A charrua 61ª edição

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Ano XIV - 61ª Edição - Set/Out/2017- Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária

Editorial C

hegando o mês de outubro lembramos do nosso Codificador, são organizados eventos, encontros, semanas de estudos, todas atividades voltadas a comemoração de mais uma passagem de seu aniversário. Normalmente nesses eventos, sua biografia torna-se objeto comum, é relembrada sua trajetória vitoriosa, colimando na Codificação da Doutrina Espírita. Os mais frívolos, porém, podem dizer que esses estudos e palestras não trazem “nenhuma novidade”. Pois é, que novidade seria essa tão esperada? Será que já conseguimos retirar pelo menos de sua vivência os ensinos e lições tão importantes e colocá-los em nossas vidas? Já ao menos – pois estudar é uma outra coisa – lemos todo o pentateuco? O que é o espiritismo, Obras Póstumas e os doze volumes da Revista Espírita? Essas com certeza, seriam uma das perguntas que faríamos aos nossos irmãos menos atentos...”mas uma coisa é a vida de Allan Kardec propriamente dita, o homem, enfim, com suas lutas e a sua grandiosa missão, e outra coisa são as lições de vida,

A Doutrina Espírita Explica... Kardec e nós espíritas aplicadas à realidade atual. Há sempre uma reflexão nova no curso de nossas experiências, envolvidas cada vez mais na “engrenagem” de uma sociedade complexa, exigente e absorvente. Aí, sim, as lições de Kardec se nos afiguram novas, novíssimas, desde que saibamos descobrir o momento e o lugar certo das aplicações à vida cotidiana. ”¹ Mas como sabê-los se ao menos não entrarmos em contato direto através de uma simples leitura? Por uma “coincidência” cheganos em mãos o texto “Começando por Kardec” de autoria de Martha Rios Guimarães, do valoroso Boletim para Divulgação do Espiritismo “Meditando”, dos estimados confrades lá de Taubaté (SP), apresenta uma pesquisa feita por um preclaro confrade estudioso do movimento espírita, na qual constata que dentre as várias obras espíritas lidas, as da codificação são as menos citadas. E finaliza o seu texto com as seguintes considerações: “Que estendamos nossos estudos às demais produções literárias de qualidade que servem para reforçar os ensinos doutrinários –

isso é importante -, mas que jamais nos esqueçamos que, se queremos compreender a doutrina que abraçamos, precisamos começar pelas obras kardequianas. ”² Na verdade, em decorrência de nossas limitações, apesar de já termos uma vaga noção da miríade de ensinamentos contidos na trajetória daquele que foi o “bom censo encarnado”, precisamos nos predispor a conhecê-los verdadeiramente. O próprio Cristo nos alertou “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João8:32), mas não através de uma verdade provisória fruto de um limitado “ponto de vista”, mas a verdade libertadora é aquela que conhecemos na atividade incessante do Eterno Bem (...) Só existe verdadeira liberdade na submissão ao dever fielmente cumprido. Conhecer, portanto, a verdade é perceber o sentido da vida.³ ...e nós espíritas, o quê esperamos? 1 . Análises Espíritas, Deoçindo Amorim - lição 15, pág. 76-1ª ed. Feb; 2. Boletim para Divulgação do Espiritismo, Martha Rios Guimarães - nº0259/2017 3. Fonte Viva, Emmanuel, Lição 173, pág. 385 - 29ª ed. Feb;


Ano XIV - Nº 61

CECJMJ

Centro Espírita de Caridade Jesus, Maria e José

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Estude e Viva! com Raul Teçá Dicas para uma boa leitura

(“Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação intima, à frente do universo e da vida, deve e precisa estudar” - Emmanuel) (“(...) recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação” - Emmanuel)

Reuniões Públicas: Segundas-feiras às 20:00 horas e Sábados as 18:00 horas Estudos das Obras Básicas: O Evangelho Seg. o Espiritismo e O Livro dos Espíritos; Quartas-feiras das 19:00 às 20:00h Estudo Sistematizado: Terças-feiras das 19:00 às 20:00h

Atividades 14h às 16h

TRABALHOS MANUAIS

Terças-Feiras: Bordados Quartas-Feiras:Crochê e Pintura

Sábados - 11:00 horas Serviços de Assistência e Promoção Social

Mais Informações: cecjmj@gmail.com ou pela nossa página no Facebook

Expediente

Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária do CECJMJ Fundado em Agosto de 2003 R. Bangu, 141 Bangu - RJ -CEP 21820-020 Email: cecjmj@gmail.com Edição - DSAD Ano XIV - 61º Edição - Set/Out/2017

Reforçando a mensagem que abre a presente edição, recomendamos três textos excelentes, que são: Reflexos das lições de Allan Kardec, Allan Kardec e a Unidade Doutrinária e Advertências de Allan Kardec, todos de Deolindo Amorim, dos respectivos livros: Análise Doutrinárias, Ponderações Doutrinárias e Ideias e Reminiscências Espíritas. Neles encontraremos judiciosas reflexões do verdadeiro legado Kardequiano. Lições que perduram no tempo e no espaço. Contudo, além dos textos mencionados, o caro leitor encontrará nestas obras, muitos outros textos, sobre temas variados na ótica de um fiel discípulo! Valem muito a pena conferi-los. Contudo, ainda gostaríamos de uma última “dica”, a lição 30, Viagem com Kardec, do livro “Tempos de Transição”, do singular Juvanir Borges de Souza. Neste texto, o autor relata as seis viagens que Kardec empreendeu, destacando a terceira viagem, em 1862, que se tornou marcante. Foi a mais

extensa, abrangendo mais de vinte cidades, com a realização de cerca de cinquenta reuniões. Finalizamos as nossa “Dicas” com as palavras de Emmanuel (“Reformador”, março/1961), que é também lembrada no texto supracitado: “Lembrando o Codificador da Doutrina Espírita, é imperioso estejamos alertas em nossos deveres fundamentais. Convençamo-nos de que é necessário: Sentir Kardec; Estudar Kardec; Anotar Kardec; Meditar Kardec; Interpretar Kardec; Cultivar Kardec; Ensinar Kardec e Divulgar Kardec; (...)E o instrutor espiritual oferece as razões para o conselho: é preciso evangelizar a Humanidade, à Luz da Doutrina Espírita, o que equivale a raciocinar com a Verdade na construção do Bem, para que, em nome de Jesus, não venhamos a construir na Terra um sistema a mais de fanatismo e negação. Então...sendo assim, não percamos mais tempo, pois como dizia um poeta popular, o tempo não para.

