Revista Abit Review ed.09

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Compartilhar conhecimento e aprender com o próprio ensinamento

GERAÇÃO PRATEADA

A inclusão etária no mundo corporativo está quebrando barreiras e transformando o mercado de trabalho mundo afora

Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

EXPEDIENTE

A Revista Abit Review é uma publicação digital da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção – Abit , com artigos de convidados que aceitam compartilhar experiências e conhecimentos com outros profissionais e empresários do setor T&C. Periodicidade quadrimestral.

CONSELHO EDITORIAL

Fernando Pimentel (Dir. Superintendente da Abit), Rafael Cervone (Superintendente Área Internacional), Lígia Santos (Comunicação), Luiza Lorenzetti (Sustentabilidade e Inovação), Camila Zelezoglo (Sustentabilidade e Inovação), Patrícia Pedrosa (Comércio Exterior), Oliver Tan Oh (Inteligência Competitiva), Haroldo Silva (Economia), Sylvio Napoli (Normas e Regulamentos), Julieta Pagliuca (Eventos e Novos Projetos), Antonio Carlos Cambauva (Eventos e Novos Projetos), Roberto Lima (Comunicação) e Leandro Mira (Comunicação)

Coordenação Editorial: Ligia Santos – MTB 19141/SP

Diagramação e Arte: Leandro Mira

Fale com a redação (cartas e sugestões de artigos): lisantos@abit.org.br

Anúncios e Patrocínios:

Antônio Carlos Cambauva: antonio.carlos@abit.org.br (11) 3823 6192 / (11) 98455 8545

Feita por pessoas, movida por desafios

ARTICULISTAS DESTA EDIÇÃO

em ordem alfabética:

Amanda Moura (Box 1824) atendimento@box1824.com

José Eustáquio Diniz Alves jed_alves@yahoo.com.br

Mórris Litvak (Maturi) morris@maturi.com.br

Renato Meirelles (Instituto Locomotiva) contato@ilocomotiva.com.br

Sara Quevedo (Karsten) luciane@koicomunicacao.com.br

A Revista Abit Review é enviada para todo mailing de associados e engajados da entidade (empresários do setor, fornecedores, profissionais, acadêmicos, pesquisadores, autoridades de governo, imprensa, estudantes e formadores de opinião). Se você quer receber a Abit Review clique aqui

UM NOVO

TECIDO PARA O FUTURO

É com grande satisfação que apresentamos a 9ª edição de Abit Review, publicação que se consolida como ponto de encontro para reflexões e inovações no setor têxtil e de confecção do Brasil. Neste número, apresentamos um panorama diversificado que conecta os fios da sustentabilidade, inclusão e transformação que estão redesenhando nossa indústria.

A matéria de capa aborda a “Economia Prateada”, um fenômeno que está quebrando barreiras etárias no mundo corporativo e transformando o mercado de trabalho. Em tempos de transição demográfica, a experiência e a sabedoria dos profissionais maduros revelam-se ativos valiosos para empresas que buscam equilíbrio entre inovação e consistência.

A urgência da agenda referente ao aquecimento global permeia várias páginas desta edição. Como destaca Renato Meirelles em sua coluna, a justiça climática nos chama agora, especialmente num país onde 81% da população já enfrenta os impactos diretos de eventos extremos. Não podemos falar de moda sustentável em um planeta insustentável.

As matérias sobre transição energética e o avanço das fibras naturais e de biomassa demonstram que o caminho da sustentabilidade no setor têxtil e de confecção já está sendo trilhado com determinação no Brasil. Do cânhamo à fibra de banana, do couro de pirarucu à borracha de seringa, nosso país revela seu potencial para liderar a revolução verde na moda internacional.

A inclusão também ganha espaço privilegiado nesta edição. Nossa cobertura sobre moda acessível, que esteve exposta na Febratêxtil 2025, evidencia um mercado que desperta para atender os mais de 13 milhões de brasileiros com deficiência física, que enfrentam desafios diários para encontrar roupas adequadas.

Exemplos inspiradores de empresas como Karsten, que revoluciona sua gestão de resíduos, e iniciativas como o livro digital “Cânhamo é Revolução”, lançado pelo Fashion Revolution Brasil, comprovam que a indústria têxtil e de confecção está alinhando prática e discurso em prol da sustentabilidade.

Como nos lembra a autora Amanda Moura em seu artigo “Em um mundo complexo, a estratégia precisa ser simples”. Nesse sentido, o mais simples e urgente talvez seja compreender que sustentabilidade não é mais opção, mas necessidade – tanto para a preservação do planeta quanto para a própria sobrevivên cia dos negócios.

Complementamos esta edição com recomen dações de documentários, filmes e livros que expandem nosso entendimento sobre ques tões ambientais e ESG. Convidamos todos a aprofundarem seu conhecimento nesses te mas essenciais.

A 9ª edição de Abit Review reflete o momen to transformador que vivemos: um setor têx til e de confecção que não apenas se adapta às mudanças, mas que ativamente molda um futuro mais sustentável, inclusivo e consciente. Um amanhã em que cada fio, cada tecido e cada peça carreguem em si valores transcendentais à estética, incluindo-se entre os elementos que sustentam a vida no planeta. ÓTIMA LEITURA!

POR:

Ricardo Steinbruch

Presidente do Conselho de Administração Abit

Fernando Valente Pimentel

Diretor-superintendente e presidente emérito da Abit

PÁGINAS VERDES

Geração Prateada: A inclusão etária no mundo corporativo está quebrando barreiras e transformando o mercado de trabalho mundo afora

Transição Energética: Para Todo Mundo Entender a Urgência ...................................................14

Parceria entre o Museu Sesi Lab e Shell visa incluir a sociedade nesse diálogo urgente.

Vestindo a Inclusão: por um Mercado de Moda Acessível para Todos................................................18

Matéria de cobertura sobre a Moda Inclusiva que estava participando da Febratèxtil - mais de 13 milhões são pessoas com deficiência física no Brasil, enfrentam desafios diários para encontrar roupas adequadas

O Brasil precisa incluir os jovens e a geração prateada no mercado de trabalho....................20

Os idosos brasileiros são um grupo economicamente cada vez mais relevante, tanto no consumo quanto na produção de bens e serviços. No entanto, a taxa de ocupação dessas pessoas no mercado de trabalho brasileiro ainda está muito longe se comparada à de outros países.

Sem volta : A Era das Fibras Naturais e de Biomassa na Moda........................................................24

O uso de cânhamo, fibra de banana, fibra de micélio, de sabaúma, de buriti, couro de pirarucu, química natural, borracha de seringô, e outras. Matéria faz um apanhado sobre as novidades que o Brasil está desenvolvendo.

Em um mundo complexo, a estratégia precisa ser simples ............................................................30

Qualquer escolha exige uma dose de risco, até mesmo não fazer nada é arriscado. Quando deixamos para trás o certo e o errado, e abraçamos o que funciona naquele momento, para aquele objetivo, a estratégia se torna lugar de manutenção do posicionamento já conquistado e também de experimentação e inovação a partir de riscos calculados.

Karsten revoluciona gestão de resíduos na empresa e aposta em soluções sustentáveis......32

A empresa implementou um conjunto de ações que vão desde o redesign de processos industriais até programas de reaproveitamento de materiais e compostagem, consolidando um sistema eficiente de economia circular.

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Curtas

Empresas investem e são reconhecidas por iniciativas da agenda ESG e ODS.

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Justiça climática: o agora nos chama

Quando falamos sobre mudanças climáticas, é impossível ignorar as desigualdades que elas agravam. Segundo o estudo “Justiça Climática”, do Instituto Locomotiva em parceria com a PwC, no Brasil, num dos países mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global, 81% da população já enfrentou os impactos diretos de eventos climáticos.

