A charrua 55ª ediçao

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Ano XIII / 2016 / Nº 55 - Periódico de Estudos e Divulgação Doutrinária

Editorial

A Doutrina Espírita Explica...

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m virtude da vivência política em nosso país, a nossa primeira reação é de estranheza por serem, aparentemente, assuntos totalmente antagônicos. Contudo ao analisarmos com outros olhos, veremos que “sob o aspecto filosófico, o Espiritismo tem a ver e muito com a política, já que esta deve ser a arte de administrar a sociedade de forma justa.”1 Definição essa, que não tem nenhuma ligação com a infeliz prática, em nossa sociedade, da política partidária, “com seus desvios éticos de pessoas e partidos políticos para aproveitamentos egoísticos, imorais e ilegais.”2 Porém dentro deste aspecto, o filosófico, através do estudo das leis morais, a Doutrina Espírita apresenta claramente normas políticas, que se encontram desenvolvidas em onze capítulos da parte terceira de O livro dos Espíritos. De posse desse

Espiritismo e Política

conhecimento, não podemos mais nos permitir participar na sociedade de forma desequilibrada, vociferando contra os desmandos da classe política, mesmo quando nos impõem com seus atos, prejuízo ao estado de direito, como estamos vivenciando nos dias de hoje... Por tudo que já conhecemos e sabemos, uma postura com base na justiça, no amor e na caridade - sem santarronice, na dimensão de espíritos de 3ª ordem mesmo, é o que minimamente se espera do profitente espírita. Nós não acreditamos, sabemos o que a vida física representa para cada um de nós, e que apesar de estarmos caminhando, ainda não estamos num mundo de regeneração, porque simplesmente não conseguimos transformar o homem velho que insistentemente ainda alimentamos dentro de nós mesmos. Ao invés do comentário

raivoso sobre o ato produzido pela politicagem, por que não analisarmos o que poderemos fazer, modificar ou implementar na parte que nos cabe? Dentro desse contexto, todos nós temos compromissos, no entanto “Esse entendimento é necessário ao espírita, pois, conscientemente ou não, ele tem uma prática política, considerando-se que a própria participação na sociedade é uma participação política”.3 E como também já sabemos, a parte que nos cabe são os nossos deveres, intransferíveis, que apesar de tudo, somente sobre eles teremos ingerência. Como bem nos ensinou o querido Mestre Jesus “a cada um segundo as suas obras”... E, diga-se de passagem, que essa postura não tem nada a ver com alienação, muito pelo contrário. Encarar a nossa realidade com equilíbrio e consciência, ou seja, como espírita, sempre será o melhor e mais acertado início de qualquer demanda em busca de solução .

Referência: (1, 2 e 3) - Espiritismo e Política - Contribuições para a evolução do ser e da sociedade - Aylton Paiva - ed. FEB


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Estudando Mediunidade com Joaquim Couto

Identidade dos Espíritos

Livro dos Médiuns, cap. XXIV comunicação. Agindo dessa forma seremos 1) Provas possíveis de menos mistificados sabendo identidade: discernir o que venha da parte -”A questão da identidade dos de um espírito sério e elevado. Espíritos é uma das mais controvertidas, mesmo entre os adeptos do Espiritismo”. -”Os Espíritos não nos trazem um ato de notoriedade e sabese com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes emprestados”. (Allan Kardec) Como devemos agir na questão da identificação? a) A confirmação de comunicações de personagens antigos. - Só pode-se fazer uma apreciação moral, apreciando a linguagem usada pelo Espírito. - Um Espírito sério e elevado não diz trivialidades ou puerilidades. - O estudo sério e aprofundado do Espiritismo, nos fornecerá os conhecimentos necessários para melhor analisar as comunicações, dando relativo valor ao nome que assina a

b) A identidade é muito mais fácil de constatar, quando se trata de Espíritos contemporâneos cujos caráter e hábitos são conhecidos. - Não tiveram tempo de se despojar-se dos hábitos, costumes, certo modo de se expressar quando estavam

encarnados. Além disso certas circunstâncias, fatos , particularidades de suas vidas, desconhecidas do médium e dos assistentes, podem comprovar a identidade do comunicante. Através do Chico Xavier muitos espíritos se comunicaram, apresentando detalhes de suas vidas, desconhecidos do médium. Assim identificá-los fica mais fácil, embora não se possa dispensar a análise criteriosa das suas comunicações. Como pode-se ver não se deve levar por impulsos ao lidarmos com as comunicações dadas pelos Espíritos. A análise séria e criteriosa impedirá que nos centros espíritas Espíritos mistificadores implantem seus sistemas e ideias, acabando por prejudicar o funcionamento do grupo e gerando muita perturbação entre os trabalhadores. “Oração e vigilância”, recomendação sempre atual de Jesus no trato com os Espíritos.

(Joaquim Couto é integrante do Centro Espírita Leon Denis e Expositor da Doutrina)

Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. – Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? – Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. – Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. – Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. – Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos. (S. MATEUS, 7:15 a 20 - E.S.E cap. XXI, item 2)


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Centro Espírita de Caridade Jesus, Maria e José

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Estude e Viva! com Raul Teçá Dicas para uma boa leitura

(“Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação intima, à frente do universo e da vida, deve e precisa estudar” - Emmanuel) (“(...) recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação” - Emmanuel)

