2014. No ano anterior, a empresa já havia recebido o troféu Destaque do Ano no prêmio Empreendedor de Sucesso da revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios. Para Brega, o próximo passo nesse sentido é entrar para a lista do Great Place to Work (lugar excelente para trabalhar, em tradução livre). “Não estaria aqui se não fosse por nossa equipe. Por isso, trabalhamos para que nossos funcionários sejam felizes, porque assim eles são mais produtivos”, comemora.

[

diferenciar no Mercado doMinado por concorrenTes esTrangeiros

TECNOLOGIA BRASILEIRA Conheça os equipamentos da Confiance Medical, que eram produzidos apenas no exterior antes da entrada da empresa no mercado nacional.

Insufladores de gás carbônico: na videolaparoscopia, esses equipamentos são utilizados para dar maior segurança no controle de fluxos e de pressões intra-abdominais. Os modelos produzidos pela Confiance suportam até 50 litros por minuto de fluxo.

Fonte xenon: a qualidade da luz xenon é insubstituível nos procedimentos endoscópicos. O equipamento da Confiance possui sistema inteligente de resfriamento de lâmpada, com possibilidade de ignição independente do sistema de ventilação. Assim o equipamento resfria a lâmpada nos intervalos de uso, aumentando sua vida útil.

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gestão compartilhada

Implantação de boas práticas de gestão aumenta a transparência e traz bons resultados às instituições, elevando as chances de reconhecimento do trabalho entre acionistas, stakeholders e a sociedade em geral. Por isso, a adoção de modelos de governança pode ser uma saída para parques tecnológicos crescerem e descentralizarem suas operações.

dA nie L C A r d oS o 38


existentes entre o Tecnopuc, a universidade,

presas, principalmente naquelas de

o poder público e as empresas.

capital aberto, a governança corpo-

Com mais transparência, a administração

rativa é uma política de gestão que busca

do parque espera que a sinergia entre os

aumentar a transparência administrativa

parceiros aumente e as iniciativas possam

de empresas e entidades para acionistas,

fluir de maneira mais ágil. “Teremos uma es-

stakeholders e a sociedade em geral. Ape-

trutura mais acessível, com canais efetivos

sar de o conceito já ter conquistado grande

para uma participação ativa dos parceiros.

espaço no setor privado e uma parcela do

Os empresários também serão beneficiados,

setor público, está ainda engatinhando em

pois estarão mais perto das decisões e pode-

parques científicos e tecnológicos.

rão opinar de maneira mais direta”, aponta

Em 2011, o tema ganhou maior relevân-

o diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki.

cia, quando a Anprotec lançou o livro Mo-

delo de Governança para Parques Científi-

Articulação entre acionistas

cos e Tecnológicos no Brasil, de autoria de

Outras iniciativas no Brasil estão ainda

Eduardo Giugliani, professor de Engenharia

mais avançadas, como no Sapiens Parque,

da Pontifícia Universidade Católica do Rio

de Florianópolis (SC), que conta com um

Grande do Sul (PUCRS). Desde então, se-

plano de governança corporativa desde

gundo Giugliani, pouca coisa mudou. E isso

sua fundação. O parque nasceu pela arti-

se deve ao histórico e à estrutura atual dos

culação de vários stakeholders e três acio-

parques brasileiros.

nistas: o governo do Estado, por meio da

O professor lembra que as instituições

Codesc e da SCParcerias, a Fundação Cer-

no país cresceram baseadas na capacida-

ti e o Instituto Sapientia. A partir disso, a

de empreendedora de seus gestores, o que

estrutura foi organizada para dar transpa-

normalmente resulta em uma estrutura de

rência a todo o processo de administração.

administração centralizada, que se contra-

Criou-se um Conselho de Administração,

põe ao modelo de governança corporativa

formado por 13 membros, uma Diretoria

– mais compartilhado e colaborativo e que

Executiva e outros quatro conselhos – so-

altera profundamente as estruturas de to-

cioambiental, empresarial, técnico-científi-

mada de decisão. Por isso, Giugliani enfatiza

co e político-institucional.