(Raul Teçá é militante do Movimento Espírita)


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Estudando Mediunidade com Joaquim Couto

AS IMPERFEIÇÕES MORAIS

“Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas, que dão acesso aos maus Espíritos; mas a que eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que menos se confessa a si próprio...” (O Livro dos Médiuns, Cap. XX, item 228 - Allan Kardec)

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e fato, quantos médiuns dotados das mais belas faculdades se perderam justamente por não terem combatido o orgulho em suas almas! O orgulho pode nos levar aos melindres e estes podem se tornar obstáculos quase intransponíveis, se não estivermos atentos, seguindo a recomendação de Jesus: "Orai e vigiai", para não se cair nas armadilhas que os maus Espíritos armam constantemente nos caminhos que o ser humano tem que percorrer na Terra, durante a sua reencarnação. O orgulho tem afastado muitos trabalhadores dos centros espíritas, pois, não conseguem superar observações e críticas, que deveriam analisar para chegar

a conclusão se seriam justas ou não. Os que reencarnam na condição de médiuns precisam estar muito atentos e vigilantes para não se deixarem levar por esse sentimento tão explorado por encarnados ou

desencarnados, que visam prejudicar os mesmos nos trabalhos de intermediarem a ação dos bons Espíritos junto a humanidade sofredora. Se os médiuns estiverem atentos as intuições que os seus guias espirituais lhes dão, buscando enriquecer os seus conhecimentos através dos estudos do Espiritismo, procurando renovar-se segundo as lições obtidas através desses estudos, com certeza estarão construindo em si mesmos a fortaleza moral precisa e necessária que os resguardará dos assédios daqueles que os queiram prejudicar. Se o orgulho é uma fonte de tantos males, o bem que se faça é uma fonte de água cristalina e pura que muito benefício nos proporcionará.

(Joaquim Couto é integrante do Centro Espírita Leon Denis e Expositor da Doutrina)

E surgiu uma voz da nuvem, dizendo: este é o meu filho, o eleito, ouvi-o! (Lucas 9:35)

Manifesta-se a palavra do Céu, na sombra temporária. A existência terrestre, efetivamente, impõe angústias inquietantes e aflições amargosas. É conveniente, contudo, que as criaturas guardem serenidade e confiança, nos momentos difíceis. As penas os dissabores da luta planetária contêm esclarecimentos profundos, lições ocultas, apelos grandiosos. A voz sábia e amorosa de Deus fala sempre por meio deles.

(Fragmento do texto “Nuvens” - Lição 32 - retirado do livro “Caminho, Verdade e Vida“- Emmanuel, ed. FEB)


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O Livro dos Espiritos com Paulo Antonio

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Louvado seja Deus, louvado seja Jesus. 2ª parte: Mundo espiritual ou dos Espíritos cap. IV - Pluralidade das existências Ideias inatas (pergs. 218 a 221-a)

teoria das ideias inatas uma outra. Na realidade não é uma quimera. O permanecem em estado latente, Espirito encarnado conserva para ressurgir mais tarde. vestígio das percepções que O sentimento instintivo da teve e dos conhecimentos existência de Deus, o adquiridos nas existências pressentimento de vida futura e anteriores, como também nos a lembrança de certas crenças intervalos das mesmas, na relativas à Doutrina Espirita é erraticidade e mesmo com o também prova da lembrança choque biológico de uma nova que Homem conserva do que existência e com o esquecimento sabia como Espirito antes da do passado, resta-lhe uma vaga encarnação, mesmo que o lembrança, que lhe dá o que se negue. O Espirito encarnado, chama ideias inatas. conservando a intuição de seu Os conhecimentos consciência é a origem das estado de Espirito, tem, adquiridos em cada existência faculdades extraordinárias dos instintivamente, consciência do não se perdem; liberto da indivíduos que, sem estudo mundo invisível, mas o orgulho matéria o Espirito sempre se prévio, parece ter a intuição de sufoca muitas vezes, esse recorda. Durante a encarnação, certos conhecimentos. Agora, sentimento, os preconceitos, pode esquecê-los, em parte, também, mudando de corpo também, falseiam essa ideia e a momentaneamente, mas a pode o Espirito perder algumas ignorância lhe mistura à intuição que delas guarda lhe faculdades intelectuais, sim, se superstição, mas não invalida a auxilia o progresso, sem o que corrompeu sua inteligência ou realidade, que somos filhos de estaria sempre a recomeçar. a utilizou mal, como também, Deus, da pluralidade das Lembrança do passado; uma faculdade qualquer pode existências e das ideias inatas progresso anterior da alma, ficar adormecida durante uma como recordação de mas de que ela não tem existência inteira, para exercitar experiências anteriores. Até a próxima oportunidade! Que Deus nos abençoe! (Paulo Antonio de A. Barbosa é militante do movimento Espírita e Expositor da Doutrina)

Rolando nas mídias...

Qual deveria ser a atitude do espírita com relação aos acontecimentos políticos no Brasil? “O espírita deve olhar para dentro de si e anular toda corrupção que há em si, depois deve olhar para seu lar e anular toda corrupção que houver lá, depois deve olhar para a sua Casa espírita e anular as possíveis corrupções lá e só! É pelo exemplo que o espírita contribuirá com este momento e orando pelos infelizes do caminho.”

