A charrua 60ª edição

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Ano XIV - 60ª Edição - Jul/Ago/2017- Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária

Editorial

A Doutrina Espírita Explica...

Espiritismo o grande desconhecido

“Todos falam de Espiritismo, bem ou mal. Mas poucos o conhecem. (...) E na verdade os seus próprios adeptos não o conhecem. (...) Grandes instituições espíritas, geralmente fundadas por pessoas sérias, tornam-se às vezes verdadeiras fontes de confusão a respeito do sentido e da natureza da doutrina.¹ Observação um tanto quanto credibilidade desses textos, autores sérios e respeitáveis, impactante..., mas real. Vejamos... apresentando-os como obras encarnados e desencarnados, nos Se observarmos a quantidade de mediúnicas, buscando a chancela levarão ver que “o espiritismo não livros e textos produzidos espiritual, esquecendo do alerta: veio apenas para aliviar, consolar, atualmente, veremos uma parte “porque se levantarão falsos cristos como se diz constantemente: ele significativa desprovida de e falsos profetas, que farão prodígios alivia e consola, não há dúvida, conteúdo minimamente e sinais espantosos, para enganarem mas desperta, antes de tudo, o aproveitável. Se desperdiça um até mesmo os escolhidos. ” ³ sentimento de responsabilidade.”⁵ tempo precioso na divulgação Uma doutrina que abrange todo Esta é uma questão primordial, dessas fontes duvidosas de campo do conhecimento humano, pois já fomos alertados que “o “conhecimento”, muitas vezes nos dois planos da vida, sendo espiritismo será aquilo que fizermos divulgadas e mesmo sem sombra de dúvida, “o mais dele”. Cabe-nos o cuidado na recomendadas por instituições poderoso elemento de moralização”, divulgação doutrinária, com sérias e por engajados divulgadores necessita de estudo e muita expressões e palavras, pois “elas da doutrina, pior ainda, e mais seriedade em sua divulgação, pois são as vestes das ideias. Os homens preocupante, quando são “é moralizadora justamente as interpretam segundo os seus utilizadas como base do trabalho porque, à proporção que seus interesses e pendores pessoais, das em atividades doutrinárias. adeptos vão estudando e suas escolas e partidos. É assim que O Espiritismo o grande compreendendo os fatos, vão eles mudam as vestiduras de uma desconhecido dos espíritas, nos formando, naturalmente, maior e ideia para outra, muito diversa, e, alerta Herculano Pires, chamando- mais sólida consciência de insistindo nessa troca, acabam nos a atenção, pois “(...) definir o responsabilidade.⁴ ” conseguindo que o falso passe como Espiritismo não é fácil. Porque No afã de consolar e ser consolado, verdadeiro, o irreal como pura ninguém o conhece, ninguém muitas vezes negligenciamos os evidência. ”⁶ acredita que se precisa estudá-lo, devidos cuidados com aquilo que pensam quase todos que se aprende divulgamos ou damos 1 e 2. Curso Dinâmico de Espiritismo, Herculano pág. 4; a doutrina ouvindo espíritos. ”² oportunidade de divulgação. O Pires, 3. E.S.E cap. XXI, item 5 Essa é uma outra questão estudo metódico das obras básicas 4 e 5. Relembrando Deolindo-I, Deolindo Amorim, importante. Almejam obter a e todas as demais provindas dos Doutrina de responsabilidade, pág. 16; 6. O Mestre na educação, Vinicius, cap.25, pág.111.


Ano XIV - Nº 60

CECJMJ

Centro Espírita de Caridade Jesus, Maria e José

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Estude e Viva! com Raul Teçá Dicas para uma boa leitura

(“Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação intima, à frente do universo e da vida, deve e precisa estudar” - Emmanuel) (“(...) recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação” - Emmanuel)

Reuniões Públicas: Segundas-feiras às 20:00 horas e Sábados as 18:00 horas Estudos das Obras Básicas: O Evangelho Seg. o Espiritismo e O Livro dos Espíritos; Quartas-feiras das 19:00 às 20:00h Estudo Sistematizado: Quartas-feiras das 19:00 às 20:00h

Atividades 14h às 16h

TRABALHOS MANUAIS

Terças-Feiras: Bordados Quartas-Feiras:Crochê e Pintura

Sábados - 11:00 horas Serviços de Assistência e Promoção Social

Mais Informações: cecjmj@gmail.com ou pela nossa página no Facebook

Expediente

Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária do CECJMJ Fundado em Agosto de 2003 R. Bangu, 141 Bangu - RJ -CEP 21820-020 Email: cecjmj@gmail.com Edição - DSAD Ano XIV - 60º Edição - Jul/Ago/2017

Para que possamos trilhar um caminho reto no estudo, na divulgação e principalmente na vivência espírita, saciando nossa sede de conhecimento e de segurança nos caminhos a percorrer, temos que inicialmente beber em fontes límpidas, que encontraremos no estudo das obras básicas e dos autores chamados clássicos. Quando falamos em obras básicas, nos referimos ao Pentateuco, mas também estendemos a “ O que é o espiritismo” e a “Obras póstumas” (tendo esse nome, pois foi publicada após a desencarnação de Allan Kardec); assim como aos 12 volumes da revista espírita, (todos disponibilizados gratuitamente no site da FEB, em pdf, para serem baixados quando desejar). Já os clássicos, são obras que se imortalizaram por fazerem avançar e aprofundar conceitos (...) de conferir respostas a dúvidas diferentes em épocas distintas em situações das mais diversas. Que tem o poder de conduzir os nossos pensamentos ao país da beleza e da verdade, de revelar o mundo espiritual e sua comunhão com o nosso mundo de maneira segura e salutar. Que prima pela qualidade doutrinaria, coerência filosófica e cientifica e principalmente, a moral elevada.¹