que a governança deve ser implantada de

Ao longo dos anos, o modelo de gover-

modo integral e encarada como estratégica

nança se aprofundou no Sapiens e hoje

para a entidade. “A organização em si tem

estão sendo consolidadas práticas,

que estar bem madura. Caso contrário, a

aproveitando melhor os conselhos

governança vira apenas o rótulo de um mo-

e envolvendo mais as entidades

dismo, uma publicidade que não traz efeitos

nas tomadas de decisão. No entan-

benéficos práticos”, afirma.

to, segundo o diretor executivo do

Giugliani, que além de professor da PUC é

parque, José Eduardo Fiates, é ne-

coordenador da área de Projetos e Negócios

cessário evitar que a governança se

do Tecnopuc, ligado à mesma universidade,

torne um entrave para a inovação, já

cita a instituição como exemplo de entida-

que as obrigações com as melhores

de que já deu alguns passos importantes. O

práticas podem gerar morosidade

parque elaborou e aprovou um plano de go-

nas tomadas de decisões. “Temos di-

vernança, que deve estar 100% implantado

ferentes níveis de poder para deter-

até 2016. Uma das diretrizes estabelecidas

minadas deliberações, evitando que

é formalizar e deixar mais claras as relações

uma decisão se prolongue demais.

Giugliani, da PUCRS: governança deve ser implantada integralmente e encarada como estratégica

Rafael Prikladnicki, do Tecnopuc: estrutura mais aberta também beneficia empresários, que ficam mais próximos das decisões do parque Bruno Todeschini/Ascom PUCRS

C

ada vez mais usual nas grandes em-

Divulgação

|HABITATS

39


HABITATS|

Divulgação

No estatuto, por exemplo, a diretoria tem autonomia para celebrar convênios, contratos técnicos e operacionais, o que confere bastante agilidade aos projetos”, explica. Quem vem obtendo resultados animadores com a governança corporativa é o Tecnosinos, ligado à Universidade do Vale do Rio dos Sinos, de São Leopoldo (RS). O parque implantou o modelo de gestão em 2009, estruturado Fiates, do Sapiens Parque: governança não pode ser entrave à inovação, atrasando decisões importantes

no modelo de hélice tríplice, com três acionistas: a Unisinos, o município de São Leopoldo e um conjunto de associações empresariais da cidade. Com a governança e a interação forte entre os parceiros, o parque ajudou a elaborar uma lei de incentivo fiscal e realizou um programa para atrair e reter talentos nas empresas. A adoção de um modelo de governança corporativa tem ajudado a melhorar a capacidade de execução do planejamento da entidade. “A governança se dá sob a ótica da decisão estratégia e foca em projetos e processos que nos permitam atingir as metas. Para os próximos anos, planejamos chegar a 300 empresas instaladas no parque, empregar 10 mil pessoas, ser o primeiro Green Park das américas e alcançar o certificado Cerne de nível 4”, ressalta a CEO do parque, Susana Kakuta. Tendência Mesmo com alguns bons exemplos, o professor Giugliani ressalta que a governança corporativa está distante de ser rotina nos parques brasileiros. Uma mudança nesse cenário, para acelerar o processo e aumentar a adesão das entidades, seria

PrincÍPioS BÁSicoS Da goVernanÇa corPoratiVa Transparência - mais do que a obrigação de informar, é o desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve ser restrita ao desempenho econômicofinanceiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à criação de valor. equidade - tratamento justo dispensado a todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders). Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis. prestação de contas (accountability) - os agentes de Governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões. responsabilidade corporativa - os agentes de Governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando à sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Fonte: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

incentivar ainda mais a implantação da governança por meio de editais de fomento, que comecem a exigir requisitos de boas

nança corporativa e, em consequência,

práticas para liberar os recursos a parques

conseguirem bons resultados”, afirma. Esse

e incubadoras. “Essa tendência, se for apro-

pode ser um dos caminhos para os ambien-

fundada nos próximos anos, vai incentivar

tes que buscam crescimento e demonstrar sua atuação de modo mais eficaz. L

as instituições a implantarem uma gover40


empreendedores na mira

Programas de coaching e mentoria têm auxiliado incubadoras a desenvolver as habilidades dos empreendedores, despertando o potencial de cada um para resolver problemas que se apresentam na rotina das empresas. Essas iniciativas também têm sido úteis para identificar capacidades a serem trabalhadas, direcionando cursos e programas oferecidos pelos ambientes de inovação.

