A charrua 54ª edição

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Ano XIII / 2016 / Nº 54 - Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária

A Doutrina Espírita Explica... Proselitismo (Chamariz)

Ação, empenho ou atividade afanosa em fazer prosélitos; Empenho para converter, atrair ou tornar alguém adepto ou seguidor de algo, seja religioso, partidário ou ideológico. ¹ Fazer proselitismo é entrar em disputa, estimulando vaidades e pretensões absurdas, sem sustentação de lógica e credulidade. Esse é um recurso característico do fanatismo que não encontra guarida nos postulados espíritas.² ormalmente quando se arremedos ritualísticos e preocupação do chamariz, isto é, fala em proselitismo nos propiciatórios. sessões práticas com a casa cheia, reportamos ao ato de “Lamentavelmente, o culto como o Espiritismo fizesse questão convencimento e conversão do externo se encontra ínsito no de quantidade, endeusamento de outro para aquilo que homem, graças ao passado um médium ou um guia, sem acreditamos, comumente religioso donde provém, desde os estudo da Doutrina, sem relacionadas ao convencimento tempos primeiros, em que a orientação clara, sem qualquer “forçado” de novos adeptos. idolatria e a superstição lhes interesse pelo desenvolvimento dos Contudo, existem vários tipos e constituíam a forma de adoração. próprios assistentes ou formas de proselitismo, alguns (...) Sem dúvida, a Mensagem frequentadores, sob o ponto de muito sutis, que nós espíritas, Espírita é dirigida ao homem, ao vista espiritual”.4 devemos nos precaver. povo em geral, mas não tem o Na maioria das vezes, O proselitismo só permeará objetivo de competir no prendem-se ao ato da manifestação as atitudes e ações na Casa emaranhado do proselitismo não dando conta da mensagem e espírita quando os valores imediatista, nem da atração de da sua fundamental importância quantitativos tornarem-se mais crentes para fins estatísticos”.³ para a renovação intima. importantes que os qualitativos. Um outro “chamariz” bastante Ainda poderíemos identificar Em ralação a Doutrina e sua sutil são as manifestações e como chamariz as sessões de divulgação, o segundo sempre comunicações ostensivas com o “cura”, mas esse fica para uma será, não só o mais importante, plano espiritual, nas reuniões outra oportunidade, contudo até mas o fundamental. públicas. lá, pensemos nisso também. Não obstante, talvez pela “Mas ainda existe, de certo Referências: 1.Dicionários on line; realidade da baixa frequência nas modo, alguma fixação nos 2.Vianna de carvalho, do livro Atualidade do Espírita, psicografia de Divaldo reuniões públicas das instituições, fenômenos, como se o espiritismo Pensamento Franco, Ed. Alvorada; desavisadas e desatentas, no afã estivesse todo ele na mediunidade. 3.Vianna de Carvalho, do livro Enfoques Espírita, de Divaldo Franco, Ed.Capemi; de modificar esta situação, Ainda se observa, felizmente psicografia 4.Deolindo Amorim, do livro Análises Espíritas, Ed. permitem a enxertia de práticas e em escala já bastante reduzida, a FEB

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(Nesta seção traremos textos explicativos dos temas abordados, baseados nas obras da codificação assim como dos melhores e respeitáveis autores do Movimento espírita, sob a responsabilidade do confrade Manoel Dominique, com a colaboração de Raul Teçá)


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Ano XIII - Nº 54

Editorial

Caríssimos amigos,

Na presente edição A Charrua completa mais um ano de existência, são 13 anos de divulgação doutrinária! Tivemos ao longo de todo esse tempo muitas oportunidades de esclarecimentos e aquisições, sendo a maior delas a união fraterna entre todos os envolvidos, sejam colaboradores ou leitores. Dentro de qualquer processo de crescimento, há momentos difíceis, complicados, mas com ajuda, união e perseverança são modificados, sempre para melhor. Com A Charrua não foi diferente, apesar de tudo, chegamos hoje com um saldo positivo, principalmente em relação aos objetivos primeiros registrados no editorial inaugural: “A Charrua terá como objetivo a divulgação doutrinária espírita e principalmente um instrumento de união da família espírita”. A construção desse grupo fraterno, dessa família, foi na verdade um reencontro de almas amigas e irmãs. Que venham outros tantos anos para que possamos cumprir integralmente com todos os compromissos que assumimos juntos, em outros tempos e dimensões, tendo como lema o chamado de “um espírito amigo: Ânimo, trabalhadores! Tomai dos vossos arados e das vossas charruas; lavrai os vossos corações; arrancai deles a cizânia; semeai a boa semente que o senhor vos confia e o orvalho do amor lhe fará produzir frutos de caridade”. Uma Boa Leitura!

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Estudando Mediunidade com Joaquim Couto

Solicitações

“Pode-se obter, da parte dos Espíritos, informações úteis e, principalmente, muitos bons conselhos, mas eles respondem conforme os conhecimentos que possuem, o interesse que merecemos e a afeição que nos dedicam, o objetivo das nossas solicitações”. – O Livro dos Médiuns, cap. XXVI, item 97, Allan Kardec -

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prendemos que os bons Espíritos têm suas ocupações no plano espiritual e que não devemos evocá-los por simples curiosidade, incomodando-os com pedidos em relação a problemas que podem e devem ser resolvidos por nós mesmos. Na condição de encarnados e espíritas temos pleno conhecimento dos objetivos de uma reencarnação neste mundo de provas e expiações. Experiências as mais diversas se apresentam diante de nós e podemos buscar os conselhos desses amigos e benfeitores espirituais, mas, a decisão final, será nossa, fazendo a escolha que esteja mais de acordo com as nossas necessidades espirituais. Além do apoio e da amizade desses Espíritos, não nos

esqueçamos de que nos livros da codificação, como em outras obras ditadas por eles, através de médiuns sérios e seguros, podemos obter inúmeras orientações para a nossa vida dentro e fora do centro espírita. Dessa forma quando de fato necessitarmos dos seus conselhos e orientações eles se apresentarão, nos ofertando a sua palavra amiga e esclarecedora, que poderá ocorrer durante o sono ou através das nossas ou de outras faculdades mediúnicas, seguindo a recomendação de Allan Kardec quando colocou mais de uma vez a necessidade de analisar o que se obtêm do plano espiritual. Podemos afirmar que assim estaremos seguros quanto ao que solicitarmos e o que obteremos dos Espíritos.