Com relação aos clássicos, podemos classificá-los em: contemporâneos a Kardec e posteriores a Ele (os contiuadores). São alguns deles, respectivamente: André Pezzani, Gabriel Delanne, Léon Denis, Camille Flammarion, Gustave Geley, Alexander Aksakof, Ernesto Bozzano, Oliver Lodge, William Crookes, Paul Bodier, Bezerra de Menezes, Manoel Quintão, Carlos Imbassahy, Hermínio Miranda, Hernani Guimarães Andrade, Herculano Pires, Deolindo Amorim, Martins Peralva, Rodolfo Calligaris, Cairbar Schutel, Pedro Camargo (Vinícius), entre outros. E as obras mediúnicas vindas pelas penas dos médiuns: Amalia Domingo Soler, Fernando de Lacerda, William Stainton Moses, Zilda Gama, Yvone do Amaral Pereira, Dolores Bacelar, Chico Xavier e Divaldo Franco. Um clássico espirita, portanto, se ainda não foi lido, é urgente lê-lo, pois “constituem uma riqueza” que, por certo preencherá as nossas vidas de beleza inefável e conhecimento seguro. Se já o lemos, vale relê-lo, pois “é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”. 1.Trecho do Texto de Thiago Barbosa “E os clássicos espíritas?”, retirado do site http:// www.celd.org.br/e-os-classicos-espiritas/, da seção Notícias. 2.Idem.

(Raul Teçá é militante do Movimento Espírita)


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Estudando Mediunidade com Joaquim Couto

INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM

– O desenvolvimento da mediunidade é proporcional a influência moral? Resp.: “Não; a faculdade, propriamente dita, deve-se ao organismo; ela é independente do moral; o mesmo não acontece com o seu uso, que pode ser bom ou mau, de acordo com as qualidades do médium.” (Cap. 20, item 226, O Livro dos Médiuns - Allan Kardec)

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questão do uso que um médium faça de sua faculdade mediúnica é importante, pois, dependendo do que ele faça com a sua mediunidade, poderá colher bons ou maus frutos, gerando consequências para si mesmo e refletindo sobre todos aqueles que se aproximarem dele, buscando comunicações que os possam esclarecer e orientar na busca de soluções para os problemas que os afligem. Todos os espíritos reencarnam para progredir em inteligência e moralidade. Deus nos concede para A mediunidade é uma entre alcançarmos a nossa elevação muitas oportunidades que espiritual. Com ela é possível

superar as nossas deficiências, diluindo o que geramos de mal em outros tempos, permitindo nos aproximar dos espíritos superiores, que verificando os nossos esforços de renovação moral, estarão presentes junto a nós, propiciando o amparo e a inspiração nos momentos de lutas e dificuldades que se atravesse na existência terrena. Que como médiuns na seara espírita possamos nos renovar, segundo as lições contidas na Doutrina Espírita, sempre com a gratidão transbordando de nossos corações pelas possibilidades que temos no dia a dia de pô-las em prática.

(Joaquim Couto é integrante do Centro Espírita Leon Denis e Expositor da Doutrina)

A Mágoa Reage às tentativas de alojamento da mágoa nos teus sentimentos. Não estás, no mundo, por acaso, antes, com finalidades adredemente estabelecidas, que deves atender. Acompanha a marcha do Sol, e enriquece-te de luz, não mergulhando na sombra dos ressentimentos destrutivos. Sorri ante o infortúnio, agradecendo a oportunidade de superá-lo através dos valores éticos e educativos que já possuis, poupando-te à consumpção de que é portadora a mágoa. (Retirado do livro “Episódios Diários” - lição 22 - pelo espírito Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Franco Ed. Leal)


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O Livro dos Espiritos com Paulo Antonio

Louvado seja Deus, louvado seja Jesus. 2ª parte: Mundo espiritual ou dos Espíritos cap. IV - Pluralidade das existências Semelhanças físicas e morais (pergs. 215 a 217 e obs.) s Espíritos se grupam Espirito se reflete no corpo, sem Nenhuma relação essencial em famílias, formando- dúvida que este é unicamente guardando o corpo que a alma as pela analogia dos seus matéria, porém, nada obstante, toma numa encarnação, com o pendores, mais ou menos se modela pelas capacidades do que se revestiu em encarnação depurados, conforme a elevação Espirito, que lhe imprime certo anterior. Todavia, as qualidades que tenham alcançado, durante cunho, sobretudo ao rosto, pelo do Espirito frequentemente as diversas encarnações dando que é verdadeiro dizer-se que os modificam os órgãos que servem origem ao caráter que olhos são espelho da alma. Isto é, para as manifestações e lhe distinguimos em cada povo um imprimem ao semblante físico e povo é uma grande família até ao conjunto de suas maneiras constituída pela reunião de um cunho especial é assim que, Espíritos simpáticos. Os Espíritos sob um envoltório corporal da simpatizam tanto com as mais humilde aparência, se pode coletividades, quanto com os deparar a expressão de grandeza indivíduos nessas coletividades, e de dignidade, enquanto sob um eles se acham no meio que lhes é envoltório de aspecto senhorial, próprio. se percebe frequentemente a da Os Espíritos em novas baixeza e da ignominia. a existências podem conservar explicação desse fato é o reflexo traços do caráter moral de suas que o Espirito foi antes. Para existências anteriores, a Natureza ilustrar o estudo sobre não dá salto, como sabemos, mas Pluralidade das existências, a evolução é uma prerrogativa da recomendamos novamente a lei, há uma mudança que o semblante do indivíduo lhe leitura dos capítulos: 12 proporcionada pela lei do reflete de modo particular a Preparação de experiências, 13 progresso, atuando em cada um alma. Assim é que uma pessoa Reencarnação e 14 - Proteção, do de nós, deixando bem claro que excessivamente feia, quando nela livro Missionários da Luz, pelo os Espíritos não retrogradam. habita um Espirito bom, Espirito André Luiz, psicografia Quanto ao caráter físico das criterioso, humanitário, tem de Chico Xavier, donde existências pretéritas os Espirito qualquer coisa que agrada, ao encontraremos no Planejamento não conservam os traços, porque passo que há rostos belíssimos de Reencarnações, na o novo corpo que ele toma que nenhumas impressões te Reencarnação de Segismundo nenhuma relação tem com o que causam, que até chega a inspirar- ensinamentos que devem guiar foi destruído. Entretanto, o te repulsão. nossa existência. Até a próxima oportunidade! Que Deus nos abençoe!

