LOCUS Ambiente da inovação brasileira
Ano XVIII | no 71 Maio 2013
DNA INOVADOR Dos grandes centros ao interior, uma nova geração de parques tecnológicos se estabelece no Brasil, tendo como meta contribuir para o desenvolvimento por meio da inovação. Amparadas na experiência de habitats pioneiros, essas instituições enfrentam os desafios de apoiar empreendimentos de diferentes portes, setores e interesses
Kenneth Herd, da GE, destaca os atrativos do Brasil para atividades de P&D Como as MPEs auxiliam as gigantes do setor de infraestrutura
O destino previsto para os R$ 32,9 bilhões do Plano Inova Empresa 1
Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae. Educação Empreendedora 2
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Como vai? Somos o Sebrae. Especialistas em pequenos neg贸cios. 3
LOCUS
Divulgação
ÍNDICE
Ambiente da inovação brasileira Ano XVIII ∙ Maio 2013 ∙ no 71 ∙ ISSN 1980-3842
A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Josealdo Tonholo (presidente) Jorge Audy Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação e edição Débora Horn Reportagem Alexandre Lenzi, Bruna de Paula, Bruno Moreschi, Daniel Cardoso, Débora Horn e Fabrício Rodrigues Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP
BH-TEC, de Belo Horizonte (MG): inaugurado em 2012, após sete anos de implantação
Direção e edição de arte: Bruna de Paula
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Revisão Vanessa Colla Foto da capa Shutterstock
Presidente Francilene Procópio Garcia Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy
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ENTREVISTA
EM MOVIMENTO
General Electric implanta seu quinto centro de pesquisas em terras brasileiras. Kenneth Herd, gerente geral do centro, fala sobre os motivos que levaram a multinacional a escolher o Brasil como sede
Planejamento para 2013, resgate de memória, eventos e lançamentos de novos programas colocam em evidência o movimento do empreendedorismo inovador brasileiro
Diretoria Gisa Bassalo, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini Superintendência Sheila Oliveira Pires Impressão Estação Gráfica
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OPORTUNIDADE O aquecimento recente do mercado de e-books no Brasil abre espaço para novos empreendimentos, orientados principalmente para o nicho de livros educativos
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NEGÓCIOS Saiba como micro e pequenos empreendedores têm construído relações de cooperação com grandes players do setor de infraestrutura e garantido sua fatia em mercados cada vez mais segmentados
Tiragem 2.000 exemplares
Produção
Apoio
Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902 Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555
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EDUCAÇÃO Após a consolidação como um dos maiores jogos de empreendedorismo do mundo, o Desafio Sebrae passa por uma reformulação geral, adequando-se ao público que se renova todos os anos
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OPINIÃO Mauricio Guedes alerta: É preciso enfrentar a discussão acerca da autonomia universitária, hoje restrita a aspectos didáticos e científicos
CARTA AO LEITOR
28 ESPECIAL O movimento do empreendedorismo inovador assiste ao nascimento de uma nova safra de parques tecnológicos, amparados pelos bons exemplos das primeiras iniciativas e preparados para colaborar com o desenvolvimento econômico e social
O
número é impactante: R$ 32,9 bilhões. Esse é o montante de investimento anunciado pelo Governo Federal para o recém-lançado Plano Inova Empresa. A exemplo de outros pacotes que se dis-
seminaram nos últimos anos, este também reúne uma série de iniciativas e programas já existentes, aliados a novos mecanismos para estímulo e fortalecimento da inovação. Uma sinalização evidente da ampliação do patamar de investimentos, com ênfase na priorização de determinadas áreas, consideradas estratégicas para o país. Na seção Investimentos desta edição, uma matéria disseca o Plano, revelando a engenharia de distribuição dos recursos previstos e de que forma empresas e ambientes de inovação podem aproveitar as oportunidades geradas por ele. Do total de recursos do Inova Empresa, R$ 100 milhões deverão ser destinados a incubadoras de empresas e parques tecnológicos. O valor não está muito além do patamar atual, mas
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INVESTIMENTO
Entenda como MPEs podem aproveitar as oportunidades geradas pelo Plano Inova Empresa - iniciativa que prevê investimentos de R$ 33 bilhões em inovação nos próximos dois anos
certamente contribuirá para que essas instituições continuem a colaborar com o empreendedorismo inovador brasileiro. A reportagem de capa desta edição mostra o trabalho que vem sendo desenvolvido por uma parte desses habitats. O foco da matéria são os parques tecnológicos implantados a menos de cinco anos e, em alguns casos, que ainda estão em fase de projeto, mas já geram expectativa quanto a seus benefícios. Das metrópoles ao interior, temos uma nova geração de parques se estabelecendo, dedicados a transformar a realidade social por meio da inovação - seja com base nas vocações regionais ou na criação de novos caminhos para o desenvolvimento. Exemplos vindos de Minas Gerais, Pará, São Paulo, Amazonas, Paraná e Rio Grande do Sul compõem um retrato desse novo
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grupo de parques tecnológicos, que buscam repetir, à sua maneira, a trajetória exitosa das instituições pioneiras, implantadas há quase 30 anos. No centro de todas essas discussões, as empresas reinam soberanas. É para elas que se voltam os recursos e também o
SUCESSO
trabalho dos ambientes de inovação. O resultado desse esforço
Amazon Dreams e Pentop do Brasil, incubadas localizadas no Norte do país, relatam como conquistaram o Prêmio Finep de Inovação e quais são os planos para o futuro
conjunto pode ser constatado nas seções Negócios, Sucesso e Oportunidade, que apresentam histórias de empreendimentos de diferentes portes, setores e regiões de atuação. Em comum, empreendedores persistentes e uma sólida base de apoio, concedida por incubadoras e parques. Boa leitura! 5
Estabilidade econômica, perspectiva de desenvolvimento e qualificação da mão de obra. Esses são alguns dos motivos apontados pela General Electric (GE) para implantar no Brasil um dos cinco centros de pesquisa que mantém em diferentes países. Quem afirma é o gerente geral do Centro, Kenneth G. Herd, engenheiro que trabalha na empresa desde 1983. Segundo ele, o Brasil tem potencial para se transformar em um polo de inovações que poderão ser replicadas em outras regiões do mundo. Apostando nesse potencial, a GE investirá R$ 500 milhões no chamado Centro de Pesquisas Global, em construção no Rio de Janeiro (RJ). O aporte deverá ser concluído até cinco anos após a inauguração do empreendimento, prevista para 2014. Cerca de 400 funcionários trabalharão no Centro, focado em tecnologias nas áreas de energia, transporte, mineração, aviação e saúde. Em entrevista à Locus, Herd fala sobre a função estratégica que o Brasil assumiu para que a GE se mantenha entre as empresas mais inovadoras do mundo.
POR DÉBOR A HORN 6
Divulgação/General Electric
Potencial para inovar
ENTREVISTA > Kenneth Herd
LOCUS > A que fatores se pode atribuir o reconhecimento da General Electric como uma empresa que tem a inovação em seu DNA?
Pesquisas no Brasil, a GE direciona a pesquisa e
Kenneth Herd > O reconhecimento da GE pela
infraestrutura e colaborar para suprir as neces-
sua capacidade de inovar está ligado à sincro-
o desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente para atender às demandas locais em sidades e os desafios locais.
nia dos trabalhos da companhia com as exigências e necessidades do mercado, o que inclui o desafio de lançar uma nova tecnologia no prazo necessário para a sua aplicação, com benefícios a parceiros e clientes. A inovação faz parte do DNA da GE desde que Thomas Edison fundou a empresa, em 1892. E, para a empresa, existem dois caminhos para inovar: trazer uma solução diferente de tudo que já existe e que atenda de maneira imediata à necessidade dos parceiros; ou pensar o que será inovação no futuro, em
“PARA A EMPRESA, EXISTEM DOIS CAMINHOS PARA INOVAR: TRAZER UMA SOLUÇÃO DIFERENTE DE TUDO QUE JÁ EXISTE E QUE ATENDA AO MERCADO DE MANEIRA IMEDIATA; OU PENSAR O QUE SERÁ INOVAÇÃO NO FUTURO, EM DEZ ANOS OU MAIS”
dez anos ou mais. As duas frentes integram os objetivos de pesquisa da companhia. A cada ano a GE investe, globalmente, cerca de US$ 6 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.
A GE optou por iniciar as atividades do Centro no Parque Tecnológico do Rio. Que fatores contribuíram para essa escolha? O Centro de Pesquisas Global da GE está
De que forma essa cultura da inovação se consolidou na empresa? Qual foi a contribuição, nesse sentido, da implantação dos Centros de Pesquisas Global em diferentes regiões do mundo?
sendo construído no Distrito Verde, na Ilha do Fundão. Até que as obras do projeto sejam finalizadas, em 2014, os cientistas da GE estarão trabalhando provisoriamente no Parque
A GE sabe que nos dias de hoje a inova-
Tecnológico da Universidade Federal do Rio de
ção é mais colaborativa que nunca. A presença
Janeiro [UFRJ], por meio de uma parceria com
de cinco centros de pesquisas em diferentes
a instituição. A cidade do Rio de Janeiro foi es-
países – além do Brasil, também nos Estados
colhida como sede do Centro de Pesquisas com
Unidos, na Índia, na China e na Alemanha – re-
base em critérios fundamentais como logística,
presenta uma tremenda oportunidade para o
mão de obra especializada e proximidade a uni-
crescimento e para o aumento da colaboração
versidades e clientes. A parceria com a UFRJ é
com clientes e parceiros ao redor do mundo.
importante também por permitir o intercâmbio tecnológico e a realização de palestras da GE
Por que o Brasil foi o país escolhido para receber o quinto Centro de Pesquisas Global?
para aproximar os alunos das atividades do
A escolha do Brasil dentre os mais de cem
semestre de 2011, a GE realiza roadshows nas
países em que a GE está presente levou em
principais universidades do país em busca de
conta diversos aspectos, como a estabilidade da
parcerias e de intercâmbio de conhecimento e
economia local, o potencial de desenvolvimento
de tecnologia. Esse tipo de parceria traz bene-
do país, a qualificação da mão de obra brasilei-
fícios para ambas as partes, uma vez que leva
ra, as oportunidades de negócios em infraestru-
para o ambiente acadêmico pesquisas que po-
tura, o potencial de crescimento, a maturidade
dem se tornar soluções e tecnologias comer-
dos negócios da GE no país e o relacionamento
ciais; e os pesquisadores da GE ganham espaço
com clientes, entre outros. Com o Centro de
de ponta para conduzir seu trabalho.
Centro de Pesquisas Global. Desde o segundo
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ENTREVISTA > Kenneth Herd
A implantação do Centro de Pesquisas Global da GE no Brasil foi anunciada como uma iniciativa para entender as necessidades específicas de clientes da empresa no país. Quais dessas necessidades já foram identificadas? As principais necessidades identificadas fo-
e tecnologias para exploração de petróleo, entre outros segmentos.
Nos Centros de Excelência já instalados, quais são os trabalhos e projetos de maior destaque neste momento?
ram fundamentais para definir o foco dos qua-
Em sistemas de bioenergia, destaque para
tro Centros de Excelência já em operação no
as pesquisas com vinhaça e bagaço da cana,
Centro de Pesquisas Global da GE. O objetivo é
biocombustíveis para a aeronáutica e loco-
desenvolver novas tecnologias para ajudar a re-
motivas movidas a gás natural. Em sistemas
solver grandes desafios do Brasil e do continen-
inteligentes, o trabalho será focado em auto-
te em quatro frentes: sistemas de bioenergia,
mação avançada, diagnósticos para energia
sistemas inteligentes, integração de sistemas
elétrica, setor de petróleo e gás, transportes
e sistemas submarinos. O Centro de Pesquisas
aéreos e transportes terrestres. Atuação com
Global da GE já tem um Memorando de Enten-
otimização para transportes, otimização do
dimento assinado com empresas e entidades
trajeto mina-porto e eficiência logística são as
como Petrobras, EBX, Coppe/UFRJ, IPT [Institu-
prioridades em integração de sistemas. Já em
to de Pesquisas Tecnológicas] e MRS Logística,
sistemas submarinos, a GE focará em inova-
entre outras, para desenvolver um trabalho fo-
ções para exploração de petróleo na camada
cado nas necessidades desses parceiros.
pré-sal.
“QUALQUER EMPRESA QUE DESEJA ATUAÇÃO CONJUNTA PODE NOS PROCURAR. A GE ESCOLHEU O BRASIL POR SABER QUE O PAÍS
De que forma pequenas e micro empresas inovadoras, poderiam atuar em conjunto com a GE e cooperar com os projetos desenvolvidos no Centro de Pesquisas? O Centro de Pesquisas Global da GE no Bra-
PRECISA TRANSPOR SEUS DESAFIOS E ACREDITA
sil conta com investimento de R$ 500 milhões
QUE A INOVAÇÃO É UM DOS CAMINHOS PARA
los primeiros cinco anos. Qualquer empresa
RESOLVER AS NECESSIDADES LOCAIS”
para sua construção e início das pesquisas peque deseja atuação conjunta pode nos procurar. A GE escolheu o Brasil por saber que o país precisa transpor seus desafios e acredita que
Entre essas necessidades, quais são as prioritárias para a GE?
a inovação é um dos caminhos para resolver
O trabalho do Centro de Pesquisas Global
instalado na Ilha do Fundão tem modelo de
é focado em desenvolver tecnologias para
atuação diferente dos demais centros da GE
solucionar alguns dos grandes desafios para
no resto do mundo, por contar com profissio-
o desenvolvimento do Brasil em áreas como
nais focados em entender as necessidades dos
energia, petróleo e gás, transportes, saúde e
clientes da GE no país, divididos em centros de
infraestrutura. Para esses segmentos, a GE já
excelência para pesquisar e desenvolver solu-
trabalha em pesquisas focadas nas áreas prio-
ções aplicadas a essas necessidades.
as necessidades locais. O Centro de Pesquisas
rizadas pelos quatro Centros de Excelência que formam o Centro de Pesquisas. Faz parte do trabalho do Centro de Pesquisas Global a busca por soluções em biocombustíveis, automação avançada, eficiência logística, software 8
A GE mantém Centros de Pesquisa em países com diferentes políticas e mecanismos de apoio à inovação. Como o senhor analisa o atual sistema de inovação brasileiro em relação
Divulgação/General Electric
ENTREVISTA > Kenneth Herd
Projeto do Centro de Pesquisas Global da GE que está sendo construído na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro (RJ)
aos existentes nos outros países que contam com esses centros? A GE entende que o Brasil tem potencial para se transformar num polo das exportações de “inovação reversa”, o que significa que a
capacidade para até 400 pesquisadores. A GE considera que a maior parte desses profissionais está no país, ou seja, o Brasil tem capital humano com a qualificação demandada pelos projetos da empresa?