(Joaquim Couto é integrante do Centro Espírita Leon Denis e Expositor da Doutrina)


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CECJMJ

Centro Espírita de Caridade Jesus, Maria e José

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Estude e Viva! com Raul Teçá Dicas para uma boa leitura

(“Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação intima, à frente do universo e da vida, deve e precisa estudar” - Emmanuel) (“(...) recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação” - Emmanuel)

Complementando o assunto abordado no artigo que abre esta edição, destacamos mais algumas informações valiosíssimas. Uma delas com relação a “Comunicação Mediúnica nas Reuniões Reuniões Públicas: Públicas”, no livro “Diálogo com e trabalhadores Segundas-feiras às 20:00 horas e dirigentes Sábados as 18:00 horas espíritas”, Divaldo nos esclarece que mesmo sendo a mediunidade Estudos das Obras Básicas: O Evangelho Seg. o Espiritismo e uma faculdade que o indivíduo O Livro dos Espíritos; possua, e se é médium, estará Quartas-feiras das 19:00 às 20:00h com ele onde estiver e a qualquer hora, contudo, “deveremos ter o Estudo Sistematizado: sábados das 16:30 às 17:45horas pudor de não nos transformarmos Rua Bangu, 141 - Bangu em pessoas espetaculosas, prodígios, que chamam a Atividades atenção”. 14h às 16h Isso não quer dizer que a TRABALHOS MANUAIS presença e a inspiração dos Terças-Feiras: Bordados mentores espirituais Quartas-Feiras:Crochê e Pintura influenciando diretamente as Sábados - 11:00 horas nossas ideias e palavras, assim Serviços de Assistência e no dizer do Divaldo, numa Promoção Social “comunicação natural”, não seja Mais Informações: positiva, muito pelo contrário, cecjmj@gmail.com ou pela nossa página no Facebook “esse intercâmbio é muito saudável entre os espíritos e os homens”. Expediente E continuando, complementa: Periódico de Estudos e Divulgação “Assim, naturalmente, sem Doutrinária do CECJMJ transformar-se num hábito, para Fundado em Agosto de 2003 R. Bangu, 141 Bangu - RJ -CEP que seja uma forma de chamariz 21820-020 para pessoas incautas ou que Email: cecjmj@gmail.com gostem desses fenômenos, que Edição - DSAD Ano XIII- 54º Edição - Jul/Ago/2016

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nunca se tornam espíritas realmente em razão dos mesmos. Para trabalhar o comportamento do indivíduo é necessário o conhecimento da Doutrina. São poucos aqueles que, através da observação dos fenômenos, tornaram-se realmente militantes espíritas”. Ainda reforçando o mesmo assunto, Emmanuel no livro O Consolador, em resposta à pergunta 218 - A propaganda doutrinária para a multiplicação dos prosélitos é a necessidade imediata do Espiritismo? O autor espiritual responde que a necessidade imediata é de “conhecimento e aplicação legítima do evangelho”. Através de “sacrifícios e renúncias santificantes, no laborioso aprendizado da vida”. Essa e outras informações valem muito a pena serem lidas em sua integra nas referências que seguem abaixo. Referencias:

-Divaldo Franco, Livro Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas, 2º diálogo, item 2.5Ed. U.S.E; - Deolindo Amorim, Livro Análises Espíritas, cap.22, Crença e Renovação –Ed. FEB; -Vianna de Carvalho (espírito), Livro Enfoques Espíritas, Psicografia de Divaldo Franco, cap. 34 e 35 – Ed.Capemi: - Emmanuel (espírito), Livro O Consolador, Psicografia de Francisco Candido Xavier, pergunta 218 – Ed. FEB.

(Raul Teçá é militante do Movimento Espírita)


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O Livro dos Espiritos com Paulo Antonio

Louvado seja Deus, louvado seja Jesus.

2ª parte: Mundo espiritual ou dos Espíritos cap. IV - Pluralidade das existências Encarnação nos diferentes mundos (pergs 172 a 188)

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nosso estudo ficará restrito as pergs 172 a 178, aonde obteremos informações suficientes, a princípio, para profundas reflexões sobre o que estamos fazendo da atual encarnação. Estamos cumprindo com as tarefas que solicitamos? Estamos fazendo todo bem que a vida nos proporciona? Vamos aos esclarecimentos dos Espíritos sobre o assunto. As nossas diversas existências corporais não se realizam todas na Terra. Vivemo-las em diversos mundos. Não invalida a possibilidade de diversas existências em um mesmo globo. Porque o Espirito pode encontrar-se em posições diferentes das anteriores, que serão outras tantas ocasiões de adquirir experiência. As que passamos na Terra não são as primeiras nem as últimas, embora sejam das mais materiais e das mais distantes da perfeição. A cada nova existência corporal a alma, como foi visto, pode reviver muitas vezes no mesmo orbe, se não avançou bastante para passar a um mundo superior. Concluímos

auxiliando a progredir. E nós o que fazemos?

que podemos reaparecer muitas vezes na Terra, como também, voltar à Terra depois de termos vivido em outros mundos, porém voltar a viver na Terra não é uma necessidade, porque se não progredirmos, poderemos ir para outro mundo que não seja melhor e que pode até ser pior, mas , se progredirmos, não há vantagem em voltar a habitar a Terra encarnado, a menos que seja em missão e nem na condição de Espirito, porque seria estacionar e o que se quer é avançar para Deus porque o progresso é uma lei divina. Como exemplo, temos Bezerra de Menezes, um Espirito de luz que poderia estar em planos mais altos, mas se sacrifica junto a nós nos (Continua da página 5)