Em complemento ao assunto desenvolvido no Editorial, recomendamos algumas leituras importantes para um melhor entendimento do assunto. Reuniões Públicas: Além da própria bibliografia Segundas-feiras às 20:00 horas utilizada no artigo, o livro e Sábados as 18:00 horas Espiritismo e Política – Estudos das Obras Básicas: O Evangelho Seg. o Espiritismo e Contribuições para a evolução O Livro dos Espíritos; do ser e da sociedade, de Aylton Quartas-feiras das 19:00 às 20:00h Paiva, editado pela FEB, Estudo Sistematizado: recomendamos também: sábados das 16:30 às 17:45horas - Genealogia do Espírito, parte Evangelização Juvenil - JEGM: V – capítulos 30 e 31, de sábados das 16:30 às 17:30horas Humberto Schubert Coelho, Evangelização Infantil - 24 de Abril: também editado pela FEB; sábados das 18:00 às 19:00horas - Conduta Espírita – lição 10 – Nos embates políticos, pelo Atividades espírito de André Luiz, 14h às 16h psicografia de Waldo Vieira, ed. TRABALHOS MANUAIS Terças-Feiras: Bordados FEB; e principalmente o estudo Quartas-Feiras:Crochê e Pintura de O Livro dos Espíritos, parte Sábados - 11:00 horas terceira Das Leis Morais – Serviços de Assistência e Promoção Social capítulos I ao XII; utilizando Mais Informações: com apoio o livro Leis morais cecjmj@gmail.com ou pela nossa da Vida, pelo espirito de Joanna página no Facebook de Ângelis, psicografia de Divaldo P. Franco, ed. LEAL e o livro As Leis Morais de Rodolfo Expediente Periódico de Estudos e Divulgação Calligaris, ed. FEB. Doutrinária do CECJMJ E como preparação para Fundado em Agosto de 2003 iniciar as leituras sugeridas R. Bangu, 141 Bangu - RJ -CEP 21820-020 acima, recomendamos a Email: cecjmj@gmail.com meditação nas mensagens de Edição - DSAD

Ano XIII- 55º Edição - Set/Out/2016

dois textos maravilhosos: O prefácio do último livro recomendado, e a lição 43 “Vós, portanto...”, do livro Vinha de luz, ambos de Emmanuel, dos quais em seguida, finalizo reproduzindo alguns trechos. “Lembrando o codificador da Doutrina Espírita, é imperioso estejamos alerta em nossos deveres fundamentais. ” “O esclarecimento íntimo é inalienável tesouro dos discípulos sinceros do Cristo. O mundo está cheio de enganos dos homens abomináveis que invadiram os domínios da política, da ciência, da religião e erguem criações chocantes para os espíritos menos avisados. (...), Mas o Discípulo de Jesus, bafejado pelos benefícios do Céu todos os dias, que se rodeia de esclarecimentos e consolações, luzes e bênçãos, esse deve saber, de antemão, quando lhe compete realizar em serviço e vigilância e, caso aceite as ilusões dos homens abomináveis, agirá sob a responsabilidade que lhe é própria, entretanto na partilha das aflitivas realidades que o aguardam nos planos inferiores.”

(Raul Teçá é militante do Movimento Espírita)


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O Livro dos Espiritos com Paulo Antonio

Louvado seja Deus, louvado seja Jesus.

2ª parte: Mundo espiritual ou dos Espíritos cap. IV - Pluralidade das existências Transmigração progressiva (pergs 189 a 196)

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vida do Espirito, em goza da plenitude de suas através de uma conduta perfeita, seu conjunto, apresenta faculdades desde o princípio de numa vida, não há possibilidade as mesmas fases que sua formação, porque o Espirito, de transpor todos os graus da observamos na vida corporal. como homem, também tem sua escala evolutiva e tornar-se Ele passa gradualmente do infância. Em sua origem os espirito puro, sem passar por estado de embrião ao de Espíritos têm uma existência outros graus intermediários, infância, para chegar, através de instintiva, mal têm consciência pois o que o homem julga uma sucessão de períodos, perfeito está longe da perfeição. reencarnações, ao estado de Há qualidades que lhe são adulto, que é o de perfeição, desconhecidas e que ele não relativa, para qual foi criado, pode compreender. Mas pode com a diferença de não haver, garantir para si, já na vida para o Espirito, nem declínio presente, uma existência futura nem decrepitude, como na vida menos cheia de amarguras, com corporal, que a sua vida, que a pratica do bem, só o negligente teve começo, não tem fim, que permanece sempre no mesmo lhe é necessário, um tempo ponto. Outra certeza que pelo imenso para passar da infância estudo chegamos, é que o espiritual ao completo Espirito não retrograda, pode desenvolvimento; e, que o seu em suas novas existências o progresso se realiza, não numa de si mesmo e de seus atos, só homem descer mais baixo do única esfera, mas passando por pouco a pouco a inteligência se que esteja na atual, em termos diversos mundos. desenvolve. da posição social e não moral, O estado da alma na sua A vida do Espirito, pois, se não há possibilidade numa nova primeira encarnação, é idêntico compõe de uma série de encarnação, a alma de um o da infância na vida corporal. existências corporais, cada uma homem de bem animar o corpo Sua inteligência apenas das quais representa para ele de um celerado, o inverso, sim, desabrocha, ela ensaia para a uma oportunidade de progresso. desde que se arrependa e vida, por isso o Espirito não O bom senso indica, que mesmo pratique o bem. Até a próxima oportunidade! Que Deus nos abençoe! (Paulo Antonio de A. Barbosa é militante do movimento Espírita e Expositor da Doutrina)

“Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles.” Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. (Evangelho segundo o Espiritismo - cap. XIII, item 9)


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Estudando O Evangelho com Sergio Daemon

O Evangelho segundo o Espiritismo

Introdução 4 – Sócrates e Platão – Resumo da doutrina (18) XX. Todos os homens, a partir da infância, muito mais fazem de mal do que de bem.