alta tecnologia desenvolvida aqui, para resol-
Sim. Dos 80 pesquisadores que já fazem
ver os desafios locais, pode ser exportada para
parte do time do Centro de Pesquisas Global
outros países com o mesmo tipo de necessi-
da GE no Brasil, a maior parte é formada por
dade, incluindo os já desenvolvidos. Um bom
brasileiros. São atualmente 100 funcionários
exemplo de inovação reversa é a geração de
no total (incluindo os 80 pesquisadores), o
energia elétrica em escala comercial a partir
que corresponde a um quarto da capacidade
do etanol de cana-de-açúcar. Esse pequeno re-
total de 400 funcionários. Assim como em
corte é um indício do potencial do país, que
seus demais negócios no Brasil, a GE traba-
nos últimos anos conquistou investimentos de
lha para valorizar e qualificar a mão de obra
diferentes empresas para a criação de centros
local. Em paralelo, a companhia encabeça
de pesquisas que vão desenvolver inovação em
um movimento de repatriação de pesquisa-
solo nacional, produzindo soluções para as ne-
dores brasileiros altamente qualificados, que
cessidades locais. Cada vez mais, o Brasil tem
construíram a carreira no exterior e estão
buscado aprimorar sua posição em relação à
retornando devido às novas oportunidades
inovação. Prova disso é o pacote de R$ 30 bi-
decorrentes do momento favorável do país
lhões em crédito subsidiado para investimen-
na área de pesquisa e desenvolvimento. Dos
tos em inovação, anunciado recentemente pela
80 pesquisadores que já trabalham no Cen-
presidente Dilma Rousseff.
tro de Pesquisas da GE no Brasil, 10% foram repatriados e 20% contam com experiência
O Centro de Pesquisas da GE no Brasil terá
internacional. L 9
EM MOVIMENTO
Start-Up Brasil: editais abertos até 31 de maio Divulgação
que participarão do projeto. Aceleratech, 21212, Microsoft, Papaya, Pipa e Wayra foram habilitadas, enquanto Outsource, Start You Up e Fumsoft foram qualificadas. Cada uma deverá apoiar de oito a dez empresas nascentes. A ideia inicial era selecionar seis projetos, mas “devido à qualidade e a variedade das propostas apresentadas”, como definiu o secretário de Política da Informática do MCTI, Virgílio Almeida, outras três foram incluídas. “O mercado brasileiro amadureceu. As propostas apresentaram qualidade de benchmarking internacional”, explicou. Inscrições devem ser realizadas no portal do Programa
Para o primeiro ano do programa, o MCTI prevê apoio para suporte fi-
Empresas interessadas em partici-
podem ser de fora do país – e os re-
nanceiro de pelo menos 40 startups,
par do programa Start-Up Brasil, de-
sultados serão divulgados a partir do
com bolsas no valor de R$ 200 mil
senvolvido pelo Ministério da Ciência,
dia 25 de junho no Diário Oficial da
por empresa para inovação, pesquisa
Tecnologia e Inovação (MCTI), têm
União e no site do CNPq (www.cnpq.
e desenvolvimento. Para o próximo
até o dia 31 de maio deste ano para
br). Outra rodada de editais está pre-
ano, a meta é acelerar 150 startups.
se candidatar a um dos editais abertos
vista para o segundo semestre deste
O objetivo, anunciado pelo Minis-
(disponíveis em www.startupbrasil.
ano, com inscrições abertas a partir de
tério, é alavancar o surgimento de
mcti.gov.br/inscricoes). O programa
19 de novembro.
novas empresas e posicionar o país
vale para empreendedores nacionais
No últimos mês de março, o pro-
ou estrangeiros – 25% das startups
grama selecionou nove aceleradoras
como um player global no setor de softwares de serviço.
Inova Energia: R$ 3 bilhões para PD&I
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Finep, BNDES e Aneel anuncia-
do Inova Empresa (programa apre-
sa, desenvolvimento, engenharia
ram, no início de abril, um acordo
sentado em março pelo MCTI), o
e absorção tecnológica; produção
de cooperação que cria o Plano de
Inova Energia recebeu aporte de
e comercialização de produtos;
Apoio à Inovação Tecnológica no
R$ 1,2 bilhão da Finep, R$ 1,2 bi-
além de processos e serviços ino-
Setor Elétrico (Inova Energia). A
lhão do BNDES e R$ 600 milhões da
vadores. Na avaliação da Finep, o
iniciativa contará com recursos de
Aneel.
Inova Energia pode destravar uma
R$ 3 bilhões para investimentos em
O objetivo é fomentar projetos e
necessidade de financiamento de
pesquisa, desenvolvimento e inova-
selecionar planos de negócios que
projetos de cerca de R$ 1,8 bilhão
ção na área energética. Integrante
contemplem atividades de pesqui-
para 2013.
EM MOVIMENTO
Prêmio Finep: R$ 8 milhões para inovação Divulgação/Finep
A edição 2013 do Prêmio Finep de Inovação está com inscrições abertas até o dia 8 de agosto e vai oferecer um total de R$ 8 milhões em premiação. Serão distribuídos de R$ 100 mil a R$ 500 mil para os primeiros colocados regionais e nacionais, respectivamente, em cada uma das nove categorias: micro e pequena empresa; média empresa; grande empresa (apenas na etapa nacional); instituição de ciência e tecnologia; tecnologia social; inventor inovador; tecnologia assistiva; inovação sustentável e Inovar Fundos (esta também restrita à etapa nacional e dividida em três subcategorias: governança, equipe
Presidente Dilma participou da cerimônia de premiação no ano passado
e operação). A premiação regional acontecerá em cerimônia única, no
de cada proposta. Depois, no jul-
empresas e da Finep. Desde 1998,
Rio de Janeiro (RJ), e a final nacional
gamento regional, os concorrentes
mais de 500 empresas, instituições
ocorrerá no Palácio do Planalto, em
previamente
serão
e pessoas físicas do Brasil e do ex-
Brasília (DF).
avaliados por comitês compostos
terior já foram premiados. Confi-
por
ra mais na página da premiação:
Após a inscrição, haverá uma etapa de pré-qualificação e análise
selecionados
especialistas
representantes
de instituições de inovação, de
www.premio.finep.gov.br.
Em parceria com Sebrae, Anprotec promove curso de planejamento e gerenciamento de incubadoras pelo país Quem quer conhecer os caminhos
é voltado a dirigentes e técnicos de
“A dinâmica de trabalho no curso
para implantar e administrar uma in-
instituições que desejam criar sua
possibilitou o amadurecimento das
cubadora pode participar da série de
incubadora ou para gestores e co-
intenções da Universidade Federal
cursos que a Anprotec, em parceria
laboradores de empreendimentos
de Alagoas (UFAL) em implantar
com o Sebrae, está promovendo. O
já existentes. Alinhado às diretrizes
uma nova incubadora, agora no in-
Curso de Planejamento e Gerencia-
do modelo Cerne, trabalha com os
terior do estado”, avaliou o professor
mento de Incubadoras teve suas pri-
seguintes conteúdos: conceito de
da UFAL, Tobyas Maia de Albuquer-
meiras edições em Maceió (AL), no
incubação, planos de negócios, pros-
que Mariz, que participou do curso
mês de março, e em Brasília (DF), em
pecção e seleção de empreendimen-
em Maceió. A Anprotec e o Sebraem
abril.
tos, gerenciamento básico, aspectos
devem levar o curso a outras regiões
jurídicos e propriedade intelectual.
do país ao longo de 2013.
Com 32 horas de aula, o curso
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EM MOVIMENTO
Missão Técnica Internacional rumo à Europa Divulgação
entre os dias 20 e 31 de maio. A primeira parte do roteiro inclui visitas a parques tecnológicos e incubadoras de empresas, além de encontros com agências governamentais de CT&I nas cidades de Bruxelas, Namur (Bélgica), Eindhoven (Holanda) e Londres (Inglaterra). A segunda parte da Missão acontece em Londonderry (Irlanda), com a participação no 22o Congresso da European Business & Innovation Centre Network (EBN), que promove a missão em parceria com a Anprotec. “O principal objetivo desta Missão é a cooperação internacional, de
Warwick Science Park, no Reino Unido, será um dos ambientes visitados
modo que se estabeleçam parcerias com vistas à internacionalização de empresas inovadoras bra-
Alguns dos principais ambientes de inovação de Ingla-
sileiras e, por outro lado, a recepção de empreen-
terra, Holanda, Bélgica e Irlanda estão no foco da Missão
dimentos europeus em nosso país”, explica a presidente
Técnica Internacional 2013, promovida pela Anprotec
da Anprotec, Francilene Garcia.
Shutterstock
Anprotec e Apex-Brasil lançam projeto para internacionalizar empresas
Criar condições para interna-
empresas inovadoras”, destaca a
Exportações e Investimen-
presidente da Anprotec, Francilene
tos (Apex-Brasil). Em abril,
Garcia.
a Anprotec lançou uma
Após a identificação dos mem-
chamada para convocar os
bros do Sistema, será desenvolvida
associados que têm interes-
uma plataforma web para integra-
se em integrar o Sistema.
ção e fornecimento de informações
A partir dessa chamada, a
sobre as instituições participantes.
Associação selecionará par-
Um encontro entre representantes
ques tecnológicos e incuba-
dessas instituições, como gestores
brasileiras
doras que mantenham programas
de incubadoras e parques tecnoló-
inovadoras e contribuir para atrair
estruturados de apoio à internacio-
gicos brasileiros e estrangeiros, já
empresas estrangeiras aos centros
nalização de empresas inovadoras.
está marcado para o XXIII Seminário
de inovação do país é o objetivo do
“O propósito é criar uma rede de
Nacional de Parques Tecnológicos e
Sistema de Apoio à Internacionali-
incubadoras de empresas e par-
Incubadoras de Empresas e 30a Con-
zação de Empreendimentos Inova-
ques tecnológicos, brasileiros e es-
ferência IASP – evento que será rea-
dores – projeto que a Anprotec de-
trangeiros, habilitados para prestar
lizado em outubro, no Porto Digital,
senvolve em parceria com a Agência
suporte à internacionalização de
em Recife (PE).
cionalizar
12
Brasileira de Promoção de
empresas
EM MOVIMENTO
Seminário Nacional bate recorde de trabalhos inscritos
Ajude a resgatar a história do movimento
A primeira etapa da Chamada
de
Trabalhos
para o XXIII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas teve número recorde de participação: ao todo, foram 177 resumos de trabalhos recebidos, um aumento de 16% em comparação à edição anterior do evento. Esse volume inédito de inscrições, na opinião do presidente do Comitê Científico do XXIII Seminário, Paulo Tadeu Arantes, mostra a vitalidade do empreendedorismo inovador brasileiro. “Não apenas pelo incontestável crescimento quantitativo, mas também por sua crescente capacidade de gerar novos conhecimentos a partir de estudos e pesquisas”, afirma. Neste ano, o Seminário será realizado no Porto Digital, em Recife (PE), entre os dias 14 e 17 de outubro, em conjunto com a 30a Conferência Mundial da IASP, sob coordenação local do Porto Digital. Os autores dos trabalhos selecionados na primeira etapa já foram comunicados pela Anprotec para que enviem, até 10 de junho de 2013, o texto completo em português ou inglês, com o resumo em inglês. Para os proponentes que passarem nessa segunda etapa, o prazo para envio dos textos finais em português ou inglês, acompanhados do resumo em inglês, encerra no dia 19 de agosto de 2013. Mais informações: www.seminarionacional.com.br
Se você ou sua institução colaborou de alguma forma para a produção de conhecimento, tecnologia e inovação no Brasil, compartilhe essa história. O projeto Memória Anprotec, lançado durante as comemorações pelos 25 anos da entidade, é um espaço virtual dedicado a todos aqueles que contribuíram para o movimento do empreendedorismo inovador no país. Seja com documentos, projetos, imagens ou relatos, cada contribuição é fundamental para reconstruirmos a história do empreendedorismo brasileiro e o desenvolvimento de novos negócios e oportunidades. Contamos com todos – associados, parceiros, colaboradores e dirigentes – para que esta história seja registrada de forma cada vez mais completa. Confira: www.memoriaanprotec.org.br
Inovação e novidades nas redes sociais Quem gosta de se informar pelas re-
no Twitter e curta a nossa fanpage no Fa-
des sociais deve ficar atento e ficar por
cebook para ter sua timeline atualizada
dentro das novidades que a Anprotec pu-
constantemente com novidades.
blica diariamente no Twitter e na fanpage do Facebook. Estamos conectados di-
Facebook:
retamente com nossos associados e com
www.facebook.com.br/anprotec
as principais agências de notícias sobre inovação, tecnologia e empreendedoris-
Twitter:
mo, além de órgãos de fomento. Siga-nos
www.twitter.com/anprotec
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EM MOVIMENTO
O desenvolvimento de ciência,
estava previsto no Programa
tecnologia e inovação é o foco do
Ciência e Tecnologia para o De-
aporte de aproximadamente R$ 3
senvolvimento Sustentável, um
milhões que a Fundação Amazônia
plano plurianual de governo, em
Paraense, do Governo do Pará, fez
parceira com a Fundação Amazô-
para quatro editais de criação de
nia Paraense de Amparo à Pes-
redes de pesquisa. A verba é des-
quisa e a Secretaria de Estado da
tinada a resolver problemas das
Ciência, Tecnologia e Inovação.
cadeias produtivas do açaí, cacau,
O apoio à criação das redes terá
fitoterápicos e software.
um investimento total de R$ 2,9
O lançamento desses editais
Shutterstock
Pará: R$ 3 milhões em editais para pesquisa em desenvolvimento sustentável
milhões.
Iranduba: primeira cidade digital do Amazonas
PCT Guamá lança maquete interativa
Divulgação
O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) lançou no início deste ano uma maquete interativa, com opção de navegação automática por meio da qual os visitantes podem conhecer a área externa e os prédios do Centro de Excelência em Eficiência Energética da Amazônia (Ceamazon), do Laboratório de Alta Tensão, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), já implantados; do Laboratório de Qualidade do Leite, do EsLocalizada a 27 quilômetros de Manaus, Iranduba deve ser a pri-
meira “cidade digital” do Amazonas. O título se deve ao desenvolvimento de um projeto que prevê a instalação de 35 quilômetros de fibra ótica ligando a cidade à capital. A rede deve aumentar a oferta de serviços e acesso à banda larga de 10MB em locais públicos. O investimento previsto é de R$ 2,5 milhões, com recursos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Governo do Estado. Dos 62 municípios amazonenses, apenas Manaus conta com rede de fibra ótica. O projeto deve beneficiar 50 órgãos públicos no município e alcançar cerca de 40 mil pessoas. O projeto também prevê a integração de escolas a instituições de pesquisa e a ampliação da oferta de ensino à distância e capacitação de professores. 14
paço Inovação, da Incubadora de Empresas e da Administração, em fase de implantação. O lançamento dessa ferramenta, produzida com tecnologia de realidade virtual e disponível na página principal do site do PCT Guamá, visa aproximar ainda mais o parque tecnológico dos grupos interessados em conhecer e manter relacionamento com o primeiro parque tecnológico em operação na Amazônia. A maquete interativa permite navegar pelo ambiente em tempo real.