O objetivo final de todos os homens, e para tal fomos criados, é chegar à perfeição e à suprema felicidade, mas para isso, o Espirito não precisa passar pela série de todos os mundos que existem no Universo, porque há muitos mundos que estão no mesmo grau da escala evolutiva, nos quais o Espirito nada aprenderia de novo. Os Espíritos podem renascer corporalmente num mundo relativamente inferior aquele em que viveram, por dois motivos: missão e expiação. Quando têm uma missão a cumprir para auxiliar o progresso deste orbe, aceitam, então, com alegria as tribulações de tal existência, porque lhes fornecem os meios de se adiantarem. Por expiação, Espíritos rebeldes encarnam em mundos inferiores, porém é importante esclarecermos, os Espíritos podem permanecer estacionários, mas não retrogradam, sua posição, neste caso, consiste em recomeçarem no meio conveniente à sua


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Estudando O Evangelho com Sergio Daemon

O Evangelho segundo o Espiritismo

Introdução 4 – Sócrates e Platão – Resumo da doutrina (17) XIX. Se os médicos são mal sucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tra-tam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem. este postulado da de elo de li-gação entre o corpo e doutrina de Sócrates o espírito e que refletirá naquele encontramos o grande problema o que se passa no espírito. que existe até hoje. Tratar do Analisando o capítulo V de corpo sem que seja levado em Evangelho Segundo o consideração que nele existe um Espiritismo – Bem aventurados espírito milenar que carrega os aflitos, que estudaremos mais uma grande bagagem de acertos tarde, encontramos no item 6 – e erros. Causas anterio-res das aflições: Aqui vemos que Sócrates já “...as enfermidades de nascença, àquela época intuía que deveria sobretudo as que tiram a tantos haver uma ligação muito grande infelizes os meios de ganhar a da alma com o corpo. Mais vida pelo trabalho: as interessante é ele fazer essa deformidades, a idiotia, o crecorrelação entre o estado físico entender este entrelaçamento do tinismo, etc.”, comprovando que do corpo com o estado da alma. espírito com o seu corpo físico. o corpo espelha o que o espírito Com o advento da Doutrina Surge uma grande novidade trás do seu pas-sado. Quando Espírita surgem novas para nós: o perispírito. Esse chegarmos neste capítulo informações e começamos a corpo semi material que serve aprofundaremos esse estudo.

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(Sergio Daemon Guimarães é integrante do Grupo Espírita Auta de Souza e Expositor da Doutrina)

Aprender implica em mudança pessoal, se não ocorreu mudança, não ocorreu apredizagem, houve apenas troca de informação. (autor desconhecido , citado nos livros de educação)

(Continuação da página 4 - O Livro dos Espíritos

natureza, pelas existências mal- de sua inteligência nessas vidas. necessidades evolutivas de cada empregadas, podendo ao Esses Espíritos faliram em suas um, podendo reencarnar em mesmo tempo auxiliar o missões ou em suas provas e mundos abaixo da última progresso dos habitantes desse por isso têm de recomeçar a existência. O alerta foi dado, mundo com a experiência mesma existência em mundos façamos a nossa parte enquanto adquirida no desenvolvimento compatíveis com as estamos a caminho. Até a próxima oportunidade! Que Deus nos abençoe! (Paulo Antonio de A. Barbosa é militante do movimento Espírita e Expositor da Doutrina)


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Estudando os Clássicos com Eduardo Bessa

A Vida no Outro Mundo Cairbar Schutel

Cairbar de Souza Schutel nasceu no Rio de Janeiro/RJ no dia 22 de setembro de 1868, e desencarnou em Matão/SP a 30 de janeiro de 1938. Ele é considerado o apóstolo do espiritismo no Brasil. Cairbar Schutel fundou, no dia 15 de julho de 1905, o Centro Espírita Amantes da Pobreza, o primeiro naquela região paulista. Não satisfeito com isso, fundou em 15 de agosto de 1905 o jornal O Clarim e, no dia 15 de fevereiro de 1925, em colaboração com Luís Carlos de Oliveira Borges, que lhe forneceu os recursos materiais, lançou a Revista Internacional do Espiritismo. Esses órgãos circulam até hoje, exemplos vivos de luta e de persistência.

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presentamos a obra “A Vida no Outro Mundo” de 1932. Baseando-se no critério kardequiano de só aceitar um determinado ponto se ele fora ensinado por vários Espíritos, através de vários médiuns, localizados em diferentes partes do mundo (“universalidade do ensino dos Espíritos”), Schutel escreveu esse pequeno livro no qual dá notícias de uma série de assuntos que nos interessam sobremaneira, por estarem relacionados à imortalidade da alma e ao modo de vida no mundo espiritual. Em 25 capítulos Schutel, de maneira lógica, encadeada, didática até, conduz o leitor por um caminho que o levará a conhecer detalhes da vida espiritual, fazendo uma parada no momento da morte, ou melhor dizendo, da

desencarnação. Chama atenção o fato de o livro adiantar, em mais de dez anos, narrativas presentes nos livros do Espírito André Luiz (“Nosso Lar”, o primeiro da série, foi publicado em 1944). Aproximadamente na primeira metade do livro, o autor discute questões como a evolução anímica, fluidos,

magnetismo e o períspirito, apontando a influência deste último no fenômeno da desencarnação e na perturbação que o Espírito experimenta em seguida. Na segunda metade, há várias notícias de como a vida espiritual se desenrola, mostrando-nos que em a Natureza, tudo é espírito de sequência. Indicamos, então, a leitura desse extraordinário livro, muito ilustrativo e importante ao nos esclarecer, ainda que em pálidas pinceladas, a vida exuberante que nos aguarda a todos! Uma vez mais reiteramos aos amigos leitores que esse livro foi escrito há quase 85 anos. Portanto, poderemos perceber algumas incongruências com o nosso atual conhecimento, sem que elas, nem de longe, empanem o brilho desta joia. Boa leitura!