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uando olhamos para o mundo que nos cerca, muita das vezes nos questionamos sobre este ponto. Por que tantas crianças já apresentam, desde cedo, tendência a praticar o mal? Por que isto acontece? Somente a Doutrina dos Espíritos é capaz de nos apresentar uma explicação para este fato. As doutrinas tradicionais não conseguem apresentar uma causa consistente para este problema, principalmente quando não há a chamada “influência do meio”. As explicações são as mais inconsistentes e de um modo geral frágeis, não resistindo a uma análise mais profunda. Tudo porque só admitem a existência do espírito nascido e

criado com o corpo. Admitindo-se porém a préexistência do espírito, ao corpo físico, bem como as diversas encarnações pelas quais já passou, podemos então entender a questão do comportamento humano

desde a sua infância. Sendo o nosso planeta ainda um mundo em evolução, classificado como de provas e expiações, onde o mal ainda prepondera sobre o bem, é natural que muitos dos espíritos que aqui encarnam tragam consigo toda uma bagagem de erros e acertos adquiridos ao longo de suas diversas existências. Ao reencarnar, o espírito sob a influência desta bagagem, passará a demonstrar a preponderância de um ou de outro no seu comportamento. Desta forma conseguimos entender porque já na infância encontramos aptidões e comportamentos os mais diversos, compreendendo o questionamento de Sócrates.

(Sergio Daemon Guimarães é integrante do Grupo Espírita Auta de Souza e Expositor da Doutrina)

Conversando com Chico

Como entender a loucura e as doenças chamadas incuráveis, à luz do Espiritismo? Loucura e doenças incuráveis, à luz do Espiritismo, estão arraigadas às nossas necessidades de aprendizado e evolução, resgate e aprefeiçoamento, nos campos da reencarnação, e os Instrutores da Espiritualidade acrescentram que a Ciência e a Religião operam no Planeta, sob a inspiração da Providência Divina, para amenizar, diminuir, sustar ou extinguir as provações dos homens, conforme a necessidade e o merecimento de cada um.

(Retirado do livro “Entrevistas” - Ed. IDE- Instituto de Difusão Espírita - Araras - SP)


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Estudando os Clássicos com Eduardo Bessa

Espiritismo para Crianças

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Cairbar Schutel

rezados irmãos e irmãs, fácil entendimento. o livro que agora Mas não se engane o leitor: enfocaremos é da obra de faz parte das almas de escol Cairbar Schutel: “Espiritismo saber tratar os assuntos mais para Crianças”. Foi publicado transcendentes de forma em 1918 e é a primeira tentativa sucinta e inteligível. É assim de se escrever um livro espírita que assuntos como Deus, simples o suficiente de forma a Religião, Imortalidade, Vícios, permitir a sua leitura por Virtudes, Reencarnação e vários crianças. outros são abordados com uma Apesar desse intuito, esse clareza solar. pequeno livro pode Vale muito a pena conhecer tranquilamente ser lido por esse pequeno livro, que encerra adultos. Ele apresenta os grandes ensinamentos. Se princípios fundamentais do necessário for, façamo-nos Espiritismo, dando aos leitores crianças novamente e deixemouma ideia resumida da Doutrina Allan Kardec em O Livro dos nos envolver por suas páginas! Espírita. Espíritos ou de Emmanuel em Desejo a todos uma Em quinze capítulos, por O Consolador, Schutel responde excelente leitura e que Deus nos meio de 114 perguntas e à uma série de questionamentos conduza a um novo encontro respostas, muito ao estilo de numa linguagem simples, de em breve! Abraços fraternais! Link: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/ Cairbar%20Schutel/2/Cairbar%20Schutel%20-%20Espiritismo%20para%20crian%C3%A7as.pdf Obs.: Esse livreto encontra-se disponível também em espanhol (Espiritismo para los Niños) e em inglês (Spiritism for Children). Eis os respectivos links: http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/ Cairbar%20Schutel/2/Cairbar%20Schutel%20-%20Espiritismo%20para%20los%20ni%C3%B1os.pdf e http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/ Cairbar%20Schutel/2/Cairbar%20Schutel%20-%20Spiritism%20for%20children.pdf (Nesta Editoria, estudaremos as obras dos autores consideradas como os clássicos do Espiritismo Eduardo Bessa Azevedo é militante do movimento espírita de São Carlos - SP)

Educar é a melhor maneira de curar o desequelíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as chagas do espírito eterno. (Benedita Fernandes - Retirado do livro Dicionário da Alma)


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Nós e o Mundo

Em Tempo Real com Nádia Maria Braga

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Transição Planetária - Parte I

osso planeta caminha para dar um passo evolutivo a mais, transformando-se num mundo de regeneração. Depois de, por milênios, enviar seus emissários, que nos deixaram belos ensinamentos, Ele mesmo encarnou entre nós, para dar início a um novo período da Terra. Jesus profere o Sermão Profético, que chegou até nós pela narrativa de Marcos. Nesse sermão Ele fala dos sinais finais dos tempos, precursores da grande mudança: a fome, as guerras e rumores de guerras, nações contra nações, pais contra filhos, filhos contra pais, tremores de terra, seca, inundações, aparecimento dos falsos profetas e dos falsos cristos. É pela luta de ideias que surgirão os acontecimentos preditos. Hoje são as entranhas da humanidade que se agitam. A Grande Transição é uma alteração vibracional da Terra,

não a sua destruição. A Terra está se acomodando ao seu novo estado, por isso maior frequência nos movimentos sísmicos e maior quantidade de vulcões retornando a sua atividade.