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(Paulo Antonio de A. Barbosa é militante do movimento Espírita e Expositor da Doutrina)


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Estudando O Evangelho com Sergio Daemon

O Evangelho segundo o Espiritismo

Capítulo 1 – Não vim destruir a Lei - Moisés (4) Infelizmente nos diversos credos religiosos “aprendemos a decorar” os 10 Mandamentos, sem atentarmos muito para a sua profundidade. Moisés, ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os quatros primeiros) e ao próximo (os outros seis), traça, para o povo eleito e para cada um em particu-lar, o caminho duma vida liberta da escravidão do pecado. I – Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. – Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima no céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os

adorareis e não lhes prestareis culto soberano. Este primeiro mandamento estabelece que devemos amar um único Deus. Segundo encontramos em O Livro dos Espíritos na primeira pergunta, Deus é a inteligência suprema

causa primária de todas as coisas. Esta resposta dos espíritos já nos leva a abolir qualquer tipo de imagem ou coisa semelhante, por não dar qualquer tipo de forma a Deus. Por isso o Espiritismo não tem imagens, objetos de veneração nem paramentos ou qualquer tipo de ritualismo. II. Não pronunciareis em vão o nome do Senhor vosso Deus. No capítulo II da parte 3ª de O livro dos Espíritos encontramos “Da Lei de Ado-ração” onde os espíritos reveladores nos traçaram o roteiro de como devemos nos dirigir a Deus. Sempre do fundo de nossos corações sem quais quer promessas labiais e na mais completa observância aos Seus mandamentos.

(Sergio Daemon Guimarães é integrante do Grupo Espírita Auta de Souza e Expositor da Doutrina)

Conversando com Chico Os Espíritos obsessores agem com mais facilidade durante o período de sono de suas vítimas? Qual a arma ideal para nos defendermos contra semelhante influência? -Tanto no sono quanto em vigília, pelo que nos é facultado saber, a melhor vacina contra a incursão de processos obsessivos é a nossa permanência no trabalho do bem ao próximo, até que venhamos a adquirir a sublimação espiritual que nos tornará invulneráveis ao assédio de nossos irmãos menos felizes. (Retirado do livro “Entrevistas” - Ed. IDE- Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP)


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Estudando os Clássicos com Eduardo Bessa

Revista Espírita

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migos, dentro da tarefa de apresentar-vos verdadeiras joias do conhecimento espírita engastadas na obra de diversos autores clássicos, muitas vezes desconhecidos do público em geral, trazemos, nessa oportunidade, um autor “badaladíssimo”. Mas, como conhecer a fama de uma pessoa não é conhecer a pessoa em si, infelizmente a obra desse senhor mais do que respeitável ainda é pouco conhecida. Costuma-se ler (ou estudar?) dois ou três livros apenas dentre os vários por ele escritos. Já adivinharam a quem nos reportamos? Ele mesmo: Allan Kardec. Dentre os tesouros que encontramos no trabalho de Kardec, enfoquemos hoje uma série deles: a Revista Espírita. Este periódico foi fundado em 1858 e editado pelo Codificador até 1869. Embora o periódico ainda esteja em circulação, destacamos os números produzidos no período supracitado. Kardec desejava: (a) manter os leitores atualizados sobre os acontecimentos espíritas; (b)

Allan Kardec

preveni-los contra os exageros da credulidade e do ceticismo; e (c) ligar, por um laço comum, os que compreendiam a Doutrina Espírita sob o seu verdadeiro ponto de vista moral, ou seja, a prática do bem e da caridade evangélica com todos. Interessante notar que Kardec intitulou esse periódico como: Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, pois ele dizia que estudar a natureza dos Espíritos é estudar o próprio homem, já que é o futuro de todos os encarnados pertencer ao mundo espiritual. Eram muito bem-vindas

contribuições que versassem sobre: (1) manifestações materiais ou inteligentes; (2) lucidez sonambúlica e êxtases; (3) segunda vista, previsões, pressentimentos etc.; (4) poder oculto atribuído a certos indivíduos; (5) lendas e crenças populares; (6) visões e aparições; (7) fenômenos psicológicos particulares que ocorrem, algumas vezes, no instante da morte; (8) problemas morais e psicológicos para resolver; (9) atos notáveis de devotamento e abnegação, dos quais possa ser útil propagar o exemplo; e (10) indicação de obras, antigas ou modernas, francesas ou estrangeiras, onde se encontrassem fatos relativos à manifestação de inteligências ocultas. Terminamos com o eminente lionês esclarecendo o caráter deste periódico: “Nossa revista será, assim, uma tribuna aberta, mas, onde a discussão não deverá jamais desviar-se das leis, as mais estritas, das conveniências. Em uma palavra, discutiremos, mas não disputaremos.” Boa leitura e fiquem com Deus! Até a próxima!

(Nesta Editoria, estudaremos as obras dos autores consideradas como os clássicos do Espiritismo Eduardo Bessa Azevedo é militante do movimento espírita de São Carlos - SP)


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Nós e o Mundo

Em Tempo Real com Nádia Maria Braga

J

á nos ensinou, em belíssima lição, Paulo de Tarso, que na vida tudo passa. Só o amor permanece. Vemos, na atualidade, o mundo conflagrado por terríveis crises, de intensidades e motivações diferentes. As dores se intensificam e vemos, de um modo geral, as pessoas perdendo a sua fé em Deus e no ser humano. Muitos acreditam que Deus desistiu de nós. Nós espíritas, mais do que qualquer um, temos grandes responsabilidades nesse momento, em que sabemos que estamos passando por uma transição planetária. Momento de grandes transformações. As últimas oportunidades de permanecerem nesse nosso orbe azul está sendo dada, a um grande contingente de espíritos. Não é momento de duvidar, de fraquejar na luta. Cremos na infinita bondade de Deus, que nos deu infindáveis oportunidades de felicidade, através das nossas inúmeras reencarnações. Através dos nossos pensamentos co-criamos com Deus. Temos recebido inúmeras mensagens do mundo espiritual superior, nos pedindo calma, nos pedindo idealizações de paz, de

