Acho Digno

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o h c A DIGNO 01_ANO1_SETEMBRO_2014

Editorial de moda com a nossa cara! Modelos, fotógrafos, equipe de produção e grife, tudo do nosso jeito e com a nossa beleza

Conversa fiada com a atriz Vera Lopes

A jornalista Sabina Henriete Possidônio revela alguns desafios enfrentados na área da comunicação

Na música da terra vamos conhecer um pouco da carreira de Maurício Lourenço


EDITORIAL

CRÉDITO: DANIEL LIRA

agradecer as nossas colunistas que abrilhantaram ainda mais a revista. A advogada Renata Santos, falando sobre direitos na aposentadoria; a jornalista Mariani Ferreira fazendo uma crítica sobre a arte cinematográfica e a televisão; Geny Guimarães indicando uma boa leitura; e Emanuelle Góes nos brindando com a sua poesia. A parceria com a cabeleira e socióloga, Elisia Santos, do Salão Rosas Negras, foi o impulso que faltava para que essa primeira edição fosse coloca nas redes. A Irmã, como é carinhosamente chamada, fez mais que incentivar a iniciativa, colocou mãos à obra, e colaborou atuando em diversas frentes, tais como: maquiadora no editorial de moda; colunista dando dicas de embelezamento; e (com) consultoria nas reuniões de pauta e concepção da revista. Enquanto, outras pessoas achavam apenas interessante esse sonho de escrever e elaborar uma revista eletrônica, Elisia acreditou e dedicou-se em tornar realidade esse sonho individual. Então, essa primeira edição, de muitas edições que estão por vir, é dedica a você. Vida longa à nossa revista, pois eu Acho Digno!!! CRÉDITO: LEO ORNELAS

Nasceu! Um sonho individual agora se torna a realidade de um coletivo. Acho Digno só existe nos dias de hoje, por contar com a colaboração de diversas pessoas nas mais variadas áreas do conhecimento. A proposta da nossa revista eletrônica é falar de nós, para nós com o nosso peculiar olhar. Seguindo nos trilhos da cultura e comunicação refletimos sobre quem anda fazendo o quê dentro dessa sociedade conhecida como brasileira. Viemos usar essa ferramenta de comunicação para dialogar com você, para apresentar trabalhos de artistas da casa, outras perspectivas e possibilidades. Já que acreditamos que o sujeito se organiza em torno da identidade, criamos o espaço “O seu estilo”, no qual a cada edição será apresentado um look composto por uma determinada pessoa que por meio dele é capaz de expressa a sua identidade. Na “Conversa Fiada”, um bate-papo bem legal com a atriz gaúcha Vera Lopes que tem mais de 30 anos de carreira. A “Música da Terra” chega para apresentar um pouco da trajetória de Maurício Lourenço. E nessa pegada, vamos contando a história de outras pessoas, como a da jornalista Sabina Henriete Possidônio, e das empreendedoras Patrícia Santana e Adna Rodrigues. A nossa primeira edição, foi feita com muito cuidado, amor e carinho, pois acreditamos que esses ingredientes são essenciais em tudo que se pretende realizar. Assim, só podemos

EXPEDIENTE !! CHEGOU!! TA CONSELHO EDITORIAL: Camila de Moraes e Elisia Santos l REPORTAGEM E TEXTOS: Camila de VIS Moraes l COLUNISTAS: Elisia Santos, Emanuelle Góes, Geny Guimarães, Mariani Ferreira NOSSA RE L A R U e Renata Santos l PROJETO GRÁFICO: Camila de Moraes l DIAGRAMAÇÃO: Camila de Moraes l T R VI REVISÃO: Elisia Santos e Vera Lopes


SUMÁRIO Entrevista Estilo

Duas estudantes mostram os seus looks diários

A atriz Vera Lopes conversa sobre os seus 36 anos na arte de atuar

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Música Trajetória do cantor,

compositor e multi-instrumentista, Maurício Lourenço

Moda Em um cenário lindo da

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capital baiana, modelos vestem Negrif e posam para os clicks de Daniel Lira

Dicas Salão

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Rosas Negras dá dicas de embelezamento para cabelos crespos

Poesia Um breve

passeio pelas palavras fortes e cheias de ensinamentos de Emanuelle Góes

Cinema Crítica do filme “Lucy”,

feita por Mariani Ferreira, analisa a cinematografia que é produzida atualmente fazendo um paralelo com a televisão