dA nie L C A r d oS o 41


GESTÃO|

P

rática cada vez mais adotada por em-

que participou do primeiro curso promovi-

presas e profissionais que buscam

do pela incubadora.

novas ideias e a melhoria do desem-

penho, programas de coaching e mentoring

Segundo a coach Marcela Eduarda Fer-

incubadoras de empresas. No caso do coa-

reira, que ministrou o programa no Gene, o

ching, que visa a melhora de performance

processo avaliou 23 itens dos participantes,

de uma pessoa a partir do acompanhamen-

que incluíam temas como comportamento

to próximo de um profissional especializa-

empreendedor, capacidade de planejamento

do, a aposta tem sido ainda maior depois da

e relacionamento. Do total de 20 acompa-

consolidação das normas do Cerne (Centro

nhamentos finalizados, 70% dos empreende-

de Referência de Apoio a Novos Empreen-

dores tiveram um aumento da performance

dimentos). Ações e metas para o desenvol-

entre 60% e 80%. “Isso teve reflexo direto

vimento pessoal do empreendedor são prá-

nas empresas. Alguns dos empreendedores

ticas-chave descritas no nível 1 do modelo

melhoraram ou até mudaram o projeto que

de gestão, seguido por diversas instituições

estavam tocando na incubadora, descobrin-

em todo o país.

do novos caminhos ou novas formas de de-

Foi assim, a partir da implantação do

Divulgação

Marcela Eduarda Ferreira, coach: empreendedores melhoraram ou mudaram projetos, descobrindo novos caminhos para desenvolver as empresas

Resultados

têm se tornado cada vez mais comum nas

senvolver a empresa”, aponta.

Cerne 1, que o Instituto Gene, de Blumenau

Por outro lado, o resultado também fez

(SC), vislumbrou a aplicação do curso de

com que 30% dos participantes descobris-

coaching. Antes disso, o Gene já havia pro-

sem que não tinham o perfil empreende-

movido algumas iniciativas para fomentar

dor ou não estavam preparados, naquele

a formação do empreendedor, mas apenas

momento, para assumir os compromissos

com foco em treinamentos técnicos. Com o

de uma startup. O número pode parecer

coaching, essa visão se abriu e a preocupa-

ruim, mas é positivo quando se considera

ção passou a ser mais completa, visando à

os planos de longo prazo das pessoas e da

formação pessoal. “Minha eficiência como

própria incubadora. “Por isso, o próximo

empreendedor melhorou 70%. Se você se-

passo é incluir ferramentas do coaching

guir o planejamento do programa, é tiro

durante o processo de seleção da incuba-

certeiro. A eficiência melhora muito”, avalia

dora. Dessa forma, poderemos saber com

o fundador da ImersioVR, Lucas da Silva,

antecedência quais candidatos não têm perfil empreendedor, tornando a seleção mais qualificada”, explica a gerente de Incubação e Empreendedorismo, Shirlei Daniela Soares Seubert. Shirlei também lembra que, após o coaching, os participantes se tornaram muito mais unidos e a interação entre as empresas residentes na incubadora aumentou. “A maioria dos empreendedores é de perfil técnico e passa muito tempo sozinho programando, mas com o coaching eles passaram a se reunir mais, estão mais proativos e querem participar mais da vida na incubadora”, afirma. Na incubadora Habitat, de Belo Hori-