EM MOVIMENTO
Empresa do Porto Digital lança rede social com foco em cidadania Divulgação
“Fiscalize”, que permite ao cidadão apontar problemas rotineiros, como iluminação pública, coleta de lixo e defesa do consumidor; “Proponha”, que funciona como um fórum no qual os usuários colocam suas ideias e projetos em debate; e “Avalie”, espaço em que o cidadão dá notas para os serviços, instituições e entidades ligadas ao governo, avaliando-os em uma escala de uma a cinco estrelas. Os projetos que a prefeitura submete à aprovação popular também são avaliados. Todas as informações contidas na ferramenta estarão disponíveis para qualquer
Promover a gestão pública colaborativa é o objetivo da rede social
cidadão, imprensa e poder público. Os dados serão abertos para quem quiser acessar. Além disso, serão gerados
A empresa Quicksite, embarcada no Porto Digital, no
relatórios diários. A plataforma conta também com um
Recife (PE), lançou em março a Colab, uma rede social
ranking de interatividade, que segue a tendência de “ga-
que promete aproximar o cidadão e o poder público mu-
mification”, transformando as atividades diárias numa
nicipal. O objetivo é criar um ambiente de gestão pública
espécie de jogo. A cada participação no Colab, o usuário
colaborativa e mais participativa. Além da web, a nova
receberá uma pontuação específica, que será somada
rede social também pode ser usada como aplicativo em
a um número chamado também de Colab. A nova rede
sistema operacional IOS e Android. Para se cadastrar no
social está totalmente integrada às outras já existentes,
Colab, basta entrar no endereço www.colab.re.
como o Facebook, pela qual será criada a conta inicial do
Em menos de um mês de ativação, a rede já uniu
novo integrante. Automaticamente, o Colab sincronizará
mais de 4 mil usuários ativos no Recife. Ela é basea-
todos os dados dos usuários, tais como cidade, amigos,
da em três pilares de interação com a cidade: a seção
estudos e trabalho.
Primeiro encontro da Rede Mineira de Inovação em 2013 discute novas parcerias e investimentos A busca por parceiros, novos investimentos e consolida-
tentabilidade do Sebrae/MG, o Estado tem resultados
ção de projetos foi a pauta da primeira reunião do ano da
interessantes para mostrar quando o assunto são as
Rede Mineira de Inovação (RMI), realizada no dia 4 de abril
empresas graduadas no movimento, mas as conquistas
no auditório da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
são pouco divulgadas. “Precisamos mostrar à comunida-
de Minas Gerais (Fapemig), em Belo Horizonte. Com novos
de os resultados alcançados”. Ele acredita ainda que “a
editais abertos pelo governo para projetos de tecnologia, e
Rede Mineira de Inovação está no momento de alavan-
um ambiente de negócios cada vez mais voltado para in-
car recursos e atrair novos parceiros e sair do modelo
vestimentos em inovação, os principais representantes do
acadêmico para o modelo de negócios. Esse é o grande
setor em Minas acreditam que é a hora de ampliar o debate
desafio.” O próximo encontro da RMI deve acontecer em
e buscar projetos em conjunto.
Uberlândia, nos dias 8 e 9 de agosto, no Centro de Incu-
Para Anízio Dutra Vianna, gerente de Inovação e Sus-
bação de Atividades Empreendedoras (CIAEM). 15
EM MOVIMENTO
Anprotec promove capacitações sobre modelo Cerne Shutterstock
Entre dias 5 e 7 de junho deste ano, a Anprotec promoverá, em Brasília (DF), mais uma rodada de capacitação sobre o modelo Cerne de gestão de incubadoras de empresas. Ao todo, serão 24 horas-aula, divididas entre o Workshop de Nivelamento do Cerne e o Curso de Implantação do Cerne 1. Os participantes poderão realizar os dois ou optar por apenas um deles. Com carga de 8 horas, o Workshop de Nivelamento será realizado no dia 5 e terá como objetivo fixar conceitos e explicar a metodologia de implantação dos níveis de maturidade Cerne, bem como os requisitos para obtenção
sistemas de incubação, de forma a
e manutenção do credenciamento. En-
possibilitar a geração sistemática de
tre os conteúdos a serem abordados,
inovações. Dividido em quatro mó-
estão o vocabulário relacionado ao
dulos, o Curso se estenderá até o dia
modelo, os princípios e a estrutura do
7 de junho, abordando conteúdos
Cerne, as práticas e processos-chave,
que vão desde a seleção de empre-
as etapas do credenciamento, a autoa-
endimentos inovadores até a susten-
valiação e as ferramentas disponíveis.
tabilidade das incubadoras.
No dia 6 será iniciado o Curso
As inscrições estão abertas até o
de Implantação do Cerne 1, focado
próximo dia 29 de maio e devem ser
em capacitar participantes na con-
feitas por meio do site da Associação
cepção, implantação e operação de
(www.anprotec.org.br).
Valores para inscrição • Workshop: - R$ 250 para associados - R$ 400 para não associados • Curso de Implantação: - R$ 350 para associados - R$ 600 para não associados
Consecti e Confap têm novos presidentes
16
No último dia 8 de março, o secretário da Ciência e Tec-
do Consecti. A presidente da Anprotec, Francilene Garcia,
nologia do Espírito Santo, Jadir Péla, foi eleito presidente do
também faz parte da nova gestão do Conselho, assumindo
Conselho Nacional de Secretários Estaduais Para Assuntos
a Diretoria Regional Nordeste ― ela é Secretária Executiva
de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), órgão delibe-
de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Paraíba.
rativo do setor que reúne diversas instituições de governo.
Eleito em Salvador (BA), o presidente da Fundação de
Também foram eleitos Odenildo Teixeira, secretário de CT&I
Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Cata-
do Amazonas (como primeiro vice-presidente) e Rosane
rina (Fapesc), Sergio Gargioni, assumiu a presidência do
Nassar, secretária de CT&I do Maranhão (segunda vice-pre-
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à
sidente). A eleição ocorreu em Vitória (ES), durante o Fórum
Pesquisa (Confap).
EM MOVIMENTO
Divulgação
ParqTec de São José dos Campos terá centro de pesquisa da Boeing
Empresa apoiada pela Uniube ganha Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade A Ondatec, empresa apoiada pela Unidade de Tecnologia e Negócios da Universidade de Uberaba/MG (Uniube), recebeu em abril o Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade na categoria Indústria. A empresa desenvolveu um forno para diminuir a emissão de poluentes, proporcionar mais qualidade de vida aos trabalhadores e menos degradação ambiental. Assim, surgiu o processo de transformar madeira em carvão vegetal. O produto é fabricado
Parque Tecnológico de São José dos Campos: ambiente inovador atraiu a Boeing
sem poluir o meio ambiente e ainda aproveita os gases gerados para a produção de bio-óleo. “Toda mudan-
O Parque Tecnológico de São
empresas como a Embraer.
ça radical tem que ultrapassar as
José dos Campos, em São Paulo, vai
Esta será a sexta unidade de pes-
barreiras culturais, que no caso do
ganhar ainda neste ano um Centro
quisa da Boeing fora dos Estados
carvão são milenares. Assim, a visi-
de Pesquisa e Tecnologia da Boeing,
Unidos e concentrará o trabalho em
bilidade da vitória é sempre impor-
maior empresa aeroespacial do
biocombustíveis sustentáveis para
tante para ajudar a quebrar essas
mundo e líder na fabricação de ja-
aviação, gestão avançada de tráfego
barreiras”, afirma o diretor técnico
tos comerciais. O anúncio foi feito
aéreo, metais e biomateriais avança-
da Ondatec, Ricardo Naufel.
durante a LAAD Defense & Secu-
dos e tecnologias de suporte e ser-
O processo pode proporcionar
rity, importante feira de Defesa e
viços. Segundo o vice-presidente da
diversos ganhos para o meio am-
Segurança, que aconteceu no Rio
Boeing Pesquisa e Tecnologia Brasil,
biente, sociedade, indústria e consu-
de Janeiro (RJ) em abril. A unidade
Al Bryant, “o ambiente inovador do
midor. A empresa reduz o impacto
será inaugurada em um espaço já
Parque Tecnológico de São José dos
ambiental com a diminuição de 30
existente no parque tecnológico e
Campos, a proximidade com institui-
a 50% na área plantada, devido ao
terá 12 pesquisadores e cientistas
ções de pesquisa parceiras e o apoio
maior rendimento madeira/carvão.
da Boeing, que irão desenvolver
municipal tornam o local ideal.”
Também é eliminada a emissão de
projetos de tecnologia aeroespacial,
Além disso, o centro servirá como
gases tóxicos e poluentes, já que são
em conjunto com instituições bra-
ponto de colaboração da empresa
transformados em energia térmica
sileiras como o Instituto Nacional
americana com outras universidades
ou elétrica - e recupera-se 55% da
de Pesquisas Espaciais (INPE) e o
brasileiras, como a Universidade de
energia original da madeira disper-
Departamento de Ciência e Tecno-
São Paulo (USP) e a Universidade Fe-
sada pela fumaça dos processos
logia Aeroespacial (DCTA), além de
deral de Minas Gerais (UFMG).
convencionais.
17
EM MOVIMENTO
Rota de Inovação cruza a Ilha de Santa Catarina
Parque Tecnológico Virtual do Paraná inicia operação
Divulgação
Após uma série de workshops em cidades polo do estado, o Paraná concluiu, com um evento realizado em Curitiba no início de abril, o calendário de apresentação e implantação do Parque Tecnológico Virtual. A iniciativa do governo paranaense prevê a criação de uma plataforma que reúna incubadoras, parques e instituições de pesquisa e desenvolvimento a empresas de base tecnológica. Foram realizados, ao longo de um mês, eventos nas cidades de Cascavel, Guarapuava, Londrina, Maringá, Jacarezinho, Ponta Grossa e Curitiba. Em cada uma das Assinatura do contrato para criação da Rota da Inovação
A prefeitura de Florianópolis
endendo as universidades fede-
apresentou em abril o projeto
ral e estadual, as incubadoras e
“Rota da Inovação”, um roteiro
os centros empresariais na área
tecnológico, econômico e turísti-
de tecnologia e inovação.
co ligando o aeroporto Hercílio
A conclusão do roteiro, no Sa-
Luz, localizado no sul da Ilha de
piens, inclui a visita ao Centro de
Santa Catarina, ao Sapiens Par-
Visualização Floripa Interativa,
que, na região norte do municí-
um espaço criado para apresen-
pio.
tar a cidade e os projetos de TI
A rota irá destacar, em um
em desenvolvimento. O roteiro
trajeto de 40 quilômetros, as
pode ser feito tanto por escolas
principais instituições e iniciati-
e universidades, quanto por tu-
vas ligadas à inovação, compre-
ristas e empresários.
sete universidades públicas estaduais está sendo implantado um polo de desenvolvimento, com reforço aos Núcleos de Inovação Tecnológica já existentes. A governança do Parque Tecnológico Virtual do Paraná será dividida entre academia, setor produtivo e governo estadual. Segundo o diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Júlio Félix, o PTV dará apoio, consultoria, acesso a crédito e informação para micro e pequenas empresas. O portal do Parque Tecnológico deverá entrar em operação até o fim do primeiro semestre.
Grande Porto Alegre pode ter novo parque tecnológico
18
A cidade de Nova Santa Rita, a 20
Indústrias Metal Mecânicas e Eletro
implantação do parque tecnológico.
quilômetros de Porto Alegre, pode ga-
Eletrônicas de Canoas e Santa Rita
Segundo o presidente do Simecam,
nhar um parque tecnológico graças a
(Simecam). A proposta foi apresenta-
Roberto Machemer, há mais de 30
uma iniciativa que envolve o Instituto
da no dia 13 de abril e já rendeu um
empresas querendo se instalar na
Empresarial de Incubação e Inovação
termo de cooperação entre as entida-
região, o que indica um ambiente de
Tecnológica (Ieitec) e o Sindicato das
des, que buscam um terreno para a
negócios em desenvolvimento.
Anprotec e associados participam de reunião sobre incubadoras na Câmara dos Deputados Divulgação
do movimento do empreendedorismo inovador falaram sobre os desafios e benefícios das incubadoras de empresas de base tecnológica. A Superintendente Executiva da Associação, Sheila Oliveira Pires, apresentou dados do movimento, a história do empreendedorismo inovador no Brasil e o cenário atual das incubadoras e parques tecnológicos no país. Sheila apresentou também resultados e impactos positivos das incubadoras para a sociedade. Além da Anprotec e do MCTI, participaram da reunião
A superintendente executiva da Anprotec, Sheila Pires, apresentou aos deputados um panorama do movimento
No último dia 23 de abril, a Anprotec participou de uma reunião de trabalho da Frente Parlamentar de Ci-
representantes do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), da Universidade Católica de Brasília (UCB) e da Universidade de Brasília (UnB). As entidades de ensino apresentaram suas incubadoras de empresas.
ência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação da Câmara dos
O debate resultou em informações importantes para
Deputados. A convite do presidente da Frente, deputado
que a Frente Parlamentar apresente proposições de me-
Izalci Lucas (PSDB/DF), parlamentares e representantes
lhorias junto aos órgãos competentes.
Um modelo de gestão elaborado para potencializar os resultados das incubadoras de empresas. Sua incubadora vai fazer ainda mais. E melhor. Realização:
Parceria:
Saiba mais: www.anprotec.org.br/cerne 19
Shutterstock
INVESTIMENTO
Pacote para o desenvolvimento Plano Inova Empresa promete investimentos de R$ 33 bilhões para os próximos dois anos. Ordem agora é aproveitar oportunidades P OR A L E X A NDR E L E NZI
20
Empresas com bons projetos passam
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em-
a contar com uma nova fonte de recursos
presas (Sebrae). A Finep (Agência Brasileira
para transformar ideias em realidade. Lan-
de Inovação), principal instituição nacional
çado em março, o Plano Inova Empresa,
de financiamento público a projetos inova-
que integra diferentes ministérios e fontes
dores, atuou diretamente na formulação da
de recursos do Governo Federal, promete
proposta. Por meio dos programas e editais
aplicar R$ 32,9 bilhões em inovação entre
com participação da agência, já é possível se
este ano e 2014.
candidatar a uma parcela dos recursos.
Do montante, R$ 28,5 bilhões correpon-
Segundo o presidente da Finep, Glauco
dem a investimento direto e R$ 4,4 bilhões
Arbix, o investimento de R$ 32,9 bilhões
são provenientes de instituições parceiras,
no período de dois anos é inédito. “Nunca
como as agências nacionais do Petróleo, Gás
tivemos um plano governamental para estí-
Natural e Biocombustíveis (ANP/MME) e de
mulo à inovação tão grande no Brasil. Isso
Energia Elétrica (Aneel/MME) e o Serviço
é promissor, terá grandes impactos positi-
INVESTIMENTO
vos na economia”, avalia, lembrando que a
empresas nascentes à ambição, no sentido
Finep será responsável por cerca de 40%
positivo do termo. “O empresário precisa es-
do total de recursos. Ele acrescenta que os
tar disposto a correr riscos. E precisa inovar
empresários podem esperar a continuidade
para crescer e sobreviver no mercado. As
do plano, nos próximos anos, e defende que
incubadoras podem contribuir para que a
os impactos do Inova Empresa serão sen-
cultura empresarial passe a incorporar mais
tidos no futuro. “O fato de a inovação ter
ousadia”, aponta Arbix.
sido adicionada à discussão da política de Alto risco
enorme nas políticas públicas do país. Isso
“Investimento para inovação é como in-
consagra uma condição de destaque para
vestimento para educação: pela situação em
esse tema no futuro”, avalia Arbix.
que o Brasil se encontra, nunca é demais”,
O presidente da Finep considera que há
afirma o diretor-geral do Serviço Nacional
oportunidades para todas as empresas e ins-
de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael
titutos de Ciência e Tecnologia. Segundo ele,
Lucchesi, que também é diretor de Educação
Arbix, da Finep: incubadoras devem estimular empresas apoiadas a correr riscos
a estratégia é criar uma série de programas voltados a públicos distintos, empregando os recursos financeiros disponíveis para alavancar a inovação. “As empresas e entidades
Divulgação/Finep
desenvolvimento econômico é um avanço
precisam ter em mente que o recurso que a Finep disponibiliza é precioso, e por isso devem se preparar para competir por ele. Independentemente do grau de maturidade da empresa em relação à inovação, o mais importante é que ela tenha um bom domínio sobre aquilo que pretende desenvolver e que esteja preparada para esse desenvolvimento”, destaca Arbix. Nesse processo, ele defende que as incubadoras estimulem as
_AGENTES E VALORES Os agentes executores do Inova Empresa são a Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e o Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O plano receberá, ainda, um aporte de mais R$ 3,5 bilhões, por meio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para atividades de P&D no setor de telecomunicações. Os recursos estão condicionados ao término de processos de regulação do setor. Do total de investimentos anunciado, cerca de R$ 1 bilhão será operado por uma nova empresa pública, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), uma organização social com um contrato de gestão com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O plano terá um comitê gestor formado pela Casa Civil da Presidência da República, pelos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação; da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior; e da Fazenda; além da recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Outros oito ministérios também participarão: Saúde, Defesa, Agricultura, Educação, Trabalho e Emprego, Comunicações, Minas e Energia e Meio Ambiente.