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Livro “Parte de mi-

nha alma”, a história de Winnie Mandela é indicação de livro da geografa Geny Guimarães

Empreendedoras Proprietá-

rias da gráfica Bereguedê Comunicação Visual atuam desde 2010 com preços acessíveis sem perder qualidade

08 Comunicação

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Jornalista, Sabiana Henriete Possidônio, dialoga sobre os desafios da profissão, a união dos comunicadores e o reconhecimento do trabalho desenvolvido

21 Direito A advogada, Re-

nata Santos, elucida, de forma didática, questões sobre o direito ao acréscimo de 25% na aposentadoria

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CRÉDITO: MARIA APARECIDA

O SeU EsTiLo

O Seu Estilo é um espaço destinado para que possamos conhecer um pouco das tendências que andam circulando mundo a fora e que possam servir de inspiração para a criação do nosso próprio estilo. Nessa edição, apresentamos duas meninas, uma do sul e outra do nordeste do Brasil, que vivem em um país tropical com climas diferentes na mesma estação do ano, e falando um pouco do look que foi criado, de se sentir bem e de sua identidade.

*THAMIRES CARDOSO “Não adepta do clima frio da região

do Sul, mas obrigada a conviver, tento ficar o mais confortável dentro de mil tecidos. Nesse look estou com uma leggings rosa chiclete para quebrar o preto do blusão, moletom e cachecol. Além disso, botas coturnos florais que usei muito neste inverno e espero usar novamente no próximo inverno. Sou muito prática! E o lado esporte me caracteriza muito. Tento aflorar o lado “menininha” usando pontos marcantes como a leggings rosa, acessórios (anéis, brincos de capim dourado). E para completar a bolsa, muito importante! Tenho umas oito bolsas e conforme o look confiro se a bolsa está de acordo, e sem fugir muito do pretinho básico, ela é quase sempre a pedida.” *Gaúcha e estudante de Letras

biná-las, o que não é uma tarefa fácil. Bom, nesse look eu quis, além de misturar as estampas da blusa com a calça, ressaltar a minha ancestralidade e religiosidade com a camisa da Coleção D’Ori. Sou completamente apaixonada por estampas de onça, por isso escolhi essa mochila, que aí nem dá pra ver tanto, apenas as alças.” *Baiana e estudante de Comunicação Social

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CRÉDITO: CATARINA SAMPAIO

*VAL BENVINDO “Adoro estampas e sempre tento com-


CRÉDITO: LEO ORNELAS

Conversa Fiada

“Vivemos tempos difíceis, o ra-

cismo continua matando, a homofobia causando vítimas, as muitas fomes continuam a assolar o mundo, direitos negados, mulheres continuam sofrendo as mais duras violências da doméstica à negação do direito de ir e vir livremente, muitas vezes impedidas até de chorar os seus mortos... não tem como não endurecer... é aí que arte, pra mim tem um papel fundamental, mesmo nestes momentos de dor é nela que muitas vezes buscamos refúgio ”

Para a nossa primeira Conversa Fiada tivemos a honra de

ensaios e, enquanto fazia os exercícios, as amigas ficavam cuidando dele e só parava para amamentar. entrevistar a atriz gaúcha Vera Lopes, que nos contou um Com seus 36 anos de carreira, para ser mais específica, diz pouco sobre sua carreira com mais de 30 anos de atuação, que aprendeu a ter menos ansiedade e é mais exigente com o entre o teatro, cinema e recitais poéticos, além de dialogar um que faz. Para a criação de seus personagens segue as diretripouco mais sobre arte, possibilidades de mudanças, juventude zes dos diretores, do autor e procura pesquisar o cotidiano, negra e movimento. no qual está inserida aquele personagem que, com o tempo, Vera Lopes iniciou na cena teatral com o grupo ‘Espia Só’, toma vida própria. de Décio Antunes, em 1978, com a peça o Pulo do Gato, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A partir deste período Acho Digno: Como foi a sua infância e a relação com não parou mais de atuar. Trabalhou em diversos espetáculos a família? teatrais, fez fotonovela, curtas, longas-metragens, e particiVera Lopes: Sou filha de uma bela e acolhedora pação em documentários, ainda atuou em leituras dramátifamília negra. Até os cinco anos vivi com meu pai, cas, além de participar de inúmeros festivais de arte. Devido motorista, autodidata, minha mãe, costureira diploao reconhecimento do seu trabalho, em 2010, foi convidada mada, e, meu irmão, dois anos mais novo do que a participar do III Festival Mundial de Artes Negras em eu. Quando estava com cinco anos e meu irmão Dakar, no Senegal, na África. com três, nossa mãe morreu, desde então passamos Formada em Direito, funcionária pública, mãe de três filhos a viver com nossos avós paternos, pertenço a uma e avó de dois netos, ama a arte de interpretar. E revela que o família grande, vinda do interior do RS, com muitos fato de ter três filhos nunca a impediu de seguir na carreira tios/tias, primos/primas, agregados. de atriz, pois sempre teve ajuda dos amigos. Relembra que no início da sua carreira, levava o seu filho pequeno para os

