LOCUS Ambiente da inovação brasileira
Ano XVII | no 67 Junho 2012
SEM LIMITES Descubra como as chamadas Tecnologias Assistivas estão garantindo inclusão, autonomia e qualidade de vida aos portadores de necessidades especiais. Um mercado repleto de oportunidades para empresas inovadoras
Entrevista com Ricardo Abramovay: a Rio+20 e as demandas por inovação para a sustentabilidade
As conquistas e os desafios do Capital Semente no Brasil, após uma década de operação
O que pensam os consumidores? MPEs estão empenhadas em descobrir 1
SE A EMPRESA SUBSTITUI A MADEIRA USADA NOS FORNOS POR LASCAS E RESTOS DE MADEIRA, ELA REDUZ OS CUSTOS.
COM A VENDA DE CRÉDITOS E A REDUÇÃO DOS CUSTOS, A EMPRESA LUCRA E PRODUZ MAIS. Este
é um
caso
re a l :
C e râ
mica
Ituiu
taba
O nosso trabalho é apoiar o desenvolvimento sustentável da micro e pequena empresa. Porque acreditamos no ciclo de benefícios que o pequeno negócio pode gerar para si mesmo e para todos. É a sustentabilidade saindo do discurso e indo além.
Sebrae. Parceiro oficial da Rio+20. Um planeta de oportunidades. 2
.
COM ESSA MUDANÇA, ELA CONSEGUE REDUZIR A EMISSÃO DE CO2 E PASSA A COMERCIALIZAR CRÉDITOS DE CARBONO NO MERCADO.
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3
ÍNDICE
LOCUS
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Ambiente da inovação brasileira Ano XVII ∙ Junho 2012 ∙ no 67 ∙ ISSN 1980-3842
A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Josealdo Tonholo (presidente) Carlos Américo Pacheco Jorge Audy Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação e edição Débora Horn Reportagem Bruno Moreschi, Camila Augusto, Daniele Martins e Débora Horn
AUTONOMIA E INCLUSÃO SOCIAL Empresas e instituições de pesquisa desenvolvem soluções na área de Tecnologia Assistiva. São produtos e serviços voltados à melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida. Crescem as oportunidades de financiamento para inserir essas soluções no mercado, abrindo espaço para MPEs inovadoras expandirem seus negócios
Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP
6
Direção de arte: Bruna de Paula Edição de arte: Hiedo Batista
10
Revisão Vanessa Colla
ENTREVISTA
EM MOVIMENTO
Foto da capa Shutterstock
Em tempos de Rio+20, o economista brasileiro Ricardo Abramovay alerta: o conceito de inovação precisa ser repensado para a sustentabilidade
Novidades sobre o XXII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, além das notícias mais importantes sobre o movimento, de Norte a Sul do Brasil
Presidente Francilene Procópio Garcia
18
HABITATS Em todo o Brasil, empreendedores estão descobrindo os benefícios da pré-incubação, um período dedicado à capacitação e ao planejamento do novo negócio
23
NEGÓCIOS Veículos Aéreos Não-Tripulados despontam como alternativa segura e econômica para uma série de atividades, aquecendo um mercado que tende a alcançar US$ 55 bilhões até 2020
36 40 42
INVESTIMENTO Tão jovem quanto as próprias empresas que financia, setor de Capital Semente ainda enfrenta desafios para se consolidar no Brasil
Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902
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OPORTUNIDADE Monitorar o comportamento do cliente está entre os principais segredos de quem deseja vender mais. Com ajuda de MPEs, grandes empresas já descobriram isso
Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555
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CULTURA Chegam ao Brasil exposições sobre Caravaggio e Modigliani, os italianos que fizeram da originalidade seu principal diferencial
Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy Diretoria Gisa Bassalo, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini Superintendência Sheila Oliveira Pires Impressão Estação Gráfica Tiragem 2.000 exemplares
Produção
4
Apoio
SUCESSO Descubra por que a BUG, empresa graduada pela EsalqTec, entrou para o ranking das mais inovadoras do mundo GESTÃO Questões jurídicas representam um enorme risco para empreendimentos inovadores. Conheça dicas de especialistas
OPINIÃO Mauricio Guedes: a ecologia dos Parques Tecnológicos
CARTA AO LEITOR
“
Dos 24 serviços ecossistêmicos dos quais depende a espécie humana, 16 estão fortemente degradados ou caminhando em direção à degradação”. Essa é apenas uma das constatações alarmantes que Ricardo Abramovay, economista da Universidade de São Paulo
(USP), compartilha com os leitores da Locus nesta edição. Na entrevista
LOCUS Ambiente da inovação brasileira
que começa na página 6, ele nos leva a refletir sobre o papel da inovação na busca, cada vez mais urgente, por novos modos de produzir e consumir. “A capacidade do progresso técnico e das mudanças tecnológicas substituírem os materiais e a energia necessária para mover o sistema econômico não é infinita”, afirma Abramovay. Uma discussão pertinente no mês em que o Brasil recebe representantes de todo o mundo para debater o desenvolvimento sustentável, na Rio+20. Além de soluções focadas no uso racional dos recursos naturais, a sustentabilidade exige avanços sociais. Um deles é a inclusão, tema da reportagem de capa desta edição, que busca esclarecer o conceito de Tecnologia Assistiva, área de conhecimento transversal que tem como objetivo a inclusão e a autonomia das pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, uma parcela importante da população – no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões de brasileiros declararam ter pelo menos um tipo de deficiência. A matéria, que inicia na página 29, revela como as políticas públicas voltadas a essa área tornaram-se mais constantes, envolvendo programas de financiamento para o desenvolvimento de produtos e serviços que melhorem a qualidade de vida desse grupo. Nesse contexto, empresas ligadas ao movimento têm se dedicado a inserir essas soluções no mercado e contribuir, assim, para a inclusão de milhões de pessoas. Por falar no movimento do empreendedorismo inovador, esta edição traz um feliz relato de alguns projetos de pré-incubação desenvolvidos por incubadoras de empresas em diferente regiões do país. Na matéria da Seção Habitats (página 18), instituições de Minas Gerais, Ceará, Pará, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo contam os benefícios dessa modalidade de incubação, que tem agradado aos empreendedores de primeira viagem. Mais capacitados, eles ingressam na incubadora algum tempo depois, com um negócio mais bem estruturado, focado em metas realistas e com mercado definido. Esse ciclo preparatório pode facilitar a captação de recursos oriundos de Capital Semente, tema da seção Investimento, que começa na página 36 e traz a análise de especialistas quanto ao momento vivenciado por esse setor no Brasil. Uma prova de seus benefícios pode ser conferida na seção Sucesso, página 40, na qual apresentamos a BUG Agentes Biológicos, empresa graduada pela Incubadora de Empresas Agrozootécnicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqTec), que foi investida pelo Criatec, fundo de capital semente do BNDES. Em fevereiro deste ano, a revista americana Fast Company - especializada em tecnologia e negócios - divulgou a lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo, destacando a BUG em 33º lugar no ranking geral e em 1º no nacional. É mais uma história para a galeria dos bem sucedidos empreendimentos nascidos em incubadoras e parques tecnológicos, que a Locus não se cansa de mostrar. Boa leitura! Conselho Editorial 5
Érico Hiller
A economia do bem-estar Neste ano, a Rio+20 coloca o Brasil no centro das discussões sobre desenvolvimento sustentável. Economia verde e desigualdades estão na pauta da Conferência das Nações Unidas. O pesquisador Ricardo Abramovay, professor titular do departamento de Economia da FEA-USP e autor do livro recém-lançado “Muito Além da Economia Verde”, comenta o papel do Brasil nesse contexto e explica por que é fantasioso imaginar que esse sistema econômico pode crescer indefinidamente. Para ele, o Brasil poderia liderar ações de inovação para a sustentabilidade
P OR DA NIE L E M A RT IN S 6
ENTREVISTA > Ricardo Abramovay
LOCUS > Um dos dois temas centrais da Rio +20 é “a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”. O senhor costuma dizer que a economia verde não representa um novo paradigma. Por quê?
que se você calcular os custos ambientais não pagos pelas 3 mil maiores empresas do mundo, considerando mudanças climáticas, uso da água e produção de lixo, e imputar um preço dessas três coisas como se tivesse que pagar por elas, o lucro dessas empresas cai-
Ricardo Abramovay > Cada unidade de valor
ria pela metade. No setor alimentar, os custos
oferecida ao mercado mundial em 2012 con-
são maiores do que os lucros. Mas é fantasio-
tou com 21% menos de emissões de gases de
so imaginar que dá para continuar fazendo
efeito estufa do que essa mesma unidade de
as coisas desse jeito. Nós estamos consumin-
valor produzida em 1992, e com 23% a me-
do o capital representado pelos ecossistemas
nos de materiais. Porém, apesar desse extra-
e assim impedimos que os serviços prestados
ordinário avanço, as emissões consideradas
por esses ecossistemas possam continuar.
em termos absolutos, e não relativamente ao
Esses serviços são a oferta de água, de um
valor, aumentaram 39%, enquanto o consu-
clima minimamente equilibrado, de nitrogê-
mo de materiais (considerando apenas bio-
nio para produzir fertilizantes nitrogenados,
massa, combustíveis fósseis e matérias de
entre outros. Dos 24 serviços ecossistêmicos
construção e minérios) aumentou 41% nos
dos quais dependem a espécie humana, 16
últimos 20 anos. O sistema econômico já ul-
estão fortemente degradados ou caminhando
trapassou barreiras ecossistêmicas (referen-
em direção o degradação.
tes ao clima, à biodiversidade e ao ciclo do nitrogênio) de uma maneira extremamente perigosa, o risco agora é tornar a vida social inviável, comprometendo as necessidades básicas das pessoas, tais como alimentação, moradia, educação e saúde.
Em um artigo recente, o senhor alerta que os documento iniciais da Organização das Nações Unidade (ONU) e do Brasil para a Rio+20 cultivam o mito do crescimento econômico perpétuo de forma completamente acrítica. De que forma? O que seria esse mito?
Na sua opinião, qual o grau de consciência dos tomadores de decisão econômica quanto ao tema? O que falta para que o discurso se aproxime mais da prática?
Quando o mundo tinha 3 bilhões de habitan-
A consciência existe. Os tomadores de deci-
habitantes, onde as fronteiras ecossistêmicas
sões das grandes empresas, dos governos e
já foram ultrapassadas ou estão prestes a se-
da sociedade civil conhecem os dados, que es-
rem ultrapassadas, não dá para imaginar que
tão disponíveis nos documentos das Nações
o sistema econômico possa crescer indefini-
Unidas e das principais consultorias globais.
damente. A capacidade de progresso técnico
O problema é que tomar decisões que pos-
e das mudanças tecnológicas substituírem os
sam nos encaminhar para outro rumo ferem
materiais e a energia necessária para mover
interesses constituídos que são muito mais
o sistema econômico não é infinita.
tes era possível imaginar que o sistema econômico poderia se expandir de uma maneira quase infinita. Em um mundo de 7 bilhões de
poderosos nas negociações globais do que as articulações voltadas às mudanças.
E há uma pressão econômica com relação aos custos que envolvem as mudanças?
Quais são os principais desafios para que a sociedade evolua em direção à economia verde? O principal desafio é encarar o problema das
Existe uma pressão econômica enorme. O
desigualdades. O mundo extrai da superfície
relatório da consultoria global KPMG mostra
terrestre 60 bilhões de toneladas de mate7
ENTREVISTA > Ricardo Abramovay
riais, considerando apenas biomasssa, com-
para o bem-estar. E a responsabilidade maior
bustíveis fósseis e materiais consumidos.
evidentemente é das grandes empresas, e
Nesse ritmo, em 2030, ao invés de serem
elas sabem perfeitamente disso. As peque-
60 bilhões, serão 80, e em 2050, 120. Esses
nas, médias e microempresas são caudatá-
60 bilhões de toneladas divididos pelos 7 bi-
rias, respondem a padrões e a apelos feitos
lhões de habitantes representam 9 toneladas
pelas cadeias das quais elas pertencem.
de consumo per capita, o que significa que cada habitante da terra anualmente usa para
nadense e um norte-americano, 25. O maior
A inovação tecnológica tem sido apontada como uma ferramenta importante da economia verde. Nesse caso, quais seriam as principais demandas, ou seja, quais problemas as empresas e instituições de pesquisa deveriam se dedicar a resolver?
desafio é conseguir melhorar o uso desses
Nós precisamos de sistemas de inovação vol-
materiais. A distância entre o consumo dos
tados para a sustentabilidade cujo eixo não
ricos e dos pobres é tão grande - 25 para
seja o aumento da produtividade e do capital
4 - que o grande desafio é você promover
do trabalho simplesmente, mas cada vez mais
uma redução da desigualdade sem a qual vai
o aumento da produtividade dos materiais
ser impossível continuar avançando na luta
dos quais depende a produção. Além disso, é
contra a pobreza. Na Rio+20, “crescer para
necessário que nas medidas governamentais
quê?” e “crescer para quem?” deveriam ser as
de apoio a certos setores haja sempre uma
questões mais importantes, mas estão com-
contrapartida voltada à eficiência no uso de
pletamente ausentes da pauta.
materiais.
comer, morar, passear, estudar, trabalhar etc. 9 toneladas desses quatro materiais. Porém, um indiano que nascer em 2012 consumirá ao longo da sua vida 4 toneladas, e um ca-
Nesse contexto de movimento em direção à economia verde, o próprio conceito de inovação deve ser repensado?
“PRECISAMOS QUE A INOVAÇÃO SE VOLTE DE UMA MANEIRA DIRETA, EXPLÍCITA E
Tem que ser repensado. A inovação do século 20 é uma inovação voltada para melhorar a produtividade do capital e do trabalho, já a
INTENCIONAL PARA OBTER O BEM-ESTAR
do século 21 aproveita os dispositivos pode-
DAS SOCIEDADES HUMANAS NO LIMITE DOS
para melhorar a eficiência do uso dos recur-
ECOSSISTEMAS”
rosos da sociedade da informação em rede sos. Isso significa redes elétricas inteligentes, a transformação de cada unidade comercial, industrial ou domiciliar em um centro não apenas consumidor, mas produtor de energia
8
De que forma as empresas poderiam contribuir para o alcance da economia verde? Esse processo também gera oportunidades de negócios?
em modalidades descentralizadas. Significa
O nosso grande problema é que as oportuni-
almente deseja. A inovação não é interessan-
dades de negócio da economia do século 20,
te para qualquer coisa. Produzir carros mais
da economia da destruição, são ainda maio-
velozes aumenta o consumo de combustível
res do que as oportunidades de negócios da
e a periculosidade, por exemplo. Precisamos
economia verde e de uma economia voltada
que a inovação e o sistema econômico como
você pensar o uso do espaço a partir de um critério de eficiência e não simplesmente a partir de um critério do que o consumidor re-
ENTREVISTA > Ricardo Abramovay
Érico Hiller
um todo se volte de uma maneira direta, explícita e intencional para obter o bem-estar das sociedades humanas no limite dos ecossistemas, e não inovar de qualquer jeito e de alguma maneira beneficiar as pessoas porque vai criar emprego, gerar imposto. Esse raciocínio não pode mais ser feito.