(Resposta atribuída a Haroldo Dutra sobre a questão supracitada, divulgado nas redes sociais)


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Estudando O Evangelho com Sergio Daemon

O Evangelho segundo o Espiritismo

Capítulo 1 – Não vim destruir a Lei - Moisés (5) Continuando o nosso estudo sobre os Dez Mandamentos III. Lembrai-vos de santificar o dia do sábado. Santificar o dia não é fazer dele uma idolatria, pois Jesus já nos ensinava que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Devemos entender no ensino de Jesus que, na realidade, todos os dias devem ser santificados, pois a homenagem e a reverência a Deus deve ser feita todos os dias através das nossas orações. Não precisa ser exclusivamente no sábado. afetos e de-safetos do passado. Para porém fazer parte do IV. Honrai a vosso pai e a vossa mesmo torna-se necessária a mãe, a fim de viverdes longo nossa volta ao mundo corpóreo. tempo na terra que o Senhor Nesse momento surge a figura vosso Deus vos dará. dos nossos pais, sem os quais isso não seria possível. Não Aprendemos com a Doutrina podemos lhes retribuir a nossa dos Espíritos que a família é um própria vida. Por isso, devemos núcleo da Terra importante respeitá-los e dar-lhes toda a para a nossa evolução. É nele nossa atenção. Não importa se que encontramos os nossos são bons ou maus. Devemos

honrá-los e respeitá-los sempre. V. Não mateis. Recorramos mais uma vez a O Livro dos Espíritos. Na parte 3ª, capítulo VI Da Lei de Destruição encontramos a questão 746 É crime aos olhos de Deus o assas-sínio? “Grande crime, pois que aquele que tira a vida ao seu semelhante corta o fio de uma existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal.” Se antigamente pensávamos que o que ocorria era somente a morte de alguém, hoje com a resposta acima verificamos que o alcance do “matar” é muito maior pois implica na interrupção de todo um programa reencarnatório. Quantos serão aqueles que direta ou indiretamente serão afetados ou quantos trabalhos que serão in-terrompidos?

(Sergio Daemon Guimarães é integrante do Grupo Espírita Auta de Souza e Expositor da Doutrina)

O objetivo da fé (...) É a “salvação” a que se reporta a Boa Nova, por excelência. E como Deus não nos criou para a perdição, salvar, segundo o Evangelho, significa elevar, purificar e sublimar, intensificando-se a iluminação do espírito para a Vida eterna. (...) A fé representa a bússola, a lâmpada acesa a orientar-nos os passos através dos obstáculos;(...) (Vinha de Luz, lição 92 - Ojetivo da Fé - Emmanuel , psicografia de Francisco Cândido Xavier)


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Estudando os Clássicos com Eduardo Bessa

PORQUE EU SOU ESPÍRITA George Mélusson

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lá, amigos! Vamos hoje conhecer um pouco de George Mélusson (1865-1932). Ele foi criado, seguindo os passos de seu pai, como materialista. No entanto, isso não o impediu de se interessar pelo magnetismo e pelo sonambulismo. Desde os 17 anos de idade participava de tais sessões e pesquisava sobre esses assuntos. Dessa forma, chegamos ao início do século XX, mais precisamente, em 1906. Até então, ele nunca houvera tido qualquer contato com o Espiritismo. Estava ele fazendo experiências sobre lucidez sonambúlica, quando a sensitiva descreveu-lhe com minúcias um homem que estava atrás dele, mas Mélusson não o via absolutamente. De acordo com a descrição fornecida, percebeu tratar-se de seu próprio pai, há pouco falecido. Isso o deixou completamente aturdido, pois era um materialista convicto.

Após algumas tentativas, começou a conversar com a tal "aparição". O próprio comunicante afirmou-lhe ser o Espírito de seu pai. Quando Mélusson perguntou o que era um Espírito, o pai aconselhou-o a ler as obras de Allan Kardec e Léon Denis. Desde então, tornou-se espírita é um defensor extremamente atuante da Doutrina Espírita, sempre norteado pelos ensinos de Kardec. George Mélusson foi contemporâneo de nomes como: Léon Denis, Gabriel

Delanne, Albert de Rochas, Charles Richet, entre outros. É considerado o último grande espírita francês. Em 1931, na cidade de Lyon, Mélusson lançou o livro: Porque eu sou espírita (como eu me tornei espírita, como eu compreendo o Espiritismo). Nessa interessante obra, ele narra as constatações que fez, por meio de intensos estudos e experimentações, da sobrevivência da alma e da comunicabilidade dos Espíritos. Ele mesmo dizia "constatação", não "crença"; "certeza" e não "fé". Vale a pena a leitura desse pequeno livro, muito instrutivo, por sinal. Chamo, em especial, a atenção do leitor para o Apêndice do livro: Sugestões de leituras. Nele, Mélusson sugere uma relação de livros a serem lidos (começando com os de Kardec e Denis) para se ter um conhecimento aprofundado do Espiritismo. Boa leitura, amigos! Até a próxima! Fiquem com Deus!

Link: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Pesquisadores%20espiritas/Georges%20Melusson/ Georges%20M%C3%A9lusson%20-%20Por%20que%20eu%20sou%20espirita.pdf (Nesta Editoria, estudaremos as obras dos autores consideradas como os clássicos do Espiritismo Eduardo Bessa Azevedo é militante do movimento espírita de São Carlos - SP)


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Nós e o Mundo

Em Tempo Real com Nádia Maria Braga

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solidão parece ser, nos tempos atuais, um problema sério a nos desafiar. A necessidade de relacionamento, como mecanismo de afirmação, gera vários distúrbios de comportamento. Vivemos numa sociedade competitiva e altamente egoística, onde não sobra tempo para a cordialidade, a gentileza e a generosidade. Hipnotizados pela busca do sucesso, não enxergamos o outro ao nosso lado e, por isso, não oferecemos, nem recebemos apoio. A mídia nos bombardeia com os falsos valores dos ditos triunfadores. Os valores morais e a ética andam esquecidos nesse tempo, em que levar vantagem a qualquer preço passou a ser um dos valores insensatos aceitos, com naturalidade pela sociedade. O sucesso social não exige necessariamente os valores intelecto-morais, nem a força das ideias superiores. Aqueles que não alcançam o mundo fantástico do sucesso, consideram-se fracassados e recuam para a solidão, como

Relacionamentos

uma fuga dessa realidade mentirosa, resultado de nossa superficialidade, de nossa incapacidade de nos vermos como seres espirituais habitando corpos materiais. Muitas vezes nos aproximamos, buscando desenvolver laços de amizade, mas com o intento de conseguir alguma projeção social, ser notado e invejado, mas sem o calor, que a verdadeira amizade traz.