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Acho Digno: Como foi o seu início no movimento negro? Vera Lopes: Foi por meio da Revista Tição, editada em Porto Alegre, por jovens negros/negras, entre estes, jornalista, estudantes acadêmicos de diferentes áreas, militantes do movimento negro, historiadoras, fotógrafos... Acho Digno: Quando você descobriu o teatro? Vera Lopes: Sempre gostei da arte de interpretar, quando criança escutava novela no rádio, depois ia para frente do espelho e ficava repetindo os diálogos escutados no rádio, no início da vida adulta comecei a fazer cursos de teatro e não parei mais... Acho Digno: Comente um pouco sobre a sua carreira de atriz? Vera Lopes: Das muitas funções/profissões que já exerci e exerço a de atriz é que mais me complementa/agrada/satisfaz/traduz... Representar, tocar outra pessoa com uma “história” que não é sua, mas ao mesmo tempo é totalmente sua, é mágico... Acho Digno: Como a arte pode influenciar na vida de uma sociedade? Vera Lopes: Vivemos tempos difíceis, o racismo continua matando, a homofobia causando vítimas, as muitas fomes continuam a assolar o mundo, direitos negados, mulheres continuam sofrendo as

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mais duras violências da doméstica à negação do direito de ir e vir livremente, muitas vezes impedidas até de chorar os seus mortos... não tem como não endurecer... é aí que arte, pra mim tem um papel fundamental, mesmo nestes momentos de dor é nela que muitas vezes buscamos refúgio, quantas vezes choramos nossos mortos cantando, dançando... ou, ainda, quantas vezes paramos nossa correria para admirar uma imagem que nos toca, escutar uma música, um poema que nos move... mudamos nossa expressão física diante de um artista que nos impressiona, de um filme que nos emociona, faz rir ou indigna, um espetáculo que contagia... a arte tem o poder de acionar pontos/mecanismos que as vezes, na correria do dia-a-dia, na luta pela sobrevivência não são acessados, e, a arte, chega lá, então, acredito que a arte pode sim influenciar novas possibilidade de viver, de experimentar a vida... a arte pode ser revolucionária... Acho Digno: Fale um pouca da sua relação familiar Vera Lopes: Sou totalmente família, agradecida pela família que tive a honra de nascer, crescer e que me possibilitou ser a pessoa que sou, desavergonhadamente apaixonada pelo filho e filhas que de mim nasceram, escancaradamente apaixonada pelo neto e pela neta, feliz com a família não biologia que ao longo dos anos a VIDA foi me presenteando. Acho Digno: Como foi a mudança do sul para o