21
INVESTIMENTO
Lucchesi, da CNI: Embrapii envolve alto risco, mas representa avanço para o país
e Tecnologia da Confederação Nacional da
ção desses recursos. A criação da Empresa
Indústria (CNI). Além do expressivo valor do
Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial
investimento, ele enxerga o plano como uma
(Embrapii), segundo Lucchesi, representa
proposta do governo para melhorar a aplica-
um avanço para o país e atende à demanda
Divulgação/CNI
do setor industrial. “Com ela, inicia-se uma política de investimentos públicos no período pré-competitivo das atividades de pesquisa e desenvolvimento. Essa fase é de alto risco. Por isso, é comum, no Brasil e em outros países, encontrar um hiato na aplicação de recursos. Daí a importância de o setor público compartilhar o risco técnico e econômico com o setor produtivo”, explica. Lucchesi entende que inovar é uma exigência do mercado e esse tema precisa estar no centro da estratégia de gestão do país e das empresas brasileiras. “É por meio disso que a indústria brasileira vai agregar valor às várias fases da produção, criar empregos melhores, aumentar a produtividade e ganhar competitividade. Assim, com as
_AÇÕES INCENTIVADAS
O plano prevê o estímulo a projetos e ações em sete eixos estratégicos: Agropecuária e agroindústria - insumos; mecanização e agricultura de precisão; genética; rastreabilidade, planejamento e controle de produção agropecuária; sanidade agropecuária e bem-estar animal; equipamentos, tecnologia de alimentos e embalagens com novas funcionalidades. Energia - redes elétricas inteligentes; veículos híbridos e eficiência energética veicular; tecnologias para gaseificação da biomassa. Petróleo e gás - tecnologias para a cadeia do pré-sal e para a exploração do gás não convencional. Saúde - investimentos em oncologia e biotecnologia; equipamentos e dispositivos médicos. Defesa - propulsão espacial, satélites e plataformas especiais; sensores de comando e controle. Tecnologia da Informação e Comunicação - computação em nuvem, mobilidade e internet; semicondutores e displays; softwares; banda larga e conteúdos digitais. Sustentabilidade socioambiental - combate aos efeitos de mudanças climáticas, efeito estufa e poluentes; tratamento de resíduos, águas e solos contaminados; redução do desmatamento da Amazônia; mobilidade e transportes sustentáveis; saneamento ambiental.
22
INVESTIMENTO
_DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS
R$ 20,9 bilhões > Crédito para empresas* R$ 4,4 bilhões > Programas de ações de instituições parceiras: ANP, Aneel e Sebrae, por exemplo
R$ 4,2 bilhões > Fomento para
projetos em parceria entre instituições de pesquisa e empresas
R$ 2,2 bilhões > Participação acionária em empresas de base tecnológica R$ 1,2 bilhão > Subvenção econômica a
empresas
Fonte: Finep
R$ 4,4 bilhão R$ 1,2 bilhão -
*Em empréstimos com taxas de juros subsidiadas, entre 2,5% a 5% ao ano, quatro anos de carência e 12 anos para pagamento.
medidas anunciadas, o governo melhora as
instituições que deverão apoiar as empresas
condições para o investimento privado em
no processo de inovação. “Ao todo, R$ 2,2
inovação”, avalia.
bilhões serão investidos no fortalecimento
Para a presidente da Anprotec, Fran-
desses ambientes. No caso de parques tec-
cilene Garcia, o lançamento do plano de-
nológicos e incubadoras de empresas, fo-
monstra a disposição do Governo Federal
ram destinados R$ 100 milhões, o que não
em ampliar o patamar de investimentos em
representa um grande salto em relação ao
inovação com ênfase nos projetos de risco
que vinha sido investido pelo Governo em
tecnológico, na maior interação entre os
anos anteriores, mas são recursos muito im-
atores e na priorização clara de áreas de
portantes”, afirma. Apesar dos investimentos
interesse. “O plano reflete uma tentativa de
ainda serem modestos, a presidente da An-
se combinar instrumentos de fomento para
protec acredita que o Inova Empresa trará
melhor atender às demandas de cada por-
benefícios ao movimento do empreendedo-
te de empresa e de suas especificidades na
rismo inovador no país. “Neste momento, é
rota trilhada em busca de inovação”, avalia,
fundamental que cada ambiente de inovação
enfatizando que, assim, as empresas pode-
se qualifique e busque rapidamente se estru-
rão estruturar seu crescimento e organizar
turar para que as empresas de seu entorno
de uma forma melhor seus projetos para
possam ser auxiliadas para a captação des-
cada ação estratégica.
ses recursos”, recomenda. É hora, portanto,
Francilene destaca que parte dos recursos serão destinados ao fortalecimento de
de disseminar e aproveitar as oportunidades trazidas pelo plano. L 23
Shutterstock
SUCESSO
Inovação no topo do mapa Sediadas na região Norte, duas empresas incubadas venceram o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2012 e se preparam para novos voos P OR DA NIE L C A R D OS O
24
Em meio à floresta tropical mais pujan-
ser moldada em 2002, quando o professor
te do mundo, a Amazon Dreams encontrou
Hervé Rogez, da Universidade Federal do
na inovação a ferramenta ideal para aliar
Pará (UFPA), firmou sociedade com o ex-
tecnologia, empreendedorismo e sustenta-
-aluno do curso de especialização, Maurício
bilidade. A história da empresa começou a
Navega. De lá pra cá, viveu altos e baixos e
SUCESSO
agora comemora o bom momento. A Ama-
co a pouco, ganham espaço no mercado
zon Dreams foi a vencedora da 15ª edição
brasileiro e alçam voo para o exterior. Nos
do Prêmio Finep de Inovação 2012, na ca-
Estados Unidos, uma empresa se interes-
tegoria Micro e Pequena Empresa.
sou pelo baixo teor de gordura e planeja
A conquista veio após uma mudança ra-
inserir o produto no mercado americano.
dical no posicionamento da Amazon DreBoa surpresa
empresa era fabricar polpa e sucos à base
Com as duas patentes registradas, em
de açaí. A grande novidade estava em uma
2009, a Amazon Dreams voltou à vida. O
técnica para “limpar” a fruta – retirando
professor Hervé chamou outros alunos e
microrganismos que provocam mal estar
parceiros para tirar a ideia do papel. Foi
intestinal. Os dois primeiros sócios apos-
nesse momento que Fabio Gomes, ex-aluno
taram no processo de pasteurização, pare-
da Engenharia de Alimentos, entrou como
cido com o do leite, capaz de eliminar 99%
sócio do negócio. “Formamos
das bactérias. O produto se diferenciou
um excelente grupo de profis-
dos concorrentes e conquistou clientes de
sionais, mas seguíamos atrás
vários estados. Por outro lado, os custos
de recursos financeiros para
elevados da pasteurização inibiram as ven-
tocar o projeto. Sem esperar-
das. A empresa sucumbiu aos valores pra-
mos, o Fundo Criatec tomou a
ticados por outros fabricantes e os sócios
iniciativa e nos procurou para
se viram forçados a abandonar o projeto.
investir na empresa”, lembrou
Mas a ideia de explorar o açaí persistiu,
O açaí clarificado, produzido pela Amazon Dreams. Abaixo, a fábrica da empresa paraense Fotos: Divulgação
ams. Na época da fundação, o objetivo da
Gomes.
ressurgindo em 2009. A principal meta da
Com o reforço no orça-
Amazon Dreams passou a ser o mercado
mento, a Amazon Dreams
nacional e internacional de compostos an-
contratou um administrador
tioxidantes, que reforçam o organismo no
para liderar a gestão e, de
combate ao envelhecimento precoce e ao
quebra, conseguiu se classi-
surgimento de várias doenças. Dois proces-
ficar no processo seletivo do
sos inovadores foram desenvolvidos pela
Programa de Incubação de
empresa nessa fase.
Empresas de Base Tecnoló-
Um deles, patenteado, é a extração dos antioxidantes dos frutos do açaizeiro, por meio do qual é possível obter outros produtos como o açaí clarificado, o purificado de açaí a 70% e o óleo de açaí. A inovação está em combinar a clarificação e a produção dos antioxidantes no mesmo processo, utilizando apenas um único lote de frutas. Antes dessa técnica ser criada, era preciso lotes diferentes para gerar cada produto. A segunda patente registrada está relacionada ao desenvolvimento de um método próprio para extrair antioxidantes a partir das folhas das plantas muruci e ingá, muito comuns no Pará. O resultado é a fabricação de seis produtos que, pou25
SUCESSO
gica (PIEBT), da Universidade Federal do
para cientistas, foi possível contratar até
Pará. No PIEBT, os sócios montaram um es-
mesmo pesquisadores do exterior. Inte-
critório e ganharam espaço na Usina Piloto
grante da equipe, a pós-doutora Christelle
para fabricação e desenvolvimento dos pro-
Herman é formada em Engenharia Quími-
dutos. Uma relação de ganha-ganha para os
ca pela Université Libre de Bruxelles, da
dois lados, como explica a gerente da Incu-
Bélgica.
badora PIEBT da Universitec, Iara Neves. “A
O prêmio Finep, recebido no final de
Amazon Dreams tem sido muito parceira
2012, também gerou bons resultados.
dos demais empreendimentos incubados,
“Com a premiação estamos internacionali-
compartilhando seus aprendizados. A em-
zando nossa patente sobre o processamen-
presa trouxe novas experiências à incuba-
to do açaí em quatro países. Outro fator
dora e à UFPA, principalmente no que tange
importante é que nos tornamos mais res-
à transferência de tecnologia”, ressalta.
peitados em processamento de compostos
Na lista de benefícios que a empresa
bioativos perante as empresas nacionais e
recebeu da incubadora, além de palestras
internacionais”, lembra Gomes. Diante dos
de capacitação e de uma consultoria do
avanços, a empresa planeja sua graduação
Sebrae para elaborar um plano de negó-
para o primeiro semestre deste ano.
cios, está o apoio na captação de recursos.
Divulgação
Equipe da Amazon Dreams comemora a conquista do Prêmio Finep 2012
Pacote importantíssimo para uma empresa
Caneta falante
que dava os primeiros passos.“É muito di-
Um dispositivo desenvolvido pela Pen-
fícil para a empresa manter-se em busca
top do Brasil, sediada em Manaus (AM),
constante por editais. Por isso, a incubado-
motivou a conquista do Prêmio Nacional
ra nos ajuda bastante e passa informações
de Inovação da Finep, em 2012, na cate-
de quais editais são publicados e quais se
goria Tecnologia Assistiva. A empresa é
encaixam dentro do nosso perfil”, relata
residente do Centro de Incubação e De-
Gomes.
senvolvimento Empresarial em Manaus
Essas dicas permitiram à empresa a
(CIDE/AM) e há cerca de três anos criou
captação de R$ 1,3 milhão até agora. O
um sistema que revoluciona a rotina de
dinheiro dos editais contempla recursos a
pessoas com deficiência visual. Trata-se
fundo perdido para aquisição de material
de uma caneta falante. Basta passar a ca-
de pesquisas, insumo para laboratório e
neta sobre um objeto que ela o identifica,
participação. Além disso, graças às bolsas
oferecendo mais independência a cegos ou pessoas com baixa visão. O dispositivo é prático e funciona da seguinte forma: o kit é composto por uma caneta eletrônica (uma espécie de gravador digital), um cabo USB e um conjunto de etiquetas de papel. O usuário faz a identificação na etiqueta com uma impressora comum e registra essa mesma etiqueta com o leitor da caneta. Em seguida, grava o som da própria voz indicando o nome do objeto. Assim, sempre que quiser saber qual objeto está segurando, é só aproximar a caneta da etiqueta e a gravação irá especificar o produto.