42


|GESTÃO

da, realizaram quatro palestras,

ma de coaching ainda não chegou ao fim,

para que cada mentor pudesse

mas já é possível notar benefícios con-

expor sua história, contar erros

cretos, como a participação maciça dos

e acertos. E, a partir dessa pri-

incubados. Depois de algumas reuniões,

meira apresentação, várias star-

a incubadora percebeu que a maioria dos

tups

empreendedores apresentava insegurança

em seguir conversando com os

ou tinha dificuldade em negociações com

empresários. ”Tivemos que fazer

clientes e investidores, e passou a oferecer

uma filtragem, porque a procura

um curso de negociação. “A capacitação é

foi muito grande. Escolhemos as

definida a partir das demandas que surgem

empresas que tinham mais rela-

no programa de coaching, para nos aproxi-

ção com o setor de atuação do

marmos mais do que os empreendedores

mentor”, explica Natália Michele Ferreira,

realmente querem e precisam”, explica o

coordenadora da CenTev.

coordenador do programa de Incubação, Rafael Silva.

demonstraram

Fotos: Divulgação

zonte (MG), a primeira turma do progra-

interesse

Durante o programa, foram realiza-

Rafael Silva, da Habitat: coaching ajuda a identificar demandas de capacitação dos empreendedores

dos encontros de 30 a 40 minutos, que já trouxeram resultados para as empresas li-

Mentoria

gadas ao CenTev. “Em uma das

Outro tipo de iniciativa que vem ganhan-

reuniões, o mentor, que atua no

do força nas incubadoras e ajudando os em-

ramo florestal, acabou contra-

preendedores a aumentarem a eficiência é a

tando os serviços de uma em-

mentoria. Nesse tipo de trabalho, o empre-

presa pré-incubada e que atua

endedor é colocado em contato direto com

na parte de levantamento terri-

algum empresário mais experiente e recebe

torial”, comemora Natália. Para

dicas, sugestões e recomendações para fa-

o próximo ano, a ideia é realizar

zer sua startup crescer mais rapidamente.

conversas virtuais, para evitar

Quem aderiu à mentoria e se animou com

deslocamentos e encontrar mais

os resultados foi o Centro Tecnológico de

facilmente um espaço na agen-

Desenvolvimento Regional de Viçosa (Cen-

da do empresário, aumentando

Tev), de Minas Gerais.

a frequência das reuniões de

O primeiro passo da incubadora foi

mentoria. Assim, novas parcerias e novos

identificar uma série de empresários que

empreendedores poderão surgir no horizonte da incubadora. L

topariam atuar como mentores. Em segui-

Natália Ferreira, do CenTev: mentoria ajudou empreendedores da incubadora e possibilitou parcerias

coaching OU mentoring? Coaching é um processo de aceleração de resultados que consiste no desenvolvimento de competências e habilidades para o alcance de metas, o que requer empenho, foco e ações efetivas por parte do coachee (cliente). Um Coach apoia e auxilia através de perguntas e técnicas seu coachee a sair do estado atual para o desejado. Mentoring é uma espécie de tutoria, prestada por um profissional mais experiente que orienta e compartilha, com aqueles que estão iniciando no mercado de trabalho ou numa empresa, experiências e conhecimentos. Assim, fornece orientações e conselhos para o desenvolvimento de carreiras, que vão desde o âmbito pessoal até o profissional. Fonte: Instituto Brasileiro de Coaching

43


Shutterstock

Profissionais de ponta

Com iniciativa inédita no país, Capes lança edital para aprimorar a formação de gestores de parques tecnológicos no exterior, de olho em parcerias com os ambientes de inovação estrangeiros e em modelos que possam auxiliar no desenvolvimento dos ambientes inovadores brasileiros.

dA nie L C A r d oS o 44


|EDUCAÇÃO

D

epois de destinar recursos

leiros e incentivar a colaboração e

para ambientes de inova-

parcerias com os gestores estran-

ção nos últimos anos, o

geiros. Ao fim do programa, o in-

governo federal acenou com uma

tuito é que os bolsistas retornem

nova oportunidade para incentivar

ao Brasil como replicadores do

o desenvolvimento do empreende-

conhecimento adquirido durante o

dorismo inovador no país. Em de-

período da bolsa. “Queremos que

zembro do ano passado, o assessor

o bolsista traga o que aprendeu lá

de planejamento e estudos da Co-

fora, como disseminador de um co-

estados unidos

ordenação de Aperfeiçoamento de

nhecimento de alto valor agregado

Pessoal de Nível Superior (Capes),

aqui”, afirma Santana.