nordeste? É possível continuar fazendo arte em outro localidade? Vera Lopes: Ser negro/negra no sul não é fácil, ser negro/negra no nordeste também não, o racismo aqui é tão forte/violento/destrutivo/explícito quanto lá, a diferença é que aqui tem um mar azul ao alcance da vista... as dificuldades para nós são imensas, porém somos fortes, né não??? Sobrevimos a todas as tentativas de extermínio e continuamos criando e apontando soluções... Sim, nós pessoas negras somos seres com um potencial inesgotável, herdeiros de um saber milenar, nas mais diferentes áreas do conhecimento, isso me encanta, me motiva, me impulsiona... Acho Digno: Como é ser uma referência no meio artístico? Em algum momento na sua vida foi contra os seus valores? Vera Lopes: Pois é, essa coisa de ser referência não faz parte do meu dia-a-dia, eu sigo fazendo minhas coisas, não me violento, faço aquilo que estou a fim de fazer... trabalho muito, além do ofício de atriz, continuo funcionária pública, dona de casa, mãe, avó, filha... Acho Digno: Na sua opinião, qual é a importância de se ter cotas raciais, seja nas universidades ou nos concursos públicos? Vera Lopes: Importantíssimas! Indispensáveis! Necessárias! Durante um longo período da história brasileira, as pessoas negras, escravizadas, livres ou libertas, por força de lei, não puderam frequentar escolas públicas, então, se existiu uma lei que dizia “é proibido estudar” é necessário uma medida legal que busque minimizar a distância que existe entre os grupos étnicos formadores deste país... e, cotas, seja nas universidades ou no serviço público, é só o início, reparação a meta!

CRÉDITO: IRENE SANTOS

Acho Digno: Você é engajada nas lutas e causas sociais, como enxerga o genocídio da juventude negra? Vera Lopes: O que vem acontecendo com a juventude negra no Brasil, deveria ser considerado crime de lesa humanidade, ou seja: “passíveis de julgamento por tribunais internacionais”. Um país não pode impunemente permitir que parcela significativa de sua população continue sofrendo o que a população negra vem sofrendo. Cada morte física de um/uma jovem negro/negra, fere de morte toda uma população, nós pessoas negras, em especial, pois sentimos na “carne” a morte dos nossos/nossas, porém a população, como um todo, fica prejudicada, fragilizada, além do mais se faz urgente considerar o que bem disse Carolina Maria de Jesus: “A amizade do analfabeto é sincera. E o ódio também.”

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CRÉDITO: MARIANI FERREIRA/ARQUIVO PESSOAL

Cinema

Scarlett Johansson ganha superpoderes em “Lucy” longe do público. Por isso, as grandes histórias migraram para a televisão. Há algum tempo, a TV não deve tecnicamente nada ao cinema. A qualidade da imagem e som unida a vontade das emissoras de produzir programas melhores, deu origem a verdadeiras obras-primas, como o seriado “Breaking Bad”. No Brasil, porém, acontece algo inverso. A má qualidade da TV, limitada em sua maior parte a sitcoms e novelas, invade o cinema, com comédias rasas by Globo Filmes. Óbvio que existem exceções, mas são uma gota no oceano de mediocridade. CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Linda, loira e, agora, superpoderosa. Scarlett Johansson, a musa de 99,9% da população masculina mundial, é a estrela de “Lucy” (foto). Mais sexy do que nunca, a atriz ficou perfeita no papel da personagem-título do filme dirigido por Luc Besson. No longa, Lucy cai nas mãos da máfia em Taiwan e é transformada em mula do tráfico internacional de drogas. Por conta disso, absorve acidentalmente dose cavalar de uma nova droga. A substância aumenta a capacidade cerebral dela. Conforme vai ativando neurônios, Lucy ganha habilidades sobre-humanas, que vão de processar informações mais rápido que um supercomputador a controlar ondas magnéticas e ler pensamentos. Ela, no entanto, continua na mira da máfia. Para escapar e explorar todas as possibilidades do seu cérebro, precisará da ajuda do Professor Norman (Morgan Freeman) e do policial francês Pierre (Amr Waked). “Lucy” é uma grande síntese do cinema atual, no qual o roteiro deu lugar aos efeitos especiais. Tecnicamente impecável, o filme é, na realidade, um grande videoclipe. A trama, que começa interessante, vai misturando gêneros, até terminar numa das sequências mais megalomaníacas da história da sétima arte. Como quase tudo nesta era pós-Michael Bay na telona, “Lucy” também é imune a reflexões. Toda a pseudo-filosofia usada por Besson se perde em meio aos seios de Scarlett e às explosões. É melancólico constatar que a era das grandes histórias deu lugar aos orçamentos monstros e às tramas rasas dos blockbusters. Cada vez mais caros, esses filmes precisam obedecer uma receita certa para obter milhões em bilheteria. Por sua vez, filmes independentes encontram mais dificuldades para serem exibidos. Ficando restritos a circuitos alternativos e

O melhor jeito de mudar isso é democratizar o circuito exibidor e a produção de cinema no Brasil. Além de exigir e prestigiar as coisas de qualidade exibidas pela televisão, não apenas programas importados, mas também, e principalmente, os feitos aqui. Enquanto isso não acontece, vamos nos entretendo com bobagens inofensivas como “Lucy”. É isso.