Nas Crises

concórdia. O que nossos irmãos desequilibrados têm construído, no mundo e em nosso Brasil, em termos de miséria, de violência, de menosprezo pela vida é de responsabilidade de seus construtores. Não temos que nos envolver em disputas, brigas, desesperanças. Para alcançarmos um maior equilíbrio devemos nos lembrar que não existe injustiça divina. Estamos no local e na época mais apropriada para o nosso crescimento espiritual. Muitos dizem que deveriam ter nascido na Dinamarca e ter aquele extraordinário estilo de vida. Mas, Deus não erra. Geralmente pensamos que não podemos fazer nada para mudar o status quo. Que somos pequenos demais, não temos projeção social e econômica. Enfim, não temos poder. Nesse ponto nos esquecemos de nosso amado irmão Jesus, que nos disse: “ Sois deuses” Precisamos acreditar em nós mesmos. Sermos misericordiosos com nossos irmãos, que estão envolvidos pelos grandes enganos. Como nos disse Jesus não devemos compactuar com o mal, mas não devemos condenar os pecadores. Se habitamos o mesmo planeta que esses espíritos tão endividados, isso significa que também ferimos a lei, estamos experimentando o

mal que também criamos no passado, ou mesmo durante a atual existência. Abandonemos as condenações, a busca da vingança. Precisamos reconstruir. Preparar o mundo de regeneração. Começando por regenerar nossa alma. Como nos pedem os bons espíritos, façamos brilhar nossa luz através de nossos pensamentos de pacificação, de perdão, de compaixão. Vamos imaginar o mundo já regenerado. Vamos nos enxergar unidos, de mãos dadas. Verdadeiros irmãos que se apoiam e se ajudam mutuamente. Os pensamentos, como qualquer onda eletromagnética, se conjugam, aumentam o seu poder para o bem ou para o mal. Então nos unamos no bem. O ser humano é um misto de sombra e luz. Nos foquemos na luz. Tudo passa, nos disse Paulo. Então todo esse mal que nos tortura, na atualidade, um dia vai passar. Só o bem, só a fé e só o amor permanecerão. Nos unamos numa grande corrente do bem. Nos neguemos a difundir notícias de violência, de morte e de corrupção. Divulguemos a certeza na justiça divina. Soergamos os nossos irmãos caídos dando-lhes esperança num mundo melhor.

(Nádia Maria Braga Moreira é integrante da instituição Espírita Casa de Miguel e Expositora da Doutrina)


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Estudando

à Luz da Doutrina

com Frederico Mantuano

DEIXAI VIR A MIM OS PEQUENINOS

“Bem-aventurados os que têm o coração puro, porque eles verão a Deus.” (Mateus, V:8) “Então, apresentaram-lhe Deus, mas não foi isso que o comportamentos a serem algumas crianças para que Ele as Mestre Jesus nos disse. Ele, modificados, o que somente tocasse; e, como seus discípulos claramente, nos informou que o ocorrerá com muita repelissem com palavras rudes ‘reino de Deus’ é para aqueles que determinação e vontade para aqueles que as apresentavam, se assemelham a elas porque as vencer as suas dificuldades e Jesus ficou muito desgostoso e crianças têm, durante um tornar-se uma criatura melhor, lhes disse: “Deixai vir a mim os determinado período de tempo transformar-se em um homem pequeninos, não os embaraceis, após reencarnar, o aspecto da de bem. porque o reino dos céus é para Fato é que todos nós, os aqueles que se assemelham a espíritos, fomos criados por eles. Em verdade vos digo: todo Deus para sermos espíritos aquele que não receber o reino de puros. E, essa destinação é Deus como uma criança, não imodificável,independentemente entrará nele.” E abraçando-as e da nossa própria vontade. Na impondo-lhes as mãos, as passagem de Mateus, V:8, o abençoava.” (Marcos. X: 13 a 16) Senhor Jesus nos diz que são Este versículos dos Evangelhos “Bem-aventurados os que têm o de Mateus e de Marcos, coração puro, porque eles verão estudados no Capítulo VIII do a Deus”. Estes serão os que ESE, e tão bem analisados por conquistarão o ‘reino dos céus’ Allan Kardec nos Itens 3 e 4 desse pureza, da inocência, visto não Deus, nosso Pai, transmitiu a capítulo e pelo Espírito João terem podido, ainda, manifestar- todos nós, os espíritos, a sua Evangelista em mensagem dada, se integralmente com sua chama divina. Para que nós em Paris, em 1863 e por Um personalidade de espírito possamos alcançar o ‘reino dos Espírito Protetor em mensagem imortal, sedimentada ao longo céus’ será necessário que dada, em Bordeaux em 1864, das sucessivas reencarnações. evoluamos, ao longo das remete-nos a uma profunda Quando este Espírito retomar múltiplas reencarnações, reflexão sobre o como toda a sua personalidade é que aprendendo e nos aperfeiçoando, poderíamos receber o reino de veremos, efetivamente, como ele para chegarmos à condição de Deus. é. Pode ser a de uma pessoa que espíritos puros e sermos, Alguns irmãos, por vezes, tenha já, como conquista pessoal, também, partícipes da grande entendem que essa afirmação do a mansuetude, a pureza de obra da criação de Deus. Sermos Senhor Jesus em Marcos. X: 13 a coração; mas, também, pode ser seus fiéis emissários, executores 16 significava que todas as a de uma pessoa que, ainda, vibre de tarefas só possíveis a Espíritos crianças receberiam o reino de no mal, com muitos vícios e de tal envergadura moral. (Frederico Mantuano é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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Saúde Mental

Espiritismo & Psicologia com Orlando Ramos

...não estamos sós. Em vários momentos da história humana, foram descritos fatos de aparições vindas do céu. Em Reis no antigo testamento, capítulo dois, versículo onze é descrito que o profeta Elias fora arrebatado por uma carruagem de fogo e elevado aos céus. Numa linguagem mais atual, abduzido! Jonas assim como é descrito, passou três dias e três noites no interior de uma baleia quando em missão em Nínive na Babilônia. Alegorias a parte, sabemos que na garganta de uma baleia apenas passam sardinhas e plânctons...mesmo assim prefere-se a insipiência de uma linguagem figurada (Paulo afirmou que a letra mata, mas o espírito vivifica) a pensar e aceitar a racionalidade dos fatos e suas evidências. Inúmeros povos e em diversas culturas houve relatos dos chamados objetos não identificados (OVNIS); no período conhecido como guerra fria onde altas potencias militarizadas mobilizavam arsenais nucleares, eles também se faziam presentes,