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GERAÇÃO PRATEADA

A inclusão etária no mundo corporativo está quebrando barreiras e transformando o mercado de trabalho mundo afora

Mórris Litvak, um visionário da área de tecnologia, encontrou inspiração para um empreendimento inovador em uma figura muito próxima e querida: sua avó, Dona Keila. Trabalhando até os 82 anos, ela foi um exemplo de vitalidade e dedicação, influenciando profundamente Mórris em suas escolhas profissionais. Em 2015, após vender uma empresa de tecnologia que possuía com seu pai, Mórris decidiu explorar um novo caminho, motivado pelo desejo de criar um impacto social significativo. Assim nasceu a Maturi, uma plataforma dedicada a integrar pessoas acima de 50, 60 e até 70 anos ao mercado de trabalho, desafiando preconceitos etários e promovendo a diversidade geracional nas empresas. Empreitada que começou aos 32 anos, Mórris continua a expandir sua visão, ajudando milhares de pessoas a encontrarem novas oportunidades e a se reinventarem profissionalmente, mas também, contribuindo com empresas que aumentaram a produtividade e reduziram o absenteísmo. Nesta entrevista à Abit Review, ele compartilha suas experiências e insights sobre como a Maturi, nos seus dez anos de existência, tem transformado vidas e mercado de trabalho no Brasil.

AR: Como surgiu a ideia de criar a Maturi e qual foi a principal inspiração por trás disso?

Mórris Litvak: A ideia da Maturi surgiu de uma combinação de experiências pessoais e profissionais. A principal inspiração foi minha avó, Dona Keila, que trabalhou até os 82 anos. Ela era extremamente ativa e sempre gostou de trabalhar, além de fazer trabalhos voluntários. Quando ela faleceu em 2013, comecei a refletir sobre sua trajetória e como a falta de atividades pode impactar a saúde e o bem-estar das pessoas mais velhas. Isso me fez perceber a importância de mantermos as pessoas mais velhas ativas e engajadas no mercado de trabalho.

AR: Qual foi o papel da sua experiência em tecnologia na criação da Maturi?

Mórris Litvak: Minha formação e experiência em tecnologia foram fundamentais para a criação da Maturi. Antes de fundar a Maturi, eu tive uma empresa de tecnologia com meu pai que vendi em 2012. Como fiz trabalho voluntário em ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos) e tinham pessoas bem mais novas que minha avó nesses lugares, comecei a pensar na questão do envelhecimento e da longevidade. Quando decidi criar a Maturi, em 2015, usei meu conhecimento em tecnologia para desenvolver um site de vagas específico para pessoas acima de 50 anos, que rapidamente evoluiu para uma plataforma de impacto social mais ampla.

AR: Você mencionou que a Maturi não é uma ONG, mas um negócio de impacto social. Pode explicar essa diferença?

Mórris Litvak: A Maturi é uma empresa que opera com um forte propósito social, mas não é uma ONG porque precisamos ter metas financeiras. Nosso objetivo é integrar pessoas mais velhas ao mercado de trabalho e desafiar os preconceitos etários. Embora tenhamos um forte componente social, operamos como uma empresa buscando sustentabilidade financeira para ampliar nosso impacto. Isso significa que precisamos ser eficientes e inovadores, buscando sempre novas maneiras de ajudar nossos usuários e parceiros.

AR: Como você vê a transformação que a Maturi trouxe para o mercado de trabalho?

Mórris Litvak: Acredito que a Maturi tem desempenhado um papel importante em mudar a percepção sobre trabalhadores mais velhos. Temos promovido a diversidade etária

nas empresas, mostrando que equipes multigeracionais são mais criativas e produtivas. Além disso, ajudamos milhares de pessoas a se recolocarem no mercado ou a empreenderem, o que é extremamente gratificante. Temos visto um aumento no interesse das empresas por esse tema, e muitas têm nos procurado para aprender mais sobre como podem se beneficiar da inclusão de trabalhadores mais velhos. Já colocamos 7 mil pessoas em vagas oferecidas por nossas empresas parceiras, mas capacitamos e colocamos no mercado quatro vez mais empreendedores e consultores 50, 60 mais. Hoje, temos um cadastro de 260 mil pessoas. As empresas nos buscam oferecendo vagas e nós fazemos uma seleção para elas escolherem.

AR: Quais são os principais desafios que você enfrenta atualmente com a Maturi?

Mórris Litvak: Um dos principais desafios que enfrentamos é mudar a cultura dentro das organizações. Ainda há muitos estereótipos e preconceitos em relação à idade, e é importante que as empresas entendam o valor que os trabalhadores mais velhos podem trazer. Estamos trabalhando para educar o mercado e mostrar que a diversidade etária é uma vantagem competitiva. Outro desafio é garantir que as pessoas mais velhas tenham acesso a oportunidades de desenvolvimento e capacitação, para que possam continuar a contribuir de forma significativa. Quando algumas mentalidades pensam que a apólice do seguro saúde vai ficar mais cara ou que a pessoa adoece mais, etc, explico que isso é um pouco mito. A maior parte dos trabalhadores ainda são mais jovens e que podem adoecer também, sofrer acidentes por correr mais riscos, isso é muito relativo, não é uma relação direta. Temos que olhar para os ganhos para a empesa como produtividade, mentoria, engajamento e inspiração que essas pessoas trazem para o ambiente. Isso compensa.

AR: Como a Maturi está ajudando as empresas a se adaptarem à diversidade etária?

Mórris Litvak: oferecemos uma série de serviços para ajudar as empresas a se adaptarem à diversidade etária. Isso inclui consultoria, treinamentos e workshops para líderes e equipes, focados em promover a inclusão e a integração geracional. Também ajudamos as empresas a desenvolver políticas e práticas que valorizem a diversidade etária, como programas de mentoria reversa e oportunidades de desenvolvimento para trabalhadores mais velhos. Nosso objetivo é criar ambientes

de trabalho onde pessoas de todas as idades possam prosperar.

AR: Você pode compartilhar algum exemplo de sucesso que a Maturi teve ao longo dos anos?

Mórris Litvak: Temos muitos exemplos de sucesso ao longo dos anos. Um caso que me vem à mente é de uma empresa que, após trabalhar conosco, viu uma melhoria significativa no clima organizacional e na produtividade de suas equipes. Eles implementaram programas de mentoria reversa, onde trabalhadores mais jovens e mais velhos trocavam conhecimentos e experiências. Isso não apenas melhorou a colaboração e a inovação, mas também ajudou a reduzir a rotatividade. É gratificante ver como a inclusão etária pode ter um impacto tão positivo. Hoje já temos 15 empresas no Brasil com selo Age Friendly. O Selo Age Friendly é uma certificação internacional que reconhece empresas que valorizam profissionais com mais de 50 anos, abrindo vagas, contratando. A Maturi é a representante oficial do programa no Brasil.

AR: Com 42 anos, qual é a sua visão para o futuro da Maturi?

Mórris Litvak: queremos continuar expandindo nosso impacto. Queremos alcançar mais empresas e pessoas, promovendo a inclusão e a diversidade etária. Acredito que todos nós, em algum momento, enfrentaremos o desafio do envelhecimento, e precisamos preparar o mercado para isso. A Maturi está aqui para liderar essa mudança. Também estamos explorando novas formas de apoiar nossos usuários, oferecendo treinamentos, eventos e conteúdo que ajudem as pessoas a se reinventarem profissionalmente.

AR: Qual mensagem você gostaria de deixar para os leitores sobre a importância da inclusão etária no mercado de trabalho?

Mórris Litvak: Gostaria de dizer que a inclusão etária não é apenas uma questão de justiça social, mas também de inteligência de negócios. Empresas que valorizam a diversidade etária são mais inovadoras, produtivas e resilientes. Todos nós, eventualmente, enfrentaremos o desafio do envelhecimento, e é importante que criemos um mercado de trabalho que seja acolhedor e inclusivo para pessoas de todas as idades. A Maturi está aqui para ajudar nessa jornada, e estou animado para ver o que o futuro nos reserva.

Nosso objetivo é criar ambientes de trabalho onde pessoas de todas as idades possam prosperar

Mórris Litvak - CEO da Maturi

Pesquisa Maturi

Muitas empresas possuem pessoas 50, 60 e até 70 mais em seu quadro de funcionários, por diferentes motivos, mas nunca pensam em contratar uma pessoa nesta faixa etária quando surge uma vaga nova. Isso é etarismo.

EMPRESAS AGE FRIENDLY

A maior parte das empresas no Brasil são etaristas. Essa é a percepção de 78% das respondentes na pesquisa realizada pela Maturi e EY, lançada em agosto de 2022. Criado há 17 anos, nos EUA, o Selo Age Friendly certifica organizações que estão comprometidas e são as melhores empresas para profissionais 50+ trabalharem. No Brasil, 15 empresas já são certificadas, entre elas Eurofarma, Assaí, Sanofi, Accenturi, Brasil Previ, Fecomércio, Senac, dentre outras.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

PARCERIA ENTRE O MUSEU SESI LAB E SHELL VISA

INCLUIR A SOCIEDADE NESSE DIÁLOGO URGENTE.

