A charrua 59ª edição

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Ano XIII - 59 ª Edição - Mai/Jun/2017- Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária

Editorial

A Doutrina Espírita Explica... Instrução e Educação

“Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.”

N

(Espírito de Verdade, Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV item 5)

ão em poucos momentos somos chamados ao aprimoramento do nosso entendimento em relação a muitas coisas. A própria Doutrina Espírita nos conclama através do amai-vos e instruí-vos à buscarmos a nossa evolução através das duas asas chamadas amor e sabedoria. O primeiro, nos ilumina por dentro através do bem que fazemos aos nossos semelhantes. O segundo, no processo inicial da instrução, do conhecer, promove paulatinamente as reflexões, tão necessárias, para que as conquistas morais e intelectuais, caminhem juntas modificando nossas ações e assim promovendo a nossa educação, “não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém à educação moral pelos livros e sim à que consiste na

arte de formar os caracteres, à que incute hábitos”¹, como também nos diz Emmanuel: “A instrução é, sem dúvida, a milagrosa alavanca do progresso. Sem ela, perseveraria a mente humana nos resvaladouros da ignorância, confinada à miséria,

“Mas não basta esclarecer a inteligência, repetiremos ainda e sempre. É imprescindível aperfeiçoar o coração nos caminhos do bem. ” à ociosidade, à indigência e ao infortúnio, através da delinquência na praça pública e da correção na penitenciária. Mas não basta esclarecer a inteligência, repetiremos ainda e sempre. É imprescindível aperfeiçoar o coração nos caminhos do bem. ”² Talvez por isso que o Espirito de Verdade coloca em (Continua na página 2)

primeiro lugar o “amai-vos”, para que não percamos tempo nas inversões de valores tão comuns em nossas relações diárias, ficando sem rumo, à deriva na jornada em busca da nossa evolução. Sabemos que para espíritos de terceira ordem, como nós, as conquistas intelectivas tornam-se mais fáceis e que delas decorrerá o progresso moral. O desenvolvimento da inteligência promoverá gradativamente o crescimento do livre-arbítrio e consequentemente a reponsabilidade dos nossos atos, e só com o passar do tempo que ambas se equilibrarão.³ Ciente de nossas limitações evolutivas, o Senhor Jesus, prima em sua mensagem nos dar todas as condições para que possamos promover a nossa evolução espiritual. É no cultivo da educação moral, que


Ano XIII - Nº 59

CECJMJ

Centro Espírita de Caridade Jesus, Maria e José

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Estude e Viva! com Raul Teçá Dicas para uma boa leitura

(“Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação intima, à frente do universo e da vida, deve e precisa estudar” - Emmanuel) (“(...) recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação” - Emmanuel)

Reuniões Públicas: Segundas-feiras às 20:00 horas e Sábados as 18:00 horas Estudos das Obras Básicas: O Evangelho Seg. o Espiritismo e O Livro dos Espíritos; Quartas-feiras das 19:00 às 20:00h Estudo Sistematizado: sábados das 16:30 às 17:45horas Evangelização Juvenil - JEGM: sábados das 16:30 às 17:30horas Evangelização Infantil - 24 de Abril: sábados das 18:00 às 19:00horas

Atividades 14h às 16h

TRABALHOS MANUAIS Terças-Feiras: Bordados Quartas-Feiras:Crochê e Pintura

Sábados - 11:00 horas Serviços de Assistência e Promoção Social

Mais Informações: cecjmj@gmail.com ou pela nossa página no Facebook

Expediente

Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária do CECJMJ Fundado em Agosto de 2003 R. Bangu, 141 Bangu - RJ -CEP 21820-020 Email: cecjmj@gmail.com Edição - DSAD Ano XIII - 58º Edição - Mar/Abr/2017

Para enriquecer o assunto que abre a presente edição, sugerimos algumas leituras muito interessantes, e que temos a certeza de contribuirão para importantes reflexões. A primeira delas é o livro “O Mestre na Educação”, de Pedro de Camargo (Vinícius) – editado pela FEB. O segundo, “A Educação à Luz de Espiritismo”, de Lydienio Barreto Menezes, editado pelo CELD; e a terceira é um livro excelente de Dora Incontri, “A Educação segundo o Espiritismo, editado pela

Comenius. Existem uma infinidade de obras e textos que poderíamos incluir, além das que foram utilizadas para elaboração do trabalho apresentado, contudo não faltará oportunidade de mencioná-las, pois com certeza, ainda temos muito o que estudar e nos envolver com esse tema, pois como nos diz Vinícius: “O senso da vida sendo, com é, a evolução, há de ser pela autoeducação que se consumará: «sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito».”

(Raul Teçá é militante do Movimento Espírita)

(Continuação da página 1 - Editorial - A Doutrina Espírita Explica...

conseguiremos um dia, a nossa libertação. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Todo o mal que ainda impera em nosso orbe, é fruto das inteligências cultas, porém, desprovidas de senso moral.⁴ Sendo assim, para que a instrução se transforme em educação, imprescindível seja acompanhada deste senso moral, que nada mais é, que “a moral pura, universal e imutável conforme foi ensinada e exemplificada por Jesus-Cristo”. ⁵ Enquanto os conhecimentos somente ilustrarem as nossas

mentes, estaremos no processo apenas de instrução. Alcançaremos a verdadeira educação, quando os conhecimentos adquiridos, transformarem os nossos pensamentos, sentimentos e atitudes. Referências: 1-Livro dos Espíritos – observação de Kardec na pergunta 685; 2-Alvorada cristã - prefácio com o mesmo nome, de Emmanuel; 3-Livro dos Espíritos – Marcha do progresso; 4-Tempo de Transição – cap. 18 – Juvanir Borges de Souza; 5-O Mestre na Educação – Lição 12 – Pedro Camargo (Vinícius).