Sós ou acompanhados? (3) preocupados com os desfechos de ações indevidas. Nesse plano ou no outro, as realidades paralelas sempre foram percebidas por muitos. No livro Cartas de uma morta são relatadas as experiências de

dona Maria João de deus, mãe de Chico Xavier ao chegar ao plano espiritual, em suas vivências como espírito, na companhia de seu benfeitor, relatou a ele que quando encarnada na Terra, admirava muito o planeta saturno e se poderia agora na condição de desencarnada ir até ele. O amigo aquiesceu e não fechar e

abrir de olhos se viu no referido planeta. Lá observou a população dos seres encarnados, descrevendo-os como " monstros graciosos " e que apresentavam protuberâncias à guisa de asas, que lhes conferiam a volitarão...O benfeitor lhe socorreu, dizendo que assim a via, por não possuir parâmetros de comparação.... Na obra Lírios de Esperança, Ermance Dufaux por intermédio da mediunidade de Wanderley de Oliveira é citado, dentre os diversos auxiliares da humanidade: “...homens e mulheres que já tendo atravessado os períodos de provas e expiações, nos vem em auxílio...em seus aparatos galácticos. Portanto queridos irmãos de humanidade, empreendamos cada vez mais, incorporando em nós, o espírito de análise tão bem exercido pelo mestre Allan Kardec e exaltado pelo médico dos pobres (Bezerra de Menezes) quando afirma que o lema a ser seguido é: Kardequizar. Sigamos em frente!

(José Orlando Ramos é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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O Ser Integral com Andréa Emília

“Os Nossos Demônios - O que podem nos ensinar?” “Demônios são estados mentais, estados de separação, de inverdades, de tentações, de traições, de provocações da mente pequena. Essa mente que se imagina separada do todo, que deseja apenas para si, para seus amigos e parentes, que odeia ideias e pareceres diferentes das suas ideias.” (Monja Coen — texto “A Grande Sabedoria Perfeita”, publicado no dia 8 de janeiro de 2014; encontrado no site www.monjacoen.com.br)

O

Espírito Manoel P. de Miranda1 adverte que “A obsessão, mesmo nos dias de hoje, constitui tormentoso flagício social. Está presente em toda parte, convidando o homem a sérios estudos”. A obsessão espiritual, de acordo com a Doutrina Espírita, é o processo pelo qual Espíritos inferiores, ainda ligados ao mal, objetivam exercer um domínio nocivo, persistente e sistemático sobre um indivíduo, cujo padrão de afinidade e sintonia se assemelhem com o dele. Essa influência pode variar de espectro, indo da sutileza à submissão crônica física e/ou mental. Interessante que Allan Kardec, a esse respeito, pergunta na questão 466: “Por que Deus permite que os Espíritos nos incitem ao mal?” A que os Espíritos Superiores respondem: “Os Espíritos imperfeitos são instrumentos destinados a pôr em prova a fé e a constância dos homens no bem. (...) quando más influências agem

sobre ti, e que as atrais pelo desejo do mal, pois os Espíritos inferiores vêm auxiliar-te no mal, quando tem vontade de praticá-lo. Eles não podem ajudar-te no mal senão quando queiras o mal. (...)” Em “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, capítulo XXVIII — item 81, encontramos: “Os Espíritos maus pululam em torno da Terra, em virtude da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja, que eles desenvolvem, faz parte dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços, neste mundo. A obsessão, como as enfermidades e todas as tribulações da vida, deve ser considerada prova ou expiação e como tal aceita.” Toda prova e toda expiação tem como finalidade a educação intelecto-moral do ser, o aprendizado do Bem, que leva à perfeição moral, fonte da felicidade plena. Mas o que a má influência espiritual tem a nos ensinar, com relação ao Bem? Como a má influência espiritual se estabelece a partir da

afinidade e sintonia com pensamentos e sentimentos desse teor, é oportunidade preciosa dada pela Providência Divina de reconhecermos os nossos “Demônios”, ou seja, os estados mentais da ignorância, da maledicência, da culpa, do ódio, etc. que nos desconectam do “Vida em abundância”, que o Mestre Jesus nos proporciona. Tal atitude possibilita despertarmos a consciência lúcida e nos reconectarmos com sabedoria de Deus, optando por construir Seu reinado em nosso íntimo, adotando atitudes de “Não-Violência”, alicerçada no autoperdão e ao perdão das ofensas; uma existência liberta de mágoas, rancores, ódios; ou seja, praticando “o Amor que cobre a multidão de pecados”2 , capaz de envolver os nossos irmãos, Espíritos obsessores, a ponto de despertar o sol da esperança que os levará ao reecontro com nosso Pai Celestial. 1 . No Livro “Nos Bastidores da Obsessão” - psicografia de Divaldo Franco. 2. I Pedro, IV:83.

(Nesta Editoria serão abordados temas variados sobre a saúde integral - corpo e espírito - Andréa Emília de Barros é integrante do Grupo Espírita Fraternidade Irmão Abrahão, coordenadora do 29º CEU e Expositora da Doutrina.


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Kurso de Esperanto com Eduardo Bessa

LECIONO 4 - DEMANDOJ

- Paŭlo naskiĝis en 2000. Ĉu li estas juna? - Paulo nasceu em 2000. Ele é jovem? - Jes. (Jes/Ne) - Sim. (Sim/Não) - Ĉu la manĝaĵo estas dolĉa aŭ sala? - A comida é doce ou salgada? - Sala. (Dolĉa/Sala) - Salgada. (Doce/Salgada) A outra opção engloba nove possibilidades de palavras Saluton! Kiel vi fartas? interrogativas, dependendo da Vamos aprender hoje como finaĵo (terminação) utilizada. fazer perguntas (demandoj) Assim, tem-se: diretas em Esperanto. Usam-se palavras interrogativas: ĉu (não se traduz) ou aquelas começadas com ki- (kio, kiu, kia, kiel, kie, kiam, kiom, kial e kies). Costuma-se dizer que a palavra ĉu é usada quando a resposta é sim ou não. Mais precisamente, ĉu deve ser usada quando quem responde terá de escolher entre alternativas. Por exemplo (ekzemple):  •FINO•

Kio (que, o que): Kio estas tio? Libro. | O que é isso? Um livro. Kiu (que, quem, o qual): Kiu vi estas? Karlo. | Quem é você? Carlos. Kia (como, de que tipo, qual): Kia estas la seĝo? Blanka. | Como é a cadeira? Branca. Kiel (como, de que maneira): Kiel vi fartas? Bone. | Como vai você? Bem. Kie (onde): Kie ŝi loĝas? Ĉi tie. | Onde ela mora? Aqui. Kiam (quando): Kiam li venos? Morgaŭ. | Quando ele virá? Amanhã. Kiom (quanto): Kiom kostas la panon? R$ 3,00. | Quanto custa o pão? R$ 3,00. Kial (por que, por que motivo): Kial vi ploras? Ĉar mia kapo doloras al mi. | Por que você está chorando? Porque minha cabeça doi. Kies (de quem): Kies estas la tornistro? Mia. | De quem é a mochila? Minha.