POR LIGIA SANTOS

A transição energética tem se tornado não apenas uma necessidade, mas uma urgência global. Com o Pacto de Paris destacando a importância de reduzir as emissões de carbono, o Brasil reafirmou seu compromisso de liderar esse movimento através do Plano Nacional de Implementação Brasileiro (NIB). Este plano ambicioso estabelece metas claras para a redução de emissões e o aumento de fontes de energia renovável como parte das responsabilidades climáticas globais que o País assumiu. É crucial que as corporações acelerem suas iniciativas para garantir que essas metas sejam alcançadas.

Tradicionalmente vistas como parte do problema, as empresas, especialmente aquelas ligadas ao setor de combustíveis fósseis, estão passando por uma transformação profunda e se posicionando como agentes de mudança na transição energética. Embora possa parecer paradoxal que uma empresa de petróleo invista em energias renováveis, essa estratégia reflete uma visão de longo prazo e uma adaptação às novas demandas do mercado e às pressões regulatórias. Ao diversificar seus portfólios e investir em fontes de energia limpa, como solar, eólica, hidrogênio verde e biocombustíveis avançados, essas empresas não apenas reduzem sua pegada de carbono, mas também criam oportunidades de negócios e fortalecem sua resiliência em um cenário global em constante transformação. A parceria entre a Shell e a Raízen, por meio de uma joint venture, é um exemplo concreto desse compromisso, buscando liderar a distribuição de combustíveis de forma mais sustentável no Brasil, com foco em etanol de cana-de-açúcar e alternativas renováveis. Essa iniciativa demonstra que é possível conciliar a exploração de recursos naturais com a busca por soluções energéticas mais limpas e eficientes.

INVESTIR NA CULTURA DA TRANSIÇÃO

PARA A SOCIEDADE CIVIL

A Shell também está investindo em parcerias educacionais para transição energética. Em parceria com o Museu Sesi Lab, Brasília, as instituições visam incluir a sociedade nesse diálogo urgente. O Museu se propõe a fazer da ciência e tecnologia áreas compreensíveis e acessíveis para todos. O espaço promove uma série de atividades educativas e culturais, como o Festival Brinca+ e o esperado Festival de Energia 2025, que explicam de forma prática e interativa as complexas inter-relações entre energia, consumo de alimentos e conservação dos recursos hídricos. A parceria será por dois anos (2025/26)

A inserção da população na transição energética é essencial para que as ações tomem raízes profundas e transformadoras. O SESI Lab, enquanto plataforma de divulgação científica e cultural, oferece uma visão clara e acessível do papel que

cada indivíduo e setor pode desempenhar em prol de um futuro sustentável. Ao integrar ciência, arte e tecnologia, o museu educa e inspira os visitantes a entenderem a importância da gestão responsável de recursos, contribuindo para a conscientização e ação coletiva.

UM FUTURO COLETIVO E SUSTENTÁVEL

Com mais de 90% da matriz elétrica brasileira proveniente de fontes limpas, o Brasil está em posição vantajosa para ser um líder na transição energética. No entanto, superar desafios tecnológicos e incentivar novos investimentos faz parte de uma batalha contínua e necessária. O alinhamento entre políticas nacionais, compromissos internacionais e iniciativas locais como a do Museu Sesi Lab criam uma poderosa rede de atividades destacando o papel da cultura e educação na construção de um futuro sustentável e inclusivo para todos. Não podemos deixar de citar que para os empresários do setor têxtil, a

Abit criou a Liga de Descarbonização que começou 2025 já com uma side session, paralela ao programa da OCDE, para discutir questões específicas do têxtil nessa transição energética. A side session foi aberta e gratuita.

BRASIL: UM GIGANTE COM POTENCIAL PARA LIDERAR A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA GLOBAL

O Brasil possui um conjunto de características que o colocam em uma posição privilegiada para liderar a transição energética em escala global. Sua matriz elétrica, com uma alta participação de fontes renováveis, como hidrelétrica, eólica, solar e biomassa, é uma das mais limpas do mundo. Além disso, o país possui vastos recursos naturais, como sol, vento, água e biomassa, que podem ser explorados de forma sustentável para a produção de energia limpa. No entanto, para aproveitar plenamente esse potencial, é necessário superar desafios como a modernização da infraestrutura, a diversifi-

cação das fontes de energia, a criação de um ambiente regulatório favorável e o estímulo à inovação tecnológica. O comprometimento das empresas, em parceria com o governo e a sociedade civil, é fundamental para impulsionar a transição energética no Brasil e transformá-lo em um líder global na produção e no uso de energia limpa. O país também pode se destacar na produção de hidrogênio verde, um combustível promissor que pode ser utilizado em diversos setores da economia, como transporte, indústria e geração de energia.

Em suma, a transição energética é um desafio complexo e urgente, mas também uma oportunidade única para construir um futuro mais sustentável, próspero e resiliente para todos. O Brasil, com seus recursos naturais, sua expertise tecnológica e seu compromisso com a sustentabilidade, tem todas as condições para liderar essa transformação em escala global.

VESTINDO A INCLUSÃO

POR UM MERCADO DE MODA ACESSÍVEL PARA TODOS

POR LIGIA SANTOS

FOTOS: AGFOTOSITE

DESIGNER: ELIGOLANDE

Ventilação inteligente, Bolsa Adaptada, Engrenagem para alcançar objetos caídos, Capuz sonorizado, indicadores em braile, suporte bolsa colostomia, aviamentos adaptados.

DESIGNER: DANIELE NOJOSA

Maiô com abertura frontal no tórax e aberturas frontal e lateral na calcinha, facilitando o uso de sonda.

DESIGNER: RAFAEL ANTONIO

Blusa dupla face e unissex com short saia adaptado para cadeirante. Cós com elástico, bolso interno funcional e puxadores estratégicos para ajudar na remoção.

Segundo o Ministério da Saúde, em sua Biblioteca Virtual, o Brasil possui uma significativa parcela de sua população, mais de 45 milhões de indivíduos, convivendo com algum tipo de deficiência, representando 23,92% dos habitantes do País. Entre esses, mais de 13 milhões são pessoas com deficiência física, enfrentando desafios diários para encontrar roupas adequadas. As condições mais comuns incluem paraplegia, monoplegia, tetraplegia, hemiplegia, ostomia, amputação, paralisia cerebral e nanismo. Essas condições apresentam diferentes necessidades quando se trata de vestuário, fazendo com que essas pessoas frequentemente precisem buscar roupas comuns que por acaso se adaptem às suas necessidades, o que claramente não é o ideal.

A inclusão na moda é essencial e deve focar não apenas na diversidade, mas também em proporcionar vestimentas que aliem funcionalidade, conforto e estilo para aqueles com deficiência. O mercado atual carece de opções, com poucas peças, marcas e criadores de moda voltando seus esforços para este vasto público. A busca por vestuário inclusivo é crescente, mas a oferta ainda é limitada e se desenvolve lentamente.

DESIGNER: PRISCILA CIPRIANI

Jaqueta com bolsos na altura do busto, mangas adaptáveis, regata branca com abertura nos ombros e shorts-saia com pregas com abertura lateral em velcro.

O Projeto Moda Inclusiva, liderado por Daniela Auler desde 2008, busca preencher essa lacuna. Acolhido originalmente pela Secretaria da Pessoa com Deficiência, Daniela continua seu trabalho apesar da falta de apoio governamental na legislação atual. Com o suporte de parceiros constantes como a Casa de Criadores e o Febratex Group, o projeto tem como missão disseminar o conhecimento sobre moda inclusiva, atraindo a atenção da indústria da moda para este nicho promissor e inexplorado.

Tornando-se um ponto de referência nacional, o Projeto Moda Inclusiva promove o Concurso de Moda Inclusiva e cursos relacionados ao tema, ampliando sua presença através de parcerias com universidades, onde são realizados concursos, palestras e desfiles. Na FebraTêxtil, o último concurso recebeu um espaço de destaque, permitindo que estilistas vencedores da Casa de Criadores apresentassem suas criações. Este projeto exemplifica como a moda pode evoluir para incluir todos, sem exceções, destacando-se pela inovação e pela habilidade de transformar roupas em peças de empoderamento e expressão pessoal para pessoas com deficiência.