Na sua opinião, as políticas de incentivo à inovação e ao empreendedorismo no Brasil carecem de um foco maior em sustentabilidade? A Lei do Bem teve algum efeito, ainda que muito precário. O investimento privado em inovação no Brasil cresceu, mas ainda é muito baixo. Cresceu nos últimos anos e a minha impressão é que falta foco. Por exemplo, nós precisamos urgentemente de um conjunto de inovações que permitam iniciar o uso sustentável de produtos e serviços sustentáveis nos biomas do país, na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga. Repensar o sistema de mobilidade urbana e metropolitana brasileira também é importante porque está se tornando um caos. Também precisamos de um sistema de inova-
ao G77 [grupo de nações em desenvolvimen-
ção para a produção alimentar mais eficiente
to da ONU] no sentido de incorporar exigên-
usando cada vez menos fertilizantes.
cias socioambientais cada vez maiores no comércio internacional. Isso seria extrema-
O senhor vê o Brasil com um país em potencial para liderar a pauta de inovação para a sustentabilidade?
mente importante. A utilização de mecanis-
Certamente. O Brasil tem um setor empre-
à pobreza absoluta no mundo também. O
sarial grande. O país tem recursos naturais
compromisso em torno da transparência dos
privilegiados, é uma potencia hídrica extra-
custos empresariais, ou seja, que os custos
ordinária, tem a maior floresta tropical do
de funcionamento das empresas e daquilo
planeta, tem cidades dinâmicas, e teria tudo
que é oferecido aos consumidores fossem
para liderar isso. Mas infelizmente não te-
custos reais e não custos fictícios como
mos lideranças políticas e empresariais que
são hoje. Hoje a economia mundial subsi-
estejam à altura do que é o desafio do desen-
dia muito mais o petróleo do que energias
volvimento sustentável do século 21.
renováveis, uma distorção completamente
Abramovay: políticas de fomento à inovação devem focar sustentabilidade
mos tributários sobre a especulação financeira internacional para subsidiar o combate
irracional. Não são resultados abstratos ou
O senhor acredita em resultados práticos da Rio+20? Ou teremos promessas de solução distantes dos problemas reais do século 21?
simplesmente utópicos, mas eu não tenho
Alguns resultados poderiam ser alcançados,
possa atuar positivamente na obtenção desses resultados. L
por exemplo, uma liderança do Brasil junto
a expectativa de que o Brasil seja capaz de exercer uma liderança tão significativa que
9
EM MOVIMENTO
NACIONAL
Divulgação/MCTI
Anprotec se reúne com ministro Raupp para tratar de apoio a parques e incubadoras parceria com o MCTI – que reuniu dados sobre as incubadoras e empresas incubadas e graduadas do país. Para Francilene Garcia, a trajetória anterior do ministro qualifica ainda mais a interação da Anprotec com o Ministério. “O conhecimento do ministro Raupp acerca de ambientes de inovação permitirá que avancemos ainda mais nas políticas em prol do empreendedorismo inovador, dando continuidade e complementado as ações de seus anMinistro Raupp (no centro) registrou as demandas do movimento
tecessores”, afirma. Segundo a presidente da Anprotec,
Em sua primeira reunião com
rio executivo do MCTI, Luiz Antonio
o cenário atual do país favorece o for-
o ministro de Ciência, Tecnologia
Elias, e o secretário de Desenvolvi-
talecimento dos ambientes de inova-
e Inovação, Marco Raupp – reali-
mento Tecnológico e Inovação do
ção e é necessário que se busque uma
zada no último dia 29 de maio – a
MCTI, Alvaro Prata.
interação maior com as ações e estra-
presidente da Anprotec, Francilene
Raupp, que já foi diretor-geral do
tégias do Plano Brasil Maior, política
Garcia, em conjunto com outros di-
Parque Tecnológico de São José dos
industrial, tecnológica e de comércio
retores da Associação, solicitou um
Campos, mostrou-se receptivo às de-
exterior do governo Dilma Rousseff.
reposicionamento do Ministério em
mandas. O Ministério avalia a possibi-
“Precisamos fazer novas leituras sobre
relação ao Programa Nacional de
lidade de lançar ainda este ano novas
ações passadas, preparando o movi-
Apoio às Incubadoras de Empresas
chamadas, por meio do PNI. Uma nova
mento de parques e incubadoras para
e Parques Tecnológicos (PNI), assim
reunião sobre o Programa está mar-
lidar com novos desafios. A Anprotec
como a redefinição de estratégias e
cada para o próximo dia 27 de junho,
comemora 25 anos de avanços e te-
o fortalecimento de políticas em prol
quando também será lançado o “Es-
mos que acelerar o ritmo e conquis-
da consolidação do Sistema Nacional
tudo, Análise e Proposições sobre as
tar espaços. O PNI, pela sua represen-
de Parques e Incubadoras. Também
Incubadoras de Empresas no Brasil”,
tatividade, será um importante aliado
participaram da reunião o secretá-
projeto - realizado pela Anprotec, em
neste processo”, conclui.
Representantes de incubadoras contempladas pelo Edital Cerne participam de encontro
10
Representantes dos 44 projetos
timo dia 4 de junho, em Brasília (DF).
para Apoio a Novos Empreendimen-
selecionados na modalidade 1 do
Durante a reunião, eles discutiram os
tos (Cerne), modelo que começou a
Edital Cerne, promovido pelo Sebrae,
princípios e diretrizes de governança
ser desenvolvido por Anprotec, com
tiveram seu primeiro encontro no úl-
da metodologia Centro de Referência
apoio do Sebrae em 2008.
EM MOVIMENTO
NACIONAL
Divulgação
Abertas as inscrições para XXII Seminário Nacional As inscrições podem ser realizadas pelo site www.seminarionacional.com.br. A expectativa é que o Seminário reúna cerca de 800 pessoas. Neste ano, o evento apresenta como tema “Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas: Revelando e Integrando Novas Rotas de Desenvolvimento”. Serão realizados minicursos, workshops, sessões plenárias, sessões técnicas paralelas e o encontro da Rede de IncubadoParque Tecnológico Itaipu é um dos organizadores locais do evento
ras de Desenvolvimento Inclusivo. A programação inclui a realização
Estão abertas as inscrições para
deste ano, em Foz do Iguaçu (PR).
do 1º Seed Forum Nacional - or-
o XXII Seminário Nacional de Par-
O valor das inscrições varia de R$
ganizado pela Finep. O evento tem
ques Tecnológicos e Incubadoras
114,00 a R$ 2.223,00, dependendo
como organizadores locais o Parque
de Empresas e XX Workshop An-
do número de atividades em que o
Tecnológico Itaipu (PTI), a Usina Hi-
protec. Promovido por Anprotec
participante se inscrever e da data
drelétrica Itaipu Binacional e a Rede
e Sebrae, o evento será realizado
em que a inscrição será efetuada –
Paranaense de Tecnologia e Inova-
entre os dias 17 e 21 de setembro
há descontos até 31 de julho.
ção (Reparte).
Anprotec lança Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador 2012 As inscrições para o Prêmio Na-
ração e uso intenso de tecnologias;
por processos, foco nos resultados,
cional de Empreendedorismo Ino-
Incubadora orientada para o desen-
inovação, aprendizado organizacio-
vador 2012 – promovido pela An-
volvimento local e setorial; Parque
nal e visão sistêmica.
protec, em parceria com o Sebrae
Tecnológico; Projeto de promoção
A divulgação dos vencedores e a
– já estão abertas. A premiação re-
da cultura do empreendedorismo
cerimônia de entrega dos prêmios
conhece, anualmente, incubadoras
inovador; Empresa Incubada e Em-
ocorrerão no dia 20 de setembro
de empresas, parques tecnológicos,
presa graduada.
de 2012, no Jantar de Encerramen-
empresas incubadas e graduadas,
Os vencedores ganharão troféus,
to do XXII Seminário Nacional de
além de projetos desenvolvidos por
passagens nacionais ou internacionais
Parques Tecnológicos e Incubado-
associados da Anprotec.
para participar de viagem de estudos
ras de Empresas, que será realiza-
Os candidatos devem se inscre-
ou negócios e prêmio em dinheiro
do em Foz do Iguaçu (PR), entre 17
ver até o próximo dia 6 de julho,
que varia R$ 5mil a R$ 15 mil, depen-
e 21 de setembro.
preenchendo o formulário dispo-
dendo da categoria. Os critérios de
O regulamento completo do
nível no site da Anprotec (www.
avaliação dos candidatos levarão em
Prêmio – com detalhes sobre as
anprotec.org.br). Ao todo, seis cate-
conta fatores como visão de futuro,
inscrições, etapas, categorias e
gorias serão premiadas: Incubadora
responsabilidade social e ética, va-
avaliação – está disponível no site
de empresas orientadas para a ge-
lorização das pessoas, abordagem
da Anprotec. 11
EM MOVIMENTO
NACIONAL
Finep recebe inscrições para Prêmio de Inovação de Interesse Público (OSCIPs) e Organizações Não Governamentais (ONGs) com sede no País e que tenham a inovação como elemento relevante em suas estratégias de atuação. Na categoria Inventor Inovador, podem concorrer pessoas físicas que tenham patentes concedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e cujo objeto de proteção já A Financiadora de Estudos e Pro-
cia, qualidade de vida e inclusão social
jetos (Finep) recebe até 16 de agosto
de pessoas com deficiência, incapa-
inscrições para o Prêmio Finep de
cidades ou mobilidade reduzida. Já a
Inovação, que completa 15 anos em
segunda reconhecerá iniciativas que
2012. A edição deste ano traz uma
tenham integrado sustentabilidade ao
série de mudanças. A principal é que
sistema de pesquisa, desenvolvimento
o prêmio será em dinheiro: serão dis-
e comercialização, pelo viés financeiro,
ponibilizados de R$ 100 mil a R$ 600
social e ambiental.
mil aos primeiros colocados regionais
Essas novas categorias se juntam
e nacionais de cada categoria, o que
às sete já existentes até então: Micro
totalizará em R$ 9 milhões. Até o ano
e Pequena Empresa; Média Empresa;
passado, a Finep concedia recursos
Grande Empresa (apenas na etapa na-
não reembolsáveis como prêmio e a
cional); Instituição de Ciência e Tecno-
liberação do dinheiro ficava condicio-
logia; Tecnologia Social; Inventor Ino-
nada à apresentação de um projeto de
vador e Inovar Fundos - esta também
ciência, tecnologia e inovação.
restrita à etapa nacional e dividida em
O prêmio de 2012 também contará com duas novas categorias direciona-
três subcategorias: Governança, Equipe e Operação.
das a empresas: Tecnologia Assistiva e
Podem concorrer ao Prêmio Finep
Inovação Sustentável. A primeira con-
empresas ou Instituições de Ciência e
templará produtos e processos que
Tecnologia (ICTs), públicas ou priva-
promovam a autonomia, independên-
das, Organizações da Sociedade Civil
esteja sendo comercializado. Na categoria Inovar Fundos, por sua vez, concorrem empresas gestoras de fundos de capital semente, venture capital e private equity constituídos há, no mínimo, dois anos. O Prêmio Finep é um dos mais importantes instrumentos de estímulo à inovação no País. Desde 1998, já premiou mais de 500 empresas, instituições e pessoas físicas. No ano passado, duas empresas – Reason Tecnologia, de Florianópolis, e Scitech, de Goiânia – que possuem relação com o movimento de empreendedorismo inovador ganharam o prêmio nas categorias nacionais Micro e Pequena Empresa e Média Empresa, respectivamente. Nas categorias regionais, também foram premiadas empresas incubadas e graduadas, como a Bioclone, do Ceará, e a Amazon Dreams, do Pará.
Catálogo reúne tecnologias verdes e negócios sustentáveis
12
Um catálogo elaborado pelo Fó-
gócios sustentáveis produzidos em
rum Nacional de Gestores de Inova-
Instituições de Ciência e Tecnologia,
ção e Transferência de Tecnologia
startups e empresas inovadoras em
(Fortec), em parceria com a Anprotec
geral. No documento. disponível no
e outras instituições, reúne, em 15
site da Anprotec, estão listados mais
categorias, tecnologias verdes e ne-
de 30 negócios sustentáveis.
EM MOVIMENTO
NORTE
Divulgação
Estado do Pará investirá R$ 30 milhões em centro de biofármacos no PCT Guamá Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Alberto Arruda, a expectativa é que o Pará possa se tornar, a longo prazo, uma referência no estudo e desenvolvimento de biossimilares, que são genéricos de medicamentos baseados em organismos vivos (proteínas), a partir da criação de novas versões de biofármacos existentes, cujas patentes já expiraram. “A perspectiva é criarmos um centro de inteligência na área, com emprego e mão de obra
PCT Guamá, em Belém, abrigará Parafarma
especializada local e geração de renda
O governo do Pará vai investir
no futuro o parque abrigue um núcleo
a partir dos royalties decorrentes dos
R$ 30 milhões na criação do Parafar-
biotecnológico voltado à pesquisa e
direitos de propriedade intelectual e
ma, um centro de pesquisa de medi-
ao desenvolvimento de biofármacos.
comercialização desses medicamen-
camentos genéricos, a ser instalado
A implantação do centro foi discutida
tos”, disse. Além do Parafarma, o PCT
no Parque de Ciência e Tecnologia
em reunião realizada no último dia 26
Guamá abrigará diversos laboratórios
Guamá (PCT Guamá). O objetivo é que
de maio. Para o secretário adjunto de
ligados à área de biotecnologia.
Fapeam lança Programa de Apoio a Incubadoras A Fundação de Amparo à Pesqui-
como promover a criação e implan-
acordo com Maria Olívia, ainda é
sa do Estado do Amazonas (Fapeam)
tação de novas incubadoras e de
pequeno. “Queremos potencializar
lançou no dia 15 de maio a 1ª Edição
redes de incubadoras. A apresen-
esse espaço de empreendedorismo
do Programa de Apoio a Incubadoras
tação de propostas deve ser feita
no Estado não só pra alavancar o
(Pró-Incubadoras), em parceria com a
até 13 de julho. “O fortalecimento
empreendedorismo,
Secretaria de Estado de Ciência e Tec-
das incubadoras existentes, de for-
palmente para gerar negócios ino-
nologia (Sect-AM). O Programa faz
ma a torná-las autossustentáveis e
vadores, haja vista o potencial do
parte do Plano de Ação 2012/2013
o próprio processo de criação de
Amazonas com insumos regionais
da Fapeam e tem como objetivo ala-
novas incubadoras, tem sido pauta
e matérias-primas que precisam
vancar negócios inovadores no esta-
de discussão do governo e apontado
ser industrializadas e comercializa-
do, utilizando as incubadoras como
como alternativa de extrema impor-
das”, disse.
estratégia. O lançamento ocorreu
tância para o desenvolvimento da
durante o 5º Fórum de Inovação do
região”, disse a diretora-presidente
da Anprotec, Sheila Oliveira Pires,
Estado do Amazonas.
da Fapeam, Maria Olívia, durante o
esteve presente no evento e pales-
lançamento.
trou sobre o tema A Importância
O edital disponibiliza de R$ 1,7
A
mas
superintendente
princi-
executiva
milhão e financiará propostas que
Atualmente, o Amazonas pos-
das Incubadoras de Empresas de
busquem fortalecer as incubadoras
sui oito incubadoras instaladas na
Base tecnológica para o Desenvol-
já existentes no Amazonas, assim
capital, Manaus, número que, de
vimento Regional. 13
EM MOVIMENTO
NORDESTE
Andréa Rêgo Barros
Porto Digital sediará primeira aceleradora de empresas do Nordeste
Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lançou a primeira aceleradora de empreendimentos inovadores do Nordeste
Universidade Estadual do Ceará ganha incubadora
meses, que será concluído com um
A primeira incubadora de em-
evento de apresentação das startups
presas da Universidade Estadual do
a potenciais investidores. Durante
Ceará (UECE), chamada Incubauece,
esse processo também está prevista
e uma Unidade de Pesquisa Trans-
a realização de Desafios Empresa-
ferência Biotecnológica (UPTBI) co-
riais.
meçaram a funcionar, no último dia
As primeiras startups devem se
7 de maio, no campus da UECE no
instalar no local no segundo semes-
município de Itaperi (CE). A cerimô-
tre deste ano. Os projetos selecio-
nia de inauguração marcou o início
nados para o programa já contarão,
das atividades do Parque Tecnológi-
desde o início, com recursos de ca-
co da Universidade.
pital semente de até R$ 40 mil, para
A UPTBI é uma iniciativa de pro-
Recife abrigará a primeira acele-
ajudar no início da operação do
fessores e pesquisadores vincula-
radora de empreendimentos inova-
empreendimento. O financiamento
dos ao Laboratório de Manipulação
dores do Nordeste. Batizada de Ar-
será realizado pelo empresário Car-
de Oócitos e Folículos Ovarianos
mazém da Criatividade, a iniciativa é
los Francisco Ribeiro Jereissati, CEO
Pré-antrais (Lamofopa) e ao Núcleo
fruto do convênio assinado em 21 de
da Jereissati Participações e sócio
Integrado de Biotecnologia (NIB)
maio entre o Governo de Pernambu-
da Oi. O executivo tem a expecta-
da Universidade. A criação da uni-
co e o Porto Digital, onde o prédio da
tiva de se tornar sócio de algumas
dade recebeu apoio da Fundação
aceleradora será instalado. O espaço
empresas aceleradas.
Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
será composto por um ambiente co-
A ideia de criação da aceleradora
laborativo, uma aceleradora de em-
surgiu a partir de discussões rea-
presas com estações de trabalho, sa-
lizadas no Instituto Talento Brasil,
A Unidade será um mecanismo
las de reunião e um mini-auditório.
que encomendou à consultoria
para estabelecer a relação direta en-
Também haverá um portal de desen-
McKinsey um estudo de mapea-
tre a UECE e o setor produtivo públi-
volvimento de soluções tecnológicas
mento das regiões com potencial
co ou privado. O objetivo é facilitar e
no local.
de investimentos na área de Tec-
promover a transferência de biotec-
(FUNCAP).
As empresas interessadas em
nologia de Informação e Comu-
nologias geradas na Universidade. A
fazer parte do programa terão que
nicação (TIC). O Porto Digital foi
UPTBI é composta por seis laborató-
passar por um processo seletivo.
apontado como uma das regiões
rios, onde empresas poderão desen-
Os projetos aprovados participarão
propícias para esse tipo de aporte
volver e explorar produtos, além de
de um ciclo de aceleração de cinco
financeiro.
serviços de alta tecnologia.
Fortaleza receberá encontro regional de incubadoras quarta
Sebrae. O evento – que ocorrerá
Incubadora de Empresas – Pla-
edição do Encontro Regional de
em conjunto com o III Seminário
taforma do Empreendedorismo
Incubadoras (Erine), que faz par-
de Incubadoras de Empresas no
Inovador. Mais informações po-
te dos encontros realizados em
Ceará – acontecerá entre os dias
dem ser obtidas no site: www.
todo o país pela Anprotec e pelo
27 e 29 de junho. O tema será
erine.ric.org.br.