• University Technology Park at IIT

Manoel Santana, anunciou o lança-

inStitUiÇÕeS recomenDaDaS PeLa anProtec

Esclarecimentos

• Science Technology Advanced Research (STAR) Park

estágio pós-doutoral para gestores

Para esclarecer dúvidas sobre o

de parques tecnológicos. O anúncio

edital e garantir a participação de

• Lehigh University

aconteceu

durante o Café da Ma-

gestores de parques tecnológicos

nhã Anprotec & Parceiros. Segundo

de todas as regiões do país, a An-

Santana, “o edital representa um

protec e a Capes organizaram, em

canal específico para um grau ele-

janeiro deste ano, uma reunião para

vado de profissionalização na área

os interessados em se candidatar.

de inovação”.

Na ocasião, Santana anunciou um

mento de um edital de programa de

• Maryland International Incubator • Nebraska Innovation Campus • BioHio Research Park Canadá • University of New Brunswick Knowledge Park

A iniciativa também foi come-

adendo ao edital, incluindo a Ásia,

morada pela presidente da Anpro-

a América Latina e o Canadá como

china

tec, Francilene Garcia. “Ações como

prováveis destinos dos bolsistas de

essa, que incentivam a profissiona-

pós-doutorado, já que inicialmente

• Hong Kong Science & Technology Parks Corporation

lização e a formação acadêmica de

estavam previstos apenas a Euro-

gestores de ambientes inovadores

pa Ocidental e os Estados Unidos.

são primordiais para a continuida-

Com base nos principais questiona-

de e o desenvolvimento do empre-

mentos apresentados, a Anprotec

endedorismo no Brasil”, avaliou. O

elaborou um documento com todas

objetivo do edital é formar recursos

as respostas e disponibilizou-o nos

humanos altamente qualificados

seus canais de informação.

portugal • Universidade Nova de Lisboa, Madan Parque reino unido • University of St Andrews

nas melhores universidades e ins-

A Associação também entrou

tituições de pesquisa estrangeiras

em contato com entidades congê-

• Aberystwyth University

para promover a internacionali-

neres no exterior para indicarem

zação da ciência e da tecnologia

instituições aptas a receber os bol-

• Goldsmiths University of London

nacional, estimulando estudos e

sistas brasileiros. A partir dessas

• University of Strathclyde

pesquisas no exterior. Para isso, se-

informações, elaborou uma lista

rão concedidas bolsas semestrais,

com parques de diversos países,

• Ulster University

prorrogáveis pelo mesmo período.

que foram considerados adequa-

Além de possibilitar o acesso

dos ao perfil proposto no edital da

dos gestores a Parques Científicos

Capes (veja o box). Com esse rotei-

e Tecnológicos e outros ambientes

ro na mão, os primeiros intercam-

de inovação internacionais de ex-

bistas brasileiros começam a des-

celência, a Capes pretende ampliar

bravar outros ambientes a partir de setembro. L

a visibilidade dos parques brasi-

• Loughborough University • University of Salford, Greater Manchester • Universityof Oxford • Universityof York • King’sCollege London

45


Shutterstock

além da fronteira

Inovar globalmente e conhecer o mercado externo são duas tarefas que devem ser seguidas à risca pelas empresas que desejam exportar. No caso dos empreendimentos instalados em parques tecnológicos e incubadoras de empresas esse desafio ganha um novo estímulo, com o programa Connect, que aproxima empreendedores europeus e brasileiros.

A ndr é i A S egA nf r e d o 46


|INTERNACIONAL

Visitantes curiosos

nas e médias empresas brasileiras.