26
SUCESSO
Fotos: Divulgação
Um exemplo bem comum da eficiência da caneta é a tarefa de organização de CDs. Pessoas com deficiência visual têm dificuldades em selecionar o disco correto para ouvir a música que querem. Com a caneta falante, basta colar a etiqueta especial na capa do disco e gravar o nome do álbum. Dessa forma, toda vez que quiser escolher um determinado CD, a gravação da caneta vai confirmar o nome do disco. Além de CDs, é muito comum a aplicação da ferramenta em jogos de computador, documentos, roupas, coleções de objetos, produtos de beleza, produtos armazenados na geladeira e medicamentos. Quando os empreendedores começaram a desenhar a ideia, em 2009, o projeto focava no atendimento dos mercados de turismo, cultura e, principalmente, educação. O objetivo era ajudar a inclusão de alunos cegos ou de baixa visão que frequentam escolas regulares. Com o passar do tempo, no entanto, o mercado se ampliou. “Quando iniciamos a produção, um outro público começou a adquirir os nossos produtos. Então, estudamos o mercado e descobrimos que as pessoas querem a caneta falante porque buscam mais independência no dia a dia. Foi daí que surgiram outras funcionalidades, como organizar documentos e medicamentos”, explicou a gerente de projetos da Pentop
dações de outros estados firmaram parceria
do Brasil, Paula Pedrosa.
com a empresa e pretendem comercializar
Apesar da boa aceitação no mercado, a Pentop do Brasil ainda dá os seus primei-
o produto para ampliar a venda ou distribuição de suas publicações.
ros passos. Até agora, a empresa busca in-
As empresas que desejam repetir o fei-
vestimentos por meio de projetos e editais
to de Amazon Dreams e Pentop já podem
provindos de agências de fomentos. Entre
se inscrever na edição 2013 do Prêmio Fi-
eles, incentivos da Finep e da Fundação de
nep de Inovação Tecnológica. Neste ano,
Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
serão R$ 8 milhões em premiação. Três
(Fapeam).
das nove categorias são destinadas a em-
Porém, a Pentop do Brasil já colhe frutos
preendimentos: micro e pequena empre-
em outras searas. Além de parcerias com
sa, média empresa e grande empresa. As
secretarias de tecnologia e de cultura, o se-
inscrições estão abertas até o próximo dia
tor privado começa a ganhar mais relevân-
8 de agosto. A premiação deve ocorrer no final do ano, em Brasília (DF). L
cia no faturamento. Algumas editoras e fun-
No alto, a caneta falante da Pentop. Acima, o empreendedor recebe o Prêmio Finep das mãos da presidente Dilma Roussef
27
28
Shutterstock
CAPA
Uma nova geração de parques Os primeiros parques tecnológicos brasileiros são hoje instituições maduras, iniciativas consolidadas há quase 30 anos. Os bons exemplos do passado, aliados à necessidade de inovação e aumento de competitividade por todo o país, fazem com que uma nova geração de parques comece a ganhar espaço, explorando nichos diferenciados. O objetivo comum é colaborar para o desenvolvimento sustentável de diferentes regiões brasileiras, tanto nos grandes centros quanto no interior
P OR A L E X A NDR E L E NZI
29
Divulgação
CAPA
O movimento de incubadoras de empresas
Segundo dados coletados pela Anprotec, em
e parques tecnológicos teve início no Brasil em
2012 o Brasil contava com 94 iniciativas de par-
1984, com o Programa de Apoio aos Parques
ques tecnológicos, das quais 30 encontravam-se
Tecnológicos, promovido pelo Conselho Nacio-
em operação, 22 em fase de implantação e 42
nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
na fase de projeto. “As regiões Sudeste e Sul con-
(CNPq). O objetivo principal, então, era a criação
centram a maioria dos parques em operação.
de empresas de base tecnológica com a finali-
Por outro lado, acompanhamos várias iniciati-
dade de transferir o conhecimento gerado nas
vas, em implantação ou em projeto, em todas
universidades e nos centros de pesquisa para o
as regiões do país. Já avançamos, mas precisa-
setor empresarial. Naquela época, foram apoia-
mos avançar muito mais”, afirma a presidente
dos projetos em São Carlos (SP), Florianópolis
da Associação, Francilene Garcia (leia a seguir a
(SC), Curitiba (PR), Campina Grande (PB) e Bra-
entrevista completa). Para o coordenador de Ca-
sília (DF).
pacitação Tecnológica da Secretaria de Desen-
Quase três décadas depois, os projetos se
volvimento Tecnológico e Inovação do Minis-
multiplicaram, disseminando-se por todo o país.
tério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI),
_OS PRÓXIMOS PASSOS A presidente da Anprotec, Francilene Procópio Garcia, destaca os avanços dos parques tecnológicos brasileiros, mas também reconhece que esses habitats tem muito trabalho pela frente. Nesta entrevista, ela aponta alguns dos desafios no cenário nacional.
As regiões Sudeste e Sul concentram a maioria dos parques em operação. Por outro lado, acompanhamos várias iniciativas, em implantação ou em projeto, em todas as regiões do país. Já avançamos, mas precisamos avançar muito mais. É relevante destacar que os parques tecnológicos no Brasil, em geral, são implantados em espaços cedidos por
Locus > O que a comunidade deve esperar de um parque
instituições públicas ou universidades, atraindo, progressi-
tecnológico?
vamente, investimentos privados e assumindo modelos de
Francilene > Parques tecnológicos são definidos como
expansão com a presença de investimentos imobiliários.
plataformas de apoio à inovação. Entre os propósitos de
Dependendo da área projetada ou ocupada, são vários os
se investir em um parque, podemos enumerar: a atra-
desafios para negociação e obtenção da infraestrutura ne-
ção de empresas e investimentos; o apoio ao desenvolvi-
cessária. Assume-se, portanto, um plano de implantação
mento de áreas estratégicas em prol do desenvolvimento
com várias etapas, que são influenciadas pelas estratégias
regional; a ampliação de oportunidades para a parceria
de captação de recursos.
entre empresas e instituições de pesquisa; a promoção
Um dos gargalos que dificultam o crescimento e a
de mecanismos para criação e consolidação de micro e
sustentabilidade dos parques é a forte dependência dos
pequenas empresas inovadoras; e a promoção de me-
recursos públicos. É necessário um melhor equaciona-
canismos de transferência de tecnologia com ênfase no
mento entre as políticas públicas, que devem ser mais
fortalecimento do espírito empreendedor.
presentes e ousadas, e a atração de investimentos privados para que os parques possam atingir um modelo
Quais são, hoje, as regiões brasileiras que mais investem nesse modelo e o que ainda atrasa a implantação de novos parques no país?
30
de negócios sustentável. Precisamos também melhorar a formação das equipes de planejamento, implantação e gestão nas áreas imobiliárias e financeiras. Temos ain-
CAPA
José Antônio Silvério, o momento é propício
serviços que são atraídos para a região.
para o crescimento ainda maior do número de
Por apresentarem alto custo de implantação
parques tecnológicos brasileiros. “Considerando
e operação, o MCTI defende que os parques
a dimensão territorial do país e a quantidade de
devem ser projetados como instituições autos-
universidades e de escolas técnicas que estão se
sustentáveis a curto e médio prazo, indepen-
instalando e expandindo seus campi, num pro-
dentemente de contrapartidas do poder públi-
cesso de interiorização do conhecimento, o nú-
co, e, por isso, sua criação deve ser baseada em
mero de parques tecnológicos deverá aumentar
estudos de viabilidade técnica e econômica.
também”, afirma. Ele defende que a comunidade
Segundo dados do Ministério, a maioria das
deve ser beneficiada com a possibilidade de ge-
iniciativas de implantação de parques tecno-
ração de novos empregos de alta capacitação,
lógicos tem origem nas instituições públicas
com impostos arrecadados e com a possibili-
(principalmente de universidades e institutos
dade de fixação da mão de obra especializada
de pesquisas, seguida por estados e municí-
formada na região. Indiretamente, pode ainda
pios), respondendo por cerca de 95% do total
usufruir de melhorias na oferta de produtos e
das iniciativas contabilizadas pelo MCTI.
Entrevista: Francilene Procópio Garcia, presidente da Anprotec da de buscar o aperfeiçoamento do marco regulatório
como iniciativa de universidades públicas, fomentadas
vigente, incentivar mais a parceria entre ambientes e se-
por programas do governo. A parceria vem viabilizan-
tores, com regras e condutas de gestão bem definidas.
do o uso dos ativos de conhecimento já acumulados na
Por fim, é fundamental formular e seguir um modelo de
melhoria da competitividade de nossa base empresarial
gestão, contemplando a criação de marcas fortes e estra-
e no fomento a novos empreendimentos inovadores.
tégias de marketing que auxiliem o posicionamento do
Essa parceria favorece a obtenção de maior sinergia, da
parque no mercado.
interação universidade-empresa com os problemas e prioridades regionais e nacionais – um interesse direto
Quais as vantagens da tendência de criar parques voltados a nichos específicos? Esta é uma tendência mundial. Em geral, essa escolha se deve a um alinhamento das competências locais existentes com as estratégias de captação de investimentos para implantação e operação do parque. No Brasil, essa estratégia é aderente a programas prioritários nacionais, definidos pelo Governo Federal. A tendência pode ser vantajosa para alguns nichos em que o Brasil precisa ser competitivo em prazos de tempo menores. Quais os principais atores nesse processo, ou seja, as instituições que, em geral, estão a frente dos novos parques? A maioria dos parques tecnológicos brasileiros surgiu
dos governos. Por outro lado, devido à dependência de recursos públicos, a maioria dos parques tem dificuldade em definir uma estratégia de posicionamento e crescimento, reagindo em resposta às disponibilidades de recursos, o que dificulta a definição de um modelo de negócios sustentável. A instalação de empreendimentos “âncoras” é uma forte aliada na mobilização de novos investidores e empresas para o parque. Em nossa realidade, além das empresas de grande porte, algumas empresas estatais, com forte competência tecnológica, podem vir a desempenhar papel importante. É necessário criar as melhores condições para que os parques em operação e as novas iniciativas recebam os investimentos oportunos, em um prazo desejável, para que gerem resultados com relevância nacional.
31
Fotos: Divulgação
CAPA
Silvério, do MCTI: parques tecnológicos devem ser autossustentáveis
BH-TEC: inaugurado em 2012, após sete anos de implantação. Expansão deve custar R$ 465 milhões
Expansão em Minas
inclusive está localizado em uma área próxima a
Dois exemplos de investi-
um dos campus da universidade. A presença da
mentos recentes nas capitais
instituição, de outros órgãos de base científica
são o BH-TEC, de Belo Ho-
e tecnológica e o peso econômico da capital mi-
rizonte (MG), e o Parque de
neira foram os fatores decisivos para definição
Ciência e Tecnologia Guamá,
da sede do parque. “Esta mesorregião constitui
de Belém (PA). O investimen-
o núcleo principal da economia do estado”, ex-
to na capital mineira levou
plica Pena.
sete anos para virar realida-
Hoje, o primeiro edifício institucional do
de. A inauguração, com início
BH-TEC conta com 16 empresas e uma entida-
das operações, ocorreu em
de associativa da área de biotecnologia. Todos
maio do ano passado. Mas
os empreendimentos são de base tecnológica:
a Associação Parque Tecno-
cinco de tecnologia da comunicação e informa-
lógico de Belo Horizonte já
ção, três de biotecnologia, dois de automação,
havia sido criada em 2005,
dois de eletrônica, dois de meio ambiente, um
formada por cinco agentes institucionais do
de materiais e instrumentos para aplicações
processo de inovação tecnológica no Estado: a
odontológicas e um de tecnologia de gestão.
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a
Menos de um ano após a inauguração oficial, a
prefeitura de Belo Horizonte, o governo do Esta-
direção do parque já fala em expansão. Segundo
do de Minas Gerais, a Federação das Indústrias
o diretor Pena, o BH-TEC está em fase de consul-
do Estado de Minas Gerais e o Sebrae estadual.
tas públicas sobre o processo de licitação da con-
Foram investidos R$ 65 milhões no BH-Tec, in-
cessão do direito de construir cinco edifícios no
cluindo o terreno de 535 mil metros quadrados
parque. “O objetivo é ampliar a área construída
e a construção do edifício com 7.553 metros
para garantir a oferta de espaços para locação às
quadrados.
empresas de base tecnológica, a partir da licita-
O diretor-presidente do BH-TEC, Ronaldo
ção de um parceiro imobiliário privado que faria
Tadêu Pena, lembra que uma das principais di-
a incorporação e operação dos edifícios”, explica.
ficuldades enfrentadas, com impacto direto no
Ele detalha, ainda, que após o prazo da concessão
início de operação, foi o atraso na finalização
do terreno ao parque, pela UFMG, o incorporador
da obra do primeiro edifício institucional. Ele
imobiliário será substituído pela universidade. O
recorda que no dia de sua inauguração oficial, o
investimento é estimado em R$ 465 milhões e a
prédio já estava totalmente ocupado. A UFMG é
previsão é de que a contratação do concessioná-
o principal pilar de sustentação do BH-TEC, que
rio ocorra ainda em 2013. Inovação na Amazônia No Norte do país, mais um novo parque movimenta o cenário do empreendedorismo inovador. Criado no final de 2010, o Parque Científico e Tecnológico Guamá foi o primeiro a entrar em operação na região amazônica e envolveu investimentos da ordem de R$ 80 milhões. Com a liderança da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do governo do Estado do Pará, o projeto foi viabilizado por meio de parcerias entre as principais instituições geradoras de conhecimento, o poder público e a iniciativa privada. “Nosso
32
CAPA
Fotos: Divulgação
papel estratégico é estimular o empreendedorismo inovador e a transferência de tecnologia para o desenvolvimento de produtos e serviços de maior valor agregado e que sejam fortemente competitivos. Ao apoiar a instalação de empresas de base tecnológica na região, o PCT Guamá fomenta negócios na linha da economia orientada ao conhecimento e à inovação, contribuindo para a maior
tos para as empresas que começam a se instalar.
fixação de capital intelectual e o desenvolvi-
“Em função da maioria dessas empresas serem
mento da região”, afirma o diretor-presidente
iniciantes, optamos por realizar primeiro um
da Fundação de Ciência e Tecnologia Guamá –
trabalho de capacitação das mesmas, orientan-
gestora do parque – Antônio Abelém. Ele acres-
do-as sobre como funciona o processo e como
centa que as áreas prioritárias, identificadas por
devem se apresentar aos grupos de investido-
levantamento da vocação regional e da deman-
res”, ressalta.
da existente, são biotecnologia, tecnologia da
Embora ainda em menor número que nas
informação e comunicação, energia, tecnologia
regiões Sul e Sudeste, o Norte do país já conta
ambiental e tecnologia mineral.
com diversos projetos para implantação de par-
Abelém recorda que o primeiro desafio foi
ques tecnológicos. O Centro de Ciência, Tecno-
obter recursos para a implantação do parque,
logia e Inovação do Polo Industrial de Manaus
o que foi superado por meio da cooperação en-
(CT-PIM) está atualizando os projetos básicos e
tre a universidade e o governo, de modo que
executivos para um parque tecnológico na cida-
a primeira destinou área para implantação e o
de. Segundo o diretor-geral do CT-PIM, Admil-
segundo obteve recursos próprios e junto ao
ton Salazar, o objetivo básico da instalação do
BNDES para a construção da infraestrutura.
parque é gerar competência tecnológica e em-
Outro grande desafio foi definir o modelo de
presarial em microeletrônica e microssistemas,
gestão para garantir a manutenção nos primei-
com a finalidade de conso-
ros anos. “Houve uma ampla discussão sobre as
lidar o desenvolvimento do
alternativas de governança de parques e optou-
Polo Industrial de Manaus,
-se pela criação de uma fundação de direito pri-
criando uma base de gestão
vado sem fins lucrativos. Uma vez criada, essa
tecnológica que possibilite a
fundação credenciou-se como organização so-
geração ou transferência de
cial junto ao governo do Estado, viabilizando
tecnologia avançada e a sua
a manutenção do parque durante os primeiros
utilização estratégica.
cinco anos”, explica o diretor.