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Estudando Mediunidade com Joaquim Couto

Assistência Espiritual

“O médium, que deseja continuar a receber a assistência dos bons espíritos, deve trabalhar para o seu próprio aperfeiçoamento; aquele que quer ver a sua faculdade crescer e se desenvolver deve evoluir moralmente, e abster-se de tudo o que poderia afastá-la do seu objetivo providencial”

O

(cap. 28, item 9, O Livro dos Médiuns - Allan Kardec)

bservamos as seguintes recomendações feitas por Allan Kardec: 1- A necessidade de o médium buscar o seu próprio aperfeiçoamento para que possa estar sempre sob a proteção espiritual dos bons espíritos. 2- Para que a sua faculdade cresça e desenvolva-se, deve evoluir moralmente. 3- Abster-se de tudo o que poderia afastar a sua faculdade do seu objetivo providencial. São orientações seguras feitas com o objetivo de ajudar o médium a caminhar com mais segurança e equilíbrio na sua trajetória evolutiva, evitando dessa forma que venha sofrer amargas decepções. Portanto os estudos

doutrinários oferecidos pelo centro espírita lhe oferecerão os conhecimentos necessários para que possa tornar-se um médium consciente do seu papel na sociedade em que vive.

O estudo também lhe mostrará as necessárias correções a serem feitas na sua maneira de pensar, sentir, de ver o mundo e aqueles com os quais conviva, ajudando-o a ser tornar um espírito melhor e mais identificado com as leis de Deus. Dessa forma se tornará um instrumento maleável e cada vez mais confiável aos espíritos superiores que se servirem das suas faculdades mediúnicas. Dessa forma quando retornar ao plano espiritual, o médium que procurou fazer esses esforços, buscando a sua melhoria espiritual, chegará em melhores condições, possibilitando assim pelo que semeou através da sua mediunidade, um futuro com mais paz de consciência pelo dever bem cumprido.

(Joaquim Couto é integrante do Centro Espírita Leon Denis e Expositor da Doutrina)

Não reclame. Reclamar vira hábito. Embota as qualidades que você tem. Tolhe a sua grandeza de espírito e impede o aparecimento da sua paz. Quando você reclama é como se estivesse dizendo para Deus que não aceita a vida ou a lição que Ele lhe dá. Reajuste, pois, o deu pensamento e evite a reclamação. Ante o que não gosta, silencie e reflita. Aceite a vida. A reclamação aprofunda a insatisfação.

(Retirado do livro “Sementes de Felicidade” - lição 126 - Lourival Lopes - Ed. Otimismo)


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O Livro dos Espiritos com Paulo Antonio

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Louvado seja Deus, louvado seja Jesus. 2ª parte: Mundo espiritual ou dos Espíritos cap. IV - Pluralidade das existências Semelhanças físicas e morais (pergs. 207 a 214)

u m a s s u n t o q u e missão desenvolver os Espíritos seus conselhos o dirijam por n o s p r o p o r c i o n a de seus filhos pela Educação, um caminho melhor, e Deus na profunda meditação sobre principalmente a moral. Isto sua bondade infinita o atende, o r e l a c i o n a m e n t o e o s constitui para eles uma tarefa; proporcionando progresso para compromissos que agendamos se falharem serão culpados. ambos. Como também os maus com os atuais familiares e Grande responsabilidade para filhos são uma provação para os agregados. o progresso que a Providência pais, oportunidade de verificação Em relação a semelhança física Divina nos oferece. Muitas vezes de aprendizado dos próprios, e moral, os Espíritos Superiores sem esquecer o agendamento são taxativos ao afirmar que solicitado na erraticidade. os pais transmitem aos filhos O ut ra const at aç ão, a apenas a semelhança física, semelhança de caráter que porque o corpo procede do muitas vezes existe entre dois corpo, quanto a moral , não irmãos, principalmente gêmeos. ,o Espirito não procede do Não proporcionado pela matéria, Espirito, os pais e os filhos têm como já sabemos, o corpo não almas ou Espíritos diferentes procede do corpo, é, sim, devido , são individualidades com a Espíritos simpáticos que se experiências e conquistas de aproximam por analogia de diversas existências ,juntos sentimentos e que se sentem ou não., mas algumas vezes felizes por estarem juntos, notamos semelhanças morais entretanto não é uma regra entre eles, porém isso é devido que os gêmeos tenham de ser serem Espíritos simpáticos, nos surpreendemos ao vermos Espíritos simpáticos. Espíritos atraídos pela similitude de suas pais bons e virtuosos gerando maus podem querer lutar juntos inclinações, não esquecendo que filhos de natureza, índole, no teatro da vida, daí aversão podem ser boas ou más. perversa, então indagamos como existente entre eles. Porém as Agora, sobre a influência as boas qualidades dos pais, histórias de crianças lutando no que os Espíritos dos pais não são suficientes para atrair seio materno, são lendas; isto podem exercer sobre os dos um bom Espirito e achamos significa quão antigo era o ódio filhos, após o nascimento injusta tal circunstância, ficamos que reciprocamente se votavam. destes, principalmente na através do estudo (209), que Em geral, não levem em conta as Infância, é muita grande, pois um mau Espirito pode pedir imagens poéticas nos advertem os Espíritos dos pais têm por bons pais, na esperança de que os Espíritos. Até a próxima oportunidade! Que Deus nos abençoe! (Paulo Antonio de A. Barbosa é militante do movimento Espírita e Expositor da Doutrina)


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Estudando O Evangelho com Sergio Daemon

O Evangelho segundo o Espiritismo

Capítulo 1 – Não vim destruir a Lei - Moisés (3) or tudo o que chega recebe estas Tábuas é mais até nós sobre Moisés, uma demonstração da sua podemos seguramente afirmar mediunidade que certamente que o mesmo era um grande serviu de base para que os médium de efeitos físicos. Ele Espíritos Superiores pudessem já o havia demostrado antes de produzir o fenômeno da se retirar do Egito com o seu pneumatografia, ou escrita povo. direta.