Ao todo, 50 empreendedores europeus

Apesar de as MPEs constituírem 99%

devem ser recebidos por empresas e am-

dos negócios formais no país, elas respon-

bientes de inovação brasileiros, por um pe-

dem por 30% da pauta de exportações,

ríodo que pode variar de um a seis meses.

com apenas 4% de participação no valor

Na mala, eles trazem a vontade conhecer o

agregado, segundo dados do Ministério

país e o mercado local, prospectando for-

de Desenvolvimento, Indústria e Comércio

necedores, parceiros, clientes e até concor-

Exterior (MDIC). No caso de empresas de

rentes. “Apesar de o mercado brasileiro não

base tecnológica instaladas em incubado-

estar no melhor momento, eles vêm pra cá

ras, poucas estão preparadas para atuar no

por acreditarem que há um grande poten-

mercado internacional. Os dados do Estudo,

cial consumidor”, avalia Nunes, do Cietec.

Análise e Proposições sobre as Incubadoras

Nas primeiras semanas de janeiro, o Cie-

de Empresas no Brasil, divulgado pela An-

tec recebeu o búlgaro Nedyalko Dervenkov,

protec e pelo Ministério de Ciência, Tecno-

da empresa Wr1st, que desenvolve uma

logia e Inovação (MCTI), em 2012, mostram

pulseira pré-paga para grandes eventos. “É

que apenas 15% das incubadas inovam em

como aqueles dispositivos para pedágio e

âmbito mundial, enquanto 55% inovam em

estacionamento, que coloca crédito e não

nível nacional.

precisa parar para pagar”, explica Nunes.

Uma das razões para isso pode ser o ta-

Embora pareça uma ideia simples, o empre-

manho do mercado brasileiro, atrativo para

endedor europeu tem um longo caminho

empreendedores que estão começando um

pela frente. Precisa negociar a instalação

novo negócio. “Alguns olham pro mercado

de antenas e sensores para georreferencia-

local, com 200 milhões de pessoas, como

mento e encontrar fornecedores de qualida-

suficiente para quem está começando do

de em hardware, tentativa já frustrada no

zero”, afirma Oscar Enrique de Moraes Nu-

mercado chinês.

nes , coordenador de negócios internacionais

Por isso, Nunes está apresentando empre-

do Centro de Inovação, Empreendedorismo e

sas do Cietec que se aproximem da área de

Tecnologia (Cietec) da Universidade de São

atuação da Wr1st, para possíveis parcerias ou

Paulo (USP), que participa do Connect.

ajudar com o conhecimento sobre o mercado.

Lançado no último ano, o programa é

“Os empreendedores têm sido muito recepti-

resultado de uma parceria entre o governo

vos e sorridentes, mas poucos fazem

brasileiro e a Comissão Europeia, com ope-

um follow-up, o que é considerada

ração da Anprotec e da European Business

uma etiqueta de negócios no lugar

and Innovation Centre Network (EBN). Ini-

de onde venho”, observa Dervenkov.

Nunes, do Cietec: potencial do mercado consumidor brasileiro limita empreendedores locais e atrai estrangeiros Divulgação

E

xportar é um desafio para as peque-

cialmente, o objetivo era promover o intercâmbio entre empreendedores brasileiros

Resultados

e europeus, com negócios estabelecidos

Entre outubro e dezembro de

há menos de três anos, mas isso mudou ao

2014, o Parque Científico e Tec-

longo nas negociações entre as instituições

nológico da Pontifícia Universida-

apoiadoras. “Insistimos para que os euro-

de Católica do Rio Grande do Sul

peus pudessem ser alocados em ambientes

(Tecnopuc), recebeu dois empreen-

de inovação, pois poderiam interagir com

dedores: o polonês Adam Filipionek,

uma quantidade maior de pessoas”, avalia o

que desenvolve uma solução mobile

consultor de projetos da Anprotec, Alexan-

para reduzir o tempo de resposta de

dre Steinbruch.

chamado de emergência em caso de 47


|INTERNACIONAL

Fotos: Divulgação

ter essa experiência para conhecer a cultura”, afirma Doumbè. Já de volta à Europa, Doumbè contabiliza amizades e potenciais parceiros de negócios. “Tive uma boa relação com os empreendedores, compartilhando e aprendendo. Ainda mantenho contato com alguns deles e damos suporte uns aos outros”, conta o belga. Como resultado, o empreendedor está trabalhando em projetos com parceiros de Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro, onde participou de uma oficina promovida pelo Instituto Gênesis, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Conexão local Doumbè, da Bélgica: Connect trouxe diversas parcerias e contatos