Fortaleza
14
sediará
a
EM MOVIMENTO
CENTRO-OESTE
Divulgação/ MDIC
CDT/UnB realiza oficinas para formular Política de Empreendedorismo versidades, governo e indústria, além de empresários e instituições especializadas no estímulo e apoio ao empreendedor brasileiro, para discutir sobre os principais desafios e obstáculos encontrados pelos empreendedores. As oficinas e palestras continuarão durante o mês de junho, em Belém (PA), Goiânia(GO), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e Porto Alegre (RS). A consolidação das propostas discutidas nas oficinas se dará no dia 26 de junho, com a validação das diretrizes para a Política Nacional de Empreendedorismo, durante o Seminário Inter-
Primeira reunião do ciclo de oficinas ocorreu em São Paulo, no dia 24 de maio deste ano
nacional sobre o tema, com a parti-
O Centro de Apoio ao Desen-
clo regional de oficinas e debates
cipação de especialistas do Brasil e
volvimento Tecnológico da Uni-
que irá subsidiar a elaboração da
de outros países.
versidade de Brasília (CDT/UnB),
Política Nacional de Empreende-
Informações sobre a Política
em parceria com o Ministério do
dorismo. A primeira oficina ocor-
podem ser obtidas por meio dos
Desenvolvimento, Indústria e Co-
reu em São Paulo (SP), no dia 24
telefones (61) 2027-7095 e 2027-
mércio Exterior (MDIC), deu início,
de maio. Participaram do debate
7093 ou pelo e-mail depme@mdic.
no último mês de maio, a um ci-
cerca de 40 especialistas de uni-
gov.br.
Campo Grande cria incubadora de empresas de base tecnológica A prefeitura de Campo Grande
específico, a ser publicado pela pre-
manutenção e desenvolvimento da
(MS) publicou, no último dia 24 de
feitura. A Incubadora será coordena-
política institucional de inovação;
maio, o decreto de criação da Incuba-
da pela Unidade Especial de Criação
apoiar e assessorar iniciativas de
dora Tecnológica da cidade, que terá
da Secretaria Municipal de Governo
fortalecimento do sistema de inova-
como objetivo dar suporte a empre-
e Relações Institucionais (Segov), nú-
ção no âmbito local, além de incen-
endimentos nascentes de Tecnologia
cleo responsável pela política de ino-
tivar a formação de parcerias com
da Informação e Comunicação (TIC)
vação do município.
instituições públicas ou privadas,
Essa Unidade Especial também
voltados ao desenvolvimento de soluções para problemas dos setores pro-
foi
dutivos de Mato Grosso do Sul.
como
criada
recentemente,
atribuições
tendo
coordenar
locais, nacionais ou estrangeiras, visando à obtenção de inovação que
os
viabilize a geração e o desenvolvi-
O processo seletivo das empresas
trabalhos desenvolvidos pela In-
mento de empresas de base tecno-
será estabelecido por meio de edital
cubadora; zelar pela implantação,
lógicas em Campo Grande. 15
EM MOVIMENTO
SUDESTE
Gil Leonardi
Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) entra em operação
Inauguração do BH-TEC: investimento inicial de R$ 65 milhões
cionamento e uma cafeteria.
completa implantação do BH-TEC
A obra do prédio custou cerca
demandará, nos próximos anos,
de R$ 28 milhões e foi financiada
investimentos de cerca de R$ 600
pelo Governo de Minas Gerais. O
milhões. O Parque será implanta-
terreno foi cedido, em regime de
do em etapas e a intenção é que
comodato, pela Universidade Fe-
sua estrutura imobiliária seja fi-
deral de Minas Gerais (UFMG). A
nanciada,
Financiadora de Estudos e Proje-
investidores privados, que serão
tos (Finep) também investiu R$
selecionados a partir de licitação.
principalmente,
por
2,5 milhões na rede de telefonia e
Quando as obras forem finali-
dados. Cerca de R$ 7 milhões fo-
zadas, o Parque terá capacidade
O primeiro edifício institucio-
ram investidos pela prefeitura de
para abrigar até 200 empreendi-
nal do Parque Tecnológico de Belo
Belo Horizonte na infraestrutura
mentos. Selecionadas por meio
Horizonte (BH-TEC), em Minas
viária do Parque. Ao todo, os in-
de uma chamada pública, as 16
Gerais, foi inaugurado no último
vestimentos totalizam R$ 65 mi-
empresas já instaladas no Parque
dia 16 de maio. Com 7,5 mil m²
lhões.
atuam nos setores de tecnologias
de área, o prédio já abriga 16 em-
O BH-TEC está implantado em
da informação e de comunicação,
presas, a Diretoria Executiva do
um terreno de 535 mil metros
biotecnologia, aeronáutica, auto-
Parque, um mini-auditório, quatro
quadrados, dos quais 350 mil são
mação industrial, meio ambiente,
salas de reunião, 88 vagas de esta-
áreas de preservação ambiental. A
eletrônica e consultoria/gestão.
Faperj lança edital de apoio a incubadoras A Fundação de Amparo à Pes-
ordem de R$ 3 milhões e cada pro-
no estado do Rio de Janeiro, prin-
quisa do Estado do Rio de Janeiro
posta pode solicitar até R$ 300 mil.
cipalmente daquelas sediadas em
recebe, até 26 de julho, projetos de
Os recursos visam a apoiar a
Instituições de Ciência e Tecnolo-
apoio a incubadoras de empresas
infraestrutura física e administra-
gia. Mais informações sobre o edital
de base tecnológica sediadas no es-
tiva de incubadoras de empresas
estão disponíveis no site da Faperj
tado. O edital oferece recursos da
de base tecnológica em operação
(www.faperj.br).
Incubadora do Centev/UFV é destaque em estudo do infoDev A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (IEBT), uma das unidades
16
as boas práticas de incubação voltada
mercialização da pesquisa em agri-
ao agronegócio.
cultura no Brasil e vem cultivando
integrantes do Centro Tecnológico de
No estudo, a incubadora é descri-
sucessos como uma empresa de bio-
Desenvolvimento Regional de Viçosa
ta como um sistema muito efetivo de
tecnologia [Rizoflora Biotecnologia]
(Centev/UFV), foi destaque em estu-
suporte a professores universitários e
que é especializada em fungos que
do produzido pelo infoDev, órgão vin-
estudantes que pretendem desenvol-
protegem plantas de parasitóides e
culado ao Banco Mundial. Publicado
ver empreendimentos bem-sucedidos
nematóides, um produto que pode
em abril deste ano, o estudo analisou
na área de agronegócios e empresas
ajudar a reduzir as perdas anuais
dez incubadoras de países em desen-
de alta tecnologia. “O Centev/UFV
de R$ 100 bilhões da agricultura
volvimento, com o intuito de destacar
desenvolveu um novo modelo de co-
mundial”.
EM MOVIMENTO
SUL
Divulgação
Secretaria do Rio Grande do Sul libera R$ 4 milhões a Parques Tecnológicos gestores do Parque para atuarem no mercado internacional. O TecnoUnisc, de Santa Cruz do Sul, investirá R$ 624 mil no desenvolvimento de produtos e processos oleoquímicos e biotecnológicos. O objetivo final é a construção de um Centro de Excelência em Produtos e Processos Oleoquímicos e Biotecnológicos, buscando atender necessidades de empresas sediadas no Parque e as particularidades econômicas da região. O valor total do projeto é de cerca de R$ 1,6 milhão. Tecnopuc, de Porto Alegre, foi um dos cinco parques contemplados e recebeu R$ 1 milhão
O Parque do Vale do Caí, da Universidade de Caxias do Sul, re-
A Secretaria da Ciência, Inovação
rismo na região Sul, potencializando
ceberá R$ 530 mil para realizar a
e Desenvolvimento Tecnológico do
empresas que tenham foco no Mar e
adequação de espaço físico para
Rio Grande do Sul liberou cerca de R$
criar condições locais para o desen-
instalação do laboratório de Tec-
4 milhões a cinco Parques Tecnoló-
volvimento econômico, social e tec-
nologia Cerâmica e para o desen-
gicos do estado conveniados ao Pro-
nológico sustentável. O valor total
volvimento de pavimento cerâmico
grama Gaúcho de Parque Científicos
do projeto do Parque é de cerca de
não esmaltado e telha cerâmica
e Tecnológicos (PGtec).
R$ 4,8 milhões.
extrudada. O Parque fica localizado
O Parque Científico e Tecnológico
Já o Parque Tecnológico da
no município de Bom Princípio, na
do Mar (Oceantec) receberá R$ 931
PUCRS (Tecnopuc) recebeu R$ 1
Serra Gaúcha. Já o Parque Científi-
mil para sua implantação, na cidade
milhão para a execução do proje-
co e Tecnológico do Planalto Mé-
de Rio Grande. O projeto tem como
to Global Tecnopuc, que pretende
dio, em Passo Fundo, receberá R$
objetivo fortalecer o empreendedo-
qualificar empresas, empresários e
924 mil para sua implantação.
Câmara de Florianópolis aprova Lei de Inovação do município A Lei Municipal de Inovação de
instituições de pesquisa poderão con-
nhecimento gerado aqui no cres-
Florianópolis (SC) foi aprovada no úl-
tar com até R$ 15 milhões para in-
cimento econômico sustentável do
timo dia 17 de abril, por unanimidade.
vestimento em iniciativas inovadoras,
município, revertendo o ciclo de
O texto prevê a criação de um Fundo
provenientes do Fundo recém-criado.
desenvolvimento para um modelo
Municipal de Inovação e de progra-
“A Lei é a consolidação do proje-
que respeita o meio ambiente e as
mas de incentivo à capacitação, inclu-
to de construção de Florianópolis
pessoas”, disse o secretário de Ciên-
são digital e projetos inovadores.
como a Capital da Inovação. Com
cia, Tecnologia e Desenvolvimento
De acordo com estimativas para
ela, a cidade terá uma importante
Econômico Sustentável, Carlos Ro-
o orçamento de 2013, as empresas e
oportunidade para aplicar o co-
berto De Rolt. 17
Arquivo UFJF
HABITATS
Ciclo preparatório Pré-incubação ajuda novos empreendimentos a ingressarem no mercado com mais competitividade. Capacitação de empresários e suporte constante da incubadora são fundamentais ao processo
18
A bióloga Ethel Peternelli e outros cinco
badora, o projeto está passando por uma
pesquisadores do Programa de Pós-Gra-
fase preparatória desde janeiro deste ano:
duação em Entomologia da Universidade
a pré-incubação.
Federal de Viçosa (UFV) decidiram partici-
Os novos empreendedores estão entu-
par, no ano passado, do processo seletivo
siasmados com o processo. “Nós, sócios,
da Incubadora de Empresas de Base Tec-
éramos do mesmo laboratório da UFV e ti-
nológica (IEBT) do Centro Tecnológico de
vemos a ideia do projeto. Queríamos sair da
Desenvolvimento Regional de Viçosa (Cen-
área acadêmica para a empresarial ou fazer
tev). A ideia era criar uma empresa que
uma interface entre elas. Mas não fazíamos
desenvolvesse serviços inovadores para a
a mínima ideia do que era um plano de ne-
suinocultura. A proposta foi aceita, mas,
gócios”, explica Ethel. Na pré-incubação, ela
em vez de ingressar diretamente na incu-
e seus sócios estão recebendo consultoria
HABITATS
entrar na incubadora e realizar um estudo
trativa, para estruturar a empresa, que se
mais amplo de viabilidade técnica, econômi-
chama Pygs. “Vimos que só a ideia não é su-
ca e comercial do negócio. Hoje, a incuba-
ficiente. Precisamos de todo esse apoio para
dora possui cinco projetos pré-incubados,
saber como formar a empresa e se nosso
dentre os quais está a Pygs. Por um pra-
negócio é viável. Nosso principal objetivo
zo de seis meses, os empreendedores têm
agora é passar por essa etapa e entrar na
acesso a local de trabalho, computador com
incubação”, afirma.
acesso à internet, salas para reunião e trei-
A história da Pygs é exemplo de uma
namento e secretaria, telefone e recepção
estratégia que vem sendo adotada por vá-
compartilhados. Além disso, o programa
rias incubadoras do Brasil nos últimos anos.
oferece orientação para o acesso aos labo-
Projetos inovadores que, apesar de terem
ratórios, linhas de pesquisa e banco de da-
potencial de sucesso, não possuem estudos
dos da UFV e o apoio de diversos tipos de
de viabilidade e plano de negócios, agora
assessoria ofertados pela incubadora.
tendem a passar por um período de pré-in-
A multincubadora do Centro de Apoio ao
cubação. De acordo com a pesquisa Estudo,
Desenvolvimento Tecnológico da Universi-
Análise e Proposições sobre as Incubado-
dade de Brasília (CDT/UnB) foi uma das pri-
ras de Empresas no Brasil – realizada pela
meiras do país a oferecer a modalidade de
Anprotec em parceria com o Ministério da
pré-incubação, no final da década de 1990.
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em
No Centro, os novos empreendedores têm
2011 – cresce, no país, o número de pro-
acesso ao chamado Hotel de Projetos. “O
jetos pré-incubados. Estima-se que sejam
objetivo de uma incubadora é minimizar o
cerca de 270, atualmente, no Brasil.
insucesso de empreendimentos, mas, para
A incubadora do Centev oferece a mo-
isso, é preciso haver mecanismos que com-
dalidade desde 2006. O programa surgiu a
provem a viabilidade desses projetos. E isso
partir da percepção de que alguns empre-
ocorre no âmbito da pré-incubação”, explica
endedores que procuravam a IEBT preci-
o gerente da incubadora, Higor Santana.
savam ser mais bem preparados antes de
A pré-incubação, de acordo com Santana,
Incubadora do Centev: pré-incubação prepara empreendedores Divulgação
em diversas áreas, como jurídica e adminis-
19
HABITATS
também minimiza os custos de empreende-
operativas e projetos culturais, outro foco
dores que estão iniciando o desenvolvimen-
da pré-incubação é desenvolver caracterís-
to de uma ideia. “O CDT exige, na incuba-
ticas como associativismo e cooperativismo
ção, que a empresa esteja formalizada. Mas
nos empreendedores dessas áreas. “Muitas
na pré-incubação, não. A empresa formali-
vezes o projeto não nasce com base no as-
zada possui custos inerentes e se o projeto
sociativismo e cooperativismo, mas a partir
é incipiente, formalizar significa penalizar
de uma oportunidade que surgiu. Então,
o empreendedor, já que ele precisará ter
nos casos em que não vemos durante a
CNPJ, estrutura, contador etc. É um custo
seleção a transparência desses princípios,
que não vai ser pago pelo próprio negócio.
optamos por colocá-los na pré-incubação”,
A ideia, então, é que as empresas entrem na
explica Santana.
incubadora gerando receita”, explica.
No CDT/UnB as empresas têm o prazo máximo de um ano para ficar na
Divulgação
A incubadora Supera, de Ribeirão Preto (SP): mais tempo para a pré-incubação
20
O tempo ideal
pré-incubação. Esse tempo, de acordo
Durante a pré-incubação no CDT/UnB,
com Higor Santana, é suficiente para a
além de ser analisada a viabilidade dos
maioria dos projetos. No entanto, para
projetos, os empreendedores passam por
os que têm um processo de maturação
uma série de capacitações. “Sabemos que
mais longo, como os da área de Biotec-
o sucesso de uma empresa não depende
nologia, a incubadora oferece outros ti-
apenas da estratégia e do produto, mas,
pos de serviço. “No caso desses projetos,
principalmente, da capacidade e da atitude
que às vezes precisam de até cinco anos
empreendedora das pessoas envolvidas no
para se desenvolver, os empreendedores
projeto. A pré-incubação é o momento de
podem utilizar outros serviços do CDT,
trabalhar esse perfil nos novos empresá-
focados no desenvolvimento do produto,
rios”, destaca Santana.
como a gerência de projetos e o Disque
Como a multincubadora também abriga,
Tecnologia”, afirma Higor. Assim, quando
junto a empresas de base tecnológica, co-
os empreendedores conseguem finalizar
HABITATS
o produto no período de 12 meses, é o
mais efetiva”, explica o gerente da incu-
momento de procurar a incubadora.
badora, Eduardo Gardes Cicconi.