P

De acordo com o livro bíblico de Êxodo, Moisés conduziu os israelitas que haviam sido escravizados no Egito, atravessando o Mar Vermelho dirigindo-se ao Monte Horebe, na Península do Sinai. No sopé do Monte Horebe, Moisés ao receber as duas “Tábuas da Lei” contendo os Dez Mandamentos de Deus, estabeleceu solenemente um Pacto (ou Aliança) entre YHVH e o povo de Israel. Moisés recebe de Deus os

Dez Mandamentos, conforme descrito em Êxodo, 20, 2 a 17. Os mesmos são repetidos novamente em Deuteronômio, 5, 6 a 21, usando palavras similares. A forma

como

Moisés, com a tábua dos Dez Mandamentos, abriu o caminho para influir em toda a legislação humana, pois apresenta um código de ética e moral a ser seguido. Abre ainda caminho para a chegada mais tarde da moral cristã. Jesus, pela sua pregação evangélica, dá prosseguimento aperfeiçoando a sua obra. Hoje a Doutrina dos Espíritos vem consolidar a sua implantação.

Passemos a seguir ao estudo Moisés dos Dez Mandamentos.

(Sergio Daemon Guimarães é integrante do Grupo Espírita Auta de Souza e Expositor da Doutrina)

Conversando com Chico A felicidade No seu entender, qual a fórmula de ouro que nos permitiria ou nos permitirá viver relativamente felizes e em paz neste mundo? Estamos certos de que não existe outra fórmula mais exata para sermos felizes, além da “regra de ouro” iluminada pela mensagem de Cristo: “AMAIVOS UNS AOS OUTROS, TAL QUAL VOS AMEI”. (Retirado do livro “A PONTE - Diálogos com CHICO XAVIER” - Fernando Worm - Porto Alegre - RS)


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Estudando os Clássicos com Eduardo Bessa

Mediunidade: Vida e Comunicação

C

José Herculano Pires

aros irmãos e irmãs, visitemos, novamente, as obras de José Herculano Pires. Nas palavras de Emmanuel, “o metro que melhor mediu Kardec”. Falemos um pouco do livro Mediunidade: Vida e Comunicação. Com base na sua própria experiência no trato com a mediunidade e, principalmente, nos ensinos de Kardec, o autor conceitua e comenta diversos tipos de mediunidade e faz uma análise geral dos problemas encontrados na prática mediúnica. De fato, nesse livro Herculano Pires enfoca, com muita propriedade, importantes escolhos advindos da mediunidade sem Kardec e sem Jesus. Temas como vampirismo, obsessão e desobsessão são por ele visitados.

O estudo desse tema (mediunidade) necessariamente se impõe a todos nós, pois queiramos ou não, acreditemos

ou não, permanentemente trocamos pensamentos com encarnados e desencarnados. Como lemos na resposta dos Espíritos à pergunta 459 de O

Livro dos Espíritos: Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”. Nessa leitura quase que obrigatória (porque a Doutrina Espírita não nos obriga a nada), Herculano Pires deixa claro o papel fundamental da mediunidade: “O Espiritismo é uma doutrina que abrange todo o Conhecimento Humano, acrescentando-lhe as dimensões espirituais que lhe faltam para a visualização da realidade total. O Mundo é o seu objeto, a Razão é o seu método e a Mediunidade é o seu laboratório.”. Esperamos que todos tenham uma boa leitura. Até o próximo número. Fiquem com Deus!

Link: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/ Herculano%20Pires/13/Herculano%20Pires%20-%20Mediunidade.pdf (Nesta Editoria, estudaremos as obras dos autores consideradas como os clássicos do Espiritismo Eduardo Bessa Azevedo é militante do movimento espírita de São Carlos - SP)

A obra supracitada faz parte de uma coleção de estudos doutrinários denominada “COLEÇÃO CIENTÍFICA EDICEL” A Ciência Espírita Apresentada pala Primeira vez numa série de livros de grandes cientistas.


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Nós e o Mundo

Em Tempo Real com Nádia Maria Braga

M

oisés recebeu de Deus a missão de libertar o povo hebreu do cativeiro no Egito. Hebreu criado como um príncipe egípcio, por essas peças que a vida nos prega e que só mais tarde entendemos a razão, teve como missão levar o seu povo até Canaã, a terra prometida por Deus a Abraão, o patriarca dos Hebreus. Um homem bom e justo, segundo o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. Moisés recebeu os Dez Mandamentos, em extraordinário fenômeno de escrita direta sobre a rocha e criou outras leis, para poder levar seu povo a um futuro melhor, fundado na fé no Deus Único. Eis a primeira revelação. Tivéssemos nós obedecido essas leis e certamente hoje já teríamos um mundo melhor. Respeitaríamos mais a vida, não cobiçaríamos as posses de nossos irmãos, não roubaríamos e nem adulteraríamos, por exemplos, o leite, os remédios, o asfalto, o concreto, etc. Não existiriam asilos e orfanatos, porque honraríamos pai e mãe e a família seria sagrada, para cada um de nós. Mas somos duros de coração. Precisamos de muitas e muitas lições. A dor precisa nos visitar com frequência, para que aprendamos. Mas Jesus tem uma grande missão como Governador da Terra: libertar-nos de nós mesmos, de nosso orgulho e egoísmo. Com isso