Martins, da Videoflot, saiu do país para liderar a expansão da empresa tcheca para o mercado brasileiro

48

acidentes ou de ameaças, e o belga Erdman

Com atuação nas áreas de economia

Samuel Doumbè, do Just Make Hit Group. A

criativa e produção audiovisual, o Instituto

companhia é especializada em comunicação

Gênesis e o Tecnopuc são um exemplo de

digital, marketing e audiovisual, com foco

que o Connect amplia a interação entre os

em música urbana de França, Bélgica, Reino

ambientes de inovação participantes. En-

Unido, Suíça, Estados Unidos e Brasil. “Nós

quanto estava no Brasil, Doumbé participou

promovemos artistas independentes por

do curso “Música e Negócios”, oferecido pela

meio de nossas mídias digitais e definimos

instituição do Rio de Janeiro, e aproveitou

estratégias de marketing para artistas e mar-

para fazer contatos. No começo do ano, foi

cas da indústria musical”, explica Doumbè.

a vez do representante brasileiro da empre-

Assim como o Cietec, o Tecnopuc tam-

sa tcheca Videolflot, João Martins, conhe-

bém promoveu a interação entre os estran-

cer a estrutura de produção audiovisual do

geiros recebidos pelo Connect e os empre-

parque. “O interessante é que recebemos

endedores locais, estimulando a presença

os empreendedores do mesmo setor, e eles

em eventos dentro e fora da universidade. “A

acabaram se conhecendo, criando uma rede

adaptação deles contribui para um feedback

e potencializando os resultados”, afirma a ge-

positivo, porque encontraram um ambiente

rente de cultura empreendedora do Instituto

acolhedor, com nosso staff falando

Gênesis, Julia Zardo.

inglês e compreendendo as necessida-

Martins foi para a República Tcheca li-

des deles”, avalia o diretor do Tecno-

derar a expansão da empresa para o Brasil

puc, Rafael Prikladnicki.

e acabou retornando graças ao Connect. “O

De fato, o idioma foi uma barrei-

país tem grande potencial no mercado audio-

ra fora dos ambientes de inovação,

visual e, por isso, é nosso mercado piloto em

em situações cotidianas, da ida ao

muitas iniciativas e também o que deverá re-

mercado ao acesso do transporte

ceber maior investimento no futuro”, afirma.

público. “Sem muita informação, eu

Em dois meses, o Instituto Gênesis apoiou

pegava táxi para reuniões ou quan-

Martins na inserção em regiões estratégicas

do ia de ônibus, ficava com o GPS

no país. “Nossas conexões foram tão boas que

do meu celular ligado, o que não era

possivelmente estabeleceremos escritório no

100% confiável. Mas foi importante

país por definitivo.”


|INTERNACIONAL

1a FaSe Do connect - origem DoS emPreSÁrioS receBiDoS

atÉ fevereirO,

15 esTrangeiros de OitO PaÍSeS fOram

reCeBidOS PeLOS amBienteS de inovação brasiLeiros. Desafios

rumo a um país desconhecido, sem

pesado para uma startup, dependen-

A participação no Connect foi ava-

saber falar o idioma, como ocorre

do do estágio de desenvolvimento

liada como positiva pelos ambientes

com os europeus, mais acostumados

em que se encontra, acredito que

de inovação que estão participando

a lidar com uma economia aberta e

deveria haver uma ajuda de custo”,

do programa, principalmente por

internacionalizada. E muitas vezes,

afirma o diretor do Tecnopuc, Rafael

ser uma forma institucionalizada de

o investimento necessário é pesado,

Prikladnicki. E é justamente esse o

promover o intercâmbio com empre-

diante do risco da experiência inter-

próximo passo da Anprotec na exe-

endedores estrangeiros. “É interes-

nacional não resultar em novos negó-

cução do programa. “Estamos em

sante para os dois lados, para quem

cios. “Esse cenário está mudando um

busca de um financiador brasileiro,

vem prospectar oportunidades aqui

pouco agora na área de Tecnologia da

que possa arcar com despesas de

e pode fazer negócios no país e tam-

Informação, com empresários mais

passagem e manutenção dos nossos

bém para nossos empreendedores

jovens e uma tecnologia que pode ser

empreendedores brasileiros no exte-

conhecerem uma cultura de inova-

facilmente alocada e desenvolvida em

rior”, afirma o consultor de projetos

ção diferente e até pensarem em se

outro país”, afirma.