Mas o tempo de pré-incubação varia
O Hotel de Projetos da Supera tem
de acordo com a natureza das incubado-
como foco o desenvolvimento do plano
ras e dos negócios que abrigam. Foi por
de negócios e dura até um ano. “Nós re-
ter como principal público-alvo empre-
cebíamos muitos empreendedores sem
sas da área de Saúde e Biotecnologia que
planos estruturados que procuravam
a incubadora Supera, de Ribeirão Preto
a incubação. Por diversas vezes tenta-
(SP), optou por um prazo mais longo de
mos auxiliá-los. Mas o contato acabava
preparação dos empreendimentos. A ins-
se perdendo”, explica Cicconi. Já a pré-
tituição oferece, atualmente, duas etapas
-incubação, na Supera, visa possibilitar
que antecedem a incubação: o Hotel de
a estruturação do negócio por um prazo
Projetos e a pré-incubação. “Percebemos
de três anos, no máximo. Para Cicconi, a
que projetos nessa área exigiam uma
implantação de serviços que antecedem
permanência maior no ambiente da incu-
a incubação ajudou a estruturar a Supe-
badora. Esses serviços surgiram, de certa
ra. “É uma cadeia de desenvolvimento. A
forma, pra resolvermos essa dificuldade
empresa precisa passar por ela antes de
e tornarmos a orientação aos projetos
ter um espaço individualizado na incuba-
_EMBRAPA: PRÉ-INCUBAÇÃO PARA TRANSFERIR TECNOLOGIA
Desde 2009, algumas unidades da Embrapa oferecem, como parte do Proeta (Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e Transferência de Tecnologia), uma forma diferente de pré-incubação, que visa facilitar a transferência de tecnologia. Por meio dessa modalidade, a Embrapa oferece, através de um edital, tecnologias disponíveis que tenham potencial para viabilizar a criação de negócios. Os empreendedores interessados escolhem a tecnologia que querem desenvolver e passam até quatro meses em uma incubadora desenvolvendo o plano de negócios da futura empresa e recebendo auxílio técnico de pesquisadores da Embrapa. O projeto é oferecido por meio de parcerias entre a Embrapa e incubadoras de empresas já existentes. Este ano, a Embrapa Agroindústria de Alimentos, em conjunto com a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica em Agronegócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ineagro), ofereceu vagas de pré-incubação. Ao todo, sete empreendedores se candidataram e estão desenvolvendo planos de negócios com estratégias de produção e comercialização das seis tecnologias oferecidas no edital. “O objetivo desse projeto é fazer aquilo a que a Embrapa se propõe: implantar tecnologias que possam auxiliar no desenvolvimento da agricultura”, explica o coordenador da iniciativa na Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marcos Maia. A escolha das tecnologias a serem oferecidas é feita com base em critérios como simplicidade e caráter inovador. “Escolhemos tecnologias consideradas mais simples, ou seja, que não demandem tanto conhecimento técnico por parte dos empreendedores interessados e equipamentos”, explica Maia. Além disso, segundo ele, precisam ser tecnologias que possam ser desenvolvidas em um espaço de tempo curto, já que o prazo máximo de pré-incubação dos projetos é de quatro meses. “Acreditamos que esse tempo seja suficiente para que os empreendedores, contando com o apoio dos pesquisadores da Embrapa, desenvolvam seus planos de negócio.” A ideia é que, após passarem pelo processo de pré-incubação, os empreendedores criem suas empresas e entrem na incubação física da Ineagro. Os melhores planos de negócio desenvolvidos serão incubados por até dois anos.
21
HABITATS
dora. Na Supera, para fazer a transição
denadora executiva da incubadora, Maria
entre as fases, acompanhamos mensal-
José Barbosa.
mente os projetos e utilizamos indicadores para realizar diagnósticos”. Hoje, a incubadora possui quatro iniciativas no Hotel de Projetos e cinco na pré-incubação.
Mudanças O CDT/UnB é uma das únicas incubadoras do país onde o número de projetos
Diferentemente da Supera, a Rede de
pré-incubados supera o de incubados. São
Incubadora de Tecnologia da Universida-
16 no Hotel de Projetos e 12 na incubação,
de do Estado do Pará (Ritu/Uepa) oferece
sendo que seis se graduaram recentemente.
um período curto de pré-incubação: três
“A ideia é a do funil. Quanto mais pré-incu-
meses, com possibilidade de renovação.
bados melhor, já que aumenta a possibili-
“A pré-incubação, nesse caso, é destinada
dade de que projetos saiam com potencial
a empreendedores que ainda não elabo-
de sucesso. O objetivo é que todos sigam
raram seus planos de negócios”, explica a
para incubação, mas sabemos que isso não
gerente da incubadora, Nair Sena.
acontece por vários motivos. Hoje, ocorre a passagem de cerca de 30 a 40% dos proje-
Empreendedorismo acadêmico
Com mais de dez anos de experiência
pré-incubação aparece como uma ferra-
com a modalidade, o Centro realizou mu-
menta de incentivo ao empreendedorismo
danças na pré-incubação nos últimos anos.
na universidade. Em Juiz de Fora (MG),
“Mudamos a infraestrutura oferecida. An-
o Centro Regional de Inovação e Trans-
tes, era parecida com a de uma empresa in-
ferência de Tecnologia (Critt) oferece a
cubada, mas percebemos que o espaço era
modalidade desde 2009, exclusivamente
subutilizado e criamos a sala compartilha-
a pesquisadores da Universidade Federal
da”, afirma Santana. “Começamos a traba-
de Juiz de Fora, enquanto a incubação é
lhar, também, a questão do perfil do empre-
aberta ao público em geral. “Recebíamos
endedor, não só o modelo de negócios. Isso
muita demanda de estudantes e profes-
foi crucial, porque um projeto hoje pode
sores para testar a viabilidade comercial
não dar certo, mas se o empreendedor for
de projetos de pesquisa básica. Por isso
bem orientado, ele vai ter outra ideia e vai
criamos o serviço”, explica o responsável
retornar em outra oportunidade”.
pela pré-incubação, Leonardo Frossard.
Para Santana, o crescimento da oferta de
A recém-inaugurada Incubadora de
pré-incubação em ambientes de inovação é
Empresas da Universidade Estadual do
fruto da experiência das incubadoras. “Os
Ceará (Incubauece) também foca nos pes-
gerentes de incubadoras começaram a ver
quisadores da Universidade. No primeiro
que ocorreram e ainda ocorrem grandes
processo seletivo da incubadora, realiza-
perdas dentro do processo de incubação,
do no ano passado, quatro projetos foram
às vezes devido a um processo de seleção
selecionados para a pré-incubação e um
muito rápido. Por isso, hoje há uma tendên-
para a incubação. “O foco são, principal-
cia a só colocar projetos na incubadora a
mente, os alunos de doutorado. Tanto
partir de uma análise aprofundada”, ana-
que, do total, apenas um projeto veio de
lisa. A pré-incubação assim, torna-se uma
fora da Universidade. A ideia é que pes-
extensão do processo seleção, pela qual
quisadores que já têm pesquisa em fase
desenvolvem-se empreendimentos inova-
avançada possam transformá-las em ne-
dores mais preparados para ingressar no mercado. L
gócio na pré-incubação”, afirma a coor22
tos”, afirma Higor Santana.
Em alguns ambientes de inovação, a
Divulgação
NEGÓCIOS
Inovação no ar Mercado de Veículos Aéreos Não Tripulados está em expansão no Brasil, abrindo espaço para empresas incubadas e graduadas desenvolverem novos produtos e serviços Para vigiar os passos de Osama Bin Laden
5%, de acordo com dados publicados no ano
em seu esconderijo no Paquistão, os Estados
passado pela consultoria Teal Group. O uso civil
Unidos utilizaram um avião não tripulado cha-
desses aviões também aumenta. A expectativa é
mado RQ-170 – que possui um dos menores
que o mercado mundial do setor cresça 155%
coeficientes de detecção por radar – antes de
até 2020, alcançando um faturamento de US$
capturá-lo, em maio do ano passado. No final de
55 bilhões.
2011, quando Muamar Kadafi, ex-presidente
Assim como nos Estados Unidos, o Brasil
da Líbia, tentava fugir, seu comboio também foi
possui um mercado promissor para os UAV,
interceptado por um míssil disparado por um
que aqui são conhecidos como Vants (Veícu-
uma aeronave não tripulada.
los Aéreos Não Tripulados). Desde a década de
Chamados em inglês de UAV (Unmaned
2000, cresce o número de empresas nacionais
Aerial Vehicle) ou drones, esses veículos hoje
dedicadas a fabricar essas aeronaves e seus
representam cerca de 30% da frota militar ame-
componentes. Muitas delas estão localizadas
ricana. Em 2005, esse número era de apenas
em incubadoras de empresas e parques tec23
NEGÓCIOS
Divulgação
Aeronáutica, um contrato de R$ 1,3 milhão. A Incubaero, onde nasceu a Flight Technologies, também já graduou outras duas empresas que atuam no ramo: a Gyrofly e a Embravant. A Xmobots, uma das principais do setor, foi incubada no Centro de Inovação, Empreededorismo e Tecnologia (Cietec), da USP. A gaúcha Skydrones, por sua vez, surgiu na incubadora Unitec, do Parque Tecnológico da Unisinos, em São Leopoldo. Dentro do Porto Digital, em Recife, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) realiza Vant produzido pela Skydrones, graduada pela incubadora Unitec
nológicos. “O Brasil é um país com tradição
pesquisas na área. No país, também há outras
aeronáutica. Temos a segunda maior frota
empresas dedicadas ao desenvolvimento de
de aviação geral do mundo, a terceira maior
Vants.
fabricante de aeronaves, duas empresas fabri-
O motivo para o crescimento tão acelera-
cantes de aeronaves leves, fabricantes de ae-
do, desde os anos 2000, foi, principalmente, o
ronaves desportivas e uma comunidade extra-
avanço tecnológico e a popularização de sen-
ordinária de aeromodelistas. Por que não ser
sores e microcontroladores, essenciais ao fun-
líder na aviação não tripulada?”, questiona Nei
cionamento dos Vants. “Quem tem um tablet
Brasil, presidente e sócio-fundador da Flight
ou smartphone vê que o aparelho identifica
Technologies.
quando está sendo inclinado ou girado. É por-
A empresa é uma das que está aproveitan-
que possui sensores capazes de notar isso. No
do o crescimento do uso de Vants no país. Fun-
momento em que esses sensores se populari-
dada em 2005, foi o primeiro empreendimen-
zaram e passaram a ser produzidos em massa,
to a ser apoiado pela Incubadora Aeronáutica
caiu muito o preço, o que facilita o desenvol-
(Incubaero), localizada em São José dos Cam-
vimento de Veículos Aéreos Não Tripulados”,
pos (SP), e é focada no desenvolvimento de
explica Ulf Bogdawa, fundador da Skydrones.
sistemas aviônicos e de inteligência, comando
Formado em Engenharia de Automação,
e controle baseados em Veículos Aéreos Não
Bogdawa decidiu criar a empresa devido a um
Tripulados. Neste ano, a empresa venceu uma
antigo hobby e por vislumbrar uma oportu-
licitação para desenvolver tecnologias avança-
nidade de mercado. “Vi que a tecnologia es-
das de decolagem e pouso automáticos para a
tava avançando e que estava propiciando a
_CARACTERÍSTICAS DOS VANTS O Veículo Aéreo Não Tripulado é uma aeronave sem piloto a bordo. Conheça alguns tipos de Vants: • Micro: Pesam cerca de cinco quilos e chegam a voar durante uma hora. • Mini: Tem de 25 a 150 quilos e possibilidade de voar até duas horas. • Curto Alcance: Pesam de 50 a 250 quilos e têm capacidade de voo de três a seis horas. • Médio Alcance: Com 150 a 500 quilos, possuem duração de voo de seis a dez horas. Fonte: Unmaned Vehicle Systems International Association
24
NEGÓCIOS
_PESQUISAS COMEÇARAM NA DÉCADA DE 1980 Apesar de o crescimento do mercado de Vants ter começado há cerca de dez anos, as pesquisas sobre esses veículos tiveram início, no Brasil, ainda na década de 1980, no Centro Técnico Aeroespacial (CTA). O projeto Acauã, como era chamado, foi iniciado em 1984 e tinha como um de seus objetivos criar um banco de ensaios para desenvolvimento de sistemas de controle e telemetria para futuros alvos aéreos manobráveis. O projeto, no entanto, foi interrompido em 1988 por falta de recursos. A pesquisa foi retomada em 2005, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que destinou R$ 9 milhões do Fundo Setorial ao projeto. O objetivo era o desenvolvimento de um Sistema de Navegação e Controle para Vant que possibilitasse a sua adequação em diferentes plataformas de voo, com ênfase em missões de reconhecimento. Os antigos modelos de Vants, da década de 1980, foram reutilizados. O projeto foi desenvolvido em parceria com a empresa Avibras Indústria Aeroespacial, o Centro Tecnológico do Exército e o IpqM (Instituto de Pesquisas da Marinha). A Avibras ajudou no desenvolvimento do sistema de navegação e controle da aeronave, e, ao final do projeto, ficou com a tecnologia. Em 2011, a Finep quadruplicou o investimento na área de Defesa. A oferta de crédito para as empresas do setor atingiu a marca de R$ 1 bilhão, o que corresponde a quase um terço de todos os contratos firmados pela Financiadora.
Divulgação
e substituem, nas operações, aeronaves que antes teriam que ser tripuladas, como helicópteros. Em Recife, o C.E.S.A.R desenvolve pesquisas sobre Vants semiautônomos, que são usados pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). A empresa está começando a substituir o uso de helicópteros nas operações de inspeção das redes de transmissão de energia elétrica. “A inspeção das linhas de transmissão com helicópteros pilotados é uma operação de alto risco. O custo é altíssimo e é preciso que haja uma Ausência de tripulação reduz riscos em operações perigosas
entrada nessa área”, afirma. Hoje a Skydrones
equipe no veículo para realizar as filma-
desenvolve aeronaves conhecidas como Mi-
gens. Os Vants surgem, nesse contexto,
cro Vants. Os modelos da empresa possuem
como uma solução para amenizar esse risco
asas rotativas e são ideias para a realização
e diminuir, também, o custo desse tipo de
de imagens aéreas.
operação”, explica Sérgio Cavalcante, atual CEO do C.E.S.A.R.
Mais baratos e seguros
Cavalcante destaca, também, que as ope-
Além do desenvolvimento da tecnologia
rações realizadas com Vants são mais ágeis
em si, outras vantagens oferecidas pelos
e que a qualidade das imagens obtidas é
Vants contribuíram para a disseminação des-
superior. “É mais rápido colocar um Vant
ses veículos pelo mundo. Eles são mais bara-
em ação do que acionar uma equipe com um
tos, seguros, eficientes para realizar imagens,
helicóptero. Além disso, as imagens ficam me25
NEGÓCIOS
lhores. Se um helicóptero sai da posição, ele
é cada vez maior o uso desses veículos para
tem que voltar para a mesma posição e ali-
fins civis, como demonstra o caso da Com-
nhamento. O Vant realiza isso com facilidade”,
panhia Hidroelétrica do São Francisco. Na
afirma. As pesquisas do C.E.S.A.R. começaram
agricultura, por exemplo, as câmeras de alta
a ser desenvolvidas em 2005. Atualmente, o
definição termais e multiespectrais e os sen-
projeto está entrando em sua segunda fase,
sores de Vants permitem a realização de le-
que vai buscar aumentar a nacionalização dos
vantamentos aerofotogramétricos. Na análise
componentes do sistema. O Vant utilizado é
ambiental, o uso de Vants possibilita a obten-
importado.
ção de imagens precisas de áreas desmatadas
Na área de Defesa, as vantagens oferecidas pelos Vants são as mesmas. Por não se-
e derramamento de petróleo, entre outras situações.
rem tripulados, não há perigo de ocorrerem
A AGX, localizada no cluster de São Carlos,
baixas em operações perigosas. Na Estratégia
no interior de São Paulo, foi fundada no início
Nacional de Defesa, instituída pelo decreto nº
da década de 2000 a partir de um projeto de
6.703 de 2008, são apontadas três diretrizes
agricultura e colocou no mercado, em 2011,
estratégicas para a Força Aérea. Uma delas é o
o Vant mais barato do Brasil, o Tiriba, que
avanço nos programas de Vants, primeiro de
custa entre R$ 30 mil a 60 mil e foi desen-
vigilância e depois de combate. “Os veículos
volvido em parceria com o Instituto Nacional
não tripulados poderão vir a ser meios cen-
de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embar-
trais, não meramente acessórios, do combate
cados Críticos (INCT-SEC). “O segredo é a na-
aéreo, além de facultar patamar mais exigente
cionalização da tecnologia”, garante Adriano
de precisão no monitoramento/controle do
Kancelkis, presidente da AGX.
território nacional. A Força Aérea absorverá
A empresa possui uma parceria, na área
as implicações desse meio de vigilância e de
de pesquisa e desenvolvimento, com a Xmo-
combate para sua orientação tática e estraté-
bots, empreendimento graduado pelo Cietec,
gica”, diz o decreto.
de São Paulo, e, além de desenvolver três modelos de Vant e seus componentes, atua na
Aplicação civil
realização de imagens aéreas georreferencia-
Os Vants surgiram para uso militar, mas
das, com a análise qualitativa e quantitativa
_OS DIFERENTES USOS DOS VANTS
• Alvo móvel ou isca: Vant utilizado para atrair fogo amigo ou inimigo. Reconhecimento e monitoramento: São usados para suporte tático de inteligência no campo de batalha. Eles obtêm dados de uma forma mais eficiente e a uma distância mais próxima que o satélite. Na área civil possibilitam a vigilância de áreas ou estruturas e podem ser usados em operações de salvamento. • Combate: São utilizados em missões em que o risco para um piloto humano é muito alto. • Logística: Transporte de carga aérea. • Pesquisa e Desenvolvimento: Vants equipados com equipamentos de medição para desenvolvimento de testes científicos ou de engenharia. Fonte: Xmobots
26
NEGÓCIOS
das imagens e processamento das imagens.
líderes do setor no mundo”, analisa.