(Nesta Editoria, estudaremos a lingua internacional “Esperanto”, à distância, com Eduardo Bessa Azevedo, militante do movimento espírita de São Carlos - SP)

Com o objetivo da fraternidade universal, “alguns homens, malgrado a incompreensão de uns e a má vontade de outros, têm trabalhado. Seja no campo da Ciência ou da Literatura, da Filosofia ou da Religião, atuam sob a inspiração do Alto, consolidando entre nós as justas noções de fraternidade universal. O fim das barreiras linguísticas é importante passo para a tal conquista. Conquanto por vezes torne-se difícil para nós visualizarmos a curto prazo essa realização, a proposta para esse desiderato já existe. Ouçamo-la! Chama-se Esperanto.” (Retirado do livro Charles Richet - O apóstolo da Ciência e o Espiritismo - pág. 90 - Samuel Nunes Magalhães - Ed. Feb)


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‘IN’ MOVIMENTO com Manoel Dominique

O Movimento Espírita

Movimento Espírita é o conjunto das atividades que têm por objetivo estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a Humanidade.¹ s ações que caracterizam do progresso, apenas poderemos, acima, que “o Espiritismo não o movimento espírita, “às vezes, o de embaraça-la”. pode escapar às fraquezas tem na divulgação doutrinária Ao mesmo tempo, também humanas, com as quais se tem de fundamental importância, pois é esclarece a maneira de evitá-la contar sempre, pode, todavia, através dela que a mensagem através do cuidado com a sua neutralizar-lhes as consequências chegará aos homens, auxiliando- pureza, quando afirma que “O e isto é o essencial”. ⁴ os no seu progresso. Contudo, único meio de evitá-la, senão Através do estudo metódico sofrem naturalmente quanto ao presente, pelo menos com participação nos grupos de dificuldades, principalmente, quanto ao futuro, é formulá-la estudo, assim como nos pela própria condição evolutiva em todas as suas partes e até nos encontros, seminários e de seus adeptos, e ainda mais, mais mínimos detalhes, com tanta congressos, formando, por assim “Por ser movimento livre de precisão e clareza, que impossível dizer, uma vigilância pessoas e instituições humanas, permanente, que neutralizará, Espírita pouco a pouco, qualquer tipo de sem obrigações de obediência “Movimento compulsória a hierarquias repousa, principalmente, interferência que comprometa a religiosas que não possuímos, (...) na divulgação e na pureza dos postulados exigindo, em razão disso, de cada prática da Doutrina doutrinários. espírita em particular, e de cada Espírita” “Em suma, a razão de ser do grupo ou instituição espírita, uma Movimento Espírita repousa, vigilância permanente, no mais se torne qualquer interpretação principalmente, na divulgação e alto sentido, para que nenhuma divergente. [...] Somente o na prática da Doutrina Espírita. deturpação comprometa a pureza Espiritismo, bem entendido e bem É nesse sentido que todas as dos ideais que abraçamos.”² compreendido, pode [...] tornar- potencialidades dos espíritas Por isso que o codificador, se, conforme disseram os Espíritos, devem ser canalizadas, isto é, em várias oportunidades, de a grande alavanca da para a difusão do Evangelho maneira indistinta, indica a falta transformação da Humanidade.”³ restaurado, sob a ótica da de unidade como um dos Entendesse assim, que o imortalidade e da reencarnação, maiores obstáculos para retardar progresso do espiritismo, para da justiça e do inesgotável amor sua divulgação. Importante atingir o seu desidrato, divino. ”⁵ destacar a expressão utilizada dependerá da preservação da sua pelo codificador: retardar, pois é base Doutrinária e os esforços 1 - Estudo Sistematizaado da Doutrina - programa complementar tomo exatamente o que os espíritos conscientes dos adeptos em sua espírita único - ed. Feb; 2 , 3 e 4 - idem; superiores nos alertam quando divulgação. 5 - Espiritismo passo a passo com Kardec dizem que em relação a marcha Considerando, como vimos Christiano Torchi - ed. FEB

A

(Nesta seção reproduziremos textos sobre o Movimento Espírita, sua trajetória e desenvolvimento, ontem e hoje através das pesquisas de Manoel Dominique, confrade militante do movimento Espírita)


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Gente Querida! com Celso Martins

Aconteceu no meio espírita

Depoimento

- 42 – No ano letivo de 1975, Dona Ruth Corral Sant’anna, lendo o meu endereço postal nos meus escritos desenxabidos nos jornais espíritas e leigos, envíame uma pequena carta para que lhe faça uma visita fraternal. Botei meus magros ossos sob a pele parda para a rua Torres Sobrinho, no bairro do Méier, onde morava o crítico literário Agripino Grieco lembrava que “no começo do mundo, os bichos falavam agora – escrevem.” Escolheu-se esse escritor que atestou serem verdadeiros os textos do Chico Xavier (até 1975 também Francisco de Paula Xavier. Baseou-se Grieco no Gênisis, atribuindo a Moisés no capítulo 3, versículo 4, não sei se em Esperanto pois ele surgiu em 18 de julho de 1887, criado pelo polonês Zamanhof (1853-1917), em Varsóvia, dominada pelos czares de Moscou (Rússia). - 43 – Dona Ruth queria que este nosso escriba não fariseu da fornada de Anás e Caifás – dirigisse um colégio noturno. Respondi-lhe que, embora licenciado em História Natural (um misto de 50% de ciências biológicas com