Seremos triunfadores, porque valorizaremos o amor. E, como sabemos, só ele permanece. O mundo visto nesse nível é irreal e conduz a psiconeuroses. A ausência do aplauso nos amargura. Há uma terrível obsessão de sermos amados, mas não para conquistar o amor e amar, mas para sermos objeto de um prazer passageiro. O sucesso, como passagem para a felicidade, é um dos maiores responsáveis pela solidão profunda, pelos suicídios, pelas quedas nos vícios. Isso comprova que esses invejáveis triunfadores são

pessoas tristes e solitárias. O trabalho no bem nos afasta da solidão. A solidariedade nos aproxima dos nossos semelhantes. O egoísmo nos encarcera em nós mesmos, plantando a solidão em nossas vidas. A gentileza nos abre as postas de muitos corações, enriquecendo nossas vidas, com alegria e bem-estar. A agressividade nos afasta de todo e qualquer relacionamento. É causa de desesperação de quem é obrigado a conviver com o irascível, com o ciumento. O amor não se impõe, se conquista e é uma conquista de um espírito maduro. O autodescobrimento é um passe para a conquista do verdadeiro sucesso. Cavando no mais profundo de nossa alma poderemos descobrir e avaliar nossos defeitos e observar os ganhos de nossas qualidades. Com isso nós valorizamos e valorizamos os companheiros do caminho. E a partir desse ponto não nos sentiremos mais sozinhos. Seremos triunfadores, porque valorizaremos o amor. E, como sabemos, só ele permanece.

(Nádia Maria Braga Moreira é integrante da instituição Espírita Casa de Miguel e Expositora da Doutrina)


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Estudando

à Luz da Doutrina

com Frederico Mantuano

O HOMEM INTELIGENTE

“...O homem inteligente, segundo o padrão de Jesus, é aquele que, sendo grande, sabe apequenar-se para ajudar aos que caminham em subnível, consagrando-se ao bem dos outros, para que os outros lhe partilhem a ascensão para Deus”. (do livro ‘Religião dos Espíritos’, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito Emmanuel)

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ada qual de nós tem uma missão a cumprir no decurso de cada encarnação para que através do bom cumprimento das mesmas venhamos a alcançar a elevação necessária à nossa caminhada de Espírito imortal, a fim de nos aproximarmos cada vez mais do nosso objetivo que é a perfeição. Fomos criados para tal e, todos, chegaremos lá, cada um a seu tempo conforme o esforço pessoal no seu aprendizado e testemunho dado ao longo de sua caminhada. Temos, cada um, determinado grau de amadurecimento intelectual e moral, que estão sempre a desenvolver-se em cada oportunidade reencarnatória. Alguns tem o lado intelectual mais desenvolvidos que o moral e outros, mais o moral que o intelectual; e há os que já conseguiram encontrar o equilíbrio entre o intelectual e o moral, o que é o ideal e deveriam caminhar sempre juntos. Os homens possuem nível de inteligência diferenciado; alguns são mais inteligentes e outros menos. É disso que nos fala Emmanuel na mensagem citada

anteriormente. No Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 7, Item 13, em uma mensagem do Espírito Ferdinando dada em Bordeaux, no ano de 1862, acerca da ‘Missão do homem inteligente na Terra’, ele nos diz: “Se Deus, nos seus desígnios, vos fez nascer em um meio onde pudeste desenvolver a vossa inteligência, é porque quis que fizésseis uso dela para o bem de todos; é uma missão que Ele vos dá, colocando em vossas mãos os instrumento com a ajuda do qual podeis desenvolver as inteligências retardatárias, ao vosso redor, e conduzi-las a Deus.” . Mas, como dissemos acima, a inteligência nem sempre caminha junto com a evolução moral, e a história tem nos mostrado isso ao longo dos séculos; de quantos exemplos de inteligências incomuns que tantos malefícios trouxeram à humanidade por conta de seu comportamento egoístico e ambicioso; que provocaram guerras em todos os tempos, que levaram à

desencarnação dezenas de milhões de pessoas, entre civis e militares (https://pt.wikipedia. org/wiki/Mortos_na_Segunda_ Guerra_Mundial). E, o homem, ainda, não conseguiu aprender a lição de amor passada pelo Mestre Jesus e, por isso mesmo, continua provocando as guerras geradas pelos interesses de causas as mais diversas como a supremacia do poder, a supremacia religiosa, o interesse financeiro, o domínio de uma determinada região, e muito mais. A era da sabedoria somente chegará para nós quando conseguirmos aliar a inteligência ao amor, a evolução intelectual à evolução moral. “A Inteligência é cheia de méritos para o futuro, desde que seja bem empregada. Se todos os homens, que são bem dotados em inteligência, se servissem dela de acordo com a vontade de Deus, a tarefa dos espíritos, para fazer a humanidade avançar, seria fácil.” (Mensagem citada do Evangelho Segundo o Espiritismo).