PCT Guamá, em Belém (PA): áreas prioritárias foram definidas conforme vocação regional
Abelém, do PCT Guamá: criação de uma fundação viabilizou a manutenção do parque nos primeiros anos
A iniciativa deve ser con-
Com pouco mais de dois anos de operação,
solidada no terreno de 73
o Guamá envolve hoje 17 empreendimentos em
mil metros quadrados cedi-
diferentes ciclos de desenvolvimento (operação,
do pela Superintendência da
construção e projeto). Neste ano, o parque está
Zona Franca de Manaus (Su-
iniciando um trabalho de atração de investimen-
frama). Após a formalização 33
Fotos: Divulgação
CAPA
Désirée Zouain, da Secretaria de C&T de SP: dificuldades de articulação política atrasaram projeto de parque na capital paulista
de convênios para aportes
parque está sendo projetado como de terceira
de recursos financeiros, o
geração, considerando os aspectos de requa-
CT-PIM pretende iniciar
lificação da região e, portanto, estimulando e
a construção da Unida-
atraindo investimentos e empreendimentos de
de de Gestão Estratégica
qualidade, que utilizem tecnologias limpas, com
(UGE) em 2014, com cus-
impacto e visibilidade em nível internacional. As
to aproximado de R$ 4,5
operações devem ser iniciadas até o final deste
milhões. Estima-se que
ano”, afirma a coordenadora de Ciência e Tec-
nos próximos cinco anos
nologia da Secretaria de Desenvolvimento Eco-
o parque esteja completo
nômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São
para abrigar 580 profis-
Paulo, Désirée Zouain. Ela ressalta que o projeto
sionais de diversas áreas
é diferenciado por se tratar de uma iniciativa de
da tecnologia e inovação
ambiente de inovação em área urbana intensa-
em processos e produtos. A capacidade de em-
mente povoada.
presas incubadas será de aproximadamente 35,
Sobre a demora para sair do papel, Désirée
podendo ser ampliada para 50. “A principal di-
relata que foram várias as dificuldades, como
ficuldade tem sido a obtenção de recursos para
articulação política e outros problemas relacio-
o financiamento do projeto de implantação da
nados à ordenação do território e coordenação
infraestrutura laboratorial e operacional defini-
entre parceiros. “Porém, na atualidade, o pro-
tiva em instalações próprias”, reconhece Salazar.
jeto está com os contornos mais definidos e a
O investimento para a implantação do projeto
articulação mais bem estruturada”, acrescenta.
global prevê um orçamento de R$ 50 milhões a
Inicialmente, o parque tecnológico tem como
ser realizado até 2020.
articuladores principais o governo do Estado de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP),
Obras do Parque Tecnológico de Pato Branco, no Paraná, estão quase concluídas
Da megalópole ao interior
com participação da Prefeitura de São Paulo e
A cidade de São Paulo também tem espaço
da iniciativa privada.
para iniciativas na área. Após 11 anos de espe-
Mas não são apenas nas metrópoles que se
ra, as obras do prédio que abrigará o núcleo do
localizam os mais novos parques tecnológicos
Parque Tecnológico de São Paulo-Jaguaré foram
brasileiros. Cidades do interior também rece-
iniciadas em janeiro deste ano. Os investimen-
bem investimento na área, como foram os casos
tos iniciais previstos para obras e adequação
de Pato Branco (PR) e Viçosa (MG). O Parque
do local são de R$ 20 milhões, com recursos do
Tecnológico de Pato Branco está “em fase de
Estado. O projeto é prometido desde 2002. “O
consolidação”, segundo o Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldair Tarcísio Rizzi. Ele diz que a estrutura foi construída com recursos do MCTI e depende apenas de acabamentos para ser liberada para a inauguração, prevista para ocorrer em até três meses. O espaço físico conta com 5 mil metros quadrados, composto por seis módulos industriais com o objetivo de atrair ou criar empresas de base tecnológica e espaço para a incubadora com capacidade para acomodar até 60 empresas. Motivações não faltaram para a implantação do parque. “O Sudoeste do Paraná e Pato Branco, em especial, possuem um ambiente extre-
34
CAPA
_INICIATIVAS NO INTERIOR segundo Zanatta, constitui um diferencial em relação aos parques já existentes no Estado. A previsão é de que o parque seja inaugurado no segundo semestre deste ano. Também atento à vocação regional, o Parque Tecnológico de Ribeirão Preto está localizado dentro da área de uma universidade, a USP, o que lhe confere proximidade com laboratórios e pesquisadores. “A proposta é criar um habitat de inovação congregando empresas nascentes, empresas em fase de aceleração e empresas consolidadas, promovendo a Obras para implantação do UPF Parque Tecnológico, em Passo Fundo (RS) aproximação delas com a academia”, avalia o gerente do projeto, Eduardo Cicconi. A FundaNovos exemplos estão surgindo no interior. O Parque ção Instituto Polo Avançado de Saúde (Fipase) foi escolhida Científico e Tecnológico UPF Planalto Médio, de Passo Funcomo gestora do parque, que além da USP, terá parceria do (RS) e o Parque Tecnológico de Ribeirão Preto (SP) são do governo do Estado e da prefeitura de Ribeirão Preto. alguns dos que devem se tornar realidade ainda neste ano. No interior gaúcho, as áreas de atuação do parque, cuja implantação é capitaneada pela Universidade de Passo Fundo (UPF), foram definidas para atender ao perfil socioeconômico da região. “Isso permitirá o desenvolvimento científico e tecnológico, fomentando a inovação tecnológica e, ao mesmo tempo, permitindo a articulação de ações transversais”, afirma o gestor do parque, Alexandre Lazaretti Zanatta. Tecnologia da informação, saúde, alimentos, metal-mecânica, biotecnologia e energia são as áreas de competência da matriz regional e que estarão presentes no parque, o que,
Cicconi diz que objetivo é atrair empresas que realizem pesquisa e desenvolvimento e invistam em produtos e processos inovadores, voltadas prioritariamente para as áreas do Complexo Industrial da Saúde, sem prejuízo de outras áreas, e que valorizem o desenvolvimento sustentável e a agregação de valor à produção. Ele destaca que Ribeirão Preto conta com 70 empresas do setor de equipamentos médico-hospitalares e odontológicos, que geram 2,5 mil empregos, e que a cidade tem desenvolvido cada vez mais os setores de tecnologia da informação, cosméticos e biotecnologia.
Fotos: Divulgação
mamente favorável para repensar sua estrutura produtiva (hoje baseada na produção agropecuária e de agroindústrias) para segmentos industriais de maior valor agregado e com maior conteúdo tecnológico nos processos de produção”, avalia o secretário. Ele acrescenta que a região possui universidades que se destacam em diversas áreas do conhecimento, especialmente a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Se em Pato Branco a iniciativa de implantação do parque é pioneira, na região de Viçosa, interior de Minas Gerais, é consequência de importantes medidas tomadas no passado. A partir
Área do tecnoPARQ, em Viçosa (MG): inaugurado em abril de 2011, após esforço dos parceiros para captar recursos 35
CAPA
_FUTURO EM DEBATE res, empresários, gestores públicos e gestores de habitats de inovação. O propósito é refletir sobre a contribuição desses ambientes para a construção de cidades mais criativas, generosas e habitáveis.
O Brasil sedia neste ano um importante evento para discutir o futuro dos parques tecnológicos e sua influência na melhoria da qualidade de vida nas cidades. A 30ª Conferência Mundial de Parques Científicos e Tecnológicos da IASP será realizada em conjunto com o XXIII Seminário Nacional de Parques Científicos e Tecnológicos, reunindo pesquisado-
Com o tema “Parques Científicos Modelando Novas Cidades”, o evento pretende estimular a discussão sobre o que pode ser feito (e o que já se está fazendo) nos parques tecnológicos e demais habitats de inovação, como as incubadoras de empresas, a fim de promover a investigação e criação de empreendimentos e soluções que colaborem para melhorar a vida nas cidades. A realização é de IASP, Anprotec e Sebrae, com organização local do Porto Digital. As inscrições devem ser abertas em maio.
da década de 1990, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) estabeleceu uma política de estímulo ao empreendedorismo e à inovação, com a criação da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, em 1996, e do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa (CenTev), em 2001, do qual faz parte hoje o Parque Tecnológico de Viçosa (tecnoPARQ). O funcio-
es cia Mundial de Parqu O que: 30ª Conferên III XX o e P gicos da IAS Científicos e Tecnoló os Parques Tecnológic de l na Seminário Nacio tec presas da Anpro e Incubadoras de Em outubro de 2013 Quando: de 14 a 17 Onde: Recife (PE) ções: Informações e inscri nal.com.br www.seminarionacio
namento do CenTev é viabilizado pela UFV, com o apoio da prefeitura de Viçosa e da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais. Primeiro parque a ser construído em Minas Gerais, o tecnoPARQ foi oficialmente inaugurado em abril de 2011, mas a diretora executiva do CenTev/UFV, Adriana Ferreira de Faria, lembra que as primeiras iniciativas para a criação surgiram já uma década antes, em 2001. Novamente, as principais dificuldades enfrentadas para implantação estavam relacionadas com a captação de recursos para os investimentos necessários e com questões legais para a gestão do empreendimento. “As dificuldades foram en36
frentadas com o envolvimento de todos os parceiros, nas instâncias políticas, administrativas e jurídicas, num esforço coletivo e árduo para que o empreendimento fosse viabilizado. Hoje, as principais dificuldades estão relacionadas à captação de recursos para manutenção e operação da estrutura do parque e para a continuidade dos projetos de urbanização”, afirma Adriana. O tecnoPARQ conta com seis empresas instaladas nas áreas de tecnologia da informação e sistemas, processamento de dados, biotecnologia e sustentabilidade e eficiência energética. L
Shutterstock
OPORTUNIDADE
Leitura na tela Editoras de livros digitais ganham espaço no mercado. Educação é o principal motor para acelerar disseminação de e-books no Brasil P OR DA NIE L C A R D OS O
As mídias digitais apenas engatinhavam
para as editoras e autores tradicionais. Além
no Brasil quando a pioneira E-papers Ser-
disso, os próprios usuários estavam apren-
viços Editoriais abriu as portas. Nascida e
dendo a lidar com o mundo digital. “Lembro
graduada na Incubadora de Empresas da
que naquela época eu sempre tinha que ex-
Coppe/UFRJ, a editora busca disseminar
plicar para as pessoas o que era um livro ele-
o conhecimento gerado nas universidades
trônico. Apesar da dificuldade, já tínhamos
e instituições de pesquisa tendo a internet
a percepção de que, em algum momento, o
como principal canal de difusão. Desde a sua
livro iria se tornar eletrônico”, afirma a sócia-
fundação, a E-papers assistiu a uma mudan-
-gerente da E-papers, Ana Claudia Ribeiro.
ça imensa no mercado de livros do país. Em
Diante de um cenário incipiente, a E-pa-
1999, quando foi fundada, ainda havia mui-
pers optou por um nicho de mercado bem
tas dúvidas sobre os benefícios ou ameaças
específico. O foco recaiu sobre livros acadê-
que a rede mundial de computadores traria
micos. Os sócios entenderam que nas univer37
OPORTUNIDADE
sidades e nos centros de pesquisa as pessoas
Jaqueline Machado
Ana Cláudia, da E-papers: plataformas digitais correspondem a 65% das vendas da editora
Tempo de mudança
já estavam mais habituadas com o uso da
Mesmo com o crescimento dos últimos
internet. Seria uma fatia interessante a ser
anos, o mercado brasileiro de livros eletrôni-
explorada, apesar de reduzida. Deu certo. A
cos (e até mesmo o internacional) está apenas
empresa se fortaleceu e a cada ano consegue
no começo. Há muitas dúvidas sobre quais
vender mais livros digitais para os brasileiros.
caminhos as editoras deverão seguir para se
Apesar de ser focada nas versões digitais,
manter rentáveis. Essa é a opinião da respon-
a E-papers se manteve viável nesses 14 anos
sável pela Comissão do Livro Digital da Câma-
graças às versões impressas. Logo no início
ra Brasileira do Livro (CBL), Susanna Florissi.
das atividades, os sócios perceberam que
Segundo ela, os e-books são uma realidade
os e-books seriam o norte da empresa, mas
presente e a migração do conteúdo para o
para manter as contas em dia teriam que
meio digital é um processo sem volta. “O que
oferecer também o livro em papel. No início,
muda é como a gente está caminhando. O
somente 10% das vendas era na plataforma
único país que considero estar realmente evo-
digital, ou seja, a maior parte dos recursos
luído nessa questão é os Estados Unidos, hoje
vinha mesmo do formato tradicional. Com o
um pouco à frente de Inglaterra, Alemanha
passar o tempo, essa relação se inverteu.
e Japão. Por um lado, isso é uma vantagem
Atualmente, cerca de 65% das unidades
para nós porque quando o Brasil entrar de
têm como suporte o meio digital, enquanto
vez no mercado teremos como base a expe-
35% saem na versão papel. No total, a E-pa-
riência de outros países. Isso irá nos ajudar a
pers tem um acervo com mais de 500 títulos
moldar o nosso próprio modelo”, conclui.
e, todos os anos, são lançadas mais de 40
Segundo Susanna, o grande catalisador
novas obras no mercado editorial. Os livros
para a expansão dos e-books em território
sempre são oferecidos nas duas versões. “O
nacional será a educação. Um dos motivos
livro digital tem maior adesão nas ciências
para essa convicção são os investimentos
exatas, porque é um pessoal com mais de-
do Governo Federal em diversos programas
senvoltura para lidar com equipamentos ele-
com o intuito de levar obras para colégios e
trônicos. Nas áreas humanas, como antropo-
escolas espalhados pelo Brasil. Já são licita-
logia ou sociologia, o texto é mais denso, a
dos tablets e lousas interativas em unidades
leitura é mais lenta e cansativa. Por isso, os
de ensino, com o objetivo de adquirir conte-
profissionais dessa área optam pela edição
údos e repassá-los aos alunos na plataforma
em papel”, explica Ana Claudia.
digital. Os aportes e investimentos federais fazem com que as editoras tenham um mercado sólido para investir. Bom para muitas editoras que ainda encontram dificuldades em obter lucro com vendas de conteúdo digital. “A necessidade de inserção dos livros digitais na educação tem a ver com as próprias dimensões do Brasil. O país é muito grande. Para distribuir os livros tradicionais, sai muito caro e pesa no orçamento público. O livro digital é bem mais rápido, ágil e tem a capacidade de chegar a qualquer lugar”, explica Susanna. Ela também ressalta que o livro digital começa a impactar em toda a forma de fa-
38
OPORTUNIDADE
Divulgação/LivoBooks
zer livro, não apenas no tipo de plataforma. Com o crescimento de mercado, os próprios autores terão que começar a pensar a obra de maneira diferente. Não basta mais se resumir à escrita. Os livros tendem a ser muito mais interativos e multimídia, com a inserção de ilustrações, vídeos e espaços para comentários e chats com outras pessoas que estão lendo a mesma obra. Interação Quem mergulhou de cabeça nessa nova onda interativa foi a LivoBook. A editora lança livros digitais com tecnologias inovadoras para contar histórias focadas no público infantil. Os títulos combinam conteúdo escrito, de acordo com a idade da criança, com ilustrações e animações interativas. Nesse pacote, entram também músicas, quizz e quebra-cabeças para atrair ainda mais os olhares dos leitores infantis. A ideia é proporcionar uma experiência marcante, convidando as crianças a brincarem com os livros, interagirem com os personagens e, de quebra, sentirem-se como parte da história. A empresa atua, principalmente, fornecendo aplicativos para o iPad. Porém, tem produtos disponíveis para iPhone e Android. Para abril, está prevista também a disponibilização de conteúdos na nuvem (cloud
computing) que poderão ser utilizados por todas as plataformas. “Os principais clien-
tar o relacionamento com os escritores. No
tes são pais que compram apps para seus
início dos trabalhos, a empresa atuava com
filhos. Nossos aplicativos chegaram ao top
editores com mais de 20 anos de experiência
do ranking de educação para iPad em toda
no mercado literário tradicional. Em seguida,
America Latina. Nosso maior sucesso foi
passou a publicar obras de escritores com
‘Doki Explorando o Oceano’. A obra foi a nú-
outro perfil. Agora, procura novos autores
mero 1 no Brasil, México, Chile, Colômbia,
interessados em publicar pela plataforma da
Argentina, Peru e outros países”, afirma o
empresa que está em fase de finalização. Em
CEO da LivoBooks, Pedro Israel.