50% de ciências geológicas) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da então Universidade do Estado da Guanabara, na tarde/noite de 26 de dezembro de 1966 – no Theatro Municipal da cidade do Rio de Janeiro – não me era – por lei – habilitado a dirigir escolas do atual (desde 1972) ensino do 2º grau (Reforma do Ensino). - 44 – Naquela noite de 1975, a amiga do saudoso baiano professor autodidata Leopoldo Machado Barbosa de Souza (1891-1957) ne ofertou com gentil dedicatória o seu livro de título “Quanto vale um ideal”, que li com grande interesse e maior proveito relatando a sua luta na educação integral de meninos órfãos carecentes de recursos materiais. Dona Ruth vivenciou o ensino de Jesus: “Deixai virem a mim as criancinhas”. Ver o melhor evangelista Marcos, sobrinho de no capítulo 10, versículos 13 até 16. (Celso Martins – contato pelos telefones (21)3619-1083 e ou (21) 2627-8383, depois das 19:30h). - 45 – 1956 – todas as 5ª feiras, das 6 as 6 e 30 – claras da manhã – pelos microfones da Rádio Mundial

(sucessora da falida PRA-3 Rádio Clube do Brasil), com estúdios no 3º andar da Av. Rio Branco, 181-A – Edifício Cine AQ – Trianon, demolido pelos golpistas de 1º de abril de 1964 – o alto funcionário concursado Jorge S. das Neves (a quem conheceria em 1979, na liga Brasileira de Esperanto, na Praça da República, 54, sobrado – Rio de Janeiro) – apresentava o programa Vamos aprender o Esperanto? Em cima deste convite estreei no jornalismo em 13 de agosto de 1961, antes de ter meus 20 anos completos, com um artigo – lembro-me bem – foi em um belo domingo de sol não muito forte – lancei no Correio da Lavoura, na Rua Bernardino de Mello, 2022, depois do Fórum Iguaçuano, dirigido pelo jornalista – não diplomado – Luiz Martins de Azevedo, uma conclamação de igual título: vamos aprender o Esperanto? O Correio da Lavoura foi fundado em 1913 pelo Silvino de Azeredo, natural do município de Paty de Alferes (RJ). Luiz era assessorado pela dona Romane Torres, macérrima e extremamente culta, mãe do menino Ubiracy.

(Esta seção trará sempre um texto de Celso Martins - Série Depoimento, continua na próxima edição)


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Esflorando o Reformador ESPIRITISMO

E

m mais de um escrito temos exposto com suficiente clareza a nossa orientação doutrinária, quanto ao modo compreender e praticar o Espiritismo, para que tenhamos necessidade de insistir demoradamente sobre o assunto. Entretanto, no artigo do nosso venerando confrade Sr. Verdad Lessard, que neste mesmo lugar de nossa última edição reproduzimos da Revue Spirite, de Paris, há enunciados que exigem um esclarecimento, afim de se não prestarem a falsas interpretações. Assinalando o valor e a necessidade da prece, revestida das indispensáveis condições de recolhimento e excelentes disposições Moraes dos assistentes, para o bom êxito das práticas espíritas, acrescenta ele que são essas reuniões «de caráter religioso» que convém multiplicar, e não tolerar uma só em que tais condições não sejam preenchidas. Ora, como há entre nós um número, talvez considerável, de fetichistas e supersticiosos que entendem licito fazer do Espiritismo uma religião em que já se vão ostentando uns arremedos de culto externo e cerimônias mais ou menos

Religião - Ciência

materializadas, preciso é ficar bem claro o sentido em que o autor do mencionado artigo emprestou tais locuções, e assim desfazer todo o equívoco a que pudessem dar lugar. De resto, na continuação do mesmo escrito, e para todo aquele que apreender em conjunto o pensamento que o ditou, são dissipadas quaisquer dúvidas, sobretudo quando o autor afirma que «o Espiritismo não é uma religião, porque uma religião é muitas vezes uma coisa muito estreita», e que a nossa doutrina «é a afirmação demonstrada do laço que prende o céu a terra, o invisível ao visível. » (Continua na página 15)

Esta é, com efeito, a definição insofismável do caráter religioso do Espiritismo. Ele não comporta formalismos nem cerimônias, nem pompas exteriores que, lisonjeando os sentidos, distraíssem o espírito desse esforço mental que se chama recolhimento e pode algumas vezes alcandorar-se às culminâncias da contemplação interior. As reuniões dos seus crentes, com o objetivo de instruir-se nas verdades divinas e entrar em comunhão com os seres elevados da espiritualidade, revestem por isso algo de imponente, de majestoso mesmo, e constituem uma excelente disciplina espiritual para o desenvolvimento das aptidões psíquicas do homem. Tais reuniões, entretanto, permaneceriam estéreis, se não fossem acompanhadas, da parte dos seus frequentadores, de um esforço diário e constante por se tornarem melhores, pondo em prática, nos atos de sua vida ordinária, os ensinos morais e os conselhos ali recebidos dos espíritos. Porque o Espiritismo tem que ser para todo adepto o ponto de partida e a base de uma completa regeneração


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(Continuação da página 14)

moral, tanto dos sentimentos e dos hábitos como dos próprios pensamentos. Este é o objetivo culminante do Espiritismo, assim entendido e praticado em sua feição moral ou religiosa, fonte de verdadeira, duradoura, íamos dizer única felicidade sobre a terra. Se, entretanto, ele é não uma religião, mas a religião na mais legitima e elevada significação do vocábulo, difere das religiões particulares em que não impõe dogmas nem aventura afirmações sem provas. Baseando-se na observação dos fatos, nas manifestações do espírito durante a vida – s o n a m b u l i s m o , desdobramento, vista dupla, etc., - como depois da morte – fenômenos espíritas

propriamente ditos – ele é por isso e antes de tudo uma ciência positiva. Não exige dos seus crentes a fé cega, antes lhes reclama a intervenção do raciocínio e da observação para as teorias que formula. Por isso se tem dito com razão que o Espiritismo, vindo dissipar o antagonismo em que permaneciam divorciadas a ciência e a religião. Veio entre elas lançar a ponte que as integra num território comum – o conhecimento. Como religião, entenda-se mais uma vez, não o conjunto de formulas e ritos nem de dogmas com que se tem procurado embaraçar o livre surto da alma humana em busca de sua divina e eterna origem, mas a adoração a Deus em espírito e verdade, pelo

trabalho da inteligência e pela irradiação do sentimento, e o amor ao próximo tanto ou mais do que a nós mesmos. Esse é o verdadeiro Espiritismo, essa a religião eterna em que vem iniciar todos os homens, banindo as superstições tanto como as incertezas, fazendo dos tesouros acumulados da ciência, não uma maldição, mas um elo, embora restrito, da imensa cadeia que eleva o espírito dos abismos tenebrosos da matéria aos esplendores da espiritualidade. Assim o temos entendido, assim o temos proclamado. Necessário, contudo nos pareceu mais uma vez o tornar claro, para esclarecimento dos vacilantes e aproveitamento dos de boa-fé.