(Frederico Mantuano é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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Saúde Mental

Espiritismo & Psicologia com Orlando Ramos

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Psicologia para tempos atuais: Evangelho de Jesus

m meio a todos os processos vivenciados pela nossa humanidade, na atualidade, o Evangelho de Jesus continua sendo o lenitivo a ser utilizado para todos os males. Como afirma Amália Rodrigues, Ele aguarda-nos às reflexões devidas para que nos projete em direção ao reino de céus, que começa hoje, aqui e agora. Façamos um paralelo com a casa em construção: tudo demonstra caos e instabilidade. No entanto não estamos sós, para arrumar este ambiente, trazemos a intuição e o apoio dos benfeitores espirituais a nos instruir quanto aos próximos passos a serem dados. O Senhor Jesus afirmou: Buscai e Achareis, Batei e Abrise-vos-á; sendo esta lei análoga ao Ajuda-te a ti mesmo que o céu te ajudará que encontra consonância com o princípio do trabalho e progresso (ESSE-Cap. XXV). E de qual trabalho estamos nos referindo? Ao que pode mudar a posição que nos encontramos, muitas vezes, de confronto e inatividade com relação as questões espirituais. Essa prostração se mostra nos diversos momentos em que solicitamos o auxílio para as nossas dificuldades sem expressarmos a mínima

compreensão em relação” ao alheio”. Queremos realizar tudo ao nosso jeito. Pensamos pouco sobre consequências. Resultado: como se diz, “burros n’água”. Reflitamos um pouco mais sobre os processos da vida...há quanto tempo, temos enveredado pelos campos da maldade, da injustiça e da inconseqüência? Para citar, somente um fato na história de nossas vidas de espíritos imortais, lembremos dos quinhentos anos de escravidão que direta ou indiretamente fizemos luzir a chibata. Divaldo Pereira Franco informa que a indústria hidrelétrica de Itaipu por exemplo, serviu aos brasileiros de atenuante com relação aos débitos na guerra do Paraguai. Primeiramente com a princesa Isabel na assinatura da lei Aurea que libertou os escravos, gerando inclusive a possibilidade de transferência da chamada árvore evangélica para os rincões brasileiros. Ainda assim alguns dos resquícios prevalecem a nos alertar sobre a necessidade de amarmos indistintamente e estabelecer com a vida uma relação de felicidade, pois como já foi dito, somos infelizes quando da lei de Deus nos afastamos (questão 614- O Livro dos Espíritos). Fora os chamados

tormentos voluntários, que muito de nós criamos, a providência divina, jamais proporcionará aquilo que não seja de grande valor educativo para as nossas almas. Como afirmou o profeta Ezequiel: O pai não quer a condenação do ímpio, mas a sua salvação. Façamos a nossa parte sem queixumes, buscando a justiça de Deus e então receberemos em acréscimo...e para nos auxiliar um pouco mais nessa reflexão, lembremos o que nos diz o espírito Marcelo Ribeiro, um dos auxiliares do médium Divaldo Pereira Franco, que informa: “Somos os mesmos espíritos, algozes de ontem, transvestidos de vítimas hoje”. O mal-estar que hoje vivenciamos em nossa sociedade de consumo, nada mais é se não a conseqüência de atitudes pouco felizes em nossas trajetórias. Erramos e nos colocamos em indisposição com a Lei do Pai. Sofremos agora a incidência inexorável da vida. Não desistamos, porém, de Jesus que informou ser o caminho, a verdade e a vida. Utilizemos dos recursos da caridade, fraternidade e solidariedade e assim retomarmos ao roteiro da paz e da luz. Grande abraço amigos!

(José Orlando Ramos é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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O Ser Integral com Andréa Emília

“Orar é a respiração da Alma.” 1

A OMS (Organização Mundial de Saúde), desde 2004, preconiza 10 de setembro como “O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”. O CVV (Centro de Valorização da Vida) inspirado pela OMS, desde 2014, estabeleceu o “Setembro Amarelo”.

S

etembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, com ênfase nas formas de prevenção. Mas você deve estar perguntando: “qual a relação desse preâmbulo com o título desse artigo?” A resposta é: os itens 71 e 72 do capítulo 28 de “O Evangelho Segundo O Espiritismo”. O capítulo, que encerra o livro, tem o título “Coletânea de Preces Espíritas” e os itens 71 e 72 trata de “Prece por um Suicida”. Observemos o que Allan Kardec nos ensina com essa fala O item 71, “Prefácio”, o Codificador diz-nos que: “Jamais tem o homem o direito de dispor da sua vida, porquanto só a Deus cabe retirálo do cativeiro da Terra, quando o jugue oportuno. Todavia, a justiça divina pode abrandar-lhe os rigores, de acordo com as circunstâncias (...)”. Lembremos sempre que,

pelo princípio da reencarnação, a existência na carne é fundamental processo educativo, cujos percalços do caminho são os mecanismos da Providência Divina para desenvolvermos as potencialidades da alma, que nos farão Espíritos Superiores . O item 72 é a prece, que tem três parágrafos. O primeiro, assim, começa: “Sabemos, ó meu Deus, qual a sorte que espera os que violam a Tua lei, abreviando voluntariamente seus dias; mas, também sabemos que infinita é a tua misericórdia.(...)” Lembremos do quão grave são as consequências do autocídio ; sobretudo pelo fato da morte física não eliminar os problemas existenciais, tornando-os muito mais pungentes. Do segundo parágrafo, destacamos: “Bons Espíritos, que tendes por missão assistir os desgraçados, tomai-o sob a vossa proteção; inspirai-lhe o pesar da falta que cometeu (...).” Lembremos, agora, daquele que é o nosso guia e modelo, o (Continua na página 12)

Mestre Jesus, que pediu à Maria Santíssima que atendesse Judas Iscariotes, ajudando-o na sua recuperação como suicida e tantos quantos adentrem à Erraticidade pelas portas do autoextermínio. E aqueles que são designados por a “Legião dos Servos de Maria” estão por todos os cantos deste Planeta, à serviço da Mãe Santíssima fazendo esse trabalho magnânimo. E do terceiro parágrafo, destacamos: “A ti, cuja desgraça motiva as nossas preces, nos dirigimos também, para te exprimir o desejo de que a nossa comiseração te diminua o amargor e te faça nascer no íntimo a esperança de melhor porvir! (...)” Lembremos de ser solidário, de exercitarmos o “Amor ao nosso próximo” indistintamente, doando, através da prece, uma migalha de amor a irmãos nossos tão equivocados e em situações tão deploráveis na Erraticidade, emanando um pequenino pensamento sincero de esperança e fé na vida futura;


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Kurso de Esperanto com Eduardo Bessa