DESIGNER: PRISCILA CIPRIANI

Blusa com punho e cós elásticos, abertura lateral com zíper, gola ajustável, decote com botões e shorts com abertura lateral

DESIGNER: ELIGOLANDE

Blusa com bolsa integrada em compartimento interno para sonda, Bolsos inteligentes, frontais e destacáveis, bermuda adaptável com abertura lateral

O BRASIL PRECISA INCLUIR OS

JOVENS E A GERAÇÃO PRATEADA

NO MERCADO DE TRABALHO

“SE ALGUÉM QUISER REDUZIR O SER HUMANO A NADA, BASTA DAR AO SEU TRABALHO O CARÁTER DE INUTILIDADE”

FIÓDOR DOSTOIÉVSKI (1821-1881)

O Brasil está avançado na transição demográfica e o ritmo de crescimento da população do País está diminuindo. Mas isto não significa que, em geral, haja falta de pessoas para atender a demanda de trabalho. Ainda existem muitos jovens e pessoas maduras que não estão adequadamente inseridas no setor produtivo. Porém, isto não significa dizer que não exista falta de mão-de-obra para setores específicos e que falte trabalhadores qualificados para as vagas existentes.

A taxa de desocupação brasileira caiu em 2024, mas o Brasil ainda está longe de alcançar o pleno emprego. Existem mais de 7 milhões de pessoas procurando trabalho, milhões de pessoas subutilizadas, cerca da metade da força de trabalho na informalidade e cerca de 10 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não estão nem estudando e nem trabalhando (geração nem-nem).

A Síntese de indicadores sociais de 2024, do IBGE, apresenta um panorama do mercado de trabalho brasileiro. O nível de ocupação estava em 58,1% em 2014, reduziu para 56,4% em 2019 e caiu para o nível mais baixo (51%) em 2020, durante a pandemia da covid-19. Houve recuperação nos anos seguintes, mas o nível de 57,6%, em 2023, ainda estava abaixo daquele apresentado em 2014. Este nível de ocupação é baixo na comparação internacional.

Entre a população jovem (15-29 anos) o nível de ocupação tem ficado em torno de 50% (sendo o grupo mais afetado pela pandemia da covid-19). A Síntese de indicadores sociais mostra que, em 2023, havia mais de 10 milhões de jovens nem-nem. A falta de direitos para a população jovem é dramática e o desperdício do potencial dos jovens compromete o futuro do País.

O nível de ocupação atinge o valor mais alto entre a população de 30 a 49 anos, com uma taxa de cerca de três quartos. No Brasil do passado este nível já foi mais elevado e na comparação internacional o nível de atividade nesta faixa etária está acima de 80%.

Para as gerações prateadas, o nível de ocupação cai ainda mais acentuadamente. A taxa de ocupação da população de 50 a 59 anos ficou abaixo de dois terços em todo o período, quando se esperava algo mais próximo dos níveis dos grupos etários de 30 a 49 anos.

Na população idosa, de 60 anos e mais de idade, o nível de ocupação cai abruptamente para algo perto de um quinto (20%). No Japão, por exemplo, o nível de ocupação da população idosa é bem superior. Evidentemente, existem muitos idosos que desejam permanecer ou voltar ao mercado de trabalho, mas são vítimas do etarismo e de políticas adequadas para apoiar a geração prateada.

de ocupação, segundo os grupos de idade - Brasil - 2014/2023

Nota: Dados consolidados de primeiras visitas em 2014, 2019, 2023 e de quintas visitas de 2020 e 2022

Nível
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2014/2023

Mas apesar de ter baixa taxa de ocupação, o nível de desemprego da população idosa é o mais baixo entre os diversos grupos etários, conforme mostra o gráfico abaixo. A taxa de

desocupação é bem maior entre a população jovem (15-29 anos) e vai diminuindo com a idade, estando abaixo de 5% para a população de 60 anos e + de idade.

Taxa de desocupação, por grupos de idade Brasil - 2012-2023

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012/2023

Nota: Dados consolidados de primeiras visitas em 2012 a 2019 e em 2023 e de quintas visitas de 2020 a 2022

Evidentemente, a taxa de atividade da população idosa é mais baixa devido a uma combinação de fatores econômicos, sociais, de saúde e estruturais, tais como:

Aposentadoria e Benefícios Previdenciários

A maioria das pessoas idosas no Brasil tem acesso a algum tipo de benefício previdenciário, como aposentadoria ou pensões. Isso reduz a necessidade de continuar participando ativamente do mercado de trabalho, especialmente entre aqueles que alcançam a idade mínima ou cumprem os requisitos para se aposentar.

Saúde e Limitações Físicas

Com o avanço da idade, é comum que as condições de saúde se deteriorem, tornando mais difícil realizar atividades que exigem esforço físico, mental ou mobilidade. Doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e artrite, são mais prevalentes entre os idosos, o que pode limitar a capacidade de trabalho.

Preconceito e Barreiras no Mercado de Trabalho

Idosos enfrentam discriminação etária no mercado de trabalho, onde muitas empresas preferem contratar trabalhadores mais jovens. Isso pode dificultar o retorno ou a permanência no mercado para pessoas mais velhas. A percepção de que idosos têm menos produtividade ou dificuldade em se adaptar às novas tecnologias também contribui para a exclusão.

Esses fatores combinados explicam por que a taxa de atividade da população idosa no Brasil é significativamente menor em relação às demais faixas etárias. No entanto, com o aumento da expectativa de vida e as mudanças no perfil demográfico, o envelhecimento ativo e o prolongamento da vida laboral estão se tornando temas cada vez mais relevantes para políticas públicas no País.

Na verdade, o futuro da economia brasileira vai depender cada vez mais da população idosa e do 3º bônus demográfico (bônus prateado). As mudanças demográficas tendem a fortalecer a economia prateada, que é o conjunto de atividades econômicas voltadas para atender as necessidades, a produção e o consumo das pessoas idosas e do conjunto da população. Inclui setores como saúde, habitação, tecnologia, lazer, serviços financeiros, educação continuada, entre outros.

Neste sentido, fica claro que existe uma enorme gama de idosos que pretendem continuar no mercado de trabalho, mas são vítimas do etarismo. Contudo, os idosos brasileiros são um grupo economicamente cada vez mais relevante, tanto no consumo quanto na produção de bens e serviços. Desta forma, é preciso considerar a longevidade e o aumento

da participação ativa das gerações prateadas como uma oportunidade inadiável.

O Brasil precisa investir na saúde e na qualificação de sua população para vencer a “armadilha da renda média”. Precisa principalmente valorizar os seus jovens, adultos e idosos e garantir uma verdadeira solidariedade intergeracional, sem discriminações e com inclusão social, visando o desenvolvimento humano e ambiental do País.

Por José Eustáquio

Diniz Alves

Doutor em demografia e pesquisador aposentado do IBGE

Mais sobre este tema

Assista a Conversa Aberta, que a Abit realizou com o professor Eustáquio

REFERÊNCIAS:

1. ALVES, JED. O desperdício da força de trabalho no Brasil, Ecodebate, 05/02/2024

2. ALVES, JED. O mercado de trabalho brasileiro ainda está longe do Pleno Emprego e do Trabalho Decente, Ecodebate, 06/03/2023

3. ALVES, JED. O envelhecimento populacional e a economia prateada

4. IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira, Coordenação de População e Indicadores Sociais, 2024.

Muitos idosos preferem se dedicar a atividades não remuneradas, como cuidar dos netos ou realizar trabalhos voluntários, que não entram na contagem de taxa de atividade. A transição para um papel mais voltado à vida familiar é culturalmente valorizada em algumas regiões do Brasil. Mudanças nos Papéis Sociais

Baixos Níveis de Escolaridade em Gerações Mais Velhas

A geração de idosos atual no Brasil, em sua maioria, teve menos acesso à educação formal em comparação com as gerações mais jovens. Isso pode limitar suas oportunidades de trabalho em ocupações que exigem maior qualificação.

Incentivo à Formalização e Trabalho Informal

Muitos idosos que continuam ativos no mercado trabalham de forma informal. Isso pode dificultar a mensuração exata da taxa de atividade, uma vez que parte deles não está registrada oficialmente.

SEM VOLTA

A ERA DAS FIBRAS NATURAIS

E DE BIOMASSA NA MODA

A plataforma Brasil Eco Fashion ocupou espaço significativo na Febratêxtil 2025, apoiando a exposição de vários pesquisadores e designers que apresentaram variadas fibras, fios, e tecidos a partir de biomassa de vegetais e reaproveitamento de couro de peixes, como também as já conhecidas fibras naturais de linho, algodão, juta e cânhamo.