Referência: Link: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/ Cairbar%20Schutel/16/Cairbar%20Schutel%20-%20A%20Vida%20no%20Outro%20Mundo.pdf (Nesta Editoria, estudaremos as obras dos autores consideradas como os clássicos do Espiritismo Eduardo Bessa Azevedo é militante do movimento espírita de São Carlos - SP)


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Nós e o Mundo

Em Tempo Real com Nádia Maria Braga

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essenta e cinco milhões de refugiados espalhados pelo mundo. Pessoas forçadas a abandonarem seus lares, profissões, famílias e seus estilos de vida. Fogem na incerteza do que vão encontrar, mas diante da certeza dos horrores das guerras e da fome. No Brasil, onze milhões de desempregados têm seus dias preenchidos pela angústia. Essa dor que aflige o mundo e nosso Brasil, não deve ser ignorada por nós. Estamos convictos de que não há injustiça divina. Há uma motivação para tal estado de coisas, mas devemos nos solidarizar, sem julgamentos. Em nossas mentes, devemos gerar pensamentos de compaixão, fé e esperança e endereça-los aos nossos irmãos conturbados por essas provações. Muitos podem pensar que orar é inútil. Mas a única coisa que podemos fazer por nossos irmãos é orar, o que, como veremos não é pouco. Sabemos que o pensamento é uma onda eletromagnética, que se torna cada vez mais poderosa, quanto mais nos concentramos no bem, nas boas informações, nas boas emoções.

O Poder da Prece

Os pensamentos de toda humanidade formam o que se chama de psicosfera. Assim como estamos envolvidos pela atmosfera do nosso planeta, também estamos mergulhados nessa psicosfera. Dizem os espíritos que a nossa psicosfera é densa e negra, devido aos nossos péssimos pensamentos.

Quando produzimos pensamentos na faixa do amor, eles são mais energéticos, mais penetrantes, produzindo um psicosfera mais leve, mais propícia à paz e à esperança. Realmente, meus irmãos, diretamente nada podemos fazer por essas pessoas que tanto sofrem. Mas, se colaborarmos com a criação de uma boa psicosfera, pessoas que têm o poder de ajudá-los poderão ser inspiradas a fazê-lo.

Alguns dizem que se eles estão passando por isso boa coisa não fizeram. É verdade! Mas também é verdade que não somos santos. Estamos no mesmo mundo de imperfeições e isto significa que nossa evolução é ainda restrita. Boas coisas também não fizemos. Não podemos nos deixar invadir pela insensibilidade impiedosa. Façamos a diferença no mundo através da prece sincera, de todo nosso coração. A prece fortalece e inspira. A prece transforma, se instila nas mentes e coisas extraordinárias podem acontecer. Somos o que pensamos! E, quando os pensamentos são preces, somos fortes! Cultivemos bons pensamentos e estaremos orando. Nos envolvamos nos problemas trágicos do mundo, não com desesperação ou medo, mas, sim, mentalizando amor. Tendo fé e esperança! Fé na presença de Deus em nossas vidas. Esperança em o nosso poder de transformação pessoal. Jesus nos disse: “ Sois deuses! “ Acreditemos Nele!

(Nádia Maria Braga Moreira é integrante da instituição Espírita Casa de Miguel e Expositora da Doutrina)


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Estudando

à Luz da Doutrina

com Frederico Mantuano

Violência e Jesus (II) Ensinou-nos o Mestre Jesus: “AMAR A DEUS ACIMA DE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO”.

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alta-nos, ainda, conquistar o amor sublime que o Senhor Jesus veio nos ensinar. Todo seu esforço foi no sentido de sensibilizar os corações endurecidos da humanidade que àquela época ainda se pautava por uma lei severa do “OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE”. Só que, apesar de todos os seus ensinos, de todos os seus testemunhos, de todo o seu sacrifício, depois de passados 2.000 anos, ainda não conseguimos assimilar os frutos de seus ensinamentos de amor, e, ainda nos comportamos de maneira equivocada perante as Leis de Deus.

comportamento está conforme o grau evolutivo dos seres que habitam um MUNDO DE PROVAS E EXPIAÇÕES. Contudo os tempos são chegados e é tempo de mudança, de transformação, de renovação, e aqueles que não conseguirem

É bem verdade que, de lá para cá, já evoluímos muito, mas, ainda, não conseguimos alcançar esse patamar de desenvolvimento moral em que, em momento algum, não mais desejemos o mal ao nosso próximo, que não mais cometamos contra ele atos de violência quer através de palavras, gestos ou ações. Nosso

acompanhar essa grande movimentação para a REGENERAÇÃO DO PLANETA serão, por fim, encaminhados para um mundo apropriado ao seu estágio evolutivo, para repetirem as mesmas lições de dor e sofrimento para que, um dia, possam alcançar aqueles seus irmãos que conseguiram

permanecer no Orbe Terrestre, já na condição de um PLANETA REGENERADO. A Espiritualidade Superior vem já há algum tempo solicitando, através de diversas comunicações que nos chegam, que busquemos auxiliar o nosso orbe nessa mudança, através da emissão dos nossos pensamentos voltados para o bem, a fim de que a psicosfera de nosso planeta seja pacificada. Portando queridos amigos, todos os esforços para que não fiquemos para trás depende exclusivamente de cada um de nós, de uma escolha pessoal, firme, para que busquemos seguir, com a maior fidelidade possível, as orientações de amor deixadas pelo querido Mestre Jesus registradas pelos Evangelistas em seu Evangelho de Amor, e nos ensinos trazidos pela 3ª Revelação, através de ‘O Livro dos Espíritos’ e dos demais livros da Codificação Espírita, que verdadeiramente, facilitam a nossa caminhada.