LECIONO 5 - PREFIKSOJ KAJ SUFIKSOJ (I) Saluton! Kiel vi fartas? Primeiramente (Unue), como se forma o feminino dos substantivos em Esperanto? É fácil! Usa-se o sufixo (sufikso) -in- colocado entre o radical (radiko) e a finaĵo da palavra (-o), ekzemple: knabo → knabino (menino → menina), viro → virino (homem → mulher), patro → patrino (pai → mãe) etc. (ktp.) Algumas palavras servem tanto para o masculino quanto para o feminino, ekzemple: adolto (adulto), bebo (bebê), infano (criança),

homo (ser humano), persono (pessoa). Em segundo lugar (Due), e os antônimos (maloj)? Simplesmente, usa-se o prefixo (prefikso) mal- antes do radiko da palavra (vorto). Assim (Tiel), têm-se: granda → malgranda (grande→ pequeno/a) f o r t o → malforto (força → fraqueza) bono → malbono (bem → mal) rapida → malrapida (rápido/a → lento/a) facila → malfacila (fácil → difícil) fermi → malfermi (fechar → abrir)

É importante frisar o seguinte: o prefikso malindica apenas o antônimo do radiko. Dessa forma, escrevese: avara → malavara (avarento → generoso), dika → maldika (gordo/a → magro/a) ktp. Outros três prefiksoj são usados com graus de parentesco. São eles: ge- forma o plural de ambos os sexos; bo- forma o parentesco pelo casamento; e pra- indica distância no tempo.

Jen la familianoj (Eis os membros da família): patro patrino gepatroj edzo edzino fianĉo fianĉino koramiko koramikino filo filinoj gefiloj

pai mãe pais esposo esposa noivo noiva namorado namorada filho filha filhos

frato fratino gefratoj onklo onklino kuzo kuzino nevo nevino avo avino geavoj

irmão irmã irmãos tio tia primo prima sobrinho sobrinha avô avó avós

nepo nepino praavo praavino pranepo pranepino bopatro bopatrino bofilo bofilino bofrato bofratino

neto neta bisavô bisavó bisneto bisneta sogro sogra genro nora cunhado cunhada

•FINO• (Nesta Editoria, estudaremos a lingua internacional “Esperanto”, à distância, com Eduardo Bessa Azevedo, militante do movimento espírita de São Carlos - SP)


A CHARRUA

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pois nós, espíritas, temos a convicção de que a Lei é de Progresso, que não há penas eternas; que Deus, nosso PaiCriador, é o Amor em essência, que a Sua Justiça é absolutamente misericordiosa. E se, por algum motivo, encontrarmo-nos em situação desesperadora, envolvidos pela desesperança que nos faça pensar em dar cabo da nossa existência pelo autoextermínio, entremos em estado de prece,

(Continuação da página 10 - O Ser Integral)

como nos aconselha o Espírito Emmanuel: “ (...). Nunca esmoreças, ante as dificuldades que te surjam no caminho para a vanguarda. Quando estiveres a ponto de ceder à pior rendição de todas aquela de recusar o dom da vida - detém-te a refletir em Deus que te criou para a Sabedoria e para o Amor. E Ele, cujo poder arranca a erva da semente sepultada no chão para o esplendor solar, te arrebatará

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igualmente a qualquer tribulação, a fim de que sobrepaires, além de todos os fracassos e de todas as crises, de modo a que brilhes e avances para a frente, aprendendo e trabalhando, servindo e amando, em plenitude de vida imperecível.” 1 - Frase atribuída a Mahtma Gandhi; 2 - Vide Escala Espírita – O Livro dos Espíritos, dacquestão 100 a 113; 3 - Autocídio e Autoextermínio são sinônimos de Suicídio; 4 - Texto “Aos Quase Suicidadas” – Emmanuel, psicografia de Chico Xavier; do livro “Mais Perto”;

(Nesta Editoria serão abordados temas variados sobre a saúde integral - corpo e espírito - Andréa Emília de Barros é integrante do Grupo Espírita Fraternidade Irmão Abrahão, coordenadora do 29º CEU e Expositora da Doutrina.)

‘IN’ MOVIMENTO com Maria Luiza Beltrame

N

Doutrina e Movimento Espírita

ós espíritas devemos cuidar para que a Doutrina Espírita seja preservada sempre em sua pureza original. E que no movimento saibamos vivenciar seus princípios desempenhando nossas tarefas. E para tal, necessitamos distinguir Doutrina Espírita e Movimento Espírita. Doutrina Espírita é o conjunto de princípios básicos codificados por Kardec, contidos nos livros bases: Livros dos Espíritos, Livro dos Médiuns, Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno

e a A Gênese. Já o Movimento Espírita é o conjunto de atividades organizadas pelos espíritas com o objetivo de divulgar e pôr em prática a Doutrina Espírita. Sendo esse movimento organizado pelos espíritas, seres ainda imperfeitos, é natural que o necessite de revisões para melhorar seu desempenho. Porém, isso de nada diminui sua importância, e sim o oposto, aumenta seu valor, pois nesses encontros, os objetivos são refletir, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, fazendo com que o participante

do movimento exercite a compreensão e a fraternidade. Como mencionado no texto1 “...sendo espíritos em evolução estamos sujeitos a erros. Sendo assim não devemos esperar perfeição instantânea dos adeptos ou dirigentes de qualquer religião...” Para conseguirmos êxitos nesse valoroso movimento, precisamos respeitar nossas limitações e as de nossos irmãos. Procurando fazer o melhor que pudermos, o que demanda força de vontade e bom ânimo, sempre.