O Brasil possui uma riqueza natural que se torna infinita na pesquisa de fibras para os mais variados fins da indústria têxtil e de confecção. No entanto, falta incentivo e parceria para que essas pesquisas e protótipos possam ganhar escala. Cada um vai procurando um caminho, seja virando startup, via Senai Cetiq, via Embrapii ou parceria com alguma empresa têxtil ou de varejo.

A tecelagem Queen Co. tem a missão de preservar e regenerar a natureza com inteligência, método e amor, segundo a empresa.

Isso inclui regenerar solo, reduzir o consumo de água e sequestrar carbono para devolver oxigênio. A marca, que tem parceria com a Dalila Têxtil, fornece tecidos e fios naturais e de baixo impacto para empresas e pessoas engajadas na crise climática, no reflorestamento e na recuperação de biomas. E qual é a proposta da marca? Cânhamo, Bananeira, Linho, Urtiga e Abacaxi.

“Este ano já começou potente para a Queen Co. Desde 2023, produzimos nossa própria malha nacional em colaboração com a Dalila Têxtil e, para 2025, já estamos em processo de desenvolvimento local de novas linhas de tecidos para calçados, linha fitness, casa e decoração”, declara Marina Ferro, representante comercial da Queen Co.

O uso de cânhamo no têxtil não é novidade no mundo. Mas, no Brasil, esbarra na proibição do cultivo, já que o simples nome cannabis envolve várias implicações legais. Atualmente, o cultivo de cânhamo no Brasil é um tópico complexo devido às regulamentações em torno da Cannabis sativa. A diferenciação clara entre cânhamo industrial e maconha nem sempre é reconhecida

Marina Ferro, representante comercial da Queen Co, com vestido e tênis feitos de cânhamo (Hemp)

pelas leis brasileiras, o que cria barreiras para o cultivo do cânhamo para fins industriais, incluindo a fabricação de fibras.

No entanto, aos poucos, a produção vem ganhando terreno, literalmente. Em novembro de 2024, seguindo o posicionamento defendido pelo Ministério Público Federal (MPF), a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a importação de sementes e o plantio de cânhamo industrial (hemp) no Brasil, devido à sua concentração de canabidiol (CDB) e baixíssimo tetraidrocanabinol (THC), destinada a fins medicinais e terapêuticos. Porém, a produção é controlada por ONGs autorizadas.

A indústria têxtil brasileira segue como uma das grandes candidatas para o uso da fibra de cânhamo, mas hoje, só importando. Abaixo, veja por que esta fibra está nos sonhos do setor:

• Tem forte tração, mais resistente que o algodão

• É quatro vezes mais durável que o algodão

• Alta respirabilidade

• Absorve rapidamente corantes naturais

• Ótimo isolante térmico

• Antifúngico, antibactericida e hipoalergênico

• Resistente a mofo

• Sua plantação é naturalmente repelente a pragas, descartando o uso de pesticidas e agrotóxicos

• Usa 90% menos água que o algodão

Importação de Matéria-Prima:

Historicamente, devido às restrições locais, grande parte das fibras de cânhamo utilizadas na fabricação de roupas no Brasil pode ser importada de países onde o cultivo é legalizado, como o Canadá, a China e alguns países europeus.

CÂNHAMO CANNABIS X RESÍDUO DA

Cânhamo

O cânhamo é uma variedade da planta Cannabis sativa cultivada especificamente para usos industriais. Ele tem uma concentração muito baixa do composto psicoativo THC (Tetraidrocanabinol), geralmente menos de 0,3%, o que significa que não possui os efeitos intoxicantes associados à maconha.

AGROINDÚSTRIA (micélio)

O micélio, mas conhecido como a raiz do congumelo, fica abaixo da terra mas sempre foi descartado pela agroindústria. A MUUSH desenvolveu um biotecido com micélio, sendo uma alternativa vegana para couro. Durante a Febratêxtil, a marca trouxe amostras coloridas e um protótipo de sapato muito moderno. Localizada em Ponta Grossa, a startup de biotecnologia busca parcerias para acelerar a empresa. É rico em lignina e celulose, tem baixa pegada hídrica (98% menos água se comparada com a produção bovina) baixa emissão de CO2 (341% menos que couro bovino)

Cannabis (Maconha)

Esta é outra variedade da Cannabis sativa, mas com altas concentrações de THC, utilizada principalmente para fins recreativos e medicinais por seu efeito psicoativo.

Bolsa da @beatniksons parceiro da MUUSH

SIM, NÓS TEMOS BANANA

A fibra de banana vem avançando cada vez mais nas pesquisas para os mais diferentes usos têxteis e de acessórios. Na Febratêxtil, a CriaEco – Musa Natural participou do espaço Brasil Eco Fashion, trazendo as fibras, tecido e produtos feitos com a fibra de bananeira, utilizando a parte que é descartada da planta.

O tecido feito a partir desta fibra é muito resistente e duradouro, também de fácil tingimento. O caule cortado na colheita da

banana é reaproveitado e os pesquisadores conseguem trabalhar com diferentes texturas, a depender do tipo de beneficiamento. Mesclado com outros fios, é possível fazer produtos com tecidos que simulam muito o algodão cru. Ao natural, ideal para uso em acessórios como bolsas, cintos, bijuterias. Durante a Febratêxtil a CriaEco também apresentou diferentes texturas para a fibra de bananeira “estou concluindo a formação da startup e em breve vou aplicar para aceleração na Embrapii do RS” declarou Paula Tarrasconi, engenheira e mestre em indústria criativa que estava representando a CriaEco.

Paula Tarrasconi, representante da CriaEco.

É QUÍMICO, MAS

É NATURAL

Considerada por muitos com o elo fraco da sustentabilidade, a indústria química vem criando soluções para tornar mais naturais e menos agressivos os processos de química têxtil, em especial os amaciantes, os finalizadores antimofo e os colorantes para tingimento. A própria indústria química já desenvolve soluções para tratar os efluentes após os processos de produção e deixar a água limpa.

Mas, na Febratêxtil, empresa Química Inteligente, fundada em 2008, no Paraná, trouxe produtos 100% naturais, à base de óleos de diferentes fontes. O uso desses produtos químicos naturais para acabamento, co-

rante e purga, dentre outras utilidades, já é possível constatar em grandes marcas do varejo, apostando em coleções eco friendly exclusivas, com um valor agregado maior, porém, cada vez mais sustentáveis. O foco da empresa é gerar produtos de alta eficiência, que atendam aos padrões da indústria têxtil, e que reduzem o impacto pelo uso de matérias químicas nocivas.

No segmento de corantes, com Certificado ZDHC, a empresa traz as seguintes linhas: Clorofila (verdes), Urucum (terrosos), Cúrcuma (amarelos), Carmin (vermelhos).

No segmento de produtos para fase de tratamento/purga dos tecidos, a Química inteligente desenvolveu, também com Certificado ZDHC, três produtos naturais que reduzem o uso de água, temperatura nos processos e químicos agressivos. Eles desempenham funções como: umectantes, igualizantes . lubrificantes, agentes alcalinos, detergentes à base de casca de laranja e outras ações.

VÁRIAS OUTRAS FIBRAS FIZERAM PARTE DA MOSTRA DO ESPAÇO BRASIL ECO FASHION, EM DIFERENTES ESTÁGIOS, AGUARDANDO

UMA EMPRESA PARCEIRA PARA ALAVANCAR A PRODUÇÃO

Sola de borracha natural da Seringô, que trabalha com comunidades tradicionais e matéria-prima renovável, preservando a biodiversidade da floresta Amazônica

Couro de pele de pirarucu, a partir do descarte em mercados de peixe. Conta com a fiscalização do Ibama, quando obtida em planos de manejo, cada pele de couro de pirarucu vem com um lacre numerado, que indica sua procedência. Além do controle ambiental ajudou a reduzir e controlar a pesca desse peixe.

O Buriti é uma espécie de palmeira que se encontra amplamente distribuída na América do Sul e Central. O buriti fornece matéria-prima para múltiplas aplicações tais como alimentos, bebidas, cosméticos, mobiliário, artesanato, entre outros

A fibra Kapok começa a entrar na moda sustentável. Kapok é uma fibra celulósica natural obtida através do fruto da sumaúma, uma árvore comumente encontrada em regiões de clima tropical.