A nossa Humanidade cresceu muito em inteligência e tecnologia, mas continuamos insensíveis às dores uns dos outros, somos altamente egoístas. Nossos pensamentos, sentimentos e emoções são de baixa vibração. Vivemos numa comunidade sideral onde existe um

dinamismo constante. Essas mudanças radicais ocorreram, ocorrem e sempre ocorrerão em todos os orbes do Universo. É o respirar sideral! Sirius quando sofreu a grande transição, aumentando a sua vibração, desterrou parte de sua humanidade insensível e perversa, para Capela. Esses desterrados levaram o progresso intelectual para esse orbe. Depois chegou o tempo de Capela dar seu salto evolutivo, ocorrendo nova grande migração de almas, cujo destino foi um pequeno mundo azul chamado Terra. Esses desterrados nos trouxeram o seu conhecimento melhorando a vida material dos habitantes da Terra e a dor da saudade trabalhou seus corações e eles então se transformaram e muitos puderam retornar ao seu querido orbe e outros conosco permaneceram, por muito nos amarem. Agora chegou a nossa vez de dar o grande salto evolutivo...

(Nádia Maria Braga Moreira é integrante da instituição Espírita Casa de Miguel e Expositora da Doutrina)


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Estudando

à Luz da Doutrina

com Frederico Mantuano

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odos nós, seres humanos, fomos criados por Deus ‘Espíritos Simples e Ignorantes’, porém, destinados por Ele a sermos ‘Espíritos Perfeitos’; qual seja, somos todos perfectíveis, devendo esta meta ser alcançada, por cada um de nós, através dos nossos próprios esforços na prática do bem. Deus, nosso Pai, em sua infinita sabedoria, não nos criou ‘Espíritos Perfeitos’ para que esta condição, quando pudesse ser alcançada por nós, tivesse o valor do mérito, do esforço realizado por cada Espírito imortal em seu aprendizado contínuo, na escola da vida, realizado a cada instante, a cada hora, a cada dia através das ‘NOSSAS ESCOLHAS’, quer no plano material, enquanto encarnado, quanto no plano espiritual, na condição de espírito errante. Para que isso fosse possível, O Pai dotou-nos de inteligência, do raciocínio contínuo e do Livre Arbítrio, que é a faculdade de realizarmos as ‘NOSSAS ESCOLHAS’. É através das nossas escolhas nas múltiplas reencarnações que vamos progredindo para alcançarmos a condição de

NOSSAS ESCOLHAS

‘Espíritos Puros’. E é, também, em cada oportunidade reencarnatória que vamos realizando os nossos aprendizados, através dos estudos contínuos, sedimentando conhecimentos que se acumulam; das experiências vivenciadas nas quais estamos, sempre, sendo chamados a decidir, a escolher.

Quando as ‘NOSSAS ESCOLHAS’ são as adequadas ao Espírito em evolução nós progredimos; quando, ao contrário, nos equivocamos nessas escolhas angariamos débitos que nos obrigarão ao reajustamento com a Lei de Deus, que é soberana e equânime para todos nós, seus filhos, sempre, amados. O ser humano necessita, urgentemente, a aprender a decidir, a escolher aquilo que,

efetivamente, é importante para sua vida de Espírito Imortal e que tem por destinação o estado de ‘Espírito Perfeito’, mas que somente será alcançado através das suas escolhas nessa longa caminhada de aprendizado através das múltiplas reencarnações nos ‘mundos escolas’ que, eventualmente, possamos frequentar nesse caminhar para o objetivo traçado por Deus para as nossas vidas. Precisamos, portanto, realizar as escolhas adequadas ao nosso crescimento intelectual e moral a cada oportunidade reencarnatória, ou mesmo no plano espiritual, pois quanto mais rapidamente alcançarmos a meta, mais cedo alcançaremos a felicidade tão almejada por cada um de nós. Em ‘O Livro dos Espíritos’, no ‘Resumo teórico do móvel das ações do homem’, questão 872, 1º §, somos informados que “... o livre-arbítrio existe na escolha da existência e das provas que o Espírito elegeu no estado de erraticidade e, na condição de encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos estamos voluntariamente submetidos. ...”

(Frederico Mantuano é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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Saúde Mental

Espiritismo & Psicologia com Orlando Ramos

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Progresso: Sentimento inato da alma

esde tempos memoráveis é notável o processo de evolução que ocorreu desde o aparecimento do ser humano na Terra. Do Homem primitivo ao chamado Homo Sapiens, ou seja, homem que sabe, decorreram-se mais ou menos dois bilhões de anos, onde o entendimento da morte já permitia viver em comunidades minimamente organizada, entendendo a necessidade de enterrar seus mortos, denotando até mesmo percepção de uma vida espiritual. Separados assim não só pelo tempo, mas pelos avanços do princípio inteligente através de suas diversas encarnações, é interessante perceber o quanto se avançou em direção ao progresso espiritual. A vida que se encontrava em forma de gérmen em outras instâncias da Espiritualidade superior encontrou ensejo de manifestação no meio terrestre por intermédio dos engenheiros siderais e Daquele que seria para todos o grande referencial de uma vida de abundância. Jesus que chegou a afirmar que o “ O seu reino não era deste

mundo “, elucidou que a vida como a conhecemos não passa de um momento fugidio na eternidade, não é a primeira a existir e nem será a última pois que o “ Pai trabalha até hoje “ em seu processo de criação infinita. Aquém e além de nós, a vida pulsa incessantemente

num chamamento constante sob os auspícios de Deus que jamais nega oportunidades de avanço a seus filhos. Façamos uma reflexão com relação a tudo que nos cerca e os diversos sistemas planetários que a ciência já identifica até onde suas lentes podem alcançar. Essa percepção da grandiosidade da

obra de Deus excede e muito as nossas capacidades de percepção e entendimento das questões transcendentais. Desde a mais remota antiguidade, o homem vislumbra a vida em outros mundos e cada vez mais ganha dimensão suas elucubrações. Camille Flamarion (astrônomo e escritor francês) considerou que: basta ao homem se transportar em pensamento às noites esplendidas em que a alma, a sós com a natureza, medita silenciosamente debaixo da cúpula imensa do céu estrelado que irá percebe uma sublime claridade que mostra ao homem o seu verdadeiro lugar no universo. Uma vez produzida a vida inteligente, há que se considerar que essa inteligência teria de chegar ao estágio de civilização avançada, através de longo processo intelecto-moral onde o ponto de partida inicia-se na simplicidade e ignorância por não existir na lei de Deus qualquer tipo de privilégio. Em sua carta aos Gálatas Paulo nos diz: “ Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido”.