A Gyrofly Innovations, localizada em São
A Xmobots, graduada pelo Cietec, iniciou
José dos Campos e graduada pela Incubaero,
em maio de 2010 um processo para conse-
também aposta no uso civil de seus Vants,
guir um Certificado de Autorização de Voo
que são de modelo Mini. Uma das ideias é que
Experimental (CAVE), da Anac, para o Vant
eles possam ser utilizados na Copa do Mundo
modelo Apoena 1000. Com essa certificação,
2014. “Está havendo discussões nos órgãos
a empresa só poderá realizar operações com
responsáveis. O uso de Vants seria uma parte
propósitos de Pesquisa e Desenvolvimento.
da solução de segurança da Copa, principal-
“Iniciamos o processo em maio de 2010, fize-
mente dos Mini, pelo seu tamanho e peso.
mos varios refinamentos do projeto a pedido
Com pouco treinamento é possível manuseá-
da ANAC e desenvolvemos uma série de do-
-los”, explica Gustavo Penedo, um dos sócios-
cumentações que a regulamentação exige”,
-fundadores da empresa.
explica Giovani Amianti, sócio-diretor da empresa. A Xmobots foi a primeira a operar um Vant na Amazônia, em 2010, para realizar
O uso de Vants em locais habitados é res-
monitoramento da área onde será a Usina Hi-
trito. Ainda não existe regulamentação especí-
drelétrica de Jirau, que está em construção no
fica sobre isso publicada pela Agência Nacio-
Rio Madeira, em Rondônia.
nal de Aviação Civil (Anac). No momento, as
No Brasil, várias empresas estrangeiras já
operações com Veículos Não Tripulados estão
atuam no fornecimento de Vants. Elas são,
condicionadas à reserva de um determinado
principalmente, de Israel e dos Estados Uni-
espaço aéreo e de acordos operacionais e pro-
dos, países que já possuem pesquisas avança-
cedimentos específicos.
das na área. A Polícia Federal, por exemplo,
A Anac está acompanhando o cenário in-
comprou dois Vants produzidos em Israel
ternacional para desenvolver a regulamenta-
para utilizar em suas operações de fronteira.
ção. Por enquanto, são aplicadas as regras já
O Governo ainda teria intenção de comprar
existentes. Há apenas uma publicação do De-
mais aeronaves para o uso durante a Copa do
partamento de Controle do Espaço Aéreo (DE-
Mundo e as Olimpíadas. L
CEA). Intitulada Veículos Aéreos Não Tripulados, a AIC-N 21/10, apresenta as informações necessárias para o acesso de Veículos Aéreos
Vant da Xmobots, empresa graduada pelo Cietec: a primeira a operar um Vant na Amazônia Divulgação
Desafio
Não Tripulados ao espaço aéreo brasileiro. De acordo com Ulf Bogdawa, da Skydrones, o país costuma seguir a legislação internacional nessa área. “O Brasil segue muito legislação dos Estados Unidos e lá, recentemente, elaboraram uma lei regulando uso de Micro Vants, então há expectativa de que isso seja seguido também no Brasil”, disse. Para Nei Brasil, da Flight Technologies, o tema caminha de maneira consistente na Anac, apesar de deixar a indústria preocupada. “O grande desafio é que a Anac, junto com a indústria, precisa ter condições de trabalhar em conjunto para se antecipar às tendências do mercado e transformar o país em um dos 27
28
Shutterstock
CAPA
Tecnologias para inclusão Proporcionar autonomia a pessoas com deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida. Essa é a meta de diversas empresas que desenvolvem as chamadas Tecnologias Assistivas, um mercado repleto de oportunidades para inovação. Na última década, o Brasil tem buscado deixar a posição de importador para nacionalizar soluções que podem garantir mais qualidade de vida a cerca de 45 milhões de brasileiros
P O R C A M IL A AU G U S TO
29
CAPA
Na década de 1990, os ir-
negócio. Ainda eram escassas
A Finep já vinha lançando
mãos Claudio e Renato Sindicic
as iniciativas de investimento
editais de apoio ao desenvolvi-
decidiram trazer uma novidade
para a formação de empresas e
mento desse tipo de tecnologia
ao país. Renato, que é surdo e
desenvolvimento de pesquisas
desde 2005. O último - que
trabalha como professor uni-
nessa área. O país depende, até
está na sua segunda etapa de
versitário nos Estados Unidos,
hoje, de tecnologias importa-
seleção - habilitou 52 propos-
conheceu, lá, diversas tecnolo-
das. Desde a década de 2000,
tas, em sua primeira fase. O
gias na área de acessibilidade
no entanto, esse cenário está
resultado dos projetos selecio-
que ainda não existiam no Bra-
mudando e a área de Tecno-
nados está previsto para ser
sil. Percebendo essa lacuna, os
logia Assistiva começou a ga-
divulgado em julho. O Prêmio
irmãos fundaram, em 1996, a
nhar espaço no Brasil.
Finep de Inovação também incluiu, neste ano, uma categoria
Koller & Sindicic, uma empresa especializada em soluções
Sem limites
específica para empresas de
de comunicação para a comu-
No final do ano passado, o
Tecnologia Assistiva.
nidade surda. No início, todos
Governo Federal lançou o Pla-
os equipamentos eram impor-
no Nacional dos Direitos da
também estão sendo realiza-
tados dos Estados Unidos. De-
Pessoa com Deficiência, cha-
das nos estados. Em abril des-
pois, o empreendimento pas-
mado “Viver Sem Limite”, que
te ano, pela primeira vez, uma
sou a investir em Pesquisa e
tem como uma de suas dire-
instituição estadual lançou um
Desenvolvimento, permitindo
trizes a promoção do acesso,
edital específico voltado ao de-
que os telefones e outras solu-
do desenvolvimento e da ino-
senvolvimento de Tecnologia
ções fossem nacionalizados.
vação em Tecnologia Assisti-
Assistiva. A Fundação de Am-
empreendimentos
va. Por meio desse programa,
paro à Pesquisa do Estado do
da área de Tecnologia Assistiva
serão disponibilizados, através
Amazonas (Fapeam) vai dispo-
começaram da mesma forma
da Financiadora de Estudos
nibilizar R$ 2,5 milhões a pes-
que a Koller & Sindicic: foram
e Projetos (Finep), até 2014,
quisadores e inventores que
criados por pessoas que pos-
R$ 150 milhões a empresas
desenvolvam projetos na área.
suíam alguma relação pessoal
que desenvolvem produtos na
O Governo de Minas Gerais
com pessoas deficientes. Esse
área, via financiamento não re-
também está investindo R$
era, até pouco tempo atrás, um
embolsável, crédito subsidiado
650 mil na criação de um Cen-
dos principais incentivos para
e subvenção econômica (Veja
tro de Tecnologia Assistiva da
o surgimento desse tipo de
Box na página 35).
Rede Apae, projeto que inclui
Muitos
Ações
de
financiamento
_45 MILHÕES DE BRASILEIROS O Censo 2010, realizado pelo IBGE, avaliou o número de pessoas com deficiência no país, classificando-as em quatro tipos: visual, auditiva, mental e motora. Mais de 45 milhões de brasileiros declararam, na pesquisa, ter pelo menos algum tipo de deficiência, o que representa 23,92% da população. Desse total, cerca de 17,7 mil, representando 6,7% da população total, afirmaram ter alguma deficiência severa. A deficiência visual severa foi a que apresentou maior incidência sobre a população: 3,5% das pessoas declararam possuir grande dificuldade ou nenhuma capacidade de enxergar. Já a deficiência motora severa atinge 2,3% das pessoas, a deficiência auditiva severa, 1,1%, enquanto a deficiência mental, 1,4%. Fonte: Censo Demográfico 2010 – Resultados Preliminares da Amostra
30
CAPA
Divulgação
a fundação de uma incubadora de empresas. “Desde 2005, é notório o avanço do desenvolvimento da Tecnologia Assistiva. A partir desse ano começaram a surgir várias políticas. A Tecnologia Assistiva passou a ser uma prioridade”, afirma Jesus Delgado, coordenador de projetos do Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil), entidade que já realizou duas pesquisas para o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) sobre a área de Tecnologia Assistiva no país. “Sempre existiu Tecnologia Assistiva no Brasil, mas não havia políticas públicas constantes. Elas eram mais pontuais. Hoje isso mudou, estão sendo adotados novos conceitos e está ocorrendo uma superação daquele antigo modelo médico de atendimento à pessoa com deficiência”, destaca. Novo conceito O próprio conceito de Tecnologia Assistiva é recente no Brasil. Antes, eram utilizados, principalmente, termos como Ajudas Técnicas, Tecnologias de Apoio e Tecnologias de Reabilitação, entre outros. Esses nomes ainda são usados, mas o conceito de Tecnologia Assistiva possui um significado diferente,
mais
abrangente.
De acordo com o Comitê de Ajudas Técnicas, do Governo Federal, o termo significa “uma área do conhecimento, de característica
interdisciplinar,
que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objeti-
setor. “A Tecnologia Assistiva
vam promover a funcionalida-
pode ser parte da Engenharia
de, relacionada à atividade e
Mecânica, Ciências da Compu-
participação de pessoas com
tação, Fisioterapia etc. Não é
deficiência, incapacidades ou
um setor econômico diferen-
mobilidade reduzida, visando
ciado na cadeia produtiva”,
sua autonomia, independência,
afirma.
qualidade de vida e inclusão
Telefone para surdos produzido pela Koller & Sindicic , que foi incubada no Cietec, de São Paulo (SP)
Não há dados oficiais sobre o número de empresas que de-
social”. O conceito abrange não
senvolvem produtos na área de
apenas produtos, mas tam-
Tecnologia Assistiva existentes
bém outros tipos de solução,
no Brasil. No estudo realizado
e está voltado tanto a pessoas
pelo ITS Brasil entre 2005 e
com deficiência quanto a pes-
2006, das 168 instituições que
soas que possuam mobilidade
afirmaram realizar pesquisas
reduzida, como idosos, por
na área, apenas 8,2% eram em-
exemplo.
palavras-chave
presas, ou seja, menos de 15.
do termo Tecnologia Assistiva
A Associação Brasileira de Tec-
são: autonomia e inclusão so-
nologia Assistiva (Abteca) lista
cial. Não basta apenas auxiliar
em seu site 14 associados.
As
a pessoa na recuperação de
O número de propostas
movimentos diminuídos. É pre-
recebidas por editais de fo-
ciso que a tecnologia possibili-
mento a pesquisas na área, no
te que ela se torne mais autô-
entanto, mostra que o número
noma. “A Tecnologia Assistiva
de empresas que desenvolve
é uma área de conhecimento
soluções nesse sentido é bem
transversal. Ela se define pela
maior. No último edital da Fi-
sua finalidade”, explica Delga-
nep, 182 empresas enviaram
do. Devido a essa característi-
projetos, o que representou
ca, segundo ele, é difícil encon-
uma demanda de R$ 409 mi-
trar dados específicos sobre o
lhões. Desses empreendimen31
Divulgação
CAPA
Maria Olívia, da Fapeam: edital contempla soluções focadas em Tecnologia Assistiva
sadores e inventores para o
lucrativos. A pesquisa do Insti-
edital de Tecnologia Assisti-
tuto mostrou, no entanto, que
va. “Pelo volume de recursos
muitas pesquisas não estão
disponibilizados
este
chegando ao usuário final. A
edital, R$ 2,5 milhões - sen-
dificuldade para a comerciali-
do que os projetos poderão
zação, segundo as instituições,
solicitar de acordo com a
estaria na falta de financia-
modalidade, até R$ 300 mil -
mento e de pessoas especiali-
estamos projetando contratar
zadas para realizar esse tipo de
cerca de 15 projetos propos-
operação.
para
tos por pesquisadores e in-
Para solucionar esse pro-
ventores. A demanda deve ser
blema, a pesquisa do ITS Bra-
bem maior, espera-se receber
sil apontou a necessidade de
cerca de 100 propostas. Essa
políticas de incentivo e auxí-
procura será, certamente, um
lio para o desenvolvimento
tos, 77,4% eram de médio ou
decisivo indicador a ser consi-
dos produtos e recomendou
pequeno porte. “Um dos moti-
derado quando eventualmente
a criação de um Programa de
vos para a maioria das propos-
viermos a lançar uma nova
Incubação, para fazer com eles
tas serem de empresas peque-
chamada pública”, afirma a
sejam comercializados. “Esse é
nas deve ser decorrência do
diretora-presidente da Funda-
um problema de todas as tec-
fato de que muitos produtos
ção, Maria Olívia de Albuquer-
nologias. É preciso contemplar
de Tecnologia Assistiva não
que Simão.
o ciclo de inovação como um todo. Há uma dificuldade na
possuem uma grande escala Falta inovação
interação do setor acadêmico
Retz, chefe do Departamento
A maioria das instituições
com o empresarial”, analisa Je-
de Tecnologias Sociais da Fi-
que desenvolvem Tecnologia
nep.
Assistiva no país, segundo da-
Uma iniciativa desse tipo
A Fapeam, do Amazonas,
dos do ITS Brasil, são as Ins-
está ocorrendo em Minas Ge-
também tem a expectativa
tituições de Ensino Superior e
rais. O Instituto Nacional de
de receber cerca de 100 pro-
Tecnológico (54,9%), além de
Telecomunicações (Inatel), por
postas de empresas, pesqui-
instituições privadas sem fins
meio de seu Núcleo de Empre-
de produção”, explica Patrícia
Divulgação/Inatel
Curso de Engenharia Biomédica do Inatel desenvolve estudos na área
sus Delgado, do ITS Brasil.
endedorismo, está coordenando a criação de uma incubadora de empresas, na cidade de Pará de Minas, voltada a projetos de Tecnologia Assistiva. A iniciativa tem apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais e da Prefeitura do município onde vai ser instalada a incubadora. O Inatel também abriga o Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologias Assistivas de Minas Gerais.
32
“Desde 2003 o Inatel possui
Há também uma seção para
um curso de Engenharia Bio-
idosos.
Divulgação
CAPA
médica e já desenvolvia estudos na área de Tecnologia As-
Nas incubadoras
sistiva. Por isso, o Governo de
Devido ao espaço que a
Minas Gerais, em sintonia com
Tecnologia Assistiva vem ga-
o Governo Federal, nos identi-
nhando, muitas empresas de
ficou como parceiro. Ele quer
base tecnológica estão apro-
que as pesquisas cheguem ao
veitando a oportunidade para
mercado”, afirma o coorde-
desenvolver produtos na área
nador do curso de graduação
e se inserir nesse mercado,
em Engenharia Biomédica do
ainda novo e sem muita con-
Instituto, Fabiano Valias de
corrência. Graduada há cerca
Carvalho.
de um ano pela Incubadora de
Outras iniciativas que bus-
Empresas de Base Tecnológi-
cam divulgar as pesquisas
ca da Universidade Federal da
pela NN Solutions. Ele é um
das universidades e facilitar a
Bahia (INOVAPoli) e residen-
software que fornece acesso, a
transferência de tecnologias
te, desde o início de 2012, no
cegos, a textos não impressos
são os catálogos de produtos
Parque Tecnológico da Bahia,
em Braille, por meio de dis-
de Tecnologia Assistiva. No
a NN Solutions foi fundada em
positivos móveis. O programa
final do ano passado, o Fó-
2009 e produz soluções para
captura uma imagem do texto
rum Nacional de Gestores de
cegos. “Tínhamos um cenário
através da câmera do celular,
Inovação e Transferência de
muito favorável para inovação
reconhece as letras presentes
Tecnologia (Fortec) lançou um
tecnológica dentro da empresa
na imagem e, em alguns segun-
documento com uma lista de
e, por outro lado, um mercado
dos, lê o texto para o usuário
77 tecnologias assistivas de-
ainda muito pouco explorado”,
por meio de voz sintetizada.
senvolvidas por entidades de
explica Acbal Achy, diretor de
“Devido ao custo elevado de
C&T de todo o país e que estão
negócios da empresa.
impressão e da popularização
disponíveis para serem trans-
Os sócios da NN Solutions
de Softwares de Leitura e Au-
feridas ao setor empresarial. O
submeteram um projeto cha-
diobooks, o Braille restringiu
catálogo foi elaborado em par-
mado Scanner Leitor Portátil
se a uma pequena fatia da in-
ceria Secretaria dos Direitos da
(SLEP) ao edital PAPPE, geren-
formação impressa no Brasil”,
Pessoa com Deficiência do Go-
ciado pela Fundação de Am-
explica Acbal. A licença do sof-
verno do Estado de São Paulo.
paro à Pesquisa do Estado da
tware está sendo vendida, atu-
Existe também, disponível
Bahia, e venceram. “De 2009
almente, por R$ 300.
na internet, o Catálogo Nacio-
para 2012, o Governo Federal
Especializada no desenvol-
nal de Produtos de Tecnolo-
enxergou a necessidade de se
vimento de sistemas compu-
gia Assistiva, elaborado MCTI
investir mais em acessibilida-
tacionais para processamento
em conjunto com o ITS Bra-
de, no que tange a fabricação
de linguagem humana, a Cone-
sil. Nele, estão listados 1.168
dos produtos nacionais, e já
xum, graduada pelo Centro de
produtos que são comercia-
lançou dois editais de fomento
Empreendimentos do Instituto
lizados por empresa do país.
a P&D com o tema direto de
de Informática (CEI), da Univer-
As tecnologias são separadas,
Tecnologias Assistivas”, afirma
sidade Federal do Rio Grande
no site, em cinco tipos de de-
Achy.
do Sul, também desenvolve so-
ficiência (auditiva, intelectu-
O SLEP começou a ser co-
luções na área de Tecnologia
al, visual, física e múltipla).