*Mariani Ferreira - jornalista e crítica de cinema

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Empreendedoras Meninas chegam com tudo no ramo da gráfica com a Bereguedê Comunicação Visual A Bereguedê Comunicação Visual, que atua no mercado comercial desde 2010, é uma gráfica especializada em atender as necessidades de microempreendedores, empreendedores individuais e afro-empreendedores. O seu diferencial está em um preço acessível, chegando a ser 70% mais barato que no mercado convencional sem perder na qualidade. Pensando na comodidade de seus clientes, também atendem virtualmente, nas mais diversas ferramentas, e entregam a encomendado no local solicitado sem custo adicional. As proprietárias da gráfica, Patrícia Santana e Adna Rodrigues, unem os seus conhecimentos e formações em relações públicas e designer gráfico para produzir um material diferenciado e com qualidade. No entanto, Patrícia afirma que as dificuldades na constituição da empresa foram muitas ainda mais por serem mulheres e negras em um ramo prioritariamente masculino. “A mulher em gráfica só serve para atender telefone e pagar as contas, até as pessoas acreditarem que temos competência para não só executar seu serviço, mas também melhorar o seu negócio, ajudar na visibilidade através de identidade visual, foi uma luta grande. Tivemos no começo que fazer descontos enormes para não perder clientes e até mesmo fazer logo grátis para nos firmar”, revela e ainda diz que trabalhar com indicação é uma de suas características, pois protege ambos os lados. Para as meninas da Bereguedê, para se ter um negócio de sucesso é necessário ter foco e conhecimento, além de ir atrás do seu objetivo. “Nós, negonas, temos que fazer de um limão não uma limonada, mas uma plantação de limão, porque para a gente é tudo mais difícil. Então é focar e estudar, e se a porta

CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL

se fechar, arrombe! Por que a gente só consegue as coisas com muita luta”, diz Patrícia. Em um sonho um menino pretinho de rua disse: “ta na hora de começar o Bereguedê”. Elas acreditaram no sonho e depois disso a empresa deu um salto considerável. Então, acredite em seus sonhos, busque informações e siga o exemplo. Seja mais um(a) empreendedor(a) de sucesso e também tenha a sua história contada aqui na nossa Acho Digno. Localização: Rua Manoel Rufino, 27 A, no bairro Tancredo Neves, em Salvador-Bahia-Brasil. Telefone: 8726.2947 ou 8522.9425 e-mail: bereguede.cv@gmail.com

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CRÉDITO: ANTÔNIO TERRA

MÚSICA DA TERRA

MAURÍCIO LOURENÇO

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om influência de seu avô e de seu pai, Maurício Lourenço encontrou na música o seu amor pela a arte. Durante o seu processo de busca, na adolescência conheceu a música instrumental pela qual se dedicou a teoria musical, composição e música experimental. Aos 20 anos iniciou um estudo intenso de piano e outros instrumentos experimentando sons e misturas musicais e mergulhando do popular ao erudito. Com um currículo extenso, Lourenço é diretor e arranjador musical, compõe trilhas sonoras para teatro, dança, documentários, curtas e jingles, além de assinar como compositor, multi-instrumentista e cantor. Por meio da música, Lourenço pode conhecer o mundo a partir de outra perspectiva. “Eu acredito nas pessoas, e a arte possibilita a interação humana com o que há de melhor do ser humano. Por isso a arte é um veículo de expressão”, destaca. Atuando, há mais de 20 anos na área, diversas são as suas influências. Entre elas estão: Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Pixiguinha, Garoto, Radamés Gnattalli, Tom Jobim, Baden Powell, Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal. Com o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo pesquisador e instrumentista, em 2012, recebeu o convite da Embaixada do Brasil em São Tomé e Príncipe, na África, para realizar dois concertos e

oficinas de música instrumental. Entre os seus principais trabalhos estão a direção musical do show “Outras Áfricas”, da cantora Nara Couto; a direção musical e composição das trilhas sonoras de peças teatrais como Minha Poesia de Amor, de Maiana Leitão; A História de Amor Romeu e Julieta, de Maiana Leitão; Uma Mulher Vestida de Sol, de Natan Marreiro; A Casa de Bernarda Alba, de Fabiana Monsalú; Nu Buzu, de Tania Toko; e assistência de direção musical do Bando de Teatro Oludum; além de atuar como músico da peça Amor Barato, de Fabio Espírito Santo; e como arranjador ele acompanhou artistas como Mariella Santiago, Inaycira Falcão, Laila Rosa e o grupo Sembagota.