(José Orlando Ramos é integrante do Centro Espírita Abigail e Expositor da Doutrina)


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O Ser Integral com Andréa Emília

“Setembro Amarelo — Por Amor à Vida”

“Existe apenas um único problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida significa responder à questão fundamental da filosofia.”

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Albert de Camus — em “O MITO DE SÍSIFO — ENSAIO SOBRE O ABSURDO”

ados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam o suicídio como grave problema de saúde pública mundial, visto que cerca de 1 milhão de pessoas suicidamse por ano em todo o Planeta; isso quer dizer que os óbitos por auto-extermínio superam os por homicídios, acidentes de trânsito e guerras somados. Contudo há um dado mais instigante: antes de conseguir cometer suicídio, a pessoa faz 25 tentativas malsucedidas. Conclui-se, daí, que pode ser prevenido. Por isso que a OMS, em parceria com a Associação Internacional de Prevenção ao Suicídio (IAPS), instituiu o dia 10 de setembro como “O DIA MUNDIAL DE PREVENÇÃO E COMBATE AO SUICÍDIO”, que fomentou a campanha “SETEMBRO AMARELO”. O “Setembro Amarelo” tem a finalidade romper o tabu em torno do suicídio, pois o silêncio não tem contribuído para frear fenômeno social tão preocupante; muito pelo contrário, os números de suicídios só têm aumentado. O suicídio é um fenômeno

social cujas bases são de caráter pessoal, pois se forja no silêncio do coração, na forma como o sujeito encara seus sofrimentos, seus dramas cotidianos. Além de ser um grande desafio para uma sociedade permeada pela “indiferença moral”1 , que não enxerga os indícios de desesperança no semelhante, seu pedido de ajuda, seja verbal ou não verbal. Aqui entra o Espiritismo, melhor: os espíritas são chamados a cooperar, imitando Allan Kardec ao dizer que: "(...) Coloco em primeira instância o consolo que é preciso oferecer aos que sofrem, erguer a coragem dos caídos, arrancar um homem de suas paixões, do desespero, do suicídio, detê-lo talvez no limiar do crime!" 2 É exercer a “Missão do Espírita”3 , estimulando o entendimento do significado da vida na Terra, ao proporcionar o esclarecimento sobre os princípios básicos da Doutrina Espírita, principalmente acerca da Lei de Reencarnação, Imortalidade da Alma e a Vida Futura. Além de possibilitar a prática da caridade com Jesus, através

do acolhimento àquele que pensa em suicídio, do que já tentou o suicídio e do familiar de indivíduos nestas situações; recebendo o indivíduo com uma escuta fraterna, ouvindo com interesse e carinho a sua angústia e o encaminhando para o devido tratamento, respeitando a sua vontade. E também acolhendo o suicida através da mediunidade, lembrando um alerta do Espírito Camilo Castelo Branco: “Coube ao Brasil a preferência (ao atendimento aos suicidas)4 , dada a variedade de organizações científicas onde o senso religioso e a fúlgida moral cristã consolidavam o ideal de amor e fraternidade; tão admirado pelos da Legião em apreço, a par da magnífica falange de médiuns bem dotados para o espinhoso mandato, e que o fichário da Vigilância registrava na Terra de Santa Cruz.” 5

Referências: 1 - O Evangelho Segundo O Espiritismo – capítulo IX – item 8; 2 - Livro “Viagem Espírita em 1862” – em “Discursos Pronunciados nas Reuniões Gerais dos Espíritas de Lyon e Bordoux”; Discurso I; 3 - O Evangelho Segundo O Espiritismo – capítulo XX – item 4; 4 - Enxertia nossa; 5 - Livro “Memórias de um Suicida” – pelo Espírito Camilo Castelo Branco, psicografia de Yvonne Pereira; capítulo 6;

(Nesta Editoria serão abordados temas variados sobre a saúde integral - corpo e espírito - Andréa Emília de Barros é integrante do Grupo Espírita Fraternidade Irmão Abrahão, coordenadora do 29º CEU e Expositora da Doutrina.


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Leituras & Releituras com Enock Mesquita

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Consumismo e vazios existenciais

inegável que não se pode viver sem consumir. Não há nenhum mal nisso. Muito pelo contrário. O consumo é fundamental para a sobrevivência da espécie humana. Entretanto, quando o ato de consumir vai além do necessário, adentramos na perigosa esfera do consumismo, que traz consequências nefastas para o indivíduo, para a coletividade e para o planeta Terra, nossa casa comum. Cientistas e ecólogos renomados afirmam que para cada quilo do que consumimos, 40 quilos de resíduos são despejados na natureza. Estamos consumindo aproximadamente dois planetas Terra por ano e não há como suportar esse ritmo desenfreado de consumo, sem mudança para um modelo econômico de desenvolvimento sustentável, que leve em consideração fatores sociais, morais e ambientais, ao invés da busca insaciável pelo lucro a qualquer custo. A continuar assim, em muito breve, o planeta entrará em colapso e toda vida sobre ele estará ameaçada. Emmanuel nos ensina que “a

maior necessidade da criatura humana ainda é a do conhecimento de si mesma.” Assim, do ponto de vista espiritual, o que uma atitude consumista diante da vida revela sobre nós mesmos? É muito simples: nosso imenso egoísmo, apego à matéria e o quanto somos profundamente infelizes.