Vestido de Tururi – extraído da entrecasca de árvores, há anos pelo povo Tikuna

Marca: @weena_tikuna

Vestido com detalhes em couro e escamas de pirarucu

Marca: @valvaladares

Fibra de carnaúba, uma palmeira nativa do Nordeste que tem vários usos, inclusive têxtil.

Marca: @lizziconcept

EM UM MUNDO COMPLEXO, A ESTRATÉGIA PRECISA SER SIMPLES

Complicado não é o mesmo que complexo, e, mesmo que muitas vezes sejam usados como sinônimos, não são.

O primeiro tem a ver com situações de causa e efeito, múltiplas possibilidades e pelo menos uma resposta certa. O segundo é feito de situações imprevisíveis e desconhecidas, sem respostas certas porque elas não existem. Atualmente,a maioria das empresas pensa operar em cenários complicados, quando,na verdade, atuam imersas na complexidade.

A ciência da complexidade

Também conhecida como ciência de sistemas complexos, a ciência da complexidade envolve “um grande número de interações não lineares. [...] O sistema é dinâmico e as soluções não podem ser impostas; em vez disso, elas surgem das circunstâncias.” Essas características geram mudanças constantes e consequências imprevisíveis.

Em um mundo que fica cada dia mais complexo e não complicado, precisamos considerar a estratégia como um organismo vivo, em plena construção, que muda e evolui. Sujeita a acontecimentos inesperados e aleatórios.

Nesse contexto, o papel do estrategista é estar sintonizadocom o cenário, o bastante para tomar decisões que organizem o caos. O desafio é lutar contra o impulso natural de tentar encontrar uma única resposta certa, ao invés de fazer perguntas que facilitem as escolhas mais adequadas.

Tomando decisões em meio à incerteza

Desenvolver uma estratégia nada mais é do que tomar decisões. Escolher o que priorizar, o que deixar pelo caminho e o que não fazer.

Por natureza, o processo decisório não é fácil, e em um mundo dinâmico e hiperconectado, se torna ainda mais desafiador. Por isso, simplificar é um dos caminhos mais eficientes não apenas para decidir, mas decidir com qualidade, fazendo escolhas verdadeiramente alinhadas com os desafios do negócio. Mas, como fazer isso?

Em meio a falta de padrões, é preciso entender que correr riscos é inevitável e não existe certo e errado, muito menos uma fórmula que resolve todos os problemas. O que podemos fazer é nos guiar por certos parâmetros que nos ajudam a evitar armadilhas conceituais e a sair do lugar comum.

Simplicidade em foco

O mundo já é multifacetado demais para que a estratégia também seja. Por isso, para o autor Graham Kenny, articular uma estratégia simples e efetiva envolve:

• Priorizar objetivos sustentáveis e relevantes

Desenvolver um plano com tarefas para diferentes áreas — um para pessoas, um para marketing, um para vendas —, pode individualizar atividades que são, muitas vezes, operacionais e não estratégicas. Embora sejam importantes, empregar o termo de maneira errada pode reduzir a importância e o impacto da estratégia a longo prazo.

• Não confundir estratégia com ação tática

Estratégia é posicionamento, não ação tática. Ao se posicionar, uma empresa escolhe deliberadamente um conjunto de premissas que constroem um diferencial competitivo de longo prazo. Uma premissa pode ser “atendimento eficaz ao cliente”. Já “todo cliente deve ser atendido em até 24 horas” é uma diretriz tática de curto prazo. Ambos são importantes, mas cada um tem seu papel.

• Valorizar o impacto da linguagem

Estratégias fortes são feitas de ideias, mas a simplicidade vem da capacidade de contá-las. O comportamento e as atitudes são influenciados por palavras, por isso, além de clareza e técnicas de storytelling, a escolha intencional de termos e expressões é fundamental. Usar “estratégia do cliente” ao invés de “estratégia de marketing”, por exemplo, tira o foco de iniciativas internas para ações com impacto externo, com outputs mais claros e focados nas pessoas.

Conectando os pontos

Tendências tecnológicas, comportamentos emergentes, aspectos culturais, sociais e econômicos. Uma empresa lida diariamente com transformações que rompem com paradigmas e estruturas conhecidas. Novas estratégias dificilmente funcionam por muito tempo e as que serviram no passado não se renovam com a mesma eficácia.

Saber navegar entre o complicado e o complexo não garante uma estratégia sem falhas, mas ajuda a desenvolver um amplo repertório de possibilidades e perspectivas, compreendendo a abordagem que melhor responde ao desafio.

Qualquer escolha exige uma dose de risco, até mesmo não fazer nada é arriscado. Quando deixamos para trás o certo e o errado, e abraçamos o que funciona naquele momento, para aquele objetivo, a estratégia se torna lugar de manutenção do posicionamento já conquistado e também de experimentação e inovação a partir de riscos calculados.

KARSTEN REVOLUCIONA

GESTÃO DE RESÍDUOS

NA EMPRESA E APOSTA EM SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS

A Karsten, uma das indústrias têxteis mais tradicionais do Brasil, vem transformando seu modelo de gestão ambiental com iniciativas inovadoras para a redução, reutilização e reciclagem de resíduos. A empresa implementou um conjunto de ações que vão desde o redesign de processos industriais até programas de reaproveitamento de materiais e compostagem, consolidando um sistema eficiente de economia circular.

Com foco na minimização do desperdício e no reaproveitamento de recursos, a Karsten revisou sua operação para otimizar insumos, reduzir o envio de resíduos para aterros sanitários e ampliar o impacto positivo na comunidade.

REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS NA INDÚSTRIA

Uma das principais frentes de ação da Karsten está na redução de desperdícios na produção têxtil. Desde 2022, a empresa tem um trabalho contínuo para aproveitar ao máximo as matérias-primas e evitar descartes desnecessários.

Na área de fiação, a empresa investiu em equipamentos que permitem recuperar resíduos do algodão, reaproveitando 204 toneladas de fibras em 2023 — o equivalente a sete carretas de material que, antes, era descartado. O processo envolve a limpeza e reintegração dessas fibras ao ciclo produtivo, reduzindo a necessidade de algodão virgem e minimizando o impacto ambiental.

Além disso, a Karsten otimizou o reaproveitamento de fios e tecidos descartados. Hoje, retalhos de tecido são reaproveitados para a confecção de produtos artesanais, doados para clubes de mães ou vendidos para indústrias que utilizam o material na fabricação de novos produtos.

REDUÇÃO DE EMBALAGENS

E REAPROVEITAMENTO DE INSUMOS

O compromisso com a redução de resíduos vai além do processo fabril. A Karsten implementou mudanças significativas na forma como embala e transporta seus produtos. Adotou diversas iniciativas para tornar suas embalagens mais sustentáveis. As sacolas plásticas conven-

cionais foram substituídas por opções com aditivos biodegradáveis, garantindo um menor impacto ambiental. Além disso, em 2023, a empresa reutilizou mais de 13.600 caixas de papelão, gerando uma economia de R$ 82 mil e reduzindo a demanda por embalagens novas. Na logística reversa, os containers IBCs utilizados para o armazenamento de produtos químicos são devolvidos aos fornecedores, onde são limpos e reutilizados, evitando a produção de novos recipientes e reduzindo o consumo de plástico e metal. Essas ações reforçam o compromisso da Karsten com a sustentabilidade e a economia circular.

PARCERIAS PARA UM CICLO SUSTENTÁVEL

A Karsten estabeleceu parcerias estratégicas para garantir a destinação correta e o reaproveitamento de resíduos. Todo o papel e papelão descartado são enviados para a empresa Delmax, que os recicla e transforma em aviamentos reutilizados na própria produção têxtil. Já a madeira descartada na indústria é reaproveitada como biomassa para geração de energia, contribuindo para a redução do impacto ambiental e promovendo a autossuficiência energética. Além disso, a empresa substituiu os retalhos têxteis descartáveis por estopas laváveis, reduzindo em mais de 50% a geração de resíduos contaminados. A Karsten também participa de programas de logística reversa, assegurando a destinação correta de pilhas, baterias, lâmpadas e eletrônicos, evitando que esses materiais sejam descartados de forma inadequada no meio ambiente. Essas iniciativas reforçam o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a economia circular.