1 - Espiritismo passo a passo com Kardec Christiano Torchi - p.277 a 280 ed. FEB

(Nesta seção reproduziremos textos sobre o Movimento Espírita, sua trajetória e desenvolvimento, ontem e hoje através das pesquisas de vários confrades militantes do Movimento Espírita, nesta edição contamos com a participação de Maria Luiza Beltrame, integrante do CECJMJ)


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Gente Querida! com Celso Martins

Aconteceu no meio espírita - 46 – Levei Neli, em 1974, para conhecer a redação e oficinas do C.L. Neli conheceu a todos, inclusive o Avelino, irmão do Luiz, e a dona Evelinda Martins de Azeredo, que desencarnou aos 100 anos de idade, lúcida. Quando do seu transpasse – estampei um acróstico em sua homenagem. Embora católicos, Luiz e dona Romana Torres às vezes ia ao Centro Espírita Barão de Cotegipe, na Travessa Chaves, criado e presidido pelo senhor Renato de Souza, que tocava clarineta. Desencarnou de câncer de rim, não fumante. - 47 – Estranhei o sino da Igreja Católica de Nova Iguaçu, liderado pelo padre alemão João Much badalasse quando era efetuado o sepultamento de Leopoldo, em fins de agosto de 1957 – eu presente representando o então Ginásio Iguaçuano do moreno Leonardo Carielo de Almeida e dona Elza, loira de olhos verdes. O tal ginásio foi instalado em março de 1954 por minha turma. Era o

Depoimento

desdobramento do Instituto Iguaçuano de ensino. Criado pelo casal de contabilistas supracitado, em 1944, no mesmo prédio. - 48 – Escrevi no Correio da Lavoura em violento artigo sobre o golpe de 1964.

Certo dia, vou ao jornal e o Luiz me diz que o capitão Zamith, torturador citado no livro “Tortura nunca mais”, do dom Paulo Evaristo Arns pela Editora Vozes, de Petrópolis (RJ) – eu o li de empréstimo do colega católico e lacerdista Pedro Orlando, do Colégio Estadual Prof. José Accioli. Luiz me diz que o capitão Zamith queria o endereço de um articulista que ataca o golpe. O jornalista pede que o

torturador – desejoso de dar um tiro na cara do comentarista – indique com uma caneta esferográfica vermelha onde o autor caluniou. Tudo isto Luiz me disse. Perguntei-lhe quem era o autor, pois o jornal tinha vários colaboradores como o Cid Brito, o Newton Gonçalvez de Barros e seu filho Ney Alberto, o Antenor Magalhães do Amaral (pai do politico Chico do Amaral), o Edson Fonseca Labuto, o José Jambo da Costa (escrevendo em francês), a Rozinda Martins, o Arthur Cantalice (perseguido pelo golpe), o Márcio Caulino – professor de química, exestudante de medicina, fumante e morto de câncer de pulmão aos 3 anos de idade, do Colégio Leopoldo. Luiz não me diz qual era o autor. Procuro a Dilma Ignes Cardozo, que fora colega de Neli na Escola Normal Carmela Dutra (1960) e secretária de Educação de Nova Iguaçu no interventor Júlio Borges. Dilma diz que o torturador era o José Ribamar, seu marido! E o autor era outra pessoa que não eu.

(Esta seção trará sempre um texto de Celso Martins - Série Depoimento, continua na próxima edição)


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Esflorando o Reformador

S

olicita o nosso prezado colega O Clarim, do Matão, o pronunciamento dos confrades acerca de um assunto em que, lealmente confessa, não tem ainda opinião definitiva. Trata-se de saber se devem ou não os espíritas intervir na política militante do nosso país, quer como eleitores, quer (acreditamos ser este o seu pensamento completo) como candidatos aos diferentes cargos de eleição popular. E, pois, que, em atender a tal consulta, se trata de cumprir um dever, não nos esquivarmos a ele, e aqui passamos a emitir o nosso obscuro e desautorizado parecer. Há antes de tudo a distinguir a questão de princípio e a questão de fato. Sob o primeiro aspecto, ou, como melhor diríamos, em tese não é nem pode ser defeso ao espírita o exercício da atividade política; ao contrário, sua intervenção em tal sentido seria das mais benéficas a marcha geral dos negócios de seu país. Porque, sendo a política a arte de governar os povos, mais bem governados serão eles pelos homens que melhor noção possuírem tanto dos seus deveres espirituais como das suas responsabilidades e obrigações, assim na esfera

Os espíritas e a política (I) privada, ou íntima, da família, como na comunhão social, política, etc. e o espírita, pela luz que recebeu e pelos contínuos esforços que deve fazer por se aperfeiçoar, estará, melhor que qualquer outro, em semelhantes condições. Daí se segue que, quando o espiritismo se generalizar pelas classes dirigentes, estará assegurada maior felicidade e bem-estar ao povo, cujas as legítimas necessidades serão carinhosamente atendidas e cujos direitos serão escrupulosamente respeitados, sem esquecer, por outro lado, que, com a penetração das ideias espíritas nas camadas dirigidas, isto é, do próprio povo, este melhor também saberá obedecer às leis e cumprir os seus deveres, em todos os sentidos. E assim se estabelecerá a harmonia e estará de fato implantado o tão sonhado regímen da «liberdade, igualdade e fraternidade», a que tem faltado a base moral que só o espiritismo lhe dará. Destas premissas resulta ainda que, em princípio, não somente é licito aos espíritas intervir na esfera política, como é para desejar que aí se faça quanto antes sentir a sua eficaz preponderância. Antes de passar adiante, sejanos permitido fazer aqui uma (Continua na página 15)

ressalva. Assim nos pronunciando, não temos de modo algum em vista pretender que o Espiritismo, ou os espíritas, sob a invocação de sua crença, se constituam algum dia em partido político. Deus nos livre de tal. O que queremos dizer é que, agindo como cidadãos e não como crentes, militando sob a bandeira desta ou daquela agremiação política, com um programa, ideias e reformas a realizar, os espíritas ali levarão, convertendo em atos, na prática, os salutares benefícios de suas convicções Morais ou religiosas. Resolvida assim a questão de princípio, examinemos agora a questão de fato, ou de oportunidade. *** Importa saber se no atual momento histórico da nossa pátria convém, ou mesmo se é possível, aos espíritas o exercício das funções e dos direitos políticos. A resposta não pode deixar de ser subordinada a um certo número de condições ou de apreciações, que assim formularemos, acompanhandoas das conclusões que naturalmente comportam: No regímen democrático, representativo, como o que temos adotado, a base fundamental de todo o