mercializado no ano passado
Assistiva. “Nossa empresa foi
Carvalho, do Inatel: Instituto coordena criação de uma incubadora de empresas para projetos na área
33
Fotos: Divulgação/NN Solutions
CAPA
um sistema que possibilita que
O Fone Fácil ainda está
portadores de deficiência audi-
em laboratório e, atualmente,
tiva se comuniquem através de
apenas 50 usuários utilizam o
smartphones. “O smartphone
sistema. Mas, a partir de julho,
tem um cliente instalado que,
mais de 500 surdos de Recife
quando o surdo faz uma cha-
poderão ter acesso à tecnolo-
mada, desconecta a chamada de
gia, graças a um convênio en-
voz e faz uma chamada de dados
tre a Brava, por meio do Softe-
para um dos nossos servidores.
xRecife (Centro de Excelência
Esse servidor estabelece, atra-
em Tecnologia de Software
vés da rede pública de telefonia,
do Recife), com o Governo de
uma conexão vocal com o falan-
Pernambuco. A Brava está de-
te. Quando o surdo digita men-
senvolvendo, também, outras
sagem, o servidor codifica em
soluções na área de Tecnologia
voz e, a partir desse momento,
Assistiva, como um projeto de
é transmitido ao falante o texto
tradução de áudio para Libras
em formato de voz”, explica Bo-
e um dispositivo de segurança,
ris Wolfenson, gerente executi-
que alertará o surdo sobre a
vo da empresa.
ocorrência de eventos sonoros importantes,
Software criado pela NN Solutions fornece acesso, a cegos, a textos não impressos em Braille
34
como
desaba-
Soluções
mentos, e indicará a direção
Um dos principais desafios
em que ocorreu o evento, para
desenvolver
no desenvolvimento do siste-
que ele possa se situar e con-
software para tratamento da
ma, segundo Wolfenson, é a
seguir saber como agir. Este
linguagem humana e sua co-
tecnologia de reconhecimen-
último projeto foi submetido
municação através de qualquer
to de voz, que decodifica as
ao edital Finep 2011.
mídia. Dependendo do software
expressões vocais de um dos
desenvolvido, temos que levar
interlocutores
conversa
nambucana, a Koller & Sindi-
em conta se o usuário é cego,
em mensagem de texto para
cic, dos irmãos Sindic, produz
surdo, portador de limitações
o surdo. “Esse está sendo um
soluções de comunicação via
motoras etc. Assim, temos em
dos nossos principais proble-
telefone para surdos. A empresa
vista o usuário final, seja ele
mas. Quando você usa rede
estabeleceu uma parceria com o
portador ou não de deficiências,
pública de telefonia, a quali-
Centro de Desenvolvimento em
o que deve ser avaliado confor-
dade do áudio cai e isso atra-
Telecomunicações (CPqD) e, em
me o objetivo de cada projeto”,
palha também”, explica. Uma
2003, tornou-se incubada no
explica Daniel Muller, diretor da
das soluções encontradas para
Centro de Inovação, Empreen-
empresa. A Conexum foi uma
contornar o problema é que o
dedorismo e Tecnologia (Cietec),
das habilitadas no edital da Fi-
surdo, quando decide realizar
da Universidade de São Paulo.
nep deste ano. A empresa sub-
uma chamada, opta pelo tipo
Lá, a Koller residiu por três
meteu à Financiadora uma tec-
de conversa que pretende ter.
anos, até inaugurar sua fábrica
nologia de interface de voz para
“Quando ele avisa que a liga-
na cidade de Santo Amaro, em
cegos, que poderá auxiliá-los no
ção e é para marcar um encon-
São Paulo. “Naquela época, não
gerenciamento de dispositivos.
tro, pedir uma pizza ou chamar
existia investimento no Brasil
Em Recife, a empresa Brava
o SAMU, por exemplo, o siste-
na área de Tecnologia Assisti-
Autonomia, residente no Porto
ma se concentra em palavras
va. Então, a Koller procurou a
Digital, desenvolve o Fone Fácil,
determinadas.”
incubadora pelo suporte que
concebida
para
da
Assim como a empresa per-
ela podia oferecer”, explica
cessário haver uma interme-
Wlamir Carvalho, do Departa-
diação. As soluções da Koller
mento de Acessibilidade e In-
são destinadas, principalmente,
clusão Social da empresa.
a empresas, bancos, órgãos pú-
Os telefones e outras solu-
blicos e call centers. Em 2004,
ções para surdos desenvolvi-
a empresa lançou o primeiro te-
dos pela Koller & Sindicic são
lefone público para surdos com
diferentes dos da Brava. Os
tecnologia nacional.
Divulgação/Brava Autonomia
CAPA
equipamentos são parecidos
Na lista de clientes estão Ele-
com uma máquina de escre-
tropaulo, Banco do Brasil, Itaú,
ver. A mensagem, escrita pelo
Claro, Embratel, Sadia, Tam e
surdo, é transmitida para uma
Universidade de São Paulo, en-
central de atendimento. Lá,
tre outros. A empresa também
Carvalho, os bons resultados
operadores leem a mensagem
desenvolve projetos especiais
são reflexo do investimento
e a transmitem para o outro
de acessibilidade para hotéis,
em P&D, que corresponde a,
interlocutor. Depois, digitam
bancos, redes varejistas e
a resposta para o surdo. É ne-
postos de rodovia. Segundo
no mínimo, 15% do faturamento anual. L
Brava está testando Fone Fácil com 50 usuários
_PROGRAMA DE INOVAÇÃO EM TECNOLOGIA ASSISTIVA
Seguindo o Plano Viver Sem Limite, a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015 instituiu o Programa de Inovação em Tecnologia Assistiva, que deve destinar, até 2014, R$ 150 milhões a projetos que tenham como objetivo melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Desse total, R$ 60 milhões serão a fundo perdido (ou seja, o dinheiro não precisará ser devolvido) e R$ 90 milhões em crédito facilitado a empresas. Este ano, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) já lançou uma chamada pública de R$ 20 milhões voltada ao desenvolvimento dessas tecnologias e recebeu 182 propostas empresas, o que representou uma demanda de R$ 409 milhões em investimentos. Como parte do Programa de Inovação, também foi criado, em Campinas, um Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), que está sendo instalado no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer. Um dos papéis dessa nova instituição será o de articular a agenda de pesquisa e inovação de uma rede de Núcleos Interdisciplinares de Tecnologia Assistiva, os quais estão sendo formados em universidades do país, além de estabelecer uma ponte entre o mercado e as demandas das pessoas com deficiência. O MCTI pretende repassar anualmente R$ 1 milhão para o custeio dos trabalhos do CNRTA, além de R$ 500 mil para cada Núcleo organizado em universidade. A verba é vinculada ao Plano Nacional Viver sem Limite, coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. O novo Programa também estabeleceu uma linha de microcrédito, voltada a pessoas com deficiência de baixa renda, para aquisição de produtos de Tecnologias Assistivas, no valor de até R$ 25 mil, com juros de 0,64% ao mês. Essa taxa com subvenção econômica será ofertada pelo Banco do Brasil, com carência de até 180 dias e prazo máximo de 60 meses. Diversos produtos e equipamentos de Tecnologias Assistivas terão, também, redução de impostos federais. O último Plano de Ação do MCTI, o de 2007-2010, já trazia metas mais modestas para a área de Tecnologia Assistiva: o apoio, até 2010, de pelo menos 80 projetos de Pesquisa em Desenvolvimento na área e a criação do Centro de Referência em Tecnologia Assistiva, que foi instituído, efetivamente, neste ano.
35
Shutterstock
INVESTIMENTO
Um elo fundamental Recente no Brasil, setor de capital semente está em expansão, mas ainda precisa atrair mais investidores. Consolidação é essencial ao fortalecimento da cadeia do capital empreendedor no país
36
Desde que entrou no ar, no final de
ceber toda essa demanda. Existe muita
2007, até agosto do ano passado, quan-
necessidade de Capital Semente no país”,
do encerrou seu período de investimen-
afirma Robert Binder, sócio da Antera e
to, o site do fundo de Capital Semente
coordenador do comitê de empreende-
Criatec - fundado pelo Banco Nacional
dorismo inovação e capital semente da
do Desenvolvimento (Bndes) e gerido
Associação Brasileira de Private Equity &
pela Antera Gestão de Recursos e Grupo
Venture Capital (Abvcap).
Instituto Inovação – recebeu cerca de 1,8
O número de propostas recebidas
mil projetos de empreendedores. Desse
pelo Criatec é um indicador do espaço
total, 36 foram investidos com aportes
que ainda existe para o Capital Semente
de R$ 1,5 milhão. “Quando iniciamos o
no Brasil. Tão jovem quanto as próprias
fundo, não tínhamos a expectativa de re-
empresas que financia, esse setor come-
INVESTIMENTO
outras. Todas criadas depois de 2000.
de 2000 no país e ainda enfrenta desa-
Nesses últimos anos, o apoio gover-
fios para se consolidar. De acordo com
namental tem sido forte no incentivo ao
especialistas, existem lacunas na cadeia
desenvolvimento do Capital Semente.
de capital de risco que precisam ser pre-
A Finep, por meio do Inovar Semente,
enchidas. Também é preciso atrair mais
já aprovou a criação de sete fundos de
investidores privados para o Seed Money
Seed Money e, no final de maio, realizou
e ainda não foi formado um track record:
a 12ª edição do Seed Forum, um even-
um histórico de desempenho das empre-
to no qual empreendedores têm a opor-
sas investidas por capital semente.
tunidade de se capacitar e apresentar
Não existe um marco inicial do nas-
seus projetos a investidores. Neste ano,
cimento da indústria de Seed Money
a Financiadora planeja lançar mais uma
no país. Mas foi por volta da década de
chamada do programa Inovar Semente.
2000 que fundos especializados na área
Já o Bndes, por meio do Criatec, realizou
começaram a aparecer: a mineira FIR Ca-
investimentos em 36 empresas, sendo
pital, por exemplo, começou a operar em
que oito delas receberam uma segunda
1999, com foco nesse tipo de capital. Em
rodada de recursos. O Banco irá lançar,
2005, surgiram a Antera, de Binder, e a
no segundo semestre deste ano, o Criatec
também mineira Confrapar. Um ano de-
2 – e já existem planos para o surgimen-
pois, a Financiadora de Estudos e Proje-
to do Criatec 3.
tos (Finep) realizou a primeira chamada
“Como ocorreu em todos os países
do programa Inovar Semente e, em 2007,
que já possuem uma cadeia de capital
surgiu o Criatec, o maior fundo de capi-
semente estruturada, o papel do governo
tal semente do país. Existem, também,
é fundamental no início. Nesse ramo, há
outras gestoras que mantêm foco em Ca-
maior risco. E, hoje no Brasil ainda existe,
pital Semente no país, como a Performa
por parte dos investidores, muito temor
e a Jardim Botânico Investimentos, entre
a isso, fruto do conforto com as taxas de
Divulgação
çou a se desenvolver a partir da década
Binder, da Antera: demanda por Capital Semente é grande no Brasil
_A CADEIA DO CAPITAL EMPREENDEDOR 1. Família e amigos: os mais comuns financiadores de novos negócios. 2. Investidor anjo: Pessoa física (ou jurídica, mas com recursos próprios) que investe em empresas nascentes, apoiando empreendedor com conhecimento, experiência e contatos, além de recursos. 3. Capital Semente: Primeira camada de investimento acima do investidor anjo. É feito na fase inicial do negócio. 4. Venture Capital: Investe em empresas já estabelecidas, mas de pequeno e médio porte e com potencial de crescimento. O investimento financia, principalmente, a expansão desses negócios. 5. Private Equity: Empresas de grande porte. Estão em fase de reestruturação, consolidação e/ou expansão de seus negócios. 6. Desinvestimento: O momento de saída da empresa é um dos mais importantes. É quando os investidores obtém lucro, ao vender sua participação nas empresas. Pode ocorrer através de venda das participações para outros fundos, aquisição por outra empresa ou por IPO (oferta pública inicial de ações). Fonte: Abvcap, Anjos do Brasil, Exame, Ig São Paulo
37
Divulgação
INVESTIMENTO
Portugal, da Confrapar: governo deve incentivar investidores a aportar recursos em empresas nascentes
Divulgação
Gomes, da Finep: 18% das empresas que participaram do Seed Forum foram investidas
38
juros acima de 10%”, analisa Bernardo
nascentes no modelo californiano, mas,
Portugal, sócio-fundador e diretor de in-
em meados da década 2000, passou a
vestimentos da Confrapar e membro do
dar mais foco a empresas já em expan-
Conselho Deliberativo da Abvcap. A ideia
são. “Não chegamos a deixar de lado o
é que o governo, por meio de suas ações,
Seed Money, mas tivemos dificuldades
consiga atrair investidores privados para
para
o ramo. “É importante que essas iniciati-
Travesso. Há alguns anos, contando com
vas sejam bem-sucedidas, para que fique
recursos da Finep, a gestora tentou mon-
demonstrado que se trata de uma ativi-
tar quatro fundos de capital semente: em
dade importante, legítima e lucrativa”,
São Carlos, no interior de São Paulo, em
explica Binder.
Recife (PE), no interior de Minas Gerais e
encontrar
investidores”,
explica
em Florianópolis (SC). “Apenas o de FloFormação da cadeia
rianópolis deu certo. Não conseguimos
Atrair investidores privados é justa-
viabilizar os outros por falta de investi-
mente um dos focos da Finep. “Por meio
dores interessados”, explica Travesso. O
do Inovar Semente e do Seed Forum,
Fundo Santa Catarina realizará seu quin-
queremos fazer com que os investidores
to e último investimento ainda no primei-
privados se aproximem das empresas
ro semestre deste ano.
inovadoras”, explica Rochester Gomes,
A existência de lacunas na cadeia de
chefe do Departamento de Capital Se-
capital empreendedor (Veja Box na pá-
mente da Financiadora. Das 130 empre-
gina 37) é um dos fatores que afeta o
sas que participaram do Seed Forum até
desenvolvimento da indústria de Capital
a 11º edição, 18% foram investidas. “É
Semente no Brasil. “O grande desafio é
um número excelente. Além disso, mes-
preencher a cadeia toda. No Brasil, ela
mo as outras empresas que não foram in-
está incompleta. Não dá para ficar limita-
vestidas participaram de capacitações e
do a um ou outro caso de sucesso”, afir-
tiveram a oportunidade de amadurecer”,
ma David Travesso Neto da FIR Capital.
afirma.
De acordo com ele, há muita possibilida-
De acordo com David Travesso, presi-
de de investimento na casa dos R$ 100
dente da FIR Capital, houve um aumen-
milhões, mas para valores menores – R$
to nos últimos dois anos no número de
15 milhões e R$ 20 milhões, por exem-
investidores privados, muitos, inclusive,
plo – a oferta ainda é restrita. “A curva da
estrangeiros. “Só agora, há dois anos, o
indústria de Venture Capital ainda não
Seed Money vem ganhando força no Bra-
está montada. Falta sequência no cresci-
sil e vem fazendo investimentos plane-
mento”, explica.
jados”, afirma. Entre os motivos, segun-
A primeira etapa da cadeia, que seriam
do ele, estão o surgimento de negócios
os investidores anjos (em geral, pessoas
interessantes na área de web e os juros
físicas que fazem investimentos iniciais
mais baixos, que forçam os investidores
em projetos), começou a se consolidar na
a aceitar maior risco para obter maior
última década. Hoje, existem cinco redes
remuneração. “As empresas que não são
desse tipo de investidor e quatro núcleos
do ramo da web, no entanto, ainda têm
regionais da Anjos do Brasil, organização
dificuldades em conseguir esse tipo de
sem fim lucrativos que divulga o inves-
financiamento”, explica.
timento anjo pelo país. “A formação da
A FIR Capital foi fundada em 1999
cadeia de capital de risco é extremamen-
com o objetivo de investir em empresas
te importante. Se não existe esse elo, não
INVESTIMENTO
dem acabar sendo perdidos”, explica Cas-
vos produtos”, explica Binder. Track Record
sio Spina, fundador da Anjos e autor do
Como o Capital Semente ainda é muito
livro “Investidor Anjo: guia prático para
novo no Brasil, ainda não existe um track
empreendedores e investidores”.
record, ou seja, um histórico de desem-
A solidez da cadeia serve como incen-
penho das empresas investidas por esse
tivo para os investidores anjo. “Quando
tipo de capital. A partir do momento que
o investidor anjo vê que tem um fundo
isso se formar, a tendência é que o Seed
de Capital Semente, ele se sente mais
Money ganhe impulso. “Quando você
confortável para atuar. É importante que
investe em semente, investe na fase ini-
exista esse continuum”, explica Robert
cial de alto risco. Você só consegue trazer
Binder, da Antera. Ele ressalta, também,
o capital privado a partir do momento em
que quanto mais cedo as empresas são
que as pessoas começam a ser muito bem
investidas por capital de risco, mais bem
sucedidas. Como o Brasil não tem o que se
estruturadas elas se tornam. “A partir do
chama track record, é difícil de você con-
momento que entra o investidor anjo,
vencer as pessoas, em um primeiro momen-
você tem o sócio, que já começa a traba-
to”, afirma Binder.
lhar na estrutura da empresa”, afirma.