Revelações surge a segunda revelação. Ele próprio descerá a matéria para nos trazer a Boa Nova, O Evangelho, para nos guiar com mais segurança. Veio nos dizer que o Deus guerreiro e vingador de Moisés não passava de uma interpretação errônea e, que na verdade, Deus era um Pai Amoroso e Justo. Jesus veio falar sobre o amor e o perdão. Veio nos dizer que somos um misto de sombra e de luz. Que em nós habita um imenso poder: as marcas de Deus em nós, seus filhos. Filhos da luz! Por isso nos pediu que déssemos a outra face àquele que nos ferisse em uma face. Quem fere está cheio das sombras da inveja, da mágoa, do ódio, do orgulho. Devemos então oferecer a face da luz do amor, da luz do perdão, da luz compaixão. Jesus nos disse que fizéssemos brilhar nossa luz. Finalmente nos revelou: sois deuses. Ele confiava e confia em nós. Mas, ainda, restava a necessidade do Consolador, conforme nos predisse Jesus. Aquele que viria restaurar tudo aquilo que Ele nos dissera e que fora adulterado e explicar o que Ele não pode explicar devido ao nosso pequeno grau de evolução. Eis que dos céus fazem-se ouvir as vozes poderosas, rasgando os véus e bradando: “ Ainda vivemos! ” Eis que surge o Consolador, a

terceira revelação de Deus. Por todo mundo o invisível abraça o visível, num abraço fraternal. O Universo se unifica. Deus Pai agora também é um Deus justo. Somos verdadeiramente irmanados pela Justiça Divina. São inúmeras as moradas na casa do Pai. Finalmente entendemos! Que beleza!! Não morremos! Nunca somos condenados! São infindáveis as oportunidades de aprendizagem. Reencarnação! Vetor a nos direcionar para o mais alto em direção a Deus. Nos enquadramos nas leis que regem o mundo. Lei de ação e reação. Causa relacionada sempre aos efeitos. Estava explicada a aparente injustiça social. O caos não é criação divina é resultado de nossa ignorância, de nossa infância espiritual. Agora entendemos: não seremos libertados das prisões da culpa e do remorso até que paguemos o último ceitil. Por nossos pensamentos e atos somos os arquitetos de nós mesmos. Allan Kardec junto a um imenso conjunto de espíritos abnegados, encarnados e desencarnados, pesquisa, analisa, coordena, compila e nos presenteia com a luz, com a justiça, com a consolação, com a fé raciocinada e principalmente com a esperança. Salve os 160 anos do Livro dos Espíritos!!!!!

(Nádia Maria Braga Moreira é integrante da instituição Espírita Casa de Miguel e Expositora da Doutrina)


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Estudando

à Luz da Doutrina

com Frederico Mantuano

V

ivemos em um ‘Mundo de Expiações e Provas’ e a DOR e o SOFRIMENTO ainda fazem parte do nosso aprendizado como Espíritos Imortais que somos. Graças ao nosso nível de evolução moral, Espíritos ainda, por vezes, recalcitrantes na prática do mal, viemos ao longo de nossas muitas encarnações praticando equívocos, causando danos aos nossos irmãos e, por vezes, a nós mesmos que necessitam ser reparados em algum momento de nossa caminhada. Eis que, quando chega a hora do ajuste com a Lei Maior, manifesta-se, em nós, a DOR e o SOFRIMENTO. São elas como que despertadores para a nossa alma adormecida pelas nossas más inclinações. Despertandonos a fazer uma revisão nos nossos procedimentos. O que posso ter feito ou deixado de fazer que tenha me levado a uma determinada condição de estar passando por situações de tanta dor e sofrimento. Tudo tem uma razão de ser, tem uma causa, tem uma origem. E, geralmente, a causa está em nós próprios, no nosso comportamento. Somos os

A Dor - Por que Sofremos? responsáveis perante a Lei de Deus por todos os nossos atos, palavras e pensamentos, bons ou maus. Os bons fazem-nos crescer, evoluir, enquanto que os maus arrastam-nos, por vezes, para equívocos cada vez maiores em que vamos afundando em um lodaçal e o despertar para uma nova realidade de vida é inexoravelmente feito através do Aguilhão da dor, do sofrimento, a despertar-nos para uma transformação do nosso comportamento equivocado tornando-nos criaturas melhores. Aprendemos em cada oportunidade na escola da vida imortal. A cada encarnação vamos acordando para a nossa necessidade de evoluir, pois, todos nós, invariavelmente, desejamos ser felizes; e essa felicidade plena só será alcançada quando chegarmos à condição de espíritos puros, que são aqueles que “gozam de inalterável felicidade, porque não estão sujeitos nem às necessidades, nem às vicissitudes da vida material...” (Livro dos Espíritos, questão 113). A Doutrina dos Espíritos

veio no momento certo esclarecer a todos nós, que abrimos os olhos para as verdades contidas nos seus ensinos, que nada mais são do que o Cristianismo redivivo, ‘os ensinos do Mestre Jesus trazidos a lume pelo Espírito de Verdade’, que para deixarmos de sentir dor e de sofrermos é necessário que nos empenhemos em modificar o nosso comportamento, adotando os preceitos evangélicos do Cristo de Amor na nossa vida de relação com nossos irmãos, praticando o bem, exercitando a caridade e a fraternidade. Essa postura pode ser tímida, inicialmente, mas à medida que vamos praticando-a, diariamente, em todos os momentos, ela vai se tornando cada vez mais espontânea, natural, sedimentando esses novos valores em nossa vida como Espírito Imortal habilitandonos, cada vez mais, a patamares mais elevados na escala evolutiva, tornando-nos, então, um dia, Espíritos Puros, “... mensageiros e ministros de Deus...” (Livro dos Espíritos, questão 113).

(Frederico Mantuano é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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Saúde Mental

Espiritismo & Psicologia com Orlando Ramos

E

m sua magnanimidade, o Pai, criador de todas as coisas, como ficou expresso na resposta da questão número um de O Livro dos Espíritos, dotou-nos de grandes possibilidades de ascensão em direção ao progresso. Apesar disso, nessa marcha, e em diversos momentos, negligenciamos os valores colocados por Deus em nossas almas. Como o livre arbítrio é jurisdição divina, o Pai reconhece-nos nas escolhas e nas responsabilidades que devemos assumir. Ele jamais desconsidera oportunidades mesmo com todos os deslizes de seus filhos, amparando com o amor de sua misericórdia. Sendo assim a atuação do plano superior se fez e faz presente em todos os tempos, nas mais variadas formas de auxílio. Reflitamos no exemplo de Jesus: Puro, da ordem dos espíritos felizes, fez-se carne entre os homens, trazendo o Evangelho (boa nova de alegria), para servir de auxílio e alavancar o progresso da humanidade através da Lei de Amor. Conjuntamente aos engenheiros siderais e toda uma plêiade de entidades dos