da Associação, Alexandre Steinbru-

A falta de recursos para financiar

ch. A expectativa é que 2015 traga

as despesas dos brasileiros também

bons ventos aos brasileiros, assim

Para ele, o empreendedor brasilei-

contribuiu para a baixa adesão ao

ro ainda não tem o perfil de se lançar

Connect. “Como é um investimento

como trouxe para os empreendedores estrangeiros. L

aventurar numa experiência parecida”, afirma Nunes, do Cietec.

49


OPINIÃO|

Inovação na Constituição Divulgação

Maur ic io gue des diretor do Par que Te c noló gico da Uf r J e x - presidente da i A S P – A s s o c iaç ã o inter nac ional de Par ques Te c noló gicos Cons elheiro e ex - presidente da A nprote c “O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores independentes

E

e a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia.” sses dois parágrafos passaram a fazer parte da Constituição Brasileira no dia 26 de fevereiro de 2015, quando o tema “inovação” foi incorporado pela primeira vez ao seu texto. A promulgação da Emenda Constitucional no 85 não teve repercussão na mídia, que anda abarrotada de assuntos mais palpitantes. A título de tira-teima, fiz uma busca no Google uma semana depois da sessão solene que foi dedicada ao tema no Congresso

Nacional. Não achei nenhuma referência em veículos da grande imprensa. Apenas citações no Diário Oficial da União, em sites de órgãos de governo, em jornais especializados e em sites de entidades da área de Ciência e Tecnologia. Parece até pouco caso com o tema da inovação tecnológica ou com a Constituição Federal. Aprendi nos últimos anos, nas muitas discussões com procuradores federais, que a ideia de que o administrador público só pode fazer o que lhe é expressamente permitido pela lei, ao contrário do que ocorre na iniciativa privada, faz sentido. Por exemplo: nenhum país perderia tempo para criar uma lei proibindo juízes de utilizarem os carros apreendidos de seus réus. A ridícula cena do juiz Flávio Roberto de Souza pilotando o Porsche do empresário Eike Batista ficou famosa pela evidente imoralidade ali praticada. Mas a inexistência de uma lei que autorize o ato a torna indiscutivelmente ilegal. Não faz muito tempo, éramos procurados por colegas de outras universidades públicas que enfrentavam dificuldades tentando convencer os procuradores da legalidade da criação de uma incubadora de empresas ou de um parque tecnológico. A Lei nº 10.973/04, conhecida como Lei de Inovação, foi um importante avanço, mas agora a relevância dos ambientes promotores da inovação está consagrada na própria Constituição. Isso não é pouco e precisa ter reflexo não apenas na legislação, mas nas ações da União, dos estados e dos municípios. No campo legislativo, os próximos passos serão as discussões sobre o Código Nacional de Ciência,Tecnologia e Inovação (PL no 2177/11), que modifica a Lei de Inovação; a Lei de Acesso à Biodiversidade (PL no 7735/14); e as alterações na Lei de Licitações (PL no 8252/14). O novo regulamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) - que trata dos investimentos obrigatórios das empresas produtoras em pesquisa, desenvolvimento e inovação - deverá ser anunciado em breve e bem que poderia também se adequar à emenda da Constituição Federal. Mas não se trata apenas de alterações no marco legal. Este momento dramático, no qual a sociedade perplexa se defronta coma podridão de algumas de suas práticas políticas e empresariais, traz a oportunidade para que a inovação tecnológica também seja incluída na agenda de construção de um ambiente econômico mais saudável no Brasil.

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