GESTÃO INTELIGENTE DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

O desperdício de alimentos também foi reduzido com a implementação de um sistema de compostagem interna.

• Restos de alimentos do refeitório são encaminhados para composteiras, transformando cerca de 3 toneladas de resíduos por mês em adubo.

• O composto gerado é utilizado na horta interna da empresa e nos canteiros verdes ao redor da fábrica. O excedente é doado para a comunidade.

• A horta da Karsten fornece hortaliças para a Feirinha da Honestidade, onde os produtos são vendidos a preços simbólicos. O valor arrecadado é revertido para a compra de materiais escolares destinados a filhos de funcionários em situação de vulnerabilidade.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E

ENGAJAMENTO DA EQUIPE

Além de investir em tecnologia e infraestrutura, a Karsten trabalha para engajar seus colaboradores e a comunidade na cultura da sustentabilidade.

• A empresa mantém dois ecopontos, onde colaboradores e moradores da região podem descartar corretamente pilhas, baterias, óleo de cozinha, eletrônicos e outros resíduos perigosos.

• Treinamentos regulares são realizados para conscientizar os funcionários sobre a importância da separação correta dos re síduos.

• Ações de educação ambiental são pro movidas, como a Semana do Meio Am biente, o Dia da Água e campanhas de in centivo ao descarte correto.

Como forma de estimular a participação ati va dos funcionários, a Karsten lançou um De safio Sustentável, premiando a melhor ideia de redução de impacto ambiental dentro da empresa. A proposta vencedora resultou na diminuição do uso de papel nos processos de tecelagem, reduzindo o desperdício e os cus tos operacionais.

RESULTADOS E IMPACTO POSITIVO

As ações implementadas pela Karsten já apresentam resultados expressivos:

SUSTENTABILIDADE COMO ESTRATÉGIA DE FUTURO

A Karsten prova que a sustentabilidade não é apenas um diferencial, mas um pilar estratégico para a indústria têxtil do futuro. A empresa segue investindo em tecnologias de reaproveitamento, redução de desperdícios e programas de conscientização, garantindo que suas práticas ambientais sejam cada vez mais eficientes e inovadoras.

Com essas iniciativas, a Karsten se posiciona como uma referência no setor, mostrando que é possível unir tradição, inovação e responsabilidade ambiental para construir um futuro mais sustentável.

Com um olhar voltado para a economia circular e a eficiência ambiental, a Karsten reforça seu compromisso com um futuro mais limpo, sustentável e inovador para a indústria têxtil e para o planeta.

Por Sara Quevedo Analista de ESG da Karsten

1,96%

são resíduos compostáveis, voltando para o solo como adubo 91,67% dos resíduos são reciclados ou reutilizados

(Fonte: Relatório de Sustentabilidade Karsten, 2024)

Redução dos resíduos contaminados, devido ao uso de estopas reutilizáveis +200

13.600

caixas de papelão reutilizadas, economizando mais de R$ 80 mil. 50%

toneladas de algodão reaproveitadas na produção

CURTAS

COVOLAN

Este espaço da Revista Abit Review vai noticiar algumas iniciativas das empresas que estão investindo em ações dentro da agenda ESG, como eventos, certificações, prêmios, boas práticas junto a comunidades, colaboradores, e outras ações.

A Covolan traz o lançamento do novo artigo 5255 - TEC. FULIA, um tecido rústico de toque natural e encorpado, desenvolvido em 100% algodão e com construção Panamá, que se destaca por sua largura de 1,70 m e peso de 10,6 Oz, indicado para a confecção de peças funcionais e casuais. Esta nova coleção também explora o potencial da alfaiataria no denim, a lavanderia tye-dye e as possibilidades de customização, com ênfase em artigos de azul intenso produzidos com corantes sem anilina, alinhando-se à rota de sustentabilidade da empresa que tem se comprometido com a eficiência industrial e a responsabilidade socioambiental, sendo a mais certificada da América e adotando práticas que priorizam a economia de recursos naturais, como a reutilização de água tratada e o uso de energia de biomassa. Com certificações reconhecidas, como Oeko-Tex® Standard 100 e ISO 14001, a Covolan garante transparência e rastreabilidade em toda a sua cadeia produtiva.

PARCERIA

Os 90 anos de Pato Donald, no mundo de Walt Disney, são celebrados pela The Paradise em sua nova coleção Verão 25. Por meio de peças que trazem vida a personagens icônicos como Mickey, Minnie, Pateta, Tio Patinhas e Zé Carioca, a marca traz peças em denim sustentável, desenvolvidas em tecidos Canatiba Textil feitos com as fibras LENZING™ ECOVERO™ e TENCEL™ Liocel. O Grupo Lenzing tem promovido práticas sustentáveis na cadeia de valor têxtil através de parcerias estratégicas com suas marcas de fibra LENZING™ ECOVERO™ e TENCEL™, fiações, fabricantes de tecidos e marcas de moda que priorizam a sustentabilidade. Todas as fibras produzidas pelo grupo Lenzing são certificadas com o rótulo ecológico da UE por excelência ambiental. Tanto as fibras TENCEL™ quanto a fibra de viscose LENZING™ ECOVERO™ são produzidas com pelo menos 50% menos emissões de carbono e consumo de água. As fibras também são derivadas de fontes de madeira controladas ou certificadas.

CEDRO

A Cedro apresenta inovações sustentáveis em sua linha Workwear, destacando uma parceria com a Klabin S.A. para desenvolver uma tecnologia que substitui componentes derivados do petróleo na estamparia por celulose microfibrilada (MFC), proveniente de florestas manejadas de forma sustentável. Entre os produtos, a linha inclui o artigo Júpiter QR, que permite rastreamento por meio de códigos UV, já o Topázio FR oferece proteção contra metais líquidos, e o tecido Ametista FR combina aramida e carbono para resistência ao fogo e arco elétrico, proporcionando conforto e leveza. Na linha Jeanswear, a Cedro apresenta o Denim Valtteri, com alta versatilidade e composição de 98% algodão, e as linhas Maranello e Portile, que oferecem tecidos super elásticos com toques suaves, adequados para diversas modelagens.

SANTISTA

Entre as inovações para o Verão 2026, a Santista Jeanswear, destaca o compromisso com a sustentabilidade e a versatilidade do jeans. Comemorando 95 anos de história, a marca traz lançamentos como o Re Power Denim, feito com fibras recicladas de garrafas PET, e a tecnologia REPREVE® da Unifi, Inc., além da linha NO WASH, que dispensa processos de lavanderia, oferecendo praticidade e baixo impacto ambiental. Esses materiais sustentáveis formam a base para looks sofisticados e funcionais, alinhados às tendências globais. Além das inovações sustentáveis, a nova coleção amplia a gama de Azuis Santista, trazendo novas versões de Light Blue e inovações em todas as famílias de produto. Esses artigos são produzidos com processos que minimizam os impactos ambientais e aumentam a versatilidade nas lavagens.

DESCARBONIZAÇÃO

A edição número 9 do podcast Fio de Prosa traz o tema da descarbonização e mostra a importância da mensuração das emissões de carbono em empresas de qualquer porte, especialmente as que fazem parte da indústria da moda brasileira. O podcast do Sinditêxtil-SP pode ser conferido no Youtube ou Spotify. Tem periodicidade mensal e conta com especialistas convidados que discutem temas relevantes para o segmento têxtil e de confecção brasileiro, com ênfase na indústria paulista.

C&A

A C&A publicou comunicado em que reafirma o compromisso com a diversidade, inclusão e sustentabilidade. No documento, reforça seu compromisso com a moda sustentável e inclusiva, destacando metas ESG ambiciosas para 2030. A empresa já supera a meta de 60% de mulheres na liderança e busca ampliar a representatividade racial e LGBTI+. No campo ambiental, opera com 100% de energia renovável e fortalece a circularidade com o Movimento ReCiclo. Além disso, revisa suas metas climáticas para alinhar-se ao limite de 1,5ºC. Pelo segundo ano, integra a carteira IDIVERSA da B3, consolidando sua posição como referência em diversidade, inclusão e impacto positivo no setor da moda.

AMBIENTAL

A Fiesp, em parceria com o Ciesp, anualmente elabora um calendário com prazos e principais informações a serem encaminhadas aos órgãos competentes, visando evitar multas e penalidades. A publicação contempla as principais obrigações ambientais nos âmbitos federal e estadual, cabendo à empresa identificar outras possíveis obrigações na legislação municipal, compromissos atrelados ao processo de licenciamento ou autorizações, e outros específicos de sua atividade.