(Frederico Mantuano é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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Saúde Mental

Espiritismo & Psicologia com Orlando Ramos

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Humanização: projeto possível para nossas vidas

o afirmar " O reino de Deus está dentro de vós ", o mestre Jesus elucidou para toda a humanidade o destino a que está determinada. Na fatalidade de nossas vidas tem-se como meta principal a ser alcançada, a perfeição relativa num mundo de abundância, coparticipação e felicidade Espiritual. Nos colocou os meios necessários na direção de uma caminhada segura através de seus ensinamentos. Afirmou também que devemos fazer brilhar a luz em nós, haja vista sermos seres em preparação para a angelitude. Seu legado permaneceu e apesar de todas as manipulações e interpolações humanas, continuou a ser o foco de luz, o direcionamento de nossas almas. Jesus como arquiteto e governador da Terra, antes mesmo de encarnar, num ato de profundo amor e solidariedade aos da retaguarda, conhecia-nos o íntimo e todos os frutos a serem produzidos. Não negou a palavra amiga, nem desistiu de nós no momento de extremo sofrimento emocional, pedindo ao pai que nos perdoasse, amparou a todos com o seu manto de amor. Ao longo da história e apesar do fumo espesso das fogueiras que se acenderam em seu nome, manteve-se magnânimo no aguarde de nossa transformação. Estabeleceu:" Vós sois a luz do mundo " e apesar disso as candeias parecem continuar debaixo do alqueire. Explicou que não

deveríamos resistir ao mal, e sim dar a outra face, trazendo o entendimento que a proposta para que se ofereça a outra face após a agressão, não se refere ao rosto, mas ao outro lado da questão. Se a agressão é nascida do ódio, a outra face é o amor, o outro lado é o perdão que se deve oferecer indistintamente. A primeira é a da suprema humildade e do elevado gesto de amor. Descendo até nossas misérias, sem influenciar-se por quaisquer questões inferiores da nossa humanidade, lavou os pés dos seus discípulos, significando para humanidade o quanto é necessário fazer ascender até Ele, e um dia, podermos beijar-lhe os pés. Nessa perspectiva as questões de ordem puramente material, acabam por ficarem em segundo plano; entendemos a meta principal. Ainda nos falta a coragem necessária para o passo decisivo, porquanto toda realeza consolidada em valores superiores demanda esforços contínuos e sem tréguas de nossa parte. Um trabalho de autoanálise se faz importante nos dias que seguem. As Casas Espíritas que mantem os postulados da Doutrina dos Espíritos, no dizer de doutor Bezerra de Menezes, Kardequizando seus ensinamentos em sua mais ampla expressão, assim como as instituições doutrinárias, estão sendo convidadas a se promover à praça fraterna do convívio libertador como informa Ermance Dufaux, superando em

muito as suas atuais conotações de estudo doutrinário e exercício da caridade. A cada um segundo as suas obras nunca foi tão preciso e necessário como agora, nos tempos atuais. O projeto de humanização na seara Espírita, deve ser uma proposta concreta de amor, um desafio de colocar o homem mais perto de seu próximo, de fazer com que a mensagem Espírita que nada mais é do que o Cristo Redivivo, seja mais importante que as práticas, que o homem valorize mais a causa do que a casa... apegando-se menos aos papéis sociais e mais ao Amor espontâneo. As condições da felicidade são saber quem somos, saber lidar com nossas forças afetiva e adquirir domínio sobre elas. Isso solicita uma atitude de tolerância. Jesus o maior agente de humanização, deixou claro em seu discurso que seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem.... A que proposta maior de humanização podemos então aspirar? As parábolas de Jesus ainda são para o homem da atualidade um grande desafio que aguardam reflexão para lançar o homem em direção ao reino dos céus que começa hoje, aqui e agora como nos informa Amália Rodrigues. Busquemos então a Vida Maior, a justiça de Deus e com certeza por meio de nossos esforços será devidamente concedido o acréscimo. Que o Senhor da Vida ampare e fortaleça a todos.

(José Orlando Ramos é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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O Ser Integral com Zuão Antunes

Medicina e Espiritismo XIX. Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem. O espiritismo fornece a chave das relações existentes entre a alma e o corpo e prova que um reage incessantemente sobre o outro. Abre, assim, nova senda para a Ciência. Com o lhe mostrar a verdadeira causa de certas afecções, faculta-lhe os meios de as combater. Quando a ciência levar em conta a ação do elemento espiritual na economia, menos frequentes serão os seus maus êxitos.

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(Evangelho Segundo o Espiritismo – Introdução, item XIX)

Doutrina Espírita nos mostra que somos formados por três partes essenciais: o corpo, a alma e um princípio intermediário, que o codificador denominou de perispírito. O primeiro é o “ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital”; o segundo, é o “Espírito encarnado que tem o corpo a sua habitação”; e o terceiro, é a “substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo”.¹ O codificador ainda nos esclarece mais sobre o períspirito: “O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes

exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como num telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico”. ²

Dessa maneira propiciando ao espírito encarnado influenciar e ser influenciado, vivenciando múltiplas situações, onde as experiências são adquiridas deixando indeléveis marcas. As positivas, elevando-o na sua trajetória evolutiva, contudo as negativas, deverão ser reparadas conforme a imposição da Lei. O importante e mesmo fundamental sabermos que ele age como responsável pela formação do nosso corpo físico influenciando a fisiologia orgânica, pois todas as nossas

experiências estão nele arquivadas. Por isso também é denominado como MOB, modelo organizador biológico, onde as aquisições positivas e negativas do espírito, formando por assim dizer, um código espiritual que quando em contato com a matéria, no processo reencarnatório, magneticamente participa e influencia o código genético, formando um corpo de acordo com as necessidades evolutivas do ser reencarnante.³ Por isso, enquanto a ciência médica não levar em conta a formação integral do Ser e as realidades espirituais, tomando apenas as consequências e deixando de lado as causas, sua ação e intervenção serão apenas paliativas. Referências: 1.Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, comentários referentes a pergunta 135ª; 2.Allan Kardec, em “A Genese”, cap. XI, item 17; 3.Espírito, Perispírito e Alma, Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico, de Hernani Guimarães Andrade.