(Texto Retirado do Reformador de 1 de Junho de 1910, seção “Doutrina” - páginas 166 a 168 - atualizado pelo acordo ortográfico) (Nesta seção relembraremos as matérias, notícias e informações, dessa fonte maravilhosa de conhecimento que é a Revista Reformador, editada pela FEB - Federação Espírita Brasileira, Casa Máter do Espiritismo no Brasil, desde 1883.)

Relembrando

N

esta primeira década funcional da Juventude da juventude «Geny Maia», oferecenos a oportunidade de apresentar aos nossos moços um retrospecto da primeira reunião, datada de 25 de setembro de 1948. Do primeiro livro de atas anotamos o seguinte: Dirigiu os trabalhos da fundação o sr. José Costa – Presidente do Centro espírita de

Como é bom recordar

Caridade Jesus, Maria e José, secretariado pelo irmão Arthur Gomes de Paula Júnior. Depois de várias providências a serem tomadas decidiram, ainda, os presentes, formar a primeira diretoria que ficou assim constituída: Diretor – Arthur Gomes de Paula Junior; secretário – Tharcila dos Santos; Tesoureiro – Jackson Costa; Bibliotecário – (Continua na página 16)

Odinir Almeida de Souza Lima; Mentora – Eurídice Ribeiro Costa (D. Zuzú). Após a eleição dos primeiros diretores da Juventude a bondosa irmã espiritual Paulina Horta, através do seu médium, proferiu as palavras que mais abaixo transcreveremos. Assinaram essa ata os jovens: Aglonice Brum Paixão, Jackson Costa, Jarbas


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(Continuação da página 15 - Relembrando)

Gabriel Costa, Odinir Almeida de Souza Lima, Tharcila dos santos, Maria Helena Ferreira, Maria Lúcia Costa, Nise Venâncio, Lêda Grigoroski e Marion Cordeiro, mais os presentes: José Costa, Arthur Gomes de Paula Junior, Euridice Ribeiro Costa, Georgina Alves dos Santos e Olga Cordeiro. “Quero agradecer a todos vós a demonstração de afeto e carinho que me testemunhastes e, ao mesmo tempo, pedir-vos permissão para declinar de tão honrosa incumbência. Recebi, jubilosa, essa prova de ternura, de afeto, todavia declino de que meu nome permaneça como emblema em tão nobre organização. Não sei se todos conheceis o trabalho santificante de nossa querida irmã Geny Maia, junto de alguns de vós, quando éreis ainda simples sementinhas. Esse nome que pronunciamos com todo o respeito, eu vos peço que concordeis, será o símbolo de nossa organização, aurificando-a. Honremos esse luminoso espírito! Sejamos justos! Revelo-vos ainda que, em virtude das minhas atribuições junto de vós, provavelmente iremos ter as nossas divergências e, talvez, até nossas zangas, embora fraternais e isso não ficaria bem, se eu ficasse em tão elevado posto. Agora, eu devo interpretar o pensamento e o desejo de Geny Maia. Não lhes iremos trazer nada de novo. Já existem em

outros lugares organizações semelhantes, trabalhando eficientemente. Temos fé na força e na dedicação dos jovens a quem ofertamos esse empreendimento. São capazes, são religiosos e não fanáticos. Sabemos que outras organizações usam formas de trabalho que não condizem com a

mocidade alegre, despreocupada, que sabe que os seus destinos estão marcados pelo Senhor das Vidas! Que se entreguem aos prazeres naturais da adolescência, dentro dos limites que a saúde e a moral exigem, para não se tornarem sisudos, taciturnos, como os que já vão na maturidade. Ficarei, como mãe vigilante, observando meus filhos e estarei sempre à frente honrando o nome venerável de nossa patrona. Quando chamar qualquer de vós, em caráter particular, é possível que vá haver uma pequena zanga, porém será à feição das mães. Teremos sim, nossa biblioteca para estudos e recreio, todavia, não ficaremos presos a leituras e teorias, pois teremos como objetivo principal, a pratica do Amor Cristão, da Caridade. Levaremos nosso socorro aos sedentos de luz, de carinho de pais, de afeto de irmãos. Não estamos nos arregimentando para satisfazer vaidades pessoais, mas para socorrer os necessitados. Que sejamos conhecidos, sobretudo, através de nossos atos de amor. Que os vossos lábios, tão lindos, jamais se abram para pronunciar palavras más. Que onde estiver um jovem da Juventude Geny Maia, haja, aí, em verdade, um raio de luz e de esperança. Advertirei às filhas, às noivas, a todos vós. Dos rapazes esperamos

Doutrina, impedindo a propagação sincera da verdade. Deploramos que tal se dê. Tracemos nós uma orientação sadia para as nossas tarefas. Impeçamos que os nossos jovens sigam caminhos que, não sendo muitas vezes maus, tornam-se, entretanto, ridículos. Eliminemos fantasias que não são dignas de moças e rapazes religiosos, combatendo os exibicionismos malsãos, que incentivam a vaidade. Evitemos os excessos de rigor, para não criarmos como que verdadeiras freiras espíritas, como que nos tragam seus amigos, acontece alhures. Desejamos a principalmente os descrentes. ”

Textos retirados de “O Espelho”- Órgão Noticioso da Juventude Geny Maia - Ano V - Setembro - 1958 - nº 16


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