Spina, da Anjos: continuidade de projetos depende da consolidação da cadeia de capital de risco
Segundo ele, esse histórico de sucesso
A consolidação do Venture Capital,
está começando a se formar. Duas empre-
que seria uma fase posterior à do Capital
sas do fundo Criatec já foram desinvestidas
Semente, também é essencial para o de-
até agora, por exemplo. A Usix, empresa de
senvolvimento do Seed Money “O fundo
TI que atua na área de Seguros, foi a primei-
de Capital Semente quer que o fundo de
ra. Ela foi adquirida, em 2010, pela Ebix, lí-
Venture Capital substitua seu investimen-
der mundial em soluções para o setor, com
to, até chegar à bolsa de valores. À medi-
sede nos Estados Unidos.“O resultado está
da que isso estiver funcionando, teremos
sendo bom. Um indício disso é que o Bndes
um setor que produzirá novas empresas,
já quer fazer Criatec 2 e 3”, diz. Sinal de que o track record está se formando. L
as quais vão desenvolver inovações e no-
Divulgação
há continuidade dos projetos. Muitos po-
_XXII SEMINÁRIO NACIONAL SEDIARÁ SEED FORUM Uma versão nacional do Seed Forum da Finep vai acontecer durante o XXII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e XX Workshop Anprotec, a ser realizado em Foz do Iguaçu (PR), entre os dias 17 e 21 de setembro de 2012. É a primeira vez que o Seed Forum terá uma edição nacional. Até então, os eventos eram regionais e ocorreram, até agora, apenas em oito estados do país, restritos às empresas desses locais. O Seed Forum Nacional será uma oportunidade para que empresas incubadas e graduadas do país inteiro mostrem o potencial de seus negócios aos investidores. “Nem todas as empresas que participam dos Seed Foruns são incubadas. Essa edição no Seminário vai ser só para empresas incubadas ou graduadas. Vamos aproximar esses empreendedores dos investidores e queremos mostrar que o processo de incubação é capaz de criar empreendimentos inovadores e sólidos”, destaca o chefe do Departamento de Capital Semente da Finep, Rochester Gomes. A ideia é que a realização do Seed Forum durante o Seminário Nacional também aproxime os investidores do movimento de empreendedorismo inovador. “Queremos trazer os investidores ao evento e fazer com o Seminário faça parte da agenda deles”, afirma Gomes. 39
Divulgação
SUCESSO
No topo da lista Empresa graduada pela EsalqTec é considerada uma das mais inovadoras do mundo. Mérito dos empreendedores que transformaram uma antiga pesquisa em produto
40
Em fevereiro deste ano, quando a revista
cultura. “Foi realmente uma surpresa para nós”,
americana Fast Company – especializada em
afirma Diogo Carvalho, um dos sócios-fundado-
tecnologia e negócios – divulgou a lista das 50
res e atual diretor de negócios da empresa.
empresas mais inovadoras do mundo, um nome
A BUG, criada em 2001 por Carvalho e
gerou surpresa: em 33º lugar no ranking geral e
Danilo Scacalossi Pedrazzoli, ambos engenhei-
em 1º no nacional estava a brasileira BUG Agen-
ros agrônomos e estudantes de mestrado da
tes Biológicos. O empreendimento de Piracicaba
Esalq na época, surgiu a partir de pesquisas
(SP) – graduado pela Incubadora de Empresas
realizadas no laboratório de entomologia da
Agrozootécnicas da Escola Superior de Agricul-
Universidade. Lá, eram estudadas as vespas do
tura Luiz de Queiroz (EsalqTec) – ficou à frente
gênero Trichogramma, inimigas naturais de
de gigantes como PayPal, Grupo EBX, Stefani-
pragas que atacam culturas como as de cana e
ni, Embraer e Petrobras. O motivo? A empresa
soja. Como o próprio nome diz – bug significa
conseguiu produzir, em escala comercial, uma
inseto em inglês –, essas vespinhas hoje são
alternativa natural ao uso de pesticidas na agri-
o principal produto da empresa. “O potencial
SUCESSO
de controle biológico desses insetos já era
em 2006, a partir das pesquisas da Universi-
conhecido há anos. Nosso maior desafio foi
dade, e ainda possui uma de suas unidades
transformar aquilo que era uma pesquisa em
incubada na EsalqTec. A diferença é que tra-
escala comercial e a um custo interessante
balha com ácaros predadores, que atuam no
para o produtor. Fora da Esalq, mudamos
controle de pequenas culturas como moran-
o sistema de criação para chegar a um mo-
go, tomate e pimentão.
delo com margem de lucro e preço compe-
A fusão faz parte de uma das estratégias
titivo. Esse foi o nosso grande diferencial”,
de crescimento da BUG, que quer aumentar
destaca Carvalho.
seu portfólio para outras culturas. “Agora,
Durante dois anos, a empresa ficou in-
vamos chegar com um pacote completo ao
cubada na EsalqTec, sobrevivendo com
produtor”, afirma Carvalho. A BUG também
base em recursos da Fundação de Amparo
realiza pesquisas para aumentar seu por-
à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), que, por
tfólio e capacidade de produção. A empresa
meio do programa PIPE, financiou a BUG,
ainda mantém parcerias com a Esalq e tem
nos primeiros anos, com três aportes de
metas ambiciosas: quer, em cinco anos, ter
subvenção econômica. Depois desse perí-
10% do mercado de defensivos. De acordo
odo de incubação, a empresa teve que se
com ele, a concorrência no Brasil é baixa.
mudar, principalmente em função da ne-
“Existem empresas que trabalham com fun-
cessidade de mais espaço. As vespas são
gos. Com insetos, são poucas. Agora, há em-
fabricadas em quatro unidades de produ-
presas de fora que olham para o Brasil, mas
ção, grandes galpões, da BUG. “Contamos
o país representa um mercado que levará vários anos para ser suprido”, prevê. L
bastante com a ajuda da Universidade nessa época. Além da incubadora, utilizávamos os laboratórios para uma parte da produção”, relata Carvalho. As vespas são vendidas em cartelas de
_RANKING
papelão. Cada uma possui 24 cápsulas e contém, ao todo, de 50 mil a 100 mil vespinhas, o suficiente para proteger um hectare. Para a aplicação do produto, as cápsulas são destacadas pelo produtor e devem ser distribuídas no terreno a cada 20 metros. A BUG atende, atualmente, cerca de 350 mil hectares de lavoura no país, fornecendo vespas para cerca de 300 clientes, dentre eles empresas como Raízen e São Martinho. Os clientes vieram depois de muito trabalho no convencimento dos produtores, acostumados a utilizar pesticidas. No início, a empresa chegava a fazer testes e aplicar o produto de graça, mesmo não tendo lucro. “Há dez anos era difícil. O agricultor nasceu aplicando inseticida e é muito difícil mudar isso”, diz Carvalho. No ano passado, a BUG se fundiu com a Promip, empresa que também atua no ramo
A revista Fast Company chegou até a BUG através de um livro da repórter americana especializada em tecnologia Sarah Lacy, chamado “Brilliant, crazy, cocky: how the top 1% of entrepreneurs profit from global chaos”. Sarah, há alguns anos, visitou o Brasil e conheceu a empresa durante dois dias. Quanto voltou aos Estados Unidos e escreveu o livro, a BUG foi um dos cases de destacados na publicação. “Foi através
Capa da revista que destacou a BUG entre as mais inovadoras do mundo
do livro que a Fast Company nos achou. Depois eles acompanharam a BUG por meio do site e, eventualmente, nos mandavam algumas perguntas. Mas nunca ficamos sabendo que estávamos participando do ranking. Foi realmente uma surpresa”, relata Diogo Carvalho, diretor de negócios da BUG.
de controle biológico. A Promip foi fundada 41
Shutterstock
GESTÃO
Fragilidade jurídica Micro e pequenas empresas devem estar atentas ao cumprimento de requisitos legais que envolvem aspectos trabalhistas, tributários e de propriedade intelectual
42
A história das disputas que envolveram
empreendimentos também lidam, no dia-
a criação do site Facebook ficou mundial-
-a-dia, com questões jurídicas e, se não se
mente conhecida após o lançamento do
prevenirem, podem parar nos tribunais e
filme A Rede Social, em 2010. O longa-
perder oportunidades de investimento.
-metagem mostra Mark Zuckerberg - atual
Uma pesquisa realizada em 2008 com 60
diretor-executivo da empresa - responden-
empresas distribuídas em cinco incubadas
do a dois processos: um de Eduardo Save-
do estado de Santa Catarina revelou um
rin, seu ex-sócio e colega na Universidade
cenário de fragilidade e de falta de cultura
de Harvard, que se sentiu lesado ao ver
jurídica nos empreendimentos analisados.
sua participação no Facebook ser reduzida
O estudo foi realizado pelo escritório
de 34% para 0,3%, e outro movido pelos
catarinense Guimarães e Santiago, como
irmãos Cameron e Tyler Winklevoss, que
parte do projeto Progressus, da Funda-
acusaram Zuckerberg de roubo de proprie-
ção Certi. Por meio de entrevistas, foram
dade intelectual.
levantadas informações em cada uma das
Problemas como esses não estão restri-
empresas sobre quatro temas: direito tra-
tos a grandes empresas. Micro e pequenos
balhista, tributário, societário e proprieda-
de intelectual. Apesar de os dados não se-
endimentos de base tecnológica. “Há um
rem aprofundados, a pesquisa identificou
esforço muito grande para a geração de
vários pontos de fragilidade nas empresas,
P&D, mas ainda persiste um baixo índice
como ausência de regulação de relações
de produção de patentes, comparado com
societárias, falta de controle e proteção
países até bem menores. Hoje está mudan-
da propriedade intelectual, problemas no
do esse paradigma. Estamos deixando de
modo de contratação de colaboradores e
ser um país consumidor para ser produtor
desconhecimento de aspectos tributários.
de tecnologia. E fica muito mais fácil de
Júlio Santiago, um dos advogados que
compreender a questão da proteção e do
coordenou a pesquisa na época, relata que
respeito à PI quando você não é só consu-
uma das empresas que participaram do es-
midor, mas sim produtor. Esse é um pro-
tudo hoje é cliente do escritório. “Quando
cesso natural pelo qual estamos passando”,
o empresário veio aqui conversar sobre
analisa.
o problema, ele lembrou: ʻpoxa, estava
A mesma opinião é partilhada pelo ad-
olhando o relatório que vocês fizeram na-
vogado Júlio Santiago. “Apesar de terem
quela época. Se eu tivesse me preocupado,
na propriedade intelectual uma de suas
não precisaria estar aqui agoraʼ”, conta. Se-
principais bases de sustentação, muitas
gundo Santiago, no âmbito das empresas
empresas de base tecnológica apresen-
incubadas, há falta de cultura jurídica e o
tam fragilidades nesse aspecto”, avalia. Ele
predomínio da informalidade. “Há um cer-
aponta que muitos empreendimentos, por
to amadorismo. As empresas utilizam mo-
falta de precaução, não tornam seu know
delos ultrapassados. Mas é importante que
how parte de seu patrimônio, o que pode
elas lembrem que, apesar de serem peque-
prejudicar, depois, a obtenção de investi-
nas, são globais, e isso exige preocupação
mentos e o próprio sucesso do negócio. “O
com o aspecto jurídico”, aponta.
investidor aceita o risco do projeto, mas não
Divulgação
GESTÃO
Júlio Santiago: empresas sofrem com falta de cultura jurídica
aceita os riscos jurídicos. Quando é feita a
due dilligence [processo de investigação e
Nas empresas de base tecnológica, mui-
auditoria nas informações de empresas para
tas vezes, a propriedade intelectual (PI)
confirmar os dados disponibilizados aos po-
é o principal ativo que o empreendimen-
tenciais compradores ou investidores], se é
to possui e, de acordo com os advogados
identificado problema de proteção intelec-
especialistas na área, é importante que
tual, a empresa não conseguirá receber o
as MPEs se preocupem com essa questão
investimento”, alerta.
desde o início. “Dependendo da natureza
Alguns colegas de faculdade se unem e
da empresa, a propriedade intelectual é o
tem a ideia de criar uma empresa com base
principal fruto da atividade empresarial.
em pesquisas feitas na universidade, sem se
Então, proteger a PI é dar garantia de que
preocupar com a formalização jurídica das
o empresário vai poder colher os frutos
questões societárias. Essa é a história do
do seu investimento, além de assegurar a
começo de muitos empreendimentos incu-
questão da exclusividade”, afirma o advo-
bados, segundo o advogado Renato da Vei-
gado Gustavo Escobar.
ga, especializado em questões empresariais
De acordo com ele, que tem como clien-
e tecnológicas. “Já atendi várias empresas
tes muitas empresas residentes no parque
com essa mesma causa: colegas de faculda-
tecnológico Porto Digital, no Brasil há falta
de se juntam, um tem a ideia, o outro reali-
de cultura de propriedade intelectual, as-
za. Não há uma preocupação em definir no
pecto que se reflete até mesmo em empre-
início o que cada um trouxe, mesmo que a
Veiga: direitos dos sócios devem estar bem definidos no início do empreendimento Divulgação
Propriedade intelectual
43
GESTÃO
_PROBLEMAS COMUNS Estudo realizado com 60 empresas incubadas de Santa Catarina, em 2008, revelou diversas fragilidades jurídicas nos empreendimentos. Na época: • 17% das empresas tinham funcionários na forma de pessoa jurídica; • 24% não possuíam cartão ponto; • 22% tinham sócio informal; • 91% não haviam regulado o direito de preferência entre os sócios; • 55% não possuíam registro de marca; • 49% utilizavam cópias ilegais de softwares; • 70% não possuíam termo de confidencialidade; • 72% não possuíam registros dos seus softwares.
criação seja a base do valor da empresa”,
nela, seja do ponto de vista financeiro ou
relata.
técnico, acaba ficando de fora. Na minha
Os problemas dessa informalidade, de
ótica, a questão societária é formal e pré-
acordo com Veiga, surgem quando um dos
via, e deve estar muito bem estabelecida
sócios decide sair do empreendimento. “Já
na formação da startup”, analisa Escobar.
vivenciei ações pesadas por causa disso. Faltou prevenção: uma cláusula prevendo
Outra questão que deve ser alvo da
cio que sair não pode levar material intan-
preocupação de empresários é a contra-
gível da empresa”, explica.
tação de colaboradores. Em empresas de
O diagnóstico jurídico realizado pelo
base tecnológica, existem especificidades
escritório Guimarães e Santiago apontou
que devem ser consideradas. “O próprio
esse mesmo problema. Dos 60 empreen-
contrato, para empresas da área de Tecno-
dimentos analisados, 22% tinham sócio
logia, deve ser diferente. É preciso haver
informal e 91% não haviam regulado o di-
cláusulas de sigilo. Empresas de TI, por
reito de preferência entre os sócios. “Mui-
exemplo, lidam com informações sigilosas
tas vezes os sócios se unem devido a uma
de clientes e os colaboradores devem ter
amizade. Mas a relação societária tem que
consciência de que não podem divulgar
estar acima da amizade. E é melhor que
esse tipo de dado. É necessário que haja
os empreendedores resolvam antes o que
um controle do uso e da disseminação des-
vai acontecer se alguém quiser sair da so-
sas informações. Já vi vários programa-
ciedade do que deixar essa questão para
dores conversando sobre seus trabalhos,
depois, quando os problemas vão estar
publicamente, sem se dar conta de que
personalizados”, afirma Santiago.
estavam revelando informações sigilosas”,
Conflitos entre sócios também podem se
44
Contratação de funcionários
indenização, mas determinando que o só-
explica o advogado Renato da Veiga.
refletir na propriedade Intelectual dos em-
Veiga alerta, também, que os empreen-
preendimentos. “O que acontece quando
dimentos devem se preocupar com a ques-
chega um momento de estresse ou ruptura
tão do trabalho remoto. “Muitas vezes, na
na sociedade? A propriedade intelectual
área de TI, os colaboradores trabalham de
está vinculada à empresa e, muitas vezes,
casa e a questão do trabalho remoto ainda
pela informalidade, alguém que investiu
não está consolidada na Justiça Trabalhis-
GESTÃO
ta. No caso de funcionários que vão traba-
se graduar com uma visão do que pode ou
lhar dessa forma, não basta que a empresa
não prejudicá-lo”, recomenda.
simplesmente siga procedimento padrão
Desde que entrou em funcionamento,
de contratação. É preciso haver um contra-
a Incubadora Aeronáutica (Incubaero), lo-
to específico”.
calizada em São José dos Campos, oferece
As questões trabalhistas também po-
o serviço de assessoria jurídica por meio
dem resultar em problemas na área de
de um advogado terceirizado. “É um ser-
propriedade intelectual. “É preciso que as
viço simples, para orientar os empresários
empresas definam de quem é a tecnologia
principalmente em relação a contratos. Há
gerada pelo funcionário durante seu traba-
muita demanda por contratos de sigilosi-
lho. Há muitos casos de colaboradores que
dade, por exemplo”, explica a gestora da
realizam parte do trabalho em casa, fora
Incubaero, Ideli Martins de Souza. Quando
do horário de trabalho. A propriedade inte-
os empreendimentos precisam de serviços
lectual é da empresa ou do colaborador?”,
jurídicos mais complexos, os empresários
alerta Júlio Santiago.