Buscamos, no consumo tresloucado, preencher imensos vazios existenciais. Somos tão irresponsavelmente infantis, que não nos damos conta de que a posse de objetos jamais há de selar as fissuras e as fendas que trazemos nas paredes do nosso íntimo. Quanto mais consumismo, mais vazio existencial. O segredo do consumismo é jamais dessedentar o homem. Há sempre um novo oásis, uma

nova miragem a perseguir. E assim, de miragem em miragem, de sonho de consumo em sonho de consumo, vamos nos perdendo uns dos outros, porque a primeira perda ocasionada pelo consumismo é a perda da solidariedade. No turbilhão de quinquilharias e futilidades, com prazos de validades cada vez mais curtos, vamos nos esquecendo de amar e de viver o amor ao próximo, que o meigo Rabi nos ensinou. Assim, amigos leitores, após essa breve reflexão, esperamos desejosos de que, doravante, na fila do caixa, com o produto na mão, perguntemo-nos: “Eu realmente preciso disso? Ou essa mercadoria é mais um band-aid, com que eu procuro estancar a imensa ferida que trago no fundo da alma e para a qual o único bálsamo cicatrizante é o conhecimento de minhas reais necessidades e o trabalho incansável no Bem”? Que as respostas para essas perguntas, de alguma forma, tragam-nos a paz almejada dos que são possuidores de si mesmos e não possuídos pelas coisas.

Referências: Espiritismo e Ecologia – André Trigueiro, edição FEB; Espiritismo e desenvolvimento sustentável – Carlos Orlando Villarraga - edição FEB; O Consolador - pergunta 232 - edição FEB.

(Nesta Editoria serão abordados temas variados na visão de autores diversos, em uma verdaeira “Leitura e reeleitura”, buscando absorver, em vários ângulos, o máximo das lições Enock Mesquita é militante do movimento espírita de Angra dos Reis - RJ)


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Falando de Esperanto O Esperanto como Revelação Francisco Valdomiro Lorenz (Espírito)

III - DISPARIDADE DE LINGUAGENS E SEPARAÇÃO DOS ESPÍRITOS as linhas inferiores da homem, perante o anjo, ainda entre si profundas antinomias Terra, os seres de está preso ao cárcere e raças diversas se digladiam, caráter rudimentar, pelo verbalístico. desde longevas civilizações, primitivismo das Por essa razão, entre as restritas à faixa das idéias que manifestações que os criaturas encarnadas e entre as lhes são próprias, cristalizadas singularizam, correspondem- criaturas desencarnadas, na hegemonia política ou se facilmente uns com os apesar da reflexão mental religiosa, mantendo guerras outros. inconteste, a linguagem é periódicas de perseguições e Os bovinos de uma veículo ao plasma criador do extermínio, em que largas pastagem síria berram de pensamento, estendendo-o ou possibilidades de tempo são modo análogo aos brutos da enquistando-o, conforme o sacrificadas ao deserto do mesma espécie numa estância raio de ação em que se demarca. afastamento, no qual a chilena, e o gemido de um cão As conquistas de um povo ignorância se converte em em Londres é idêntico, em estão, desse modo, encerradas perigoso verdugo, embora os tudo, ao choro esganiçado de com ele, em seu mundo princípios redentores, um cão em Tóquio. idiomático, retardando-se, formulados pelos pioneiros da Do fonema, porém, à indefinidamente, a permuta evolução, convocando as linguagem articulada, vigem providencial que faria das pátrias terrestres ao milhares de séculos, marcando nações mais cultas mentoras aprimoramento e à a peregrinação da inteligência. diretas das que respiram na fraternidade, repousem nas Se o animal, diante do retaguarda. bibliotecas preciosas e homem, está limitado no À face disso, o Oriente e o bolorentas, à feição de mortos cubículo da interjeição, o Ocidente sempre nutriram ilustres.

N

(Nesta seção reproduziremos textos sobre a lingua interncional, o ESPERANTO, retirada de várias fontes relacionadas a Doutrina Espírita - na presente edição, o texto da série “O Esperanto como Revelação”, parte 3/10, ditado pelo espírito Francisco Valdomiro Lorenz, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 19 de janeiro de 1959, em Uberba- MG - Brasil)

Falando Poeticamente... Madrigal Patriótico

Entre as cordilheiras e o Atlântico, cresce um incontível gigante, descoberta de um luso navegante, e, cujo nome, nos soa como um cântico; -Brasil! Eterna plaga da liberdade onde a fé, ardente como chama, vence, consome toda iniquidade, solo da paz e da fertilidade,

onde o sangue do homem não coração. derrama. Brasil nova esperança de meu História construida com a razão, mundo velho com um amor tão grande pela um sonho verde após o mar azul, terra, Brasil terra do Cruzeiro do sul, que houve luta sem haver guerra. o coração do mundo, a pátria do És pátria e paraíso em santa evangelho. comunhão (João Geraldo) Por isso tens a exelsa forma d’um

(Texto ofertado ao presidente do CECJMJ Sr. José Costa pelos seus trabalhos sobre o Brasil, em1978)


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Gente Querida! com Celso Martins