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(Continuação da página 14)

mecanismo político é o voto, ou, em linguagem pomposa, o exercício da «soberania popular». A beleza desse regímen consiste em que o povo, considerado, pelo menos virtualmente, emancipado e com capacidade para influir soberanamente em seus próprios destinos, governa-se a si mesmo, mediante a livre escolha de delegados de sua confiança, desde o círculo das municipalidades até a mais alta magistratura da nação. Daí a sedutora formula «governo do povo pelo povo». E para que ela seja uma realidade, cumpre que o voto seja realmente livre e, mais que isso, inviolável no seu pronunciamento. Ora, que se passa entre nós a esse respeito? Ignoramos se em algumas localidades do interior, onde a pureza de costumes cria mais sólidas e extensas raízes do que nas grandes capitais, ainda se pratica, imperfeitamente embora, como sempre, a «verdade eleitoral». Mas o que sabemos, pelo que tem ocorrido nesta cidade, como nos principais estados da República, é que a apregoada soberania popular chegou a tal extremo de sofisma, de burla e desembaraçada fraude que os mais otimistas tem acabado por se afastar das urnas, inteiramente

desesperançados. Perderam-se todos os estímulos; já não vale a pena fazer o sacrifício de ir votar, uma vez que as eleições são fabricadas nas casas ou sob as instruções dos chefetes políticos, mediante a sossegada falsificação das respectivas atas. Nestas condições, deve o espírita prestar-se ao ridículo de solicitar sufrágios, como candidato a algum cargo eletivo, ou, como eleitor, comparecer às urnas, sabendo diante-mão que o seu voto não será contado, porque os «eleitos» já estão previamente designados pelos diretores políticos, únicos verdadeiramente soberanos? Dir-se-á que ao menos ficará o seu tácito protesto e que terá ele cumprido o seu dever. Não o desconhecemos; e a nosso ver não será digno de censura o espírita que se contentar com essa platônica satisfação a sua própria consciência. Examinemos, porém, um outro aspecto da questão. Admitamos por um momento que, na ausência da indicada fraude, que nesta capital já adquiriu foros de cidade, um candidato espírita consegue realmente, pelo seu prestígio, pelo seu valor, fazer-se eleger, fora das influências políticas locais. Que terá com isso adiantado? Não será (Continua na próxima edição)

reconhecido, verá esbulhado o seu legítimo direito, uma vez que ainda hoje, como sob o regímen monárquico (em muito menor escala, contudo, para honra sua) ainda não foi abolido o sistema do «rodízio», ou do terceiro escrutínio, como se denominava. Não vimos ainda recentemente no Congresso «o caso da Bahia», em que mais de um diploma legitimamente conquistado nas urnas foi rasgado na face dos seus possuidores, porque assim convinha as vistas e aos interesses dos políticos senhores da situação? Pergunta-se então: convém ao espírita, que deve procurar cercar-se de todas as condições propícias a serenidade de ânimo e ao cultivo dos sentimentos bons, expor-se a tais decepções, aos indignados assomos que podem sublevar lhe n’alma esbulhos semelhantes? Não será mais prudente abster-se, pois que os fatos aí estão como salutares advertências, e aguardar melhores tempos? Ou ser-lhe-á licito, em nome da ambição política, hoje menos nobre do que nunca, dada a situação anormal que assinalamos, transigir, submeterse, adaptar-se aos processos em uso, para galgar as posições? — Mas nem sequer discutível se nos afigura esta hipótese. ***

(Texto Retirado do Reformador de 15 de Fevereiro de 1908, seção “Doutrina” - páginas 49 a 52 - atualizado pelo acordo ortográfico) (Nesta seção relembraremos as matérias, notícias e informações, dessa fonte maravilhosa de conhecimento que é a Revista Reformador, editada pela FEB - Federação Espírita Brasileira, Casa Máter do Espiritismo no Brasil, desde 1883.)


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Conversando com Chico Os Suicidas

(...) devemos respeitar os suicidas como criaturas extremamente sofredoras que, muitas vezes, perderam o controle das próprias emoções, raiando para o desrespeito a si próprios. Os resultados do suicídio acabam sempre impressos naqueles que o perpetram;(...) Não decorrem de um castigo de Deus, porque Deus é a Misericórdia Infinita, a Justiça Perfeita. (...) quando atentamos contra o nosso corpo, na Terra, ferimos as estruturas do corpo espiritual. Infringimos a nós mesmos essas punições. (Retirado do livro “Entrevistas” - Ed. IDE- Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP)

Relembrando Espiritismo

O

Espiritismo é D o u t r i n a essencialmente construtiva e não demolidora, por isso mesmo é uma grande força reformadora, pelo método positivo. A nossa tarefa é construir somente. Edifiquemos o bem, embora penosa e lentamente, para que o mal desapareça, deixando aos outros a tarefa de demolir. Destruir é fácil e rápido, mas nos põe em afinidade com a violência. Assim Ismael Gomes Braga põe em evidência a condição do espírito cristão, cuja tarefa é construir, mesmo quando se lhe deparam grandes dificuldades. O Espiritismo constrói em cada criatura, um mundo de belas realidades e fiéis

Pautila Barbosa

trabalhos ao bem. Desfrutamos ao seu clarão, da força poderosa de espantarmos as trevas. A doutrina é um bem que se implanta fortemente, esmagando a residência do mal. Assim, as nossas tarefas só se tornam pesadas quando, ao

toma-las, não sentimos a vibração de Esperança, que nos torna capazes de resistir aos maiores tropeços, levantarmo-nos e novamente continuar seguindo, mesmo que as densas trevas dos nossos pecados sejam a nossa maior dificuldade. Por isso, os espíritos, mensageiros de Jesus, forçam com o seu trabalho incansável, a sua dedicação ao bem, as portas emperradas e enferrujadas dos nossos corações, batendo incessantemente para que ao toque continuando dos deveres cristãos bem cumpridos, possamos escancará-las à caridade. Repetimos como um nosso companheiro: — Espiritismo é Caridade.

Textos retirados de “O Espelho”- Órgão Noticioso da Juventude Geny Maia - Ano IV - Setembro - 1957 - nº 13


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