Sós ou acompanhados? (2) mais longínquos orbes a lhe auxiliarem, tamanha seria a empreitada a realizar, precisou buscar nos recônditos de sua alma as últimas referências de encarnações materiais. No aspecto biológico, foi precisas pelo menos quatorze gerações para que o cromossomo y (caráter masculino), pudesse

estar pronto para receber a grandiosidade de uma alma que já vivia entre as constelações, e em estado vibracional incalculável para nossa humanidade. Adensou seu estado vibratório num período estimado de mil anos, e ainda assim como nos informa o espírito Ismael através da mediunidade de Izoldino Rezende na obra Estrela de Luz, era possível perceber quando encarnado, no seu suor, gotículas de sangue tamanho era o estado

vibracional deste Espírito, porquanto lhe sofria o corpo a injunção. Com isso queremos ressaltar o quanto o universo é solidário com todas as questões relacionadas a Lei de Progresso, não estamos sós. Em vários momentos da história humana, foram descritos fatos de aparições vindas do céu. Em Reis no antigo testamento, capítulo dois, versículo onze é descrito que o profeta Elias fora arrebatado por uma carruagem de fogo e elevado aos céus. Numa linguagem mais atual, abduzido! Jonas assim como é descrito, passou três dias e três noites no interior de uma baleia quando em missão em Nínive na Babilônia. Alegorias a parte, sabemos que na garganta de uma baleia apenas passam sardinhas e plânctons...mesmo assim prefere-se a insipiência de uma linguagem figurada (Paulo afirmou que a letra mata, mas o espírito vivifica) a pensar e aceitar a racionalidade dos fatos e suas evidências. Inúmeros povos e em diversas culturas houve relatos dos chamados objetos não identificados (OVNIS)... (continua na próxima edição)

(José Orlando Ramos é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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O Ser Integral com Andréa Emília

“Qual a Sua parte?”

“Portanto, sede vós perfeitos, como é perfeito vosso Pai Celestial.”

“P

ortanto, sede vós perfeitos, como é perfeito vosso Pai Celestial”, versículo que encerra o capítulo V do Evangelho de Mateus, que é a primeira parte do Sermão do Monte, e serviu de inspiração a Allan Kardec para dar título ao capítulo XVII de “O Evangelho Segundo O Espiritismo”. Mas, qual o significado de perfeição, nesse contexto? Os Evangelhos são traduções do grego antigo. A palavra grega traduzida como perfeito é ‘teleios’. Na lógica grega, a perfeição é algo de ordem funcional, como explica o teólogo William Barcley, em seus “Estudos Diários da Bíblia”: “A ideia grega de perfeição é funcional. Uma coisa é perfeita se realiza plenamente o propósito para o qual foi planejando, projetado e feito. Na verdade, esse significado está envolvido na derivação da palavra: ‘Teleios’ é o adjetivo que se forma do nome ‘Telos’ que quer dizer fim, propósito, objetivo meta. Uma coisa é ‘teleios’ se cumpre o propósito para o que foi planejado; uma pessoa é perfeita se cumpre o propósito para o

(Evangelho de mateus, V:48)

qual foi Criada”. Todos os Espíritos são imortais, criados por Deus “à Sua imagem e semelhança”¹ , ou seja, fadados à perfeição relativa, porque absoluto só Deus é. Todavia, a Doutrina Espírita ensina que “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isso é, sem saber (...)”², tendo necessariamente que passar por diversas

encarnações até atingir “a perfeição e Deus faculta os meios de alcançá-la, propondo-lhe as provações da vida corporal” ³. E “as provações da vida corporal” tem na vida de relação, na convivência social, em todos os seus níveis, os melhores meios de colocarmos em prática “ o propósito para que fomos criados”, que é a “Missão do Homem Inteligente na Terra”: “(...) Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver

a vossa inteligência é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondovos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele”. – O Evangelho Segundo O Espiritismo, cap. VII, item 13. O que nos lembra outra passagem de “O Evangelho Segundo O Espiritismo” 4 : “A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta. (...). Unicamente no contato com seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele que, pois, se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso de aperfeiçoarse; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta”. Por esse prisma, a atual reencarnação, num momento planetário tão conturbado, é um presente de Deus: oportunidade única para darmos um salto qualitativo em nosso progresso moral. Então, façamos a nossa parte... 1 . Gênesis, I:27 2. O Livro dos Espíritos, questão 115 3. Idem, questão 171 (Nota de Allan Kardec) 4. O Evangelho Segundo O Espiritismo, cap. XVII – item 10

(Nesta Editoria serão abordados temas variados sobre a saúde integral - corpo e espírito - Andréa Emília de Barros é integrante do Grupo Espírita Fraternidade Irmão Abrahão, coordenadora do 29º CEU e Expositora da Doutrina.


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Kurso de Esperanto com Eduardo Bessa

O

LECIONO 3 - PERSONAJ PRONOMOJ KAJ SALUTO

lá, amigos! (Saluton, amikojn!) Vamos começar relembrando que as palavras em Esperanto com duas ou mais sílabas (silaboj) são sempre paroxítonas (paroksitonaj), ou seja, a sílaba tônica é a penúltima (antaŭlasta silabo). Mas... Como saber quantas sílabas tem uma determinada palavra? Fácil! As palavras têm tantas sílabas quantas forem as vogais. Simples assim! Agora, temos dois assuntos a serem vistos nesta lição. Primeiramente, vamos aprender os pronomes pessoais (personaj pronomoj) do caso reto (nominativo). Eles são sempre o sujeito (quem realiza ou sofre uma ação ou estado) da frase:

Observações (Rimarkoj): Pedro: - Saluton! • Em poesia, é comum Klara: - Saluton! usar-se o pronome ci ao invés Pedro: - Kiel vi nomiĝas? do pronome vi (2ª pessoa do Klara: - Mi nomiĝas Klara. singular). Kaj vi? • O pronome ĝi (3ª Pedro: - Mi nomiĝas Pedro. pessoa do singular) é neutro, Kiel vi fartas? ou seja, usa-se com seres sem Klara: - Mi fartas bone. Kaj sexo definido (objetos) ou vi? quando o sexo não importa Pedro: - Pli-malpli. Nun mi (animais). Pode também ser devas foriri. Ĝis revido! usado com crianças e bebês. Klara: - Ĝis! • Embora o pronome da Pedro: - Olá! 2ª pessoa do singular e o da 2ª Clara: - Oi! pessoa do plural seja o mesmo Pedro: - Como você se (vi), o contexto ou a terminação chama? do plural (j) não permitem Clara: - Eu me chamo Clara. dúvidas. O mesmo ocorre com E você? o pronome you da língua Pedro: - Eu me chamo Pedro. inglesa. Como vai você? Em segundo lugar, vamos Clara: - Eu vou bem. E você? ver como poderíamos iniciar Pedro: - Mais ou menos. (e terminar) uma conversa Agora eu devo ir embora. Até em Esperanto. Imaginemos mais ver! o seguinte diálogo (dialogo): Clara: - Até! Rimarkoj: • Kiel significa “como” com o sentido de “de que maneira”. • Como o leitor deve ter percebido, os verbos não flexionam de acordo com a pessoa, como ocorre no portu-guês. Assim, eu sou, tu és, ele/ela é, nós somos, vós sois e eles/elas são, em Esperanto, ficam: mi estas, vi estas, li/ŝi/ĝi estas, ni estas, vi estas, ili estas. Ufa! Que bom!  •FINO•

(Nesta Editoria, estudaremos a lingua internacional “Esperanto”, à distância, com Eduardo Bessa Azevedo, militante do movimento espírita de São Carlos - SP)

Esperanto é força que atua para a união e a harmonia, com o facilitar que estabeleça a permuta dos valores universais do pensamento em forma universalista. O Esperanto é lição de fraternidade. Dicionário da Alma. Autores diversos. [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt. 5ª Ed. Rio de janeiro-FEB,2004.


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Falando de Esperanto O Esperanto como Revelação Francisco Valdomiro Lorenz (Espírito)

IX - IDIOMA INTERNACIONAL E RELIGIÃO UNIVERSAL tendamos, desse modo, nossos irmãos católicos, humildade ante a grandeza da nós outros, reformistas, ortodoxos, vida, com a impersonalização espiritualistas e espíritas, bramanistas, budistas, de nossa fé. encarnados e desencarnados, israelitas, sintoístas, Desfraldemos, assim, o ao incremento do Esperanto, maometanos, zoroastristas, estandarte verde por símbolo em simultaneidade com o ateus e de quaisquer outras de união! esforço de restaurar as colunas confissões e convicções, Em qualquer idade, do Cristianismo, por santuário porquanto, as correntes de aprendamos! vivo da Religião Universal, em idéias, como as fontes de níveis Incompreendidos, bases de amor e sabedoria, no diversos que deságuam prossigamos! terreno da Bondade invariavelmente no mar, Alegres, perseveremos! Imensurável de Deus e Sua alcançam sempre o oceano da Esperanto quer dizer “o que Justiça indefectível. realidade imutável, em cujas espera”. Não importa estejamos, na águas as advertências da Marchando e servindo, condição de coidealistas do evolução nos impõem o crendo e amando, Esperanto, em sintonia com os reconhecimento da própria imperturbáveis, esperaremos.

A

X - EM SAUDAÇÕES E agora, Zamenhof, Que um século termina Sobre a tua chegada Ao mundo em transição, Saudamos-te a grandeza Em preito reverente. Depois que deste aos homens A mensagem de luz

Do Esperanto sublime, Guerras encarniçadas Açoitaram de novo As nações divididas. Mas do fundo da noite Em que a discórdia alonga Azorragues de treva, A estrela que acendeste Em

verde resplendente Anuncia a união. E nós, Esperantistas, Trabalhando, dispersos, No chão de todo o Globo, Repetimos contigo: — Louvado seja Deus! Bendito seja o amor!...

(Nesta seção reproduziremos textos sobre a lingua interncional, o ESPERANTO, retirada de várias fontes relacionadas a Doutrina Espírita - na presente edição, o texto da série “O Esperanto como Revelação”, parte final 9 e 10/10, ditado pelo espírito Francisco Valdomiro Lorenz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 19 de janeiro de 1959, em Uberba- MG - Brasil)

Esperanto - Língua auxiliar de comunicação internacional, elaborado pelo médico judeupolonês Ludwig Lazar Zamenhof (1859-1917) e por ele divulgada em 1887. O Espírito Emmanuel na obra “Nosso Livro”, considera que “o Esperanto é uma força que atua para a união e a harmonia, com o facilitar que estabeleça a permuta dos valores universais do pensamento em forma universalista”. (Retirado do Dicionário de Filosofia Espírita de Lamartine Palhano Junior - ed. CELD)


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Gente Querida! com Celso Martins

Aconteceu no meio espírita

Depoimento

- 38 Uma pergunta impertinente Ano letivo de 1952, com mus 10 anos de idade, li o livro de título “Apenas uma sombra de mulher”, edição da FEB. E eu atenazava, sim , atenazava – verbo intransitivo direto, derivado do subjuntivo comum tenaz, uma espécie especial de chicote. E eu atenazava a paciência de meu pai Agostinho (1919 – 2003) dele querendo saber quem era o guia do Fernando do Ó. Adulto, vim a saber que era o Fernando um romancista gaúcho. Mania de muito espíritas... só depois de morto é que se pode escrever! Esta mania eu também a nutria. - 39 – Monteiro Lobato desencarnado O escritor José Bento Monteiro Lobato reencarnou em Taubaté (SP), desencarnou de derrame cerebral hemorrágico. Muita gente trazia textos a ele atribuídos. Dona Purezinha proclamava: -“Meu Deus, desencarnado o gênio do Sítio do Pica-pau amarelo, tão culto – ficou retardado!