(Nesta Editoria serão abordados temas variados sobre a saúde integral - corpo e espírito. Nesta edição contaremos com a participação do confrade Zuão Antunes)


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Leituras & Releituras com Enock Mesquita

Homossexualidade: preconceito e homofobia no Movimento Espírita (II)

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orventura não seria mais cristão se abríssemos realmente os braços para o acolhimento de irmãos homossexuais? Quão produtivo e benéfico não seria se, ao invés do sorrisinho debochado e maroto, da troca de olhares zombeteiros e preconceituosos, da conversinha maledicente ao pé do ouvido, estudássemos e aprofundássemos o tema dentro das nossas casas espíritas? Sempre tão silenciosas

sobre o assunto, pensando praticar a caridade do verbo, quando caridade maior seria enfrentar o próprio preconceito, que procuramos ocultar, nas breves horas de convivência no centro espírita e, às vezes, de nós mesmos. Não nos esqueçamos de que todo tipo de exclusão, de preconceito, de indiferença e de não acolhimento é atitude sintonizada com o mal, que, se permitirmos, deita raízes

profundas no solo de nossas consciências já tão endividadas, retroalimentando ainda mais a intolerância e a violência na sociedade e no país em que vivemos. Só para que se tenha ideia da gravidade da questão, o Brasil ocupa o topo da violência contra homossexuais no mundo. A cada 26 horas um homossexual é assassinado. É quase um assassinato por dia!

sugerem perversão, pedofilia ou irresponsabilidade com a própria sexualidade, tais como: não seduzir ninguém, vestir-se com decência, evitar trejeitos característicos do sexo oposto, não participar da evangelização, entre tantas outras falas e situações – tão pouco cristãs facilmente constatadas em alguns centros espíritas. Na verdade, essas recomendações são preconceitos construídos em estereótipos, no desconhecimento do que seja homossexualidade e – por incrível que possa parecer – muitas vezes sedimentados na literatura espírita de autores renomados, que emitiram opinião pessoal sobre o assunto, cuja formação acadêmica está alicerçada numa época em que homossexualidade era considerada doença. São autores espíritas consagrados, com relevantes serviços prestados

à Doutrina. Mas é imperioso não nos deixemos levar por eminências, e sim por evidências. O conhecimento científico evolui constantemente e o Espiritismo deve caminhar passo a passo com a Ciência, como nos recomendou Kardec. Esses autores podem e devem ser lidos e estudados, mas devemos levar sempre em consideração o contexto social, cultural e a época em que o livro foi publicado e, principalmente, se as ideias ali expostas são frutos de opinião pessoal, o que sempre permite toda e qualquer espécie de questionamento, de revisão teórica e de críticas construtivas. ‘Amai-vos e instruí-vos’. Recomendou-nos o Espírito de Verdade. E é esse o procedimento que a Espiritualidade Maior deseja de todos nós espíritas. Por fim, é forçoso ressaltar ainda que a condição homossexual é oportunidade

O homossexual no centro e nas atividades espíritas Não há em todos os ensinamentos de Jesus, ou mesmo na Codificação kardequiana, uma única menção sequer que possa, de alguma forma, abonar comportamentos homofóbicos dentro do movimento espírita ou nas casas espíritas. Assim sendo, o homossexual tem todo direito de participar de todas as atividades da instituição espírita. Ocupar qualquer tipo cargo. Compor a direção colegiada ou mesmo atuar como presidente de centro. A condição afetivasexual não afeta, em hipótese alguma, o comportamento e tampouco o caráter da alma que transita em vivência homossexual. Ele tem o direito, inclusive, de frequentar a casa espírita sem esconder a sua parceria afetiva. E, ao fazê-lo, de modo algum podese lhe impor qualquer tipo de condições e recomendações preconceituosas que sutilmente

(Continua da página 12)


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Falando de Esperanto O Esperanto como Revelação Francisco Valdomiro Lorenz (Espírito)

N

II PROBLEMA DA LINGUAGEM NA ESPIRITUALIDADE

a esfera imediata à moradia humana, porém, o problema da linguagem é daqueles que mais nos afligem o senso íntimo. O idioma simbólico prevalece, com efeito, para as grandes comunidades dos Espíritos em mais nobre ascensão. O império da arte pura é aí a sublimação permanente da Natureza. A música diviniza a frase e a pintura acrisola a imagem, esculpindo-se monumentos que falam e gravando-se poemas que fulguram, através da associação de cores e sons, no assombroso quimismo do pensamento.

Entretanto, essa residência de numes, semelhante aos Campos Elísios da tradição mitológica, situa-se muito além do lar humano em que nos florescem as esperanças. Ainda aqui, aos milhões, não obstante se nos descerrem horizontes renovadores, achamonos separados pela barreira lingüística. Vanguardeiros do progresso, como é justo, adquirem contacto com idiomas nobres ou dominam dialetos aqui e acolá; isso, no entanto, com reduzido rendimento no trabalho educativo que se propõem efetuar. Para isso, os mais

credenciados, do ponto de vista moral, reencarnam-se nos países e regiões que lhes granjeiam devoção afetiva, com sacrifício participando do patrimônio cultural que os caracteriza, gastando decênios para a esses torrões ofertar esse ou aquele recurso de aperfeiçoamento às próprias concepções. Isso porque a palavra pronunciada ou escrita é e será ainda, por milênios, o agente de transmissão dos valores do espírito, estabelecendo a comunhão das almas, a caminho da Grande Luz, nas zonas de aprendizado em que se nos desenvolvem as lutas evolutivas.

(Nesta seção reproduziremos textos sobre a lingua interncional, o ESPERANTO, retirada de várias fontes relacionadas a Doutrina Espírita - na presente edição, o texto “O Esperanto como Revelação”, parte II - Problema da linguagem na Espiritualidade, é o segundo de uma série de 10 partes referentes ao título em epígrafe, ditado pelo espírito Francisco Valdomiro Lorenz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 19 de janeiro de 1959, em Uberba- MG (Continuação da página 11 - Leituras & Reeleituras)

abençoada de reeducação, aprendizagem, autoconhecimento e exercício de alteridade. É experiência evolutiva que a misericórdia de Deus proporcionou não somente aos

irmãos homossexuais, mas a toda humanidade para a conquista da felicidade, a que estamos inevitavelmente destinados. Portanto, caminhemos de mãos dadas, com o brilho, ainda

que tremeluzente, de nossas próprias luzes a iluminar o caminho uns dos outros, confiando sempre na Luz Maior que emana do coração amoroso do Cristo Jesus.