Por respeito à Winnie e toda a sua vida de esperança, força e luta, sem mais julgamentos

O livro apresentado chama-se Parte de minha alma que foi organizado por Anne Benjamin e lançado no Brasil pela Editora Rocco, em 1986 (atualmente apenas encontrado em sebos), sobre alguns momentos

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da vida de Winnie Mandela, ou Nonzano Winifred Madikizela, mulher negra, sul africana que enfrentou prisões, torturas, banimentos em seu próprio país, distanciamento por mais de 20 anos de seu marido


CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL

ME INDIQUE UM LIVRO

CRRÉDITO: ELISIA SANTOS

Nelson Mandela enquanto o mesmo estava preso, afastamento de suas filhas, amigos, família, tudo... para apoiar a luta do povo da África do Sul contra o apartheid. Ficou conhecida no mundo todo como a esposa de Nelson Mandela, mas após a prisão deste líder negro, resistiu a tudo e todos, assim mesmo que digam que sua luta representou uma continuação da que seu marido iniciou, mas tornou-se algo próprio de uma mulher negra que nunca desistiu de tentar transformar o seu país em um lugar sem racismos, com os direitos de seu povo assegurados e suas culturas respeitadas, assim dizia: “Quando eu surgia em trajes Xhosa, inspirava as pessoas, enchia-as do espírito de luta e tornavam-se

militantes. [...] Obviamente não podiam permitir que isso acontecesse. Os negros não deviam se identificar com sua própria cultura a seu próprio modo, mas apenas de acordo com a maneira dos brancos, da maneira que os brancos desejavam que os negros o fizessem”. (Winnie Mandela, 1986, p. 118). Pelo fim do racismo, pela liberdade de Mandela, por uma vida digna e sem opressões, sim essas foram as bandeiras de Winnie Mandela que nunca desistiu porque “quando as pessoas querem realmente quebrar as correntes da opressão, então nada mais as detém” (Winnie Mandela, 1986, p. 147). Apesar dos acontecimentos que tornaram a “mama Winnie” réu em seu próprio país, a sua vida, luta e ensinamentos precisam ser conhecidos. Para saber mais... leia o livro atentamente e tire suas próprias conclusões. *Geny Ferreira Guimarães - Geógrafa, Professora, Doutoranda em Geografia pela UFBA. MANDELA, Winnie. Parte de minha alma. Organizado por Anne Benjamin. Tradução de Luiza Ribeiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1986, 220 p.

PAUSA PARA POESIA

PÉS DESCALÇOS Deixa os sapatos Ficar descalça Pés descalços Fio condutor Pés descalços Contato com o mundo Deixar pegadas Seguir o caminho Dos mais velhos Mostrar o caminho Quando mais velho for.

* Emanuelle Góes, Enfermeira - Mestra em Enfermagem. Doutoranda em Saúde Pública. Coordenadora de Saúde do Odara Instituto da Mulher Negra

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EDITORIAL DE MODA A tendência dos turbantes A Acho Digno resolveu fazer um editorial de moda, pois a todo momento transbordamos moda e nada mais justo do que nos vermos nesses editoriais de moda de revista. E a pergunta foi feita. Por que não produzirmos o nosso próprio editorial? Afinal, temos toda a equipe, um fotógrafo, maquiadora, produtora, modelos e uma loja que disponibilizou as suas roupas para a nossa sessão de fotos em um cenário lindo da capital baiana. E assim foi feito, montamos a equipe e em uma tarde de um sábado ensolarado nos divertimos fazendo aquilo que gostamos, trabalhando como se estivemos brincando e fazendo novas amizades. Nessa edição iremos mostrar a tendência dos turbantes. Agora, você é nosso convidado para conferir o resultado final. Modelos: David Rodrigues e Ana Cristina Modelo: Wianey Santiago