pouco tempo, a LivoBooks irá disponibilizar
Incubada na Fumsoft, de Minas Gerais,
uma ferramenta online para desenvolver li-
desde o ano passado, a LivoBooks colecio-
vros infantis. “A ferramenta será como um
na algumas parcerias importantes. Já lançou
‘Power Point’ de livros infantis interativos,
publicações junto com o Animal Planet e
permitindo aos autores independentes pu-
também com a Discovery. Outra estratégia
blicar seu trabalho na nova mídia”, explicou Israel. É esperar para ver. L
para ganhar ainda mais mercado é estrei-
No alto, a equipe da LivoBook. Acima, um dos aplicativos campeões de acessos produzido pela empresa incubada na Fumsoft, em Minas Gerais
39
Shutterstock
NEGÓCIOS
Lado a lado com as multinacionais Incubadas pegam carona em investimentos bilionários de grandes empresas de infraestrutura e conquistam espaço oferecendo soluções específicas para o setor P OR DA NIE L C A R D OS O
40
O Brasil se tornou um imenso canteiro
investimentos de estatais e do setor privado
de obras nos últimos anos. Com o cresci-
somente nas áreas de geração e transmissão
mento econômico acentuado e às vésperas
de energia, petróleo e gás, além de combus-
de grandes eventos esportivos (Copa do
tíveis renováveis, somaram R$ 99,3 bilhões
Mundo 2014 e Olimpíadas 2016), o país
– um avanço de 16% em relação a 2011.
vem tentando recuperar o tempo perdido e
Diante desses números, não há como
se apressa para vencer a defasagem na in-
negar que uma série de oportunidades de
fraestrutura. São rodovias, ferrovias, usinas,
negócios surge diariamente para pequenas
prédios, portos e muitas outras obras sendo
empresas. Mas como os empreendedores
erguidas em diversos estados. Um cenário
podem encontrar algum espaço no setor de
que pode ser expresso por números. Com
infraestrutura, que é dominado por empresas
recursos do Programa de Aceleração do
multinacionais e grandes players globais? É
Crescimento (PAC 2), o Governo Federal pre-
possível participar desse imenso mercado
vê injetar em 2013 um montante de mais de
que, ano a ano, se consolida no Brasil? Sim,
R$ 126 bilhões no setor. No ano passado, os
é possível. E muitos empreendimentos vincu-
NEGÓCIOS
Daniele Farias
lados a incubadoras de empresas e parques tecnológicos já garantiram sua fatia nesse bolo. Mas a tarefa não é fácil. Exige agilidade, conhecimento de mercado e muita inovação. É o que diz Leandro dos Santos Silveira, sócio-diretor da Premium, uma empresa de consultoria voltada ao setor petroquímico incubada no Parque Tecnológico da Ulbra (Ulbratech), em Canoas (RS). Para ele, a trajetória das pequenas empresas em setores dominados por multinacionais é repleta de desafios, mas com oportunidades proporcionais. Curiosamente, as brechas para as incubadas encontrarem um espaço no seserviço com alto valor agregado. Quem ex-
dimensões das grandes empresas. Segundo
pressa bem essa estratégia é a Geovoxel, que
Silveira, as mega corporações se tornaram
galgou um bom espaço no mercado de infra-
engessadas, pesadas e, por isso, mais lentas
estrutura nacional e tem na carteira clientes
para descobrir soluções de processos inter-
de peso, como a construtora OAS e a LLX
nos. Aí está a grande chance das pequenas.
(braço logístico do Grupo EBX). A empresa
Sem burocracia para atrapalhar o cami-
de engenharia e sistemas é um spinoff do
nho e com a possibilidade de tomar decisões
laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ e
rápidas, pequenas empresas conseguem res-
em 2010 ingressou na Incubadora de Em-
ponder às demandas específicas com mais
presas da mesma instituição.
agilidade. “A preocupação das grandes em-
A Geovoxel oferece uma série de produ-
presas está voltada para o macro negócio,
tos e serviços para o setor. Um dos lança-
desviando a atenção de pequenos desafios
mentos mais recentes é o GPR (georradar).
da sua rotina. É aí que está a oportunidade
Em linhas gerais, a tecnologia de georradar
da pequena. Por serem menores e mais ágeis,
é utilizada no Brasil e no mundo para fazer
conseguem focar em um problema específico
a caracterização e localização de estruturas
e desenvolver uma solução ”, afirma Silveira. Ganha-ganha
Silveira, da Premium: mega corporações precisam da agilidade das MPEs inovadoras
Geovoxel, da incubadora da Coppe/UFRJ, trabalha com grandes empresas do setor de engenharia e sistemas Divulgação
tor de infraestrutura reside justamente nas
A boa notícia é que os grandes players do mercado já perceberam essa relação e a cada dia firmam parcerias com empreendedores menores. Um dos principais caminhos para estabelecer esse vínculo ocorre por meio dos parques tecnológicos e incubadoras. De acordo com Silveira, esses ambientes permitem que grandes e pequenas trabalhem lado a lado. É uma relação de ganha-ganha. O player ganha porque consegue se manter focado nos grandes objetivos da empresa, enquanto o pequeno empreendedor tem uma brecha para desenvolver ou vender um 41
NEGÓCIOS
enterradas no solo, sem a necessidade de
têm como objetivo garantir o abastecimento
se fazer um único furo. Graças a essa tec-
do país, com qualidade e sustentabilidade.
nologia, é possível diminuir os riscos em
Uma empresa que conseguiu pegar carona
obras que envolvem grandes escavações,
nessa onda é a Energética, do Parque Tecno-
como túneis, metrôs, mergulhões, polidu-
lógico de Viçosa (MG) - TecnoPARQ.
tos e aterros sanitários. Na prática, significa
Fundada há 27 anos, a empresa pas-
menos custos e mais rapidez para cumprir
sou a maior parte de sua história focada
o cronograma da obra.
no mercado de automação industrial, mas
Uma outra tecnologia da Geovoxel é o
recentemente sofreu uma guinada brusca.
GVX, uma ferramenta de georreferencia-
Os sócios decidiram migrar de mercado ao
mento e sensoriamento por satélite com
detectar uma oportunidade importante: ao
integração e processamento das informa-
conviver com várias indústrias, perceberam
ções. O GVX pode atender diversas áreas
uma deficiência nos sistemas de energia
do mercado de infraestrutura. Em petróleo
térmica dos clientes. A atuação, agora, é
e gás, por exemplo, o sistema é utilizado na
voltada para a reestruturação de parte da
gestão de plantas industriais e de malha de
geração energética industrial – um merca-
dutos. Na área ambiental, o GVX monitora
do historicamente poluidor, hoje ávido por
aterros sanitários, bacias hidrográficas e
soluções sustentáveis. “Identificamos nos
acidentes ambientais, entre outros.
vários segmentos em que atuávamos um baixo desempenho nos sistemas produti-
Divulgação
No TecnoPARQ, de Viçosa (MG), a Energética inova para fornecer energia
Energia
vos, principalmente na geração de vapor.
Na área de energia também há uma
Nesse sistema, há um índice muito alto de
imensa gama de oportunidades para empre-
ineficiência, resultando em custos para as
endedores. Afinal, o sistema elétrico é um
empresas”, explica o diretor industrial da
dos principais gargalos para o crescimento
Energética, Baltazar dos Reis.
sustentável do país. Como consequência,
A ineficiência na geração térmica tem
pequenas empresas estão surgindo para
várias causas: desde a falta de pessoal es-
preencher lacunas do setor. São soluções em
pecializado até a reduzida automação dos
energias alternativas, eficiência energética,
sistemas, além de equipamentos defasados
monitoramento e outras oportunidades que
ou subutilizados. A partir dessa constatação prática, os sócios da empresa mudaram de nicho de atuação e reformularam todo o portfólio de serviços. A ideia, agora é oferecer para as indústrias a possibilidade de terceirizar toda ou parte da geração. Ou seja, a Energética faria o fornecimento de energia térmica, elétrica e de biomassa para queima. “Com o nosso serviço, o cliente pode ficar focado no produto, enquanto a gente toma conta do fornecimento da energia. No Brasil, para utilizar energia elétrica, as indústrias contratam o fornecimento das concessionárias. No caso da energia térmica (vapor e calor) elas são obrigadas a produzí-la internamente, mesmo com expertise insuficiente.
42
NEGÓCIOS
Divulgação
Por falta de experiência, acabam gerando muitos problemas de ineficiência”, explicou Baltazar. A mudança de rumos na Energética começou em 2008. De lá para cá, a empresa migra da prestação de serviços de automação para a terceirização de energia. Por enquanto, a maior parte dos projetos são relativos à consultoria em eficiência, mas uma outra outra ferramenta ganhará espaço em breve. É um equipamento para monitoramento online, que está sendo construído no Parque Tecnológico de Viçosa. Com esse equipamento, os profissionais vão poder acompanhar o desempenho dos sistemas
e, consequentemente, com a obtenção do
das indústrias e das fábricas. Isso vai aumen-
selo Procel (etiqueta que credita ao edifí-
tar a eficiência e reduzir os riscos no setor.
cio um grau de eficiência – a exemplo das
A Energética ingressou no Parque de
encontradas em eletrodomésticos). Isso
Viçosa em dezembro de 2012. Segundo
prova que conforto e qualidade ambiental
Baltazar, apesar do pouco tempo, é possível
são considerados diferenciais de mercado
perceber as vantagens de estar em um am-
pelas gigantes do setor, cada vez mais inte-
biente de inovação. “Temos à nossa dispo-
ressadas em se posicionar como empresas
sição um acervo técnico e científico, com a
ambientalmente responsáveis.
base de dados e a biblioteca oferecida pelo
Desde que começaram a atuar na área,
Parque. Além disso, o pessoal que trabalha
antes mesmo de criar a Quali-A, as arqui-
aqui tem um excelente conhecimento e
tetas realizaram vários estudos e projetos
nossa networking cresceu bastante”, disse.
sobre o tema, tanto em obras comerciais
As empreendedoras da Quali-A: construtores de grande porte formam a carteira da empresa incubada no CDT/UnB
quanto em prédios públicos. Na lista estão Na incubadora
aeroportos, shopping centers e edifícios
A estratégia de entrar no cenário de infra-
do Governo Federal. Para desenvolver um
estrutura por meio de incubadoras foi ado-
projeto de eficiência energética ou de eti-
tada pela Quali-A. Arquitetas por formação,
quetagem, as sócias lançam mão de um
três pesquisadoras da Univesidade de Brasí-
simulador computacional. Pelo programa,
lia (UnB) resolveram unir forças e participar
é possível identificar a temperatura, a umi-
do edital para ingressar no Centro de Apoio
dade, a ventilação e a luz natural.
ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT/
Todos os dados são inseridos no compu-
UnB). E conseguiram. Desde 2012, Milena
tador, gerando o diagnóstico. Com essa fer-
Sampaio Cintra, Julia Teixeira Fernandes e
ramenta, explica Milena, é possível obter um
Juliana Andrade desenvolvem projetos de
relatório consolidado sobre a edificação, in-
eficiência energética para a construção civil.
dicando soluções precisas. “Assim, os dados
Graças ao tempo de pesquisa acadêmica, o
ficam claros e são bem aceitos pelo cliente.
trio chega ao mercado com uma boa baga-
Fica mais fácil de vender a ideia e despertar
gem de conhecimento teórico e prático.
o interesse das construtoras, pois elas visua-
Os principais clientes da Quali-A são
lizam o que precisam fazer e quanto o inves-
construtoras de grande porte, preocupa-
timento na estrutura vai gerar em economia
das com a questão da eficiência energética
na conta de energia”, afirma. 43
NEGÓCIOS
sistema de pontuação que ajuda a medir o desempenho ambiental de uma obra em prol da sustentabilidade. Pela certificação, são avaliados diversos itens, desde a emissão de carbono até a eficiência energética do prédio. Segundo Ana Maria, a demanda das construtoras por certificação LEED vem crescendo muito nos últimos anos. “Desde que montamos a empresa, é possível perceber um crescimento na demanda por projetos de obras sustentáveis, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba”, afirma. Mas a pressa do Brasil em erguer prédios para atender o crescimento econômico criou alguns obstáculos. E foi justamente nesses obstáculos que a Ambiente EficienAna Maria, da Ambiente Eficiente: crescimento de obras sustentáveis impulsionam o negócio
Para maximizar os benefícios do proje-
te encontrou sua oportunidade de negócio.
to, porém, a arquiteta ressalta que o ideal
Com a escassez de tempo para criar um
é iniciar as preocupações com a eficiência
projeto, os escritórios de arquitetura (con-
energética desde a concepção da obra. Se-
tratados pelas construtoras) geralmente
gundo ela, sai muito mais barato se essa
não conseguem realizar um estudo detalha-
preocupação surgir no início da construção.
do sobre questões ambientais. Até porque
Com o prédio pronto, ainda é possível fazer
muitos deles ainda não dominam a meto-
adaptações, mas a tendência é que custe
dologia da certificação e precisam de ajuda
mais caro. “Fizemos um trabalho para um
para implementá-la. Nessa hora, a Ambien-
edifício comercial, desde o início do projeto
te Eficiente entra com sua expertise, faz os
da obra, e conseguimos a etiqueta A (me-
estudos e indica as melhores soluções para
lhor eficiência). Tudo foi feito sem nenhum
o prédio se enquadrar na certificação.
custo extra, ou seja, nenhum investimento a
A empresa também trabalha com o selo
mais do que estava previsto no orçamento
AQUA (inspirada em um conceito francês de
da construção”, exemplifica.
sustentabilidade), atuando junto às indústrias brasileiras. “Existe uma preocupação
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Desempenho em foco
muito grande com o conforto e a segurança
Em Brasília também está baseada a Am-
das pessoas nas indústrias e nas fábricas,
biente Eficiente, que atua no mesmo nicho
principalmente aquelas que lidam com for-
de negócio da Quali-A. Fundada pelas só-
nos de altas temperaturas, que podem preju-
cias Ana Maria Abrahão Nicoletti e Darja
dicar o ambiente interno”, afirma Ana Maria.