Referências: (vida e sexo – André Luiz e Chico; Homossexualidade sob a ótica do espírito imortal – Andrei Moreira (presidente da AMEMG); Forças sexuais da alma – Jorge Andrea ; Sexo e consciência – Divaldo Franco)

(Nesta Editoria serão abordados temas variados na visão de autores diversos, em uma verdaeira “Leitura e reeleitura”, buscando absorver, em vários ângulos, o máximo das lições Enock Mesquita é militante do movimento espírita de Angra dos Reis - RJ)


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Gente Querida! com Celso Martins

Aconteceu no meio espírita -18Luz na Penumbra apresentava aulas de esperanto na voz do funcionário do Banco do Brasil s/a – Jorge Soares das Neves. Escusado dizer ser Geraldo de Aquino o produtor e apresentador de tal lindo e portentoso programa de duas horas de duração. E me enlevava o tenor italiano Giácomo Greck. -19A Rádio Guanabara – PRC8 – mandava ao ar, entre 19 e 19h30 de 2ª à 6ª feiras, sob a direção do jornalista Nelson Baptista de Oliveira o programa seleções espiritualistas apresentado pelo Victorio Eloy dos Santos e Nélli Sônia, a quem não conheci. Tal programa era patrocinado pela UEBEA ou seja, União Espírita Brasileira Educacional e Assistencial, criada pela portuguesa Maria Rosa. Havia diversos oradores, eu me lembro do advogado Sílvio Brito Soares; do José Augusto de Miranda Ludolf falando em 10 min seu comentário aos sons brilhantes da ópera La Gazza Ladra, de Rossini; da dona Idalinda de Aguiar Mattos, falando aos presidiários.

Depoimento

Tornou-se amigo da Neli com quem trocava longos telefonemas sobre temas ligados aos apenados. Dona Idalinda reencarnou em Nilópolis (RJ), criou e dirigiu a Instituição Espírita (cooperadoras do bem) Amélie Boudet, situado no bairro de Vila Isabel, na Rua Patrocochino, 49. Com prefácio do advogado Lauro Salles, publicou o livro “Detalhes da Vida”, relatando, com nomes fictícios, fatos comoventes dos presidiários da cidade do Rio de Janeiro. Esteve até em Portugal levando o fruto de sua experiência neste campo assistencial dos familiares dos presos das nossas penitenciárias. Carlindo de Mendonça foi um de seus discípulos junto ao Complexo prisional de Bangu, na Estrada Esmeraldino Bandeira. (Estrada do Guandú do Sena, s/nº - hoje, no Bairro Gericinó). Com o presidiário Trajano conseguimos montar no presídio uma biblioteca de livros espíritas, didáticos e de arte. Lá estive no domingo 7 de setembro de 1972. Consegui da poetisa Durvalina dos Santos uma coleção de livros de sonetos, (Continua na página 15)

indo este memorialista à casa da poetiza generosa na Praça José de Alencar, quase no bairro de Botafogo no então Estado da Guanabara. Dona Idalinda lançou o livro “Cura pela Ectoplamia” – relatando curas perispirituais com seu filho a quem não conheci. -20O sonho maior do jornalista Nelson Baptista de Oliveira era o de erguer na Colina da Fraternidade, na U.D.J, ou seja, União dos Discípulos de Jesus – a que conheci, na Rua visconde de Santa Isabel, no bairro homônimo o Hospital Allan Kardec. Não consegui erguê-lo, porém, legou-no o pequeno ambulatório Vicente Cardoso, na estação ferroviária de São Francisco Xavier. Descendo nos trens da estrada de Ferro Central do Brasil, criada em 1854, por Dom Pedro II (1825-1891) ligando as cortes (Cidade do Rio de Janeiro) a São Paulo, capital bandeirante; e eletrificada em 1938 por Vargas (ditador) – sempre via tal ambulatório Vicente Cardoso, um geólogo brasileiro a nos alertar contra o desmatamento da Floresta Amazônica para


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Esflorando o Reformador Sempre triunfando

A

lei de amor é a lei suprema da criação. A um ato de amor da Divindade devemos a nossa existência, e a nos convertemos em amor puro tendem as sucessivas transformações que experimenta o nosso ser, em sua evolução. Quem age, impulsionado pelo amor aos outros; quem ama a verdade e se esforça por encontra-la e propaga-la: quem busca-o bem e o pratica na medida de suas forças e compreensão, triunfa sempre em todos os seus atos, por mais que os resultados pareçam negativos. Poderá tal indivíduo não ver aqui realizado nenhum dos seus sonhos; isso porém, longe de ser uma derrota, é um triunfo colossal. O mérito não está em planejar uma obra e conclui-la sem haver encontrado obstáculo algum importante para sua realização. Consiste o mérito, e por consequência o trinfo, em tentar um empreendimento, uma vez convencido de sua utilidade, e perseverar nele apesar de todos os obstáculos que se lhe oponham e de todos

(La Revelación)

os fracassos suportados. Quem, sem falir, chega ao fim da jornada, constante sempre em seu trabalho em prol da verdade e do bem, triunfou em toda a linha, ainda que os homens não lhe reconheçam um só êxito. Sabemos que não há efeito sem causa. Seja isto um consolo para nós, quando, animados das melhores intenções, nos lançamos a luta e nela somos derrotados. Essas derrotas tais não são, senão vitorias muito proveitosas, se não se abate o nosso espírito e prosseguimos

com um novo impulso o caminho empreendido. É vitória tal derrota, porque com ela saldamos uma dívida pendente, ou combatemos e vencemos alguma paixão má em nós dominante, e que foi causa de não poucas quedas, das quais experimentamos hoje os efeitos dolorosos. Revezes de fortuna, enfermidade, antagonismos domésticos, traições, abandono de amigos e correligionários, toda sorte de decepções, calunias, agressões, calamidades de todo o gênero, propósitos generosos frustrados, etc., etc., são outros tantos motivos de triunfo para o espírito que em seus atos só pensa no império da verdade, do bem e da justiça no mundo. Amemos, pois, muito; seja o amor o que sempre nos impila a agir, e suceda o que suceder, agradável ou desagradável, seja para nos fazer amar com mais intensidade. Em nada mais que no amor puro podemos ter a nossa redenção. Não nos esqueçamos um só momento de amar a todos e viveremos triunfando sempre.