Lar d.e Caridade (Fogo selvagem) através da cx. Postal 157 ou 7030 – Uberaba/MG – CEP. 38.025.300.

- 40 – Recordando Dona Ruth Neli (1941–2010), minha querida esposa conheceu a Dona Ruth Corral Sant’anna na sede inicial do Instituto de Cultura Espírita do Brasil instalado pelo saudoso jornalista, escritor e palestrante baiano Deolindo Amorim na Rua dos Andradas, 96, 12º andar, na sala 1205 em novembro de 1957. Mais informações podem ser obtidas no meu ensaio histórico com fatos e fortografias raríssimas sob o título de “Três Espíritas Baianos”, de fácil aquisição pelo site www. madras.com.br, sendo que a comercialização será para cooperar com as despesas do

- 41 – Extremamente magérrima, Dona Ruth (como os professores José Jorge, já desencarnado, e este memorialista) dizia, de modo gaiato, que “espírita magro não desencarna: desossa!” Podem os meus incautos leitores sonolentos, desejosos de dormir o suave e profundo sono dos justos nos braços do morfeu – dar uma gargalhada. Haja vista ter asseverado La Brujeria, que “se formos esperar sermos felizes para sorrir, corremos o sério risco de viver – sem nunca soltarmos uma boa gargalhada!” “Quéqué-qué!” Para franzir a carranca – mobilizamos 43 músculos da face. Sorrindo – estão em ação apenas 17. Por uma questão de economia – sorria. “Nada mais triste – alguém já lembrou – e eu concordo em gênero, número, grau e caso (do alemão e do esperanto) – do que esse sorriso triste.”

(Esta seção trará sempre um texto de Celso Martins - Série Depoimento, continua na próxima edição)


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Esflorando o Reformador ANTAGONISMOS

C

aridade e egoísmo, dois sentimentos antagônicos em perpetua luta na sociedade, em que os homens se digladiam, em busca dos meios que favoreçam o domínio da riqueza ou do poder. Diz a caridade: socorre, iguala a sorte de teus irmãos; a humanidade é uma só e grande família; aplaina a estrada para os desgraçados e faze do mundo um paraíso. Diz o egoísmo: explora o ativo operário, que trabalha para viver; arma o braço do soldado para manter a autocracia; o prestígio do ouro, como o prestígio da força, deve sustentar a classe dos privilegiados, e o suor do operário, como o sangue do guerreiro, devem cevar o orgulho, encastelado sobre as grandezas efêmeras da terra. Mas como conciliar a distinção de classes, aberração de fracionário número de criaturas, com o princípio de justiça, que deve ligar toda a humanidade? No ânimo dos moralistas conscienciosos, libertos de preconceitos sociais, os que visam planos grandiosos e trabalham para a unificação e felicidade dos povos, essa anomalia desperta e provoca energéticos protestos, pois

Veritas

significa a mais flagrante usurpação da liberdade do homem. Marcham os povos na senda do progresso; desaparece envergonhado e rechaçado pela civilização o velho e tirânico feudalismo; mas as monarquias, por sua natureza e moldes, alimentam ainda privilégios de casta e pela força armada conservam genuflexo o povo ignorante. E, se o sistema republicano, em meio a tirânicos esforços, esboça um começo de liberdade e procura alargar o direito dos povos, quanto resta ainda a fazer, para chegarem as nações a perfeita comunhão de princípios, (Continua na página 15)

traduzidos na absoluta justiça, princípios calcados sobre moldes equitativos, em que as palavras Igualdade, Fraternidade e Justiça não sejam mera ficção, mascarando os maiores abusos e atentados contra o direito das gentes! Como obviar a essa frisante desigualdade, que separa os homens em grupos, quando a lei universal o impele a fraternidade? Dirá a razão esclarecida: ensinai a desprezar o egoísmo que paralisa a liberdade, e educai o indivíduo, educai o povo no princípio da verdade que exclui privilégios, ensinando que o Onipotente criou os homens iguais, para juntos trabalharem na comunhão social, para o progresso moral, objetivo da felicidade eterna. Ensinai a caridade, que nivela as classes, aproximando os homens num vínculo de fraternidade, que os torna melhores e os conduz para a perfeição ideal que deve unir os povos num elevado sentimento. Ensinai que a curta permanência sobre a terra, estancia de sofrimentos, é a expiação de faltas contraídas em outras encarnações, perturbadas — quem sabe? — Pelo vício, pelo crime, pelas injustiças. Ensinai que a criatura pode


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(Continuação da página 14)

erguer-se do mais profundo lodaçal, pelo esforço de sua vontade, pela elevação moral, pela prática da virtude, pelo amor ao próximo, pela caridade, e vir a ser espírito de luz em mundos superiores. Não longe estão os tempos em que os homens, obedientes à lei gradual da evolução, rumo da perfectibilidade universal, voltarse-ão para ideal mais adiantado e em harmonia com seus destinos. Certos da sobrevivência da alma, suas aspirações terão outro objetivo que não as grandezas da terra; serão ambiciosos, mas ambiciosos da felicidade superior, partilha dos eleitos, que chegam pelo saber e a virtude à mansão de eternos gozos. A vida eterna, como nô-la prometeu há 19 séculos, o meigo Reformador da Galileia, prenderá em absoluto a atenção de todos aqueles que meditam seriamente sobre o destino da criatura, não mais considerada parcela revertente ao todo universal pela destruição do corpo, mas espirito imortal sujeito a progresso indefinido. E volvendo os olhos para Deus e praticando a caridade ensinada por Jesus, que chegaremos à perfeição moral, porque, «o que hoje em dia se deve entender por caridade» como diz P. Leroux «é a solidariedade mutua dos homens». Essa solidariedade só poderá