Kos Braga, a empresa entrou na incubadora
Nesse mercado, a Ambiente Eficiente
CDT/UnB em junho de 2011. O trabalho da
atende grandes empresas, como petroquí-
Ambiente Eficiente consiste na avaliação do
micas multinacionais. É mais um exemplo
desempenho de projetos para edificações
de como empresas inovadoras de pequeno
do ponto de vista do conforto térmico, lu-
porte têm aproveitado o crescimento do se-
minoso e energético.
tor de infraestrutura brasileiro, que segue
Um dos serviços mais fortes oferecidos
dominado por grandes corporações, mas
aos clientes é a certificação LEED (Leadership
com espaço de sobra para novos empreen-
in Energy and Environmental Design), um
dedores. L
Shutterstock
EDUCAÇÃO
Desafio de cara nova Promovido pelo Sebrae, o jogo virtual que conquistou os universitários brasileiros terá inovações em sua próxima edição P OR A L E X A NDR E L E NZI
O programa Desafio Sebrae, que desde
projeto está sendo construído e no segun-
2000 faz sucesso entre jovens brasileiros
do semestre faremos o lançamento”, explica
interessados em empreender, vai passar
o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto
por uma reformulação. O jogo virtual de
dos Santos. Ele afirma que, em 2012, foi re-
negócios será relançado no segundo semes-
alizado um extenso estudo sobre o mercado
tre deste ano, com o novo modelo previsto
de jogos e oficinas de ideias, que teve por
para funcionar a partir de 2014. “O objeti-
objetivo criar novos formatos para o Desa-
vo desse novo formato do Desafio Sebrae é
fio Sebrae, buscando possibilidades para
desenvolver a capacidade gerencial em pe-
um produto que, de forma lúdica, desen-
quenos negócios e habilidades empreende-
volva e potencialize conceitos de gestão de
doras de forma interativa e descentralizada,
negócios, bem como competências empre-
por meio de atividades online e presenciais
endedoras junto ao público universitário.
que atuem, de forma complementar, na di-
A equipe responsável pelo projeto defen-
fusão dos conceitos de competitividade, éti-
de que a sociedade em rede é uma realidade
ca, associativismo, sem excluir o estudante
que exige que os produtos passem por ino-
universitário da capacitação. Neste ano, o
vações radicais, pois a inovação incremental 45
EDUCAÇÃO
Santos lembra que o Desafio Sebrae pas-
atender as expectativas do novo
sou por adequações de conteúdo e evoluções
consumidor. “É preciso pensar em
tecnológicas nestes 12 anos de existência e,
soluções criativas, que possam ser
ano a ano, foi registrando aumento no nú-
implementadas num curto espaço
mero de participantes. No primeiro ano, em
de tempo. Precisamos conhecer
2000, 800 estudantes participaram da com-
a realidade dos jogos existentes,
petição. Em 2012, foram mais de 150 mil uni-
compreender a dinâmica desse
versitários, batendo a marca de 1 milhão de
mercado e de seus usuários, esta-
estudantes competindo ao longo de todas as
belecer padrões de comparação en-
edições. “Podemos afirmar que nesse período
tre soluções semelhantes, avaliar
o Desafio Sebrae cumpriu seu papel na difu-
soluções que possam ser adotadas
são da cultura empreendedora junto a público
pelo Sebrae, bem como promover
universitário, pois trata-se de um jogo com a
profunda reflexão sobre as alternativas pos-
finalidade de capacitar seus competidores. A
síveis para melhoria do Desafio Sebrae nos
qualificação aumenta à medida que os parti-
próximos anos”, defende o diretor-técnico.
cipantes passam a conhecer o jogo, planejam
Divulgação
muitas vezes não é suficiente para
Santos, do Sebrae: depois de um extenso estudo, Desafio foi aprimorado
46
ano 2012 > 154,9 mil pessoas
ano 2011 > 144,9 mil pessoas ano 2010 > 158,5 mil pessoas
ano 2009 > 131,2 mil pessoas ano 2008 > 94,7 mil pessoas
ano 2007 > 80 mil pessoas ano 2006 > 57,6 mil pessoas
ano 2005 > 57 mil pessoas ano 2004 > 56,8 mil pessoas
ano 2002 > 43 mil pessoas
ano 2000 > 800 pessoas
ano 2001 > 15,3 mil pessoas
ano 2003 > 54,8 mil pessoas
_NÚMERO DE PARTICIPANTES
EDUCAÇÃO
o desempenho da sua empresa, comparam seus resultados ao mercado, enfim, aprendem
_O DESAFIO SEBRAE
muito”, afirma o diretor-técnico. Vertente empreendedora
O que é?
Ele explica que os conceitos e valores
Um jogo virtual que simula o dia-a-dia de uma empresa, duran-
sociais e estruturais como cooperação,
te mais de seis meses. Universitários de todo o país, organizados
associativismo, ética, concorrência, entre
em equipes, testam sua capacidade de administrar um negócio,
outros, foram introduzidos como itens um
tomar decisões e trabalhar em equipe.
pouco mais aprofundados, demonstrando que empreender não era uma aventura, mas uma atividade programada e planejada. “E por despertar as características empreendedoras nos universitários, o Desafio Sebrae proporcionou a tomada de decisão de ex-participantes que, ao concluírem a graduação, abriram suas empresas, geran-
Para que serve? O objetivo principal é disseminar a cultura empreendedora para os universitários que buscam caminhos para o começo de sua vida profissional. O jogo difunde conceitos de competitividade, ética e associativismo e desenvolve a capacidade gerencial em pequenos e médios negócios.
do novas oportunidades de emprego e renda no país”, acrescenta. Segundo a equipe do Sebrae, ex-participantes afirmam que o programa possibilitou uma visão geral de uma empresa e ajudou no autoconhecimen-
Quem pode participar Estudantes de cursos de graduação em instituições de ensino superior credenciados pelo Ministério da Educação (MEC).
to e identificação de em qual área tinham mais talento, independentemente da sua
Quem promove
graduação, e que cada uma das decisões
O Desafio Sebrae é promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio
tomadas foi fundamental para a decisão de
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Institu-
abrir um negócio.
to Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenha-
Santos afirma que o Desafio Sebrae sur-
ria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
giu exatamente para atender os estudantes universitários que, hoje, preocupam-se mais com seu futuro profissional. “Por meio do programa, o Sebrae colocou o estudante frente a uma alternativa que não a do emprego tradicional, mas os provocamos a empreender e discutir a vertente empreendedora do conhecimento. Mobilizamos também professores e toda a cadeia educativa em prol do fomento ao empreendedo-
As mudanças Em 2012 foi realizado um estudo sobre o mercado de jogos e oficinas de ideias, que teve por objetivo criar novos formatos para o Desafio Sebrae. Segundo o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, neste ano o projeto está sendo construído e no segundo semestre será feito o seu lançamento. A previsão é de que o novo formato seja implementado junto aos estudantes universitários a partir de 2014.
rismo”, avalia. A proposta do Sebrae para os próximos
importante iniciativa para abordar e levar
anos é ampliar o atendimento aos universi-
conhecimentos acerca da gestão empresa-
tários, se beneficiando de games como es-
rial e empreendedorismo aos estudantes
tratégia de fomento ao empreendedorismo
universitários, formador de opinião por ex-
e capacitação, para alcançar um número
celência e com enorme potencial de gerar
ainda maior de jovens engajados em torno
empreendimentos inovadores em todas as
do tema. “O Desafio Sebrae mostrou-se uma
áreas”, acrescenta Santos. 47
EDUCAÇÃO
Divulgação
estudantes de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus do município de Parauapebas (PA). A tarefa era administrar uma fábrica de polpa de frutas tropicais com produtos de valor agregado, como sucos e sorvetes. Além de representantes de todo o Brasil, a disputa contou com equipes de outros seis países da América Latina e Central – Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Panamá. “Essa é uma experiência que vale por toda a vida, porque se aprende a superar o cansaço, a pressão e a não desistir”, afirma
Djavan e Renata: vencedores do Desafio Sebrae 2012
48
Gestão na prática
Paixão. “Foi uma emoção única represen-
Considerado um dos maiores jogos de
tar o Brasil e ainda superar os concorren-
empreendedorismo juvenil do mundo, o De-
tes de outros países”, acrescenta Renata. O
safio Sebrae representa um grande instru-
diretor-superintendente do Sebrae no Pará,
mento para difundir a cultura empreende-
Vilson Schuber, valoriza o esforço dos estu-
dora no meio universitário. Em 2012, 58%
dantes. “Todos merecem ser parabenizados
dos participantes estavam na faixa de 18
pela dedicação, consistência e perseveran-
a 22 anos. A competição leva a prática da
ça. Eles representam aqueles que enxergam
gestão de uma empresa aos jovens. As equi-
longe e acreditam na construção de um
pes fizeram exercícios de como administrar
mundo melhor”, defende.
uma empresa, aprenderam a trabalhar em
Os vencedores viram garotos-propagan-
equipe e testaram resultados. Na última edi-
da do programa, incentivando outros uni-
ção, os estudantes geriram uma fábrica de
versitários a participarem. Em 2011, cinco
polpas de sucos de frutas tropicais.
alunos de Ciência e Tecnologia, da Universi-
Ao participar do Desafio Sebrae, o par-
dade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa),
ticipante tem de tomar decisões referentes
de Mossoró (RN), levaram o título nacional.
a cada campo de sua empresa. Marketing,
Após a premiação da equipe Run to Win,
produção, reunião de diretoria, análise da
os integrantes Isaías Silva, Vítor Andrade,
concorrência, compra de insumos, contrata-
Bruno Oliveira, Antônio Jaem e Caio Feli-
ção de funcionários e ampliação da fábrica
pe visitaram universidades da região para
são algumas das experiências com as quais
convidar outros estudantes para as futuras
os competidores se deparam. Cada decisão
edições. “Somos exemplo de que estudantes
tomada pode influenciar o desempenho
de uma cidade do interior do Rio Grande
da empresa até o final do jogo. Por isso, a
do Norte têm, sim, capacidade de vencer
equipe precisa analisar muito bem todas as
o Desafio Sebrae. Compartilhamos nossa
áreas. É necessário lidar com dívidas de em-
experiência para que outros estudantes se
préstimos realizados, caixa negativo, greve
inspirem e também participem do jogo, que
de funcionários, encalhe de produtos, entre
garante benefícios para a vida acadêmica,
outros problemas.
profissional e pessoal”, afirma Andrade.
Ao longo dos 12 anos, o programa tem
Silva acrescenta que foi preciso muita per-
descoberto talentos em todo o Brasil. Em
sistência e deixa uma dica: “Nunca desista,
2012, os campeões da etapa internacional
força de vontade é o primeiro passo para
foram Djavan Paixão e Renata de Holanda,
alcançar a vitória.” L
CULTURA P OR BRUNO MOR E S CHI
O Som ao redor é uma ótima surpresa para o cinema brasileiro. Talvez a melhor desde Cidade de Deus. Entretanto, diferente do filme que mostrava as mazelas do morro carioca, essa produção brasileira evita a exces-
Divulgação
Um novo cinema
siva edição publicitária. O Som ao redor é um filme tecnicamente simples – e o mais importante: não se nega como tal. A produção é o primeiro longa dirigido por Kleber Mendonça Filho e conta histórias triviais de moradores de uma rua de classe média na zona sul do Recife (PE). Não são, porém, as aventuras desses personagens que fazem do filme uma boa surpresa. O que de fato chama a atenção é como o roteiro apresenta as características da classe média brasileira. Sucesso de crítica aqui e no exterior, O Som ao redor ganhou o prêmio de melhor filme no Rotterdam International Film Festival; no San Francisco International Film Festival; e uma dezena de outros prêmios internacionais. No Brasil, recebeu prêmio da crítica, do júri popular e de melhor som no Festival de Gramado. Essa história bem sucedida talvez seja um recado a um cinema nacional que parece ter achado seu sucesso de bilheteria com filmes de comédias quase idênticos aos programas da Rede Globo, mas que ainda não encontrou o sucesso de crítica e prêmios. Não é preciso uma fortuna para fazer um filme bom. É preciso bons pensamentos.
O Som ao redor. (Brasil, 2012, 2h 11 min. Dirigido por Kleber Mendonça Filho. Nos cinemas e em DVD).
A volta de Portinari A exposição em cartaz no Museu de Artes de São Paulo (Masp) apresenta uma oportunidade histórica: a exibição em um mesmo espaço de duas importantes séries produzidas pelo pintor Cândido Portinari – Retirantes, com três obras, e Bíblica, com oito. A última foi feita a pedido de Assis Chateaubriand, enquanto a série Retirantes é uma das mais famosas do pintor e retrata com grande emoção a dor do povo nordestino, causada pela seca.
Masp (Av. Paulista, 1578, São Paulo, SP, tel. 0++/11/3251-5644). Quando: Em cartaz, sem previsão de encerramento. De terça a domingo, das 10h às 18h. Quinta, das 10h às 20h. R$ 15. Grátis às terças.
Imperativo Ouça o novo CD de Caetano Veloso (Abraçaço). Apesar de algumas músicas desastrosas, vale a pena ouvir um músico que não cansa de se reinventar. Assista ao seriado Breaking Bad (em DVD). A série mostra como atualmente os EUA vêm fazendo seriados melhores que filmes – uma clara consequência da crise econômica que o país ainda tenta superar. 49
OPINIÃO
A cartilha
Divulgação
Maur ic io Gue des Diretor do Par que Te c noló gico da UF R J E x - presidente da I A S P – A s s o c iaç ã o Inter nac ional de Par ques Te c noló gicos
E
ra uma vez um país que incluiu em sua Constituição um artigo afirmando que as suas universidades gozariam de autonomia administrativa e de gestão financeira e patrimonial. Parece que este texto foi um achado, que “atendeu” a todas as correntes. Os que defendiam a
autonomia universitária se sentiram vitoriosos. Os que não queriam nenhuma autonomia foram, de fato, os vencedores. Restou apenas, deve ser dito, a autonomia didático-científica, também prevista no mesmo artigo. Passados 25 anos desse faz de conta, dois fatos recentes mostram a fragilidade desse princípio constitucional e os riscos que ela traz para a sociedade: A Lei 12.772, que entrou em pleno vigor no dia 1o de março de 2013, esta-
beleceu uma nova estrutura do plano de carreiras do magistério federal. Em seu artigo oitavo, determina que nos concursos públicos para professores será exigido o diploma de curso superior em nível de graduação. Parece trivial, mas na verdade a lei proíbe que uma universidade exija o título de mestre ou doutor em qualquer de seus concursos. No início do ano, a Controladoria Geral da União (CGU), publicou uma cartilha [sic] dirigida às universidades federais, contendo uma “Coletânea de Entendimentos” sobre a gestão de seus recursos. Na forma de perguntas e respostas, a primeira versão da cartilha esclarecia, em sua pergunta 74, que “(...) o servidor em regime de dedicação exclusiva não pode participar de sociedade privada ou exercer qualquer outro vínculo empregatício remunerado público ou privado.” Na prática, significa que um professor em regime de dedicação exclusiva não poderia ter ações do Banco do Brasil, se associar à Anprotec ou participar de qualquer sociedade científica. Os dois exemplos aqui apontados são extremos, e tanto o Ministério da Educação quanto a CGU já tomaram medidas para corrigi-los, mas é inacreditável que se possa chegar a um ponto desses no desrespeito a um princípio de autonomia que faz parte da Constituição Federal. Nos últimos tempos, alguns princípios da administração pública têm sido esquecidos. Os órgãos de controle têm se concentrado apenas nas questões relativas a legalidade, moralidade e publicidade dos atos da administração. Parece que lhes falta apetite para zelar pela eficiência e eficácia dos serviços públicos, sem os quais a sociedade não receberá nada do que lhe é devido. “O Brasil não precisa de universidades empreendedoras” - esta parece ser a mensagem que recebemos. Seria grave em qualquer época, mas neste momento em que importantes universidades estrangeiras abrem aqui seus escritórios e os MOOCs – Massive Open Online Courses apontam enormes transformações no ambiente universitário global para os próximos anos, essa atitude pode ter consequências trágicas para a educação, a ciência e a tecnologia no Brasil. A conclusão é uma só: ou enfrentamos a discussão da autonomia universitária e o Congresso regulamenta o artigo 207 da Constituição, ou essa história vai terminar muito mal.
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14 a 17 de outubro de 2013 | Recife - Pernambuco
Descubra e revele como os ambientes de inovação podem contribuir para transformar cidades
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