Modelo: Paula Loyola

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Modelo: Gabriela Bacelar


Modelo: Raphael Lisboa







EDITORIAL DE MODA l equipe

Fot贸grafo: Daniel Lira Maquiadora: Elisia Santos Produtora: Camila de Moraes Figurinista: Isa Oliveira Vestu谩rios: Negrif Modelos: Ana Cristina, David Rodrigues, Gabriela Bacelar, Paula Loyola, Raphael Lisboa e Wianey Santiago


CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL

QUEM FAZ A COMUNICAÇÃO Sabina Henriete Possidônio Qualquer profissional com outra “formação acadêmica ou não, acha

que pode exercer o papel do jornalista nas instituições e empresas

A jornalista Sabina Henriete Possidônio comenta que já nasceu comunicadora e herdou essa característica de seu pai, um comunicador nato. Desde criança sempre leu muitas revistas, jornais e escrevia muitos diários e agendas. Por ser filha única, a leitura e os diários eram a sua companhia na maior parte do tempo. Assim, o jornalismo se tornou um sonho em sua vida, porém revela que não era aquele sonho de apresentar um telejornal ou o de ser uma repórter em frente às câmeras, mas o sonho da escrita, do por trás das câmeras, o gosto de fazer a comunicação acontecer. Entre os desafios da carreira, acredita que o vencer o preconceito da sociedade em ver uma mulher negra frequentando as salas de uma faculdade particular, talvez tenha sido um dos primeiros que teve que lidar nessa trajetória. Com formação também em turismo, reconheceu no jornalismo o prazer de exercer a comunicadora que sempre existiu dentro de si. Para Sabina, um outro desafio grande é obter o devido reconhecimento. “Qualquer profissional com outra formação acadêmica ou não, acha que pode exercer o papel do jornalista nas instituições e empresas. Portanto, sofremos com o desvio de função. Tenho diversos amigos formados que enveredaram por outro caminho desiludidos com a profissão que

escolheram”, afirma. Atualmente, Sabina trabalha na assessoria e produção da banda Samba Mocidade e realiza um trabalho de parceria com a produtora Cris Santana no Projeto Cultural e Artístico Samba Vivo, que resgata e busca dar maior visibilidade aos blocos de samba e de matriz africana da cidade do Salvador levando a história e tradição para outros estados. Na sua área de atuação, o entretenimento, acredita que seja necessário uma união maior dos profissionais de comunicação e revela que muitas empresas, bandas e instituições não valorizam e não acreditam no potencial dos profissionais locais e algumas vezes preferem contratar profissionais de outros estados para prestar serviços de comunicação. “Acho que nós comunicadores devemos sim nos unir, e os comunicadores jornalistas de formação lutar pela valorização do profissional e bater na tecla de que jornalista precisa sim de formação acadêmica, já que as faculdades estão ai, formando profissionais que acabam seguindo outro caminho após a conclusão do curso. Exigir uma maior atuação das entidades de classe. Reconhecimento e valorização são um dos pilares na minha opinião para nós comunicadores aqui em Salvador”, conclui.

O direito ao acréscimo de 25% na aposentadoria

O artigo 45 da Lei 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social prevê o acréscimo de 25% no valor do benefício dos aposentados por invalidez no caso de o segurado necessitar de assistência permanente de terceiros. Embora essa determinação esteja em vigor desde

ARTIGO JURÍDICO

1991, a mesma é desconhecida por muitas pessoas. As situações em que o auxílio é devido estão definidas em lei, e vai desde cegueira total, paralisia de membros superiores ou inferiores, alteração das faculdades mentais, entre outras patologias que impossibilitem a realização das atividades elementares do


cotidiano do aposentado. A jurisprudência pátria já vem reconhecendo o direito ao acréscimo de 25% aos aposentados beneficiários das aposentadorias por idade, por tempo de contribuição e especial no caso de comprovação da necessidade de ajuda permanente de terceiros para realização das atividades da vida diária, sob o argumento de que não pode haver tratamento desigual entre aqueles que se encontram em igualdade de condições, sob pena de ferir o principio da isonomia garantido na Constituição Federal. Assim, qualquer aposentado que tiver acometido de enfermidade grave que o impossibilite de realizar as suas atividades elementares do cotidiano, necessita ter tratamento igualitário perante a Previdência Social, em relação aos aposentados por invalidez, uma vez que esta igualdade está prevista na Constituição Federal.