CÂNHAMO

O Fashion Revolution Brasil lançou, durante a FebraTêxtil, em São Paulo, o livro digital “Cânhamo é Revolução”, uma publicação que explora o potencial do cânhamo como matéria-prima sustentável para a indústria têxtil. Ainda pouco difundido no Brasil, o material, variedade da Cannabis sativa, se destaca como uma alternativa promissora devido às suas propriedades ecológicas e à versatilidade na produção de tecidos. Além do lançamento do livro, o Fashion Revolution Brasil teve um estande exclusivo no evento para discutir os impactos e as oportunidades do cânhamo na moda, destacando suas aplicações e os desafios regulatórios para sua adoção no país. Eduarda Bastian, pesquisadora e educadora especializada em materiais, fibras e sustentabilidade na moda, e Fernanda Simon, diretora-executiva do FRB compartilharam suas visões sobre as perspectivas e desafios da implementação do cânhamo na indústria têxtil brasileira, estimulando o debate sobre inovação e sustentabilidade no setor.

JUSTIÇA CLIMÁTICA

O AGORA NOS CHAMA

POR RENATO MEIRELLES

Quando falamos sobre mudanças climáticas, é impossível ignorar as desigualdades que elas agravam. Segundo o estudo “Justiça Climática”, do Instituto Locomotiva em parceria com a PwC, no Brasil, num dos países mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global, 81% da população já enfrentou os impactos diretos de eventos climáticos. Neste cenário desafiador, o setor têxtil brasileiro encontra uma oportunidade singular: liderar uma transformação que una sustentabilidade ambiental e equidade social, demonstrando que é possível criar um futuro mais justo e sustentável.

A justiça climática, que conecta sustentabilidade ambiental à equidade social, vai além de uma abordagem técnica para mitigar os impactos ambientais. Trata-se de reconhecer e corrigir as desigualdades sociais e econômicas amplificadas pelas mudanças climáticas. Mulheres, comunidades negras e populações de baixa renda são desproporcionalmente afetadas, seja pela maior exposição a poluentes e às temperaturas extremas nas cidades, seja pela falta de recursos para adaptação e recuperação após desastres naturais. No Brasil, onde quase metade da população já enfrentou enchentes em sua rua ou em casa, abordar essas disparidades é mais do que uma questão ambiental; é um imperativo moral e econômico.

As mudanças climáticas afetam as comunidades em múltiplas dimensões, e essas desigualdades não se limitam aos eventos extremos. O acesso limitado a informações confiáveis e recursos para adaptação dificulta a mobilização das populações mais vulneráveis. Por isso, iniciativas que integrem educação ambiental e capacitação profissional são essenciais para romper esse ciclo. Empresas, especialmente em setores estratégicos como o têxtil, podem liderar essa transformação, promovendo parcerias com comunidades para fortalecer o entendimento sobre desafios climáticas e criando ferramentas coletivas para o seu enfrentamento.

O setor têxtil é um dos pilares da economia brasileira e global, mas também um dos mais impactados e impactantes nas questões climáticas. Por depender intensamente de recursos naturais, como água e fibras vegetais, e por sua cadeia produtiva ser uma das maiores emissoras de gases de efeito estufa, a indústria precisa assumir o protagonismo nas soluções. Além disso, é um setor que emprega milhões de pessoas em condições que, muitas vezes, refletem desigualdades sociais amplificadas pelas mudanças climáticas.

A boa notícia é que há caminhos para transformação. Empresas que adotam práticas sustentáveis, como o uso de materiais reciclados, a economia circular e processos produtivos de baixa emissão, não apenas reduzem seus impactos ambientais, mas também ganham a confiança de consumidores. 97% dos brasileiros afirmam que deixariam de comprar produtos de marcas envolvidas em práticas nocivas ao meio ambiente, enquanto 63% estariam dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis.

Essa mudança no comportamento dos consumidores é um reflexo da maior consciência sobre o impacto ambiental. Programas de certificação e rastreabilidade ajudam a assegurar práticas sustentáveis, mas ainda há um longo caminho para integrá-las em toda a cadeia produtiva. O fortalecimento dessas iniciativas pode transformar desafios ambientais em oportunidades, incentivando empresas a repensarem suas operações e modelos de negócios. A adesão à justiça climática não é apenas uma questão de responsabilidade, mas também de vantagem competitiva. Em um mundo onde os consumidores estão cada vez mais atentos às práticas empresariais, alinhar-se aos princípios de sustentabilidade e equidade social pode impulsionar a reputação e o desempenho financeiro das empresas.

Práticas inovadoras já começam a transformar a cadeia produtiva. Algumas empresas têxteis têm investido em biomateriais, que substituem fibras convencionais

por opções biodegradáveis e de baixo impacto. Outras adotaram processos de tingimento que utilizam menos água e produtos químicos, diminuindo a poluição de rios e lençóis freáticos. Além disso, tecnologias de rastreabilidade permitem monitorar a origem das matérias-primas, garantindo que sejam provenientes de fontes sustentáveis e responsáveis.

A descarbonização também é um objetivo essencial. Estudos indicam que mais de 70% da produção mundial de minerais críticos para energia limpa, como lítio e cobalto, estarão em risco até 2050 devido às mudanças climáticas. A transição para fontes renováveis e processos produtivos energeticamente eficientes pode posicionar o setor têxtil como um modelo de resiliência e inovação.

Ao mesmo tempo, é necessário que as empresas coloquem as pessoas no centro de suas cadeias produtivas. Investir em qualificação técnica e oferecer condições de trabalho mais seguras são passos essenciais para alinhar práticas ambientais a um compromisso social. Esse movimento não ape-

nas beneficia as comunidades diretamente envolvidas, mas também fortalece a competitividade corporativa no mercado global.

Por trás dos números, existem histórias que ilustram o impacto humano das mudanças climáticas. Imagine uma costureira em uma região periférica de uma grande cidade brasileira, cuja casa foi alagada por uma enchente. Além de perder bens materiais, ela enfrenta dias sem poder trabalhar, agravando a instabilidade financeira. O setor têxtil pode fazer a diferença ao investir em iniciativas que melhoram as condições de vida dessas comunidades, promovendo infraestrutura e oportunidades de capacitação para enfrentar os desafios climáticos.

O setor têxtil tem diante de si um desafio — e uma oportunidade — sem precedentes. Ao adotar a justiça climática como guia, é possível não apenas mitigar os impactos das mudanças climáticas, mas também construir um futuro em que sustentabilidade e equidade andem de mãos dadas. A transformação começa agora. Não há moda sustentável em um planeta insustentável.

*Renato Meirelles

Comunicólogo e escritor, desde 2001, Renato conduz centenas de estudos sobre comportamento, consumo, cultura e opinião, liderando diagnósticos e estratégias de negócio para as principais empresas que atuam no Brasil. Considerado um dos maiores especialistas em consumo e opinião pública do país é fundador da Locomotiva Instituto de Pesquisa.

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DOCUMENTÁRIOS

BRAVE BLUE WORLD

A CRISE HÍDRICA

É um documentário inspirador que tem como protagonista um recurso indispensável para a nossa sobrevivência, a água. E conta com a presença de celebridades e ativistas como Matt Damon, Liam Neeson e Jaden Smith.

SOLO FÉRTIL

O documentário explora alternativas inovadoras, destacando a agricultura regenerativa. Esta abordagem ética visa revitalizar solos degradados, promovendo a captura de carbono e diminuindo a emissão de gases de efeito estufa. Uma curiosidade é que Gisele Bündchen participa como produtora executiva do projeto.

ECONOMIA VERDE – TV CULTURA

O documentário mostra exemplos de empresas e instituições que já lucram com a sustentabilidade. Na pauta estão os carros elétricos, cosméticos com produtos químicos “limpos”, produtos de limpeza feitos com ingredientes naturais, entre outros.

O AMANHÃ É HOJE – O DRAMA DE BRASILEIROS IMPACTADOS

PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O documentário narra as histórias de seis brasileiros cujas vidas foram profundamente alteradas por eventos climáticos severos em diversas partes do Brasil. O documentário começa no minuto 5’10’’, pois foi uma transmissão em libras. em que a humanidade entupiu o planeta Terra de lixo, contaminando e inviabilizando toda e qualquer forma de vida. Mas, com luz no fim do túnel!

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