efetuar-se pelo aniquilamento completo das velhas tradições egoísticas que sufocam a igualdade; em seu lugar surgirão ideias grandes e generosas, que atuem salutarmente sobre a sociedade moderna, estabelecendo um regime de paz e amor, que faça os homens reconhecerem em cada criatura um irmão, pulsando num mesmo sentimento de fraternidade. É o Espiritismo o grande traço de união que deve ligar as gerações vindouras e conseguir a confraternização dos povos, amenizando gradualmente os costumes, levantando o sentimento do dever pela perfectibilidade da alma e permitindo a criatura, o átomo perdido na imensidade do universo, subir ao seio de Deus. Como hoje, recordando as tiranias dos Neros e dos Heliogabalos, dizemos horrorizados: —«Tempos de atroz barbarismo! » Gerações futuras, modelando no Espiritismo a perfeição moral, dirão, fazendo a crítica do nosso tempo: «Época atrasada, envolvida ainda nos preconceitos do orgulho, profligou a verdade, por não compreende-la». Que importa que o Espiritismo encontre hoje surda a sociedade dos sépticos? A ciência, em seu progresso, falo-a proclamar e aceitar amanhã por todos aqueles que acreditam

na evolução da criatura, que desde a mais remota antiguidade tem passado por modificações ascendentes, aperfeiçoando o físico, engrandecendo o intelecto e apurando a moral. «Arma o braço do soldado, acumula os milhões que sustentam o orgulho dos potentados» —diz o egoísmo. Diz a razão: — «Quebra o cetro dos reis; reparte a fortuna dos Crésus e iguala as classes no sentimento de justiça». Diz a sabedoria: «Aprende, avalia e compara o erro e a verdade; e vem o Espiritismo, e separa a luz das trevas, e mostra o destino que o homem deve atingir. Depois do império da força — o império da razão; depois da tirania e do egoísmo — a caridade; depois do cepticismo, a crença; é o fatalismo da lei evolutiva. «Evoluir, evoluir, sempre evoluir» bradam todos os ecos do Universo. Avante, pois, operários do progresso, apóstolos da verdade que conduz a Deus; destruí pela razão, pela lógica irrefutável, as trincheiras dos preconceitos que defendem o egoísmo e o orgulho, e sobre os escombros da sociedade corrompida plantai bem alto o Evangelho do Cristo, o estandarte de luz cujos ensinos, inscritos em áureas letras pelo destino eterno, serão o lema das gerações futuras!

(Texto Retirado do Reformador de Janeiro de 1910, seção “Collaboração” - páginas 24 a 26 - atualizado pelo acordo ortográfico) (Nesta seção relembraremos as matérias, notícias e informações, dessa fonte maravilhosa de conhecimento que é a Revista Reformador, editada pela FEB - Federação Espírita Brasileira, Casa Máter do Espiritismo no Brasil, desde 1883.)


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Relembrando

A

gora em que todo o meio espírita se movimenta a fim de melhor apresentar mais um Congresso da Mocidade Espírita, como jovens que somos, não poderíamos faltar com o nosso pequeno e despretensioso, porém, sincero apoio. Que haveremos de vos falar, companheiros de Doutrina? Tudo o que sabemos, vós também já o sabeis, e melhor ainda. Assim, no vazio em que nos encontramos, falaremos aos bem poucos que ainda não saibam. Amados irmãos, na conjuntura atual do Mundo, em que este passa por uma metamorfose, já predita há 2000 anos pelo Cristo e, quiçá, antes mesmo, por outros profetas, só nos cabe a nós, jovens espíritas, a tarefa de melhorarmos o máximo possível, as condições de vida para o próximo milênio que virá, e disto estamos certos, transformar o nosso orbe de Planeta de Trevas e Expiações para o grau acima, de Planeta de Regeneração. Mas, para que «à hora da separação do joio do trigo» possamos formar na ala-direita do Cristo, cabe-nos, no momento presente o melhoramento, o despertamento, o

Congratulação

muito foi dado», asseverou o Mestre. E a quem é dado mais do que a nós, que recebemos os Evangelhos interpretados à luz da Razão? Que temos os mensageiros que nos vem animar, esclarecer, ajudar-nos a transportarmos nossas cruzes; os livros, distribuídos a mancheias; a quem é dado mais? Perguntamos nós. Confessemo-nos sinceramente devedores de todas estas dádivas divinas e, como espíritos reconhecidos, sigamos ombro a ombro, lado a lado, sem blasfêmia. Transportando cada qual a sua cruz de erros e imperfeições presentes ou passadas, caminhando serenos, rumo ao Calvário da própria Libertação Espiritual. Lembremos de bem-dizer a Dor como sentinela atenta para o nosso despertamento, de quando em quando. Glorifiquemos ao Mal; companheiro inseparável de todos nós, desde há milêniosreencarnacionistas e aprendamos a ajuda-lo a levantar-se da lama da ignorância em que o pobre a muito se acha atolado e, assim, de grau em grau, vamos caminhando sempre juntos para o ponto de convergência: DEUS.

aperfeiçoamento de nós mesmos, enfim. A tarefa é por demais grande; disto não duvidamos. Entretanto, cabe-nos salientar, que a Vitória é tanto maior, quanto maior forem os esforços para consegui-la, o que o Cristo disto já nos adverte quando diz: «Aquele que quiser vir a mim, toma da sua cruz e segue-me». Por isso mesmo que devemos «orar e vigiar» a fim de não nos tornarmos qual crentes distraídos, presas das más influências. Não discutiremos aqui, o valor da Fé, não; lembraremos, todavia, que a «Fé sem obras é morta» e que não basta crer, é imprescindível realizar; crer realizando é igual a realizar crendo no poder Criador Universal. (Colaboração dos jovens da M.E. «Muito será pedido ao que João batista à juventude Geny Maia).

Textos retirados de “O Espelho”- Órgão Noticioso da Juventude Geny Maia - Ano V - Junho - 1958 - nº 15


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