CRÉDITO: RENATA SANTOS/ARQUIVO PESSOAL

*Renata Santos - OAB/RS 94.201 Advogada e sócia da empresa MS Advogados e-mail: renatasantoss.adv@gmail.com

CRÉDITO: DANIEL LIRA

DICA DO SALÃO ROSAS NEGRAS Fitagem em cabelos crespos

cachos e deixá-los mais bonitos de uma maneira bem simples: com a ajuda de leave-in (creme de pentear) e dos dedos. Divida o cabelo em 6 partes, duas na frente e quatro na parte de trás, depois divida o cabelo em pequenas mechas como se fossem fitas, ajuda em uma secagem mais definida que pode durar entre dois ou três dias sem amassados, cachos desfeitos ou a necessidade de aplicar produtos para estilização. O cabelo precisa estar bem lavado, passar um creme de pentear com queratina ou tutano, e desembaraçar bem. Em mechas finas e esticadas, aplique um pouco de leave-in ou creme de pentear, e com os dedos penteie em direção

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As mulheres negras que decidem encrespar o cabelo sofrem muito sem saber o que fazer neles, não sabem se colocam creme, se pode molhar, qual a melhor hidratação, qual penteado fazer e nossa proposta é contribuir para diluir estas dúvidas. Os cabelos crespos precisam de hidratação semanal e mensal concentrada, além de uma boa finalização. A fitagem é uma das melhores técnicas de FINALIZAÇÃO. Esta técnica é excelente para modelar

as pontas. Pare antes de chegar no final da mecha e empurre os fios para cima, em direção à raiz. Nessa etapa, as madeixas serão “amassadas”, formando cachos depois deste movimento. Após repetir a técnica em todo o cabelo, deixe secar naturalmente ou finalize com o difusor. Não esqueça, enluve corretamente e cuidado para deixar o cabelo branco. Respeite a linha de crescimento da fibra capilar, finalizando o cabelo em sua direção correta. Os cabelos são cacheados, hidratados e macios. No final, coloque óleos essências de sua preferência, e sem álcool. Cabelos crespos e cacheados é um sonho muito próximo. *Elisia Santos - Socióloga e cabeleireira.


Marcha das Mulheres Negras II IIIII IIIIIIIIII

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Brasília, 13 de Maio de 2015 – Dia Nacional de Denúncia do Racismo Todas as mulheres negras são convocadas a se unir neste ato que reunirá organizações de mulheres negras, assim como outras organizações do Movimento Negro, sem dispensar o apoio de organizações de mulheres e de todo tipo de organização que apoiem a luta pela equidade racial e de gênero. Marcharemos em homenagem às nossas ancestrais e em defesa da cidadania plena das mulheres negras brasileiras, porque: •

Nós mulheres negras (pretas + pardas) somos cerca de 49 milhões espalhadas por todo o Brasil.

• O racismo, o machismo, a pobreza, que geram e alimentam a desigualdade social e econômica, têm prejudicado nossa vida, rebaixando a nossa autoestima coletiva e nossa própria sobrevivência. • O fortalecimento da identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra, especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo, etc.) até o papel social desenvolvido pelas mulheres negras. • As mulheres negras continuam recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldade para entrar no mundo do trabalho. • A construção do papel social das mulheres negras é sempre pensada na perspectiva da dependência, da inferioridade e da subalternização, dificultando que nós possamos assumir espaços de poder, de gerência e de decisão, quer seja no mercado de trabalho, quer seja no campo da representação política e social. • As mulheres negras sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas informais, que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de trabalho. • Ainda não temos os nossos direitos humanos (direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) plenamente respeitados. Na capital de cada estado haverá coordenações para mobilização da marcha. Acesse mais informações no site: http://2015marchamulheresnegras.com.br/marcha-em-curso e no Facebook “2015 − Marcha das Mulheres Negras”: https://www.facebook.com/Marchamnegra?fref=ts. Ajude a Marcha a espalhar sua mensagem pelo Brasil. Faça uma fotografia com a hastag #Marcha2015MulheresNegras e mande para o e-mail: marchanegras2015@gmail.com.

Panfletaço Marcha Nacional das Mulheres Negras 2015 Ação promovida pelo Festival Latinidades, dia 25 de Julho 2014

Festival Latinidades

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