(Texto Retirado do Reformador de setembro de 1905 - páginas 291 / 292 - autor: Angelo Aguarod) (Nesta seção relembraremos as matérias, notícias e informações, dessa fonte maravilhosa de conhecimento que é a Revista Reformador, editada pela FEB - Federação Espírita Brasileira, Casa Máter do Espiritismo no Brasil, desde 1883.)


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(Continuação da página 13 - Gente Querida)

expansão do agronegócio e da Mata Atlântica, no Recife (PE) para plantar no solo de massapê os canaviais e no Estado de São Paulo para plantações dos cafezais na terra roxa, formada há bilhões de anos com a decomposição do basalto, esta rocha negra dos calçadas do Rio de Janeiro, Copacabana mundialmente conhecida quando a portuguesa Carmem

Miranda levou o Brasil para os filmes de Hollywood, nos Estados Unidos da América, lado do cantor português Francisco Alves (1898-1952), dos comediantes Oscarito (português) e Grande Otelo nas letras dos sambas e das marchas de Noel Rosa, David Násser, Dorival Caymmi, Lamartine Babo, Silvio Caldas, dos espíritas Altamiro Carrilho e

Dilermando Araújo. Temos da Rádio Sociedade, atual Roquette Pinto (1922), da Rádio Mayrick Veiga (1927); Rádio Nacional (1936); Radio Clube do Recife (1913); Radio Tupy; Rádio Tamoio dente as mais citadas. Chi! Esqueci-me da Rádio Relógio, conectada com o Observatório Nacional, no morro do Valongo, no bairro de São Cristóvão

(Esta seção trará sempre um texto de Celso Martins - continuação da série Depoimento)

Conversando com Chico Passado espiritual e reencarnação

Os defeitos e as inibições de ordem orgânica e psicológica, serão sempre expiações de vidas pretéritas? omo todo o meu reencarnação, semelhantes respeito a diversos inibições, doenças, defeitos, amigos nossos, posso dizer dificuldades que constrangem, amigos meus, que cultivam a muitas vezes até humilham a psiquiatria dentro da Medicina, nossa existência física, como com todo o respeito a eles, de recurso de autodefesa para o muito deles ouvi, em certas trabalho espiritual que nos ocasiões, a alegação de que compete efetuar. Para muitos determinadas pessoas estudiosos da Terra, o trabalho procuram trabalhar intenso no bem é uma fuga que intensamente, em determinados a criatura opera em relação ao assuntos espirituais ou mal que está dentro dela; mas, artísticos, como fuga de suas no mundo Espiritual, esse próprias realidades físicas e Espíritos nos ensinam, que sofrimento ou essa inibição psicológicas, quando essas muitas vezes somos nós quem significam recurso para que a realidades não são as mais solicitamos, dos amigos que criatura possa trabalhar com a agradáveis. Mas, os bons presidem o trabalho de nossa tranquilidade possível.

C

(Retirado do livro “Entrevistas” - organizado por Salvador Gentile - Ed. Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP)

O Espírito está em provação, quando, sentido a necessidade de envolver, de tornar-se bom, pediu e obteve uma encarnação de sofrimento, a fim de atingir

o fim colimado. É um ente que reconheceu a necessidade de progredir, de subir, de elevar-se acima das misérias humanas.

É um Espírito que está em vias de aperfeiçoamento. (...) representa a contraprova da firmeza dos propósitos de regeneração (...)

(Verbete Provação - página 730 do livro Esperitismo de AaZ)


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Relembrando

O Valor das Advertências

A

s advertências à força de tanto serem usadas, muitas vezes pelo hábito, outras porque as circunstâncias assim o determinam ou se faz necessário, tornam-se ao cabo de certo tempo para uns e outros, ligados ou não diretamente às mesmas, de um sabor que não anda lá muito longe de ser insípido e até mesmo de algo de aborrecido, quando não são levadas à conta de rabugice, de idade ou de um fígado impertinente aliado a um mau gênio. Há quem diga, e a experiência popular já consagrou, que uma boa advertência vale por um conselho e uma prova de estima. O que é certo, porém, é que são poucos os que gostam de ser advertidos, observados, e muito menos, de serem chamados à atenção, sobre esta ou aquela falta, sobre este ou aquele defeito. De um modo geral o que se observa, ou por um sentimento, ou por um impulso, é a desculpa e a expressão de desagrado, que uma boa advertência sempre provoca. Todavia, é forçoso convir a esta parte, que não será à força de palavras que conseguiremos

Anete Luzia Gonçalves mudar costumes, hábitos e sentimentos profundamente e de longo tempo enraizados. Isto porque, embora seja verdade que as palavras orientam e consolam; esclarecem e aliviam, só ao tempo caberá a tarefa de ensinar, mercê da experiência.

Assim as advertências valem hoje, agora ou amanhã, como chamados à nossa integração no bem; como luz do farol que orienta os navios sobre os perigos da costa próxima ou dos recifes na escuridão das noites. No entanto, não esteja o piloto atento no rumo e firme ao timão, e certo, e seguramente, não chegará ao porto. Valham, pois, as advertências, como expressão do espírito mais puro, sincero e verdadeiro do amor no desejo

de amparar, erguer e orientar como a voz amiga da experiência, da prática e da amizade. Contudo, é interessante notar que nem sempre as advertências nos chegam sob a forma de palavras. Com frequência, a misericórdia divina encontra recursos outros para ensinar e advertir as criaturas que andam distantes ou esquecidas de suas tarefas ou deveres. Assim: Se o corpo se perde nos excessos, em breve a dor adverte para que o equilíbrio se restabeleça; se o erro é a consequência da irreflexão, em breve o remorso surge, na forma de suave advertência, para que a criatura persevere no bem; se a incerteza se instala e se acrisola no espírito, suscitando indagações e dúvidas, em breve o tempo esclarecerá sob a forma de experiência a de um conhecimento novo; e, se ouves agora uma advertência qualquer, não a apliques de pronto ao teu irmão, porque o Mestre também te adverte suavemente dizendo através de seus mensageiros que “você mesmo é a mais clara demonstração de seus ideais”.

Texto retirado de “O Espelho”- Órgão Noticioso da Juventude Geny Maia Ano IV - abril - 1957 - nº 12 - Edição especial


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