Aconteceu no meio espírita

Depoimento

-21Devo citar a participação atuante do jornalista Deolindo Amorim, do Coronel Delfim Ferreira Júnior, dos locutores comerciais Oswaldo Sargentene e Altemir Ferreira, do produtor Antonio Vilhena do programa Cancioneiros famosos na Rádio Clube do Brasil, com estúdios na av. Rio Branco, 181-A- Cine Q Trianon, e torre de 150m de altura junto ao rio Pavuna, no bairro homônimo, de divisa do Distrito Federal e o Estado do Rio de Janeiro, às margens de Av. Presidente Dutra, nas terras do município fluminense de São João de Meriti. -22Ainda em 1958 – Geraldo de Aquino colocava no ar, aos domingos, entre 19h 30 e 20h o programa Bezerra de Menezes, um livro aberto para o seu estudo raciocinado, com a palavra do advogado João Carlos Moreira Guimarães (1896-1959), da sua esposa Macelle Moreira e Guimarães falando sobre o Espiritismo em francês, conheci o casal na rua Everardo Beckheuser (engenheiro, geólogo, geógrafo, escritor, deputado estadual e pedagogo brasileiro) em 1957,

no bairro do Méier, dois anos antes de ele, funcionário aposentado de Biblioteca Nacional, regressar ao mundo incorpóreo. Saudades do meio espírita no solo carioca! Saudades do capitão Paulino Barcelos, da Senhora Telma de Castro, de Dona Erotildes de Castro Grandés, do Lar Mãe Ritinha, na Rua Caobi, nº107 no bairro do Irajá, com o programa Meditação do Crepúsculo, através da Rádio Copacabana, do médico homeopata (Neli e meus filhos o conheceram) Luiz George de Oliveira Bello, da família da esposa de Caxias. - 23 Programa debate na Rio, por volta das 13h 30 de uma segunda-feira de 1993, ao lado do Juiz-forano Gerson Simões Monteiro (aposentado economista pelo BNH – Banco Nacional da Habitação), na Rádio Rio de Janeiro, a primeira e única emissora espírita do Brasil e do mundo – na Estrada do Dendê, 658 – na Ilha do Governador – Rio de Janeiro (RJ) – também os saudosos Coronel Joel de Mattos Alvarenga e Eny Pimenta de

Morais (capitão de corveta que participou da II Grande Guerra – 1939 – 1945), estou a debater o tema de que o suicídio não resolve os problemas de ninguém; ao contrário, os agrava no porvir – quando nos microfones operando em 1400 kilohetz AM – eis que recebemos pelo telefone 3386-1400, o telefonome de um senhor que iria, no seu carro pela Ponte Rio-Niterói, atirar-se dela no vão central na Baía de Guanabara. - 24 Cidade do interior de São Paulo. Segunda-feira por volta das 19h e 20h, o presidente do Centro Espírita aberta a sessão apenas com a presença de seu amigo, vice-presidente, sobre o tema: Suicídio. Ameaçava cair o maior temporal. Ninguém vem à sessão. Um casal adentra o salão. Às 20h o casal se aproxima do preseidente enquanto a mulher chora. Confessa serem ciganos. Tiveram uma briga com os colegas. Saíram para se matar. Vendo que cairia um temporal, entraram no centro pensando em se matarem. Ouvindo a palaestra, mudaram desta ideia sinistra. Iriam para outra cidade tocarem a vida.

(Continua na próxima edição) (Esta seção trará sempre um texto de Celso Martins - continuação da série Depoimento)


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Esflorando o Reformador Maledicência1

F

onte perene de benefícios morais, o Espiritismo a cada passo e a cada hora nos ministra, se bem o quisermos, seguro abrigo as surpresas do mal, que, por força mesmo do ambiente em que vivemos, sorrateiro nos espreita, pronto a se nos insinuar no ânimo, já de si fraco e desapercebido. Vejamos se da grande e sublime verdade da supervivência do Espírito e da sua constante influência em nossos atos da vida de relação, nos será possível tirar ilações de molde a atenuar e combater uma das manifestações mais evidentes do nosso atraso moral – a maledicência. Ninguém ignora que, mais ou menos amenizada pela feição da intimidade, como disfarçada muitas vezes pelo tom faceto de um leve humorismo, ou ainda apoiada em negativo desejo de tirar proveito de alheias faltas, discutindo-as e comentandoas, entramos francamente no terreno da maledicência. E assim é que muitas vezes a ela nos entregamos, sem falar da preocupação peculiar a muita gente, quando em certas rodas, de comentar a vida

Manuel Quintão

alheia, para não passar por insciente ou pouco espirituoso. E como as rodas são, em geral, propensas a tais cogitações, poucas pessoas escapam a sua influência, mais ou menos acentuada. Esse vezo, na verdade, está tão generalizado que o vemos campear por toda parte: no bonde, nos cafés, nos salões e até, e principalmente, nos serões familiares, no recesso dos lares domésticos, que, pela sua nobre e nobilitante missão à luz do Espiritismo, deverão ser a escola natural das mais sólidas virtudes – o templo augusto em que primeiro se apreendesse o (continua na página 15)

amor de Deus e do próximo, que outro não é o amor da família, num sentido mais restrito. O espírita, que de o ser se preza, deve, no entanto, alhear de si essa tendência malsã, que nos leva a ocupar-nos da vida de outrem, como se cogitações mais úteis nos faltassem, além da corrigenda de nós mesmos e do estudo meticuloso das faltas de cada dia, praticadas mercê da nossa fraqueza e indiferença por essa vigilância. Para o espírita, a maledicência importa num erro capital, numa completa e absoluta transgressão da lei fundamental da caridade. E não há, para ele, atenuantes na intenção de corrigir e proveito tirar das faltas alheias, visto como para combatê-las, arma de sobejo poderosa e mais eficaz recurso lhe sobram na prece humilde e no exemplo. Se os corações bem formados, se as pessoas bemeducadas, de qualquer credo e condição, repugnam tais hábitos de maldizer do próximo, aos espíritas sobejam razões porventura mais poderosas para fazê-lo, invariavelmente, sejam quais