são orientados a procurar advogados. “Acredito que todas as incubadoras deveriam fazer o mesmo, até pelo perfil dos
No projeto Estudo, Análise e Proposi-
empreendedores, que muitas vezes acaba-
ções sobre as Incubadoras de Empresas
ram de sair da universidade e são inexpe-
no Brasil, realizado pela Anprotec em
rientes em relação a questões jurídicas”,
parceria com o Ministério de Ciência, Tec-
afirma.
nologia e Inovação (MCTI), o serviço de
O modelo da Incubaero, de terceirização
assessoria jurídica aparece como um dos
do serviço, é adotado também pela Incuba-
que são mais requisitados pelas empresas
dora de Pato de Minas (IEP), localizada em
incubadas e poucos oferecidos pelas in-
Minas Gerais, no Núcleo de Empreendimen-
cubadoras. A Incubadora Tecnológica da
tos em Ciência, Tecnologia e Arte (Nectar),
Feevale (ITEF), da cidade gaúcha de Novo
de Recife, e nas incubadoras do projeto Rio Criativo, no Rio de Janeiro. L
Hamburgo, é uma das poucas que oferecem esse tipo de serviço. Lá, um professor do curso de Direito orienta semanalmente os empreendedores. “Havia muita
Incubadora da Feevale, em Novo Hamburgo (RS), oferece assessoria jurídica semanal aos empreendimentos Divulgação
Papel das incubadoras
demanda dos empresários para resolver questões como relacionamento com fornecedores e clientes. Além de dúvidas sobre propriedade intelectual e sobre a própria estruturação do negócio”, explica o coordenador da incubadora, Alexandre Stroher. Na ITEF, além das incubadas, os projetos pré-incubados e as graduadas também recebem orientação jurídica. “A questão jurídica está no dia-a-dia do empresário. E como a incubadora tem o papel de ajudar na estruturação do negócio, ela deve ajudar o empresário a desenvolver essa cultura jurídica. O empreendimento tem que 45
Shutterstock
OPORTUNIDADE
Mistérios do consumo Para entender as preferências de clientes e usuários, companhias apostam em soluções que envolvem neuromarkting e tecnologias de monitoramento
46
A diferença entre Coca-Cola e Pepsi está
Entender o que se passa na cabeça do
apenas no sabor? Uma pesquisa publicada na
consumidor é uma tarefa cada vez mais difícil
revista científica Neuron, em 2004, mostrou
para empresários, publicitários e profissionais
que não. O neurocientista americano Read
do marketing. Nesse cenário, soluções como
Montague realizou um estudo em que 67 pes-
neuromarketing e outras tecnologias de moni-
soas tiveram suas atividades cerebrais anali-
toramento e análise ganham espaço e abrem
sadas durante a degustação dos dois refrige-
mercado para empresas de base tecnológica.
rantes. Quando os participantes não sabiam o
“Apenas com a verbalização, ou seja, com o
nome das marcas, 50% deles acharam a Pepsi
que o consumidor fala durante uma pesquisa,
melhor. Na segunda etapa do teste, quando
não é possível qualificar suas preferências”,
sabiam quais eram as bebidas, 75% preferi-
explica Carlos Augusto Costa, coordenador do
ram a Coca-Cola. Os resultados mostraram
Laboratório de Neuromarketing da FGV Proje-
que a marca exerceu mais influência do que o
tos, lançado no ano passado.
sabor em si, ativando as regiões cerebrais res-
Criada há apenas dois anos, a empresa
ponsáveis pelo controle cognitivo e memória.
IDXP, que foi incubada na Fumsoft, de Minas
OPORTUNIDADE
Divulgação
Gerais, está de mudança para o Vale do Silício. O empreendimento – um dos vencedores do IBM Smart Camp 2011 – oferece soluções de rastreamento de consumidores em lojas de varejo de autosserviço, aquelas em que os próprios clientes selecionam os produtos. “Nós não vendemos pesquisa, mas um serviço. Nossa tecnologia permite que o varejista analise o comportamento do consumidor a um custo menor e em tempo quase instantâneo”, explica Gustavo Lemos, CEO da IDXP. A solução funciona por meio de rastreamento por radiofrequência, uma tecnologia capaz de analisar a movimentação dos carrinhos ou cestas de compra dentro do ponto de venda. É possível saber a localização do consumidor com uma precisão de até 10 centímetros. Os dados são cruzados com o mapa da loja e de produtos e com as informações de checkout, que mostram o que o cliente realmente comprou. As informações ficam disponíveis através de um software fornecido pela IDXP. “O varejista pode fazer experimentos
decidiram se mudar para os Estados Unidos neste ano. “Nosso produto permite aumentar a rentabilidade por metro quadrado de um varejista. Em economias em crescimento, como
Os sócios da IDXP: empresa oferece solução para analisar comportamento do consumidor no ponto de venda
o Brasil, ainda existe a possibilidade de expansão das lojas. Em economias estagnadas ou mais maduras, como Estados e Europa, não. Lá, nesse momento, eu sou prioridade de investimento, já que eles não têm outra opção para aumentar rentabilidade”, explica Lemos.
e, na mesma hora, olhar para o sistema e ver quais são os impactos que estão sendo causados. O sistema permite medir, agir e mensurar em um ciclo muito rápido”, afirma Lemos.
Seguindo cliques O produto da IDXP foi criado com base em uma estratégia que vem sendo adotada
A nova versão do software da IDXP vai
há anos na internet: o rastreamento dos usu-
ser capaz, também, de fazer recomendações
ários nos sites de e-commerce, que possibilita
a partir da análise de indicadores-chave. “O
a realização de recomendações aos clientes. A
sistema mostra, por exemplo, um corredor em
multinacional Amazon foi uma das pioneiras
que muita gente está passando, em um tempo
no uso desse tipo de tecnologia e, hoje, mais
acima da média do supermercado, mas pouca
de 30% das vendas do seu site são feitas por
gente está comprando. Temos a sinalização
meio do sistema de recomendações.
de que aquela é uma área de passagem. Aí o
Foi em uma competição da Netflix – em-
sistema pode fazer algumas sugestões, como
presa provedora de vídeos online – que os
colocar ali um ponto de degustação ou produ-
amigos João Bernartt e João Bosco, então es-
tos com poder de compra muito grande, que
tudantes de mestrado da Universidade Fede-
vão fazer as pessoas parar”, explica Lemos. De
ral de Santa Catarina, tiveram a ideia de criar
acordo ele, esse foi um caso real que aconte-
a Chaordic Systems. O concurso, realizado em
ceu em um supermercado. “Colocamos salga-
2009, oferecia o prêmio de US$ 1 milhão para
dinhos naquele corredor. Isso fez as pessoas
quem criasse um algoritmo de recomendação
pararem e aumentamos em 20% a venda do
10% mais preciso que o da Netflix. “Chegou
setor como um todo”, destaca.
um momento em que vimos que a chance de
A solução da IDXP é uma novidade no
nós ganharmos seria pequena. Já tínhamos
mercado varejista mundial. Por isso, os sócios
aprendido bastante e vimos que podíamos 47
Divulgação
OPORTUNIDADE
desenvolvida pela empresa utiliza como base fenômenos e processos naturais como algoritmos genéticos, redes neurais e sistemas imunológicos artificiais. “O comércio eletrônico é muito recente. A cada ano, as lojas vendem mais, no entanto, elas não estão vendendo melhor. A taxa de conversão gira em torno de 1%.” Nos próximos anos, as empresas vão ser forçadas a mudar. Quem não for eficiente não vai conseguir sobreviver. “As ferramentas de recomendação são uma das principais medidas que uma loja pode adotar para aumentar
Chaordic, incubada no Celta, personaliza lojas vituais para melhorar experiência do usuário – e vender mais
trazer aquela tecnologia de sistema de reco-
que realizou seu mestrado na área de mine-
Na cabeça do consumidor
ração de dados.
O neuromarketing - que estuda o com-
Incubada no Centro Empresarial para La-
portamento do consumidor a partir da neu-
boração de Tecnologias Avançadas (Celta), de
rociência – também vem surgindo no país
Florianópolis (SC), a Chaordic Systems conse-
como uma das soluções para aumentar a
guiu captar, já no seu primeiro ano, cerca de
compreensão do comportamento do con-
R$ 1 milhão por meio de editais de fomento
sumidor. A empresa Forebrain – residente
como da Finep (Financiadora de Estudos e
Incubadora de Empresas da COPPE/UFRJ
Projetos) e Fapesc (Fundação de Amparo à
– é uma das únicas do Brasil que oferece
Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Cata-
serviços na área. “A neurociência transfor-
rina). O primeiro cliente da empresa foi a livra-
ma algo intangível em tangível, capaz de ser
ria Saraiva. “Foi nosso primeiro, e já grande,
mensurado”, explica Billy Nascimento, dire-
cliente. Depois, as empresas começaram a nos
tor executivo da Forebrain. Criada em 2010,
procurar e está sendo assim desde então. Nós
a Forebrain oferece serviços como a análise
não precisamos investir muito em marketing,
sensorial de produtos, de marcas, de efeti-
os clientes apareceram”, afirma Bosco. A taxa
vidade publicitária e de embalagens. “Hoje
de conversão de vendas da Saraiva online (ín-
as pessoas buscam experiências emocionais.
dice de comparação com base no número de
O problema é entender como o produto vai
visitas que o site recebe e o número de com-
gerar essas experiências. Para isso, empre-
pras efetivadas) cresceu cerca de 40% após o
gamos metodologias neurocientíficas” diz o
uso do sistema. O principal produto da empre-
empreendedor.
sa se chama Chaordic Onsite. “Personalizamos
No ano passado, a FGV Projetos tam-
uma loja para que ela seja diferente para cada
bém lançou um laboratório de Neuroma-
cliente. Para isso, utilizamos as informações
rketing. “A pessoa realiza uma compra
geradas pelos usuários no site”, afirma Bosco.
devido a uma soma de componentes emo-
A empresa Tuilux – residente na Incubado-
cionais como a atenção que ela presta ao
ra de Empresas de Santos, em São Paulo (SP)
produto, a emoção que ela sente e a capa-
– também desenvolve sistemas de recomen-
cidade de memorização. O neuromaketing
dação em massa. O empreendimento foi fun-
possibilita o desenvolvimento de produtos
dado em 2009 por Helder Knidel e Leandro
mais adequados ao anseio do consumidor”,
Castro, ambos com pós-graduação pela Uni-
conclui o coordenador do laboratório, Carlos Augusto Costa. L
versidade Estadual de Campinas. A tecnologia 48
sua taxa de conversão”, afirma Helder Knidel.
mendação para o Brasil”, relata João Bosco,
CULTURA P OR BRUNO MOR E S CHI
Mestres das artes visuais Divulgação
O Brasil não é destino certo apenas de investimentos financeiros, mas também de “investimentos” culturais. Galerias de arte de países como Estados Unidos e Inglaterra estão abrindo unidades provisórias em São Paulo. Os novos compradores de arte estão por aqui. E a notícia também é boa para o público em geral: com esse novo Brasil, grandes mestres internacionais das artes visuais estão virando temas de exposições em cidades como Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo. O genial pintor italiano Caravaggio é um desses grandes artistas que recebe uma mostra no país. Nascido em 1571, em Milão, foi um nome de prestígio no seu tempo, especialmente em Roma. Até hoje suas pinturas são temas de estudos, em especial a incrível capacidade de simular uma luz extremamente dramática em suas telas. Seu sucesso em vida foi tamanho que
Telas de Amadeo Modigliani: exposição passará por São Paulo (SP) e Curitiba (PR)
o pintor criou uma verdadeira oficina de artistas, culminando nos caravaggescos - pintores que foram seus assistentes e tentavam pintar tal qual o mestre, cujas obras também estão expostas na mostra. A exposição de Caravaggio é importante em dois aspectos. Primeiro, o ineditismo: o público brasileiro nunca havia tido a oportunidade de ver uma exposição do artista. Segundo, pela preciosidade das obras. É sabido que poucas pinturas do artista sobreviveram ao tempo. Por aqui, sete serão exibidas. Outra mostra importante é a do pintor também italiano Amadeo Modigliani, que, para se ter uma ideia, conviveu, em Paris, com nomes importantes como o famoso Picasso. Ao todo, estão expostas 12 pinturas e cinco esculturas, a maioria delas com a principal característica do artista: retratos de mulheres com rostos e pescoços longos. A mostra conta também como documentos pessoais do artista e fotografias de suas modelos e de seus locais de trabalho.
Caravaggio e seus seguidores. Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte: De 16/05 a 15/07. Masp (Museu de Arte de São Paulo). De 26/07 a 23/09. Modigliani: Imagens de Uma Vida. Masp (Museu de Arte de São Paulo): 17/05 a 15/07. Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Abertura: 26/07 – Data de encerramento a definir.
Imperativo Veja J. Edgar. Uma coisa no cinema é certa: um novo filme do diretor Clint Eastwood sempre vale a pena. É o caso de J. Edgar. A produção não é, de fato, a melhor de seu currículo, mas a direção de Eastwood continua impecável. O maior erro do filme não é a história que relata a trajetória de um dos ex-chefes do FBI. O problema é a atuação de Leonardo Di Caprio. Ele tenta, tenta, mas ainda não consegue convencer. J. Edgar (2012, EUA, 137 minutos). Direção de Clint Eastwood. Com Leonardo Di Caprio. Em DVD. Leia Getúlio 1882 - 1930 - Dos Anos de Formação à Conquista do Poder, de Lira Neto (Editora Companhia das Letras). A primeira parte de uma extensa e completa biográfica de Getúlio Vargas, umas das personalidades mais importantes da história brasileira. O autor teve acesso a cartas e diários íntimos do político. Leia também O Poder dos quietos, de Susan Cain (Editora Agir). A obra desmente algo que aprendemos como uma verdade no mundo dos negócios: o fato de que ser extrovertido é a melhor maneira de se dar bem. Para comprovar que isso não é uma regra, a autora mostra histórias de introvertidos de sucesso. 49
OPINIÃO
A ecologia dos Parques
Divulgação
Maur ic io Gue des Diretor do Par que Te c noló gico da UF R J P residente da I A S P – A s s o c iaç ã o Inter nac ional de Par ques Te c noló gicos
A
o mesmo tempo em que uma centena de chefes de estado e milhares de pessoas se reúnem no Brasil para discutir o desenvolvimento sustentável durante a Rio+20, estará sendo realizada, entre os dias 17 e 20 de junho deste ano, a 29ª Conferência Anual da Internatio-
nal Association of Science Parks (IASP), em Tallinn, capital da Estônia. O país tem IDH considerado muito alto – 340 no ranking mundial de 2011 (o Brasil ocupa a posição 84) – e seus 1,3 milhão de habitantes têm acesso à internet Wi-Fi em praticamente todo o território, que inclui mais de 1,5 mil ilhas. Para quem não está ligando o nome à pessoa, foi lá que nasceu o software Skype, o que torna o restante da humanidade eternos devedores da Estônia. Várias sessões da conferência têm como foco o futuro dos Parques Tecnológicos. Temos assistido, nos últimos anos, ao surgimento de novos projetos, que guardam grande semelhança com os Parques, mas também significativas diferenças, principalmente na questão do limite territorial em que atuam. Alguns exemplos são o 22@Barcelona, na Espanha, o Berlin Adlershof, na Alemanha, o Zhongguancun Science Park, na China, o Kista Science City, na Suécia, e o nosso
Porto Digital, em Recife (PE). Embora não tenham um terreno claramente delimitado, todos eles mantêm uma equipe de gestão atuando no desenvolvimento da economia do conhecimento nas suas regiões e sua missão está voltada ao estímulo à inovação e ao empreendedorismo, ao apoio a startups e à articulação entre empresas, empreendedores, universidades e centros de pesquisas. Nos últimos dois anos, o International Board da IASP tem acompanhado esses novos modelos de Parques e discutido em que medida eles devem ser acolhidos em nossa associação com o mesmo status que os Parques e as Incubadoras Tecnológicas tradicionais. A resposta é sim, são novos formatos de iniciativas com a mesma missão de transformar conhecimento em riqueza e bem estar. Há quem pergunte se esta será uma tendência que transformará os Parques Tecnológicos em algo diferente daquilo que conhecemos hoje. Não creio. Em várias partes do mundo existem Parques que ultrapassaram os seus limites territoriais e trouxeram benefícios econômicos e sociais para toda a região. O caso mais emblemático é o do Parque Industrial da Universidade de Stanford, criado em 1951, que deu origem a um fenômeno batizado, 20 anos depois, pelo jornalista Don C. Hoefler, de Silicon Valley. Tenho a convicção de que nos próximos anos teremos no Brasil Parques Tecnológicos “transbordando” suas fronteiras, com consequências para a própria imagem da cidade ou região. É natural que surjam projetos com essa proposta desde a sua origem. O desenvolvimento sustentável do planeta certamente dependerá de mudanças radicais nas esferas política e econômica, mas também de inovações tecnológicas. A geração de conhecimento e sua transformação em produtos e serviços que possam atender a essa demanda adquirem, neste momento, caráter de urgência. Todas as iniciativas que possam acelerar esse processo serão muito bem-vindas. 50
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A revista Locus é uma publicação trimestral da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Published on Aug 6, 2012
A revista Locus é uma publicação trimestral da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)