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forem as condições em que sejam provocados. Jesus disse: - Não jugueis para não serdes julgados. Depois, força é convir que para nós outros não existe, nem poderia existir o estímulo, ou antes, a alma da maledicência. – a presunção de que os nossos comentários e julgamentos, seja por discrição própria ou de terceiros, possam ficar em sigilo. De fato, os nossos pensamentos mais recônditos, as nossas ideias mais íntimas encontram eco no espaço, tanto quanto as nossas palavras, podendo desta arte ser subrepticiamente insinuadas no ânimo das pessoas atingidas pelo nosso pensamento, ou seja, pelo nosso comentário. Os espíritos intrigantes, que os há tanto na terra como no espaço, pela lei natural de afinidade que rege todas as coisas, constituem-se veículos das nossas sentenças e conceitos, e daí muita animosidade, muita antipatia e cizânia aparentemente

A CHARRUA (Continuação da página 14)

gratuitas, das quais não se poderia explicar a causa. A maledicência é, pois, não só um hábito degradante como duplamente nocivo. Duplamente, dizemos bem, porque não só prejudica a vítima, como – e porventura maiormente – o autor. “Se a tua mão for motivo de escândalo, corta-a.” Eis aí uma sentença de molde a nos incutir a verdadeira conduta, não interpretada à letra, mas segundo o espírito da letra. Que a nossa língua se paralise antes de escandalizar o próximo; que a nossa boca se feche antes de pronunciarmos a palavra que atiça e inflama o braseiro da discórdia, imediata ou remota – que por erro e fraqueza nos basta o não podermos sentir piedosamente os erros e alheias faltas, corrigindo-as ao salutar influxo de um pensamento puro. O mal é geral, inveterado, crônico; tem raízes profundas em os nossos hábitos sociais e domésticos; atinge todas as

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classes e é quase um alimento intelectual da nossa época; mas, também por isso, maior será o mérito daquele que se propuser e conseguir arrasá-lo em si mesmo, dando o primeiro exemplo. Os céticos costumam dizer que a maledicência é um ato de covardia. Nós acrescentaremos que, sobre ser ato de covardia, o é também de crueldade. Demais, a caridade é sentimento tão grande, por divino, que deve abranger todas as manifestações da vida, quer no sentido material quer no sentido moral. Caridoso será, pois, quem souber retrair-se à maledicência, poupando-se a adquirir inimigos voluntariamente, a despeito dos gratuitos inimigos que lhe advêm das próprias imperfeições, sempre relegadas ao esquecimento, em desproveito de um futuro que a ninguém pode iludir como consequência lógica de sua conduta no presente.

1- Título original “Noções espíritas X “- renomeado pelo editor (copilação atualizada pelo novo acordo ortográfico) Vocabulário: Ilações – aquilo que se deduz; conclusão Faceto – engraçado; galhofeiro; brincalhão Insciente – que não sabe; ignorante; inepto

alhear – isolar-se; afastar-se; abstrair-se malsã – nocivo; maléfico vezo – hábito mau; costume mercê – ao capricho; ao arbítrio sobejo – excessivo; demasiado

recôndito – escondido; profundo; íntimo sub-repticiamente – disfarçadamente; dissimuladamente cizânia – discórdia céticos – incrédulo; descrente

(Texto Retirado do Reformador de novembro de 1905, ano XXIII, nº 21 - páginas 332 / 333 ) (Nesta seção relembraremos as matérias, notícias e informações, dessa fonte maravilhosa de conhecimento que é a Revista Reformador, editada pela FEB - Federação Espírita Brasileira, Casa Máter do Espiritismo no Brasil, desde 1883.)


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Relembrando

Aprendendo com Paulo de Tarso Judith Garuzi

“Que fareis pois irmãos? Quando vos ajuntais cada um de vós tem o salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para a edificação. Que falem dois, ou três profetas e os outros julgar, mas se a outro for revelado alguma coisa, cale-se o primeiro”.

A

ssim se expressava o grande apóstolo, quando falava da necessidade da ordem e da harmonia, que devem presidir as reuniões de culto a religião. Há uma grande necessidade de se ler o versículo 26 [capítulo 14] da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, atentemos para os nossos deveres ao nos reunir afim de estudarmos o evangelho. O homem envolto na sua vaidade macula o templo sagrado com a desordem espiritual que ali traz com as discussões, desejoso que prevaleça o seu ponto de vista sem procurar ouvir os companheiros e esquecendo que as verdades messiânicas é uma só. Cego, deixa de observar o trabalho humilde e quase obscuro do companheiro, que no entanto, tem tanto significado para a espiritualidade. E com palavras rebuscadas, procura explicar as coisas simples do evangelho, esquecendo-se que Jesus reunia os simples e

humildes para falar as divindades com palavras simples e atos convincentes. Leva então para a literatura o valor da Doutrina afim de impor-se pelo saber, esquecendo-se da obra que

edifica. Esquece-se que Jesus em todo o seu ministério procurou dar exemplos de humildade e simplicidade. O valor da palavra não está no emprego gramatical que lhe damos mas na verdade que nela encerra. É comum reunirse em nome de Deus para

discutir-se assuntos transcendentais, que nos deixam aturdidos, ao passo que os assuntos comuns estão conosco não são lembrados. Esquecem-se de calar para ouvir. Ouvir, aprender e realizar. Não prescrutam os problemas dos filhos deixando-os entregues a si mesmos. Não implantam a harmonia no lar tornando-o aquecido com suas vibrações amorosas. Não ouvem nem sentem o problema do Grupo onde militam, onde precisam do seu concurso leal e sincero. Assim por falta de disciplina tudo se desmorona, família, lar e Grupos. Homem, pare e considere, ouve e pondere desapaixonadamente afim de melhor ajudar. Ouça o chamamento dos mentores, disciplinando-se para realizações maiores. De ti apenas depende a ordem e a harmonia dos templos de oração, do lar e da nação.

Texto retirado de “O Espelho”- Órgão Noticioso da Juventude Geny Maia - Ano VII - Setembro - 1960 - nº 18


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